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Formas farmacêuticas dispersas (emulsões) Prof. Msc. Iluska Martins Pinheiro 1. Introdução Emulsão. ➢ Conceito. Sistema heterogêneo constituído de dois líquidos imiscíveis entre si, em que um deles está finamente divido, na forma de gotículas, no outro. 1. Introdução Emulsão. Fase dispersa → fase interna Fase dispersante → fase externa ou contínua Emulsões apresentando fase interna oleosa e fase externa aquosa são emulsões óleo-em-água. Emulsões apresentando fase interna aquosa e fase externa oleosa são emulsões água-em-óleo. 1. Introdução Devido à fase externa de uma emulsão ser contínua, ➢ uma emulsão O/A pode ser diluída ou aumentada com água ou com preparação aquosa e ➢ uma emulsão A/O, com líquido oleoso ou miscível em óleo. ❖ De modo geral, para preparar uma emulsão estável, uma terceira fase é necessária, ou seja, um emulgente (agente emulgente). 1. Introdução ❖ Dependendo de seus constituintes, a viscosidade das emulsões pode variar bastante, podendo ser líquidas ou semi-sólidas. ❖ Com base na sua composição e aplicação pretendida, as emulsões líquidas podem ser empregadas por via oral, topicamente ou por via parenteral; emulsões semi-sólidas são para uso tópico. 2. Finalidade das emulsões e da emulsificação Emulsificação. ❖ Permite preparar misturas homogêneas e relativamente estáveis de dois líquidos imiscíveis. ❖ Permite a administração de uma substância ativa líquida na forma de minúsculos glóbulos. ❖ Nas preparações líquidas de uso oral, a emulsão O/A permite a administração de um óleo de sabor desagradável por meio de sua dispersão em um veículo aquoso edulcorado e flavorizado. 2. Finalidade das emulsões e da emulsificação ❖ O tamanho reduzido dos glóbulos do óleo pode torná-lo mais digerível e de fácil absorção ou, se esse não for o objetivo, pode torná-lo mais eficaz, como o que ocorre, por exemplo, com o óleo mineral, que é usado como agente catártico após ser emulsificado. ❖ Emulsões – na pele: O/A ou A/O, dependendo de certos fatores: *natureza dos agentes terapêuticos *necessidade de um efeito emoliente sobre o tecido *condições da pele 2. Finalidade das emulsões e da emulsificação ❖ Agentes medicinais que irritam a pele são menos irritantes quando presentes na fase interna de uma preparação tópica emulsionada do que na fase externa, cujo contato direto é mais prevalente. ❖ Naturalmente, a miscibilidade ou solubilidade de um agente medicinal no óleo e na água determinam seu veículo e sugerem qual fase da emulsão a solução resultante deve tornar- se. 3. Por que utilizar emulsões? ➢ Mistura de dois líquidos imiscíveis (versatilidade); ➢ Mascarar propriedades organolépticas indesejadas (sabor/odor); ➢ Aumento da estabilidade química em solução; ➢ Possibilidade de se otimizar a biodisponibilidade (ex: vitaminas oleosas). 4. Desvantagens: ❖ Instabilidade física ❖ Não-uniformidade de dose. 5. Teorias da emulsificação Entre as teorias mais prevalentes estão: ❖ Teoria da Tensão superficial ❖ Teoria da cunha orientada ❖ Teoria do filme interfacial 6. Teoria da Tensão superficial ❖ Líquidos tendem a assumir formas com menor área superficial (coalescência) ❖ Essa tendências dos líquidos pode ser medida quantitativamente e, quando a superfície do líquido está em contato com o ar, essa propriedade é denominada tensão superficial do líquido. 6. Teoria da Tensão superficial ❖ Quando um líquido estiver em contato com outro líquido no qual é insolúvel e imiscível, a força que faz com que cada um deles resista à fragmentação em partículas menores é chamada de tensão interfacial. ❖ Substâncias que reduzem essa resistência facilitam a fragmentação em gotas ou partículas menores (tensoativos ou agentes molhantes). 6. Teoria da Tensão superficial ❖ De acordo com a teoria da tensão da superfície da emulsificação, o uso dessas substâncias como emulgentes e estabilizantes diminui a tensão interfacial entre dois líquidos imiscíveis, reduzindo a força repelente e a atração entre as suas próprias moléculas. Portanto, os tensoativos facilitam a fragmentação dos glóbulos maiores em menores, os quais, portanto, apresentam menor tendência a agregar-se ou coalescer. 7. Teoria da cunha orientada ❖ Uma camada de agente emulsificante envolve as gotículas da fase interna, pois tem maior afinidade pela fase externa. ❖ Essa teoria está baseada no pressuposto de que determinados emulgentes se orientam na superfície e no interior do líquido, de modo que sua solubilidade seja refletida nesse líquido em particular. 8. Teoria do filme interfacial ❖ O agente emulsificante se dispõe entre as fases como uma fina camada de filme adsorvido na superfície das mesmas. ❖ O filme evita a coalescência das gotículas da fase dispersa. ❖ Quanto mais resistente e flexível o filme for, maior a estabilidade da emulsão. 9. Preparação de emulsões ❖ Escolha do tipo de emulsão ❖ Escolha da fase oleosa ❖ Escolha da consistência ❖ Escolha do agente emulsificante ❖ Escolha dos demais excipientes ❖ Técnica de produção 9. Preparação de emulsões Escolha do tipo de emulsão *Polaridade do fármaco -Fármacos lipossolúveis tendem a formar emulsões O/A. *Via da administração -Injeções IV: O/A -Injeções IM: podem ser O/A ou A/O para liberação lenta -Tópicas (cremes, loções e linimentos): conforme o tipo de pele. 9. Preparação de emulsões Escolha da fase oleosa *Na maioria das vezes é o próprio fármaco -Ex: óleo de fígado de bacalhau, vitamina A, benzoato de benzila. *Quando há necessidade de um veículo deve-se considerar a viscosidade do produto final. *Preferência para óleos extraídos de frutas e sementes (óleo de amendoim, milho). 9. Preparação de emulsões Escolha da consistência *Externo: textura/viscosidade A/O são mais viscosas e oclusivas O/A são melhor absorvidas e laváveis *Interno: fluxo adequado, propriedades viscoelásticas. 9. Preparação de emulsões Escolha da consistência *Proporção do volume –O aumento da fase interna leva a um aumento da viscosidade -Recomenda-se uma fase interna que componha no máximo entre 60 – 70% da fórmula < 30% de volume de fase interna - propriedade do sistema é determinado primariamente pelas propriedades da fase externa. A partir de 52 % de volume de fase interna - as partículas têm um contato mais próximo e a formulação apresenta maior viscosidade. A partir de 68% de volume de fase interna - geralmente instável - inversão de fases. 9. Preparação de emulsões Escolha da consistência *Tamanho das partículas da fase interna ↓ diâmetro das gotículas da fase interna ↓ velocidade de sedimentação ↑ viscosidade aparente 9. Preparação de emulsões Escolha da consistência *Interferentes: -Método de produção; -Tipo e concentração do agente emulsificante. 9. Preparação de emulsões Escolha da consistência Viscosidade - Lei de Stokes *A viscosidade da fase contínua reduz a difusão das gotas emulsionadas, sua freqüência de colisão e a coalescência, aumentando a estabilidade da emulsão. 9. Preparação de emulsões Escolha do Agente Emulsificante As substâncias utilizadas como agentes emulsificantes são numerosas e variadas e incluem: ❖ materiais que ocorrem naturalmente, tais como proteínas, fosfolipídios e esteróis; ❖ uma vasta gama de materiais sintéticos tais como ésteres de glicerol, propilenoglicol, ésteres de sorbitol, de ácidos graxos, éteres de celulose, carboximetilcelulose e ❖ muitos outros: sólidos finamente divididos, tais como bastonite e carvão. 9. Preparação de emulsões Escolha do Agente Emulsificante ❖ A maioria dos agentesemulsificantes são compostos de substâncias com moléculas contendo grupos polares e não- polares. Em uma emulsão tal agente é adsorvido na interface entre as fases e, assim, reduz a tensão interfacial. 9. Preparação de emulsões Escolha do Agente Emulsificante ❖ Ao serem adsorvidos o agente emulsificante orienta-se na interface para que os grupos não polares, os quais têm afinidade com o óleo, apontam para a fase de oleosa, enquanto os grupos polares irá se direcionar para a fase aquosa com que tem uma afinidade. ❖ Assim, uma película de agente emulsificante é formada na interface, e age como um filme interfacial que fornecem um revestimento sobre as gotículas da fase interna, impedindo a coalescência sob a influência da tensão interfacial. 9. Preparação de emulsões Escolha do Agente Emulsificante ❖Um agente emulsificante pode ser selecionado para uma determinada aplicação, com base em seu equilíbrio hidrófilo- lipofílico (EHL). ❖EHL (equilíbrio hidrófilo-lipofílico) é definido como a razão entre o peso percentual dos grupos hidrofílicos sobre o peso percentual de grupos hidrofóbicos da molécula. 9. Preparação de emulsões Escolha dos demais excipientes ❖ Tampões ❖Modificadores de viscosidade (lei de Stokes) ❖ Umectantes ❖ Antioxidantes ❖ Flavorizantes / Edulcorantes / Corantes ❖ Conservantes (fase aquosa) 9. Preparação de emulsões Técnica de produção ❖ Emulsões com boa textura e estabilidade física tem gotículas com diâmetro entre 0,5 e 2,5 µm ❖ Interferentes: equipamento e grau de divisão obtido. 9. Preparação de emulsões Técnica de produção ❖Como principio geral, o processo é realizado submetendo os líquidos a agitação violenta. ❖O tipo de agitação mais adequado para a emulsificação é aquele que submete uma grande gota da fase interna a corte. ❖Por essa ação as gotas são deformadas e quebradas em pedaços menores, mais finamente dispersas enfim gotículas. 9. Preparação de emulsões Técnica de produção Passos prepartórios 1. O agente emulsificante deve ser utlizado em função do tipo de emulsão requerida; 2. A relação fase volume (P/V) ( a porcentagem pelo volume da fase interna) afeta o tipo de emulsão formado. A fase em maior proporção tende a ser a fase externa. 3. A temperatura de emulsificação deve ser especificada. A tensão interfacial e a viscosidade podem cair com o aumento da temperatura. 9. Preparação de emulsões Técnica de produção Passos prepartórios ❖Como regra geral é melhor que as duas fases seja preparadas separadamente. ❖ O Agente emulsificante em geral é adicionado a fase externa mas existem exceções. Alguns compostos se dispersam melhor na fase oleosa para minimizar dilatação e formação de caroços. 9. Preparação de emulsões Técnica de produção ❖ Quando a pré agitação é praticada, a fase interna é geralmente gradualmente adicionada na fase externa , enquanto ela está sendo agitada. 10. Equipamentos Agitadores ❖ Alta velocidade como as do tipo turbinas e hélices, particularmente utilizados para baixa viscosidade. ❖ Homogeneizador de alta pressão - dotado de bomba de pistões de alta pressão com válvulas especiais denominadas válvulas homogeneizadoras. 10. Equipamentos Homogeneizador de alta pressão Pela pressão do produto, este êmbolo recua uma fração de milímetro e o produto sai por essa folga a uma velocidade extremamente elevada (até 300 m/s), colidindo contra um anel de impacto disposto em volta da válvula. Pela queda brusca de pressão e o impacto, as partículas de sólidos ou líquidos suspensas no produto se fracionam em partículas extremamente pequenas, na faixa de 0, 1 a 10 micras, de acordo as condições de operação. 10. Equipamentos Homogeneizador de alta pressão 10. Equipamentos Homogeneizadores por Hydroshear 10. Equipamentos Homogeneizadores Ultrasônicos 10. Equipamentos Moinhos coloidais ❖ O principio dessa operação consiste na passagem de uma emulsão bruta entre uma superficie estacionária e uma supercie rotativa separadas por uma pequeno e ajustável espaço livre. Ao passar entre essas superficie o líquido é submetido a corte por turbulencia se dispersando na fase interna. 10. Equipamentos Moinhos coloidais Referências ALLEN Jr., L.V., POPOVICH, N. G., ANSEL, H. C.; Formas farmacêuticas & sistemas de liberação de Fármacos. 9° edição. São Paulo: Artmed, 2013.
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