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O papel do administrador

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O PERFIL GERENCIAL E O PAPEL DO ADMINISTRADOR SOB O PONTO DE 
VISTA DAS ORGANIZAÇÕES 
 
 
AUTOR 
 
Antonio Eustáquio Furiati 
Talita Ribeiro da Luz 
 
INSTITUIÇÃO 
 
FINP-FACIAC/UGMG 
Rua Vila Rica, 1296 – Bairro Padre Eustáquio 
CEP 30720-380 – Belo Horizonte 
Tel.: (031) 464-0531 
 
 
1. Introdução 
 
A preocupação com a formação dos profissionais de Administração tem sido um tema recorrente 
entre os docentes da área. Tal preocupação tem-se evidenciado nas discussões sobre o currículo dos cursos, 
envolvendo questões que se referem desde ao equilíbrio entre disciplinas de conteúdo básico, instrumental e 
técnico, configurando diferentes perfis de administrador, até posições sobre o nível dos cursos em que os 
profissonais deveriam ser formados (graduação ou pós-graduação). Outras questões referem-se às metodologias 
de ensino-aprendizagem, ao papel social e à ética na prática profissional do administrador, à avaliação dos 
cursos, algumas vezes chegando a abordar a já existente divisão do trabalho entre organizações e agências 
diversas da sociedade e as universidades, no que tange à preparação de tais profissionais. 
 
Diversas pesquisas têm sido realizadas, demonstrando que a formação do administrador está a exigir 
um redirecionamento; muitas evidenciam deficiências e inadequações aos papéis que o profissional vem sendo 
chamado a exercer. Outras, propôem-se a levantar o perfil do Administrador que está sendo demandado pelas 
organizações, tomando por base atributos e qualificações desajáveis 9BERTUCCI, PEREIRA & CONRADI, 
1993, COSTA & OLIVEIRA, 1993). 
 
Uma dificuldade inicial é a caracterização do campo profissional do Administrador. Há evidências 
de que esse campo é bastante diversificado, mu itas vezes fluido, e as funções exercidas pelo Administrador 
variam bastante (BAÊTA & LUZ, 1990, FURIATI, 1994, BERTUCCI, PEREIRA & CONRADI, 1993). Além 
dissohá fortes indícios para se acreditar que os cargos em nível de gerência ou de direção não sejam ocupados 
exclusivamente por profissionais de Administração 9BERTUCCI, PEREIRA & CONRADI, 1993; 1993, 
FERREIRA & SBRAGIA, 1993; COSTA & OLIVEIRA, 1993; BARBOSA & TEIXEIRA, 1989). Outros 
profissionais concorrem diretamente com o Administrador, tais como engenheiros, advogados, psicólogos, 
economistas e contadores, e é possível até encontrar cargos de gerência ocupados por pessoas com formação em 
nível de segundo grau (RODRIGUES, 1989). 
 
Em suma, os Administradores vêm sofrendo a concorrência de profissionais de outras áreas, que 
também atuam nas organizações, sem mencionar a função de direção superior, para a qual não há parâmetros 
profissionais para o seu exercício. 
 
De um lado, sabe-se que este fenômeno não é exclusivo da Administração, uma vez que nas Ciências 
Sociais as fronteiras entre as profissões são muito tênues e permitem que os profissionais transitem de um campo 
para outro. 
 
Por outro lado, há uma percepção bastante generalizada de que a formação dos Administradores 
precisa ser aprimorada de modo a conferir-lhes maior potencial de compatição no mercado de trabalho e de 
controle de sua área profissional. Esta necessidade é sentida não apenas por profissionais e docentes, como 
também por estudantes universitários e vem sendo confirmada pela prática das médias e grandes empresas, 
embora este fato seja conhecido de modo não sistemático. Assim é que muitas organizações não exigem o título 
de Administrador daqueles que irão ocupar funções que, por lei, são privativas daquele profissional. Para tais 
organizações o diploma universitário pode se irrelevante. 
 
O Campo profissional do Administrador está, assim, se caracterizando como uma “terra de niguém” . 
FWERREIRA & SBRAGIA acreditam na inadequação da formação profissiona às necessidades das 
organizações; BERTUCCI, PEREIRA & CONRADI (1993) sugerem que esta questão está mais ligada a 
atributos pessoais e domínio técnico do processo produtivo do que a conhecimentos específicos de 
Administração. 
 
Há evidências empíricas de que para as organizações é indiferente os profissionais possuírem 
diploma de Adminstrador ou não. Uma pesquisa sobre a inserção no mercado de trabalho dos egressos das 
escolas de Administração de Belo Horizonte entre 1989 e 1991 demonstrou que, em 69,1 % dos casos, o título de 
Administrador não foi exigido dutante o processo de recrutamento e seleção do profissional (FURIATI, 1994). 
 
O diploma viria, em muuitos casos, apenas legitimar uma situação de fato, quando os profissionais 
concluem o curso mas já se encontram exercendo atividades próprias da área. FURIATI (1994) mostra que 
existe uma relação estatisticamente significativa entre ter trabalhado durante a realização do curso e estar 
exercendo alguma atividade ligada à Administração; esta pesquisa revela ainda que aqueles que travalham como 
empregados atual no nível técnico das organizações, exercendo ou não supervisão, e somente atuam no nível de 
alta administração os que pertencem ao grupo de proprietários. Tais informações são coerentes com a afirmação 
de BAÊTA & LUZ (1990), de que a prática administrativa se caracteriza, além da amplitude de atividades, pela 
diversidade de níveis na qual ela se manifesta, estando os cursos de Administração formando tanto empregados 
para as grandes empresas quanto proprietários de pequenos e médios negócios. 
 
O Administrador ou executivo pode exercer suas funções em diversos níveis a hierarquia 
organizacional. Pretende-se neste trabalho obter informações sobre o tipo de profissional que as empreas estão 
recrutanto para exercer funções gerenciais. Parte-se do pressuposto que os Administradores não exercem tais 
funções com exclusividade, nem mesmo são ogrupo profissiona majoritário. Por outro lado, pretende´se também 
conhecer como as organizações percebem os profissionais de Administração que, em princípio, são preparados 
para exercer esse papel, Considerando-se a impossibilidade prática de se conhecer a estutura organizacional das 
empresas que se pretende pesquisas e ainda a falta de padronização na denominação dos cargos, pretende-se 
tomas neste trabalho três níveis, a saber: o nível de direção superior, no qual são considerados os cargos de 
presidente, diretor e superintendente, o nível mais baixo da hierarquia, em que se tomam os cargos de supervisor, 
gerente, coordenador e outras denominações semelhantes, sendo os demais cargos considerados como 
intermediários na linha hierárquica das empresas. 
 
Para a construção do perfil profissional, pretende-se tomar neste trabalho três características 
principais: a) habilidades técnicas; b) habilidades humanas/sociais/comportamentais e c) habilidades 
conceiturais. Segundo HERSEY & BLANCHARD (1986:06), 
 
“Habilidade técnica é a capacidade de aplicar conhecimentos, técnicas, métodos e equipamentos 
necessários à execução de tarefas específicas; é adquirica através da experiência, da educação e do 
treinamento. Habilidade humana é a capacidade e o discernimento para trabalhar com e por meio 
de pessoas, cluindo o conhecimento do processo de motivação e a aplicação eficaz da liderança. 
Habilidade conceitual é a capacidade de compreender a complexidade da organização como uma 
todo e onde cada área especifica se enquadra nesse complexo; permite agir de acordo com os 
objetivos globais da organização, e não em função de metas e necessidades imediatas do próprio 
grupo”. 
 
Além da habilidades citadas, o perfil compôem-se também de informações sobre o sexo, a faixa 
etária, a experiência, e a formação acadêmica dos profissionais recrutrados pelas empresas. 
 
Retomando a questão do campo de atuação do Administrador e da concorrência de outros 
profissionais, é pertinente então indagar se realmente as empresas estão requerendo os profissionais de 
Administração para a ocupação de cargos gerenciais. E seo Administrador não está ocupando os espaços 
organizacionais, quem está? E ainda, se este profissional não satisfaz, por motivos diversos, as exigências das 
organizações, quem satisfaz? Atinal, como as empresas percebem os egressos dos cursos de Administração? 
São estas questões que constituem o objeto deste trabalho. 
2. Metodologia 
 
O presente trabalho tem caráter exploratório e é resultado de duas pesquisas. A primeira parte 
constou de pesquisa de campo realizada na região metropolitana de Belo Horizonte entre médias e grandes 
empresas. Foram pesquisadas 69 empresas de natureza diversas, através de questinário enviado pelo correio, no 
período de fevereiro a abril de 1995. Essa pesquisa objetivou pesquisar o perfil do executivo demandado pelas 
referidas organizações. 
 
A segunda parte da pesquisa foi constituída de levantamento de dados realizado em periódicos de 
maior circulação nas cidades de São Paulo (Folha de São Paulo), Rio de Janeiro ( O Globo), e Belo Horizonte 
(Estado de Minas). Foram considerados os anúncios publicados aos domingos, durante o período de outubro de 
1995 a março de 1996. Foram coletadas informações em 1452 anúncios, sendo 773 na Folha de Sâo Paulo, 450 
em O Globo e 229 no Estado de Minas, tendo-se o cuidade de eliminar os anúncios repetidos. 
 
Na primeira pesquisa conseguiu -se levantar informações sobre natureza, porte e ramo de atividade 
das organizações, além de informações sobre o nível hierárquico dos cargos gerenciais. Na segunda pesquisa 
isto não foi possível, principalmente porque os anúncios são muitas vezes pouco específicos, impossibilitando o 
controle sobre a fonte de dados. No entanto, conseguiu-se levantar informações sobre as áreas funcionais da 
Administração e o perfil profissional exigido. 
 
3. A apresentação dos resultados 
 
3.1. Pesquisa com as médias e grandes empresas da região metropolitada de Belo Horizonte 
 
Do total de empresas da amostra, 53 (80,3%) são empresas privadas nacionais. Empresas públicas e 
multinacionais comparecem com pequeno percentual (1,5 % e 7,6%, respectivamente). Em relação ao porte das 
organizações, 76,9% possume mais de 200 empregados. Os setores da economia predominantes são o industrial 
(45,6%) e o de serviços (35,3). O setor comercial comparece com 17,6%. 
 
Para conhecer a linha gerencial das médias e grandes empresas da região metropolitana de Belo 
Horizonte, questionou-se sobre os cargos existentes na estrutura das organizações, desde a presidência até os de 
supervisão. Investigou-se também a formação acadêmica dos profissionais, que ocupam tais cargos, 
explicitando-se as seguintes áreas do conhecimento; Administração, Contabilidade, Economia, engenharia, 
Direito, Psicologia, Pedagogia e outras. 
 
Foram assinalados 2560 cargos gerenciais. A TAB. 1 discrimina esses cargos em relação à formação 
acadêmica dos gerentes. Observa-se que 38,8% do total de gerentes se graduaram em Engenharia. A categoria 
“outros” também foi bastante representativa (33,5%), apesar de algumas empresas terem discriminado a 
formação do profissional enquadrado nesse grupo, supôe-se que a grande maioria das pessoas com “outra” 
habilitação possui apenas formação de segundo grau. Os gerentes com formação em Administração representam 
16,7% do total de respondentes. Os 11% restantes se distribume em pequenas proporções, conforma mostra a 
TAB. !. 
Tabela 1: Formação acadêmica dos ocupantes de cargos gerenciais 
 
Área do conhecimento Freqüência Porcentagem 
Administração 594 16,7 
Contabilidade 115 3,2 
Economia 138 3,9 
Engenharia 1380 38,8 
Direito 102 2,9 
Psicologia 33 0,9 
Pedagogia 5 0,1 
Outras 1193 33,5 
TOTAL 3560 100,0 
Fonte: dados de pesquisa 
Nota: 4 organizações não discriminaram a área do conhecimento e/ou número de gerentes. 
 
Solicitou também às organizações que discrimeinassem os profissionais da linha gerencial de acordo 
com o cargo ocupado. O primeiro dado observado é a falta de padronização na denominação dos cargos. Um 
cargo que dentro da linha hierarquica de uma empresa está colocado numa posição superior, aparece, na 
hierarquia de outra organização, num nível inferior. Deste modo, a análise não pretende fazer alguma afirmação 
conclusiva sobre esta variável, mas fornecer informações que auxiliem o aumento da compreensão do perfil dos 
executivos das organizações da amostra. 
 
Dentre os profissionais situados no nível organizacional mais elevado, o agrupamento dos 
engenheiros se destaca, representando 50,0% do total de executivos desse nível. Verifica-se ainda que os 
administradores ocupam 20,0% dos cargos de nível mais elevado. Nos intermediários, os engenheiros detêm 
43,7% dos cargos, seguidos em proporção bem menor por profissionais com outra formação(21,1%) e pelos 
administradores (20,2). Por outro lado, as pessoas com “outra” formação profissional representam 51,6% dos 
cargos gerenciais de nível mais baixo nas organizações pesquisadas; isto sugere que grande part e das pessoas 
desse grupo possui apenas escolaridade em nível de segundo grau. Nesse último nível, é interessante destacar 
que os engenheiros ocupam 30,8% dos cargos. Esta categoria predomina, portanto, nos níveis alto e 
intermediário das organizações, e comparece em segundo lugar nos níveis mais baixos. Esses dados são 
apresentados na TAB. 2. 
 
Tabela 2: Linha gerencial das médias e grandes empresas da região metropolitana de Belo Horizonte 
 
Área do conhecimento Nível hierárquico 
Adm Contab Econ Engen Direito Psicol Pedag Outros 
Total 
Presidente, diretor, 
superintendente 
79 
(20,0) 
11 
(2,8) 
31 
(7,9) 
197 
(50,0) 
24 
(6,1) 
0 
(0,0) 
1 
(0,3) 
51 
(12,9) 
394 
(100,0) 
Níveis intermediários 
 
325 
(20,2) 
77 
(4,8) 
80 
(5,0) 
705 
(43,7) 
58 
(3,6) 
22 
(1,4) 
4 
(0,2) 
341 
(21,1) 
1612 
(100,0) 
Supervisão de primeiro 
nível 
190 
(12,2) 
27 
(1,7) 
27 
(1,7) 
478 
(30,8) 
20 
(1,3) 
11 
(0,7) 
0 
(0,0) 
801 
(51,6) 
1554 
(100,0) 
Total 594 115 138 1380 102 33 5 1193 3560 
Fonte: dados de pesquisa 
Nota: 4 organizações não discriminaram a área do conhecimento e/ou número de gerentes 
Valores entre parênteses são porcentagens em relação à linha 
 
 
Considerando-se a distribuição pelos níveis hierarquicos dentro de cada grupo ocupacional verifica-
se, entretanto, que a colocação dos engenheiros e administradores não difere muito. Ambas profissões se 
concentram mais nos níveis intermediário e de supervisão. Por outro lado, entre profissionais das áreas de 
Economia e Direito encontram-se as menores porcentagens de ocupação de cargos de supervisão de primeiro 
nível (exclui-se desta análise os profissionais com formação em Pedagogia, já que a amostra dessa categoria 
profissional foi bastante pequena). Percebe-se também que 23,5% dos advogados e 22,5% dos economistas que 
ocupam cargos gerenciais nas empresas assinaladas, exercem atividades nos níveis mais elevados nas respectivas 
organizações. 
 
Todas as profissões consideradas na amostra estão representadas mais fortemente no nível 
intermediário, com exceção de “outros”, que se concentra no nível de supervisão de primeiro nível(67,1%). Estes 
dados estão representados na TAB.3. 
 
 
Tabela3: Linha gerencial das médias e grandes empresas da região metropolitana de Belo Horizonte, 
segundo a área do conhecimento 
 
Área do conhecimento Nível hierárquico 
Adm Contab Econ Engen Direito Psicol Pedag Outros 
Total 
Presidente, diretor, 
superintendente 
79 
(13,3) 
11 
(9,6) 
31 
(22,5) 
197 
(14,3) 
24 
(23,5) 
0 
(0,0) 
1 
(20,0) 
51 
(4,3) 
394 
(11,0) 
Níveis intermediários 
 
325 
(54,7) 
77 
(66,9) 
80 
(58,0) 
705 
(51,1) 
58 
(56,9) 
22(66,7) 
4 
(80,0) 
341 
(28,6) 
1612 
(45,3) 
Supervisão de primeiro 
nível 
190 
(32,0) 
27 
(23,5) 
27 
(19,5) 
478 
(34,6) 
20 
(19,6) 
11 
(33,3) 
0 
(0,0) 
801 
(67,1) 
1554 
(43,7) 
Total 594 
(100) 
115 
(100) 
138 
(100) 
1380 
(100) 
102 
(100) 
33 
(100) 
5 
(100) 
1193 
(100) 
3560 
(100) 
Fonte: dados de pesquisa 
Nota: 4 organizações não discriminaram a área do conhecimento e/ou números de gerentes 
 Valores entre parênteses são porcentagens em relação à coluna 
 
 
 O tipo de recrutamento mais utilizado para os cargos de gerência nas organiza ções pesquisadas 
é o recrutamento interno (63,3%), seguido em menor proporção pelo recrutamento externo (20,5%). Neste caso, 
as empresas priorizam a contratação de profissionais com experiência, ficando evidente que os recem-formados 
têm poucas chances de emprego nos níveis gerenciais. 
 
Nas organizações pesquisadas predomina a utilização de treinamento interno e externo (78,0%), 
sendo poucos os casos em que prevalesce apenas um dos tipos. Um pequeno percentual não oferece treinamento, 
confirmando a percepção de que as organizações e outras agências da sociedade complementam a formação dada 
pelas universidades. O tipo de treinamento oferecido privilegia a aquisição de habilidades técnicas, conceituais e 
humanas/sociais/comportamentais (33,3%). A segunda opção mais utilizada refere -se à aquisição de habilidades 
técnicas (24,7%) e a terceira opção diz respeito às habilidades técnicas e humanas (18,9%). 
 
Questionadas sobre a importância atribuída a diversas habilidades necessárias ao desempenho da 
profissão de administrador as empresas colocaram a iniciativa em primeiro lugar, seguida por capacidade de 
trabalho em equipe, capacidade de liderança, capacidade de comunicação/redação/criatividade e habilidade para 
identificar oportunidades(nesta ordem). 
 
3.2. Pesquisa com periódicos 
 
Entre os periódicos analisados foram levantados 1452 anúncios solicitando profissionais para cargos de 
chefia nos diversos níveis hierarquicos, de acordo com várias áreas profissionais próprias do administrador. 
A TAB.4 mostra que a área funcional mais procurada é a de Marketing/vendas, seguida pelas áreas de 
Administração Geral, de Administração da Produção , de Administração Financeira e de Administração de 
Recursos Humanos. 
 
Tabela 4: Distribuição dos anuncios para cargos de chefia, segundo área funcional e periódico 
 
Área Funcional Folha de São 
Paulo 
O Globo Estado de Minas TOTAL 
Marketing/Vendas 233 (30,1) 148 (32,9) 59 (25,8) 440 (30,3) 
Recursos Humanos 55 (7,1) 50 (11,1) 19 (8,3) 124 (8,5) 
Produção 119 (15,4) 80 (17,8) 50 (21,8) 249 (17,2) 
Finanças 120 (15,5) 63 (14,0) 34 (14,8) 217 (14,9) 
Organização e Métodos 6 (0,8) 1 (0,2) 0 (0) 7 (0,5) 
Materiais/Logistica/Compras 37 (4,8) 24 (5,3) 11 (4,8) 72 (5) 
Comércio Exterior 19 (2,5) 4 (0,9) 2 (0,9) 25 (1,7) 
Geral 184 (23,8) 80 (17,8) 54 (23,6) 318 (21,9) 
TOTAL 773 (100) 450 (100) 229 (100) 1452 (100) 
Fonte: dados de pesquisa 
Nota: valores entre parênteses referem-se a porcentagens em relação à coluna 
 
 Com relação à formação acadêmica, 53,6% dos anúncios exigem escolaridade de nível superior, e 2,3% 
ainda solicitam curso de pós-graduação. No entanto, 38,7% não fazem exigência quanto à formação 
acadêmica. Estes dados são apresentados na TAB.5. 
 
Tabela 5: Distribuição dos anúncios para cargos de chefia, segundo exigência de formação acadêmica e 
periódico 
 
 
Formação Acadêmica 
Folha de São 
Paulo 
O Globo Estado de 
Minas 
Total 
Curso superior, com pós-graduação 12 (1,6) 16 (3,5) 6 (2,6) 34 (2,3) 
Curso superior (completo/incompleto) 370 (47,8) 273 (60,7) 135 (59,0) 778 (53,6) 
Segundo grau 38 (4,9) 23 (5,1) 14 (6,1) 75 (5,2) 
Primeiro grau 3 (0,4) 0 (0) 0 (0) 3 (0,2) 
Sem exigência 350 (45,3) 138 (30,7) 74 (32,3) 562 (38,7) 
Total 773 (100) 450 (100) 229 (100) 1452 (100) 
Fonte: dados de pesquisa 
Nota: valores entre parênteses referem-se a porcentagens em relação à coluna 
 
 
 93,4 dos anúncios exigem experiência prévia, sendo que 31,5% do total exigem mais de 5 anos de 
experiência. Por outro lado, 36,9% exigem experiência sem discriminar o tempo. 25% exigem de 1 a 4 anos de 
experiência 
. 
 No que se refere à idade mínima, 85% dos anúncios exigem candidatos com idade até 30 anos. Com 
relação à idade máxima, 69,4% das solicitações requerem pessoas com idade entre 31 e 40 anos e, em 10,9% dos 
casos, a idade máxima requerida é de 30 anos. Acima de 45 anos, apenas 3,4% do total de anúncios aceitam 
candidatos nesta faixa. 
 
 Procurou-se também verificar outras exigências feitas aos candidatos aos cargos de chefia. Uma delas 
refere-se à proficiência em língua estrangeira. No jornal Folha de São Paulo, 17,9% dos anúncios a exigem, no 
periódico O Globo 23,6% e no jornal Estado de Minas, 14,8%. Com relação a conhecimentos de informática, os 
percentuais são, respectivamente, 17,3%, 33,6% e 28,4%. Quanto a exigências sobre o gênero dos 
candidatos,apenas 134 anúncios fizeram referência a este aspecto. Deste total, 69,9% requerem pessoas do sexo 
masculino. 
 
 Quanto à questão ds habilidades técnicas, conceituais e humanas/sociais/comportamentais, 71,4% das 
referências feitas a essas nos anúncios solicitam habilidades técnicas, 24,6% habilidades 
humanas/sociais/comportamentais e 4% habilidades conceituais. 
 
 Consideram-se entre os anúncios publicados as áreas funcionais da Administração, procurando-se 
realizar cruzamentos com a formação acadêmica exigida. O objetivo deste procedimento é procurar conhecer as 
áreas de conhecimento que possue interface com a Administração no que se refere às exigencias para a 
ocupação de cargos de chefia nos periódicos pesquisados. Embora se disponham de dados para as áreas 
funcionais de Marketing/Vendas , Administração Financeira, Administração da Produção, Administração de 
Recursos Humanos, Organização e Métodos, Comércio Exterior, Administração de Materiais/Logística/Compras 
e de Administração Geral, publicam-se apenas os dados referentes às áreas mais solicitadas. 
 
 A área funcional mais solicitada pelos anúncios nos três periódicos pesquisados é a de 
Marketing/Vendas, representando 30,3% dos casos. 44,3% do total de anúncios não fazem exigência quanto à 
formação acadêmica para esra área, enquanto 34,3% dos anúncios exigem curso superior, sem discriminação. 
2,9% dos anúncios exigem formação em Engenharia, enquanto que 0,9% solicitam engressos dos cursos de 
Administração. 5,7% fazem exigência de formação em nível de 2o grau. Os 12,8% restantes se distriburm entre 
as diversas profissões, incluindo-se a Administração. 
 
A área de Administração Geral também foi bastante requisditada (21,9% dos anúncios), mas em 44,7% 
dos casos não se exige curso superior para preenchimento dos cargos e 9,5% dos anúncios só exigem formação 
em nível de 2o grau. 23,9% dos anúncios fazem exigência de escolaridade superior sem discriminar. Apenas 
4,7% dos anúncios exigem formação em Administração, enquanto 4,4% solicitam formação em Engenharia. 
Outras profissões, incluido-se aí também a Administração, se distribuem pelos 12,8% restantes. 
 
Na área funcional de Administração da Produção, 37,0% dos anúncios requerem formação em 
Engenharia, enquanto que somente 0,4% solicitam formação em Administração. Em 24,9% dos casos não se faz 
exigência de curso superior e em 20,9% dos anúncios exige-se curso superior sem especificar. Somente 4,4% dos 
anúncios exigem formação em nível de segundo grau. Os 12,4% restantes se distribuem entre as diversas 
profissões, incluindo-se a Administração. 
 
No que se refere à área funcional de Administração Financeira, predomina a tenência de não se exigir o 
curso superior (38,7% dos casos) embora em 36,0% dos anúncios haja exigência deescolaridade superior, sem 
discriminação. Entretanto, em 6,5% dos casos, há exigência de curso de pós-graduação. Somente 0,9% exigem 
formação em Administração. Em 8,2% dos casos, solicita-se formação em Administração , Ciências Contábeis 
ou Economia. Outras profissões, incluindo-se aí tambem a Administração, se distribuem pelos 9,7% restante. 
 
No que tange à área funcional de Recursos Humanos, verifica-se que 42,0% dos anúncios fazem 
exigência de curso superior sem discriminação, e 34,7% dele não exigem formação superior. Em 1,6% dos casos 
exige-se apenas formação em nível de 2o grau. A formação em Administraçaõ é exigida em 3,2% dos anúncios 
par esta área. Os 18,5% restantes se distribuem por diversas áreas de conhecimento, incluindo também a 
Administração. 
As áreas funcionais de Materiais/Logísticas/Compras, de Comércio Exterior e de Organização e 
Métodos apresentaram pequena procura entre anúncios de jornal (5,0%, 1,7% e 0,5%, e respectivamente). Na 
área funcional de Materias/Logística/Compras, 31,9% dos anúncios não exigem curso superior, e 40,3% fazem a 
exigencia, sem discriminar o curso. Na área de Comércio exterior, os resultados obtidos são basante próximos 
dos da área de Materiais/Logistica/Compras. Na área de Organização e Métodos, 71,4% dos anúncios não 
exigem curso superior, e os restantes fazem a exigência sem a discriminação do curso. 
 
Os dados referentes às áreas funcionais de Marketing/Vendas, Administração Geral, Administração da 
Produção, Administração Financeira e Administração de Recursos Humanos, de acordo com a exigência de 
formação acadêmica, recolhidos nos periódicos pesquisados, são apresentados na TAB. 6. 
 
Tabela 6: Exigência de formação acadêmica nas áreas funcionais da Administração 
 
Área Funcional 
Formação Acadêmica 
Marketing/ 
Vendas 
Admin. 
Geral 
Admin. 
Produção 
Adm. 
Financeira 
Admin. 
R. Hum. 
Sem exigência de form. Acadêmica 195 (44,3) 142 ( 44,7) 62 (24,9) 84 (38,7) 43 (34,7) 
Exige curso superior sem discriminar 151 (34,3) 76 (23,9) 52 (20,9) 78 (36,0) 52 (42,0) 
Curso Superior+ Pós Graduação 9 (2,0) 0 (0) 2 (0,8) 14 (6,5) 4 (3,2) 
Administração 4 (0,9) 15 (4,7) 1 (0,4) 2 (0,9) 4 (3,2) 
Engenharia 13 (2,9) 14 (4,4) 92 (37,0) 1 (0,5) 0 (0) 
Ciências Contábeis 1 (0,2) 3 (0,9) 0 (0) 4 (1,8) 0 (0) 
Administração/Engenharia 7(1,6) 5 (1,6) 1 (0,4) 1 (0,5) 0 (0) 
Administração/Economia 3 (0,7) 4 (1,3) 0 (0) 5 (2,3) 0 (0) 
Admin./C. Contábeis/Economia 0 (0) 5 (1,6) 0 (0) 9 (4,1) 0 (0) 
Administração/Ciências Contábeis 0 (0) 0 (0) 0 (0) 9 (4,1) 0 (00 
Administração ou outros 17 (3,9) 11 (3,4) 4 (1,6) 7 (3,2) 14 (11,3) 
Outros cursos 14 (3,3) 11 (3,4) 24 (9,6) 2 (0,9) 5 (4,0) 
2º grau 25 (5,7) 30 (9,5) 11 (4,4) 1 (0,5) 2 (1,6) 
1º grau 1 (0,2) 2 (0,6) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 
Total 440 (100) 318 (100) 249 (100) 217 (100) 124 (100) 
Fonte: Dados de pesquisa 
Nota: Valores entre parênteses referem-se a porcentagens em relação à coluna 
 
4. Análise e conclusões 
A pesquisa sobre o perfil dos executivos das mé dias e grandes empresas da região metropolitana de 
Belo Horizonte constatou que os cargos gerenciais das organizações da amostra são ocupados por profissionais 
das mais diversas áreas do conhecimento, e que esta não parece ser uma variável significativa para o ingresso em 
atividades profissionais desse tipo. 
 
Este dado é plenamente coerente com os levantados pela pesquisa realizada em periódicos das três 
maiores capitais da Região Sudeste, que demonstra que o campo profissional da Administração é caracterizado 
pela diversidade de papéis e pela interface com outras profissões. Segundo BAÊTA & LUZ (1990:153), a 
Administração, “enquanto área do conhecimento, encontra-se em uma interseção para onde convergem 
conhecimentos de diversas disciplinas das ciências sociais, constituindo-se como uma atividade de busca do 
conhecimento científico a respeito das organizações e seus processos”. 
 
 De acordo com a análise de CHERRY (1975), as organizações, enquanto um fenômeno bastante 
complexo, utilizam o saber produzido por diversas áreas do conhecimento para melhor compreensão de sua 
dinâmica. Esse caráter interdisciplenar da Administração provoca a ocorrencia de inúmeros conflitos 
profissionais de áreas mais correlatas. Esta assertiva concorda com a afirmação de COSTA (1987), segundo a 
qual economistas, advogados, contadores, engenheiros, psicólogos e publicitários estão entre os grupos 
proffisionais que disputam lugar com os administradores na gerência de divisões e organizações. 
 
 Constatou-se, nas duas pesquisas, que o administrador concorre com vários outros profissionais. No 
caso da pesquisa em periódicos, em nenhuma das áreas funcionais predomina a exigência de formação em 
Administração. Outro aspecto que se salienta na pesquisa é o grande número de casos (38,7% do total) em que 
não se faz exigência quanto à escolaridade dos candidatos. 
 
Dentre as médias e grandes empresas pesquisadas na região metropolitana de Belo Horizonte, também 
prevalece a não existencia de cargos designados exclusivamente a pessoas com formação em Administração. 
Esta situação decorre, muito provavelmente, da falta de monopólio das atividades desse grupo profissional, já 
que a base científica da Administração é compartilhada com profissionais de diversas áreas do conhecimento 
 
A contratação de pessoas para cargos em nível de gerência nas médias e grandes empresas da Grande 
BH é feita, principalmente, mediante recrutamento interno, e em menor proporção, mediante recrutamento 
externo, exigindo, neste caso, experiência prévia. Isto parece verdadeiro me smo para cargos de supervisão de 
primeiro nível, para os quais o administrador recém-formado estaria em princípio preparado para preencher. O 
fato de optarem pelo recrutamento interno indica em princípio preparado para preencher. O fato de optarem pelo 
recrutamento interno indica que as empresas consideram mais importante a experiência prévia e comprovada do 
que propriaamente a formação em determinada área de conhecimento. 
 
 No caso dos anúncios veículados pela Folha de São Paulo, O globo e Estado de Minas para cargos de 
nível de chefia, em 93,4% deles exige-se alguma experiência, o que reforça a tese de que a experiência prévia e 
comprovada é fator determinante para a ocupação de posições gerenciais. Importante ressaltar que na presente 
pesquisa 31,5% dos anúncios exigem mais de 5 anos de experiência. 
 
 Nas atividades de treinamento oferecidas pelas empresas da Grande BH busca-se a aquisição de 
habilidades técnicas, conceituais e humanas pela terça parte dos casos pesquisados, seguida de aquisição de 
habilidades técnicas, em 24,7% dos casos, e depois por habilidades técnicas e humanas 18,9%. As habilidades 
técnicas estão presentes em todas as profissões; já as habilidades humanas devem ser desenvolvidas 
principalmente pelos cursos de ciências sociais e humanas, tais como Psicologia, Pedagogia, Administração, 
Economia e Direito, e as habilidades conceituais são desenvolvidas nos cursos de Administração, Engenharia e 
Economia. Com relação às habilidades citadas como as mais importantes para o desempenho da profissão do 
administrador destacam-se: iniciativa, capacidade de trabalho em equipe, capacidade de liderança, capacidade de 
comunicação/redação criatividade e habilidade para identificar oportunidades. Estes dois aspectos poderiam 
fazer a balança pender para as profissões das áreas sociais e humanas. No entanto, os engenheiros continuam 
tendo uma posição bastante expressiva em todos os níveis gerenciais das empresas pesquisadas, o que indica a 
força da cultura técnica em nossas organizações. 
 
 Esta tendência é confirmada também na pesquisa com periódicos. Os anúncios publicados, além de 
exigências quanto à formação acadêmica, experiência prévia, proficiência em língua estrangeira, conhecimentos 
de informáticae sexo, apresentam exigência de outras habilidades, consideradas aqui como habilidades técnicas, 
habilidades humanas e habilidades conceituais, conforme HERSEY & BLANCHARD (1986). A exigência de 
habilidades técnicas foi preponderante em todos os três periódicos consultados, chegando a representar 81,8% 
das solicitações referentes a estes tipos de habilidades no jornal Folha de São Paulo. Estes dados parecem 
demonstrar que o crescente nível de complexidade dos negócios, a globalização da economia, a velocidade da 
informação e o aumento da competitividade ainda não têm repercutido, em boa parte das empresas nacionais, no 
sentido da redefinição do perfil do profissional requerido para a ocupação dos cargos gerenciais. 
 
 Outros dados são bastante expressivos em relação à importânci da formação acadêmica na presente 
pesquisa. Do total de anúncios publicados nas duas áreas mais solicitadas, cerca de 50,0% deles não fazem 
exigência quanto ao nível de escolaridade ou exigem formação escolar em nível de 1o ou 2o graus. Na área 
funcional de Marketing/Vendas, 44,3% dos anúncios não se referem à formação acadêmica, e 5,9% exigem 
escolaridade até o 2o grau. No caso da área de Administração Geral, os percentuais são ainda mais elevados, 
perfazendo 44,7% e 10,1% respectivamente. 
 
 O atual contexto de globalização da economia gerou uma expectativa de que seria maior a procura por 
profissionais da área de Comércio Exterior pelas organizações, o que não foi demonstrado pelo presente estudo. 
No entanto, esta pesquisa não dispõe de informações suficientes que possibilitem uma análise mais profundada 
deste fato, mas é possivel que os profissionais da ára de Marketing/Vendas estejam, em boa parte, assumindo a 
responsabilidade por esta área. 
 
Conforme mencionado anteriormente, os parâmetros par aa contratação de profissionais em nível de 
chefia parecem não considerar a formação acadêmica dos candidatos. No entanto, uma exceção pode ser notada. 
A área funcional de Administração da Produção foi a que apresentou o menor índice de anúncios sem exigência 
de escolaridade( 24,9%), e a que melhor especificou uma área do conhecimento para exercício das atividades 
profissionais, neste caso, a Engenharia. 
 
 A hegemonia dos engenheiros na área funcional de Administração da Produção é evidente, mas 
esta categoria profissional foi também solicitada nos anúncios para todas as outras áreas funcionais da 
Administração, exceto a de Recursos Humanos. Estes dados são coerentes com os apresentados pela pesquisa 
sobre o perfil dos executivos das médias e grandes empresas da região metropolitana de Belo Horizonte, que 
revela a grande participação dos profissionais de Engenharia nos cargos executivos das organizações 
pesquisadas. Estas informações confirmam as afirmações de MARQUES (1993), de que a valorização da cultura 
técnica no Brasil favoreceu a ascenção dos engenheiros aos níveis de gerência fazendo prevalescer a ideologia 
do engenheiro como gerente, e não apenas como trabalhador técnico. 
 
Outro dado importante referente à formação acadêmica pode ser destacado das informações fornecidas 
pelas médias e grandes empresas da região metropolitana de Belo Horizonte. Analisando-se a trajetória dos 
respondentes, dentro de cada área do conhecimento, percebe-se que os economistas e advogados não têm uma 
participação quantitativamente expressiva nos cargos gerenciais das organizações. No entanto 23,5% do total de 
advogados da amostra e 22,5% do total de economistas ocupam cargos nos níveis hierarquicos mais elevados 
das organizações. Isto quer dizer que , nas empresas pesquisadas, um em cada quatro advogados, 
aproximadamente, ocupa algum cargo nos níveis de topo da hierarquia funcional. No caso dos administradores, 
esta relação é cerca de um em cada sete. 
 
Estes resultados são coerentes com o trabalho de BONELLI (1994), que afirma que ser fraca é uma 
característica da maioria das profissões, e que no caso das profissões de nível superior, somente o Direito e a 
Medicina podem ser consideradas bem estabelecidas. Argumenta ainda que nem as engenharias possuem os 
instrumentos de controle do mercadoque têm as duas citadas. Isto significa ainda que há para as demais 
oportunidades de interagir no sistema profissional, na tentativa de conquistar espaços nos embates com outras 
profissões. 
 
A maior carência no processo de formação do administrador, citada pelas médias e grandes empresas 
pesquisadas, refere-se à vivências prática do estudante durante a graduação. Muitas empresas afirmaram que “o 
curso é muito teórico” e que “falta integração entre a universidade e a empresa”. Em relação ao oferecimento de 
condições para as primeiras experiências profissionais, reafirma -se a importância das organizações, enquanto 
geradoras dessas oportunidades de trabalho. No entanto, na prática o que se observa é que as organizações não 
estão cumprindo esse importante papel. Do total de empresas pesquisadas, apenas 20 afirmaram estar utilizando 
estagiários. Somente as facultades de Administração de Belo Horizonte forman cerca de 900 administradores por 
ano, o que denota as reduzidas oportunidades encontradas pelos estudantes para a aquisição das primeiras 
experiências profissionais. 
 
Os dados sobre a idade requerida dos candidatos a emprego nos periódicos das três maiores cidades da 
Região sudeste mostram que em 86,5% dos casos exige-se idade até 30 anos para ingresso nos cargos de chefia. 
Demonstram também que a idade máxima solicitada em 44,9% dos casos é até 35 anos. Estes dados, comparados 
com os relativos à experiência profissional sugerem que os candidatos devem iniciar muito cedo a sua vida 
profissional, de modo a acumular “solida” experiência em cargos de chefia para ingresso em atividades próprias 
do administrador. 
 
Segundo LORD (1993), a busca de satisfação pessoal, que impulsionava os estudantes nos anos 80, dá o 
lugar ao pragmatismo nos anos 90. Assim a possibilidade de aplicar os conceitos aprendidos em sala de aula e a 
preocupação em saber se os programas das escolas abrem mais oportunidades de trabalho passam a nortear os 
alunos, e impõem às escolas maior sintonia com seu meio circundante, como forma de satisfazer as necessidades 
de sua clientela. 
Assim, recomenda-se às escolas que desenvolvam cada vez mais mecanismos que possibilitem a 
aproximação com o meio produtivo, buscando analisae as demandas apresentadas por esse, avaliando de forma 
crític a realidade apresentada, e instrumentalizando seus alunos para uma efetiva inserção nesse meio, com 
capacidade não só de se adaptar a ele, mas também de desencadear processos de mudança. 
 
Sugere-se também que haja um estreitamento de laços entre as instituições formadoras e as entidades de 
classe, visando desenvolver a sensibilidade dos empresários no sentido de absorver um profissional devidamente 
qualificado para o gerenciamento das organizações. 
 
Seria ainda viável que os Conselhos Regionais promovessem o monitoramento dos recém-formados, no 
sentido de apoiar a sua inserção no mercado de trabalho, bem como acompanhar seu exercício profissional, 
visando desenvolver mecanismos de aperfeiçoamento da prática administrativa. 
 
Além de contribuir efetivamente para a formação profissional d o estudante, o estágio nas organizações é 
um meio de inserção do futuro administrador no mercado de trabalho. A conquista desse espaço deve, no 
entanto, ser empreendida não só pelos alunoss, mas também pelas escolas de Administração que precisam adotar 
uma posição mais proativa em relação ao estágio. É necessário, ainda, que as instituições de ensino, em estreita 
colaboração com as empresas, promovam a reformulação do estágio, para que ele cumpra este relevante papel na 
formação do estudante, devendo ainda atuar como feedback para as escolas em relação ao ensino ministrado e ao 
desempenho de seusalunos. 
 
O estreitamento das relações entre a escola e a empresa pode ser tentado também através da abertur de 
oportunidades aos empresários para relato de experiências, reciclagem e intercâmbio com professores, apoio às 
pequenas e médias empresas por meio de consultória oferecida pelos professores e alunos; enfim, uma gama de 
atividades podem ser desenvolvidas nesse sentido. 
 
5.Referências bibiográficas 
 
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