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PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 PITY ASSESSORIA: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA LTDA CNPJ: 10.175.002/0001- 75 Credibilidade, Qualidade, Competência e Experiência é que fazem o diferencial de nossa Empresa. Certificado expedido em conformidade com a portaria nº 008 de 25/06/2002, conforme diário oficial – SC nº 16935 de 27/06/2002 da Secretaria de Estado da Educação e do Desporto - SED Nossos cursos são oferecidos na modalidade à distância, presencial e semi- presencial; com equipes de profissionais capacitados e especializados garantindo maior aproveitamento dos cursos. CURSO: A Administração Pública e a função pública TOTAL DE HORAS: PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Informações Gerais de PITY ASSESSORIA: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA para o bom funcionamento dos cursos: Solicitação do curso: 1- A solicitação do curso deverá acontecer durante o ano vigente 2- Acréscimo e substituições de cursistas mediante ofício e deferimento da assessoria. 3- Nomes incompletos e incorretos sem seus Rgs não receberão os certificados. Coordenador e os cursistas 1- Dados pessoais como: nome, RGs, fone, email, endereço do coordenador responsável pela solicitação do curso. 2- Lista dos nomes completos e corretos com RGs, fones de contato ( digitados e rubricados). 3- O coordenador no grupo ficará responsável pela vistoria do grupo de estudo do curso solicitado e encaminhar a folha de presença juntamente com o trabalho final PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 4- Os trabalhos deverão ser digitados de acordo com a norma da ABNT, conter capa com o nome do curso, nome dos cursistas e coordenador responsável, introdução, desenvolvimento e conclusão. Do Pagamento a efetivação da inscrição Depositar o valor total na conta corrente ou enviar 2 cheques, ou 1 cheque com a data da solicitação do curso e o segundo 30 dias após a inscrição. Depósitos feitos no Banco do Brasil Conta 10811-1 Agência 0407-3 ( Marlei Lopes de Jesus) Correspondências a Rua João Ascendino de Campos Nº 230, Bairro Metropolitana Criciúma SC Juntamente com o comprovante de depósito ou os dois cheques, o nome do curso escolhido e a relação dos participantes devidamente assinada com seus RG. O nome do coordenador do curso com telefone para contato e email. Grupos menores consulte-nos pelo fone: (48) 3438 7619 (48) 9914 6557 ( Marlei ) ou 9956 6882 ( Amarildo) Das obrigações da Pity Assessoria Formação Pedagógica: A Assessoria tem a obrigação de enviar o material do curso solicitado mediante de todos os requisitos acima solicitados no prazo máximo de cinco dias úteis. Cheques pré datados deverão ser depositados nas datas prevista. *** Cheques devolvidos terão um acréscimo de 10% do valor total. Avaliação e registro e envio dos certificados no prazo máximo de 30 dias. E-mail: pityassessoria@bol.com.br PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 A Administração Pública e a função pública A prestação dos serviços públicos hoje está estruturada sobre gigantescos ancos de dados, que dependem muito da qualidade das informações inseridas nos diversos sistemas. Caminhamos muito rapidamente para integração dos diversos sistemas e bancos de dados. Não há como negar que hoje é exigida padronização e qualidade das tarefas dos servidores mais humildes de qualquer órgão público. A informatização tornou-se uma realidade e avança a passos largos em direção às tarefas que ainda não foram revisadas. É inegável que a maioria dos servidores presta um serviço do tipo intelectual caracterizado no processamento de informações, negociações, fiscalização, nsino, pesquisa, policiamento entre outras) e não braçal (típico das lavouras ou das atividades repetitivas das linhas de montagem dasindústrias). Para verificar esse perfil da força de trabalho basta somar os dados quantitativos dos contingentes de servidores alocados nos quadros das secretarias de Educação, Segurança Públicae Saúde. E por mais que as rotinas sejam fragmentadas e estruturadas em ritos processuaisrígidos, elas estão ainda alicerçadas sobre normas jurídicas complexas, por vezes contraditórias. Tudo isso vem exigir muito da participação do gerente de pessoas para que este emaranhado derelações saiam servidores prestadores de serviço, produtivos, eficientes e com foco nasnecessidades dos cidadãos. E ainda diante deste cenário, não fica difícil imaginar a dificuldade de se mensurar ocomprometimento das pessoas e sua motivação para o trabalho. É necessário usar algunsindicadores próprios para a gestão de pessoas que serviriam para sinalizar e quantificar o resultadodo trabalho de nossa organização e de seus milhares de departamentos. Sempre notamos que em algumas áreas háuma imensa rotatividade de mão de obra, mas aindanão temos indicadores precisos que mostremesses movimentos “migratórios” da força de trabalho,seu custo e o prejuízo emtempo e recursos investidos em capacitação e treinamento. Trabalhar e planejar sem dados como esses fica muito difícil. Mais ainda, elaborar políticas compensatórias. Asestratégias de gestão dos recursos humanos em geral acabam por se tornar medidas generalistasque nem sempre acatam PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 diretamente os problemas e ainda criam uma série de assimetrias nos ambientes de trabalho (tais como: regimes diferenciados de contratação para desenvolver asmesmas tarefas, gratificações específicas para atividades de risco e insalubridade que com opassar do tempo são estendidas para o restante da organização). A fim de que o próprio RH mantenha um papel estratégico, deve estreitar sua ligação com o“negócio” ou melhor, com as atividades finalísticas de sua pasta. Seu primeiro olhar deve ser paraidentificar as necessidades dos outros gerentes e ajudá-los na gestão de suas equipes. Atualmente o sistema de gestão de recursos humanos do Estado de São Paulo é estruturado num conjunto complexo de legislações que basicamente criaram controles coercitivos – focados no controle dotempo e na pessoa física do servidor. Pouco sabemos sobre sua produtividade e quais são seusinteresses e seu envolvimento com seu trabalho. Não é o papel deste artigo discutir o porquê de inúmeras tentativas implantadas de sistemas deavaliação terem fracassado, mas é importante lembrar que a administração pública paulistacoleciona derrotas históricas neste segmento. O fato é que ainda carecem de instrumentos própriosde gestão de pessoas. A sociedade paulista viu multiplicar o tamanho da máquina administrativa do estado nas últimas quatro décadas, e ainda mantém a influência de sua tradição industrial naorientação das ferramentas de gestão de recursos humanos. Admitindo que vivemos na “era do conhecimento” em que a sociedade se transforma constantemente podemostambém admitir uma crise instrumental para a gestão de pessoas nosetor público (política de remuneração, ausência de prêmios, remuneração fixa, estreito horizontede desenvolvimento profissional para a maioria das carreiras). A essa crise ainda deve ser adicionada uma a característica essencial do trabalho na área pública é a de que ele está focado naprestação de serviços de natureza intelectual que depende fundamentalmente da atuação deespecialistas. Dito isto, nos chama muito atenção à ausência de ações da maioria dos órgãos que visam melhorar as condições de trabalho e desenvolvimento humano, sobretudo no tocante àqualidade de vida no trabalho. Observamos ainda que a maioria dos órgãos de RH é caracterizada como órgãos de administraçãode pessoal em que suas atividades estão focadas na PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 escrituração, registro e controle; na práticamais parecem cartórios. E vem assim se consumindo em suas próprias regras, muitas delas geradas no calor de decisões precipitadas e urgentes, sempre com a preocupação focada nocontrole das pessoas. Tornou-se então refém de controles, uma vez que essas atividades sãocustosas por ainda dependerem de muita mão de obra, geram obrigações e uma infinita demanda de tarefas e anomalias nos sistemas. E foi assim, partindo destas práticas que os gestores de recursos humanos foram se distanciando da elaboração de planos de ação que possam contribuirdiretamente para o aumento da produtividade das equipes. Segundo a professora da USP, a Dra. Ana Cristina Limongi França que afirma que “a questão central da qualidade de vida é a de determinar quais condições que devem existir para melhores índices de produtividade preservando condições de vida saudáveis”. Portanto, novos desafios recaem sobre o gerente da área pública que busca garantir a melhor performance da sua equipe eainda gerar desenvolvimento humano, sem afetar a segurança e a saúde dos servidores efuncionários. A Casa Civil centralizou estudos em que foram analisados dados da folha de pagamento, cruzou dados para obter custo das licenças médicas concedidas através dasperícias realizadas oficialmente nos servidores públicos estaduais (estatutários) pelo Departamento de Perícias Médicas do Estado. Alguns dados obtidos são surpreendentes e revelam que o maior índice de afastamento está ligado a doenças mentais.Mais de 175 000licenças foram concedidas em 2004, além dos custos diretos dos salários pagos sem a devida contrapartida em serviços. Ainda existemoutros custos indiretos, tais como o das próprias perícias;o do sistema de saúde remédios etratamentos (IAMSPE); da gestão,escrituração e publicação das faltas no DOE pelo DPME com o acompanhamento dos órgãos setoriais e subsetoriais de RH; do retrabalho (que neste segmento é muito forte, pois existem inúmeros impasses entre clínicos e peritos) e ainda o pagamento das substituições (em especial na Secretaria de Educação, onde o aluno não pode ficar sem o professor e o Estado providencia um professor-substituto). O adoecimento da força de trabalho tem características que devem ser conhecidas pelos gestores de RH. Muitas doenças têm origem no trabalho e, por isso, chamadas de doenças ocupacionais, já são nossas conhecidas omo os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que chegaram até nós como um dos efeitos da massiva informatização. Outras PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 moléstias sãoagravadas com o estresse do trabalho.No mundo, anualmente 160 milhões de trabalhadores sãoatingidos por doenças ocupacionais, sendo que dois milhões morrem a cada ano de doençasocupacionais e/ou acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2002). No Brasil, as doenças profissionais e os acidentes de trabalho também constituem hoje um graveproblema de saúde pública. Contudo, nossos dados estatísticos não são nada confiáveis,ressaltando-se o evidente sub-registro, dado que seu número é muito baixo quando comparado. com outros países industrializados segundo osespecialistas em saúde ocupacional. Mas nada nos chama mais atenção, do que a tímida ação coordenada pelo poder público para aminorar os efeitos do adoecimento da força de trabalho. Muito pode ser feito se forem concentradosesforços simplesmente na melhoria qualidade da alimentação oferecida aos servidores, (com revisão dos cardápios, por exemplo) e ouatravés do estímulo a atividades de ginastica laboral esimples caminhadas que venham combater o sedentarismo. Procuraremos apresentar a lógicadeste estudo e seus resultados, em seguida serão propostas discussões sobre o envelhecimento,estilos de vida, estilos de gestão e clima, sedentarismo e alimentação e de como estes temas interferem na produtividade e também como oneram o erário. Tradicionalmente, nos sistemas de administração executiva, como o nosso, a especificidade da Administração Pública tem implicado um estatuto próprio de organização dos recursos humanos distinto do aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem. Não obstante essa especificidade, há que realçar a evolução registada no regime da função pública, que tem, aliás, acompanhado e é também consequência das transformações da Administração Pública, e, mais amplamente, do quadro jurídico, político, social e económico em que esta se move. Importa, por isso, ainda que de forma breve, dar conta dessa evolução, de modo a melhor apreender a especificidade do modelo de organização dos recursos humanos da Administração Pública, para assim se compreender as PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 últimas alterações introduzidas e as tendências que se perfilam em “tempos de mudança”. 1- Segundo o modelo clássico , adoptado na maior parte dos países europeus, nem o Estado é encarado como empregador nem o trabalhador é visto nesta condição. Bem pelo contrário, o Estado surge como representante do interesse público e o particular é um mero agente desse mesmo interesse. A relação jurídica de emprego estabelecida entre a Administração e o agente é, assim, uma relação de carácter orgânico, em que o agente constitui um elemento da “máquina” administrativa.Por isso, a sua relação com a Administração reduz-se a uma relação de especial dependência hierárquica, definida de modo unilateral, sendo totalmente fixada por via legal e regulamentar O agente é encarado como um mero e devoto servidor dos fins do Estado e o seu estatuto profissional tem carácter geral e impessoal, resultante da sua qualidade de membro da organização administrativa, de que beneficia indirectamente, como objecto ou parte integrante, e não enquanto sujeito de direitos . Acresce que a retribuição auferida pelo agente não representa a contrapartida do trabalho prestado, mas antes uma prestação decorrente da obrigação do Estado garantir a subsistência daqueles que dele fazem parte. Nesta concepção, em que a relação jurídica de emprego possui «carácter fundamentalmente ético» , sem natureza patrimonial, a vida privada do agente é também atingida, pela via do não reconhecimento ou da limitação de exercício de direitos fundamentais, como os de natureza política, traduzindo-se numa capitis deminutio, justificada pelo dever de fidelidade enquanto principal obrigação do servidor do Estado. 2. Mas, a evolução verificada na Europa Ocidental, sobretudo após a Segunda Guerra,determinou o abandono da concepção clássica, sendo que, em Portugal, esta alteração ocorre visivelmente com a Constituição de 1976. O reconhecimento universal dos direitos dos trabalhadores, a conceptualização das «relações especiais de poder» como relações reguladas pelo direito e o fenómeno de modernização e democratização da Administração Pública, para além da publicização do contrato de trabalho, constituíram factores determinantes do abandono da concepção clássica do regime da função pública . Contudo, e como adiante veremos com mais detalhe, o modelo de função pública mantém uma especificidade funcional e institucional, que o distingue do modelo laboral, aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem Na verdade, o modelo actual tem consistido na submissão do pessoal a um estatuto próprio e específico, constituindo uma fórmula que combina ou concilia as condições da prestação de trabalho profissional com as exigências resultantes da prossecução do interesse público pela organização administrativa. Das exigências impostas à Administração Pública, por via da sua missão de serviço público (em sentido amplo), decorre, então, a PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 subsistência de um modelo de índole predominantemente estatutária, que visa dar resposta, isto é, garantir, por um lado, uma disponibilidade funcional para assumir e executar as ordens legítimas do órgão; por outro, a incompatibilidade da função pública com quaisquer outras. Na verdade, o modelo actual tem consistido na submissão do pessoal a um estatuto próprio e específico, constituindo uma fórmula que combina ou concilia as condições da prestação de trabalho profissional com as exigências resultantes da prossecução do interesse público pela organização administrativa. Das exigências impostas à Administração Pública, por via da sua missão de serviço público (em sentido amplo), decorre, então, a subsistência de um modelo de índole predominantemente estatutária, que visa dar resposta, isto é, garantir, por um lado, uma disponibilidade funcional para assumir e executar as ordens legítimas do órgão; por outro, a incompatibilidade da função pública com quaisquer outras actividades ou interesses que possam afectar a dedicação pessoal exigida, e ainda o imparcial e contínuo exercício das funções públicas, assegurando-se consequentemente a estabilidade das mesmas. Neste modelo, o funcionário público reflecte, com a máxima intensidade, a especificidade do regime de estatutário, como teremos ocasião de adiante ver melhor. 3. Mas, com o advento do Estado Social e da Administração prestadora, assistiuse a um incremento da actuação administrativa nos vários domínios da vida económica e social. Isto conduziu ao aparecimento de um pesado e lento aparelho administrativo, nem sempre capaz de dar resposta aos problemas existentes, e que, cada vez mais, tem sido confrontado com a necessidade de actuar de forma eficaz e eficiente. Para uma melhor percepção desta realidade, vale a pena referir que, em 1935, a Administração Pública tinha cerca de 25 000 servidores e, em 1969, o número de funcionários rondava os 165 000 . Segundo dados reportados a Dezembro de 2005, a Administração Pública tem ao serviço 737 774 pessoas , que representam 14, 6% da população empregada . Para reagir contra o excessivo peso, a inércia e ineficácia da máquina administrativa, foram muitas as vozes que advogaram - e continuam a fazê-lo - o abandono das tradicionais formas de actuação e a sua substituição por técnicas e instrumentos de gestão privada. Esta tendência, conhecida como “fuga para o direito privado” tem incidido em vários domínios da Administração Pública, fazendo-se também sentir ao nível dos recursos humanos. II - O conceito de funcionário 1 - O conceito tradicional de funcionário PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Na sua versão originária, a Constituição da República Portuguesa (doravante CRP) distinguia, a propósito do regime da função pública , entre funcionários e agentes do Estado. Esta distinção tinha por base o conceito tradicional de agente administrativo que, tal como MARCELLO CAETANO ensinava, designava todos os «indivíduos que por qualquer título exerçam actividade ao serviço das pessoas colectivas de direito público, sob a direcção dos respectivos órgãos» . Esta noção ampla englobava quer os agentes funcionários quer os agentes não funcionários, pelo que a distinção entre uns e outros revestia especial importância, sem prejuízo da diversidade de critérios, como a permanência do lugar ocupado, a profissionalidade ou o carácter público da relação de serviço, que quer a doutrina quer o legislador utilizavam para operar a distinção. Ainda segundo MARCELLO CAETANO, o funcionário público é «o agente administrativo provido por nomeação vitalícia voluntariamente aceite ou por contrato indefinidamente renovável, para servir por tempo completo em determinado lugar criado por lei com carácter permanente, segundo o regime legal próprio da função pública». No elenco dos agentes não funcionários, incluíam-se os agentes políticos, os agentes interinos, provisórios e estagiários, os agentes pagos por verbas globais e os agentes em regime de direito privado, entre outros. Pode, por isso, dizer-se que o funcionário público «exprimia uma forma mais intensa de vinculação do agente ao serviço, uma ligação com carácter de profissionalidade e sujeição a um estatuto específico regulado pelo direito administrativo» Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal CAPÍTULO I Seção I Das Regras Deontológicas I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente,o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência em fator de legalidade. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, seintegra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos. XI - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. XIII - 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Seção II Dos Principais Deveres do Servidor Público XIV - São deveres fundamentais do servidor público: a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular; b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público; f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos; g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e denunciálas;j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição; o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum; p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função; q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito; PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento. Seção III Das Vedações ao Servidor Público XV - E vedado ao servidor público; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquerpessoa, causando-lhe dano moral ou material; e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; g) pleitear, solicitar,provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos; PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. CAPÍTULO II Das Comissões de Ética XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. XVII -- Cada Comissão de Ética, integrada por três servidores públicos e respectivos suplentes, poderá instaurar, de ofício, processo sobre ato, fato ou conduta que considerar passível de infringência a princípio ou norma ético- profissional, podendo ainda conhecer de consultas, denúncias ou representações formuladas contra o servidor público, a repartição ou o setor em que haja ocorrido a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveis para atender ou resguardar o exercício do cargo ou função pública, desde que formuladas por autoridade, servidor, jurisdicionados administrativos, qualquer cidadão que se identifique ou quaisquer entidades associativas regularmente constituídas. XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução doquadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta Ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público. XIX - Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de Ética, para a apuração de fato ou ato que, em princípio, se apresente contrário à ética, em conformidade com este Código, terão o rito sumário, ouvidos apenas o PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 queixoso e o servidor, ou apenas este, se a apuração decorrer de conhecimento de ofício, cabendo sempre recurso ao respectivo Ministro de Estado. XX - Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua reincidência, poderá a Comissão de Ética encaminhar a sua decisão e respectivo expediente para a Comissão Permanente de Processo Disciplinar do respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se for o caso, à entidade em que, por exercício profissional, o servidor público esteja inscrito, para as providências disciplinares cabíveis. O retardamento dos procedimentos aqui prescritos implicará comprometimento ético da própria Comissão, cabendo à Comissão de Ética do órgão hierarquicamente superior o seu conhecimento e providências. XXI - As decisões da Comissão de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos interessados, divulgadas no próprio órgão, bem como remetidas às demais Comissões de Ética, criadas com o fito de formação da consciência ética na prestação de serviços públicos. Uma cópia completa de todo o expediente deverá ser remetida à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República. XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. XXIII - A Comissão de Ética não poderá se eximir de fundamentar o julgamento da falta de ética do servidor público ou do prestador de serviços contratado, alegando a falta de previsão neste Código, cabendo-lhe recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios éticos e morais conhecidos em outras profissões; XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. XXV - Em cada órgão do Poder Executivo Federal em que qualquer cidadão houver de tomar posse ou ser investido em função pública, deverá ser prestado, perante a respectiva Comissão de Ética, um compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas por este Código de Ética e de todos os princípios éticos e morais estabelecidos pela tradição e pelos bons costumes. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 A Qualidade de Vida no trabalho do servidor público PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O SETOR PÚBLICO E O SETOR PRIVADO Apesar das considerações comuns dos programas de qualidade, quando se deseja retratar a qualidade no serviço público é conveniente considerar que o setor público difere do setor privado em alguns pontos essenciais. As principais diferenças são: os empresários são motivados pela busca do lucro, as autoridades governamentais se orientam pelo desejo de serem reeleitas; o setor privado recebe dos clientes a maior parte dos seus recursos; o setor público é custeado pelos contribuintes. O cliente atendido, no setor privado, remunera diretamente a organização; no setor público, o cliente atendido, paga indiretamente, pela via do imposto, sem qualquer simetria entre a quantidade e a qualidade do serviço recebido e o valor do tributo que recolhe; o setor privado normalmente trabalha em regime de competição, o setor público usa habitualmente o sistema de monopólio; a preocupação em satisfazer o cliente no setor privado é baseada no interesse, enquanto no setor público essa preocupação tem que ser alicerçada no dever; as políticas voltadas para a qualidade no setor privado referem-se a metas de competitividade no sentido da obtenção, manutenção e expansão de mercado; enquanto no setor público a meta é a busca da excelência no atendimento a todos os cidadãos, ao menor custo possível; as contingências a que estão submetidos os dois setores, como por exemplo, limites de autonomia estabelecidos pela legislação e o perfil da clientela. Na observação de Osborne & Gaebler (1994) existem outras diferenças significantes. O governo, segundo os autores, é democrático e aberto; por isso seus movimentos são mais lentos comparados aos da iniciativa privada,cujos administradores podem tomar decisões rapidamente, a portas fechadas. Da mesma forma, o setor público muitas vezes não pode alcançar o mesmo nível de eficiência do setor privado, pois precisa servir a todos igualmente, independente da capacidade de pagar pelo serviço prestado ou da demanda por esse serviço. Leite (1994) apresenta um quadro possibilitando uma visualização mais clara dos pontos que diferem e/ou unem Estado e Empresa. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 O que difere/une Estado/Empresa Focos Empresa Setor Público Tradicional Contemporâneo Missão "Fazer dinheiro" (Lei de mercado) "Fazer o bem" a todos igualmente ...o veículo de bem estar social Motivação dos Dirigentes Competitividade Reeleição – Permanência no cargo Espaço público de autogestão social Regime Competição – "quanto de mercado" Monopólio – "quanto de governo Privatização é uma resposta; não resposta; "que tipo" de governo Modelo Decisional Podem decidir "a portas fechadas" rapidamente Decisões participativas, movimentos mais lentos Cidadãos informados esferas político- econômico-social Bases de Cálculo Relação custo- benefício Valores morais absolutos Penetração recíproca de valores Fonte de Recursos Clientes (comercialização) Contribuintes (arrecadação tributária) Enlace de fontes em retroalimentação Avaliação de Competência Lucro Capacidade de excelência na prestação dos serviços. Auto-sustentável pela capacidade gestorial (foco no cidadão) Fonte: LEITE, Marina Gomide. Qualidade no setor público: uma alternativa sistematizada de implantação. Empresas & Tendências. São Paulo, p.25-27, 30 de set. 1994. Na opinião de Main (1994), o governo age sempre contrário a maioria das empresas privadas. Enquanto o governo puxa o poder para o centro, as empresas descentralizam e empurram-no para baixo. Enquanto o governo é guiado por regras, as empresas são guiadas por uma missão. O governo normalmente, não tem como avaliar seu desempenho e quando os parâmetros de avaliação são incorretos, os incentivos são incorretos. Os representantes do governo são avaliados pelo tempo de casa, pelo tamanho de seus staffs, pela soma de dinheiro que gastam. Raramente recebem critérios pela redução de gastos, economia ou satisfação do cliente. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Fica nítida portanto, a necessidade de conferir à administração pública o que há de bom e funcional no setor privado. E o que há de melhor na empresa é a relação com o cliente. Empresa que não trata bem a clientela é abandonada pelo cliente. A administração pública, assim, passaria a ser entendida como fornecedora de serviços, embora mantendo características próprias indispensáveis. As diferenças apresentadas permitem concluir ainda, que não se pode pensar em qualidade no serviço público da mesma forma que se pensa para o setor privado, embora certamente haja muitas semelhanças entre as duas atividades. Da mesma forma, constata-se a relevância do desenvolvimento de conceitos e metodologias adequados para o serviço público, visando a adaptação ao novo cenário mundial. QUALIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ALGUMAS INICIATIVAS Diante do que foi apresentado até o momento, fica evidente que o serviço público não possui uma estrutura organizacional muito favorável à qualidade de seus serviços e a grande maioria das instituições públicas está pouco preparada para conviver em um cenário como o atual, marcado pela turbulência, incerteza e instabilidade. Por outro lado, denota-se que é notória a necessidade do serviço público estar aberto e flexível para atender esta necessidade de velocidade, de multidimensionalidade e de soluções complexas, por meio de metodologias e conceitos adaptados à sua realidade. A partir do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP em 1990, reconhecido como o segundo mais importante movimento de busca de competitividade em todo o mundo, o Brasil vem dedicando crescentes esforços para a melhoria da qualidade de seus produtos e serviços, incluindo os segmentos públicos e privados. Tais esforços foram intensificados com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que contempla a responsabilidade do Estado na prestação de serviços públicos, refletindo em uma das mais importantes razões para que as organizações governamentais cumpram suas obrigações contratuais (explícitas ou implícitas) e busquem padrões de qualidade compatíveis com as exigências dos clientes, dos usuários, dos cidadãos e da sociedade. Da mesma forma, a criação da categoria "Administração Pública" pelo Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ, ocorrida em dezembro de 1996, representou um diferencial para a dinamização das ações voltadas para a melhoria da qualidade da gestão pública, em direção à excelência dos serviços. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Também a reforma administrativa em curso no país impôs desafios às instituições públicas, sobretudo no que concerne à melhoria da qualidade dos serviços prestados e à utilização racional dos recursos públicos. Como conseqüência, observa-se alguns esforços de instituições públicas federais, estaduais e municipais no sentido de modernizar e qualificar o setor público. Neste contexto, destaca-se, dentre outros, o Programa de Reestruturação e Qualidade dos Ministériose o Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública que integra o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. O Programa de Reestruturação e Qualidade dos Ministérios foi instituído pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado por intermédio da Portaria Mare n° 3.143/97, tendo como objetivo o aperfeiçoamento da ação governamental, por meio da racionalização e redução de custos do aparelho estatal e da melhoria da qualidade dos serviços prestados a população. Como princípios que norteiam o programa destacam-se: orientar a ação governamental para os clientes (conhecer suas expectativas e grau de satisfação em relação aos serviços prestados); envolver e obter o compromisso de todos os servidores com a melhoria contínua; tornar a gestão participativa, compartilhando a missão, os objetivos e as metas da organização com todos os servidores; implantar a gerência de processos sempre com o objetivo de agregar valor aos seus clientes; valorizar o servidor por meio da conscientização do valor da sua missão da sua profissionalização e do reconhecimento de seu mérito; implantar sistemas de planejamento estratégico; combater todas as formas de desperdícios. Com relação ao Programa da Qualidade e Participação na Administração Pública, duas palavras: qualidade e participação definem, respectivamente, a orientação e a ênfase que se deseja dar. A ênfase na participação significa o envolvimento de todos os servidores com a melhoria do serviço público, com o compromisso de cooperação na busca de soluções dos problemas, com o aperfeiçoamento contínuo e com a satisfação dos clientes (internos e externos). Já a qualidade tem no processo o seu centro prático de ação e compreende a definição clara dos clientes, dos resultados esperados, dos indicadores de desempenho e com o fazer certo da primeira vez. Os princípios que norteiam o programa são: satisfação do cliente; envolvimento de todos os servidores;gestão participativa; gerência de processos; valorização do servidor público; constância de propósitos; melhoria contínua e a não aceitação de erros. Os dois exemplos de programas voltados para o setor público revelam que a adoção da qualidade como instrumento de modernização da Administração PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Pública Brasileira, deverá levar em conta simultaneamente a dimensão formal – que se refere à competência para produzir e aplicar métodos, técnicas e ferramentas – e a sua dimensão política – que se refere a competência para projetar e realizar organizações públicas que atendam às necessidades dos clientes-cidadãos. Além dos dois programas apresentados anteriormente, outras ações estão sendo deflagradas para melhorar o atendimento ao público. O editoral do Jornal do Brasil (1998), por exemplo, menciona a Lei de Defesa dos Usuários de Serviços Públicos, que dará ao cidadão os instrumentos para que se defenda do Estado e a base legal para que possa exigir atendimento à altura do que paga. Ainda segundo a referida fonte "(...) Será uma conquista da cidadania. Mas é preciso que a Câmara vote e saia do papel". É importante considerar também que os programas da qualidade existentes ainda tem uma amplitude reduzida, sendo implantados em poucas instituições públicas. Da mesma forma, muitas vezes não satisfazem as necessidades do serviço público por serem impostos, por não contarem com o apoio da alta administração e principalmente, em decorrência da descontinuidade administrativa. Contudo, constata-se que lentamente o setor público brasileiro começa a atentar para a necessidade de promover mudanças de uma cultura burocrática para uma cultura gerencial voltada para o atendimento ao cidadão, a racionalidade de modo de fazer, a definição de objetivos, a motivação dos servidores e o controle de resultados. UM PROJETO DA QUALIDADE PARA O SERVIÇO PÚBLICO Tendo como base a fundamentação teórica desenvolvida até o momento, apresenta-se a seguir, um projeto da qualidade para o serviço público considerando, de forma sucinta, alguns aspectos como conceitos utilizados, características dos serviços, características da qualidade em serviços, os elementos críticos para a qualidade nos serviços públicos e os elementos do projeto. Desta forma, os aspectos a seguir descritos foram selecionados para consolidar o projeto aqui proposto. 2.7.1 Conceitos Utilizados Quando há interesse em apresentar um projeto de qualidade nos serviços públicos, é importante conceituar alguns termos fundamentais, tais como: qualidade, serviço público, cliente-cidadão e servidor público. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Qualidade A abordagem de Garvin (1992) apresentada anteriormente, revela que seu conceito envolve uma gama diferenciada de elementos. Da mesma forma, a definição do termo determinará como será conduzida a produção de um serviço. Assim, para o projeto de qualidade deste trabalho, o conceito adotado será o de Juran (1990) que considera que qualidade é adequação ao uso. Segundo Paladini (1994), tal conceito envolve duas questões importantes. A primeira delas é a idéia de que qualidade é característica de um serviço que atende totalmente o cliente, muitas vezes procurando superar suas necessidades e expectativas. Por outro lado, revela a importância e responsabilidade de vários aspectos (pessoas, equipamentos, métodos, informações, ambientes etc.) ligados direta ou indiretamente a produção do serviço. Serviço público Serviço público é entendido como "todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas ou controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado" (Meirelles, 1988:290). Tal definição mostrou-se adequada pelo seu aspecto dinâmico e flexível às exigências de cada de cada época e de cada povo, ou seja, dos clientes. Por outro lado, também expressa uma situação não ideal, mas real, que são as atividades realizadas por simples conveniência do Estado. Considera-se ainda, como serviços públicos os prestados pelo poder público diretamente ou sob regime de concessão ou permissão. Cliente-cidadão Da mesma forma que o conceito de qualidade, não há consenso na literatura em relação ao conceito de cliente. Entretanto, a maioria reconhece que a palavra cliente deve ser usada num sentido mais amplo. No presente trabalho, mais uma vez utiliza-se o conceito de Juran (1993:18), reconhecido pesquisador na área de qualidade. Assim, "cliente é qualquer um que recebe ou é afetado pelo produto ou processo". Tal definição foi adotada por abranger também, nos dizeres de Cardoso (1995:109) "até inocentes espectadores". Da mesma forma, contempla tanto clientes externos, os afetados pelo serviço, mas que não integram a instituição, quanto os clientes internos, os afetados pelo serviço e que integram a instituição. As expressões usuários, cliente externo ou simplesmente cidadão e cliente, são utilizados como sinônimos no presente trabalho. Servidor público PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Servidor público, outro termo chave do trabalho, pode ser entendido como "aquele que, pertencendo ou não ao quadro do funcionalismo, exerce oficialmente cargo ou função pública" (Ferreira ,1986:1577). Eventualmente, mantendo o mesmo significado, o termo poderá ser substituído por funcionário público, cliente interno, cidadão-servidor ou simplesmente servidor. Valorização das pessoas A expressão é apresentada no presente trabalho, como um conjunto de ações que visam o reconhecimento da importância do elemento humano na organização. Envolve ações como plano de cargos e salários (critério meritório); treinamento; sistema de avaliação do desempenho profissional; remuneração compatível com a função e com os valores de mercado; ambiente adequado à criatividade e desenvolvimento de potencialidade individuais; reconhecimento, possibilidades de ascensão etc. Modernização do processo produtivo É a expressão que reflete um conjunto de ações que visam melhorar os processos existentes, eliminando etapas desnecessárias, racionalizando, reavaliando tarefas etc. Envolve também a adoção de técnicas modernas, inovações, aplicações, desenvolvimento e informatização que otimizem os trabalhos, facilitem a integração e o compartilhamento de informações, promovendo melhorias na qualidade dos serviços prestados. Cabe ainda evidenciar, que no presente trabalho, os termos tecnologia e tecnologia da informação, serão usados como sinônimos de modernização do processo produtivo. A metodologia proposta assim, utiliza os conceitos acima como ponto de partida para o seu desenvolvimento. 2.7.2 Características dos Serviços Utilizados Diante do que já foi mencionado no presente capítulo, destaca-se no projeto de qualidade para o serviço público, três elementos básicos que identificam o serviço (Parasuraman,1991): Intangibilidade O serviço representa uma experiência, não pode ser tocado, nem saboreado e tampouco testado. Diante disso, é uma entidade que não pode ser definida com facilidade, formulada ou alcançada mentalmente. Inseparabilidade Não há separação entre servidores e o serviço prestado. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br( 48) 3438 7619 Heterogeneidade A heterogeneidade do serviço resulta no alto grau de variabilidade que o caracteriza. Isso ocorre em virtude da ligação à pessoa do fornecedor , bem com à pessoa do cliente, ao local e tempo. Em linhas gerais, depende de quem, quando, onde e como são providos os serviços. Desta forma, a intangibilidade, inseparabilidade e heterogeneidade tornam o serviço público perecível, irreversível e irreprodutível, ou seja, não pode ser armazenado, não pode ser consertado e não é possível garantir sua repetição. A metodologia, assim, considera estas três etapas características como referenciais a utilizar. 2.7.3 Características da Qualidade em Serviços As características da qualidade em serviços, do projeto da qualidade para o serviço público, estão calcadas nos estudos de Gronroos e Gummesson (apud Urban & Urban, 1995). Compreendem basicamente duas: as características funcionais e as características técnicas. As características funcionais referem-se a forma pelo qual o cliente-cidadão recebe o serviço, envolvendo os aspectos comportamentais do atendimento como, cortesia, presteza, agilidade, atenção, interesse etc. As características técnicas relacionam-se aos elementos que o cliente-cidadão recebe pelo serviço adquirido, estando associada normalmente aos aspectos mais tangíveis do serviço. Meirelles (1988), um dos maiores estudiosos do Direito Administrativo, expõe cinco princípios da Administração Pública que também podem caracterizar a qualidade em serviços: o princípio da permanência que impõe continuidade no serviço; o da generalidade que impõe serviço igual para todos; o da eficiência que exige a atualização do serviço; o da modicidade que exige tarifas razoáveis; e o da cortesia que se traduz em bom tratamento para com o público. Ainda segundo o autor, faltando qualquer desses requisitos em um serviço público ou de utilidade pública, é dever da Administração intervir para restabelecer o seu regular funcionamento, ou retomar a sua prestação. Assim, a metodologia aqui proposta investiu para que o modelo de serviço estudado tivesse essas características em termos de qualidade. 2.7.4 Elementos Críticos para o Serviço Público Os elementos críticos para o serviço público são os servidores públicos, as instalações e equipamentos e os procedimentos, padrões e sistemas organizacionais. Servidores públicos PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 As características dos serviços, principalmente a intangibilidade e simultaneidade, fazem com que seja inevitável a vinculação do serviço prestado à pessoa do funcionário público que interage com o cliente. Assim, os servidores públicos com os quais os clientes-cidadãos interagem exercem importante papel na percepção que o cliente terá da qualidade do serviço. Dos servidores públicos dependerá a satisfação dos clientes. Buscar o envolvimento de todos os servidores, independentemente de nível, cargo ou função, com a melhoria do serviço público, o aperfeiçoamento contínuo e a satisfação do cliente é fundamental. Da mesma forma, é preciso valorizar o servidor por meio da capacitação permanente, boa remuneração, bom ambiente de trabalho, oportunidade de desenvolvimento de suas potencialidades etc. As instalações e equipamentos As instalações e equipamentos representam também, pontos críticos para o serviço público, pois, os clientes-cidadãos normalmente relacionam o ambiente físico e a modernidade dos equipamentos com a qualidade do serviço prestado. O ambiente agradável além de refletir positivamente para o cliente, também contribui para a satisfação e melhoria qualidade de vida no trabalho. Paralelamente, os equipamentos podem auxiliar na agilização de muitas atividades e também num melhor compartilhamento de informações. Procedimentos, padrões e sistemas organizacionais Representam elementos críticos, pois tanto os procedimentos, quanto os padrões e sistemas organizacionais devem estar alinhados às necessidades dos clientes, sejam eles internos ou externos. É importante identificar e aperfeiçoar os procedimentos, padrões e sistemas organizacionais que entreguem valor para o cliente e que tenham um impacto importante sobre a percepção desse valor para eles. Considerar estes elementos e dedicar especial atenção a eles foi preocupação constante durante o desenvolvimento da metodologia. 2.7.5 Estrutura Básica do Projeto Tendo em vista os itens acima selecionados, a estrutura do projeto foi elaborada considerando as ações a seguir, organizadas em etapas bem definidas: a) desenvolver e implantar ações de valorização das pessoas na área do serviço público selecionada; PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 b) comprovar que as atitudes visando a valorização dos servidores são um fator decisivo na melhoria da qualidade do serviço público; c) desenvolver e implantar um programa de treinamento e desenvolvimento na área do serviço público selecionada, identificando as etapas do programa ; d) demonstrar que programas bem estruturados de desenvolvimento de pessoal permitem identificar e suprir carências que vão refletir na qualidade dos serviços; e) desenvolver e implantar ações de modernização do processo produtivo na área do serviço público selecionada; f) mostrar que a modernização tem reflexos positivos na qualidade dos serviços; g) avaliar os reflexos de algumas ações de valorização e da modernização do processo produtivo na área do serviço público selecionada, suficiente para viabilizar o programa; h) comprovar que a valorização do servidor em conjunto com a modernização do processo produtivo promovem uma melhoria qualidade dos serviços prestados; i) verificar e validar a metodologia proposta para outras áreas do serviço público. Em termos gerais, a metodologia proposta envolve os seguintes elementos como básicos para um projeto da qualidade no serviço público: objetivos e estratégias para alcançá-los; ações para viabilizar as estratégias; organização das ações – metodologia; suporte teórico para viabilizar tecnicamente a metodologia; suporte prático para referenciais, teste, avaliação e consolidação; considerações para eventual generalização do projeto. O SOFRIMENTO NO TRABALHO ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS: Funcionalismo Público, modos de gestão e a saúde dos trabalhadores Ao definir e delimitar o termo Funcionário Público, dificuldades são encontradas. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Podendo englobar grande variedade de categorias profissionais e formas diversas de afiliação e vínculo empregatício, tal termo teve seu uso formal substituído por servidor público civil, a partir da Constituição de 1988 e, depois, simplesmente por servidor público, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998. No entanto, ambos os termos continuam a ser utilizados paralelamente a outros ainda e nem sempre se faz clara a diferença entre eles. Do concursado ao prestador de serviço ao Estado, passando pelo ocupante de cargo de confiança, todos podem ser considerados indiferenciadamente funcionários públicos ou não, a depender do critério utilizado (DALLARI, 1989; FRANÇA, 1993). Enquanto categoria, a indefinição também existe (FRANÇA, 1993), podendo ser atribuída a definição de funcionário ou servidor público ao juiz, ao escriturário de fórum, ao Ministro, ao auxiliar técnicoadministrativo de um Ministério ou Secretaria. Desta forma, dentre outras questões, FRANÇA (1993) nos fala do equívoco de considerar os funcionários públicos como um grupo homogêneo pertencente à determinada classe social, comumente à classe média, estando, na verdade, também o Estado formado por diferentes classes sociais, representadas diferenciadamente no interior deste. Neste estudo, será considerada a conceituação apresentada por DALLARI (1989), segundo a qual, o termo mais amplo seria agente público, que é todo aquele que exerce uma função de natureza pública, mediante investidura legal. Complementa o autor queagentes públicos são todas as pessoas legalmente autorizadas a agir em nome do Poder Público, nas mais diversas situações e exercendo as mais diversas atribuições (DALLARI, 1989, p. 15). O grupo dos agentes públicos comportaria: a) o agente político (os que exercem mandatos eletivos ou que participam das decisões mais importantes e fundamentais do governo - como senadores, vereadores, presidente da República, secretários, ministros do Estado, secretários de Estado entre outros); b) os particulares que colaboram com o serviço público (aqueles que, sem fazer parte das estruturas do governo, exercem funções de natureza pública - como empreiteiras ou empresas particulares, concessionárias de transporte coletivo); c) os servidores públicos (quem trabalha para a administração pública em caráter profissional, não eventual, sob vínculo de subordinação e dependência, recebendo remuneração paga diretamente pelos cofres públicos) (DALLARI, 1989, p. 15, 16 e 17). Ainda dentro deste último grupo, o dos servidores públicos, o autor diferencia aqueles PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 que são concursados e efetivos, dos contratados sem concurso em caráter emergencial. Segundo o autor, apenas os primeiros deveriam ser chamados de funcionários públicos, enquanto os segundos seriam servidores temporários. Dentro desta perspectiva, onde estariam os diferentes atores sociais do Poder Judiciário? A resposta restringe-se aos magistrados; aos servidores de nível médio e superior não-magistrados; e aos servidores que ocupam cargos de confiança; sendo todos eles do âmbito federal. Os magistrados são concursados, não dependem dos resultados das eleições para a manutenção de seus cargos e não são temporários. Portanto, podem ser considerados servidores públicos. No entanto, a ascensão para níveis mais altos de suas carreiras depende de nomeação do Presidente da República (ver artigos 101, 104, 107, 111, 119 e 123, do capítulo III da Constituição Federal) e, além disso, os magistrados detém ainda a prerrogativa de nomear e exonerar pessoas para cargos de confiança, por seus próprios critérios. Então, serão considerados como servidores públicos que gozam de especialíssimas condições e respondem por diferenciadas responsabilidades. Aqueles que ocupam cargos de confiança e não são concursados, tem seu vínculo de emprego vinculado à pessoa do juiz e não à administração pública. Ainda que haja dependência de outros para a manutenção de seus cargos, não dependem de eleições, então também são considerados servidores públicos. Já aqueles que são concursados são mais facilmente categorizados como servidores públicos. Os dois últimos têm sua relação de trabalho regulamentada pela lei nº 8112, de institui o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Ressalta-se ainda que o tema do funcionalismo público aparece em várias discussões, no entanto, sem o tratamento adequado e cuidadoso que mereceriam os elementos por ele envolvidos (FRANÇA, 1993). Desde a década de 80, com o avanço da crise fiscal do Estado (ALONSO, 1999) e a preocupação de cortar gastos, o funcionalismo público vem ocupando papel de destaque entre as causas das crises do Estado no discurso neoliberal, como destaca FRANÇA (1994). Nesta direção, são precipitadamente justificadas as ações de enxugamento do quadro de pessoal no serviço público. No imaginário social, os funcionários públicos, as vezes, aparecem ligados a qualificativos pouco dignos de parasitismo, acomodação, oportunismo e ineficiência, tal como mostram VENEU (1990) e FRANÇA (1993). A idéia de que se oneram as contas públicas com um número excessivo de servidores PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 também é marcante, sobretudo com contratos temporários sem concurso (DALLARI, 1989). Por outro lado, DURAND e BELTRÃO (1994), tendo verificado que pouco se sabe a respeito da composição nacional desta categoria, mesmo em número absoluto total, apontam ser mais adequado situar este aspecto do problema da administração dos serviços públicos na má alocação de funcionários do que num suposto excesso de funcionários. Para os autores, a deficiência em dados censitários do funcionário público mantém relação com interesses na ocultação de problemas, contradições e desequilíbrios na gestão pública. Para estes autores, parece evoluir paralelamente o desmantelamento de setores da administração pública, os quais envolvem um grande contingente de funcionários, admitidos por concurso, ligados a atividades-fins e mal-pagos, e a utilização de contratações por meios de recrutamento e seleção mais flexíveis, maiores ganhos e mais sujeitas a arbitrariedades (DURAND e BELTRÃO, 1994). Este e outros aspectos decorrem do modo de gestão de órgãos públicos. Por modo de gestão adota-se a definição de CHANLAT (1996): conjunto de práticas administrativas colocadas em execução pela direção de uma empresa para atingir os objetivos que ela tenha se fixado, compreendendo a organização do trabalho, a natureza das relações hierárquicas, o tipo de estrutura organizacional, o sistema de avaliação e controle dos resultados, as políticas de gestão de pessoal e os objetivos, valores e filosofia da gestão. Para CHANLAT (1996), o serviço público, sobretudo aquele relacionado aos serviços sociais, à saúde e à educação, poderiam ser classificados no modo de gestão tecnoburocrático, no qual se encontra: forte hierarquia, divisão do trabalho parcelada, presença de normas e padrões formais, grande importância atribuída aos especialistas, controles sofisticados, canais de comunicação entre os diferentes níveis hierárquicos inexistentes ou precários, centralização do poder, fraca autonomia para os cargos hierarquicamente inferiores, limitação na expressão. A ação humana neste tipo de organização é bastante limitada pelas normas existentes, ficando o trabalhador impedido, muitas vezes de responder às demandas ou situações inesperadas, que não foram previstas na concepção. CHANLAT (1996) sintetiza esta questão na seguinte idéia: “fazer bem o que se tem que fazer ainda que impedido de fazê-lo”. Algumas questões já foram levantadas a respeito das formas de repercussão do trabalho nas instituições públicas na saúde de seus agentes. A rigidez normativa, as pressões e a desvalorização do funcionário público podem formar um conjunto propiciador de problemas de saúde nos funcionários, tais como problemas cardiovasculares, fadiga crônica, insônia e úlceras (CHANLAT, 1996). PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 A seguir explicita-se qual a concepção de saúde que é ponto de partida deste estudo, bem como o referencial teórico que o suporta. 1.2. Processo saúde-doença e o sofrimento no trabalhoComo alicerce teórico sobre o processo saúde-doença, utiliza-se elementos da concepção do processo saúde-doença da Medicina Social, representada por LAURELL e NORIEGA (1989); elementos da discussão sobre o conceito de saúde promovida por DEJOURS (1986) e a concepção de saúde e de sofrimento de SAWAIA (1994 a,b,c). O homem é um ser histórico-social, que constrói, transforma a sociedade em que vive e é moldado por ela, num movimento dinâmico e indivisível. Assim, nosso objeto de estudo é antes a inter-relação entre ambos do que a influência de um sobre o outro. Isto implica em recusar a dissociação entre indivíduo e sociedade na explicação de fenômenos ocorridos na vida das pessoas. A saúde é um dos produtos deste movimento dinâmico e indivisível homemrealidade exterior. O homem, enquanto unidade biopsicossocial, responde globalmente aos acontecimentos em sua vida. Estes acontecimentos são dependentes, fundamentalmente, do modo de vida numa determinada época, sociedade, grupo e comunidade. Os modos de vida são determinados socialmente e o homem vai se adaptando plasticamente por meio de mudanças nos processos biológicos e psíquicos. Na concepção de LAURELL e NORIEGA (1989), não se trata de uma adaptação na concepção fisiológica, em que o organismo retorna ao estado normal após adaptar-se, mas trata-se de uma adaptação para permitir a sobrevivência, com conseqüências muitas vezes inespecíficas, insidiosas e imensuráveis na totalidade que representa o homem. Tal processo de adaptação, segundo LAURELL e NORIEGA (1989), converte- se em padrões de desgaste determinados pelas condições de vida do grupo social de pertença, não negando, entretanto, a possibilidade de respostas adaptativas atípicas, sobretudo no âmbito psíquico, em que a diversidade constitutiva é anterior. Neste momento, retoma-se a discussão promovida por DEJOURS (1986) sobre o conceito de saúde, segundo o qual um conceito único e estático para o que seja a saúde, tal como o adotado pela Organização Mundial da Saúde não encontra correspondência na realidade, constituindo-se mais como um objetivo a ser buscado do que a um estado real. Com isso, destaca o autor a dinamicidade da saúde enquanto processo e não estado fixo, idéia segundo a qual a saúde de uma pessoa se forma e se transforma continuamente, num processo dinâmico de interação circunstancial entre aspectos biológicos, psíquicos, sociais e culturais. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 Salienta-se a seguir algumas premissas a respeito da dimensão psicossocial do processo saúde-doença, tal como apresentadas na Psicologia Social por SAWAIA (1994 a,b,c) e adotadas neste estudo. SAWAIA (1994c) salienta a característica de mediação de aspectos psicossociais em contraposição a visões reducionistas sobre uma relação causal entre o organismo e fatores externos ao mesmo (seja numa doença infecciosa, seja no adoecimento mental). O homem é um animal simbólico que reage frente aos significados que ele próprio constrói historicamente, e não às coisas em si. Estes símbolos mudam o ambiente, a natureza, a sociedade e inscrevem-se no biológico (SAWAIA, 1994c, p. 106). Os significados atribuídos em decorrência de valores culturais, familiares, pessoais cumprem papel de mediadores, pois atuam na determinação das necessidades, desejos, expectativas das pessoas e, portanto, na determinação do que é saúde e das práticas desenvolvidas pelas pessoas no seu cotidiano com vista à promoção dela, a saúde. A saúde estaria condicionada à necessidade humana de transformar continuamente o mundo à sua volta, imprimindo-lhe significados particulares, construídos social e individualmente. Nesta concepção, a saúde é uma questão eminentemente sócio-histórica e, portanto, ética, pois é um processo da ordem da convivência social e da vivência pessoal (SAWAIA, 1994 b, p. 157), deixando de ser não doença ou estado de pleno bem-estar, para tornar-se possibilidade objetiva e subjetiva de estar sempre buscando este estado, e o direito à saúde se revela como direito de ter essa possibilidade SAWAIA (1994c, p. 109 e 110). Este direito pressupõe as diferenças entre grupos e indivíduos, que determinam a saúde e o bem-estar procurados por grupos ou indivíduos. Saúde é a possibilidade de ter esperança e potencializar esta esperança em ação. Promover a saúde equivale a lutar contra todas as formas históricas de violência do corpo e da alma, geradoras de servidão e heteronomia. (SAWAIA, 1994b, P. 157). O trabalho, enquanto necessidade humana, aparece como um dos elementos mediadores desta relação entre homem e sociedade, por meio do qual este homem realiza ações sociais, regulando-as de acordo com possibilidades e necessidades percebidas nele próprio e em seu ambiente, ou é impedido de tal feito, em decorrência de uma organização do trabalho rígida e hetero- determinada. PITY ASSESSORIA E FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EMAIL: pityassessoria@bol.com.br ( 48) 3438 7619 MORIN (2001) constata que a organização do trabalho deve oferecer aos trabalhadores a possibilidade de realizar algo que tenha sentido, de praticar e de Saúde é o estado de completo bem-estar, físico, mental e social, e não somente a ausência de doença ou enfermidade (Hogarth, 1975). 12 desenvolver suas competências, de exercer seus julgamentos e seu livre- arbítrio, de conhecer a evolução de seus desempenhos e de se ajustar. Sobre este último aspecto, o ajustamento, é preciso lembrar que o trabalhador precisa não só ajustar-se, mas também ajustar a tarefa e as condições de realização da mesma às suas necessidades, seus desejos, suas capacidades e seu modo de ser (SATO, 1991). Toma-se por ética algo que se define no interior das relações sociais historicamente dadas (HELLER, 1972). Isto significa dizer que alguém ou algo só é ético em relação ao outro, em relação à sociedade e que, esta, sendo transformada continuamente, transforma também os parâmetros do que é ser ético. Tendo como centro a esfera das ciências, não se pensa ética enquanto elemento externo a ser introduzido na pesquisa, mas se considera que a ética se apresenta na própria concepção do sujeito de estudo, o homem, enquanto ser de relação, portador de uma história, de vontades, desejos, necessidades, os quais devem ser respeitados. A ética está presente na intencionalidade da construção teórica. A atividade científica não é neutra, mas sim determinada por injunções históricosociais e inevitavelmente permeada por sistemas de crenças e valores socialmente partilhados em seus pressupostos, escolhas de objetos e temas, não só atribuíveis ao pesquisador e sua história individual, mas à época histórica em que se situa a pesquisa e o pesquisador (SOUSA SANTOS, 2001). Mesmo acordado de que a intencionalidade que deve suportar toda construção teórica das ciências humanas é a emancipação do homem das condições objetivas que o subjugam e a felicidade do homem, sabe-se que não é consenso a forma pela qual esta emancipação pode se dar (CARONE, 1994) Adota-se a posição de HELLER (1998), segundo a qual a emancipação do homem só pode se dar de maneira gradual, sendo seu espaço vital o cotidiano. O cotidiano é o espaço privilegiado das possibilidades de cada homem, porque nele a subjetividade se faz marcadamente presente. A vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela, colocam-se “em funcionamento” todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos,
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