Buscar

PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL CIDADE DE BELTERRA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO MONTENEGRO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EMMETODOLOGIA DO ENSINO DE GEO-HISTÓRIA
FRANCICLEISE SILVA PEDROSO
PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL- CIDADE DE BELTERRA: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DE ONDE VIVEMOS.
BELTERRA – PARÁ
2012
FRANCICLEISE SILVA PEDROSO
PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL- CIDADE DE BELTERRA: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DE ONDE VIVEMOS.
Monografia apresentada ao Centro de Pós-graduação Montenegro, como um dos requisitos para a obtenção do título de Especialista no Ensino de Geo-história. 
Orientador: Prof. Msc. Paulo Sérgio Marinho de Souza
BELTERRA-PARÁ
2012
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO MONTENEGRO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EMMETODOLOGIA DO ENSINO DE GEO-HISTÓRIA
FICHA DE AVALIAÇÃO DE MONOGRAFIA
ORIENTADOR (A): Prof. Msc. Paulo Sérgio Marinho de Souza
ALUNO (A): Francicleise Silva Pedroso
TÍTULO DA MONOGRAFIA: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA LOCAL- CIDADE DE BELTERRA: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DE ONDE VIVEMOS.
NOTA ATRIBUÍDA: ____________
PARECER
A acadêmica desenvolveu a temáticapreservação da história local- cidade de belterra: reconstruindo a história de onde vivemos, de acordo com os padrões da metodologia cientifica vigente, atendendo de modo satisfatório os requisitos necessários à Aprovação e obtenção do título de especialista emmetodologia do ensino de geo-história
.
Santarém – Pará, 20 de Novembro de 2012. 
_________________________________
Assinatura do(a) orientador(a)
DEDICATÓRIA
Dedico
A minha mãe Maria Líbia Cardoso Silva, (em memória).
A meu marido Rosenildo de Araújo Pedroso.
A meus filhos.
Aos professores do curso de Geo-história.
Aos alunos e pais da comunidade São Francisco, Br. 163 Belterra-PA
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida.
Meu marido Rosenildo de Araújo Pedroso pelo apoio e compreensão.
A meus filhos, Ana Clara, Fabio Ravells, Rosenildo Junior, Rick Cleyson,Evelys Caroline e Alexia Karinny que esta chegando,
Razões da minha luta e do meu existir.
Aos colegas de classe que desde muitos anos caminhamos juntos.
Aos professores do Centrode Pós-graduaçãoMonte Negro, pelo apoio e incentivo.
A todos os alunos que tive o prazer de conhecer e aprender com eles.
RESUMO 
A Monografia ora apresentada discorre sobre a implantação da Companhia Ford Industrial do Brasil, na Amazônia brasileira, que se deu a partir de 1927 e ficou sobre o controle dos norte-americanos até o ano de 1945 quando a concessão foi devolvida para o governo brasileiro. 	O tema desta pesquisa é a preservação da historia local sobre a experiência da Companhia Ford Industrial do Brasil, na Amazônia brasileira, entre 1927 e 1945, dando ênfase nas relações de trabalho implantadas, buscando ressaltar como este modelo contrasta com o predominante na região, caracterizando uma fração diferenciada do território capitalista no Brasil.Desta forma, o projeto foi ampliado a fim de contemplar não só o empreendimento visto por seus antigos trabalhadores, como também os debates realizados que mostram as expectativas iniciais dos residentes e a reversão das mesmas com a implantação da empresa; a constituição do projeto como uma fração do território capitalista mundial e as diferenças culturais que ficaram evidenciadas no processo de constituição de Fordlândia e de Belterra.O estudo foi dividido em três capítulos que discutem: a trajetória do trabalho de campo realizado em três diferentes etapas; a contextualização histórica do empreendimento que se deu após o declínio da produção da borracha na região; Analise da tipologia e arquitetura do núcleo urbano de Belterra. As entrevistas com os antigos trabalhadores foram intercaladas ao longo dos capítulos mostrando a sua visão dos acontecimentos e buscando ressaltar as diferenças entre o sistema de trabalho implantado, baseado na exploração capitalista direta e marcado pelo fordismo, e o que prevalecia no entorno, com relações tradicionais de subordinação.
Palavras-chaves: Educação. Preservação da história local.reconstrução da história.
ABSTRACT
The Monograph presented here discusses the implementation of Ford Industrial Company of Brazil, the Brazilian Amazon, which occurred from 1927 and was under the control of Americans by the year 1945 when the grant was returned to the Brazilian government. The theme of this research is the preservation of local history about the experience of Ford Industrial Company of Brazil, in the Brazilian Amazon between 1927 and 1945, with an emphasis on labor relations established, seeking to highlight how this model contrasts with the prevailing in the region, featuring a fraction of differentiated capitalist territory in Brazil. Thus, the project was expanded to include not only the development seen by its former employees, as well as the discussions show that the initial expectations of residents and the reversal of the same with the deployment of the company, the constitution of the project as a fraction territory of the capitalist world and the cultural differences that were highlighted in the process of constitution of Fordlandia and Belterra.O study was divided into three chapters that discuss: the trajectory of fieldwork conducted in three different stages: the historical context of the enterprise that occurred after the decline in rubber production in the region; Analyze the typology of architecture and urban core of Belterra. Interviews with former workers were interspersed throughout the chapters showing his view of events and seeking to highlight the differences between the system of work in place, based on the direct capitalist exploitation and marked by Fordism, and the prevailing environment, relations with traditional subordination.
Keywords: Education. Preservation of local history.reconstruction of history.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO								 	 9
2.AS IMPLANTAÇÕES EM BELTERRA DA COMPANHIA FORDDO 
BRASIL 11
2.1 Os antecedentes 							 11
2.2 A concessão Belterra								 13
2.3 As instalações industrial e residencial em Belterra			 15
2.4 O trabalhador na concessão Belterra					 19
2.5 O fim da companhia Ford industrial do Brasil				 21
2.6 Administração e política divergentes para Belterra			 23
3. A ÁREA 							 28
3.1. Localização									 28
4.ANÁLISE DA TIPOLOGIA E ARQUITETURA DO NÚCLEO 
URBANO HISTÓRICO DE BELTERRA 			 31
4.1. As vilas									 	 31
4.2. Vila americana 32
4.3. Vila mensalista									 37
4.4. Vila timbó 									 40
4.5. Vila operária						 			 41
4.6. Vilas viveiro I a III 42
4.7. Vila 12943
5.OUTROS EXEMPLARES DE INTERESSE À PRESERVAÇÃO	 	 44
5.1 Unidades residenciais 							 	 45
5.2. Instalações industriais 45
5.3. Unidades públicas								 46
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 							 48
7. REFERÊNCIAS 									 51
8. ANEXO 									 52	
								
9INTRODUÇÃO
	O tema deste trabalho é a preservação da historia local sobre a experiência da Companhia Ford Industrial do Brasil, na Amazônia brasileira, entre 1927 e 1945, dando ênfase nas relações de trabalho implantadas, buscando ressaltar como este modelo contrasta com o predominante na região, caracterizando uma fração diferenciada do território capitalista no Brasil.
	Esta pesquisa foi iniciada sob a orientação da professora Edilene Ribeiro, tema de reflexão para uma dissertação, a orientação final foi feitapelo professor-titular.
	O objetivo inicial da pesquisa era a reflexão sobre os trabalhadores que participaram do empreendimento e que foram entrevistados ao longo dos trabalhos de campo realizados. Durante o desenrolar do projeto e de posse de documentos obtidos outras preocupações foram acrescentadas: o empreendimento apresentava-se como uma novidade para a região, constituindo-se em um enclave, criando diversos problemas no seu entorno. Além disso, as normas implantadas pela Companhia seguiam os padrões do fordismo o que era inovador não só na Amazônia, como também no Brasil. 
	Desta forma, o projeto foi ampliado a fim de contemplar não só o empreendimento visto por seus antigos trabalhadores, como também os debates realizados que mostram as expectativas iniciais dos residentes e a reversão das mesmas com a implantação da empresa; a constituição do projeto como uma fração do território capitalista mundial e as diferenças culturais que ficaram evidenciadas no processo de constituição de Fordlândia e de Belterra, os núcleos urbanos construídos pelos yankeespara viabilizar o retorno do capital investido nas terras cedidas pelo governo do estado do Pará. Estas características inovadoras justificam o presente texto e marcam sua diferença com o de outros autores que já se debruçaram sobre este projeto, que buscaram ressaltar ou os aspectos ambientais, ou a viabilidade econômica do empreendimento.
10	Este trabalho está dividido em três capítulos: o primeiro narra à trajetória do trabalho de campo, realizado em diferentes etapas, e que representa um dado essencial na pesquisa. Como forma reduzida por vezes utilizará a palavra “Companhia” para me referir à mesma.
O segundo capítulo situa o momento em que se deu o empreendimento, buscando contextualizar a experiência não só no seu tempo histórico, como também no espaço em quedeu-se, no caso o oeste do Pará, na Amazônia brasileira. Assim, o recurso à História se fará como uma forma de possibilitar a inserção deste empreendimento como mais uma das tentativas de recuperação econômica da região amazônica, após aquele período de apogeu da exploração da borracha, que se deu entre o final doséculo passado e a primeira década deste. Neste, também é analisado o termo de concessão de terras à Companhia, feita pelo governo do estado do Pará, ressaltando a enorme gama de possibilidades de exploração que este possibilitava à Companhia.
	A chegada e a instalação da Companhia são analisadas no terceiro capítulo. O recurso utilizado será a interpretação dos textos dos jornais de Santarém referentes àquele período, entre os quais foi selecionado o jornal A Cidade, que cobre o período inicial de instalação da empresa.
	A implantação do fordismo, não só como uma forma de gerenciamento, mas também como uma forma de disciplinar os trabalhadores é analisada no capítulo, no qual ainda há a contextualização do empreendimento como parte da expansão do território capitalista mundial, do início do século XX.
As discussões que foram feitas em torno dos problemas enfrentados pela Companhia, tanto do ponto de vista do meio-ambiente, quanto da falta de trabalho. 
	O perfil dos trabalhadores e de suas vivências cotidianas, do chamado “tempo dos americanos”, dos quais se lembram com muita saudade, apesar de seus discursos nem sempre serem tão favoráveis à Companhia. É preciso ressaltar que os trechos das realizadas com os antigos funcionários de Fordlândia e Belterra, que trabalharam para os americanos, estão inseridos ao longo do texto, buscando promover um diálogo direto entre o discurso elaborado e as memórias que as pessoas guardam daqueles momentos vividos.
112. AS IMPLANTAÇÕES EM BELTERRA DA COMPANHIA FORD DO BRASIL
2.1OS ANTECEDENTES
Tudo iniciou na década de 1920, a região Norte do Brasil estava mergulhada em meio à crise da borracha. A decadência deste comércio extrativista levou os estados do Pará e Amazonas a uma profunda depressão econômica. Nas capitais, Belém e Manaus, o cenário desolador de falência e desemprego contrastava com os anos anteriores, cuja riqueza do comércio seringalista era explicita no fausto arquitetônico e hábitos da sociedade.
A crise econômica se estabeleceu de forma definitiva com o arrebatamento do comércio internacional da borracha pelos países do continente asiático, feito possível, somente, a partir das pesquisas realizadas para adaptação e aclimatação da hevea nestes lugares por iniciativa de nações imperialistas como Inglaterra e Holanda que buscavam matéria-prima e mão-de-obra nos continentes africano, asiático e latino-americano.
No final da década, o mercado internacional de borracha já era monopolizado pela Inglaterra. O Plano Stevenson, programa elaborado pelos ingleses com sentido de controlar a produção e os preços do látex, atingiu diretamente os fabricantes de pneumáticos e outras indústrias beneficiadoras da goma elástica, provocando nestes, a procura por fonte segura de matéria-prima. 
As fábricas norte-americanas foram altamente prejudicadas nas suas linhas de produção, principalmente as de automóveis, dependentes diretas do comércio exportador gomífero. A saída para elas foi à procura pela autossuficiência e não tardou a investida por lugares propícios ao plantio racional de seringueiras na América Latina: Venezuela, Colômbia e Brasilpassaram a receber a visita de técnicos norte-americanos para pesquisa de áreas para o estabelecimento de plantations de hevea·
12Em meados de 1923 veio a Belém a Mission American Rubber averiguar as possibilidades do plantio sistemático de seringueiras em solo paraense. A missão apresentou um relatório demonstrando que a região era adequada para o plantio, mas complementou-o fazendo ressalvas quanto à obtenção de mão-de-obra, escassa na região. 
O resultado despertou o interesse de diversas companhias à época, uma delas foi a Ford Motor Company, pertencente a Henry Ford, dono da maior indústria de automóvel do mundo. Era de seu interesse possuir sua própria plantação, pois a ideia de controlar todas as partes da linha de produção nascera nas indústrias Ford e para fugir de uma possível escassez ou alta nos preços no comércio da borracha, a companhia adquiriu terras no estado do Pará para a instalação de uma filial especializada que a tornasse alto-suficiente em matéria-prima, permitindo a sua não sujeição ao monopólio inglês.
A aquisição das terras no Pará pela Ford está envolta no golpe aplicado por Jorge Dumont Villares, investidor fluminense que tomou conhecimento da missão americana, e tratou de obter do governo estadual concessões de terras em diferentes lugares do seu vasto território. J. Villares mostrou pessoalmente as terras que dispunha para venda a W. L. Blakely, funcionário da Companhia Ford. Estas se localizavam a margem direita do rio Tapajós e fora a única opção de compra apresentada, dizendo Villares já ter vendido às outras. Segundo W. Dean (1989) e Lourenço (1999) o golpe envolveu o Governador do estado e o prefeito de Belém, Dionísio Bentes e Crespo de Castro, respectivamente, que teriam recebido pagamentos para fazer a concessão das terras, mas o conluio só fora descoberto com a denúncia do acordo por um sócio insatisfeito de Villares, pois saíra sem receber nada da negociação. 
Henry Ford adquiriu as terras pelo valor de 125 mil dólares, porém o um milhão de hectares comprado pelo industrial possuía solo bastante acidentadoe montanhoso, pouco fértil, e para completar a navegação era restrita em determinada época do ano.
13
13Em 21 de julho de 1927, o estado do Pará fez o contrato de termo de opção com a Companhia Ford Industrial do Brasil, assinado por W. L. Blakely e em 10 de outubro do mesmo ano, a Junta comercial do Pará aprovou os estatutos da Companhia para o plantio e cultivo de seringueira no rio Tapajós, entre os municípios de Aveiro e Itaituba, no lugarejo conhecido como Boa Vista. 
Fordlândia foi como ficou conhecida a concessão Ford na Amazônia, recebeu em pouco tempo toda a infraestrutura fabril e residencial jámais vista na região atéentão. A concessão inaugurou o plantio e cultivo racional de seringueiras, a exploração obedeceu ao modelo de plantation da Ásia, abandonou-se o antigo modelo de coleta dispersa dentro da floresta em favor de lotes de hevea dispostas em fileiras.
Durante os anos de 1929-1930 foram instaladas as benfeitorias da concessão: usina de força, almoxarifado, galpões, estrada de ferro, refeitório, hospital; além do núcleo residencial, que dispunha de arruamentos, energia elétrica, abastecimento de água e esgoto para os trabalhadores em geral.
Todavia, Fordlândia apresentou dificuldades técnicas nas suas plantações, as quais foram infestadas por pragas, que somadas à falta de trabalhadores e os protestos dos poucos ali empregados, fizeram com que a matriz repensasse a viabilidade do projeto, optando por uma nova concessão de terras.
2.2 A CONCESSÃO BELTERRA.
As dificuldades apresentadas em Fordlândia forçaram os administradores a pensarem numa alternativa que driblassem os entraves técnicos restritivos ao avanço do projeto. Inicialmente, restringia as operações da companhia, a grande distância do porto de Santarém que dificultava Comunicação e o abastecimento da concessão; outra dificuldade era a navegabilidade do rio, a qual interferia diretamente no embarque da produção e de produtos em determinado período do ano em decorrência da baixa do rio Tapajós. Mas o ponto decisivo para a permuta de terras foi a praga conhecida como “mal-das-folhas”, a doença fazia com que os seringais diminuíssem a produção de látex.
14
14Segundo Dean (1989), a ideia da permuta partiu de JamesWeir, participante da Mission American Rubber. O técnico fora contratado pela Ford para visitar os seringais asiáticos, concluiu que a transferência de terras era necessária, devido Fordlândia estar assentada em sítio inadequado.
Assim, a Companhia Ford do Brasil assinou o termo de permuta de 281.500 hectares da concessão Fordlândia por outra área de dimensão igual, ainda na margem direita do rio Tapajós, porém mais próxima de Santarém, em 04 de maio de 1934. A nova concessão “Bela Terra” localizava-se em planície elevada, distante do rio Tapajós, cerca de 12 km, entre a Ponta do Pindobal e São João.
Belterra foi dotada de infraestrutura similar à implantada na Fordândia: porto, hospital, serraria, escolas, energia elétrica, lojas, cinema, delegacia, local para jogo de golfe, correio. Dessa forma, a Companhia Ford contava em 1935 com duas concessões para abastecimento da matriz norte-americana, mas apesar das semelhanças, a nova concessão recebeu atenção especial no que diz respeito às plantações de seringueiras.
	A estrutura técnica de produção de borracha dava atenção à escolha criteriosa de sementes para complementar os métodos de enxertia das mudas, sendo este o ponto fundamental da nova plantação. As sementes eram compradas dos produtores asiáticos nas plantações Ford, sendo que uma seringueira era dividida em três partes: a base da árvore era de uma espécie nativa da região amazônica, a parte intermediária pertencia a um espécime produtora de grande quantidade de látex, provavelmente oriundo do oriente, já
à parte superior do exemplar era gerada com o intuito de resistir às pragas das folhas. 
Sobre a enxertia G. Cruls (1939) relata o modo como os trabalhadores da Companhia se expressavam durante a enxertia das mudas de seringueiras com as provenientes da Ásia ao tomarem conhecimento das heveas levadas pelo inglês Wickham no século XIX:
15Não deixa de ser curioso que as nossas plantas sejam agora melhoradas pelo cruzamento com suas parentas próximas, descendentes daquelas outras originárias de sementes daqui mandadas para a Inglaterra, e justamente desse mesmo vale do Tapajós, no ano de 1876. Ao saber disso, o caboclo, sempre suspicaz, e ainda com a recordação dos bons tempos do “ouro negro”, comenta esperançado: —”A nossa seringa está voltando”.[2: ]
O sistema das plantações em Belterra foi estruturado da seguinte forma: o primeiro passo era a limpeza da floresta, em seguida dividiam-se as quadras no tamanho de 40 hectares, preparava-se o solo, as mudas ficavam dispostas a cada cinco metros, uma cava recebia três sementes e quando atingia a idade de 18 meses era feito o processo de enxertia na planta. Os cuidados da administração na concessão logo superaram os resultados em relação à Fordlândia, no ano de 1938 as plantações somavam 2.400 mil pés de seringueiras numa área de 40 km².
AS INSTALAÇÕES INDUSTRIAL E RESIDENCIAL EM BELTERRA 
A instalação do núcleo urbano de Belterra está organizada de maneira distinta de Fordlândia, enquanto nesta as distâncias não se faziam sentir dentro do centro, na nova concessão as separações entre os postos de trabalho iniciava-se com o percurso entre o núcleo industrial e Porto Novo com distância considerável. Este porto não ofereceu a facilidade esperada, pois possuía baixa profundidade, em decorrência disto às operações da Companhia Ford de embarque e desembarque dos navios foi transferida para a Ponta do Pindobal, em 1935, a qual contava inclusive com uma oficina náutica. A usina elétrica tinha a capacidade de força de 2000 volts e 80.000 kilowats e fazia com que a moderna serraria funcionasse. As demais instalações fabris eram similares aos equipamentos utilizados nas outras filiais da Companhia Ford pelo mundo, o que por sua vez assustou os empregados. Para se ter ideia, a usina elétrica precisava apenas de dois funcionários para mantê-la em funcionamento. Costa (1993) afirma que o tipo de estrutura vigente na Companhia Ford se baseava na utilização de equipamentos modernos aliados a uma divisão de trabalho especializada onde as relações capitalistas de produção conflitavam com as formas tradicionais de trabalho e pensar do homem local.
16
16Lourenço (1999) vai além às proposições de Costa sobre o local de inserção e das relações capitalistas criadas pela Ford na Amazônia. Para ela a localização da concessão adquiriu o significado pleno do capitalismo:
Ela está inserida no processo do desenvolvimento do capitalismo mundial, portanto, neste território engendrado pelo mesmo e que se mundializou com a expansão deste. (...) A Empresa constitui uma fração do território capitalista mundial, destinando-se à produção de matéria-prima (látex), que se transforma em mercadoria e se realiza como valor quando da montagem dos automóveis e sua comercialização.
O projeto investiu na colocação de energia elétrica e telefonia por toda a concessão, esta última mantinha a comunicação direta com Fordlândia. Foi além, instalaram água canalizada, cuja captação para Belterra era feita da estação do Acampamento que a partir deste ponto era distribuída para ambos os núcleos: industrial e residencial: Vila Americana, Vila Mensalista, Operária e demais prédios administrativos e públicos. Nas vilas e estradas onde o sistema não era regular, foram instaladas torneiras a cada 100 m. A rede de distribuição contava com hidrantes para emergência. Fazia parte do sistema, uma caixa d’água com a capacidade de armazenamento de 186.500 litros, construída pela empresa norte-americana Carnegie em1938.
Até os dias de hoje podemos avistar a caixa d’água que está localizada na Estrada Um na cidade de Belterra. No distrito de Fordlândia também existe uma caixa d’água idêntica, diferenciando-se apenas na altura e volume, e onde ainda se podem ver os vestígios da inscrição Ford. A educação também fez parte dos incentivos oferecidos pela Companhia na concessão Belterra. No início do projeto foram edificadas duas escolas, no ano de 1939: O Grupo Escolar Henry Ford, localizado na Estrada Um, e o Grupo Escolar Edsel Ford na Estrada 08, além de uma creche para o atendimento dos filhos dos funcionários, criada entre os anos de 1941 e 1942, pois, edificada a partir do pedido do presidente Getúlio Vargas que visitou a vila por dois dias em 1940.
17 Foram construídas mais duas escolas com o nome de Benson Ford em 1941, uma estava na Vila 129, e a outra em Pindobal. Os professores das escolas da companhia Ford pertenciamao quadro de funcionários do governo estadual.
17A saúde tinha destaque, apesar das instalações do hospital Henry Ford (1938),serem modestas em relação ao construído na concessão Fordlândia. Em Belterra esta casa de saúde era em madeira, possuía corpo médico completo para o atendimento em caso de doenças que molestassem os empregados da Companhia. O hospital podia atender até 40 doentes, possuía farmácia, raios-x e sala de operações.
A arquitetura mais simples de Belterra vai estar difundida por todas as suas instalações: casas, hospitais galpões, porto. Cruls (1939) nos deixou suas impressões e uma descrição com detalhes sobre as construções na concessão:
Já dissemos da boa impressão que causam as construções de Belterra. Sem nada de luxuoso, todas num pavimento, nelas se encontram as melhores condições de conforto e higiene. Embora adaptadas fins diversos, são quase sempre os mesmos materiais empregados nas varias edificações, das dependências administrativas às casas de moradia. Assim todos os prédios, cobertos de telhas francesas que, frequentemente, também ensombram acolhedoras varandas, são de madeira — uma madeira aparelhada em ripas de formato particular e que, dispostas transversalmente, umas imbricando sobre as outras dão às paredes externas um gracioso “escamado”. (...) Tetos e paredes internos ganhavam revestimento de tritex, um papelão comprido, de folhas quadrangulares, mas sempre do mesmo tamanho, motivo pelo qual, quando já nos seus lugares, muito fica facilitada a posição do friso de madeira que, sob a forma de um enxadrezado regular, lhes disfarçará os pontos de juntura.
É desta maneira que as casas das vilas de moradia foram edificadas: amplas, claras, adaptadas ao clima regional, mas sempre seguindo o estiloamericano, principalmente, nas casas da Vila Americana, mas que detém um acabamento e dimensões superiores por terem sido destinadas aos funcionários da alta administração. Estas alcançavam preços de 10 a 20 contos. 
As demais vilas seguiam a hierarquia estabelecida entre os funcionários e se estendiam pelas estradas: a Vila Mensalista com casas adequadas em dimensão e padrão para os empregados que recebiam salários mensais. A Vila Timbó destinava-se aos funcionários lotados no hospital Henry Ford.
18As vilas para os empregados de baixa graduação se distribuíam da seguinte maneira: Vila Pilão, Vila Viveiros I, II e III; e Vila Operária para os trabalhadores de diferentes funções: eletricista, mecânico, marceneiro, etc. Todas as casas eram de acesso gratuito dado pela Ford. Porém, existiam algumas exceções, casos onde o empregado podia alugar ou construir sua moradia dentro das terras da concessão:
A Companhia tem ainda outro tipo de habitação, para o trabalhador rural. Ainda de pau, mas então já muito mais humilde, nesta se poderá morar à razão de 30 mensais. O caboclo, porém, que quiser fazer sua própria casa, está livre de qualquer ônus. É só escolher o local e sair em busca das palhas de babassú ou curuá, duas palmeiras que por aí existem em abundância. Assim mesmo, nestes casos, a Companhia ainda lhe fornecerá gratuitamente, as esquadrias, com que se “civilizará” um pouco a sua choça. 
Para atender os moradores havia dentro do núcleo um comércio bastante sortido com os mais diversos gêneros e víveres, já que a distância de Belterra à Santarém não permitia constantes viagens para a compra de mantimentos, apesar de a concessão ser bem mais próxima de Santarém que Fordlândia. A Companhia permitiu a permanência de estabelecimentos como pequenos empórios, padarias, açougues, alfaiates, barbearias até uma loja filial das “Casas Pernambucanas” nesses comércios os empregados podiam fazer suas compras com o salário que recebiam da Companhia.
Assim, Belterra adquiriu status de cidade grande, já que possuía um acervo invejável de residências, indústrias e comércios em detrimento das demais vilas e cidades da região. No censo realizado em 1940 podem-se constatar os números impressionantes da concessão encravada em plena floresta amazônica:
Com esses dados a concessão mantinha a ilusão de vitalidade dos seringais e prosperidade para os trabalhadores da Companhia. 
192.4 O TRABALHADOR NA CONCESSÃO BELTERRA.
Os trabalhadores da Companhia Ford pertenciam na sua maioria à região Norte e outros da Nordeste, mas na nova concessão muitos destes vieram transferidos de Fordlândia, onde as plantações e o alistamento de trabalhadores não estavam correspondendo ao esperado. Neste caso, o aproveitamento da mão-de-obra era necessário, além do mais, esta já estava familiarizada com o sistema de trabalho da Companhia.
A começar pelo sistema de alistamento, o trabalhador era entrevistado num primeiro momento, recebia as instruções e normas da empresa, se as aceitasse, imediatamente era feito seu registro de funcionário, no qual estavam todas as suas informações: escolaridade, empregos anteriores, adicionadas a estas, ficavam os dados sobre salário, função, secção e seu chefe. Recebia ainda, uma chapa de alumínio com as siglas da Companhia, na qual trazia a
numeração que lhe identificaria enquanto fosse funcionário, porém, o trabalhador tinha outras fichas de controle, pelas quais a companhia sabia cada passo do funcionário: ficha médica, ficha funcional, e o recordofemployee, esta última mantinha todos os arquivos do empregado. Segundo Lourenço (1999) o pagamento era realizado por quinzenas, e poucos eram trabalhadores mensalistas, a tirar pelo tamanho da Vila Mensalista em Belterra e sua diferença com as vilas de operários que se espalhavam por diversas estradas ao longo da concessão. Os salários da Companhia Ford industrial do Brasil se comparavam aos maiores pagos na agricultura paraense. O salário pago era de Cr$ 9,00 para os homens, já as mulheres tinham sua remuneração em Cr$ 6,00; as crianças recebiam Cr$ 0,50 por hora trabalhada. O salário de um enxertador em Belterra era de Cr$ 10,00 por dia.[3: ][4: ][5: ]
20
20Cruls (1939) refere-se ao horário de trabalho de um empregado rural, onde o seu dia começava as 06:30hs, uma hora de almoço, com término às 15:30 h. Tudo marcado por relógios de ponto espalhados por toda concessão. A marcação de tempo, o controle dos relógios, o apito da caixa d’água, a observação do apontador, eram mais uma maneira de controle dos empregados no dizer de Lourenço:
É importante lembrar que o capitalismo só pode se tornar realidade quando os trabalhadores foram expropriados dos meios de produção e do seu controle do processo, ou seja, quando o tempo passou a ser marcado pelo relógio, que passou a controlar as jornadas (...). A Companhia trouxe para a região, onde mesmo no auge da extração da borracha, este não existia, uma vez que o pagamento era feito por produção
de látex e não pela jornada de trabalho (...). Desta forma, o funcionário era duplamente vigiado.
					
O controle dos trabalhadores se fazia evidente nas suas casas, quando da visita de inspetores para verificar as condições sanitárias, ou mesmo a manutenção física desta; caso constatação de algo fora dos “padrões Ford”, o empregado era notificado imediatamente, e logo em seguida, obrigado a corrigir. Um bom exemplo era a manutenção dos jardins, os quais deviam sempre estar ordenados, pois simbolicamente estavam associados à naturezadomesticada, contrapondo-se à natureza selvagem e perigosa da Floresta, acrescenta a autora.[6: ]
Outra forma de domínio dos funcionários pode ser observada nas restrições religiosas, já que dependiam da autorização da direção daCompanhia e somente podiam realizá-las os padres com permissão de acesso à concessão e tais manifestações só puderam acontecer a partir de 1940, com a intervenção do Bispo de Detroit, para somente então, iniciarem as construções de templos religiosos no local.
Em 1948 foi inaugurada a Casa de Oração da Igreja Batista, esta por sua vez, seguia o estilo arquitetônico das demais edificações da Companhia. Anteriormente, fora edificada a Capela de São José na Estrada Oito pelos freis Rogério Vogues e Francisco J. Godê,no ano de 1942 e aos poucos se estabeleceram mais algumas construções, foram erguidas: a Casa Paroquial e Capela de Santo Antônio (1943) e o Convento das Irmãs do Preciosíssimo Sangue. Além do Convento de São Francisco em 11 de novembro de 1944. [7: ]
212.5 O FIM DA COMPANHIA FORD INDUSTRIAL DO BRASIL	
Dois são os motivos apontados pelos estudiosos que se debruçaram sobre a história Companhia Ford do Brasil para sua decadência: a falta de trabalhadores e a infestação de fungos que atingiram as plantações. O primeiro
motivoa muito atormentava os administradores da Companhia, na estimativa
feita por A. Johnston para o crescimento dela exigia um número considerável de mão-de-obra, a qual nunca conseguiu empregar. 
Para Costa (1993) os trabalhadores existentes eram suficientes para manter o projeto em bom andamento, pois o estado do Pará em 1940 possuía 248.313 pessoas no trabalho agrícola. Para este autor o ponto crucial era manter essa mão-de-obra atrelada ao emprego de carteira assinada, haja vista a existência de grandes áreas para ocupação na Amazônia. 
Afinal, o que levara o fim da Ford no Brasil? 
Os números na concessão Belterra eram bastante animadores, o processo de enxertia das mudas de seringueiras também apontava outra direção e para resultados positivos, a própria guerra trouxera dados importantes para o projeto. A concessão alcançou o primeiro lugar na produção individual de borracha, mas este número não foi o suficiente, não para as metas estabelecidas pela Companhia. Em 1942, sua produção atingiu 750 toneladas, porém a meta era de 38 mil, um patamar bastante ousado para quem necessitou de trabalhadores.
Costa (1993) ressalta que a Companhia nunca atingiu a meta de área plantada para trazer retorno de investimento da Ford e como consequência suprir as necessidades de matéria-prima da matriz norte-americana. Os seringais somavam ao todo 10.186 hectares, e para se alcançar a produtividade necessária se precisavam de 30 mil hectares, o que nunca aconteceu.
22W. Dean (1989) é outro autor que dirá que a falta de mão-de-obra foi prejudicial, mas não a preponderante. Para ele, o que levará ao fim da companhia é o descontrole de pragas nos seringais de Fordlândia e Belterra: os fungos que atingiam as seringueiras faziam com que estas produzissem pouco látex, o mal das folhas atingiu os seringais de Belterra em 1942, 1944 e 1945 contribuindo de maneira decisiva na produção de borracha, apesar da Companhia possuir espécies resistentes contra a praga. O autor menciona as dificuldades financeiras em âmbito internacional da Ford, também como um dos motivos do fechamento da filial brasileira.
É bem verdade que os resultados negativos, os quais vinham se acumulando desde o início levaram ao encerramento das atividades industriais em Belterra e Fordlândia do projeto de plantio e cultivo de seringueiras na Amazônia. Estes só faziam acreditar no insucesso e se ressalta aqui, que Belterra não enfrentou as reivindicações de trabalhadores como as acontecidas na Fordlândia, algumas inclusive protagonizaram demissões e a utilização da força militar para cessar os protestos.
Entretanto, o descrédito com a filial amazônica apresentou os primeiros sinais por volta de 1943, quando a produção não atingiu o esperado pela matriz. Segundo Costa (1993) o fim da Companhia Ford do Brasil aconteceu após reunião realizada no Rio de Janeiro, onde foram expostas as razões de venda para o governo brasileiro. O governo federal indenizou a companhia com o valor de cinco milhões de cruzeiros pagos pelo Banco de Crédito da Hevea em 1945.
O fim da Segunda Guerra trouxe novamente para o mercado internacional os países asiáticos na liderança das exportações de borracha natural, e um novo dado, a expansão do mercado consumidor interno, que passou a consumir toda a produção brasileira. A indústria de artefatos da borracha dera um salto entre os anos de 1930 a 1945, contava com 74 fábricas, as quais absorviam toda produção interna.
23Extinta a Companhia Ford Industrial do Brasil, as antigas concessões passaram para a administração do Instituto Agronômico do Norte, IAN. O acervo industrial seria utilizado para os experimentos com pastagens e criação de bovinos destinados à produção leiteira, com a denominação de Plantações Ford de Belterra e Fordlândia.
2.6 ADMINISTRAÇÃO E POLÍTICA DIVERGENTES PARA BELTERRA.
Com a nova administração parecia que as plantações de seringueiras tomariam um novo fôlego e finalmente deslancharia uma produção que atendesse as expectativas. No entanto, as políticas governamentais para a região, produção de borracha vegetal e as autarquias responsáveis pela administração de Belterra variaram ao longo dos anos e trouxeram dissabores para os moradores e a decadência final das plantações.
A situação vacilante de Belterra ecoou durante a III Conferência Econômica da Borracha realizada na cidade de Belém em 1949. Silvio Meira, advogado apresentou sua tese para salvar o acervo adquirido cinco anos atrás pela União. O palestrante propôs a transformação da antiga concessão em colônia agrícola modelo e o incentivo à industrialização local da borracha, ou mesmo a criação de um território federal. Na ocasião, Meira pleiteava uma definição legal e objetiva para a região. O setor ainda ligado ao extrativismo gomífero desejava do governo federal novo incentivo para revitalização dos antigos seringais e consequentemente a economia exportadora. O objetivo era tornar Belterra num grande centro de produção de borracha, mas para tal, antes de tudo, precisava-se definitivamente solucionar a situação jurídica. Esta seria Pessoa jurídica de direito público? Município? Entidade autárquica? Colônia agrícola?
Repartição pública? Na verdade Belterra vai passar por diversas definições, mas nenhuma delas conseguirá torná-la eficiente o bastante. 
24A União, através do Ministério da Agricultura, em 1958, criou o Estabelecimento Rural do Tapajós para administrar as plantações e os núcleos urbanos da antiga Companhia Ford, porém, com o advento da Ditadura Militar, novas diretrizes foram propostas para o desenvolvimento da Amazônia, uma política intervencionista do Estado para uma ação político-militar de cunho autoritário de ocupação da região norte. O governo ditatorial investiu na abertura de estradas, construção de hidrelétricas, e incentivou a instalação de grandes projetos agroindustriais de capital estatal, multinacional e nacional.
Diante do novo cenário, em 1969, as Plantações Ford são vinculadas à Diretoria Estadual do Ministério da Agricultura como bases físicas operacionais, Base Física de Fordlândia e Base Física de Belterra. Os antigos trabalhadores foram absorvidos para os quadros do Ministério, mas as medidas governamentais não surtiram efeito, já que a produção de borracha continuou estagnada diante do avanço da borracha sintética (SBR - borracha de estireno-butadieno) como matéria-prima para o abastecimento interno do país. O Estado brasileiro embora incentivasse a heveicultura, estimulava por outro lado, a substituição do consumo pela borracha sintética sob todas as formas possíveis, através da instalação e ampliação de fábricas como a Dunlop e Pirelli.
A política contraditória do governo federal produziu implicações desastrosas para a base física de Belterra, e se acrescentou a outra, com a criação de uma reserva florestal que englobou seu território. A partir das décadas de 1960-70, o governo militar brasileiro traçou para região Norte umprojeto nacional de desenvolvimento regional por meio de investimentos pesados na indústria agra mineradora e agropecuária. Eram os chamados grandesprojetos de capital brasileiro: grandes hidrelétricas (Tucuruí, Balbina, Samuel) e os megaprojetos mineradores (Albrás-Alunorte, Programa Grande Carajás) e ainda a criação de eixos rodoviários integradores, a mais conhecida é a Transamazônica. Todos esses projetos foram gerados dentro do II Plano nacional de Desenvolvimento – II PND. Segundo Carvalho (1994) o plano voltava-se para abastecer o mercado internacionale com isso garantir divisas para o pagamento da dívida externa, além de gerar demandas de produção para o mercado doméstico, mas com a crise econômica dos anos de 1970, houve a inversão da orientação da produção para o consumo interno que foi garantido através de incentivos e subsídios às exportações, desvalorização cambial, arrocho salarial. 
25Todavia, a industrialização tardia da Amazônia, não foi somente financiada pelo governo brasileiro, a iniciativa privada esteve sempre em associação ou individualmente. Depois da Companhia Ford, temos na década de 1960, os investimentos do Projeto Jari, pertencente ao outro milionário norte-americano, Daniel K. Ludwig investiu na instalação de uma fábrica de celulose, com árvores vindas da Ásia. E voltou a repetir o mesmo fracasso de Fordlândia e Belterra, com causas semelhantes a estas. Desistindo do projeto em 1982, ano de venda da indústria.
Os programas mencionados têm uma serie de semelhanças com o desenvolvido em Belterra: organização, recrutamento de trabalhadores, quadro funcional incomum ao perfil do mercado regional, sobretudo, as melhores condições de habitação. Conforme Castro (1994) ao citar o exemplo da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD, fala dos critérios utilizados para selecionar os seus trabalhadores. Esta possui um departamento de recursos humanos e um serviço de recrutamento e seleção, para os cargos de gerencia ou direção, o recrutamento é feito nas cidades do Rio de Janeiro, BeloHorizonte e Vitória. Uma vez contratado, o funcionário da CVRD passa a ser beneficiada com o padrão de moradia do núcleo urbano de Carajás, localizado no alto da serra que disponibiliza transporte, alimentação, escola para os filhos dos funcionários, hospital, clube, teatro e viagens aéreas extensivas a todos os membros da família. [8: ]
O funcionário utiliza um crachá permanente para entrada e saída dos espaços da Companhia, para Castro (1994) isso revela o grau de paternalismo existente nas relações sociais empresa-empregado dentro das chamadas cidades-companhia. Assim, descreve a autora:
26 O paternalismo empresarial é profundamente marcado pelas estruturas autoritárias presentes no tecido social. (...) Em face de uma modalidade de organização de trabalho que absorve a vida privada e procede através do controle do tempo dedicado ao trabalho, mas também dos movimentos nos espaços do cotidiano. (...) Igual a qualquer outro mercado [o mercado amazônico], este é também um lugar de trocas simbólicas. Nesse sentido, as relações de dominação utilizam-se de características sociais e culturais presentes nos grupos heterogêneos que chegam à fronteira. Eles, não raro, são submetidos a longos processos de dominação construindo uma dinâmica que influencia certamente na gestão e nas formas de exploração do trabalho. [9: ]
O governo militar criou em 1974, a Floresta Nacional do Tapajós, a fim de destinar áreas para reservas biológicas e valorização turística. O território de Belterra foi inserido dentro da FLONA. Os moradores atingidos protestaram com à medida que pretendia retirá-los do local. Nessa época, a vila já se interligava com Santarém por meio da BR-163, que lhe trouxe melhoriasconsideráveis, principalmente, no quesito distância. A vila ficou a 01h30min apenas de Santarém. Assim, Belterra esteve sob administração federal até meados dos anos de 1990, quando em 1996, após muitas discussões na câmera de Santarém e uma intensa atividade política a favor de sua emancipação. As ações para a emancipação política tiveram início uma década antes, mais precisamente, no ano de 1986, quando o então vereador, Oti Santos junto com dois agrônomos (Holderlei Rodrigues e Janarí Valente), representantes do Ministério da Agricultura, expuseram na Câmara Municipal de Santarém as mazelas do distrito e sua população, enfatizando a falta de qualquer plano de desenvolvimento socioeconômico para Belterra, Fordlândia e Daniel Carvalho por parte do ministério. Após a explanação, Oti Santos fez manifesto em prol da emancipação política de Belterra. [10: ]
Em Outubro de1989, o ministro da agricultura, Íris Rezende emancipou as vilas de Belterra e Fordlândia: a primeira passou para a administração do município de Santarém e a segunda para o de Aveiro. No mesmo ano, porém, no mês de novembro, o agora, deputado estadual, Oti Santos apresentou na Assembleia Legislativa do estado do Pará o anteprojeto de Lei n° 106, propondo a emancipação de Belterra. Mas, a proposta só foi aprovada em 24 de abril de 1995, quando o governador do Pará, Almir Gabriel assinou o decreto de elevação à categoria de município a vila de Belterra, sancionando a lei n° 5.928. Este ato resolveu a situação político-administrativa da vila, mas a jurídica vem caminhando para resolução final. [11: ]
27No ano de 2004, firmou-se o termo de concessão de terras entre o município e a União que possibilitou o uso do imóvel correspondente a sede sob o regime de aforamento gratuito, com o ato a Prefeitura pode regularizar as famílias ocupantes das antigas casas construídas pela Companhia Ford. 
Atualmente, a cidade de Belterra tem um bom desenvolvimento, a Prefeitura mantém as características do núcleo urbano semelhante as da época da Companhia Ford. Na entrada da cidade existe um pórtico com um trator antigo, o qual lembra e provavelmente, pertenceu à antiga concessão. Um fato que deve contribuir para a preservação do estilo norte-americano é o de as agencias municipais estarem instaladas, em sua maioria, nas instalações administrativas e públicas da Ford. Bem como, a colaboração dos moradores da Vila mensalista e demais, na manutenção das casas da cidade. Desta maneira, a cidade de Belterra merece seu título de cidade americana no coração de Amazônia.
3. A ÁREA
3.1. LOCALIZAÇÃO
A Cidade de Belterra está localizada na região Oeste do Pará e pertence à Mesorregião do Baixo Amazonas e a Micro região de Santarém. Limita-se ao Norte com o Distrito de Alter-do-Chão, ao Sul com o Igarapé da Onça, a Leste com a cidade de Santarém e a Oeste com o rio Tapajós. A distância da capital paraense, Belém, é de 505 milhas aéreas e distante 48 km de Santarém, seu município mais próximo. Compreende uma área de 2.880km. Possui uma densidade populacional de quase 3.93 h/ km².
28Pode-se chegar a Belterra, partindo de Santarém por via fluvial cerca de 48 horas ou via terrestre cerca de 45 minutos de automóvel e 1h e 15min de ônibus.
O clima é quente úmido com temperatura anual variando de 23º a 27ºC. O abastecimento de energia é feito pela Rede Celpa, através do Linhão da Tramoeste, via Santarém, 24 horas por dia, a partir da usina hidrelétrica Curuá-Una. Atende ainda a sede e alguns distritos de Belterra. O restante das localidades usa gerador ou não possui energia elétrica. O sistema de abastecimento de água atende a 836 habitações, residenciais e comerciais, na área considerada urbana. A população da área rural é abastecida por poços artesianos ou semi-artesianos. A população que não dispõe desses recursos é atendida por carros-pipa. 
A cidade ainda está iniciando suas obras em relação a serviços de saneamento básico para atendimento à população como coleta de lixo e abertura de canaletas nas vias principais no centro da cidade, também já foram iniciados asfaltamento e arborização em algumas áreas. Quanto ao sistema de comunicação, o município possui cerca de 150 telefones residenciais e aparelho celular da rede vivo, todos na sede de Belterra, porém apresenta grandes intervalos sem funcionamento, devido à torre não atingir as distancias mais afastadas do centro da rede.
No que diz respeito à dinâmica econômica, a cidade foi construída visando à plantação e exploração dos seringais, com o colapso dos mesmos a cidade atualmente se mantém da economia local sem grandes atividades relevantes. Através de depoimentos dos técnicos da Prefeitura até o ano de 2002, não havia arrecadação de IPTU, não havendo a geração de receita para a manutenção do patrimônio edificado. Mediante a este fato, a Prefeitura de Belterravem realizando nos últimos anos mapeamentos e cadastros, como o realizado no ano de 2006, com a denominação de Boletim de Informação Cadastral (BIC) de toda a cidade de Belterra, contendo dados específicos referentes à localização, à edificação, ao proprietário, ao morador e ao lote, a partir deste foram iniciados a confecção de mapas digitais contendo o loteamento da área e a inserção da edificação nos lotes.
29Belterra foi elevada à condição de Município, com base na Lei Estadual nº 5.928 de 28/12/1995. A partir daí verifica-se uma forte tendência de expansão da população e do espaço ocupado, inserindo um novo padrão tipológico à cidade, onde estas novas ocupações adotam parcelamento conflitante ao parcelamento existente. 
Em relação ao uso e ocupação do solo, o município de Belterra possui a seguinte estrutura de macrozoneamento municipal: zona urbana e zona rural. A macro zona urbana se subdivide em Zona Central, Zona intermediária e Zona de expansão. Falaremos especificamente da Zona Central, pois é nela que está inserido o objeto de nossa pesquisa, sendo a Zona mais consolidada das vilas distritais, que se destaca pela dinâmica dos fluxos e pelo adensamento de atividades e de pessoas em relação aos demais espaços das vilas, caracterizando-se pelo predomínio da concentração do comércio e serviços e de seu caráter histórico, presente no seu sistema dearruamentos, nas edificações e monumentos de interesse histórico e cultural.
A zona Central é considerada uma Zona Especial, pois compreende áreas do território municipal que exige tratamento especial na definição de parâmetros reguladores de uso e ocupação do solo, sendo classificada, segundo o Plano Diretor Participativo de Belterra como Zona Especial de Proteção do Patrimônio Cultural (ZEPPC), que são frações do território municipal, definidas em função do interesse coletivo de preservação, manutenção e recuperação do patrimônio histórico, artístico e cultural.
Segundo projeto original da implantação da vila de Belterra por Henri Ford, a vila foi parceladas em 549 quadras, esquadrejadas em módulos de 400 x 400 m. Para fins de cadastro do município a cidade é constituída de 5 bairros: Jurubeba, São José, Centro e Santa Luzia, nestes dois últimos estão inseridos os seus núcleos históricos. 
30O núcleo histórico é constituído por pequenas unidades habitacionais, unidades institucionais, como prefeitura, secretarias, unidades públicas como: igrejas, escolas, creche, biblioteca, hospital e necrotério (os dois últimos extintos no ano de 2006) e o polo industrial formado por quatro galpões. Algumas unidades também habitacionais estão dispostas ao longo das estradas.
As zonas residenciais estão distribuídas hierarquicamente no plano urbanístico de Belterra, correspondendo à própria estrutura organizacional da empresa. As habitações possuem tipologias diferentes e estão dispostas em seis áreas habitacionais: Vila Americana, Vila Mensalista, Vila Timbó, Vila Viveiro, Vila Operária, no bairro central e Vila 129, no bairro de Santa Luzia. 
Na periferia desses núcleos, são encontradas algumas construções não oriundas da implantação da vila, destinadas a serviços como restaurantes, pousadas, posto do correio, alguns comércios, mercado municipal, terminal geral de ônibus, hospital público (construído em 2007), que constituem a paisagem urbana atual de Belterra. 
Fora do perímetro urbano, o município apresenta algumas praias ribeirinhas, de grande potencial turístico como as praias do Porto Novo e do Pindobal além de um campo de pouso com pavimentação em piçarra compactada, com 2 mil metros de pista terraplenada para pouso de aviões de pequeno e médio porte. A distância do aeroporto ao centro é de 4 km², mas somente aviões particulares fazem vôos para Belterra.				
4.
ANÁLISE DA TIPOLOGIA E ARQUITETURA DO NÚCLEO URBANO HISTÓRICO DE BELTERRA.
Belterra possui uma arquitetura singular, considerada como “A cidade Americana no Coração da Amazônia”, lembrando as típicas cidades interioranas dos Estados Unidos. As suas vilas ainda apresentam elevado grau de preservação. Os núcleos, habitacionais histórico, como dito anteriormente, apresentam tipologias diferenciadas distribuídas de acordo com a posição hierárquica ocupada pelo funcionário da Companhia Ford, suas construções são na maioria exemplares em madeira e uma pequena parcela, de aproximadamente cinco casas, são construídas em alvenaria de blocos, sendo que todas as edificações históricas apresentam sua base em blocos pré-moldados de solo-cimento. 
31As habitações eram usadas como incentivo para atrair funcionários para aquela região, onde as mesmas atendessem as necessidades básicas mínimas de seus usuários. Aos funcionários graduados acostumados com as facilidades dos centros urbanos maiores, habitações confortáveis equivalentes as que eram usufruídas em suas terras de origem. Aos funcionários, recrutados na região, as habitações funcionavam como estímulo e atrativo para sua permanência, contemplados com incentivos de melhor moradia a que estavam habituados.
Como norma da construção das edificações pela Companhia, as casas deveriam ocupar espaços livres, sem divisões formais como grades ou cercas separando as unidades, só devendo existir muros ou outro tipo de vedação entre um grupo e outro de casas, ligeiramente afastados.
As residências destinadas aos funcionários de maior escalão da Companhia eram dispostas no centro de seu lote, sem divisões formais, com imensas áreas ajardinadas ladeadas pôr bosques. O setor administrativo da companhia ocupava casas menores, mas obedecendo a mesma condição, casas cercadas por espaço verde, e se diferenciam das anteriores, pelo cerca mento, na parte posterior do lote. As casas ocupadas pelos operários também são implantadas no centro do lote e se diferenciam pela distância entre as edificações, caracterizadas por lotes de dimensões menores, pela área útil e pelo tipo de acabamento da residência, as ocupadas pelos trabalhadores de campo eram agrupadas duas as duas, espelhadas.
4.1. AS VILAS
As Vilas de Belterra, como dito anteriormente, são denominadas de Vila Americana, Vila Mensalista, Vila Timbó, Vila Viveiro, Vila Operária e Vila 129. Estas áreas são ocupadas por unidades residenciais, institucionais, industriais e públicas, apresentando características construtivas semelhantes, mas tipologias diferenciadas dentre as vilas, no que diz respeito a tamanho e tipos de ambientes, número de telhados e uso a que se destinaria a edificação. 
32Em algumas vilas, para melhor identificação das unidades foi adotado sistema de numeração por tipos: Tipo A, Tipo B, Tipo C, com exceção da Vila Americana, pois todas as edificações apresentam dimensionamento e número de ambientes distintos.
4.2. VILA AMERICANA.
As unidades da vila americana eram destinadas aos funcionários americanos que ocupavam os melhores cargos, os de mais alto escalão e o centro cívico da cidade. A técnica construtiva predominante é construção em madeira, edificada elevada do lote, sobre base em blocos de cimento, com cobertura em cerâmica, forro em madeira, piso de ladrilho hidráulico nas cozinhas e banheiros, réguas de madeiras nos demais ambientes, paredes pintadas na cor branca e esquadrias na cor verde e todas possuem varandas. As edificações se diferenciam no que diz respeito aos telhados, dimensões, tipo e número de ambientes.
As casas da vila estão na maioria ocupada, algumas unidades sofreram intervenções para possível adaptação as necessidades de seus usuários (inserção de banheiros, ampliação de cozinhas e criação de áreas de serviço) e/ ou a novos usos. A Vila Americana era constituída de dois hotéis, quatro casas de administradores, lavanderia, casa de agrônomos, clube social, casa de Henry Ford, casa dos médicos e três construções do Ministério, são no total de dez edificações, onde cinco são atualmente unidades residenciais e as demais destinadas a sedes administrativas e ao uso público. As duas casas construídas pelo Ministério e a antiga casa dos agrônomos não forampossíveis realização de registros fotográficos e nem levantamentos arquitetônicos, por falta de consentimento pelos seus moradores. 
a) Unidades Habitacionais
33Cinco unidades são destinadas a residências, n° 413, n° 149, n° 49, n° 201 e n° 240, diferenciadas quanto a tamanho dos lotes, dimensões e tipos deambientes, forma e número de telhados, semelhantes quanto às técnicas construtivas e materiais utilizados (piso, telhas, esquadrias, paredes, uso de telas nas varandas e base em alvenaria de tijolos de cimento), com exceção da casa n° 413, que apresenta elemento, portanto em bloco de cimento.
Basicamente as edificações menores, n° 413 e n° 149, foram classificadas como tipo A, são constituídas de varanda, sala, dois quartos, e cozinha. A casa n° 413, única construída em bloco de cimento, possui banheiro interno, um diferencial entre as unidades residenciais de Belterra, que apresentam volume de sanitários dispostos no lote, afastado da unidade habitacional. 
As casas n° 49, n° 201 e n° 240, classificadas como tipo B, respectivamente, apresentam características construtivas semelhantes à maioria das edificações de Belterra, porém apresentando outros tipos de ambientes. São inseridos closets, despensas, quartos com banheiros (suítes), ou seja, um padrão de construção, destinado somente àqueles de elevado padrão aquisitivo. A casa n° 49 é ampla, com varanda, sala, quartos com closets, suíte, cozinha, banheiro e despensa, com paredes em madeira dispostas horizontalmente, esquadrias de portas e janelas de abrir. O piso interno em réguas de madeira, com exceção dos pisos da varanda que é cimentado e dos banheiros em ladrilho hidráulico. Estas residências eram oferecidas aos executivos americanos que vinham se estabelecer em Belterra e comandar a Companhia e vinham agregadas de áreas que permitisse o conforto e qualidade de vida a que estavam habituados em seu país de origem. As casas n° 201 e n° 240, não foram permitidas realização de levantamento arquitetônico. 
b) Centro Cívico
	Neste centro, encontram-se alguns dos edifícios de uso público, o antigo “Club House”, atual câmara municipal, a biblioteca municipal, o antigo hotel, que atualmente funciona o Centro Administrativo, a Casa Um, construída para Henry Ford, ocupada pela Secretaria Municipal de Trabalho e Promoção Social (SENTEPS), a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) e a casa n° 201, também antigo hotel, atual Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SEMED).
34- Câmara Municipal de Vereadores
A sede do poder legislativo está localizada no lote 02, n° 213. Originalmente nesta edificação funcionava o “Club House” que era dotado de jogos e festas para pessoas de maior poder aquisitivo, posteriormente transformou-se em salas do escritório da base física de Belterra e atualmente funciona como sede da Câmara dos Vereadores do Município. A edificação mantém características externas originais, constituída em madeira com piso de cimento trabalhado e coberto com telhas francesas com duas quedas de duas águas. Internamente o prédio foi dividido em vários cômodos que funcionam como salas de atendimento à população pelos vereadores e sala de plenário.
- Biblioteca Municipal 
	Antigo escritório de administradores, n° 77, onde já funcionou a SEMED, por um curto funcionou a Biblioteca Municipal Chardival Moura Pantoja, hoje aguarda por reparos, pois sua estrutura encontra-se em ruinas. A edificação foi construída em madeira, sobre base de blocos em alvenaria de cimento, com pisos em réguas de madeira, telhado em duas águas, e coberto com telhas francesas, como a maioria das edificações construídas pela Companhia Ford. 
A edificação possui de dez cômodos, distribuídos em: sala de atendimento, salas de livros e recreação infantil, cozinhas, banheiro e despensa. Na parte posterior do lote foi construído um anexo em alvenaria de tijolos, mas encontra-se fechado. 
- Centro Administrativo:
Localizado na Quadra 17, casa n° 253, o antigo escritório administrativo, posterior local de hospedagem e atual Centro Administrativo, passou por pequenas intervenções arquitetônicas. Foi construído todo em madeira, porém em reformas posteriores, nos volumes destinados aos banheiros, as paredes foram substituídas por alvenaria de tijolos revestidos externamente por chapiscos. A edificação apresenta telhado de três águas coberto com telhas francesas e é constituída por vinte e um cômodos, disposto lateralmente cortado por circulação contínua. Não foi possível realizar levantamento completo, pois as salas encontravam-se fechadas, sendo realizado levantamento externo e interior de banheiros e sala de informática.
35- Secretaria Municipal de Trabalho e Promoção Social - SENTEPS
Atualmente ocupada pelo SENTEPS a “Casa Um”, como é chamada pelos habitantes da cidade, é uma edificação ampla com vista privilegiada, foi projetada para receber o milionário Henry Ford, sendo constituída de varanda, sala, quatro quartos com closets, sendo uma suíte, banheiro e cozinha. 
Edificada com materiais construtivos semelhantes às edificações anteriores com paredes em madeira, apresenta três tipos de piso: réguados de madeira, ladrilho hidráulico nas áreas de varanda, banheiro e cozinha e cimento trabalhado, telhados com oito quedas de água cujos volumes apresentam alturas diferenciadas, cobertos com telhas cerâmicas tipo francesas, esquadrias em madeira e varanda telada. Atualmente no local pertencente à sala, funciona a recepção/atendimento e os quartos funcionam como salas administrativas e de cursos. Muitos dos mobiliários e equipamentos primitivos encontram-se no edifício como: luminárias, arandelas, plafonds, cadeiras, fechaduras completas, armários, louças sanitárias, caixa de distribuição de energia, entre outros. 
- Secretaria Municipal de Educação - SEMED
	Localizada na quadra 17, n° 201, ao lado da Câmara dos Vereadores, o atual edifício da Secretaria de Educação pertenceu originalmente ao Hotel da CompanhiaFord. A casa é ampla, com doze cômodos, e circulação central. Apresentam técnicas e materiais construtivos semelhantes as demais edificações construídas pela Companhia: construção e esquadrias em madeira, com telhados em três águas cobertos de telhas francesas, piso em madeira, ladrilho nos banheiros e cimento na área cozinha (não original), esquadrias uniformes e forros em madeira pintada na cor branca. 
36- Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA):
A SEMSA está localizada na quadra 18, limítrofe entre as Vila Americana e Mensalista. Em um dos prédios que restou do antigo hospital. A edificação é construída em alvenaria, piso em cimento, cobertura em cerâmicas tipo francesa. Nesta edificação ainda são encontrados alguns mobiliários e equipamentos hidráulicos primitivos. 
 4.3. VILA MENSALISTA
	Nesta vila residiam os funcionários do 2º escalão da Companhia Ford, que tinham seus vencimentos efetuados mensalmente, derivando daí o nome da vila. 
As casas que compõe a vila mensalista estão situadas na estrada um, via principal de Belterra, cujos empregados graduados possuíam o privilégio de residirem próximo a sua área de trabalho, o centro administrativo. A vila mensalista é constituída de trinta e seis edificações, das quais dezoito correspondem a edificações de interesse à preservação, sendo dezesseis unidades residenciais, ainda ocupadas por antigos funcionários do Ministério e alguns descendentes de funcionários da Companhia Ford, uma unidade administrativa, a Prefeitura de Belterra, a Igreja de Santo Antônio e a Creche Municipal Frei Osmundo, antigo Convento das Irmãs do Preciosissimo Sangue. 
A implantação da edificação apresenta-se recuada em todos os seus limites, apresentando na maioria das edificações jardim na parte frontal, garagem na lateral e quintais frutíferos arborizados.
Quanto às edificações, apresentam o mesmo estilo e os mesmos materiais construtivos das casas da vila americana, só que apresentam menores dimensõesfísicas e tipos de ambientes. As casas originais são emmadeira, com varanda, coberta com telhas de barro tipo“francesa”, piso com réguas de madeira. Algumas casas sofreram intervenções para possível adaptação às necessidades dos moradores (inserção de banheiros, ampliação de cozinhas e criação de áreas de serviço). Apresenta algumas peculiaridades referentes a cortes de telhado, dimensionamento das varandas e números de compartimentos, sendo necessário usar nomenclaturas diferenciadas para seu reconhecimento, dentro desta pesquisa. 
37a) Unidades Residenciais
Nos levantamentos realizados da área foram detectados dois modelos padrões de edificações denominados: Tipo A (nº 157, 158, 181, 182, 271, 272, 293, 296, 315 e 316), que apresentam volume das varandas ultrapassando o limite do volume principal da edificação e algumas distinções tipológicas em relação ao telhado e Tipo B, com varanda facejada a edificação (203, 204, 247e 248).
As casas do tipo A apresentam partidos de planta com formato retangular e distribuídos em vários ambientes: varanda, sala, quartos, banheiro interno, cozinha e área de serviço, mas os volumes são distintos em relação a seus telhados: nas varandas, os telhados são de uma, duas ou três águas e o volume principal da edificação com telhados de duas águas ou três águas.
As casas do tipo B apresentam também formato retangular distribuídos em vários ambientes, mas o volume destinado à varanda integra o volume principal da edificação ao contrário das casas tipo A em que a varanda está salientada em relação ao volume principal. 
b) Unidade Administrativa
- Prefeitura Municipal de Belterra
A Prefeitura está localizada na quadra 18, lote n° 04, limítrofe entre as vila americana e mensalista, por estar inserida em um grande bosque é conhecido como Palácio das Seringueiras, antigo escritório central de base da chefia da Companhia Ford. 
O edifício apresenta partido de planta de formato retangular horizontal. O acesso a entrada se dá através de pequena varanda, localizada no eixo da planta, na fachada principal, seguido por circulação e pelas diversas salas.
38O edifício mantém características externas originais, constituído em madeira, apresentando três tipos de pisos: mosaico de ladrilho hidráulico, tacos de madeira e ladrilho vermelho, paredes em madeira, telhado com telhas tipofrancesa, volume principal é de duas águas juntamente com o volume destinado a varanda também de duas águas. 
A Prefeitura de Belterra passou por inúmeras reformas, mas manteve suas características volumétricas primitivas. O prédio internamente foi dividido e redimensionado em vinte e dois cômodos que abrigam diversos serviços administrativos. O edifício possui ainda alguns mobiliários e equipamentos oriundos da época da Companhia, como fechaduras com maçanetas, plafonds, louças sanitárias, cofre entre outros. 
c) Unidades Públicas
	- Igreja de Santo Antônio
Construída em 1943, a igreja de Belterra, juntamente com a casa paroquial, localiza-se, na Rua Santo Antônio, em frente à Praça Brasil, próximo às unidades residenciais que compõe a Vila Mensalista e ao Centro Cívico. Esta edificação foi construída com técnicas e uso de materiais que a diferenciam do padrão construtivo e arquitetônico da maioria das edificações executadas pela Companhia Ford. A Igreja é toda construída com blocos lisos, pré-moldados de cimento de 20 x 40 cm, criando em seus extremos, colunas escalonadas de grandes dimensões.
Apresenta planta de articulação simples, com formato em cruz, com nave central e capelas laterais, coro e corredor circular na parte posterior da edificação interligando as duas laterais. O seu interior é composto de três altares, o altar-mor e dois altares laterais, vitral circular central, na parte posterior superior da edificação, três tipos de pisos: ladrilho hidráulico decorado, na nave principal e ladrilho monocromático na área do batistério, tacos de madeira no altar mor e cimento liso nas demais dependências. Quanto a cobertura a igreja apresenta dois tipos de materiais: fibra-cimento no corpo principal e telhas cerâmicas no volume circular. 
39Sua fachada principal é composta de três portas de acesso com bandeiras, uma porta central e duas laterais, e dez aberturas revestidas deelementos vazados de cimento tipo “combogós”, colunas escalonadas e frontão decorado também com ornatos vazados de meio- círculos sobrepostos. As fachadas laterais apresentam dezoito aberturas cada, sendo duas portas, oito janelas e oito retângulos revestidos de combogós de cimento e colunas escalonadas entre os intervalos de aberturas. A fachada posterior apresenta volume circular composto de treze aberturas, cinco no térreo e sete no pavimento superior seis delas, tipo janelas, também revestida decombogós, uma abertura em formato de circulo e cinco colunas simples entre os intervalos das aberturas.
4.4. VILA TIMBÓ.
	A vila timbó teve sua origem na construção do hospital Henry Ford, para proporcionar a seus funcionários moradia próxima ao local de trabalho. As edificações deste setor apresentam características construtivas semelhantes às da Vila Americana e Mensalista, respeitando o caráter hierárquico de distribuição de moradia.
	A Vila Timbó está localizada por trás da vila mensalista na rua Timbó, no total de vinte residências, dispostas na maioria do lado direito da rua.
a) Unidades Residenciais	
As unidades residenciais da Vila Timbó são originalmente de dois (02) tipos: Tipo A: porta e 2 janelas; e Tipo B: porta e três janelas, sem varanda e contendo sala, quarto e cozinha. (Figura 79 e 81). Estes modelos se assemelham as casas das vilas mais simples, como a Operária, Viveiros e 129, para os funcionários de menor escalão. 
Muitas dessas edificações já foram modificadas, com fechamento dos lotes, acréscimos e ampliações de ambientes, substituição de telhados, substituição de paredes de madeira por alvenarias, mudanças de cores ou ainda foram totalmente derrubadas, para darem lugar a novas construções, como são os casos das edificações nº 05, 70, 91, s/n e a 191 alterando a identidade morfo-tipológica deste núcleo urbano histórico. 
40b) Antigo Hospital Henry Ford,
Instalado na base de Belterra em 15 de outubro de 1938, com capacidade para atender 100 pacientes, o Hospital Henry Ford foi considerado o mais moderno da América Latina com técnicos e médicos vindos dos Estados Unidos, França e Japão, possuindo 41 funcionários e equipados de materiais importados. O edifício era 	construído em madeira dividida em vários consultórios que atendia a população de Belterra e de cidades vizinhas. Localizado entre as Vilas Americana, Mensalista e Timbó, atualmente o edifício encontra-se inativo, da construção do antigo Hospital Henry Ford só restou ruínas, pois o edifício foi alvo de incêndio no ano de 2004.
4.5VILA OPERÁRIA
Localizada na Rua Operária entre Estrada Um e Rua da Serraria a Vila Operária, desde a implantação do projeto, era destinada aos trabalhadores brasileiros com cargos hierarquicamente inferiores, distribuídas de acordo com a função e posição dentre os operários da Companhia. A vila operária é constituída de trinta e três unidades residenciais distribuídas para três classes de operários distintos, o administrador, que recebia a casa maior com varanda, o operário intermediário, que recebia a residência de dois quartos e o operário menor, que recebia a casa mais simples de apenas um quarto. 
a) Unidades Residenciais:
A vila operária apresenta três tipologias residenciais distintas, como ditas anteriormente: Tipo A - com varanda, destinada ao administrador da vila, Tipo B - porta e duas janelas e Tipo C - porta e janela. As edificações não possuíam abastecimento de água, nem banheiros internos, contando apenas com um único ponto de água no exterior do imóvel.
As casas são construídas em madeira, com base em cimento, elevadas cerca de vinte centímetros do nível da rua, com esquadrias em madeira, cobertura com telhas vã, tipo francesa. Como dito anteriormente as casas encontram-se locadas na área central do lote apresentando limitações físicas: cercas e muros, somente nas laterais e fundos, a áreafrontal é utilizada como jardim. 
41Como no caso da Vila Timbó, várias edificações já sofreram algum tipo de intervenção, acréscimos e ampliações, geralmente na parte posterior.	
4.6. VILAS VIVEIRO I II E III.
As Vilas Viveiro I, II e III, estão localizadas nas ruas Frei Vicente em frente à Praça Central, Travessa Manoel Mota e Travessa Sebastião Andrade, respectivamente, entre a Estrada Um e a Rua Felisberto Camargo, às proximidades da área comercial da cidade e da Vila Operária. 
A técnica construtiva predominante é construção em madeira, edificada elevada do lote, sobre base em blocos de cimento, com cobertura em cerâmica, sem forro, piso em réguas de madeiras e cimento pintado na cor vermelho, paredes pintadas na cor branca e esquadrias na cor verde, são também encontradas construções mistas de ruberóide e madeira e construções em alvenaria de blocos de cimento, três edificações na vila Viveiro I.
Como no caso da Vila Timbó e Operária, várias edificações já sofreram algum tipo de intervenção, acréscimos e ampliações, principalmente na construção de varandas, e áreas destinadas a serviços.
a) Unidades residenciais
	A Vila Viveiro I, é constituída de trinta e quatro unidades residenciais, que corresponde a dezessete volumes, pois as casas são geminadas e uma Igreja Batista, a Viveiro II de 42 unidades e a Viveiro III de 18 unidades.
As casas dessas vilas apresentam duas (02) tipologias: Tipo A, que são casas geminadas dividida em três compartimentos cada - semelhantes às casas do Tipo A da Vila Operária e as da Vila 129 (Figura 98, 99 e 100) e o Tipo B, que são casas de alvenaria construídas com blocos pré-moldados de solo-cimento.
42b) Unidades Públicas
- Igreja Batista
Localizada na Vila Viveiro I, na Rua Frei Vicente tangente a Estrada Um, a “Antiga Casa de Orações da Igreja Batista”, como era conhecida, foi fundada em novembro de 1948 e ainda conserva suas características tipológicas primitivas, construída em madeira é constituída de um pequeno pátio, que exerce a função de hall de entrada, salão, cozinha e banheiro. . Na parte posterior do templo funcionava a	
extinta Escola Batista de ensino primário, onde em 1961, a Igreja Batista de Belterra, dirigida pelo pastor Luiz Domingos Coelho, fez o lançamento da pedra fundamental do Instituto Batista, em meio a um ato público de ação de graças, na área destinada à construção do edifício.Apesar de ser o primeiro templo evangélico, as atividades religiosas vinham sendo praticadas desde 1945, sem a interferência dos administradores da Companhia Ford.
Infelizmente o levantamento métrico realizado se restringe ao exterior da edificação.
4.7. VILA 129.
Esta vila está situada no bairro de Santa Luzia, atravessando a Estrada 04. Informações dadas por moradores da região que aquela área fora destinada aos funcionários brasileiros que se dedicavam ao cultivo de lavouras e pomares para abastecer o núcleo de Belterra. 
As casas são geminadas, na maioria com pomares em seus quintais, com sistema construtivo semelhante às edificações mais simples em madeira, com três (03) compartimentos, piso em cimento, telhado em duas águas e cobertos em telha cerâmica, com sistema interno de abastecimento de água somente no exterior do lote. 
As casas originárias de época apresentavam um volume em madeira com buraco cavado que funcionava como banheiro distante da edificação na parte posterior do lote. Segundo moradores da comunidade, no ano de 2006, a Prefeitura de Belterra implantou sistema de poço artesiano e construção de volume para abrigar o banheiro em alvenaria com sistema sanitário também situado na parte posterior do lote, porém próximo a edificação. 
43a) Unidades Residenciais
As casas dessa vila apresentam duas (02) tipologias: Tipo A, que são casas geminadas dividida em três compartimentos cada, semelhantes às casas Tipo A da vila operária e as das vilas viveiros; e Tipo B, com varanda e um número maior de compartimentos, pertencente aos administradores da área.
b) Unidades Públicas
- Escola Municipal M. Garcia Paiva, antiga Benson Ford. 
Localizado na Quadra 55, na Travessa José Estevão, n° 1089 no Bairro de Santa Luzia nas proximidades da Igreja de Santa Luzia e ao lado das unidades residenciais que constituem a vila 129. 
Apresenta planta de articulação simples, composta de três volumes: dois volumes laterais de formato quadrangular e ligados por um volume central de formato retangular. Os volumes laterais são destinados salas de aula e central ao administrativo e setor de serviços da Escola. 
A edificação mantém características externas originais, constituída em madeira, edificada elevada do lote, sobre base em blocos de cimento, com cobertura em cerâmica, de quatro águas (volumes laterais) e duas águas (volume central), forro em madeira, piso de ladrilho hidráulico nas cozinhas e banheiros, réguas de madeiras nos demais ambientes, paredes pintadas na cor branca e esquadrias na cor verde. 
5. OUTROS EXEMPLARES DE INTERESSE À PRESERVAÇÃO 
5.1UNIDADES RESIDENCIAIS
	Fora do núcleo central existem as unidades residenciais construídas nos ramais de acesso à base física de Belterra. São exemplares de madeira com base em blocos de alvenaria, com esquadrias em madeira nas cores branco e verde, com cobertura em telhas tipo francesa e partindo de planta semelhante às unidades da vila operária ocupada pelo administrador geral, - com varanda central, salientada do corpo principal da residência, sala, dois quartos e cozinha - e unidades da vila 129 - unidades geminadas, com sala, quarto e cozinha. 
445.2. INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS.							
A área corresponde à antiga instalação industrial de Belterra está localizada na confluência da Estada Um e Estrada Quatro, no bairro central da cidade de Belterra. A área é constituída por nove blocos atualmente ocupados pelo Telecentro de Inclusão Digital, Secretaria Municipal de Infraestrutura – SEMINF, Secretaria de Planejamento – SEPLAN, agência bancária e Rádio Cultura Cidade Verde. Dentre estes não foi possível realizar levantamento físico da rádio cultura, pois se encontrava fechada. 
 a) Tele centro de Inclusão Digital
O galpão está localizado na estrada quatro, quadra 22, lote 18. Construído pela Companhia de Henry Ford, conhecido como SEASA, onde funcionava um dos polos de Indústria de extração de borracha, posteriormente passou a se chamar Casa Brasil e atualmente é denominada de Tele centro de Inclusão Digital, onde são exercidos vários programas assistenciais. O galpão encontra-se recuado do alinhamento da via pública, e dos demais limites do lote, na área posterior do lote são encontrados diversos maquinários e tanques primitivos da época de funcionamento da Companhia. Constituído em madeira e alvenaria no volume destinado aos banheiros, telhado em duas águas, coberto com telhas francesas, com forro de PVC, somente na área destinada à informática e piso cimentado. As paredes laterais são em meia altura com madeiras dispostas de forma horizontal, com treliçados de madeira revestindo o restante da parede. O galpão atualmente é dividido em três ambientes, o hall, a informática e área de cursos.
b) Secretaria Municipal de Infraestrutura – SEMINF
	A SEMINF é constituída por sete blocos, ocupados por guarita, galpão de manutenção (elétrico, mecânico e serraria), galpão administrativo e ouros quatro galpões. Somente o galpão destinado a manutenção foi possível a realização de levantamento físico arquitetônico, pois os demais se encontravam fechados. 
45c) Secretaria de Planejamento – SEPLAN	
A atual secretaria de planejamento está localizada em um dos galpões pertencentes às antigas instalações industriais da Companhia, limítrofe ao lote, de frente para o mercado municipal e ao lado da rádio cultura. O galpão onde está instalada a secretaria foi dividido internamente, por divisórias de madeira, em vários ambientes, para desempenhar o uso administrativo a que foi destinada. O galpão é construído em madeira, com telhado estruturado por tesouras, coberto com telha francesa, com beiral

Continue navegando