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TIPICIDADE, DOLO, CULPA E ERRO

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TEORIA DA TIPICIDADE 
 A tipicidade é elemento do fato típico, assim como a conduta dolosa ou culposa, o resultado, e o nexo causal. 
 
Tipicidade: é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração 
contida na lei penal incriminadora. 
 Em tese, todo fato típico é antijurídico. Só não o é quando provado que o sujeito praticou a conduta 
acobertado por uma causa de exclusão da antijuridicidade, prevista no art. 23 do Código Penal. Então, o fato é 
típico, mas não antijurídico. Ao contrário, o fato pode ser antijurídico e não típico. É o que acontece com o 
preso que foge sem empregar violência contra a pessoa (art. 352). Esta conduta é ilícita, mas não é antijurídica. 
 
Conceito de tipicidade: é a subsunção, a justaposição, o enquadramento, o amoldamento de uma conduta 
praticada no mundo real a um tipo legal, ou seja, ao modelo descritivo constante da lei. 
 
Adequação típica: é o enquadramento da conduta ao tipo legal. A tipicidade é a conseqüência da adequação 
típica. 
 
Espécies de adequação típica: 
Adequação típica de subordinação imediata (direta): ocorre quando houver uma direta e perfeita adequação da 
conduta ao tipo legal. Ex. A desfere golpes de picareta contra a cabeça de B, produzindo-lhe, em conseqüência, 
a morte. Entre esta conduta e o tipo legal do homicídio (art. 121) há uma perfeita correspondência; o fato se 
enquadra diretamente no modelo descritivo. 
Adequação típica de subordinação mediata (indireta): A adequação do fato ao tipo penal não ocorre de maneira 
direta, sendo necessário à tipicidade que se complete o tipo penal com outras normas contidas na parte geral do 
código. Ocorre quando, cotejados o tipo e a conduta, não se verifica entre eles perfeita correspondência, sendo 
necessário o recurso a uma outra norma que promova a extensão do tipo até alcançar a conduta. Ex. A querendo 
matar B descarrega contra este sua arma de fogo, não o acertando por erro na pontaria. Comparada esta conduta 
com o tipo do homicídio, verifica-se que inexiste correspondência, pois o modelo descreve a conduta de matar 
alguém e a conduta não produziu qualquer morte. 
 No caso da tentativa, a adequação da conduta ao tipo jamais será imediata, pois sem a consumação não haverá 
realização integral da figura típica. 
 Necessário então, recorrer a uma norma que ligue o fato ao tipo, funcionando como uma ponte entre ambos. 
Esta norma é conhecida como norma de extensão da figura típica. A norma da tentativa, art. 14, II, é portanto, 
uma norma de extensão, por meio da qual resulta a adequação típica mediata ou indireta. 
 A extensão ou ampliação do tipo, no caso da tentativa, ocorre no tempo, pois o modelo descritivo alcança o 
fato momentos antes dele atingir a consumação. Veja: a conduta só deveria se enquadrar no tipo, quando 
atingisse a consumação, mas a norma da tentativa faz com que aquele retroceda no tempo e alcance a conduta 
antes de sua realização completa. 
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 Por essa razão, a norma da tentativa é conhecida por norma de extensão ou ampliação temporal da figura 
típica, donde resulta a adequação típica mediata ou indireta. 
 No caso da participação também inocorre correspondência direta entre a conduta e o tipo legal. Quem 
participa de um crime, concorre de qualquer modo para a sua realização, desde que não pratique a conduta 
descrita no tipo. 
 Ora, se o partícipe não realiza a conduta descrita no tipo, mas apenas concorre para esta, jamais haverá 
correspondência entre o fato cometido e o fato previsto. Conseqüentemente, nunca haverá adequação direta. 
 Por esta razão a norma do art. 29 funciona como ponte, ligando a conduta do partícipe ao modelo legal. Tal 
norma é igualmente, uma norma de extensão ou ampliação da figura típica. 
 A extensão se opera de uma pessoa (autor principal) para outra (partícipe), e por isso a norma é de extensão 
pessoal. Do mesmo modo, o tipo amplia-se no espaço para atingir o partícipe, denominando-se tal ampliação 
como espacial. 
 Assim, a norma do concurso de agentes é uma norma de extensão ou ampliação espacial e pessoal da figura 
típica, por meio da qual se opera a adequação típica mediata ou indireta da conduta do partícipe ao tipo penal. 
 
Espécies de tipo quanto aos elementos: 
Tipo normal: é aquele que contém elementos puramente objetivos (descritivos). O conhecimento do tipo 
verifica-se pela simples verificação do dispositivo (art. 121, 129...). São compreendidas materialmente. 
Tipo anormal: além dos elementos objetivos, contém elementos subjetivos e normativos. Aqui se faz necessário 
uma apreciação mais acurada da conduta, quer por conduzirem a um julgamento de valor quer por levarem à 
interpretação de termos jurídicos ou extrajurídicos. 
 
Elementos do tipo: 
Objetivos: refere-se ao aspecto material do fato. Existem no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela 
norma. Constituem-se no objeto do crime, no lugar, no tempo, nos meios empregados, no núcleo do tipo (o 
verbo), etc... .”matar”, “destruir”, “subtrair”, etc... 
Normativos: ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo 
imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural, histórica, política, religiosa, bem como de 
qualquer outro campo de conhecimento humano. Aparecem sob a forma de expressões como “sem justa causa” 
(153, 154, 244, 246 etc..), “indevidamente”, “documento”, (297, 298, 299), “funcionário público” (312, 331 e 
333), “mulher honesta” (215, 216, 219), “dignidade” (140), “decoro” (140), etc.... Veja a expressão “mulher 
honesta”, tem um significado em uma cidade grande e outro em um vilarejo fincado no sertão. 
Subjetivos: o dolo é o elemento da conduta, e não do tipo. Contudo, o legislador pode destacar uma parte do 
dolo e inseri-la expressamente no tipo, fazendo com que uma conduta só seja típica se aquela estiver presente. 
Esta parte do dolo é a finalidade especial do agente, o seu fim específico. Quando o agente pratica uma conduta 
ele tinha uma finalidade em mente, uma vez que toda ação ou omissão tem a vontade como força propulsora. 
Não é desta finalidade que o legislador cuidou, mas da finalidade especial, que pode ou não estar presente. Ex. 
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A esquarteja B com a finalidade de matá-lo. Pode ser que além da finalidade de matar tivesse outro objetivo, 
como fazer sabão, etc..... 
 Pois bem, quando o legislador colocar no tipo alguma finalidade especial, o fato só se enquadrará se o agente 
tiver este fim em mente. Este é o elemento subjetivo do tipo, que é o elemento subjetivo escrito no tipo penal. 
P. ex. “se é intenção do agente” (130, § 1o), “com o fim de” (131), “para ocultar desonra própria” (134), “para 
si ou para outrem (15, 156, 157), “sabendo ou devendo saber” (174), “por motivo de” (208), “para fim 
libidinoso” (219). 
 
CRIME DOLOSO 
 O dolo é o elemento psicológico da conduta. 
 A conduta é um dos elementos do fato típico. 
 Logo, o dolo é um dos elementos do fato típico. 
Conceito: é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. Mais amplamente, é a 
vontade de realizar a conduta típica. 
 
Teorias 
da vontade: age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. É necessário para sua 
existência, portanto, a consciência da conduta e do resultado e que o agente pratique voluntariamente. 
da representação: dolo é a simples previsão do resultado. Importa a consciência de que a conduta produzirá o 
resultado. 
do assentimento (consentimento): existe o dolo quando o agente consente em praticar o resultado ao praticar a 
conduta. Aceita-se o risco de produzi-lo. 
Obs: O Código Penal adotou as teorias da vontade (quanto ao dolo direto) e do assentimento (quando ao doloindireto ou eventual). Repudiou a teoria da representação, pois a simples previsão de que o resultado pode 
ocorrer é culpa consciente e não dolo. 
 
Elementos do dolo: Presentes os requisitos da consciência e da vontade, o dolo possui os seguintes elementos: 
1-) Consciência da conduta e do resultado (conhecimento do fato que constitui a ação típica). 
2-) Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (elemento volitivo de realizar este fato). 
3-) Consciência da relação causal entre a conduta e o resultado. 
 
Fases da conduta - Momentos do dolo 
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a
) Fase interna ou momento intelectual: opera-se no pensamento do autor, e se não passa disso é penalmente 
indiferente. É a consciência da conduta e do resultado e consciência da relação causal objetiva. 
2
a
) Fase externa ou momento volitivo: o agente exterioriza a sua conduta (numa atividade em que se utilizam os 
meios selecionados conforme a normal e usual capacidade humana de previsão). É a vontade que impulsiona a 
conduta positiva ou negativa. 
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Espécies de dolo 
dolo direto ou determinado: o sujeito visa a certo e determinado resultado. É a vontade de produzir o resultado 
(teoria da vontade). P.ex. o agente desfere golpes de faca na vítima com a intenção de matá-la. 
dolo indireto ou indeterminado: quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado. Pode 
ser: 
alternativo: quando a vontade do sujeito se dirige a um ou a outro resultado. P.ex. o sujeito desfere golpes de 
faca na vítima com a intenção alternativa: ferir ou matar. 
eventual: quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, admite e aceita o risco de produzi-lo. 
Ele não quer o resultado, pois se assim fosse haveria o dolo direto. Ele antevê o resultado e age. P. ex. o sujeito 
desfere um golpe de faca contra o coração da vítima querendo feri-la, porém acaba matando a mesma. 
OBS: o dolo direto é equiparado ao dolo eventual. 
dolo de dano: o sujeito quer o dano ou assume o risco de produzi-lo (dolo direto ou eventual). Possui a vontade 
de produzir uma lesão. P. ex. art. 130, § 1
o
, 121. 
dolo de perigo: o sujeito deseja ou assume o risco de produzir um resultado de perigo (o perigo constitui o 
resultado). O agente não quer o dano e nem assume o risco de produzi-lo. P. ex. art. 130 “caput”, 132. 
dolo genérico: é a vontade de realizar fato descrito na norma penal incriminadora. P. ex. 121 “caput” o agente 
só quer matar a vítima, não tendo qualquer finalidade específica do sujeito. Ele quer somente matar e não matar 
para alguma finalidade. 
dolo específico: é a vontade de praticar o fato e produzir um fim (resultado) especial (específico). P. ex. art. 134 
(para ocultar desonra própria); 219 (para fim libidinoso), 131 (com o fim de transmitir), 161 “caput” (para 
apropriar-se), 234 (para fim de comércio), 307 (para obter vantagem), 344 (com o fim de favorecer interesse 
próprio ou alheio) etc... 
OBS: Em verdade, não existe esta distinção entre dolo genérico e específico. O dolo é um só, variando de 
acordo com a figura típica. Isto porque na própria noção de dolo já existe a vontade de produzir o resultado. 
dolo geral ou erro sucessivo: ocorre quando o agente, supondo ter conseguido o resultado pretendido, pratica 
nova ação que, esta sim, vem a resultar no evento. O agente pratica o que supõe ser um exaurimento, e neste 
momento atinge a consumação. Não se confunde com o dolo genérico. P. ex. A esfaqueia a vítima e pensa que a 
matou. Ao tentar ocultar o suposto cadáver, joga-o no mar, vindo efetivamente a matá-la por afogamento. Nesta 
hipótese, tecnicamente, haveria tentativa de homicídio doloso, seguido de homicídio culposo. Contudo, pelo 
dolo geral, responde só pelo homicídio doloso. Outro exemplo: O sujeito desfere um tiro contra a vítima com a 
intenção de matá-la, sendo que esta apenas desmaia. O sujeito supõe que ela já esteja morta e num impulso de 
raiva desfere outro tiro o qual é o letal. Responde pelo homicídio doloso. 
 
Dolo e pena: A quantidade da pena não varia segundo a espécie de dolo ou a intensidade dolosa. Assim, no 
homicídio simples a pena será cominada abstratamente para o crime (6 a 20 anos), quer ocorra o dolo direto, 
quer tenha o agente atuado com dolo eventual. Contudo, na aferição da pena, poderá o juiz considerar a espécie 
de dolo ou a intensidade do mesmo. 
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TEORIA DO CRIME CULPOSO 
Conceito: Crime culposo seria a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não 
querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado. 
 A culpa é elemento normativo da conduta. 
 A culpa decorre da comparação entre conduta do agente no caso concreto e a conduta ideal prevista na 
norma. Se a conduta concreta tiver se afastado da prevista na norma, ocorre a quebra do dever objetivo de 
cuidado. 
 A conduta da norma é a conduta normal, porque na norma encontram-se os mandamentos de condutas 
normais. Assim, na norma está a conduta que uma pessoa de normal diligência teria na hipótese. 
 Se o agente se afasta da norma, é porque não empregou o cuidado que seria normal para o caso. Há então, a 
chamada quebra do dever objetivo de cuidado, isto é, do dever que é imposto a todas as pessoas. Desta quebra 
do dever objetivo, surge, como conseqüência a culpa. 
 Assim, a culpa é o elemento normativo da conduta. Sem a norma, não existe conduta normal, sem a qual 
torna-se impossível constatar se houve quebra do dever objetivo de cuidado. 
 Dever objetivo de cuidado é o dever que todas as pessoas devem ter; o dever normal de cuidado; o dever 
imposto às pessoas de razoável diligência. 
 O tipo culposo é chamado de tipo aberto, uma vez que a conduta culposa não é descrita. Torna-se impossível 
descrever todas as hipóteses de culpa, pois sempre será necessário comparar a conduta do caso concreto com a 
que seria ideal naquelas circunstâncias. 
 Assim, o cuidado objetivo será a conduta que teria a pessoa-modelo nas circunstâncias em que se viu o 
sujeito. Deve ser comparada as duas condutas: a conduta que teria a pessoa-modelo e a conduta concreta do 
sujeito. Diante desta situação, surge a pergunta: qual seria o cuidado exigível de um homem dotado de 
discernimento e prudência. E isto é o que se denomina previsibilidade objetiva. 
 O cuidado necessário deve ser objetivamente previsível, sendo típica a conduta que deixou de observar o 
cuidado necessário objetivamente previsível. A imprevisibilidade objetiva exclui a tipicidade. 
 Verificadas a tipicidade e a ilicitude do fato (aqueles que não estão acobertados por excludentes de ilicitude), 
resta a análise da culpabilidade. 
 A culpabilidade no delito culposo decorre da previsibilidade subjetiva. Enquanto na previsibilidade objetiva é 
questionada a antevisão do resultado por uma pessoa prudente de discernimento, na previsibilidade subjetiva é 
questionada a possibilidade de o sujeito segundo suas aptidões pessoais, na medida de seu poder individual, 
prever o resultado. 
 Quando o resultado era previsível para o sujeito, temos a reprovabilidade da conduta, a culpabilidade. 
 Assim, a observância do dever genérico de cuidado exclui a tipicidade do fato (previsibilidade 
objetiva); e a observância do dever pessoal de cuidado exclui a culpabilidade. 
 
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Elementos do crime culposo 
a) a conduta; b) a inobservância do dever de cuidado objetivo (manifestada através da imprudência, negligência 
e imperícia); c) o resultado lesivo involuntário; d) a previsibilidade objetiva; e) a tipicidade; f) nexo de 
causalidade; e g) ausência de previsão. Deve ser citado só os cinco primeiros (Mirabete). 
 
a-) Conduta: enquanto nos crimes dolosos a vontade está dirigida à realização de resultadosobjetivos ilícitos, 
os tipos culposos ocupam-se não com o fim da conduta, mas com as conseqüências anti-sociais que a conduta 
vai produzir. 
Nos crimes culposos o que importa não é o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma 
imprópria com que atua. O que importa é a forma com que o agente atua. P. ex. se o motorista dirige 
velozmente para chegar à missa e vem a atropelar um pedestre, o fim lícito não importa, pois agiu ilicitamente 
ao não atender o cuidado necessário a que estava obrigado. P. ex. aquele que agiu limpando uma arma de fogo, 
inicialmente não comete qualquer ilícito, mas se culposamente esta arma dispara.... . 
 
b-) Dever de cuidado objetivo: de todos é exigido o dever de cuidado indispensável a evitar lesões. Assim, se 
o agente não observa esses cuidados indispensáveis, causando dano a bem jurídico alheio, responderá por ele. É 
a inobservância do cuidado objetivo exigível do agente que torna a conduta antijurídica. 
 É impensável que se preveja todas as possíveis violações de cuidados nas atividades humanas, sendo que a lei 
estabelece apenas alguns deveres e cuidados, como estabelecer a velocidade máxima, utilizar equipamento 
apropriado para desempenhar atividade industrial, etc.... 
 Como a previsão de todas as cautelas necessárias é por demais dificultoso, deve-se confrontar a conduta do 
agente que causou o resultado lesivo com aquela que teria um homem razoável e prudente em lugar do autor. 
 Desta forma, se o agente não cumpriu com o dever de diligência que aquele teria observado, a conduta é típica 
e o causador do resultado terá atuado com imprudência, negligência ou imperícia, que são formas de 
manifestação da inobservância do cuidado necessário, são as modalidades de culpa, discriminadas no artigo 18, 
inciso II do Código Penal. 
A imprudência: é a prática de um fato perigoso. É uma atitude que o sujeito atua com precipitação, 
inconsideração, afoiteza, sem qualquer cautela. P.ex. dirigir em velocidade incompatível ao local; limpar arma 
de fogo na presença de outras pessoas; dirigir sem óculos, quando imprescindível o mesmo. 
A negligência: é ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. É a inércia psíquica, a 
indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental. 
P.ex. deixar arma de fogo ao alcance de uma criança; não deixar freado automóvel quando estacionado; deixar 
substância tóxica ao alcance de criança. 
A imperícia: é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Falta conhecimentos técnicos para o 
desempenho da profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deva saber. P.ex. o médico, o 
motorista profissional, o engenheiro, o farmacêutico, etc... 
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obs: os limites que distinguem as modalidades de culpa são imprecisos, podendo as mesmas coexistirem ao 
mesmo tempo e no mesmo fato. Pode haver imprudência e negligência quando os pneus estão gastos e o 
motorista imprime velocidade excessiva. 
 
c-) Resultado: O simples fato de ser inobservado o dever de cuidado não constitui, por si só, conduta típica, 
porque é necessário outro elemento do tipo culposo: o resultado. 
 Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da 
ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo, não haverá crime culposo. Assim, se um motorista 
dirige de forma descuidada e na contra mão de direção, mas não produz um resultado lesivo, não poderá 
responder pelo mesmo. 
 Também, não haverá crime culposo se, mesmo contrariando os cuidados objetivos (dirigir na contra mão), 
verifica-se que o resultado se produziria independentemente da conduta do agente. P. ex. o agente dirigindo na 
contra mão, ocasião em que um suicida atira-se sob as rodas do veículo. Não se deve imputar ao motorista o 
resultado morte, já que trata-se de caso fortuito que ocorreria de forma absoluta e independente da conduta do 
agente. 
 
d-) Previsibilidade: o tipo culposo é diverso do doloso, já que há na conduta não uma vontade dirigida à 
realização do tipo, mas apenas um conhecimento potencial de sua concretização, ou seja, uma possibilidade de 
conhecimento de que o resultado lesivo poderia ocorrer. 
 Assim, a previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se 
encontrava. O agente, nas circunstâncias em que se encontrava, deveria ser capaz de prever o resultado de seu 
ato. Esta previsibilidade não existe se o resultado vai além da previsão. 
 Assim, só será típica a conduta culposa quando se puder estabelecer que o fato era possível de ser previsto 
pela perspicácia comum, normal aos homens. Não se deve chegar à extremos de se confundir o dever de prever, 
fundado na diligência ordinária de um homem qualquer, com o poder de previsão. A pessoa não necessita ser 
extremamente prudente, bastando ser razoável. 
 Contudo, como os homens são distintos no que diz respeito à inteligência, sagacidade, instrução, variando as 
condições de cada um prever o resultado, a previsibilidade também deve ser estabelecida conforme a 
capacidade de previsão de cada indivíduo. É o que chamamos de previsibilidade subjetiva. 
 Desta forma, verificado que o fato é típico, diante da previsibilidade objetiva (homem médio), só haverá 
reprovabilidade ou censurabilidade da conduta (culpabilidade) se o sujeito pudesse prevê-la (previsibilidade 
subjetiva). 
 Assim, o cuidado objetivo será a conduta que teria a pessoa-modelo nas circunstâncias em que se viu o 
sujeito. Deve ser comparada as duas condutas: a conduta que teria a pessoa-modelo e a conduta concreta do 
sujeito. Diante desta situação, surge a pergunta: qual seria o cuidado exigível de um homem dotado de 
discernimento e prudência. E isto é o que se denomina previsibilidade objetiva. 
 O cuidado necessário deve ser objetivamente previsível, sendo típica a conduta que deixou e observar o 
cuidado necessário objetivamente previsível. A imprevisibilidade objetiva exclui a tipicidade. 
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 Verificadas a tipicidade e a ilicitude do fato (aqueles que não estão acobertados por excludentes de 
ilicitude), resta a análise da culpabilidade. 
 A culpabilidade no delito culposo decorre da previsibilidade subjetiva. Enquanto na previsibilidade objetiva é 
questionada a antevisão do resultado por uma pessoa prudente de discernimento, na previsibilidade subjetiva é 
questionada a possibilidade de o sujeito segundo suas aptidões pessoais, na medida de seu poder individual, 
prever o resultado. 
 Quando o resultado era previsível para o sujeito, temos a reprovabilidade da conduta, a culpabilidade. 
 Assim, a observância do dever genérico de cuidado exclui a tipicidade do fato (previsibilidade objetiva); e a 
observância do dever pessoal de cuidado exclui a culpabilidade. 
OBS: Deve ser considerado ainda o princípio da confiança ao qual a previsibilidade também está sujeita. Este 
princípio estabelece que as pessoas não devem agir desconfiando do comportamento de seus semelhantes. P.ex. 
o motorista tem a confiança e espera (ação esperada) que o pedestre não atravesse a rua em local ou momento 
inadequado, sem olhar para os veículos que ali trafegam. 
 
e-) Tipicidade: Nos crimes culposos, a ação não está descrita como nos dolosos. São tipos abertos que 
necessitam de complementação de uma norma de caráter geral. Esta norma é a prevista no artigo 18, inciso II 
do Código Penal, o qual define o conceito legal para o entendimento do crime culposo. 
 A tipicidade nos crimes culposos determina-se através da comparação entre a conduta do agente e o 
comportamento presumível que, nas circunstâncias, teria uma pessoa de prudência ordinária. 
 
Espécies de Culpa 
Culpaconsciente e inconsciente 
 Na culpa inconsciente o agente não prevê o resultado que é previsível. Não há no agente o conhecimento 
efetivo do perigo que sua conduta provoca para o bem jurídico alheio. É a culpa comum, que se manifesta pela 
imprudência, negligência ou imperícia. 
 A culpa consciente (culpa com previsão) ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, 
que o mesmo não ocorra. O sujeito age de forma leviana, entendendo que, com sua habilidade, conseguirá 
evitar o resultado. P.ex. O caçador que avista um companheiro próximo ao animal que pretende abater, confia 
na sua condição de perito atirador, vindo a disparar e a acertar o seu amigo. Responde por homicídio culposo. 
Ele previu o resultado mas esperou que o mesmo não ocorresse. 
Obs: A culpa consciente se diferencia do dolo eventual. Neste, o agente tolera a produção do resultado, o 
evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não (art. 18, I). O agente assume o risco de produzir o 
resultado. Na culpa consciente, o agente não quer o resultado, não assume o risco, nem lhe é tolerável ou 
indiferente. O evento lhe é previsto, mas confia-se na sua não produção. P.ex. O motorista que imprime alta 
velocidade em via pública, pensa: “Se eu continuar a dirigir assim posso matar alguém, ...., mas não importa, se 
acontecer tudo bem, vou prosseguir”. Ou “Se eu continuar a dirigir assim posso matar alguém, .... mas com 
certeza isto não ocorrerá”. 
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Obs: A culpa consciente é equiparada à culpa inconsciente, sendo que a pena em abstrato é a mesma para as 
duas modalidades, pois “tanto vale não ter consciência da anormalidade da própria conduta, quanto estar 
consciente dela” (Exposição de Motivos do Código Penal de 1.940). 
 
Culpa própria e imprópria 
 A culpa própria é a comum, na qual o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo, embora 
este resultado seja previsível. O resultado não é previsto. 
 Na culpa imprópria (culpa por extensão, assimilação ou equiparação) o sujeito quer o resultado mas sua 
vontade está viciada por um erro que poderia, com o cuidado necessário, ter sido evitado. O resultado é previsto 
pelo agente que labora em erro de tipo vencível. P. ex. O agente é vítima de furto durante vários dias seguidos. 
Cansado, fica de tocaia esperando o furtador aparecer novamente. Percebe a aproximação de um vulto, contra o 
qual atira, supondo ser o ladrão, quando na verdade era um parente. Se o agente fosse mais atento ou diligente, 
perceberia que não se cuidava de um ladrão. 
 O agente inicia sua conduta de forma culposa (achando que era o ladrão), terminando ela de forma dolosa 
(atirando). Já no crime preterdoloso ocorre o inverso, inicia sua conduta de forma dolosa e a termina de forma 
culposa. 
 A bem da verdade, na culpa imprópria, ocorre um crime doloso ao qual o legislador aplica a pena de um crime 
culposo. 
 
Culpa presumida 
 Anteriormente, no Código Penal de 1.940 existia a chamada culpa presumida, segundo a qual não se indagava 
se no caso concreto estariam presentes os elementos da culpa, devendo o gente sempre responder pelo 
resultado, por presunção legal, ainda que não houvesse imprudência, negligência ou imperícia. 
 Atualmente, não se admite a presunção de culpa, devendo a mesma ficar completamente provada, não se 
aceitando presunções ou deduções que não se alicercem em prova concreta e induvidosa. 
 
Graus de culpa 
 A distinção é apenas doutrinária, graduando-se a culpa em grave, leve ou levíssima, de acordo com a maior ou 
menor possibilidade de previsão do resultado e mesmo dos cuidados objetivos tomados ou não pelo sujeito. 
 Esses graus de culpa não são distinguidos expressamente pela lei, tendo interesse apenas na dosagem e 
aplicação da pena. 
 
Compensação e concorrência de culpas 
 A compensação de culpas que existe no Direito Civil é incabível no Direito Penal. Havendo culpa do agente e 
da vítima, aquele não se escusa da responsabilidade do resultado lesivo causado a esta. 
 Em matéria criminal a culpa recíproca apenas produz efeitos quanto a fixação da pena. A culpa do agente só 
irá ser neutralizada quando a culpa da vítima foi exclusiva. Se houver culpa de um, não haverá de outro. 
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 Contudo, pode ocorrer a concorrência de culpas, quando dois agentes, por imprudência, negligência ou 
imperícia, causarem um resultado lesivo. Assim, se há a colisão de dois veículos, um em excesso de velocidade 
e outro trafegando na contra mão de direção, ambos respondem pelo evento que produzirem. 
 
Excepcionalidade do crime culposo 
 Nos termos do artigo 18, parágrafo único, os crimes são, em regra, dolosos. Assim, o agente só responde pelos 
fatos que praticar se quis realizar a conduta típica. 
 Um crime só poderá ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal. No silêncio da lei, o 
crime só é punido a título de dolo. Se não houver a previsão de culpa, não poderá ser punido. 
 P.ex. não existe crime de furto culposo e nem de dano (artigo 163). Algumas hipóteses de aplicação de crimes 
culposos: 121, § 3
o
; 129, § 6
o
; 250, § 2
o
; 251, § 3
o
; 252, § único; 256, § único; 259, § único; 262, § 2
o
; 267, § 
2
o
; 280, § único; etc... . 
 
Participação no crime culposo: para uma parcela da jurisprudência não se pode admitir, pois como o tipo 
penal é aberto, não há que se falar em conduta acessória e conduta principal. Se a conduta não está descrita no 
tipo, como se admitir que uma a realize, enquanto outro apenas concorra? 
 Para outros, é possível, sendo que aquele que realiza o núcleo do tipo doloso é o autor e partícipe aquele que 
concorre para tal. P.ex. um agente dirige o veículo em alta velocidade, sendo instigado e encorajado por seu 
acompanhante. Desta conduta, resulta uma lesão a outrem. 
 As duas posições são defensáveis, e a jurisprudência ainda não firmou posicionamento pacífico, prevalecendo, 
por ora, a primeira posição. 
 
CRIME PRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL 
Conceito: é aquele que possui dolo no antecedente e culpa no conseqüente. A conduta produz um resultado 
mais grave do que o pretendido pelo agente. O agente quer um minus e seu comportamento causa uma majus de 
maneira que se conjugam o dolo na conduta antecedente e a culpa no resultado. É um misto de dolo e culpa. 
P.ex. artigo 129, § 3
o
 do Código Penal - o sujeito desfere um soco contra outro que cai e bate a cabeça na guia 
de sarjeta, acabando por morrer. 
 No crime preterdoloso não é suficiente a existência de um nexo de causalidade objetiva entre a conduta 
antecedente e o resultado agravador. É necessário que haja um liame normativo entre a conduta e o resultado. 
Assim, se o resultado decorrer de caso fortuito ou força maior, haverá solução de continuidade, sendo que o 
agente só irá responder pelo primeiro crime. Existe a necessidade de haver a culpa no resultado. 
 Desta forma, no caso do crime de extorsão mediante seqüestro (artigo 159 do Código Penal) se do fato decorre 
lesão corporal de natureza grave (deformidade permanente pela perda da orelha da vítima), pode ocorrer várias 
hipóteses: 
1-) Foi o resultado querido pelo agente, que desejava encaminhar a orelha para a família da vítima. Responde 
por dolo, já que assim agiu; 
11 
 
2-) O agente ao agredir a vítima assumiu o risco de produzir a amputação, também havendo o dolo eventual, 
respondendo à título de dolo; 
3-) O agente empurra a vítima que cai sobre diversos cacos de vidro, sendo que aqui há a culpa, já que o 
resultado poderia ser previsto. Ocorre o crime preterdoloso; 
4-) Finalmente, a vítima ao tentar fugir lesiona levemente a orelha, a qual vem a infeccionar posteriormente. 
Não poderá o agente ser responsabilizado por este resultado. 
 Asolução para estas questões pode ser encontrada no artigo 19 do Código Penal que preceitua que o 
agente não poderá ser responsabilizado objetivamente, devendo haver liame de ligação entre a conduta e o 
resultado. Assim, existe a necessidade da conjugação de três elementos: 
a-) um fato básico, criminoso, doloso; 
b-) um resultado não desejado; e 
c-) um liame entre o fato básico doloso e o resultado não desejado (nexo de preterintencionalidade). 
 
 
DO CRIME CONSUMADO artigo 14, inciso I do Código Penal – 
Conceito: Está consumado o crime quando o tipo está inteiramente realizado, ou seja, o fato concreto se 
subssume no tipo abstrato descrito na lei penal. Este momento possui importância pelo fato de que, a partir daí, 
começa-se a contagem do prazo para a prescrição. 
 É o crime perfeito, pois a figura criminosa realiza-se por inteiro, contrapondo-se à tentativa (delito 
imperfeito), na qual se realiza apenas uma parcela do tipo legal. 
 O delito cometido é distinto do delito consumado. Cometer um delito não é o mesmo que consumá-lo, pois a 
consumação só se opera quando no fato concreto se reúnem todos os elementos do crime. Esta distinção é 
importante já que a prescrição começa a correr a partir da consumação do crime. De outra sorte, a 
imputabilidade do agente e a aplicação da lei regente ao caso concreto, passam a ter relevância a partir do 
cometimento do crime. 
 O crime consumado não se confunde com o crime exaurido, pois neste, após a consumação outros resultados 
lesivos ocorrem. P. ex. crime de corrupção passiva (art. 317) o recebimento da vantagem – a consumação foi a 
solicitação -; o recebimento da vantagem indevida no crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159), o qual se 
consuma apenas com o arrebatamento da vítima. 
 No plano da tipicidade, o exaurimento não exerce influência, pois o iter criminis termina com a consumação. 
 O momento consumativo varia segundo a natureza do crime, assim: 
 Nos crimes materiais – exigem a produção de um resultado – a consumação ocorre com o evento (morte, 
lesões, dano, obtenção de vantagem...). 
 Nos crimes formais – não há necessidade da realização daquilo que é pretendido pelo agente – a consumação 
ocorre com a simples prática do ato pelo agente (ameaça e injúria). 
 Nos crimes de mera conduta – o legislador só descreve o comportamento do agente, não exigindo qualquer 
resultado naturalístico - a consumação também irá ocorrer com a simples conduta do agente (invasão de 
domicílio e ato obsceno (art. 233). 
12 
 
 Nos crimes permanentes como a consumação se prolonga no tempo o momento consumativo também, até que 
cessem os atos do agente (no cárcere privado – artigo 148 – a consumação vai perdurar até a vítima ser 
colocada em liberdade. 
 Nos crimes habituais – constituído de uma reiteração de atos – assim a consumação só ocorre quando houver a 
habitualidade na prática destes atos. 
 Nos crimes culposos só há a consumação com a produção do evento, devendo haver inobservância do dever 
de cuidado. 
 Nos crimes omissivos – exigem uma inação – o momento consumativo ocorre quando o sujeito deveria agir e 
não o fez (art. 135, 269, 320 e 323). 
Nos crimes omissivos impróprios – pratica um crime comissivo através da omissão – assim, a consumação 
ocorre com a produção do resultado lesivo e não com a simples omissão (art. 244). 
 Nos crimes qualificados pelo resultado a consumação só irá ocorrer com a produção do resultado qualificado, 
caso contrário prevalecerá a forma simples. 
 
O “Iter Criminis” – Fases da realização do crime. 
 É o conjunto de fases pelas quais passa o delito. Compõe-se das seguintes etapas: a-) cogitação; b-) atos 
preparatórios; c-) execução; e d-) consumação. 
 Assim o agente com a intenção de matar a vítima (cogitação), adquire um revólver e se posta de emboscada à 
sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e lhe produzindo a morte (consumação). O que 
acontece após é o exaurimento, que, como já dito, no plano da tipicidade não possui qualquer repercussão. 
 A cogitação não constitui fato punível, a não ser que constitua de per si, um fato típico, como p.ex. no crime 
de ameaça (art. 147), de incitação ao crime (art. 286), de quadrilha ou bando (art. 288). É nesta fase que se 
forma na mente do agente a idéia de cometer o delito. 
 Os atos preparatórios são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva. P. ex. a aquisição de 
arma para a prática de homicídio. Como regra geral, os atos preparatórios também escapam da aplicação da lei 
penal, já que a lei exige um início de execução. Contudo, muitos destes atos são elevados à categorias de atos 
penais puníveis, quebrando a regra geral. Assim, tem-se o artigo 291 (petrechos para moeda falsa) que seria ato 
preparatório do crime de moeda falsa (art. 289); Também o de atribuir-se falsamente autoridade para celebração 
de casamento (art. 238) para o 239; Também, possuir substância explosiva (art.253) para o 251 e 252. 
 De qualquer forma “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, 
não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos a ser tentado” (artigo 31). 
 Atos de execução (executórios) são os dirigidos diretamente à prática do crime, quando o autor se põe em 
relação imediata com a ação típica. Se diferenciam dos atos preparatórios porque estes são distantes da 
consumação e aqueles (atos de execução) são mais próximos. 
Obs: os atos de execução se diferenciam da tentativa porque esta é a realização incompleta do tipo penal, do 
modelo descrito na lei. Na tentativa há a prática do ato de execução, não chegando o agente a consumação por 
circunstâncias alheias à sua vontade. 
13 
 
 Para concluir-mos se estamos diante de atos preparatórios ou atos executórios necessário se torna conjugar 
vários critérios (objetivos e subjetivos), indagando-se ainda quanto à eficiência causal do ato praticado em 
relação ao fim colimado pelo agente. E se mesmo assim persistir a dúvida sobre se o ato é preparatório ou 
executório, o magistrado deve considerá-lo preparatório. 
 
DA TENTATIVA - artigo 14, inciso II do Código Penal – 
Conceito: é a execução iniciada de um crime que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente (artigo 14, inc. II). A tentativa não constitui crime autônomo, e sim a realização incompleta da figura 
típica. 
 A norma da tentativa (artigo 14, II) não tem caráter autônomo; é uma norma secundária (acessória), através da 
qual se permite que a norma incriminadora principal (parte especial e legislação extravagante) seja aplicada aos 
atos executórios do crime. 
 
Elementos: 
a-) início de execução do tipo (conduta); e 
b-) não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 O primeiro elemento está descrito no artigo 14, II do Código Penal na expressão “iniciada a execução”. Já o 
segundo elemento está descrito na expressão “não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”. 
 Neste segundo elemento, não obstante a vontade inicial do sujeito em realizar o crime, o iter pode ser 
interrompido por dois motivos: 
 1º) pela sua própria vontade: e 
 2º) pela interferência de circunstâncias alheias à vontade dele. 
 No primeiro caso há desistência voluntária ou arrependimento eficaz (art. 15), o que será oportunamente 
estudado, não se podendo falar em tentativa. Já nos segundo caso, haverá tentativa. 
 É necessário que os fatores impeditivos da consumação tenham sido alheios à vontade do agente, caso 
contrário estaremos diante da desistência voluntária ou arrependimento eficaz. 
 
Espécies: 
Tentativa perfeita (crime falho): o crime é subjetivamente consumado em relação ao agente que o comete, mas 
não o é em relaçãoao objeto ou pessoa contra o qual se dirigia. A consumação não ocorre apesar de ter o agente 
praticado todos os atos necessários à consumação. A vítima de envenenamento ou de vários disparos é salva 
pela intervenção cirúrgica. A consumação não ocorre apesar de ter o agente praticado os atos necessários à 
produção do evento. 
Tentativa imperfeita: na qual o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. O sujeito não consegue praticar todos os atos de execução por interferência externa. P. ex. o agressor é 
seguro quando está desferindo os golpes. 
14 
 
obs: A lei não faz distinção entre a tentativa perfeita e a imperfeita, sendo que as duas recebem igual 
tratamento, no que se refere à cominação da pena. Contudo, o juiz deve levar em conta as duas espécies para 
aplicar a pena. 
 
Elemento subjetivo: o elemento subjetivo da tentativa é o dolo do delito consumado, já que no artigo 14, II é 
mencionado a vontade do agente. Não há dolo especial de tentativa. OBS: Não se deve aceitar a tentativa com 
dolo eventual, pois, em regra, haverá a caracterização de outro delito menos grave (art. 132 para o 129; 129, § 
1º, II para o 121). Há autores que entendem que há a possibilidade de se admitir a tentativa para o agente que 
emprega o dolo eventual, isto porque o dolo direto e o eventual foram equiparados pelo nosso Código Penal. 
 
Inadmissibilidade de tentativa (infrações que não admitem a tentativa): 
a-) não se admite a tentativa nos crimes culposos uma vez que nestes, para a consumação, necessário que haja 
sempre o resultado lesivo diante de uma definição legal. Como vimos para existir o crime culposo, necessário 
que coexista a conduta, a observância do dever de cuidado objetivo, a previsibilidade e o resultado. 
b-) não admite-se a tentativa para os crimes preterdolosos ou preterintencionais, isto porque o resultado 
agravado é punido a título de culpa, indo além do que o agente desejou. Já na tentativa o agente não atinge o 
evento pretendido. Assim, nos delitos qualificados pelo resultado em que este é punido à título de culpa, não se 
admite a tentativa. Já, se o delito qualificado pelo resultado e este for punido à título de dolo, é possível a 
tentativa. 
c-) Também não se admite a tentativa nos crimes unissubsistentes (aqueles que se realizam apenas em um ato), 
já que é impossível o fracionamento dos atos de execução. P. ex. a injúria do art. 140 e a ameaça do 147. Os 
crimes plurissubsistentes (necessário vários atos) admitem a tentativa. 
d-) Os crimes omissivos puros (próprios) não se admite a forma tentada pois ou o sujeito deixa de realizar a 
conduta e o crime se consuma, ou a realiza, e não se pode falar em crimes, p.ex. o art. 135. Já os crimes 
omissivos impróprios (comissivos por omissão) a tentativa é admissível, p.ex. a mãe desejando a morte do filho 
deixa de alimentá-lo, sendo o mesmo socorrido por terceiros. 
e-) Os crimes habituais não admitem a tentativa, pois ou há reiteração de atos e a consumação, ou não há esta 
reiteração. P. ex. art. 230 – rufianismo. 
f-) As contravenções penais não admitem a tentativa por expressa disposição legal (artigo 4
o
 da Lei das 
Contravenções Penais). 
g-) Os crimes que a lei pune somente quando ocorre o resultado, como a participação no suicídio (art. 122). 
 
Punibilidade da tentativa - art. 14, § único do Código Penal 
 Duas teorias existem acerca da punibilidade da tentativa: 
A Teoria subjetiva segundo a qual a pena para a tentativa deverá ser a mesma que a do crime consumado, já que 
a vontade do agente foi contrária ao direito; e 
A Teoria objetiva (adotada pelo Código Penal) segundo a qual a tentativa terá pena menor que a do crime 
consumado porque causou uma lesão menor, ou mesmo não ocorreu qualquer resultado lesivo. 
15 
 
 Segundo o parágrafo único do art. 14 a pena da tentativa deve ser reduzida de 1/3 a 2/3 da pena do crime 
consumado. Esta redução deve ter fundamentação objetiva na sentença, devendo ser verificada a extensão do 
iter percorrida pelo agente. Quanto mais o agente se aproxima da execução, da consumação, menor será a 
redução. O quantum da redução deve orientar-se pelo grau do perigo acarretado ao bem jurídico. Quanto maior 
o grau de aproximação dos atos executórios da consumação, menor a redução da pena. 
 Existe a expressão “salvo disposição em contrário” porque há crimes que a pena para a consumação é a 
mesma para o delito tentado, como p. ex. o crime de evasão mediante violência, previsto no artigo 352 do 
Código Penal. Contudo, deverá haver expressa disposição em lei. Também, o artigo 309 do Código Eleitoral – 
Votar ou tentar votar mais de uma vez em lugar de outrem. 
 
Tentativa Branca: ocorre quando o objeto material não é atingido. P. ex. “A” atira em “B” e erra o alvo. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ artigo 15, do Código Penal 
 Tanto a desistência voluntária como o arrependimento eficaz são causas de exclusão da adequação típica 
ampliada. Seria a tentativa abandonada. 
 A desistência voluntária consiste numa abstenção de atividade, sendo que o agente cessa seu comportamento 
delituoso. O agente inicia a execução não a levando adiante, desistindo da realização típica, embora pudesse 
continuar com a mesma. P.ex. o sujeito que ingressa na residência da vítima, desistindo de prosseguir na 
execução do furto. O sujeito que dispara um projétil, desistindo de disparar os demais, mesmo tendo a vítima à 
sua mercê. 
 
 O arrependimento eficaz ocorre após o agente ter esgotado todos os meios de execução de que dispunha para 
a prática do crime, o agente se arrepende evitando que o resultado ocorra. Tendo já ultimado o processo de 
execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado. P.ex. após envenenar a 
vítima, ministra-lhe antídoto. Retira a vítima que pretendida afogar da água, realizando-lhe respiração artificial. 
Leva a vítima para o hospital, socorrendo-a. 
 O arrependimento eficaz só se aplica para os crimes materiais, pois o próprio Código Penal é expresso ao 
empregar a palavra “resultado”. 
 A desistência voluntária possui caráter negativo, já que o agente não continua a atividade inicialmente visada. 
Já o arrependimento eficaz possui caráter positivo pois exige o desenvolvimento de nova atividade com a 
finalidade de se evitar a conduta inicial. 
 Para que ocorra a desistência voluntária, necessário que a mesma seja voluntária, não podendo haver coação, 
quer moral ou material. Caso contrário, ou seja, se a desistência não for voluntária, haverá tentativa do crime. 
P.ex. o sujeito desiste do furto pelo fato do alarme ter tocado. Também não ocorrerá a desistência se o agente 
ficou atemorizado com a aproximação da vítima ou de terceiros. 
 Deve ser empregada a seguinte formula: EXISTIRÁ A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA SEMPRE QUE O 
AGENTE PODE PROSSEGUIR, MAS NÃO QUER; SE ELE QUER MAS NÃO PODE, HÁ TENTATIVA. 
16 
 
 Assim, não haverá desistência voluntária quando o agente suspende a execução do crime e continua a praticá-
lo posteriormente, aproveitando-se dos atos já executados. 
 Da mesma forma que a anterior, o arrependimento eficaz deve ser voluntário (sem coação), para que o mesmo 
ocorra. P.ex. o agente devolve a coisa subtraída antes que a vítima perceba ou que se inicia alguma investigação 
policial. 
 É imprescindível que no arrependimento eficaz a ação do agente seja coroada de êxito, impedindo 
efetivamente que a consumação ocorra. Se o agente não conseguir evitar o resultado, por mais que tenha feito, 
responderá pelo resultado do crime consumado. 
 Tanto na desistência voluntária como no arrependimento eficaz, o agente só irá responder pelos atos já 
praticados. Assim, se queria o homicídio, responderápela lesão corporal. Se queria o furto, responderá pela 
invasão de domicílio e dano. Só responderá pelos atos praticados quando os mesmos forem relevantes para o 
direito, caso contrário, não respondem nem mesmo pela tentativa. P. ex. o ladrão ingressa no automóvel sem 
danificá-lo, desistindo de efetuar qualquer subtração. Não responde por delito algum. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR- artigo 16, do Código Penal – 
 Para Que haja a redução prevista no artigo 16, necessário a conjugação de vários requisitos. 
1º) O delito tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, sendo que a violência pode ser física 
(emprego de força bruta) ou moral (emprego de ameaça). A violência contra a coisa não exclui o privilégio, 
podendo o mesmo ser aplicado. P. ex. furto mediante arrombamento. 
2º) O agente tenha reparado o dano físico ou moral emergente do crime ou restituído o objeto material. Tanto a 
reparação como a restituição deverão ser integrais, sendo que a simples apreensão da coisa pela autoridade 
policial não satisfaz a condição legal. 
3º) A reparação do dano ou a restituição do bem constituam atos voluntários do agente. Contudo, não se exige 
espontaneidade, podendo a reparação ocorrer por conselho ou sugestão de quem quer que seja. 
4º) A reparação deve ocorrer até o recebimento da denúncia ou da queixa. 
 
Natureza Jurídica: Trata-se de uma causa obrigatória de diminuição de pena, o que fica evidente pelo 
emprego da expressão “será reduzida”. 
 O critério para a redução deve fundamentar-se na presteza do ressarcimento do dano, isto é, quanto mais 
rapidamente for feito tal ressarcimento do dano, tanto maior será feita a redução. 
 Se a reparação do dano ocorrer após o recebimento da denúncia ou da queixa, constituir-se-á simples 
circunstância atenuante genérica (artigo 65, III, b, última parte). 
Obs: No Juizado Criminal, o acordo sobre a reparação do dano, se preceder o oferecimento da denúncia ou da 
queixa, implica renúncia ao direito de queixa ou representação (art. 74, § único da Lei nº 9.099/95). Essa norma 
especial, atinentes aos crimes de ação privada e de ação pública condicionada à representação, afasta a 
incidência do artigo 16 do Código Penal. 
17 
 
Obs: O Arrependimento eficaz e o posterior não se confundem. O primeiro evita a consumação do crime, 
destipificando a tentativa; o segundo ocorre após a consumação, subsistindo o crime, porém com a pena 
reduzida. 
 
 
CRIME IMPOSSÍVEL - artigo 17, do Código Penal – 
 É também chamado de quase-crime, tentativa inidônea ou inadequada. Ocorre porque, em determinados casos, 
verifica-se que o agente nunca poderia consumar o crime, havendo dois casos de crime impossível: 
Por ineficácia absoluta do meio: ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza é 
absolutamente incapaz de produzir o evento pretendido. P. ex. o agente tentando matar a vítima ministra-lhe 
açúcar, pensando ser veneno. P.ex. aciona o gatilho do revólver que está descarregado. 
 
Por impropriedade absoluta do objeto: ocorre quando inexiste o objeto material contra o qual deveria recair a 
conduta, ou quando, devido às situação, se torna impossível a produção do resultado pelo agente. P.ex. o 
agente, pensando que a vítima estivesse dormindo, desfere tiros contra a mesma, sendo provado que a mesma já 
se estava morta (não se pode matar o morto). A mulher supondo estar grávida, pratica manobras abortivas. O 
agente supondo ser de outrem, subtrai objeto próprio. 
 
 Nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade. 
 Para que ocorra o crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto sejam 
absolutas. Se forem relativas haverá tentativa. 
 Existem várias teorias a respeito do quase-crime quanto à punibilidade do mesmo: 
1º) Teoria sintomática: a medida penal deve ser aplicada se há indício de periculosidade do agente. 
2º) Teoria subjetiva: o agente deve ser punido com a pena da tentativa, porque se tem em conta sua intenção. 
3º) Teoria objetiva: como não há no crime impossível os elementos objetivos da tentativa e o bem jurídico não 
corre risco, não há tentativa e o agente não deve ser punido. Esta é a teoria adotada em nosso Código Penal. 
 
 O crime impossível não constitui figura típica. Assim, não enseja aplicação de pena nem de medida de 
segurança. 
 
 
CRIME PUTATIVO: Ocorre o delito putativo ou imaginário quando o agente supõe, por erro, que está 
praticando uma conduta típica quando o fato não constitui crime. Só existe o crime na imaginação do agente. 
Na verdade o fato é atípico. P.ex. o agente que subtrai coisa por breve período, para uso, supondo que praticou 
crime de furto (o furto de uso não é crime); O agente que mantém relação sexual com a irmã, maior e capaz, 
supõe praticar o delito de incesto, não previsto em nossa legislação. 
 
Há três hipóteses de delito putativo: 
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Delito putativo por erro de proibição: ocorre quando o agente supõe violar uma norma penal que, na verdade, 
não existe. Pratica um indiferente penal. P.ex. o agente seduz mulher virgem com 20 (vinte) anos de idade, 
sendo que a idade limite é de 18 (dezoito) anos (art. 217). Prática do incesto que não é punido no Brasil (irmã 
maior e capaz). 
Delito putativo por erro de tipo: a errônea suposição do agente não recai sobre a norma, mas sobre os 
elementos do crime. O agente crê violar uma norma realmente existente, mas à sua conduta faltam elementares 
do tipo. P.ex. uma mulher supondo estar grávida, ingere substância abortiva. O agente pensando subtrair o 
chapéu alheio, toma o próprio. 
Delito putativo por obra do agente provocador (crime de flagrante provocado – crime de ensaio – crime 
de experiência): Ocorre quando alguém, de forma insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao 
mesmo tempo que toma providências para que o mesmo não se consume. P.ex. o patrão desconfiado do 
empregado, facilita para que o mesmo seja apanhado em flagrante delito de furto. 
 A respeito deste tema, tem-se a súmula nº 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela 
polícia torna impossível a consumação do delito”. Assim, cuida-se esta súmula de crime impossível (art. 17) e 
não de crime putativo. Isto porque ocorre a ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto. 
 Contudo, se houver a mínima possibilidade do crime se consumar, haverá a tentativa punível. 
 Deve-se fazer a distinção entre flagrante preparado e flagrante esperado. Neste, a Polícia, previamente 
informada a respeito de um crime que está sendo ou vai ser praticado, diligencia para impedi-lo e prender o 
agente em flagrante, sem que para o fato tivesse existido o agente provocador. Aqui o flagrante será válido, se 
houver, ao menos, a tentativa. 
 
 
 
 
ERRO DE TIPO artigo 20 e parágrafos do Código Penal – 
Conceito: É o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica sobre os pressupostos de fato 
de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora. 
 É uma falsa representação da realidade e a ele se equipara a ignorância, que é o total desconhecimento desta 
realidade. No erro de tipo desaparece a finalidade típica, ou seja, não há no agente a vontade de realizar o tipo 
objetivo. O erro incide sobre o elemento do tipo, ou seja, sobre um fato que compõe o elemento do tipo. 
 P.ex. um caçador, supondo atirar contra um animal bravio, atinge um fazendeiro que ali se encontrava. 
 
Formas: O erro de tipo pode ser: 
essencial incide sobre elementares e circunstâncias. Recai sobre um elemento do tipo, ou seja, sobre fato 
constitutivo do crime, e sem o qual o crime não existiria. 
acidental versa sobre dados secundários. Recai sobre circunstâncias acessóriasda pessoa ou da coisa estranhas 
ao tipo, que não constituem elementos do tipo. 
 
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Erro de tipo essencial: a falsa percepção impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do fato. Pode 
ter as seguintes formas: 
Erro essencial invencível (inevitável, desculpável ou escusável): quando não pode ser evitado pela normal 
diligência. Qualquer pessoa empregando a normal diligência, incidiria em erro. 
Erro essencial vencível (evitável, indesculpável ou inescusável): quando pode ser evitado pela diligência 
ordinária, resultando de imprudência ou negligência. Qualquer pessoa, empregando a normal diligência, não 
incidiria em erro. 
 
Efeitos: Tratando-se de erro essencial, temos os seguintes efeitos: 
a) O erro essencial que recai sobre elementar, sempre exclui o dolo, seja evitável ou inevitável. 
b) O erro essencial inevitável que recai sobre elementar exclui o dolo e também a culpa. Isto porque o sujeito 
não age dolosa ou culposamente e sim erroneamente. Sem dolo e sem culpa não existe conduta, deixando o fato 
atípico. 
c) O erro essencial evitável que recai sobre elementar, exclui o dolo, porque todo erro essencial exclui, mas não 
a culpa. Assim se o fato for punido sob a forma culposa, o agente responderá por crime culposo. Contudo, se o 
fato não tiver previsão sob a modalidade culposa, a conseqüência será a atipicidade do mesmo. 
P.ex. No caso do caçador que atira no amigo, se o erro for essencial invencível não responde por homicídio, 
quer doloso, quer culposo (art. 20, caput, 1ª parte). Entretanto, se o erro for essencial vencível, não responde 
por crime de homicídio doloso, mas sim culposo, já que há previsão legal do mesmo. 
Obs: o erro essencial sempre exclui o dolo. Excluirá também a culpa quando inevitável. Ele não atenua a pena. 
Ou torna o fato atípico ou permite sua punição como culposo. 
 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS (Imaginárias) artigo 20, § 1º do Código Penal. 
 É possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, suponha encontrar-se em face 
de estado de necessidade, de legítima defesa, de estrito cumprimento de dever legal ou de exercício regular de 
direito, caso isso ocorra, tem aplicação o artigo 20 § 1º, 1ª parte. 
 
Conceito: é a causa que descrimina, que exclui o crime. É a causa que exclui a ilicitude do fato. É a causa da 
excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não existe, o agente pensa que ela existe 
porque está errado. Portanto, ela só existe na imaginação, na mente do agente. São as seguintes as eximentes 
putativas: 
Estado de necessidade putativo: Durante uma sessão de cinema alguém grita “fogo”. O sujeito A, supondo estar 
em estado de necessidade, durante a fuga, vem a ferir B. O sujeito A, não responde pela lesão pois supunha 
estar em estado de necessidade. 
Legítima defesa putativa: O sujeito A ameaça B de morte. No primeiro encontro A põe a mão na cintura. B, 
supondo que A irá sacar uma arma, é mais rápido ao sacar a sua própria, matando A. O sujeito B não irá 
responder por estar em legítima defesa putativa. 
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Estrito cumprimento do dever legal putativo: Durante uma guerra, o sentinela percebe a aproximação de um 
vulto, e, supondo ser o inimigo, atira contra o mesmo. Contudo, mata um companheiro seu que estaria 
retornando de uma prisão inimiga. 
Exercício regular de direito putativo: Um policial prende o sujeito errado, pelo fato do mesmo possuir um sósia 
ou um irmão gêmeo. 
ObsS Deve conjugar a aplicação do artigo 20 § 1º, 1ª parte com os incisos do artigo 23 e o artigo 24 e 25, todos 
do Código Penal. 
 
ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO – artigo 20, § 2º do Código Penal. 
 O erro pode ser espontâneo quando o sujeito incide em erro sem a participação provocadora de terceiro. É o 
erro que estudamos anteriormente. 
 O erro também pode ser provocado (determinado) quando o sujeito a ele é induzido por conduta de terceiro, 
podendo a provocação ser dolosa ou culposa. 
 
Erro provocado dolosamente: ocorre quando o erro é preordenado pelo terceiro, que, conscientemente induz o 
sujeito a incidir em erro. Aqui o provocador responde pelo delito a título de dolo e o provocado não responde, 
salvo se agiu com culpa. 
 
Erro provocado culposamente: ocorre quando o provocador (terceiro) age com imprudência, negligência ou 
imperícia. Neste caso responde pelo crime praticado pelo provocado a título de culpa. 
Exemplo: A, desejando matar C, entrega uma arma municiada à B, fazendo crer que a mesma se encontra 
descarregada, e o induz a acionar o gatilho em direção à C (vítima). A responde pelo crime de homicídio 
doloso. O provocado (B) não responde pelo crime, salvo se agiu com culpa (deve haver previsão legal). 
 
 Desta forma, podemos concluir que a posição do terceiro provocador é a seguinte: Responde pelo crime a 
título de dolo ou culpa, de acordo com o elemento subjetivo do induzimento. 
 E a posição do provocado é a seguinte: Tratando-se de erro invencível não responde pelo crime cometido, 
quer a título de dolo, quer a título de culpa. Tratando-se de erro vencível, não responde pelo delito a título de 
dolo, subsistindo a modalidade culposa, se prevista em lei. 
 Caso o provocador e o provocado agirem dolosamente, responderão por homicídio doloso, em concurso de 
agentes. 
 
ERRO ACIDENTAL 
Conceito: Incide sobre dados secundários da figura típica. Não versa sobre elementos ou circunstâncias do 
crime. Não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento. O sujeito age com 
consciência do fato, enganando-se a respeito de um dado não essencial ao delito ou quanto à maneira de 
execução. 
 
21 
 
Característica: Não impede a apreciação do caráter criminoso do fato. O erro acidental não exclui o dolo. 
 
Espécies: São espécies de erro acidental: 
a) erro sobre o objeto –coisa- (error in objeto); 
b) erro sobre a pessoa (error in persona – art. 20, § 3º); 
c) erro na execução (aberratio ictus – art. 73); e 
d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis – art. 74). 
 
Erro sobre o objeto – coisa – error in objeto 
 Objeto material de um crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. O erro sobre a 
coisa, restringe-se apenas sobre o objeto. 
 Tal erro é absolutamente irrelevante na medida em que não traz qualquer conseqüência jurídica. 
 Há erro sobre o objeto quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre determinada coisa, sendo que na 
realidade ela incide sobre outra. P. ex. o sujeito ao invés de furtar café, subtrai feijão. Responde pelo mesmo 
crime, já que seu erro não impediu o mesmo de saber que cometia delito contra o patrimônio. 
Obs: Se a coisa estiver descrita como elementar do tipo, o erro passa a ser essencial. Assim, se o agente 
confunde cocaína com talco, haverá erro essencial descaracterizando o crime de tráfico. 
 
Erro sobre a pessoa – error in persona – art. 20, § 3º 
 Ocorre quando há erro de representação, em face do qual o sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se da que 
pretendia ofender. O erro sobre a pessoa não exclui o crime, pois a norma penal não tutela a pessoa A ou B, 
mas sim todas elas. 
 A aplicação deste dispositivo é efetuada na prática. 
P.ex. O agente pretende matar B. Percebe a aproximação de um vulto e atira, acabando por matar seu próprio 
irmão. Não responde por homicídio agravado da figura do artigo 61, inciso II, letra “e”, 3ª figura. 
P.ex. O agente pretende matar seu irmão. Percebe a aproximação de um vulto e atira, acabando por matar 
terceira pessoa. Responde por homicídio agravado da figura do artigo 61, inciso II, letra “e”, 3ª figura. 
 
Erro na execução do crime – aberratio ictus – art. 73 (desvio no golpe). 
 É aberração no ataque ou desvio degolpe. Ocorre quando o sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, vem a 
ofender outra. Este erro acidental não exclui a tipicidade do fato. 
 A aberratio ictus difere do erro sobre a pessoa em duas circunstâncias: 
No erro sobre a pessoa, o agente faz uma confusão mental: pensa que a vítima efetiva (atingida) é a vítima 
virtual (que pretendia atingir). Na aberratio ictus o sujeito não faz qualquer confusão, dirigindo sua conduta 
contra a pessoa que quer atingir, errando, contudo, o alvo. 
No erro sobre a pessoa, a execução do crime é perfeita, equivocando-se o agente com relação à pessoa atingida. 
No erro na execução a execução do crime é equivocada. No primeiro o erro está na representação mental. No 
segundo o erro está na execução. 
22 
 
Há duas formas de erro na execução: 
 
Aberractio ictus com unidade simples (resultado único): em face do erro na execução do crime, o agente 
acaba por atingir apenas a pessoa diversa da que pretendia atingir. A conseqüência é que o agente responde pelo 
resultado produzido na vítima efetiva, levando-se em conta as qualidades da vítima virtual. O erro é acidental, e 
portanto, juridicamente irrelevante. P. ex. o agente pretende matar o irmão, mas atinge terceira pessoa. 
Responde pelo homicídio agravado pela figura do artigo 61, inciso II, letra “e”, 3ª figura. Aplica-se o artigo 73, 
1ª parte. 
 
Aberractio ictus com unidade complexa (resultado duplo): o agente além de atingir a vítima visada, acerta 
terceira pessoa. Como conseqüência aplica-se a regra do concurso formal (artigo 73, 2ª parte). Neste caso, o 
resultado produzido em terceiro desconhecido é imputado ao agente na forma culposa, pois o dolo só se 
transporta quando a vítima virtual não é atingida. Pela regra do concurso formal (artigo 70), o agente responde 
pela pena mais grave, aumentada de um sexto até metade. P. ex. o agente pretendendo atingir seu irmão, acaba 
atingindo este e terceira pessoa. 
 Destas duas formas, e com base na hipótese de que o agente João pretende matar Antônio, que se encontra ao 
lado de Pedro, pode ocorrer as seguintes hipóteses: 
1ª) O agente João fere Pedro: responde por tentativa de homicídio como se tivesse ferido Antônio (73, 1ª parte); 
2ª) O agente João mata Pedro: responde por crime de homicídio doloso consumado, como se tivesse matado 
Antônio (73, 1ª parte); 
3ª) O agente João mata Antônio e Pedro: responde por crime de homicídio doloso consumado, tendo sua pena 
aumentada em virtude do concurso formal (73, 2ª parte); 
4ª) O agente João mata Antônio e fere Pedro: responde por crime de homicídio doloso consumado, tendo sua 
pena aumentada em virtude do concurso formal (73, 2ª parte); 
5ª) O agente João fere Antônio e Pedro: responde por tentativa de homicídio (doloso), tendo sua pena 
aumentada em virtude do concurso formal (73, 2ª parte); e 
6ª) O agente João fere Antônio e mata Pedro: responde por crime de homicídio doloso consumado (já que 
queria matar Antônio), tendo sua pena aumentada (73, 2ª parte). 
 
Resultado diverso do pretendido – aberratio criminis – artigo 74 do Código Penal 
Conceito: o agente quer atingir um bem jurídico, mas por erro na execução, atinge bem diverso. O agente quer 
ofender um bem jurídico (integridade física) e atinge outro (coisa). Também pode ocorrer sob duas formas: 
Com unidade simples (resultado único): só atinge o bem jurídico diverso do pretendido. Só irá responder pelo 
resultado produzido, mesmo assim se for previsto como crime culposo. 
Com unidade complexa (resultado duplo): são atingidos o bem visado e o bem diverso. Irá responder pelas duas 
condutas, havendo concurso formal, aumentando-se a pena do crime mais grave. 
Podemos citar os seguintes exemplos: 
23 
 
1º) O agente quer atingir uma coisa (vidraça) e atinge uma pessoa: Responde pelo resultado produzido a título 
de culpa (lesão ou homicídio culposo); 
2º) O agente quer atingir uma pessoa e atinge uma coisa: Não responde por crime de dano culposo, já que não 
há previsão legal. Irá responder pela tentativa de lesão corporal ou tentativa de homicídio, conforme o elemento 
subjetivo. 
3º) O agente quer atingir uma pessoa, vindo a atingir esta e uma coisa: Responde pelo crime praticado contra a 
pessoa (homicídio ou lesão corporal), não respondendo pelo dano por falta de previsão legal. 
4º) O agente quer atingir uma coisa, vindo a atingir esta e uma pessoa: Responde por dois crimes, o dano (163) 
e o homicídio ou lesão corporal culposa, havendo concurso formal entre os dois crimes. 
 
Quadro 
 { {Invencível (escusável) – exclui o dolo e a culpa 
 { {(art. 20, caput, 1ª parte e § 1º, 1ª parte) 
 Essencial 
 { 
 { {Vencível (inescusável) – exclui o dolo, mas não 
 { {a culpa (20, 2ª parte e § 1º, 2ª parte) 
Erro de tipo { 
 { {a-) Erro sobre o objeto 
 { {b) Erro sobre a pessoa (20, § 3º) 
 Acidental {c) Erro na execução (art. 73) 
 { {d) Erro diverso do pretendido (art. 74). 
 
 
ERRO DE PROIBIÇÃO – artigo 21 do Código Penal – erro sobre a ilicitude do fato. 
 Necessário se estabelecer uma distinção entre erro de tipo e erro de proibição. O primeiro não incide 
sobre o fato, mas sobre os elementos do tipo penal. Assim, o erro sobre o elemento do tipo exclui o dolo e, 
portanto, o próprio fato típico. Já o erro de proibição não diz respeito à tipicidade, ao tipo penal, mas à sua 
antijuridicidade. Na hipótese de erro de proibição, não existe a consciência da ilicitude do fato, que é 
pressuposto ou elemento da culpabilidade. 
 Se o erro de proibição for inevitável o agente não pode merecer censura pelo fato que praticou 
ignorando sua ilicitude. Assim, o erro de proibição não exclui o dolo, já que o agente pratica um fato típico, 
ficando excluída a culpabilidade de sua conduta. 
Conceito: a potencial consciência da ilicitude é o segundo elemento da culpabilidade. Além do sujeito ser 
imputável, é preciso que no momento da prática do fato tenha possibilidade de verificação de que o seu 
comportamento contraria o ordenamento jurídico. Se isso não ocorrer, ou seja, se o agente não tiver consciência 
da ilicitude do fato, não poderá ser punível. 
 
24 
 
Espécies de erro de proibição : 
 Ignorância ou errada compreensão da lei - erro de proibição direto- art. 65, c, CPB. 
 Erro sobre a existência de causa que excluiria a antijuridicidade - erro de proibição indireto - 
Eutanásia. 
 Erro sobre a norma de proibição - erro direto - Prostíbulo. 
 Erro sobre os limites de uma causa de justificação - até que ponto a norma que prevê a excludente 
permite ao agente atuar - legítima defesa da honra. 
 Erro sobre a posição de garantidor - tutor. 
Erros sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação - erro indireto. 
Descriminantes putativas art. 20, § 1º - matar guarda noturno - pela teoria limitada da 
culpabilidade é erro de tipo permissivo. Para a teoria extrema ou estrita as descriminantes putativas 
constituem - se em erro de proibição. 
Erro sobre a ilicitude do fato - diz respeito a elemento de direito, quanto a ilicitude do fato, erro 
sobre elemento normativo da descriminante e não sobre o elemento objetivo do fato - art. 21 - reação 
contra prisão por desconhecer a existência de mandado.etc... 
 
Formas: Pode ser a) escusável; ou b) inescusável. 
O erro de proibição escusável (desculpável) ou inevitável ocorre quando nele incidiria qualquer homem 
prudente e de discernimento. Assim o erro vai ser considerado inevitável quando o sujeito atua ou se omite sem 
a consciência da ilicitude do fato, quando não lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir esse 
conhecimento. 
O erro de proibição inescusável (indesculpável) ou evitável irá ocorrer quando o sujeito nele incidepor 
leviandade, imprudência, descuido, etc... . Assim, o erro vai ser considerado inescusável (evitável) quando o 
sujeito atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter 
ou atingir este conhecimento. 
 O erro só é justificável quando o sujeito não tem condições de conhecer a ilicitude de seu 
comportamento. Não é necessário um juízo técnico-jurídico, o qual só poderia ser exigido de juristas 
renomados, mas sim, um juízo “leigo”, “profano”, etc... 
 
Efeitos: No erro inevitável ou escusável há exclusão de culpabilidade (não há pena); já no erro evitável ou 
inescusável há atenuação da pena. 
 
Espécies: 
Desconhecimento da lei (erro ou ignorância de direito): Diz o artigo 3º da LICC, “ninguém se escusa de 
cumprir a lei, alegando que não a conhece”. 
 Deve ser feita a distinção entre ignorância que é o completo desconhecimento a respeito da realidade, 
i.e., a ausência absoluta de conhecimento a respeito de determinada matéria. E o erro que é o conhecimento 
falso, equivocado da realidade. Na primeira não há conhecimento, na segunda, há conhecimento falso. 
25 
 
 Na ignorância (ausência de conhecimento da lei) o erro é considerado inescusável (evitável), ou seja, o 
homem médio, normal, dotado de prudência, poderia evitar o erro, havendo apenas uma diminuição da pena 
(artigo 21 caput, parte final). 
 Já no erro (que é o conhecimento falso) o erro é considerado escusável (inevitável), ou seja não 
poderia ter sido evitado pelo agente, isentando o mesmo de pena (artigo 21, caput, 2ª parte). 
Obs: este erro ou ignorância é aplicado tanto à lei penal, como à lei extrapenal. Assim, no caso do artigo 237, se 
as pessoas ignorarem que o impedimento existe, o dolo estará excluído. Assim, o erro não diz respeito 
necessariamente à regra penal, podendo ser em relação à normas extrapenais, as quais passam a ter conteúdo 
penal. 
Obs: Embora não exclua a culpabilidade, o desconhecimento da lei é circunstância atenuante (art. 65, inciso II). 
Erro de direito e delito putativo por erro de direito: vimos que no delito putativo por erro de direito, o sujeito 
supõe estar praticando um crime, quando não há norma incriminadora, definindo o fato. Ele supõe que o Direito 
pune o fato, quando na verdade se cuida de um indiferente penal (fato atípico). P. ex. a prática do incesto que 
não é considerada crime. 
 A distinção reside no fato de que no erro de direito há exclusão da culpabilidade se inevitável. Aqui, o 
agente não quer praticar crime algum. Já no delito putativo por erro de direito o fato praticado pelo agente é 
atípico. O agente quer praticar um crime que não é previsto em nossa legislação.

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