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Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 1 O Controle de Constitucionalidade I) CONCEITO Verificação comparativa da lei ou ato normativo em relação à Constituição. Caso sejam divergentes a Constituição prevalecerá, sendo a norma tida por inconstitucional. II) Requisitos - Rigidez constitucional - A análise comparativa, o controle, só se justifica quando a Constituição impõem um procedimento legislativo mais difícil para sua alteração, caso contrário, teremos uma alteração do texto constitucional. Assim, a constituição deverá ser rígida ou super-rígida. - Supremacia da constituição - O ordenamento deverá adotar a estrutura piramidal de Kelsen, com a constituição no ápice, superior às demais normas do ordenamento jurídico. III) TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE - Em relação ao ato praticado: 1. por ação – quando o agente público realiza uma ação em desacordo com o estabelecido na Constituição que, ou determina outra ação ou impõe uma inércia. 2. por omissão - quando a constituição estabelece uma ação específica e o agente público nada faz, se mantém inerte. - Em relação ao vício apresentado: 1. Formal – quando o ato é elaborado sem a forma ou o procedimento apontado pela Constituição, ou elaborado com uma forma diferente da determinada. 2. Material – quando o conteúdo da norma é tratado de modo incompatível com o texto Constitucional. - Em relação à extensão do vício: 1. Total - quando a integralidade do diploma questionado está em desacordo com o texto Constitucional. 2. parcial - quando apenas uma parte do texto está em desacordo com a Constituição. Esta parte deverá observar a mesma regra do veto parcial do Presidente, ou seja, a integralidade do artigo, inciso, parágrafo ou alínea. IV) MOMENTOS DO CONTROLE Deve-se tomar por base a data da publicação da norma, todas as análises realizadas antes desta data serão preventivas e todas as realizadas após serão repressivas. 1. Controle Preventivo – é aquele realizado sobre os atos ainda em formação, que não ingressaram no ordenamento jurídico. Visa prevenir a introdução no ordenamento jurídico de ato em desacordo com a Constituição. Executivo – veto presidencial, quando este tem o fundamento de inconstitucionalidade (art. 66, §1º / CF). Legislativo – CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), uma na Câmara dos Deputados e outra no Senado Federal, e a análise das mesas de cada uma das casas, que não podem colocar na pauta de votações projeto em desacordo com a Constituição. Judiciário – quando há desrespeito ao processo legislativo (vício formal) apontado pela Constituição, o parlamentar da casa que pratica o ato, terá direito líquido e certo ao Devido Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 2 Processo Legal Legislativo. Assim, entende o STF, que ele poderá ajuizar Mandado de Segurança contra o ato da mesa da casa. O vício material só será admitido se flagrante. 2. Controle Repressivo – é aquele realizado sobre os atos aperfeiçoados, que já passaram por todas as fases do seu processo de elaboração. Judiciário - realiza em atividade típica, como guardião da Constituição. Legislativo - no curso do processo de conversão de Medida Provisória em lei, uma vez que a Medida Provisória já foi publicada, sendo ato que já surte efeitos no mundo jurídico. Executivo - atualmente é discutível este controle pelo executivo. Historicamente, por não poder ajuizar ação de controle abstrato, o executivo poderia deixar de aplicar norma quando entendesse inconstitucional. Hoje, por integrar o rol de legitimados à propositura de ação em abstrato, a maioria da doutrina entende que não é mais possível a ação isolada do executivo. OBS: - controle realizado no período de vacância da lei. A lei já é um ato aperfeiçoado, embora ainda não esteja produzindo seus efeitos. - o ordenamento jurídico pré-existente não sofrerá controle de constitucionalidade, uma vez que, tacitamente, a Constituição, ao entrar em vigor, revoga todas as normas contrárias a ela. Como o poder constituinte originário é ilimitado, não há que se falar em inconstitucionalidade anterior. O que existe é a recepção das normas que se harmonizem com a nova Constituição e a não recepção das normas com ela conflitantes. V) O CONTROLE JURISDICIONAL Controle realizado pelo Poder Judiciário. Poderá ser: - Em relação ao número de órgãos: 1. Difuso - quando todos os órgãos jurisdicionais estão aptos a realizar o controle. 2. Concentrado - quando apenas um órgão do poder judiciário estiver apto a realizar o controle. - Em relação ao objeto: 1. concreto - quando o controle for incidental, for realizado como causa de pedir porque o pedido será um bem da vida e a causa, o fundamento do pedido, seria a inconstitucionalidade da norma. Poderá, ainda, ser a razão de decidir, mas nunca estará no dispositivo da decisão. 2. abstrato - quando não houver nenhum bem da vida posto em juízo para a proteção jurisdicional, neste caso, a analise do texto normativo será pura, como é realizada no Congresso Nacional para a elaboração da norma. Não há um bem da vida individualizado, identificável. Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 3 Controle Concreto pela via Difusa Também chamado de controle incidental, controle pela via de exceção ou controle pela via de defesa. 1) EVOLUÇÃO HISTÓRICA Nasce nos EUA, no caso Marbury Vs Madison, em 1803, quando o judiciário americano pela primeira vez se pronunciou pela inconstitucionalidade de uma lei quando em conflito com a constituição local. No Brasil, historicamente, é a regra geral de controle, chegando Rui Barbosa a defender que a constitucionalidade de uma lei somente poderia ser apontada como fundamento do pedido. O controle direto surge no Brasil em 1934, com a ADIN. 2) CARACTERÍSTICAS A questão constitucional será: - Incidental ao processo – não será a questão principal do pedido; - Anterior ao processo – a inconstitucionalidade é anterior a propositura da ação; - Autônoma – poderia ser questionada em ação própria. 3) LEGITIMIDADE Todos os atores do processo podem questionar a constitucionalidade, ou seja, autor, réu, terceiro interveniente em qualquer modalidade, Ministério Público, julgador, inclusive o juiz de primeiro grau, amicus curiae. 4) MOMENTO DA DECLARAÇÃO Poderá ser declarada em qualquer momento ou fase do processo, mas, as partes, para abrirem a via do recurso extraordinário, deverão apresentar pré-questionamento. 5) TIPOS DE PROCESSO A inconstitucionalidade poderá ser arguida em qualquer processo, inclusive em processo cautelar. 6) OBJETO Poderá ser questionada a constitucionalidade de lei ou ato normativo, federal, estadual ou municipal. No entanto, o parâmetro será diferente: - Perante a Constituição Federal – norma federal ou estadual; - Perante a Constituição Estadual – norma estadual ou municipal. O Distrito federal, que é ente híbrido, terá a verificação sob os dois parâmetros, de acordo com a matéria da norma questionada, se estadual ou se municipal. 7) PROCEDIMENTO Descrito no art. 97 da CF c/c art.481, § único do CPC. Em primeiro grau de jurisdição, o juiz pronunciará a inconstitucionalidade da norma na fundamentação de sua sentença, assim, esta declaração não será alcançada pela coisa julgada. Já no órgão fracionário (câmara, turma, grupos, etc), quando a questão for apreciada pelo relator, este deverá remetê-la (após identificação de sua existência pelo órgão fracionário) ao plenário do Tribunal, ou seu órgão especial quando houver. Ao observar a competência privativa do Plenário para apreciar a matéria constitucional o Tribunal estará respeitando a Cláusula de reserva de plenário. Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 4 O plenário (ou órgão especial) se manifestará pela maioria absoluta de seus membros. Desta decisão não caberá recurso, pois esta é somente uma parcela do julgamento, que prosseguirá com o retorno dos autos ao órgão fracionário. Neste sentido súmula 513 do STF. Esta sistemática de julgamento, dividindo-o por dois órgãos distintos, cada um com competência para apreciar e julgar uma parcela é chamada de cisão de competência funcional no plano horizontal. O órgão fracionário, no entanto, poderá não remeter ao Plenário do Tribunal quando este já houver se manifestado em decisão idêntica anterior (lei 9.756/98) ou quando o STF já houver se manifestado. Naturalmente, o órgão fracionário não remeterá quando aplicar a mesma decisão do pleno ou do STF. Caso, porém, haja divergência, deverá remeter como se fosse o primeiro julgado da matéria, para que haja uma nova análise. Esta possibilidade não engessa a interpretação da Constituição. OBS: - turma recursal não é órgão fracionário, mas órgão de 1º grau de jurisdição, não cabendo, portanto, a aplicação da cláusula de reserva de plenário. - quando houver norma que regule a matéria o juiz, ou o órgão fracionário, terá que analisá-la. Não poderia afastar a lei, não aplicá-la sem se pronunciar sobre a questão constitucional, ainda que juçgue por outros fundamentos. Neste sentido súmula vinculante nº 10. 8) EFEITOS Mesmo o STF se manifestando sobre a constitucionalidade ou não da norma, em controle difuso, os efeitos serão inter partes e ex tunc, como regra geral. CASOS ESPECIAIS NO CONTROLE DIFUSO 1. Aplicabilidade do art. 52, X / CF. Como os efeitos da decisão serão sempre inter partes, ao proferir tal decisão, o STF deve comunicá-la ao Senado Federal, o qual não está obrigado a efetuar a suspensão da execução da norma jurídica em questão. No entanto, caso decida pela resolução, esta não poderá ter âmbito diferente do apontado pelo STF. Contudo, optando pela suspensão, o Senado deverá aprovar um projeto de resolução com tal finalidade. Como conseqüência, aquela norma jurídica que somente deixaria de ser aplicada naquele caso concreto julgado pelo STF, perderá sua eficácia para todos, a partir da suspensão efetuada pelo Senado (o efeito da suspensão será erga omnes e ex nunc). Porém, os efeitos que a norma já tinha produzido, no passado, serão mantidos, portanto, com fundamento no princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (art. 5º XXXV / CF), todos aqueles que foram lesados poderão buscar o poder judiciário com a finalidade de obter reparação. 2. Teoria da transcendência dos motivos determinantes Para o Ministro Gilmar Mendes, a resolução do Senado era necessária historicamente, quando somente o PGR era legitimado a propor ação direta. Assim, os efeitos erga omnes somente poderiam ser obtidos pela resolução do Senado. Hoje, porém, o rol é extenso, assim a resolução serviria, apenas, para dar mais publicidade a decisão. Ademais, entende o doutrinador, que o próprio Tribunal poderia modular os efeitos da decisão, atribuindo efeitos pro futuro ou ex nunc. Este foi o caso, inclusive, do julgamento do RE 197.917, quanto a redução do número de vereadores do município de Mira Estrela. Para a aplicação da modulação dos efeitos pelo plenário do STF, este deverá reconhecer os fundamentos determinados no art. 27 da Lei 9.868/99, de excepcional interesse social e urgência. Para Gilmar, estas alterações dos efeitos seriam, hoje, uma abstração do controle difuso ou objetivação do controle difuso. Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 5 3. Controle Difuso no curso do processo legislativo Como já visto, a jurisprudência do STF é pacífica no sentido de que os parlamentares das respectivas casas do Congresso Nacional têm direito líquido e certo ao devido processo legislativo constitucional. Neste sentido, sempre que um parlamentar vislumbrar que sua casa legislativa conferiu a um projeto andamento diferente daquele determinado pela Constituição, poderá impetrar mandado de segurança no STF, com a finalidade de declarar a nulidade do processo legislativo. 4. Cláusulas Pétreas Além disso, convém salientar outra hipótese de cabimento de mandado de segurança impetrado por parlamentar durante o processo legislativo. É o caso de uma proposta de emenda à Constituição que viole uma de suas cláusulas pétreas. O art. 60, §4º da CF veda a deliberação sobre propostas de emenda que violem uma destas cláusulas. Assim, o STF tem admitido também a impetração de mandado de segurança por parlamentar em tal hipótese. É certo que o objeto do mandado de segurança é o conteúdo da proposta de emenda, devendo o STF se pronunciar sobre sua inconstitucionalidade durante a tramitação, o que caracteriza a realização de controle preventivo pelo poder judiciário (único caso). 5. Controle em sede de Ação Civil Pública A jurisprudência do STF tem entendido que é possível realizar controle de constitucionalidade incidental através de ação civil pública, contudo, como uma ação coletiva poderá resguardar direito individual homogêneo. Neste caso, quando o número de titulares deste direito individual forem tantos quanto a população brasileira, não será possível o ajuizamento desta ação. O STF entende que, neste caso, seria usurpação de competência privativa do STF, porque o numero de titulares transformaria a decisão de inter partes em erga omnes.
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