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BASQUETEBOL CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Basquetebol – Prof. Ms. Cae Rodrigues e Prof. Ms. Fábio Ricardo Mizuno Lemos Cod. 61 Satisfação em estar com você! Meu nome é Fábio Ricardo Mizuno Lemos. Sou licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de São Carlos (CEF/UFSCar - 2002), mestre em Educação, também pela Universidade Federal de São Carlos (PPGE/UFSCar - 2007) e estou cursando o Doutorado em Educação pelo mesmo programa de pós-graduação. Sou professor da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), do Centro Universitário Claretiano de Batatais (CEUCLAR) e do Curso de Especialização em Educação Física Escolar (Lato sensu) do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH/UFSCar). Sou sócio-fundador, pesquisador e atual diretor financeiro da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH), membro do Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF/UFSCar), pesquisador das linhas de pesquisas Práticas Sociais e Processos Educativos e Processos de Ensino e de Aprendizagem. Já trabalhei com o Basquetebol no ensino superior e na educação básica (turmas de Atividades Curriculares Esportivas – ACD) e espero poder contribuir com a sua formação. Bons estudos! E-mail: fabiomizuno@yahoo.com.br Meu nome é Cae Rodrigues. Sou licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar - 2003), e mestre em Educação por essa mesma instituição (UFSCar - 2007). Atualmente, sou pesquisador da Linha de Pesquisa Estudos Socioculturais do Lazer do Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF), e ocupo o cargo de Vice Diretor Científico da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana (SPQMH). Sou sócio fundador da empresa Jacaré Ki Pira Eventos e Lazer, que promove eventos na área de lazer desde 2003. Sou praticante de basquetebol desde os dez anos de idade, e já ocupei o cargo de técnico em equipes universitárias e clubes particulares. Acredito que o curso de Educação Física na modalidade a distância, organizado pelo Centro Universitário Claretiano, abre as portas para indivíduos que buscam uma boa licenciatura na área. E-mail: cae_jah@hotmail.com Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação BASQUETEBOL Caderno de Referência de Conteúdo Cae Rodrigues Fábio Ricardo Mizuno Lemos Batatais Claretiano 2013 © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 R796.323b Rodrigues, Cae Basquetebol / Cae Rodrigues, Fábio Ricardo Mizuno Lemos – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 184 p. ISBN: 978-85-67425-24-5 1. Perspectivas da Educação Física escolar. 2. Os objetivos da Educação Física nos documentos da educação básica. 3. Perspectivas do ensino do basquetebol na escola. 4. Esporte e Educação Física na educação básica. Aspectos históricos e antropológicos do basquetebol. 5. Aspectos sociológicos e filosóficos do basquetebol. 6. Aspectos técnicos e táticos do basquetebol. 7. Jogos adaptados para o basquetebol. I. Lemos, Fábio Ricardo Mizuno. II. Basquetebol. CDD 796.323 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO .......................................................................... 9 UnidAdE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO BASQUETEBOL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 25 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 25 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 26 4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 26 5 ENTENDIMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................. 26 6 DOCUMENTOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA .............................................................. 34 7 POSICIONAMENTOS SOBRE O ENSINO DO BASQUETEBOL NA ESCOLA ............. 40 8 REFLEXÕES SOBRE A COMPETIÇÃO E A COOPERAÇÃO ...................................... 48 9 TURMAS DE TREINAMENTO ............................................................................... 51 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 52 11 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 53 12 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 54 13 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 54 UnidAdE 2 – ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 57 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 58 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 58 4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 58 5 OS ESPORTES NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ENSINO DE PRIMEIRA À QUARTA SÉRIE ................................................................................ 60 6 OS ESPORTES NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: EDUCAÇÃO FÍSiCA – EnSinO dE QUinTA A OiTAVA .............................................................. 68 7 ATITUDES: CONHECIMENTO SOBRE O CORPO; ESPORTES, JOGOS, LUTAS E GINÁSTICAS; ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS .......................................... 80 8 CONTEÚDOSPARA TERCEIRO E QUARTO CICLOS ............................................... 83 9 OS ESPORTES NAS ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO: VOLUME 1 – LinGUAGEnS, CÓdiGOS E SUAS TECnOLOGiAS ............................ 89 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 97 11 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 98 12 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 98 13 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 99 UnidAdE 3 – ASPECTOS HiSTÓRiCOS, AnTROPOLÓGiCOS, SOCiOLÓGiCOS E FiLOSÓFiCOS dO BASQUETEBOL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 101 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 101 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 102 4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 102 5 ASPECTOS AnTROPOLÓGiCOS E HiSTÓRiCOS dO BASQUETEBOL ...................... 104 6 BASQUETEBOL E REALidAdE: ASPECTOS SOCiOLÓGiCOS E FiLOSÓFiCOS .............125 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 139 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 141 9 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 141 10 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 143 UnidAdE 4 – O BASQUETEBOL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 145 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 145 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 146 4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 146 5 APRENDENDO A JOGAR O BASQUETEBOL ......................................................... 146 6 FUNDAMENTOS DO BASQUETEBOL ................................................................... 155 7 SISTEMAS DE JOGO DO BASQUETEBOL.............................................................. 164 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 181 9 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 182 10 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 183 11 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 184 CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Perspectivas da Educação Física escolar. Os objetivos da Educação Física nos do- cumentos da educação básica. Perspectivas do ensino do basquetebol na escola. Esporte e Educação Física na educação básica. Aspectos históricos e antropológi- cos do basquetebol. Aspectos sociológicos e filosóficos do basquetebol. Aspectos técnicos e táticos do basquetebol. Jogos adaptados para o basquetebol. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo! Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará unidades que o auxiliarão a compreender criticamente e dominar aspectos educacionais, históricos, antropológicos, sociológicos, fi- losóficos, técnicos e táticos do Basquetebol inserido no contexto escolar. O Basquetebol é um dos conteúdos relacionados aos espor- tes; todavia, a abordagem estará direcionada para um contexto © Basquetebol8 mais amplo, afinal, trataremos de sua inserção nas aulas de Edu- cação Física Escolar. Assim, nosso intento é o desenvolvimento de aprendizagens que o auxiliarão na compreensão do trabalho do- cente, uma vez que é esse o principal foco de estudo e atuação de um licenciado em Educação Física. A Educação a Distância exigirá de você uma nova forma de estudo, uma vez que você será o protagonista de sua aprendiza- gem. No entanto, você não estará sozinho, pois terá todo o apoio necessário para a construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o cresci- mento profissional e pessoal será conquistado. Não se esqueça de assumir o compromisso de participar e de interagir com seus tutores e com seus colegas de curso das ta- refas indicadas, assim como fazer a leitura não só deste material, como também das bibliografias indicadas. Tenha a certeza de que, ao apropriar-se dessa postura, você facilitará a aprendizagem de novos conhecimentos, o que o levará, certamente, a um exercício profissional comprometido com a valorização das possibilidades educacionais das práticas corporais crítico-reflexivas. Visando ao favorecimento dos estudos, o conteúdo deste material está organizado em quatro unidades. Na Unidade 1, a Educação Física Escolar será contextualizada para o estudo do Basquetebol, utilizando, para isso, a análise re- lacional crítica entre a legislação e a realidade da Educação Física na escola. A compreensão, pela análise crítica dos documentos oficiais da Educação Básica, de qual esporte está, verdadeiramente, dire- cionado à Educação Física Escolar, é a proposta que estará em foco na Unidade 2. Já na Unidade 3, haverá a discussão das diversas relações entre o Basquetebol, enquanto elemento cultura/corporal de mo- vimento e a sociedade, sendo enfatizados os aspectos antropoló- 9 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo gicos e históricos do jogo e algumas questões sociológicas e filosó- ficas que emergem com base nessas relações. Apresentaremos, na Unidade 4, alguns elementos que auxi- liarão no desenvolvimento do Basquetebol. Para isso, as regras, os fundamentos e os sistemas de jogo serão abordados, bem como alguns jogos adaptados. Desejamos, no início desta trajetória, que se empenhe em cumprir as tarefas propostas, concentrando-se, sempre, na quali- dade de sua formação! Bons estudos! 2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es- tudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste caderno de forma breve e geral. O aprofundamento dessas questões será tratado em cada uma das unidades deste material. No entanto, esta Abordagem Geral fornece o conhecimento básico necessário para que seu conhecimento seja construído em uma base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com ética e responsabilidade. Gostaria de começar esta síntese compartilhando algumas de minhas experiências, não só como professor de Educação Fí- sica, mas também como praticante apaixonado do basquetebol. Comecei a jogar basquete com dez anos de idade e, desde então, fiz parte de diversas equipes, como jogador e como técnico. Além disso, nunca deixei de acompanhar os jogos das ligas profissionais de basquetebol do Brasil e dos Estados Unidos, a NBA. Durante esses anos como fiel espectador, tive a felicidade de acompanhar alguns dos maiores jogadores da história do jogo, © Basquetebol10 como os estadunidenses Michael Jordan, Larry Bird e Magic John- son, e o brasileiro Oscar Schmidt, só para citar alguns. Comparti- lho isso porque acredito que ter a oportunidade de assistir a esses grandesjogadores em ação é mais do que simplesmente ter algo para fazer enquanto comemos uma pipoca ou nos encontramos com os amigos. Os grandes jogadores tornaram-se grandes porque trouxe- ram algo de diferente para o jogo, ou seja, de alguma maneira, contribuíram para a transformação do jogo. Nesse sentido, assistir a esses grandes jogadores em ação significa fazer parte da história do jogo. Como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche em uma de suas mais célebres obras, "Que seria a tua felicidade, ó grande astro, se não tivesses aqueles que iluminas!". Nessa passagem do livro Assim falou Zaratustra, o personagem de Nietzsche refere-se ao sol, a quem chama de "grande astro", salientando que ele nada seria se não tivesse a quem iluminar. Podemos pensar que assim também são os grandes astros do esporte, que também nada se- riam se não tivessem a quem mostrar suas proezas. Não é à toa que assistir aos jogos de nossos ídolos mexe tan- to com nossas emoções, pois, no fundo, sabemos que realmen- te fazemos parte do show. E cada geração conta uma história por meio de seus muitos protagonistas e, especialmente, por meio de alguns personagens que fazem questão de assumir a posição de ator principal a cada vez que entram no palco, ou, no caso do basquetebol, nas quadras. Assim, quem não teve a oportunidade de assistir aos ídolos do passado escrevendo parte da história do basquetebol pode acompanhar os ídolos atuais, como os estadu- nidenses Kobe Bryant e LeBron James, assim como os brasileiros Leandro Barbosa, Nenê Hilário e Anderson Varejão, que levam o peso de toda a torcida brasileira para a principal liga profissional de basquete do mundo, a NBA. 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Porém, apesar da satisfação em fazer parte desse show como espectador, jogador, ou como treinador, estamos aqui para discu- tir outros elementos fundamentais do jogo basquetebol, elemen- tos que envolvem, especialmente, a Educação. Para tanto, faz-se necessário um olhar sobre diferentes perspectivas, inclusive uma análise cuidadosa por detrás das cortinas desse grande espetácu- lo. Nesse sentido, vamos tratar não só de algumas particularidades da Educação Física escolar, mas também da importância do olhar desses grandes eventos esportivos, inclusive o basquetebol. Discutiremos diferentes temáticas relacionadas à Educação Física Escolar e ao estudo do basquetebol, além de diferentes abordagens possíveis para o desenvolvimento dessas temáticas, como, por exemplo, a análise relacional crítica entre a legislação e a realidade da Educação Física Escolar; a compreensão, pela aná- lise crítica dos documentos oficiais da Educação Básica, de qual esporte está verdadeiramente direcionado à Educação Física Es- colar; perspectivas antropológicas, históricas, sociológicas e filo- sóficas do basquetebol; e elementos da prática do basquetebol, relacionados às regras, aos fundamentos e aos sistemas de jogo. A possibilidade de explorar as temáticas relacionadas à Edu- cação Física Escolar e ao estudo do basquetebol por diferentes abordagens é uma excelente oportunidade não só para conhecer os diversos elementos relacionados a essas temáticas, mas tam- bém para refletir sobre esses elementos por meio de diferentes olhares. A Antropologia, por exemplo, permite-nos compreender a ligação entre os jogos praticados nas mais antigas civilizações e os jogos modernos, além dos fenômenos sociais que envolviam o universo do jogo nessas antigas civilizações e os que envolvem o universo do jogo nas civilizações contemporâneas. É importante compreendermos, também, que essas aborda- gens, apesar de apresentarem diferentes olhares, em muitas ins- tâncias dialogam entre si; dependem, inclusive uma da outra. Por exemplo: dificilmente poderíamos pensar em fazer uma análise crítica entre a legislação brasileira e a realidade da Educação Física © Basquetebol12 Escolar no Brasil sem uma compreensão sobre os aspectos históri- cos e sociológicos que fazem parte da construção desses dois mo- vimentos; assim como seria demasiadamente simplista uma aná- lise sobre as relações entre os documentos oficiais da Educação Básica e qual esporte está verdadeiramente direcionado à Educa- ção Física Escolar sem alguns questionamentos filosóficos sobre as relações entre o esporte, especialmente o esporte de rendimento ou, como dissemos anteriormente, o esporte show e a realidade cotidiana. Faremos agora, um exercício de resgate da memória. Ten- te se lembrar de suas aulas de Educação Física na escola. Como eram? Vou falar um pouco sobre as minhas. Tive dois momentos bastante distintos e marcantes em relação às minhas aulas de Edu- cação Física. Durante quatro anos de minha adolescência, morei nos Es- tados Unidos, participando, durante esse período, da sexta à nona série do sistema público escolar estadunidense. Durante esses anos, por meio das aulas de Educação Física, entrei em contato com quase todas as modalidades esportivas, desde os esportes mais tradicionais nas civilizações ocidentais, como o futebol e o basquetebol, os esportes bem conhecidos, como a natação e o atletismo (porém, menos praticados), até alguns pouco conheci- dos e praticados, como o tênis de mesa e o badminton. Além disso, a escola tinha equipes estruturadas em todas essas modalidades, e eu, como um bom brasileiro em terras estrangeiras, fazia parte da equipe de futebol. Outro detalhe que me lembro bem era a abordagem utilizada pelo professor de Educação Física para minis- trar as aulas: sempre com um apito nas mãos e com uma ênfase constante na disciplina e na melhora do desempenho nos esportes que estavam sendo ensinados. Outro relato que gostaria de fazer traz minha experiência nas aulas de Educação Física durante as últimas etapas da Educação Básica aqui no Brasil. Acredito que essa experiência seja comum à de várias pessoas. Resumindo, havia duas quadras, uma com dois 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo golzinhos e uma com uma rede de voleibol. Na grande maioria das aulas, os meninos, em sua maioria, separavam-se em equipes para jogar futebol na quadra com os golzinhos, e as meninas e alguns pou- cos meninos, geralmente os que não eram escolhidos para nenhu- ma equipe no futebol, organizavam-se para jogar voleibol na outra quadra. A postura da professora era extremamente licenciosa, e seu papel resumia-se a pegar as bolas, que ficavam guardadas em uma salinha fechada, e punir os alunos que se envolviam em brigas. Um fato curioso que me lembro durante esses anos foi que, em certa época, houve um movimento forte do basquetebol na ci- dade, e esse movimento refletiu na escola. Em uma das quadras, havia duas tabelas, mas com os aros quebrados, e a escola ainda tinha os aros guardados na salinha de materiais. Assim, os alunos organizaram-se e pensaram em um sistema com dois ferros verticais paralelos fixados na tabela, sendo que o aro poderia ser encaixado quando fosse ser usado e retirado após o jogo, para evitar que fosse quebrado novamente. Durante todo o ano letivo, durante os "re- creios", os alunos levavam uma bola de basquetebol e organizavam- se em trios para a disputa do streetball, uma variação do jogo de basquetebol de quadra, no qual duas equipes de três jogadores têm o objetivo comum de chegar aos 21 pontos. O curioso é que, mes- mo com essa manifestação espontânea dos alunos por uma ativida- de diferente das rotineiras aulas de futebol e voleibol, a professora continuou com a mesma postura, e, nas aulas de Educação Física, os meninos continuaram a jogar futebol, e as meninas continuaram a jogar voleibol. Esses dois relatos envolvem algumas das características mais comuns da Educação Física escolar em duas culturas diferentes. A descrição das aulasna escola dos Estados Unidos reflete uma Educa- ção Física com uma ênfase muito forte na disciplina e na obediência, no autoritarismo e na "esportivização", ou seja, na pré-formação de atletas. Apesar da diversidade de práticas apresentadas nas aulas de Educação Física, não havia uma preocupação em discutir a origem dessas modalidades, o contexto em que surgem e sua relação com a cultura do país de origem. Além disso, a ênfase é sempre na melhora © Basquetebol14 de desempenho, na competitividade, sempre alimentando o grande sonho de todo menino ou menina em se tornar o próximo ícone do esporte nacional, sem muita preocupação em discutir a importân- cia do esporte para a grande maioria dos indivíduos que participam dessa aula, que não se transformarão em ícones do esporte, mas viverão o resto da vida idolatrando os que conseguiram chegar lá. Em contrapartida, a descrição das aulas de Educação Física no Brasil ilustram um certo descaso criado, em grande parte, por um pa- radigma resultante de uma série de visões fragmentárias que carac- terizam essa disciplina nas escolas brasileiras. Em suma, as aulas de Educação Física, que, aliás, enfatiza no próprio nome a questão físi- ca, aulas que são sempre realizadas nas quadras, serviriam como um "descanso mental" para as outras disciplinas, que são realizadas na sala de aula. Ou seja, a função primordial da Educação Física escolar seria "trabalhar o físico" e, ao mesmo tempo, "descansar o mental". Vamos analisar um pouco mais sobre as diferenças entre essas duas abordagens. Começaremos dando uma olhada em uma tirinha do Calvin e Haroldo: Fonte: Watterson (1996). Figura 1 Calvin e Haroldo. 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Como vimos no final, essa tirinha ilustra, na visão de Calvin, um típico dia na escola. Você, por acaso, conseguiu identificar a Edu- cação Física nesse típico dia escolar? Na verdade, creio que podería- mos discutir a relação de cada quadrinho da tirinha com a Educação Física, afinal, podemos afirmar que a grande maioria já se sentiu, por exemplo, como um robozinho, ou um papagaio, que só reproduz o que é ensinado; ou como um pote vazio, esperando o preenchimen- to de conhecimento depositado por um sábio educador; ou, ainda, como um bloquinho de construção, moldado para encaixar em um espaço já construído, ou, simplesmente, um peixe fora d’ água. Mas o quadrinho que está mais evidentemente relacionado às aulas de Educação Física é, certamente, o que mostra o Calvin gastando suas energias antes de voltar ao trabalho duro. Além da clara separação entre disciplina de quadra e disci- plinas de sala de aula, as aulas de Educação Física não poderiam ser realizadas dentro de uma sala de aula, até porque teriam, su- postamente, como objetivo apenas a Educação Física do indivíduo. Essa visão ainda evidencia a clássica fragmentação do próprio ser humano, muito presente no paradigma fragmentário entre corpo e mente, ou físico e mental. Vamos dar uma olhada em outra tiri- nha, dessa vez do preguiçoso Garfield. Fonte: Folha de São Paulo, Página E3 (03/04/2006) Figura 2 Garfield. Essa ilustração é o reflexo de uma visão bastante comum, que compreende que, de alguma maneira, seria possível uma se- paração entre a mente e o corpo, visão inclusive que dá sustenta- ção e legitimação ao argumento que afirma que o papel da Edu- © Basquetebol16 cação Física seria o de trabalhar apenas o físico, ao mesmo tempo descansando o mental. Conseqüentemente, à Educação Física foi atribuído um caráter secundário, menos importante do que as ou- tras disciplinas, descaso refletido na licenciosidade de alguns pro- fessores, como o descrito em minha experiência escolar, que inclu- sive ganharam até um nome carinhoso: o professor "rola bola". Então, temos dois exemplos praticamente opostos de aulas de Educação Física: um com uma ênfase na disciplina autoritária, e outro com uma ênfase no que poderíamos chamar de liberdade licenciosa, ou seja, no "rola bola". Então, faço uma pergunta: qual abordagem seria mais prejudicial para o processo de ensino e de aprendizagem – uma abordagem autoritária ou uma abordagem licenciosa? Para o educador brasileiro Paulo Freire (2005), faz-se necessário encontrarmos um equilíbrio "mais ou menos harmo- nioso" entre a autoridade e a liberdade, pois, sempre que há um desequilíbrio entre esses dois polos, o processo de ensino e de aprendizagem será prejudicado. Um destaque importante dessa crítica de Freire (2005) ao autoritarismo decorrente de práticas restritas e da licenciosidade decorrente da liberdade excessiva é que, mesmo fazendo essa afir- mação com certa dor, pelo compromisso e amor que tinha pela liberdade, o autor julga mais problemático a licenciosidade, pois o educador é sujeito indispensável no processo educativo, e a falta de compromisso com essa prática pode culminar em problemas mais graves do que uma autoridade exacerbada. Voltando aos dois exemplos de aulas de Educação Física ilustrados pelas minhas experiências escolares durante a adoles- cência, experiências que refletem características bastante comuns na Educação Física Escolar contemporânea, apesar de utilizarem abordagens praticamente opostas, ambas possuem um ponto em comum: estão distantes de uma educação que dê oportunidade para o indivíduo compreender os importantes aspectos que se es- condem por detrás das cortinas do grande show ao qual se trans- formaram os esportes modernos. Pois esse será um dos principais 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo objetivos deste estudo: promover diálogos que possibilitem refle- xões críticas sobre tudo que passa por detrás das cortinas, para que possamos nos preparar, juntos, para assumir o papel de edu- cadores preocupados com a formação íntegra de nossos alunos. Nesse sentido, tentaremos compreender um pouco melhor quais são esses elementos. Para essa discussão, poderíamos pensar em diversos exem- plos tão antigos, como a política do pão e circo do Império Ro- mano, ou recentes, como os últimos Jogos Olímpicos de Verão, realizados em Pequim em 2008, que envolveram toda a contro- vérsia sobre direitos humanos e a relação entre a China e o Tibete, ou ainda muito mais próximos de nós brasileiros, como a Copa do Mundo de Futebol de 1970, ou mesmo os futuros grandes eventos que serão realizados aqui no Brasil, como a Copa do Mundo de Fu- tebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de Verão de 2016. Mas vamos aproveitar um exemplo que ganhou atenção global neste ano, por meio do filme Invictus, que conta a história da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, realizada na África do Sul. Essa foi a terceira Copa do Mundo de Rúgbi, e a primeira em que todos os jogos foram realizados em um só país. Mais impor- tante ainda foi o primeiro grande evento realizado na África do Sul após o fim da Apartheid, regime político racista que perdurou por quase 50 anos no país. O novo presidente, Nelson Mandela, foi o primeiro presidente a ser eleito por uma eleição democrática na África do Sul, e, depois de ter ficado preso por 27 anos por ligações com o movimento antiapartheid, promoveu uma política de paz e de união. Foi a primeira vez que o time da África do Sul pôde par- ticipar de uma Copa do Mundo, autorização que só veio por causa do fim da Apartheid. O filme Invictus mostra a importância desse grande evento no processo de reconciliação de uma nação divi- dida entre brancos e negros. Mostra a motivação de uma equipe que estava longe de ser uma das favoritas ao título, a África do Sul, mas que, empurrada pela força de uma torcida que encontrou no esporte um ponto em comum entre pessoas que foram ensinadas a viver separadas por tanto tempo, se tornou campeã. © Basquetebol18 Pensando somente nesse exemplo, nessegrande evento, imagine quantas questões podemos levantar. Questões socioló- gicas, históricas, políticas e filosóficas. Pensando no basquetebol, imagine as discussões que poderíamos promover sobre os Jogos Pan-americanos de 1987, realizados em Indianápolis, no qual a se- leção brasileira masculina de basquetebol venceu os Estados Uni- dos na final, sendo que essa foi a primeira vez que a equipe esta- dunidense perdeu uma partida jogando em seu próprio país; ou os Jogos Pan-americanos de 1991, realizados na capital cubana, em que a seleção brasileira feminina de basquetebol venceu a equipe da casa, recebendo a medalha de ouro das mãos do próprio presi- dente, Fidel Castro – questões sobre a própria história do basque- tebol, mas que também ultrapassam os limites das quadras. Nesse sentido, ensinar "basquetebol" significa muito mais do que simplesmente ensinar quais são os fundamentos neces- sários para, por exemplo, a realização de um arremesso, de um passe, ou a compreensão de um sistema defensivo, não que esses elementos também não sejam importantes. Em outras palavras, o aprendizado do basquetebol inclui, sim, a compreensão dos ele- mentos necessários para se jogar o jogo, mas também inclui os elementos necessários para a compreensão do jogo de forma inte- gral, ou seja, o jogo em todas as suas esferas, como, por exemplo, a esfera educacional, a esfera recreacional e suas relações com a complexa realidade social, que envolve elementos históricos, cul- turais, políticos, religiosos e até mesmo filosóficos. Para finalizar, gostaria de propor mais um exercício de me- mória: feche os olhos e tente, por alguns segundos, fazer silêncio. Tente se lembrar de quando você estava aprendendo os primeiros passos de seu esporte favorito. Sei que não é um exercício fácil, pois um bom tempo já se passou, mas sei também que esse tipo de lembrança não é fácil de esquecer. Nesses primeiros passos, o que era mais importante para você, o que realmente lhe fazia sentir bem? Era conseguir executar o movimento com a perfeição mecânica descrita nos livros, ou sim- 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo plesmente conseguir acertar a cesta, ou fazer o gol, independente- mente de como tenha conseguido fazer isso? Era fazer exercícios repetitivos para atingir a perfeição, ou era a simples oportunidade de fazer algo com seus pais ou com seus amigos? Era treinar exaus- tivamente para ser um grande campeão, ou era sonhar que já era um grande campeão, gritando o nome de seu ídolo quando fazia uma bela jogada? Não precisa responder, pois acredito que já sei as respostas. E espero que, quando chegar a sua vez de ensinar os primeiros passos de um esporte a um curioso aprendiz, resgate essas memórias mais uma vez. Desejo a todos bons estudos e uma bela viagem por esses tortuosos, porém gratificantes, caminhos da educação. Glossário de conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimen- to dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Basquetebol como conteúdo da Educação Física Esco- lar: considerado como um elemento da Cultura Corpo- ral que tem por finalidade democratizar e gerar cultura pelo movimento corporal, de um corpo não fragmenta- do, contemplando, assim, a sua manifestação social no exercício crítico da cidadania, contrapondo-se à exclusão e à competitividade exacerbada. 2) Ser humano: o indivíduo é um ser que, antes de ser algo, profissionalmente falando, é gente, sente e comporta- -se segundo suas necessidades e privações. O homem e a mulher são seres histórico-sociais, complexos, capa- zes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, de "conquistar os cumes". Não são um a priori da História, sujeitos inertes e passivos. Estão em um permanente movimento de busca, porque têm a consciência do mundo e a consciência de si como seres inacabados, inconclusos. © Basquetebol20 3) Conhecimento: o conhecimento não é apenas o conhe- cimento escolar, construído na escola. O conhecimento também é o "saber ingênuo"/ "saber de experiência fei- to" / "intuitivo, subjetivo, sensível e vibrante", porque a "leitura do mundo" precede a "leitura da palavra". O conhecimento vai além dos conteúdos, implicando um conhecimento para "pensar certo". O conhecimento é um ato comunicante, de entendimento co-participado. O conhecimento técnico/científico é relevante, porém, além de não ser imutável, não torna homens e mulheres melhores que outros. 4) Realidade: a realidade é de um mundo capitalista que sobrepõe os interesses do mercado aos "interesses ra- dicalmente humanos" e estabelece, por exemplo, que enquanto uns devem deter o "chicote", outros devem se inclinar a eles. A realidade é de um sistema que coloca tudo à sua disposição, ao seu uso. 5) Ensino e aprendizagem: na relação ensino-aprendiza- gem, a primeira exigência são as pessoas, depois vêm as técnicas. O ensino escolar é para a formação técnica, mas também para a formação para a vida, para a huma- nidade, reconhecendo-se o valor das emoções, da sen- sibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação. Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos. Os educadores não são, de modo algum, os senhores exclu- sivos do conhecimento. Quem ensina aprende ao ensi- nar e quem aprende ensina ao aprender. E, na relação, a reflexão e a crítica (desconfiança) sobre as idéias são fundamentais para que não se acredite sem refletir, para que se seja sujeito do processo, favorecendo o aprendi- zado de sua autonomia. Ao educador e à educadora cabe o favorecimento para que aprendizagem crítica ocorra e, para isso, o respeito aos educandos, considerando- -os como também sujeitos do processo, é fundamental, assim como a adoção da postura de falar com o outro e não a ele, pois, engajada na formação de educandos, não é possível à escola alhear-se das condições sociais, culturais e econômicas de seus alunos, de suas famílias e de seus vizinhos. 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo 6) Esportivização: processo pelo qual as ações escolares são associadas ao esporte de rendimento do sistema despor- tivo não escolar. Nessa óptica, ao esporte na escola es- taria ligada a finalidade de melhoria do rendimento es- portivo por meio de exercícios técnicos, táticos e físicos, servindo ao ideal da competição, da formação de atletas. Outra característica da "esportivização" é a Educação Físi- ca desvinculada do projeto educacional das escolas. Esquema dos conceitos-chave Além do cronograma que você deverá seguir para desenvol- ver suas atividades e interatividades propostas pelo professor res- ponsável, você poderá valer-se de outros tipos de aprendizagem, como Aprendizagem de conceitos, de princípios (uma cadeia de vários conceitos), que poderão levá-lo à resolução de problemas, quando, mediante a combinação desses princípios, é produzido um novo conhecimento. Daí a importância de um Esquema de conceitos-chave para se ter clareza das idéias e dos princípios que fundamentam um saber científico. Figura 1 Esquema dos conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Basquetebol. © Basquetebol22 Como você pode observar, o esquema anterior apresenta- -lhe uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Seguindo esse esquema, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo edu- cativo. Por exemplo, com base no Esquema dos Conceitos-chave, é possível compreender com mais facilidade que o conceito de es- portivização tanto pode estar associado ao Basquetebol enquantoesporte de Rendimento, quanto ao Basquetebol como conteúdo da Educação Física Escolar, dependendo, para isso, da reflexão e da crítica realizadas. Observamos que o Esquema dos conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem somar-se àqueles dispo- níveis no ambiente virtual com suas ferramentas interativas, bem como às atividades didático-pedagógicas realizadas presencial- mente no pólo. Lembre-se de que você, como aluno na modalida- de a distância, pode valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. Questões autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados. Responder, dis- cutir e comentar essas questões e relacioná-las com a prática do ensino de basquetebol pode ser uma forma de você medir o seu conhecimento, de ter contato com questões pertinentes ao assun- to tratado e de lhe ajudar na preparação para a prova final. Mais ainda: é uma maneira privilegiada de você adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Bibliografia básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (Motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno do curso de Licenciatura em Educação Físi- ca na modalidade EAD e futuro profissional da Educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas esti- puladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os © Basquetebol24 conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 1 EA D Introdução ao Estudo do Basquetebol 1. OBJETIVOS • Contextualizar o estudo do Basquetebol com a Educação Física escolar. • Apresentar entendimentos sobre a Educação Física esco- lar. • Compreender os objetivos da Educação Física escolar, com base em documentos oficiais. • Conhecer e apresentar posicionamentos sobre o ensino do Basquetebol na escola. 2. CONTEÚDOS • Entendimentos sobre a Educação Física escolar. • Documentos da educação básica. • Objetivos do ensino fundamental. © Basquetebol26 • Objetivos do ensino médio. • Posicionamentos sobre o ensino do Basquetebol na escola. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre com o material didático em mãos e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. 2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 4. INTRODUÇÃO Para o início da abordagem do Basquetebol, visto que está na área de formação de professores para a Educação Básica, é indis- pensável uma breve apresentação sobre a Educação Física Escolar, sobre os documentos da Educação Básica e sobre os nossos posicio- namentos quanto ao ensino do basquetebol na escola. Vamos, então, aos estudos! 5. ENTENDIMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A Educação Física escolar brasileira teve seu início oficial em 1851, com a Reforma Couto Ferraz, quando foram apresentadas à Assembleia as bases para a reforma do ensino primário e se- cundário no Município da Corte. Após três anos, em 1854, a sua regulamentação foi expedida e entre as matérias a serem obriga- 27 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol toriamente ministradas estava, no primário, a ginástica, e no se- cundário, a dança (BETTI, 2009). No que diz respeito à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), principal lei relacionada à Educação, a qual foi es- tabelecida no ano de 1961 (lei no 4.024, de 20 de dezembro de 1961), a Educação Física já estava presente. Nesta, era considerada obrigatória nos cursos de graus primário e médio até a idade de 18 anos (BRASIL, 1961), porém, tinha como preocupação primordial a preparação física dos jovens para o ingresso no mercado de traba- lho de forma produtiva (SILVA; VENÂNCIO, 2005). Com a reformulação na LDB, ocorrida em 1971 (lei no 5.692, de 11 de agosto de 1971), a obrigatoriedade da Educação Física foi ampliada a todos os níveis e ramos de escolarização, mas, ain- da, com a intenção de preparação física de trabalhadores. Isso se evidencia com as opções de facultabilidade apresentadas pela lei: estudar em período noturno e trabalhar mais de 6 horas diárias; ter mais de 30 anos de idade; estar prestando serviço militar; estar fisicamente incapacitado (BRASIL, 1971). Nesse contexto, houve um favorecimento para a considera- ção da Educação Física enquanto mera atividade extracurricular, como um elemento sem nenhum comprometimento formativo educacional (SILVA; VENÂNCIO, 2005). No plano legal, tal formulação começa a ser desconstruída com a LDB de 1996 (lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996), na qual a Educação Física passa a ser considerada um componente curricular como os demais. A LDB de 1996, em seu artigo 26o, pa- rágrafo 3o, determina: A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996). © Basquetebol28 Entretanto, tal alteração não surtiu o efeito esperado, pois, com o caráter genérico desse artigo, não ficou garantida a presen- ça das aulas de EducaçãoFísica em todas as etapas da Educação Básica, bem como, que os profissionais que ministrassem essas aulas contassem com formação específica, principalmente nas sé- ries iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil (SILVA; VENÂNCIO, 2005). Visando a garantia da Educação Física em toda a Educação Básica, em 2001 foi aprovada uma alteração no parágrafo 3o do artigo 26o da LDB, que inseriu a expressão "obrigatório" ao "com- ponente curricular" (BRASIL, 2001). Em 2003, com a Lei no 10.793, de 1o de dezembro de 2003, que alterou, novamente, o 3o parágrafo do artigo 26o da LDB, a facultabilidade às aulas de Educação Física foi modificada, não se restringindo a todas as pessoas que estudam em período noturno, mas àquelas que, independente do período de estudo, se enqua- dram nas seguintes condições: mulheres com prole, trabalhado- res, militares e pessoas com mais de 30 anos (BRASIL, 2003). Tem-se, então, atualmente, em termos legais, a Educação Física como componente curricular obrigatório, o que atribui aos docentes deste, a mesma responsabilidade educacional dos de- mais professores, incluindo a igualdade de salários. Assim sendo, a inserção do profissional licenciado em Educação Física na escola se dá enquanto educador, enquanto professor e não, como técni- co esportivo e/ou recreador. Vale salientar que não estamos que- rendo, aqui, desmerecer ou desqualificar o técnico esportivo e o recreador! Todavia, interpretando a facultabilidade às aulas, a prepara- ção física com o fim em si mesma, direcionada para o condiciona- mento físico, apenas, ainda aparenta estar fortemente atrelada à Educação Física escolar, principalmente se for pensada no âmbito do Ensino Médio, última etapa da Educação Básica, na qual, es- tudantes que já se inseriram em atividades físicas "desgastantes" 29 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol podem requerer a dispensa das aulas, afinal, a Educação Física, agora, não teria mais serventia, pois caracterizaria uma jornada dupla de "cansaço físico". A Educação Física escolar tem a colaborar com o aprimora- mento do educando como pessoa humana, como cidadão e não apenas com a preparação física de pessoas. Mas já nos acostumamos a encará-la como nos primórdios, que nem ficamos tão ofendidos com os estereótipos que nos dão: entre eles, do professor que tem que ter um corpo atlético, do professor que tem uma capacidade mental reduzida, afinal, como cuida muito do corpo, não lhe sobra tempo para cuidar da mente ou do professor mais bacana da escola porque tira os alunos da sala de aula para descansar as suas mentes, como podemos obser- var na Figura 1. Figura 1 Estereótipos de professores de Educação Física. Neste ambiente de incoerências, a possível igualdade educa- cional com os demais componentes curriculares não é tão efetiva assim, o que indica certo desprestígio dos profissionais da área. Esse desprestígio educacional está registrado, até mesmo, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): Em diversas escolas, a disciplina encontra-se desprestigiada e re- levada a segundo plano. Tal fato é de fácil verificação, basta notar que nem sempre somos chamados a opinar sobre alterações nos assuntos escolares (BRASIL, 1998, p. 50). Os motivos deste desprestígio também estão indicados, en- tre eles: "as aulas do ‘mais atraente’ dos componentes limita-se aos já conhecidos fundamentos do esporte e do jogo" (BRASIL, © Basquetebol30 1998, p. 45) e pouco tem contribuído para a compreensão dos fun- damentos, para o desenvolvimento da habilidade de aprender ou sequer para a formação ética dos alunos, objetivos que, também, deveriam orientar esta área (BRASIL, 1998). Ainda, na busca dos motivos para o desprestígio educacio- nal da Educação Física escolar, nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006), são encontrados outros indícios, na crítica sobre a formação do professor que, até os anos 1980 Esteve ligada a uma visão social de Educação Física voltada para a disciplinarização e o condicionamento do corpo, com pressupostos teóricos e justificativas de ações no campo biofisiológico (BRASIL, 2006, p.213). É importante salientar que, embora seja feita uma referên- cia sobre um "modelo" de formação de professores, adotado, em tese, até os anos 1980, o que se encontra, ainda nos dias de hoje, com base no conhecimento experiencial de um saber de experiên- cia feito (FREIRE, 2006a) sobre o ambiente escolar, é que, tal visão continua a influenciar o exercício docente da Educação Física. O docente de Educação Física, educador, não pode ater-se à reprodução de movimentos físicos. Antes da especificidade do componente curricular, esse profissional é educador, e não somen- te do físico (o ser humano é uma unidade). Muito menos, deve se prestar ao papel de mero treinador de "futebol" e "vôlei": Somos o país do futebol? E, agora, do vôlei? Mas, também somos o país dos jogos e brincadeiras populares, do samba, da capoeira, do maracatu, do frevo e demais movimentos culturais. Se não atentarmos para a diversidade, para a adequação de conte- údos e posturas (utilizando principalmente os cooperativos), conti- nuaremos a excluir a maior parte dos educandos e educandas das aulas de EF (concepções tradicionais satisfazem apenas a uma mi- noria, habilidosa (esportivamente falando), "sempre" favorecida). Não temos e por obrigação moral não podemos compactuar com a idéia de uma EF segregadora, com uma educação para/do físico (LEMOS; SOUZA; LEMOS, 2008, p. 8). Não se torna oportuno, então, ignorar reflexões presentes aos indivíduos participantes do processo educativo escolar, tais 31 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol como, "esportivização" das atividades corporais; influências da mídia sobre o corpo/imagem corporal (LEMOS; SOUZA; LEMOS, 2008). Vale ressaltar, que a compreensão adotada, sobre currícu- lo, parte da consideração deste enquanto artefato social e cultural que tem sua história vinculada a formas contingentes de estrutu- ração e organização da sociedade e da educação, estando assim, conectado a relações de poder. Nesta perspectiva, o currículo não somente divulga significados sobre o mundo e as coisas do mundo, mas também fabrica esses significados, indicando, conseqüente- mente, os conhecimentos que serão válidos. O currículo, então, não está isento de um caráter político, arbitrário, produtivo e in- teressado, o que o coloca em um lugar privilegiado nas disputas educacionais para proposições de ações e direcionamentos (MO- REIRA; PACHECO; GARCIA, 2004). Neste contexto de embates, as relações de poder se perso- nificam, por exemplo, ao se privilegiar um tipo de conhecimento, deixando outros, de lado (SILVA, 2007). Os que não deixam de ter os seus espaços são, geralmente, os esportes de quadra, como por exemplo, Basquetebol, Futsal, Handebol e Voleibol. Cabe lembrar, que em alguns locais a restri- ção é ainda maior, sendo desenvolvidos apenas alguns destes ou até mesmo um. O grande problema, porém, não é o desenvolvimento dos esportes em si (conteúdo), mas a abordagem que se dá ao mesmo, ou seja, o estilo de ensino que se utiliza. Se a ênfase é apenas no ensino da técnica esportiva, a ten- dência é de se utilizar um estilo de ensino próximo do comando, que se caracteriza por: 1) o aluno limita-se a cumprir as ordens do professor, sem qualquer outra participação; 2) a duração, o número de repetições, o ritmo, início e térmi- no das atividades são predeterminados pelo professor; © Basquetebol32 3) utilização constante de demonstração; 4) execução coletiva e padronizada dos movimentos; 5) o professor faz correções, se a execução do aluno não corresponde ao modelo predeterminado; 6) a aprendizagem faz-se porimitação; 7) alta formalidade na relação professor-aluno; 8) baixo envolvimento cognitivo do aluno (BETTI, 2009, p. 160-161). Muitos podem estar se perguntando: este não é um modelo adequado? A resposta, neste caso, será dada com base em uma analogia: Quando alguém quer que o seu animal de estimação tenha um comportamento padronizado, visando não lhe causar proble- mas, afinal "aprenderá" a ter um "bom" comportamento, uma das soluções é o adestramento. Assim, a partir de comandos dados pelo seu dono, o animal reproduzirá o que "aprendeu". Podemos dizer, então, de "alunos adestrados", ou seja, aqueles que saberão reproduzir um movimento, porém, não necessariamente estará consciente do seu propósito, ou da sua efetiva contribuição edu- cativa. Entendido desta maneira, pouco vai importar se em uma si- tuação esportiva, entre a execução de um movimento vai estar um colega de sala. Neste caso, vai importar mais um ponto, um gol, do que a integridade de um adversário. A palavra adversário foi colocada intencionalmente, pois, deriva do latim adversus, significando algo ou alguém que está em oposição, contrário, inimigo. Acaba-se, quase que literalmente, travando uma batalha es- portiva entre "exércitos" inimigos. Não é à toa que uma das carac- terísticas esportivas, por sinal, muito valorizada, é a do guerreiro! Será que realmente este modelo para o ensino do esporte na escola é o mais adequado? 33 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol Vamos pensar na palavra concorrente, ao invés de adversá- rio. O termo concorrente deriva do latim concurro, significando correr juntamente. Seria mais conveniente esta utilização? Sem dúvidas, mas a simples alteração de uma palavra por outra não resolveria a inadequação do trabalho com o esporte na escola. Indica-se, todavia, um caminho: o das relações entre pesso- as, o caminhar ou correr, objetivando algo, juntamente. Desvia-se a atenção dos gestos mecânicos para os seres humanos em movi- mento. Em recente publicação da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, intitulada Proposta Curricular do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008), a qual está estruturada a fim de propor a todos os componentes curriculares, aula a aula, situações de aprendiza- gem a serem desenvolvidas com os discentes. Da Educação Física espera-se a atenção ao repertório de conhecimentos que os alu- nos já possuem sobre diferentes manifestações corporais e de mo- vimento, bem como a busca pela sua ampliação, aprofundamento e qualificação críticos, o que indica uma intenção de superação da visão reducionista comumente encontrada na prática pedagógica da Educação Física escolar. Também, intenta-se a oferta de melhores oportunidades de participação e usufruto no jogo, esporte, ginástica, luta e ativida- des rítmicas, assim como "possibilidades concretas de intervenção e transformação desse patrimônio humano relacionado à dimen- são corporal e ao movimentar-se – o qual tem sido denominado ‘cultura de movimento’" (SÃO PAULO, 2008, p. 42). Diante dessa outra visão para os conteúdos esportivos, ao menos no plano teórico, possibilidades educacionais podem gerar um processo educativo mais efetivo, pois se abre à realização de reflexões e críticas sobre o feito. Tal ponderação acerca das possibilidades educacionais, ad- vém do entendimento de que, se o esporte, conteúdo hegemônico da área, ensinado nas escolas enquanto cópia irrefletida do espor- © Basquetebol34 te de competição ou de rendimento, só pode fomentar vivências de sucesso para a minoria e o fracasso ou a vivência de insucesso para a maioria e, deste modo, não apresenta elementos de forma- ção geral (nem mesmo para a saúde física, mais preconizado para essa prática) para se constituir uma realidade educacional, em ou- tra perspectiva, havendo uma transformação didático-pedagógica, o esporte, que, atualmente é uma das objetivações culturais ex- pressas pelo movimento humano mais conhecidas e mais admira- das, até mesmo entre as mais diferentes manifestações culturais existentes, pode tornar-se uma realidade educacional potenciali- zadora de uma educação crítico-emancipatória (KUNZ, 2006). No âmbito específico da Educação Física, seguindo na busca da transcendência para a valorização do ser humano, a ciência da Motricidade Humana (SÉRGIO, 1999), também, tem muito a con- tribuir, pois é consciência de "um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência" (p. 274), é uma ciência do ser hu- mano considerado em sua globalidade, na qual o físico está nela, integral, superado. Nas palavras de Sérgio (1999): A motricidade humana é a expressão do anseio de transcendência que em nós habita, como factor inalienável de transformação e de realização pessoal e social. A motricidade humana é assim portado- ra de Futuro, porque é o não ao que está-aí, através do movimento livre e libertador (...) motricidade humana, transcendência e liber- dade são inseparáveis (p. 245). 6. DOCUMENTOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA Seguindo o objetivo de contextualizar a Educação Física es- colar para situar o Basquetebol que apresentaremos, são expostos os objetivos da Educação Física inserida na escola com base nos seguintes documentos: 1) Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física – en- sino de primeira à quarta série (BRASIL, 1997). 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol 2) Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física – en- sino de quinta a oitava séries (BRASIL, 1998). 3) Orientações curriculares para o ensino médio: volume 1 – Linguagens, códigos e suas tecnologias (BRASIL, 2006). 4) Proposta curricular do Estado de São Paulo: Educação Física (SÃO PAULO, 2008). Objetivos do ensino fundamental Objetivos de Educação Física para o primeiro ciclo Espera-se que ao final do primeiro ciclo os alunos sejam ca- pazes de: • participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou cul- turais; • conhecer algumas de suas possibilidades e limitações corporais de forma a poder estabelecer algumas metas pessoais (qualitati- vas e quantitativas); • conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferen- tes manifestações de cultura corporal presentes no cotidiano; • organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais simples (BRASIL, 1997, p. 47). Objetivos de Educação Física para o segundo ciclo Já no final do segundo ciclo acredita-se que os alunos sejam capazes de: • participar de atividades corporais, reconhecendo e respeitando algumas de suas características físicas e de desempenho motor, bem como as de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais; • adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, buscando solucionar os conflitos de forma não-violenta; • conhecer os limites e as possibilidades do próprio corpo de for- ma a poder controlar algumas de suas atividades corporais com autonomia e a valorizá-las como recurso para manutenção de sua própria saúde; © Basquetebol36 • conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferen- tes manifestações da cultura corporal, adotando uma postura não-preconceituosa ou discriminatória por razões sociais, sexuais ou culturais; • organizar jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais, va- lorizando-as como recurso para usufruto do tempo disponível; • analisar alguns dos padrões de estética, beleza e saúde presentes no cotidiano, buscando compreender sua inserção no contexto em que são produzidos e criticando aqueles que incentivam o consumismo (BRASIL, 1997, p.52).Objetivos para terceiro e quarto ciclos Para o final do quarto ciclo, deseja-se que os alunos sejam capazes de: • participar de atividades de natureza relacional, reconhecendo e respeitando suas características físicas e de desempenho motor, bem como a de seus colegas, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais. Apropriar-se de processos de aperfeiçoamento das capacidades físicas, das habilidades moto- ras próprias das situações relacionais, aplicando-os com discerni- mento em situações-problema que surjam no cotidiano; • adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade na prática dos jogos, lutas e dos esportes, buscando encaminhar os conflitos de forma não-violenta, pelo diálogo, e prescindindo da figura do árbitro. Saber diferenciar os contextos amador, recrea- tivo, escolar e o profissional, reconhecendo e evitando o caráter excessivamente competitivo em quaisquer desses contextos; • conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar de algumas das diferen- tes manifestações da cultura corporal, adotando uma postura despojada de preconceitos ou discriminações por razões sociais, sexuais ou culturais. Reconhecer e valorizar as diferenças de de- sempenho, linguagem e expressividade decorrentes, inclusive, dessas mesmas diferenças culturais, sexuais e sociais. Relacio- nar a diversidade de manifestações da cultura corporal de seu ambiente e de outros, com o contexto em que são produzidas e valorizadas; • aprofundar-se no conhecimento dos limites e das possibilidades do próprio corpo de forma a poder controlar algumas de suas posturas e atividades corporais com autonomia e a valorizá-las como recurso para melhoria de suas aptidões físicas. Aprofundar as noções conceituais de esforço, intensidade e freqüência por meio do planejamento e sistematização de suas práticas corpo- rais. Buscar informações para seu aprofundamento teórico de 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol forma a construir e adaptar alguns sistemas de melhoria de sua aptidão física; • organizar e praticar atividades corporais, valorizando-as como recurso para usufruto do tempo disponível, bem como ter a ca- pacidade de alterar ou interferir nas regras convencionais, com o intuito de torná-las mais adequadas ao momento do grupo, favorecendo a inclusão dos praticantes. Analisar, compreender e manipular os elementos que compõem as regras como instru- mentos de criação e transformação; • analisar alguns dos padrões de beleza, saúde e desempenho pre- sentes no cotidiano, e compreender sua inserção no contexto sociocultural em que são produzidos, despertando para o senso crítico e relacionando-os com as práticas da cultura corporal de movimento; • conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promoção de ativi- dades corporais e de lazer, reconhecendo-as como uma necessi- dade do ser humano e um direito do cidadão, em busca de uma melhor qualidade de vida (BRASIL, 1998, p.89-90). O trato com os conteúdos de 5ª a 8ª séries O objetivo não é delimitar ou restringir o Se Movimentar dos alunos. Pelo contrário, busca-se diversificar, sistematizar e apro- fundar as experiências do Se Movimentar no âmbito das culturas lúdica, esportiva, gímnica, das lutas e rítmica, tanto no sentido de proporcionar novas experiências de Se Movimentar, permitindo aos alunos estabelecer novas significações, bem como resignificar experiências já vivenciadas. As atividades de 5ª a 8ª séries devem proporcionar aos alunos experiências que os levem a compreen- der formas e dinâmicas de jogos mais elaboradas, tornando-os mais capazes de responder efetivamente às situações-problema que os significados/sentidos de sua cultura propõem. Os jogos coletivos com regras simples das séries iniciais do Ensino Funda- mental, como o pega-pega com bola, a queimada, o passa dez, o câmbio etc., tornam-se mais desafiadores aos jovens de 5ª a 8ª sé- ries à medida que se aproximam dos códigos da cultura esportiva, exigindo deles um comportamento tático mais complexo. Se uma característica dos jogos coletivos nas séries iniciais é a aglutinação © Basquetebol38 em torno da bola e a movimentação em bloco por parte dos par- ticipantes com ocupação restrita dos espaços de jogo, caracteri- zando o jogo chamado "anárquico", posteriormente, ao longo das séries seguintes, a movimentação dos jogadores, a ocupação do espaço e a comunicação entre eles tornam-se mais elaboradas e taticamente mais refinadas (SÃO PAULO, 2008, p. 45). Objetivos do ensino médio A Educação Física no currículo escolar do ensino médio deve garantir aos alunos: • acúmulo cultural no que tange à oportunização de vivência das práticas corporais; • participação efetiva no mundo do trabalho no que se refere à compreensão do papel do corpo no mundo da produção, no que tange ao controle sobre o próprio esforço e do direito ao repou- so e ao lazer; • iniciativa pessoal nas articulações coletivas relativas às práticas corporais comunitárias; • iniciativa pessoal para criar, planejar ou buscar orientação para suas próprias práticas corporais; • intervenção política sobre as iniciativas públicas de esporte, lazer e organização da comunidade nas manifestações, vivência e na produção de cultura (BRASIL, 2006, p. 225). Além dos conteúdos, o tratamento metodológico deve con- siderar as seguintes orientações: • garantir o direito de todos os alunos, sem exceção, terem acesso aos conhecimentos produzidos culturalmente e que se manifes- tam nas diferentes práticas corporais; • possibilitar a compreensão dos alunos quanto à natureza social e cultural dessas práticas; • problematizar a construção cultural das práticas corporais, bem como o questionamento dos valores e dos padrões usualmente a elas vinculados; • situar os alunos como sujeitos produtores de cultura, viabilizan- do condições para que se apropriem dessas práticas, vivencian- do-as e recriando-as tanto na forma como nos sentidos e valores a elas atribuídos, com base em seus próprios interesses; 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol • propiciar condições para que o aluno compreenda que brinca- deira e jogo, entendidos como direitos sociais, refletem a produ- ção de saberes e conhecimentos (BRASIL, 2006, p. 235). Professores e alunos hoje reclamam o acesso aos bens de con- sumo, aos espaços públicos de qualidade, a quebra de barreiras pre- conceituosas e principalmente o direito à informação e ao conheci- mento acerca das práticas corporais. Para tanto, é fundamental: • garantir a participação irrestrita de todos em todas as práticas possíveis, independentemente de suas qualificações prévias ou aptidões físicas e desportivas; • desmitificar o discurso acerca da virilidade masculina e da fra- gilidade feminina quanto às capacidades e habilidades físicas, proporcionando aos grupos vivências corporais e debates sobre valores morais e étnicos de cunho sexista; • superar na relação pedagógica a idéia de que as diferenças entre homens e mulheres são apenas biológicas. Os corpos feminino e masculino, assim como a subjetividade de homens e mulheres, se constituem a partir de relações sociais, construídas ao longo da história; • desmitificar o discurso da ascensão sócio-econômica fácil, que acaba afastando muitos jovens da escola e da cultura juvenil em direção ao fascínio que o mundo do espetáculo da competição exerce por meio da mídia; • desmitificar o discurso do combate à marginalização social por meio da Educação Física, questionando a idéia de que o exercício de práticas corporais sistematizadas, controladas por professo- res e instituição escolar, é um antídoto para grandes males que assolam a sociedade moderna, taiscomo: consumo de drogas, criminalidade urbana, gravidez precoce, entre outros. As práticas corporais precisam ser tratadas como direito social de vivência e produção de cultura, e não como "prêmio", "castigo" ou "remé- dio" para "corrigir" os jovens das camadas populares; • valorizar outras práticas corporais oriundas dos diversos grupos étnicos que constituem a sociedade brasileira (BRASIL, 2006, p.235-236). O trato com os conteúdos do Ensino Médio No Ensino Médio deve ser ressaltada a possibilidade do Se Movimentar no âmbito da cultura de movimento juvenil ser cote- © Basquetebol40 jada com outras dimensões do mundo contemporâneo, gerando conteúdos mais próximos da vida cotidiana dos alunos. Assim, a Educação Física pode tornar-se mais relevante para eles, não só durante o tempo/espaço da escolarização, como e principalmen- te, auxiliando-os a compreender o mundo de forma mais crítica, possibilitando-lhes intervir nesse mundo e em suas próprias vidas com mais recursos e de forma mais autônoma. Desse modo, a Edu- cação Física não deve objetivar que os jovens pratiquem esporte com mais habilidade ou tornem-se atletas ou exímios executores de movimentos de ginástica. O nível de habilidade em uma moda- lidade esportiva pode melhorar ao longo dos anos como conseqü- ência da prática dentro e fora da escola. Podemos, então, definir como objetivos gerais da Educação Física no Ensino Médio: • a compreensão do jogo (esporte, ginástica, luta e atividade rítmi- ca) como fenômenos socioculturais, em sintonia com os temas do nosso tempo e das vidas dos alunos, ampliando os conheci- mentos no âmbito da cultura de movimento; • o alargamento das possibilidades de Se Movimentar e dos signi- ficados/sentidos das experiências de Se Movimentar no jogo (es- porte, ginástica, luta e atividade rítmica), rumo à construção de uma autonomia crítica e autocrítica (SÃO PAULO, 2008, p. 46). 7. POSICIONAMENTOS SOBRE O ENSINO DO BAS- QUETEBOL NA ESCOLA É bem perceptível, com a análise dos fragmentos dos docu- mentos da Educação Básica, a não ocorrência da esportivização como objetivo das aulas de Educação Física. Assim sendo, não se justificam os modelos de aulas pauta- dos em cópias das tarefas de iniciação e treinamento esportivo, os quais têm como objetivo a formação de atletas em algum nível técnico, utilizando para isso: 1) o ensino de gestos determinados pela performance de alguns atletas; 2) a fixação do gesto, assimilado pela repetição; 41 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol 3) o aprimoramento técnico e tático; 4) culminando na formação de equipes para competições (BRASIL, 2006). Lembra-nos, Kunz (2006, p.125), que o esporte como prática educacional na formação da cidadania crítica e emancipada possui pontos desfavoráveis. São eles: 1) o esporte como é conhecido na sua prática hegemônica, nas competições esportivas e nos meios de comunica- ção (televisão), não apresenta elementos de formação geral – nem mesmo para a saúde física, mais preconiza- do para essa prática – para se construir uma realidade educacional; 2) o esporte ensinado nas escolas enquanto cópia irrefleti- da do esporte de competição ou de rendimento, só pode fomentar vivências de sucesso para a minoria e o fracas- so ou a vivência de insucesso para a maioria; 3) esse fomento de vivências de insucesso ou fracasso, para crianças e jovens em um contexto escolar é, no mí- nimo, uma irresponsabilidade pedagógica por parte de um profissional formado para ser professor; 4) o esporte de rendimento segue os princípios básicos da "sobrepujança" e das "comparações objetivas", os quais permanecem inalterados mesmo para os esportes pra- ticados na escola onde por falta de condições ideais o rendimento não se constitui no objetivo maior da aula. Este é um dos motivos que contribui para que o ensino dos esportes, também, venha a influenciar as crescentes "perda de liberdade" e "perda da sensibilidade" do ser humano, pelo "racionalismo" técnico-instrumental das sociedades industriais modernas. Por tudo que foi apresentado até aqui, acreditamos que te- nha ficado a certeza de que a simples transposição do modelo es- portivizado de ensino do basquetebol para a escola, não seja o caminho mais adequado a seguir. Nesse sentido, reflita sobre isso, observando a Figura 2: © Basquetebol42 Figura 2 Seguindo os moldes esportivizados Ampliando a análise acadêmica, para justificar a incoerên- cia da adoção de um estilo de ensino calcado no comando, com a ênfase competitiva, que pode ser definida como uma "atividade dirigida ao alcance de um padrão ou meta na qual o desempenho do indivíduo ou do seu grupo é comparado e avaliado com relação ao de outro indivíduo ou grupo selecionado, o que leva à formação de uma hierarquia entre os indivíduos ou grupos" (BETTI, 2009, p. 164-165), é importante se analisar de qual perspectiva está se pensando. Para que se possa identificá-la, a definição e divulgação do que se compreende sobre ser humano, conhecimento e realidade, é uma boa estratégia. Vamos a ela, com a divisão em três partes: • Humanização: Ser Humano em constante devir • Conhecimento: na óptica dos processos educativos • Situados na América Latina. 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 - Introdução ao Estudo do Basquetebol Humanização: Ser Humano em constante devir Os seres humanos são seres histórico-sociais, em um perma- nente movimento de busca, porque têm a consciência do mundo e a consciência de si como seres inacabados e inconclusos. Também são seres condicionados, mas não determinados, "porque, inaca- bado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inaca- bamento, sei que posso ir além dele. Esta é a diferença profunda entre ser condicionado e o ser determinado" (FREIRE, 2005, p. 53). Como seres históricos-sociais, são seres únicos, marcados por características definidas a partir das relações pessoais e inter- pessoais, das construções de identidade e de sentimento de per- tença, seja ao grupo familiar, social, étnico-racial, de gênero, de faixa etária, de orientação sexual, entre outros. Contudo, como produtor, reflexo e produto do meio em que vivem, muitos praticam o que Freire (2001) denomina como isola- mento negativo, ou seja, fazem girar tudo em torno de si e de seus interesses, em uma postura individualista, egoísta, personificados como: É a solidão de quem, mesmo na presença de uma multidão, só vê a si, à sua classe ou grupo, em sua gulodice afogando o direito dos outros. É gente que quanto mais tem, mais quer, não importam os meios de que se serve. Gente insensível que junta à insensibilida- de sua arrogância e malvadez; que chama as classes populares, se está de bom humor, "essa gente", se de mau humor, "gentalha" (p. 17-18). Compartilhar com tal postura individualista seria negar que estamos no mundo e com o mundo e para isso com os outros, sig- nificando-o e significando-se através das relações (FREIRE, 2001). Neste sentido, não cabe conceber o ser humano como mero ob- jeto – ele se recusaria a aceitar, pois "o anti-diálogo autoritário ofende a natureza do ser humano, seu processo de conhecer e contradiz a democracia" (FREIRE, 2001, p. 80). © Basquetebol44 Ainda, destaca Freire (2006a), "dizer a palavra não é privi- légio de alguns (...) Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la para os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais" (p. 90-91). Para a tomada ou retomada da existência, para o protagonis- mo, Freire (2006a) indica o caminho: a relação dialógica com o ou- tro. Um diálogo igualitário, que supõe que as falas e proposições de cada participante serão tomadas por seus argumentos e não pelas posições que ocupam (idade,
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