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Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI Faculdade de Medicina - FAMED Curso de Odontopediatria Trauma Dental - Módulo 4 – Aula 2 – Traumatismos de dentes duros Silvana Gonçalves Bragança Traumatismos de Tecidos Duros 1. Fratura simples. 2. Fratura complexa. 3. Fratura corono radicular. 4. Fratura radicular. 5. Fratura alveolar. Fratura Simples • A fratura simples pode envolver apenas o esmalte ou envolver tanto esmalte quanto dentina. 1.1 FRATURA EM ESMALTE: • As fraturas coronárias em esmalte caracterizam-se pela perda de estrutura dentária da coroa restrita ao esmalte e representam um risco mínimo de comprometimento pulpar e periapical quando ocorrem isoladas. • Caso não haja comprometimento estético, o tratamento limita-se ao polimento das bordas cortantes na coroa para prevenir lacerações dos tecidos moles. • O tratamento restaurador está indicado quando o comprometimento estético for considerável, pois o preparo pode levar a uma perda de estrutura dentária maior do que aquela causada pela fratura em si. • Existe a possibilidade também da realização da técnica de colagem do fragmento em dentes permanentes, que é mais conservadora e realizada com sistema adesivo e resina composta e pode ser realizada tomando-se os devidos cuidados na manipulação adequada do fragmento quando trazido pelo paciente. • O monitoramento clínico e radiográfico deve ser realizado nas consultas de manutenção do paciente. Fratura Simples 1.2 FRATURA EM ESMALTE E DENTINA: • Caracterizam-se pela perda de estrutura coronária com exposição dentinária. • Clinicamente, esta exposição pode determinar um quadro de sensibilidade dentinária durante a alimentação, higienização e até mesmo durante a própria respiração. Entretanto, o comprometimento estético, na percepção do paciente e/ou de seus responsáveis, pode ser o principal motivo da procura pelo atendimento. • Na dentição permanente, o tratamento consiste no tratamento restaurador ou na colagem do fragmento quando possível. Para isso, devemos considerar alguns aspectos como o grau de desidratação do fragmento, sua adaptação ao remanescente dental, profundidade da fratura e condições endodônticas do remanescente dental. O prognóstico pulpar é favorável quando as restaurações oferecem o selamento adequado e não ocorram luxações associadas. • O exame radiográfico poderá auxiliar para avaliação da proximidade da polpa e detecção de corpos estranhos nos tecidos moles, além de ser essencial para a manutenção dos casos de traumatismo. Fratura Simples • Caracterizada pelo envolvimento do tecido pulpar e sua exposição direta ao meio bucal, além do envolvimento de dentina e esmalte. • A melhor alternativa para o tratamento de urgência destas lesões são as condutas conservadoras da polpa, cujo objetivo principal é a manutenção da vitalidade pulpar, especialmente em paciente jovens com ápice aberto, em processo de rizogênese, para que o desenvolvimento radicular possa ser finalizado. Nestes pacientes, geralmente optamos pela realização do capeamento pulpar direto ou pela pulpotomia. • Já em pacientes mais velhos, com ápice fechado, a escolha usualmente é o tratamento endodôntico. Fratura Complexa • O tempo transcorrido após o traumatismo é um aspecto importante na decisão do tratamento. Quando o paciente chega para o atendimento algumas horas após o acidente, podemos optar pela realização do capeamento pulpar direto. Caso alguns dias já tenham passado, realizaremos a pulpotomia e, após semanas, devemos avaliar a realização da pulpectomia. • O exame radiográfico será importante para excluir a ocorrência de fratura ou deslocamento radicular, para identificação de corpos estranhos em tecidos moles e especialmente para a avaliação do grau de formação radicular, pois quanto menor for o grau de formação radicular, melhor será o prognóstico, ou seja, menores serão as chances de necrose da polpa. Fratura Complexa Fratura Complexa • As fraturas corono radiculares comprometem os tecidos da coroa, raiz, ligamento periodontal, podendo estar associadas ou não a uma exposição pulpar. • A exposição da polpa dependerá da morfologia da câmara pulpar, da idade do paciente e da direção da fratura. • Além disso, este tipo de fratura caracteriza-se pela invasão do espaço biológico. Fratura Corono Radicular • O aspecto clínico mais frequente é uma linha de fratura que se inicia na porção central da face vestibular do dente ou próxima à margem gengival e segue um trajeto oblíquo em direção à raiz na região palatina. Nestes casos, não há grande deslocamento do fragmento coronário, pois este permanece mantido pelo ligamento periodontal, apresentando mobilidade. • Quando ocorre exposição pulpar, a dor é um sintoma característico associado à movimentação do fragmento e à mastigação. Fratura Corono Radicular • É importante ressaltar que o exame radiográfico convencional nestes casos dificilmente revela o nível palatino da fratura, uma vez que a linha oblíqua da fratura é perpendicular ao feixe de radiação e o fragmento está muito próximo do filme. • Por isso, o exame radiográfico deve ser realizado com angulagens diferentes, para que possamos excluir ou identificar outras linhas de fratura e definir a linha de fratura da raiz. Fratura Corono Radicular • A maior dificuldade no tratamento destas lesões é a perda das distâncias biológicas, o que, muitas vezes, demanda cirurgias periodontais, como o aumento de coroa clínica, ou tratamentos ortodônticos, como o tracionamento, para viabilizar a realização do tratamento restaurador e reconstituir a estética. • A escolha da conduta terapêutica mais adequada deve se basear nos dados de localização e extensão da linha de fratura, conjugados à idade do paciente. Mais uma vez, a abordagem de pacientes jovens deve ser mais conservadora, tendo em vista o grande potencial de recuperação dos tecidos pulpar e periodontal nestes pacientes. • Em casos de exposição pulpar, devemos realizar o CPD ou a pulpotomia, dependendo do tempo transcorrido após o trauma, como já falamos anteriormente. Fratura Corono Radicular • Como opções de tratamento para estes casos, teremos a realização do ACC, o tracionamento ortodôntico ou a exodontia. • A escolha dentre estes dependerá de uma correta avaliação periodontal, da morfologia radicular, e do tamanho da raiz. • Somente após considerar e avaliar estes fatores é que a decisão de tratamento poderá ser tomada. Fratura Corono Radicular • É válido lembrar que outros fatores também influenciam nesta decisão, como, por exemplo, a impossibilidade de realização do tracionamento ortodôntico ou do ACC por qualquer motivo apresentado pelo paciente. Caberá ao profissional avaliar a situação e optar pela melhor conduta ou pela conduta possível de ser realizada em cada paciente. • Além disso, este tipo de fratura apresenta prognóstico duvidoso. Em caso de dúvida sobre o tratamento adequado, o selamento provisório poderá ser realizado até uma próxima avaliação e decisão de tratamento. Fratura Corono Radicular Fratura Corono Radicular • As fraturas radiculares são lesões que envolvem o ligamento periodontal, a superfície radicular, osso alveolar, polpa, dentina e cemento. • Clinicamente, o dente afetado pode ou não apresentar mobilidade, isso dependerá da altura da fratura. Quanto mais cervical for esta fratura, menos estrutura radicular estará ligada ao periodonto e, portanto, maior será a mobilidade. Podehaver deslocamento do dente e isso dependerá do impacto da força. Fratura Radicular • Quanto maior for o edema entre os fragmentos, maior será a espessura do traço de fratura. • O dente pode apresentar uma leve alteração de cor, dependendo do rompimento vascular, podendo apresentar uma coloração vermelha ou cinza e dor à percussão. • A realização do exame radiográfico em diferentes angulagens é importante para o diagnóstico, pois o traço de fratura pode ser uma linha ou uma elipse e nem sempre e fácil visualizar. Fratura Radicular • A cicatrização das fraturas radiculares em dentes permanentes depende de certos fatores relacionados ao momento do trauma e ao tratamento emergencial; • O pronto reposicionamento e imobilização do dente são fundamentais para que haja uma cicatrização favorável das fraturas radiculares; • Sendo assim, independentemente da localização, o tratamento emergencial das fraturas radiculares consiste no reposicionamento do fragmento coronário por meio da pressão digital firme; • Caso este procedimento não seja realizado, a formação do coágulo pode dificultar e até contraindicar o reposicionamento correto do fragmento. Fratura Radicular • Nestes casos, após o reposicionamento imediato, devemos checar radiograficamente a correta redução da fratura e as condições dos tecidos duros e radiculares para, então, realizar a imobilização do dente com contenção flexível por no mínimo 4 semanas. • Caso a fratura esteja localizada na região cervical, a contenção deve permanecer por, no mínimo, 4 meses, pois a área de cicatrização é maior, ou seja, quanto mais cervical for a fratura, maior será o tempo de contenção. • Durante este período, é realizado o controle clínico e radiográfico para a avaliação da condição pulpar e da ocorrência ou não de cicatrização. Fratura Radicular • A contenção flexível pode ser realizada com fio ortodôntico e resina composta, caso estes materiais não estejam disponíveis, esta pode ser realizada apenas com resina composta, formando uma barreira na região palatina. Tome cuidado para que a contenção não movimente os dentes envolvidos! • A realização do tratamento endodôntico estará descartada até que haja uma definição do diagnóstico de necrose pulpar. Nestes casos, devemos realizar o tratamento endodôntico na porção coronária do dente afetado até o traço de fratura, pois a porção apical ainda possui aporte sanguíneo. • O prognóstico deste tipo de fratura será pior quanto mais cervical for a localização do traço de fratura, pois esta região exige maior reparo de tecido duro. Fratura Radicular Fratura Radicular • O sinal clínico típico de fratura do osso alveolar é a mobilidade em grupo dos dentes adjacentes ao dente que está sendo testado. • Pode haver também deslocamento em grupo e mudança do alinhamento oclusal. • Este tipo de fratura é mais comum em adultos, devido à resiliência que o osso da criança apresenta, ele desloca, mas não costuma fraturar. Fratura Alveolar • Radiograficamente observamos a linha de fratura e, nestes casos, a radiografia panorâmica costuma ser mais útil. • O tratamento deste tipo de fratura consiste em reposicionar segmento ósseo deslocado, após checar radiograficamente a reposição e realizar uma contenção, que pode ser confeccionada com resina composta apenas ou com fio ortodôntico e resina composta, esta deve permanecer por, no mínimo, 4 semanas. Fratura Alveolar Proservação das Lesões Traumáticas de Tecidos Duros 4 semanas 6-8 semanas 4 meses 6 meses 1 ano 5 anos Simples Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Complexa Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Corono radicular Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Radicular Remoção da contenção + avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Remoção da contenção + avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia Alveolar Remoção da contenção + avaliação clínica Avaliação clínica + radiografia Avaliação clínica + radiografia
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