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ensaio 3 - ied

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Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito
Introdução ao Estudo do Direito I – DFD0114
Seminários
Turma 187.21
Tema 3 (08.04.2014) – Sistematização do Direito
Leitura Obrigatória: SAMPAIO FERRAZ JR., Tércio. Função Social da Dogmática Jurídica. Cap. 1 itens 4 e 5.
VILLEY, Michel. Os meios do direito... Cap.1.
Camila Pinheiro Batista. Nº USP: 8995680.
ENSAIO
	Nas obras indicadas acima, Tércio Sampaio Ferraz Jr. e Michel Villey falam sobre o processo de sistematização do Direito. Os autores trazem um panorama geral do desenvolvimento da sistematização ocorrida e, além disso, mencionam os desdobramentos de tal processo na época contemporânea. O texto de VILLEY cataloga uma série de doutrinas com suas tentativas de sistematização e como as diferentes concepções das doutrinas podem nos deixar na incerteza; FERRAZ JR., por sua vez, fala da mesma evolução histórica referida por VILLEY e correlaciona-a a positivação do Direito e ao conceito de Dogmática Jurídica.
	Um dos primeiros pontos tratados por FERRAZ JR. é também mencionado por VILLEY: a concepção do Direito como uma ciência. VILLEY mostra as inúmeras tentativas de conceber o Direito como ciência, por diversas Escolas, enquanto FERRAZ JR. cuida de mostrar a mudança da teoria científica entre os séculos XVIII e XIX. Essa mudança consiste na prioridade do agir sobre o contemplar, onde as ideias se tornam valores.
	É possível, dentro desse contexto de século XIX, abstrair dos textos que há a presença do pensamento sistemático herdado do jusnaturalismo. Esse pensamento baseava sua força na crença total na razão humana. O reaparecimento da sistemática jusnaturalista relaciona-se com a dissolução da sistematização histórica numa estilização sistemática da tradição. Savigny tem, nesse caso, um importante papel: segundo FERRAZ JR., a obra dele revela uma grande inovação na sistemática jurídica, pois “nela o sistema perde, ao menos em parte, o caráter absoluto da racionalidade dedutiva que envolvia com um sentido de totalidade perfeita o fenômeno jurídico” (FERRAZ Jr., 1998, p. 56).
	Savigny é um ponto em comum entre os textos no campo da construção da sistemática. Os autores citam que ele era contrário às Codificações da Escola do direito natural e defendia uma soberania do espírito do povo nesse âmbito de codificações. Era um adepto da Escola Histórica do Direito, que se opunha ao jusnaturalismo racional. O aumento do abismo entre teoria e práxis, pela Escola Histórica, influencia até hoje o ensino universitário. Contudo, FERRAZ JR. mostra que a Escola Histórica não elimina as influências do jusnaturalismo.
	Outro ponto importante é o tratamento que FERRAZ JR. concede a Dogmática. Ao falar da influência do jusnaturalismo, ele define Dogmática moderna como síntese entre o material romano e a sistemática jusnaturalista. O surgimento da dogmática como teoria autônoma de um Direito vigente advém, dentre vários fatores, da fixação do Direito em textos escritos. Tal fixação possibilita o confronto de sistemas, devido à existência de diferentes fontes disponíveis.
	Os dois textos abordam também a visão do Direito como sistema normativo. Os normativistas, segundo VILLEY, defendiam a tese de que o direito deveria constituir um sistema de normas. FERRAZ JR. descreve o período da Revolução Francesa para desembocar em uma conclusão: o enfraquecimento da justiça e a insegurança das decisões judiciárias, anteriormente a Revolução, fizeram com que a forma de Direito normativista surgisse pelas necessidades de segurança da burguesia da época. A crítica feita a esse quadro fez com que despontasse a exigência de uma sistematização do Direito, que obrigou os juristas a valorizar os preceitos legais nos julgamentos de fatos vitais.
	Essa sistematização propicia o desenvolvimento, no século XIX, da Escola da Exegese na França, correspondente a Doutrina dos Pandectistas no campo germânico. No texto de VILLEY, afirma-se que os pandectistas constituem um sistema científico e elaboram a chamada “jurisprudência dos conceitos”. A jurisprudência dos conceitos se esforça para deduzir, da definição de alguns termos fundamentais englobados no sistema, as soluções de direito. Essa concepção de sistema advinda da jurisprudência dos conceitos, segundo FERRAZ JR., “acentua-se e desenvolve-se com Puchta e a sua pirâmide de conceitos” (FERRAZ Jr., 1998, pp. 73 e 74); ao afirmar isso, FERRAZ JR. quer mostrar que a pirâmide de conceitos de Puchta enfatiza o caráter lógico-dedutivo do sistema jurídico.
	Contrapondo a jurisprudência dos conceitos, surge a jurisprudência dos interesses – subcorrente do positivismo jurídico. Ela entende que a norma escrita deve refletir interesses; devido a essa ideia, a prévia concepção de sistema fechado marcado por ausência de lacunas ganha o caráter de ficção jurídica necessária. É importante registrar a compatibilidade aqui presente com o que consta no texto de VILLEY, pois ao falar do direito como ciência, ele afirma que uma ciência nunca está fechada e sempre há controvérsias.
	Sintetizando brevemente as ideias dos autores, vê-se que ambos se preocupam em desenvolver um panorama histórico detalhado para aprofundar o assunto tratado. FERRAZ JR. em seu texto, chega a trabalhar com tendências contemporâneas, ao afirmar que despontam teorias jurídicas com empenhos sistemáticos no século XX, e correntes que elevam as preocupações do pandectismo; VILLEY, em seu catálogo de doutrinas com respectivas tentativas de formarem sistemas, conclui que é possível observar uma retomada a tradição clássica. FERRAZ JR., sobre tal retomada, evidencia o legado jusnaturalista que se manteve no decorrer dos séculos.

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