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manifestacoes culturais VI

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Prévia do material em texto

Manifestações 
Culturais Esportivas II
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Ivan Luis dos Santos
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Procedimentos Didáticos para o Ensino dos Esportes 
nas Aulas de Educação Física
• Mapeamento do Patrimônio Cultural Esportivo da Comunidade
• Ressignificação das Manifestações Esportivas
• Aprofundamento e Ampliação dos Conhecimentos
Referentes aos Esportes
• Registro e Avaliação
 · Identificar e analisar os procedimentos didáticos de um currículo de 
Educação Física, capaz de promover uma educação crítica e demo-
crática diante das diversas manifestações esportivas, bem de seus 
códigos e representantes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Procedimentos Didáticos para o 
Ensino dos Esportes nas Aulas
de Educação Física
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
Contextualização
Diante do vasto patrimônio cultural esportivo existente e acessado pelos alunos, 
qual manifestação esportiva devo escolher para compor o meu plano de ensino/
aula num dado “tempo pedagógico” (mês, bimestre, trimestre, semestre ano...)? 
Uma vez selecionada a prática esportiva a ser tematizada durante minhas aulas, 
o que posso/ devo estudar sobre ela? Qual o papel dos alunos nesse processo 
(de produção cultural)? E do professor? Quais são os recursos didáticos possíveis? 
Até onde devo caminhar com a minha tematização? O que aprofundar e ampliar? 
Avaliar?... Mediante quais critérios?
Perguntas tais como as arroladas acima, certamente, transitam pela cabeça de 
qualquer professor quando da tentativa de sistematização da sua prática pedagógica. 
Afinal, remetem-se a pontos centrais para a organização de experiências pedagógicas 
em forma de procedimentos didáticos que levem a modos – de aprendizagem e de 
luta – mais críticos, questionadores e coletivos.
Utilizamos de procedimentos para quase tudo que fazemos em nossas vidas, do 
momento que acordamos até o horário de dormir. Embora não paremos para pensar 
a respeito, quando nos alimentamos, por exemplo, estabelecemos procedimentos: 
onde comer, o que comer, o que beber, etc. Essas decisões estão sempre fundamen-
tadas por uma dada “teoria”, mesmo que constituída a nível do senso comum.
Nessa unidade, partindo da intenção declarada “teoria” de ensinar os esportes 
nas escolas sob uma perspectiva politizada, atenta à multiculturalidade e, também, 
às injustiças que caracterizam a sociedade contemporânea, debateremos sobre 
os procedimentos didáticos de mapeamento, ressignificação, aprofundamento e 
ampliação e avaliação, materializados em atividades de ensino e que evidenciam 
um processo pedagógico.
Esperamos que, ao final dessa unidade, tenhamos desvendado algumas alter-
nativas para o encaminhamento de ações didáticas junto aos esportes, quando do 
seu ensino em aulas de Educação Física. Não prevemos, contudo, em descrevê-los 
como forma de receitas de aulas prontas ou de qualquer outro modelo fixo e pré-
-estabelecido de aula. Tencionamos pensar alguns encaminhamentos com vistas 
à garantia de uma construção curricular engajada na produção de identidades de-
mocráticas e sensíveis à condição de silenciamento e opressão, que alguns grupos 
culturais vêm, historicamente, sendo sujeitados.
8
9
Mapeamento do Patrimônio Cultural 
Esportivo da Comunidade
Conforme destacado por Neira (2011), a definição do que vai ser ensinado e 
supostamente aprendido não envolve uma simples escolha baseada nos aspectos 
psicológicos do educando – níveis de desenvolvimento já alcançados. Portanto, 
decidir quais temas e conteúdos estudar, implica em abordar, discutir e refletir a 
respeito de todas as determinações que recaem sobre a instituição educativa em 
geral e o currículo em específico.
Cada grupo social acumula as experiências culturais corporais diferentes, sendo 
que, mesmo no interior dos grupos elas podem ocorrer de forma muito variada. 
Tanto as famílias socializam suas crianças em um emaranhado cultural corporal 
específico quanto os jovens usufruem de inúmeras oportunidades para acessar os 
conhecimentos vinculados às manifestações corporais.
Você já perguntou para as pessoas da sua casa – fi lho/a, irmão/ã, pai/mãe, entre outros/as 
– ou do seu bairro – crianças, jovens ou adultos – sobre as experiências culturais esportivas 
acumuladas? Onde acumularam tais experiências? 
Ex
pl
or
“Seja pelos meios de comunicação, local de moradia, tradições grupais, experi-
ências formalizadas ou oportunidades de lazer, as pessoas constroem e reconstro-
em constantemente seu patrimônio corporal” (NEIRA, 2011, p. 103). É por isso 
que, a tomada de decisão sobre o tema a ser estudado na escola deve se dar a partir 
do mapeamento do patrimônio cultural acumulado e disponível na comunidade.
Para Freire (2005), mapear significa proceder um estudo da realidade não 
limitado à simples coleta de fatos e dados, mas que, acima de tudo, permite ao 
professor mergulhar na cultura dos educandos e emergir com um conhecimento 
maior de seu grupo. Giroux e Simon (2005) afirmam que:
“[...] nenhuma pedagogia germina em solo infértil. [...] um bom ponto de 
partida seria considerar a cultura popular como um terreno de imagens, 
formas de conhecimento e investimentos afetivos que definem as bases 
para se dar oportunidade à voz de cada um, dentro de uma experiência 
pedagógica”. (Giroux e Simon, 2005, p. 105)
Mapear também significa levantar os conhecimentos que os alunos possuem 
sobre uma determinada prática esportiva. Ou seja, se num primeiro momento 
o mapeamento (“mais geral”) permite reconhecer a ocorrência social das 
manifestações esportivas na comunidade, num segundo momento, é o mapeamento 
“mais específico” sobre a prática esportiva já selecionada como tema de estudo, 
que oferecerá ao professor – e aos alunos – a possibilidade de socialização das 
experiências acumuladas.
9
UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportesnas Aulas de Educação Física
Recentemente, a professora Dayne Portapilla tematizou o futebol com seus 
alunos do 3° ano do Ensino Fundamental. A partir do relato de experiência 
produzido (PORTAPILLA; ESCUDERO, 2015), a professora contou-nos que, dada 
a necessidade de mapear a cultura corporal presente nos arredores da escola,
“[...] procedeu uma leitura inicial da realidade e ao fazê-la, constatou 
que as práticas mais presentes na comunidade eram o futebol e a pipa, 
e ainda, que um de seus alunos faz escolinha de futebol e os demais 
participam do CJ (Centro de Juventude) onde realizavam atividades 
diversas”. (PORTAPILLA; ESCUDERO, 2015, p. 2)
Ainda com o intuito de acumular mais dados com o mapeamento geral, a 
professora reuniu os alunos numa roda de conversa e perguntou quais jogos ou 
brincadeiras eles faziam fora da escola. As informações foram listadas na lousa e,
“[...] considerando que as respostas ratificaram a leitura da professora e 
tendo ainda por base, o mapeamento do entorno, dos recursos materiais 
e observando o que já foi feito ao longo dos três anos em que está com 
essa turma, a professora optou pelo estudo do futebol”. (PORTAPILLA; 
ESCUDERO, 2015, p. 2)
Uma vez selecionada a prática corporal a ser tematizada – o futebol – a 
professora Dayane realizou um mapeamento específico dos saberes dos alunos 
sobre essa manifestação esportiva. Para tal, “distribuiu um questionário que deveria 
ser respondido em casa, tencionando envolver também os pais no estudo”. Nesse 
questionário constavam perguntas, tais como: Como você joga o futebol e onde? 
Na região, onde podemos jogar o futebol? Alguém pode vir à escola ensinar algo 
sobre o futebol?
Corroborando as proposições de Paulo Freire, Giroux e Simon (2005) apontam 
para a urgência de um processo educativo que ratifique a realidade concreta da 
vida cotidiana e, consequentemente, torne-se a base para uma pedagogia crítica da 
possibilidade. Para os autores,
“[...] estamos avançando em direção a uma posição segundo a qual se 
poderia investigar a cultura popular como um campo de práticas que 
constituem a indissolúvel tríade do conhecimento, do poder e do prazer. 
Muito da luta pedagógica consiste exatamente nisso: testar as formas 
pelas quais produzimos significados e representamos a nós mesmos, 
nossas relações com os outros e com o ambiente em que vivemos. 
Assim procedendo, fazemos uma avaliação do que nos tornamos e do 
que não mais desejamos ser. Também nos capacitamos a reconhecer 
as possibilidades ainda não concretizadas e a lutar por elas”. (GIROUX; 
SIMON, 2005, p. 107)
Não há um padrão ou roteiro obrigatório a ser seguido; durante o mapeamen-
to, os professores podem empreender variadas atividades. As informações obtidas 
através de questionários, observações dos horários de recreio, conversas informais, 
10
11
rodas de conversa etc., constituem elementos fundamentais para dimensionar o tema 
de estudo e as possibilidades que este apresenta para o desenvolvimento das aulas. 
Para Neira (2011, p. 114), “o mapeamento é a porta de entrada para uma 
abordagem equitativa da diversidade dentro da escola, questão de honra quando se 
objetiva um projeto educacional sensível às diferenças”, configurando-se como a 
primeira ocasião para leitura e interpretação dos gestos e dos discursos dissemina-
dos sobre as práticas esportivas.
Dessa forma, não há degraus que organizem os “temas esportivos” a serem 
ensinados na escola. Estes ficam condicionados aos contextos sócio-histórico-
cultural, biográfico e institucional. Os conteúdos de ensino não são definidos a 
priori no planejamento, uma vez que decorrem da relação dialógica entre os sujeitos 
envolvidos na aprendizagem, diante dos discursos produzidos socialmente sobre o 
tema em questão.
Quando da tematização do tênis de mesa, por exemplo, o que poderíamos 
estudar (quais conteúdos)? Suas regras, história, locais de competição, sujeitos 
(atletas e não atletas), os golpes. Assumimos que todos esses conteúdos do tênis 
de mesa ganham legitimidade e importância no currículo escolar a medida que 
emanam das leituras e problematizações encaminhadas pelo professor e, também, 
pelos alunos ao longo do trabalho pedagógico.
Concordando com Santos (2016), o que está sendo proposto é a ruptura com 
qualquer “perspectiva apostilada” de ensino das manifestações culturais esportivas, 
num movimento de recusa ao propedêutico, ao modular, ao capitular ou a outras 
formas de blindagem do conhecimento pelas vozes da cultura hegemônica.
Como um exercício de mapeamento, sugerimos que preencham o quadro abaixo. Após o 
preenchimento, observe as inúmeras e diferentes experiências esportivas que você sele-
cionou. Quantas dessas já foram tematizadas em suas aulas de Educação Física no tempo em 
frequentou a escola? Será que a escola mantém-se atenta ao patrimônio cultural corporal de 
seus alunos nos dias de hoje? Busque refl etir criticamente sobre essas questões.
Ex
pl
or
1. Práticas esportivas acessadas durante a infância?
2. Práticas esportivas presentes no bairro onde mora?
3. Práticas esportivas realizadas nos intervalos (recreios) da escola?
4. Práticas esportivas cultivadas pelos membros da família?
5. Práticas esportivas identificadas nos desenhos, filmes ou games?
6. Práticas esportivas experimentadas durante viagens ou visitas?
11
UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
Ressignificação das 
Manifestações Esportivas
Diante das condições que diferenciam a prática social da manifestação esportiva 
no seu locus original e a realidade da escola (número de alunos, espaço, tempo, 
material etc.), os professores devem oportunizar ao grupo de alunos condições 
para a reelaboração das formas de praticar o esporte, “com a intenção de facilitar 
a compreensão da plasticidade da cultura e do processo de transformação vivido 
por quase todos os produtos culturais” (NEIRA, 2011, p. 123). Para esse autor:
“As peculiaridades de cada grupo e de cada escola são consideradas por 
ocasião da reconstrução coletiva da prática corporal objeto de estudo, 
proporcionando aos alunos uma experiência bastante concreta da 
dinâmica cultural. Apesar da relevância das vivências corporais como 
ponto de partida para análise situacional e remodelação das práticas, a 
participação dos alunos enquanto leitores e intérpretes da gestualidade, 
sugerindo modificações, é tão relevante quanto a execução propriamente 
dita. Essas posições podem se alternar ao longo das atividades de ensino”. 
(NEIRA, 2011, p. 123).
Em seu relato de experiência, o professor Leandro de Souza conta-nos sobre a 
tematização do tênis junto a um grupo de alunos do 5° ano do Ensino Fundamental 
(SOUZA, 2016). Dentre as atividades de ensino propostas, o professor apresentou 
vídeos de jogos de tênis.
“[...] enquanto os educandos assistiam aos jogos, provoquei-os pergun-
tado: quanto está o jogo? Como é que lê os resultados do placar? [...] 
conversamos na aula seguinte sobre as observações que eles realizaram 
dos vídeos e anotamos algumas delas no quadro para planejar as aulas 
subsequentes [...] conhecendo as observações e as dúvidas dos educandos, 
na aula seguinte solicitei que alguns educandos desenhassem no quadro, 
uma quadra de tênis tendo como base as quadras de tênis vistas nos víde-
os e logo após fomos para a quadra demarcarmos o espaço de jogo [...] 
Durante a vivência do jogo os educandos decidiram contar os pontos da 
seguinte forma: 1, 2 e 3, e logo após entrava o próximo educando para 
jogar”. (SOUZA, 2016, p. 7-10).
Continua o professor Leandro de Souza:
“[...] solicitei que para aula seguinte, eles pesquisassem na regra do 
tênis, qual era o valor de cada ponto do game e quantos pontos eram 
necessários para concluir um game. Conforme a regra do tênis, vimos 
que o game é composto por quatropontos 11, o 1º e o 2º ponto valem 
15 pontos cada, o 3º apenas 10, já o 4º ponto é chamado “game”, 
sendo assim o(a) jogador(a) que fizer 4º ponto (60 pontos) ganha o game. 
[...] Os estudantes negociaram que, nas próximas vivências, os jogos 
12
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teriam a duração de um game, para que a maioria dos educandos pudesse 
participar e experimentar a contagem dos pontos descrita nas regras”. 
(SOUZA, 2016, p. 11-12).
Ressignificar implica atribuir novos significados a um artefato produzido em outro 
contexto, com base na própria experiência cultural. Tal como percebido pelos frag-
mentos extraídos do relato de experiência do professor Leandro de Souza, trata-se 
de posicionar os alunos na condição de sujeitos históricos e produtores de cultura em 
condições semelhantes ao que ocorre em grande parte das experiências humanas. 
Na vida cotidiana, a atribuição de novos significados a objetos, posturas, discursos, 
conceitos, etc., é algo constante. A ressignificação não tem qualquer controle, pois 
não há como pressupor quais serão os significados atribuídos quando os sujeitos se 
deparam com os artefatos culturais oriundos de outros grupos (NEIRA, 2011).
Entendemos aqui, que qualquer tentativa de fixar técnicas esportivas conside-
radas corretas ou comportamentos socialmente valorizados no/pelo esporte só 
podem levar à aceitação passiva ou à transgressão, dado que os alunos não neces-
sariamente partilham dos mesmos referenciais culturais que lhes são apresentados. 
Adverte-nos Neira (2011) que as manifestações esportivas foram produzidas em 
contexto sócio-histórico-político específico com determinadas intenções, sentidos 
e significados. “[...] Com o passar do tempo, ressignificaram-se, sofrendo inúmeras 
transformações devido à inter-relação com a cultura” (p. 129).
Garcia Canclini (2009) aponta que não há inocência no processo de 
ressignificação, uma vez que a presença das relações de poder podem favorecer 
aqueles que dispõem de maior força para modificar a significação dos objetos.
Tomemos como exemplo, o caso das mudanças das regras do voleibol ao final 
da década de 1990. Santos Neto (2004) faz alguns destaques a esse respeito. 
É uma época de adequação do jogo ao formato televisivo. Partidas com uma 
duração menor para adequação à grade televisiva, bolas coloridas permitindo uma 
melhor visualização pelos telespectadores, um jogador especialista na defesa para 
aumentar o tempo do rally, maior interatividade dos técnicos junto aos atletas 
e o tempo técnico foram algumas das mudanças propostas para a melhoria do 
espetáculo junto à TV, que com todo o seu poderio econômico, constituiu-se como 
forte propagadora de ressignificações desse esporte.
Não à toa, na escola, é fundamental que o estudo das manifestações culturais 
esportivas inclua a análise das razões que impulsionam as ressignificações. Destaca 
Neira (2011) que, nessa operação, os marcadores sociais de etnia, classe social, 
gênero, entre outros, são obrigatoriamente iluminados e, ao mesmo abre-se espaço 
para novas produções culturais (novas ressignificações) das práticas esportivas, 
respeitado o contexto sócio-cultural no qual se encontram.
O que está em jogo são as relações de poder entre os grupos. Pense sobre o 
que acontece com a organização dos torneios esportivos escolares. Geralmente 
13
UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
ficam destinados a poucas modalidades coletivas, cuja garantia de participação 
dos alunos aparece clivada pelo nível de habilidade motora. Enquanto aqueles 
que desfrutam de condições socialmente favoráveis negligenciam ou dissimulam 
o valor dos produtos culturais alheios. Enquanto isso, os grupos subordinados são
convidados a se apropriarem das práticas sociais hegemônicas, acessando a sua
linguagem em busca de reconhecimento.
Em consonância com as proposições de um currículo culturalmente orientado 
– divulgado nos trabalhos recentes de Marcos Garcia Neira – as aulas de Educação
Física na escola precisam valorizar a vivência dos diversos formatos das manifestações 
esportivas conhecidas pelos alunos, bem como, oferecer condições para que estes
experimentem todas as alterações possíveis, a fim de que possam desfrutar de
diferentes papeis sociais e elaborar seus próprios produtos culturais.
Na sociedade, por meio de um percurso não linear, as manifestações esportivas 
vão sendo elaboradas e reelaboradas, ocupando sempre a condição de produtos 
da cultura.
Sugerimos que assista ao vídeo sobre o bossaball disponível em: 
https://youtu.be/abeGcPV2NLU. A partir do vídeo, faça a leitura dessa prática esportiva.Ex
pl
or
Em seguida, navegue pelo site https://goo.gl/dGqyP6 buscando interpretar como se deu o 
processo de ressignificação cultural em torno dessa prática.Ex
pl
or
Não é difícil pensar que, uma vez na escola, os alunos reelaborariam o bossaball 
às suas maneiras – em relação as técnicas corporais, as regras, os espaços, etc. – 
assumindo a condição de sujeitos produtores de cultura. Ao valorizar as atividades de 
ressignificação, as aulas de Educação Física favorecem a construção de identidades 
democráticas por meio da troca entre alunos, entre alunos e professor, da aceitação 
das diferenças e do respeito ao Outro.
Aprofundamento e Ampliação dos 
Conhecimentos Referentes aos Esportes
Compartilhamos com Neira (2011) a ideia de que aprofundar significa conhecer 
melhor a manifestação esportiva que está sendo tematizada. Implica “procurar 
desvelar aspectos que lhe pertencem, mas que não emergiram nas primeiras leituras 
e interpretações” (p. 135).
14
15
Sendo assim, as atividades de ensino voltadas para o aprofundamento possibili-
tam um entendimento maior dos significados atribuídos à prática corporal objeto de 
estudo: visitas aos espaços onde a manifestação esportiva acontece no seu formato 
mais conhecido, aulas demonstrativas com estudantes praticantes das modalidades, 
análise e interpretação de vídeos, leitura e interpretação de textos pertencentes aos 
diversos gêneros literários, realização de pesquisas orientadas previamente, entre 
outras experiências pedagógicas.
Conforme aponta Neira (2011):
“Ao problematizarem determinados aspectos da manifestação corporal, as 
situações mencionadas promovem desafios que estimulam os estudantes 
à busca de respostas e a uma melhor compreensão da prática social em 
foco. Os conhecimentos veiculados e a duração dos trabalhos variam em 
função das características do tema, dos posicionamentos dos alunos e do 
nível de aprofundamento provocado”. (NEIRA, 2011, p. 136).
Continua o autor destacando o fato de que o interesse pelas temáticas 
corresponde às experiências culturais dos alunos e as atividades de ensino sofrem 
influência das condições da escola, do trabalho docente e das características da 
manifestação cultural esportiva em foco. Dessa forma, enquanto certos temas 
podem provocar grande curiosidade e necessidade de saber mais, levando os 
professores a elaborarem mais atividades de ensino e reorientarem suas ações 
didáticas, outros comportaram possibilidades de aprofundamento mais limitadas.
Por exemplo, a professora Beatriz ao tematizar o futebol com os seus alunos, 
conta-nos que:
“Durante as vivências do futebol de rua, alguns alunos vieram comentar 
comigo sobre a possibilidade de conhecermos um pouco do showbol 
(outro tipo de futebol). Os alunos se interessaram por essa prática 
após acompanhar na TV alguns jogos de um campeonato que estava 
acontecendo no momento. Como o comentário sobre essa prática partiu 
de vários alunos e alguns já identificaram algumas características que 
lembravam o futebol de rua, resolvi propor algumas situações de ensino 
para que pudéssemos aprofundar os nossos conhecimentos acerca dessa 
prática. Fiz algumas pesquisas na internet para conhecer mais sobre o 
showbol e tambémhavia solicitado àqueles alunos que pesquisassem sobre 
a modalidade, que trouxessem seus conhecimentos para o resto do grupo. 
[...] Nas aulas seguintes, os alunos explicaram as regras básicas do jogo, 
as condições físicas em que ele acontece e propuseram algumas vivências 
com os fundamentos. Eu expliquei um pouco sobre o contexto de origem 
dessa manifestação trazendo para a discussão quem são os sujeitos dessa 
prática esportiva”. (ANDRADE, 2012, p. 13-4).
Saiba mais sobre o relato de experiência escrito pela professora: https://goo.gl/TqU1XN
Ex
pl
or
15
UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
Como observado no excerto acima, os aspectos destacados pelos alunos ou 
pelo professor durante o aprofundamento fomentam novas vertentes de análise, 
vivências e pesquisas. Nesses casos, tanto o olhar dos estudantes sobre as práticas 
esportivas tematizadas, como também seus níveis iniciais de conhecimento são 
enriquecidos (NEIRA, 2011).
Além disso, dado que as práticas esportivas disseminadas na sociedade estão 
entremeadas pelas relações de poder, que resultam na existência de preconceitos e 
discriminações de várias origens, é o aprofundamento que poderá ajudar os alunos 
a compreenderem as condições dos grupos dominantes e dominados, as quais tem 
contribuído para preservar (ou não) situações de privilégios (para os dominantes) 
e de opressão (para os subalternizados). Retomando a tematização do futebol 
expressa no relato de experiência da professora Beatriz, é possível verificar como 
as atividades de ensino voltadas ao aprofundamento promoveram a desconstrução 
de alguns estereótipos de gênero historicamente edificados nessa manifestação 
cultural esportiva.
“Durante o aprofundamento do Showbol, verificamos que é comum vermos 
ex-jogadores de futebol de campo – jogadores considerados aposentados 
– como os principais praticantes desta modalidade. Quando comentei 
sobre isso com os alunos, retomamos a discussão sobre a profissão 
jogador de futebol, a história da modalidade e mais, especificamente, 
sobre a ausência feminina nessa prática. [...] ao perceber como o espaço 
da mulher no futebol (campo, futsal, Showbol, dentre outros) é muito 
menor comparado ao do homem, os alunos/as começaram a entender 
certas afirmações que são reproduzidas como verdades: “futebol não é 
coisa de mulher” (ANDRADE, 2012, p. 14).
O aprofundamento, enquanto procedimento didático, faz valer o fato de 
que as práticas esportivas estão socialmente ancoradas e, dessa forma, atua no 
alargamento dos quadros de referência pelos quais compreendemos as relações 
entre conhecimento, pluralidade e poder, analisando as presenças e ausências nos 
discursos históricos, políticos e culturais. Assim, ao trabalhar com determinada 
manifestação cultural esportiva, é importante que o professor promova análises do 
contexto social em que ela é produzida, instigando os estudantes a adotarem um 
olhar crítico para os diferentes discursos (muitos vezes fantasiosos) que os rodeiam.
Para além das atividades de aprofundamento, propõe-se, também, que as 
situações de ensino propostas ao longo da tematização das manifestações culturais 
esportivas possibilitem à ampliação dos conhecimentos. De acordo com Neira 
(2011), a ampliação é o procedimento didático fundamental para a superação da 
visão sincrética inicial, que prioriza perspectivas de análise raramente acessadas 
pelos alunos. Dessa forma, ampliar implica recorrer a outros discursos e fontes 
de informação diferentes daquelas acessadas num primeiro momento. Ou seja, 
implica localizar outros discursos culturais que, por vezes, trazem representações 
contrárias àquelas apresentadas durante as atividades de aprofundamento.
16
17
Durante a tematização de uma prática esportiva (por exemplo, o voleibol), por vezes, apro-
fundamos os conhecimentos valendo-se de explicações científi cas ou “consagradas” sobre 
determinados conteúdos (por exemplo, sobre os métodos de treinamento utilizados pelos 
atletas de voleibol), acessadas, principalmente, na literatura disponível sobre o desporto 
de alto rendimento. Mas, você já parou para pensar quais são os métodos de treinamento 
utilizados por um time de voleibol amador do bairro? Ou aquele utilizado pelo professor de 
Educação Física do centro esportivo da cidade, que trabalham com crianças e adolescentes? 
O que esses sujeitos têm a falar da maneira como organizam / sistematizam os seus treinos? 
Que tal convidar esses sujeitos para irem à escola conversar com os alunos?
Ex
pl
or
A ampliação visa desafiar os discursos comumente aceitos como “verdade”, 
fazendo com que os estudantes entendam que o conhecimento (verdade) é so-
cialmente construído, culturalmente mediado e historicamente situado, proporcio-
nando a eles elementos fundamentais para a construção de uma reflexão crítica e 
permitindo que estabeleçam relações com outros saberes e formas culturais. É im-
prescindível esclarecer aos estudantes que não existem “verdades absolutas”. O que 
hoje é “verdadeiro” para a maioria das pessoas, tornou-se hegemônico em meio 
às disputas discursivas e tentativas de validação dos significados culturais, sendo, 
portanto, fruto das relações de poder.
Em seu relato de experiência sobre a tematização do futebol de várzea 
(SANTOS JÚNIOR, 2009), o professor Flávio aponta que, após a exibição de 
vídeos que retratavam as condições dos campos de várzea na comunidade local, 
convidou representantes de uma ONG (Organização não governamental) atuante 
na região para conversar com os alunos na escola. Com o objetivo de ampliar os 
conhecimentos, o professor solicitou que, previamente à visita dos convidados, os 
alunos organizassem questões, mediante as dúvidas que ainda carregavam sobre o 
tema. Dentre outras coisas que foram faladas,
“... o Claudio, um dos representantes da ONG AIIH (Associação 
Internacional de Interesse à Humanidade), citou a participação do ex-
atleta Cafu na comunidade do Jardim Irene. A maioria dos estudantes, 
assim como eu, e em função de alguns vídeos que havíamos acessado, 
acreditávamos que ele colaborava com o bairro e com a manutenção do 
campo. Para nossa surpresa, descobrimos a enganação bem armada com 
o recurso da mídia. A ONG AIIH se mantém com recursos do governo 
e mediante uma parceria com a Adidas, cujo apoio foi disputado com 
a própria fundação do jogador. A informação chocou a todos porque 
acreditávamos que a presença da Adidas na instituição estava estritamente 
ligada ao Cafu”. (SANTOS JÚNIOR, 2009, p. 9).
Nesse sentido, tal como pode ser notado na proposta do professor Flávio, as ati-
vidades de ampliação podem ser compreendidas como uma forma de “hibridização 
discursiva”, aos moldes proposto por Canen e Oliveira (2002). Na compreensão 
das autoras, a linguagem híbrida “cruza as fronteiras culturais, incorpora discursos
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UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
múltiplos, reconhece a pluralidade e provisoriedade de tais discursos, implica uma rein-
terpretação das culturas, buscando promover sínteses interculturais criativas” (p. 64).
Tencionando alcançar esse objetivo, o professor poderá convidar representantes 
da manifestação esportiva em estudo (como ocorreu, no caso do professor Flávio, 
ao tematizar o futebol de várzea), propor visitas a locais onde ela acontece, realizar 
a leitura de textos argumentativos, assistir a documentários, comparar os diferentes 
pontos de vista entre os alunos e o professor, etc.
Neira (2011) aponta que o emprego frequente de outros textos como recurso para 
ampliação dos conhecimentos implica também a submissão desses produtos à aná-
lise cultural. Assim, um filme ou qualquer outro artefato cultural, ao falar sobre uma 
prática esportiva, age na instituição e produção da manifestação esportiva narrada.“As concepções que perpassam os textos culturais acessados nas atividades 
de ensino são analisadas no sentido de expressarem pontos de vista do 
autor e do grupo cultural que representam. Com isso, a noção veiculada 
aos alunos é que qualquer conhecimento pode ser analisado como um 
produto histórico, pois contém nada mais do que uma interpretação num 
determinado momento (MIZUKAMI, 1986, apud NEIRA, 2011, p. 141).
Vale destacar que atividades de ensino voltadas à ampliação dos conhecimentos 
requerem do professor uma cuidadosa organização e planejamento. Desde 
a formulação de questões que subsidiarão uma entrevista ou conversa com um 
convidado (tal como pudemos constatar no relato de experiência do professor 
Flávio), até a preparação para uma atividade externa, com previsão de debate 
coletivo no retorno à escola.
Em suma, espera-se que, somada às atividades de ressignificação e aprofun-
damento, a ampliação promova novas possibilidades de vivências e leituras das 
manifestações culturais esportivas, tensionando para análises de cunho histórico, 
político, filosófico e sociológico. Conforme destacou Neira (2011), o acesso a uma 
noção mais ampla dos significados que circunscrevem as práticas esportivas apre-
senta um vínculo bastante estreito com o potencial que as atividades elaboradas pe-
los docentes possuem de transcender as dimensões meramente sensoriais. Advém 
daí a necessidade de elaborar com grande rigor as experiências pedagógicas.
Registro e Avaliação
A avaliação constitui-se em um dos pilares no qual o professor necessita atentar-
-se quando tematiza as manifestações culturais esportivas na escola. O ato de 
avaliar deve ser um momento privilegiado de diálogo entre estudantes e 
professores, no qual a ênfase se dá no caminho percorrido e não, 
exclusivamente, no produto final. Entendida dessa forma, a avaliação deve ser 
contínua e formativa, sendo compreendida como um instrumento para 
problematização, questionamento e reflexão constante sobre a ação pedagógica.
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Nesse sentido, no decorrer das atividades de ensino, as anotações das observações 
e análises do cotidiano das aulas possibilitam a reunião das informações necessárias 
para a avaliação do trabalho pedagógico. Neira (2011) ainda ressalta que,
“[...] para além da observação, os professores registram as ações 
didáticas desenvolvidas, os encaminhamentos efetuados e as respostas 
dos educando. Também recolhem e arquivam exemplares dos materiais 
produzidos pelos alunos durante as aulas ou a partir delas. A coleta de 
dados sobre o processo subsidia a reflexão a respeito da prática educativa 
e acumula indícios tanto dos acertos quanto dos possíveis equívocos 
pedagógicos cometidos no decorrer do processo (NEIRA, 2011, p. 158).
Uma vez que o mapeamento tenha diagnosticado a cultura esportiva de chegada 
dos alunos, os registros elaborados pelos docentes facilitam a identificação das in-
suficiências e dos alcances das atividades de ensino desenvolvidas. Muitas situações 
didáticas merecem um olhar atento, especialmente para as relações estabelecidas 
entre os sujeitos envolvidos e entre eles e os conhecimentos abordados. “[...] os ques-
tionamentos, interesses e conflitos identificados pelos docentes assinalam a necessi-
dade de planejar e desenvolver novas atividades de ensino” (NEIRA, 2011, p. 159).
Portanto, a avaliação é contemplada durante todo o processo de estudo da prática 
esportiva selecionada para ser tematizada, implicando num acompanhamento 
contínuo dos conteúdos e das atividades desenvolvidas no currículo posto em ação. 
Para tal, é fundamental que o professor utilize diferentes forma de registro: vídeos, 
fotografias, anotações em diário de campo, produções dos estudantes, etc. 
De acordo com Müller (2016), as situações que acontecem durante as aulas 
de Educação Física são muito dinâmicas (lembrando sempre que as possibilidades 
são infinitas a partir das situações proporcionadas pelas problematizações) e dessa 
forma, o docente precisa garantir a maior quantidade de fontes de registros a fim 
de enriquecer seu material empírico para que, posteriormente, possa se debruçar 
sobre esses documentos, identificando discursos, ações, posicionamentos, silêncios, 
olhares, enfim, todas os indícios para um novo planejamento das ações futuras.
Ao relatar sobre a tematização do futebol encaminhada junto aos alunos dos 
sétimos anos de uma escola da rede municipal de São Paulo (COLOMBERO, 
2010), a professora Rose nos conta que:
“Numa das turmas enquanto um grupo de alunos fazia um jogo misto, 
outro grupo registrava, utilizando os seus celulares para produção de vídeos 
e fotos. Na aula seguinte, ao olharmos para os registros em sala de aula, 
alguns estudantes disseram: ‘[...] as meninas não estão se movimentando, 
só os meninos’, ‘[...] elas precisam se movimentar mais para receber a 
bola...’. [...] Ao mesmo tempo, um garoto sugeriu: [...] então precisamos 
tocar mais a bola para elas”. (COLOMBERO, 2010, p. 4)
A partir do excerto acima, podemos reconhecer que a avaliação, mediante aos 
registros produzidos durante a tematização da prática esportiva, deve garantir um 
processo interativo de fazer-criticar-fazer-criticar. Segundo Doll Junior (1997), esse 
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UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportes nas Aulas de Educação Física
processo recursivo de fazer privado e crítica pública é essencial para a transformação 
da experiência.
Nessa linha de compreensão da avaliação podemos situar o trabalho realizado 
pelo professor Arthur que também tematizou o futebol, buscando, dentre outras 
coisas, problematizar as relações de gênero. O professor aponta que,
“[...] como forma de aprofundar os conhecimentos das crianças, 
organizamos um passeio para o Museu do Futebol. [...] Durante nossa 
visita, as crianças viram e anotaram muitos dados sobre o futebol 
feminino. [...] Nas aulas seguintes, solicitei que as crianças retomassem 
os registros elaborados durante à visita ao museu. Pedi que, em pequenos 
grupos, os alunos e alunas confeccionassem cartazes sobre os pontos 
mais relevantes (na opinião deles e delas) sobre o futebol feminino. [...] 
Algumas crianças resolveram escrever palavras de reinvindicação por uma 
abertura e apoio maior ao futebol feminino. Esses cartazes, por ideia das 
crianças, foram espalhados pela escola. E nas aulas seguintes, eles e elas 
se organizaram para passarem em todas as salas, explicando os principais 
pontos pesquisados”. (MÜLLER, 2015, p. 8-9).
A preocupação com o que acontece durante a tematização, enfatizada no relato 
de experiência do professor Arthur, corrobora aos achados de Escudero (2011). Para 
essa autora, a avaliação é constante tecida por alunos e professores, que ao puxarem 
e desembaraçarem os fios da tematização, cada um ao seu jeito, vão atribuindo sen-
tido para as aulas, para as práticas esportivas e para os seus representantes.
Saiba mais sobre o relato de experiência, acessando: https://goo.gl/uuES5u
Ex
pl
or
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar
Das produções – experiências pedagógicas – com a Educação Física cultural: Grupo de 
Pesquisa em Educação Física Escolar (GPEF).
https://goo.gl/sB9zTL
 Vídeos
Cap. 1.9 - Ensinar Exige o Reconhecimento e a Assunção da Identidade Cultural (Parte 1)
Da importância do mapeamento para o reconhecimento e valorização do patrimônio 
cultural da comunidade – Paulo Freire.
https://youtu.be/EYeDfYEttug
D-19: Didática da Educação Física: Avaliação
Da discussão sobre a avaliação nas aulas de Educação Física.
https://youtu.be/Grket2uAscU
Avaliação em EF Escolar na Perspectiva da Abordagem Cultural - Nyna Taylor G. Escudero
https://youtu.be/7BE6lrfFSKo
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UNIDADE Procedimentos Didáticos para o Ensino 
dos Esportesnas Aulas de Educação Física
Referências
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