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neurotransmissores FISIOLOGIA

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ACETILCOLINA
A acetilcolina (ACh) é uma molécula simples sintetizada a partir de colina e acetil-CoA através da ação da colina acetiltransferase. Os neurônios que sintetizam e liberam ACh são chamados neurônios colinérgicos. Quando um potencial de ação alcança o botão terminal de um neurônio pré-sináptico, um canal de cálcio controlado pela voltagem é aberto. A entrada de íons cálcio, Ca2+, estimula a exocitose de vesículas pré-sinápticas que contém ACh, a qual é conseqüentemete liberada na fenda sináptica. Uma vez liberada, a ACh deve ser removida rapidamente para permitir que ocorra a repolarização; essa etapa, a hidrólise, é realizada pela enzima acetilcolinesterase. A acetilcolinesterase encontrada nas terminações nervosas está ancorada à membrana plasmática através de um glicolipídeo.
Os receptores ACh são canais de cations controlado por ligantes, composto por quatro unidades subpeptídicas dispostas na forma [(a2)(b)(g)(d)]. Duas classes principais de receptores de ACh foram identificadas com base em sua reatividade ao alcalóide, muscarina, encontrada no cogumelo e à nicotina, respectivamente, os receptores muscarínicos e os receptores nicotínicos. Ambas as classes de receptores são abundantes no cérebro humano. Os receptores nicotínicos ainda são divididos conforme encontrados nas junções neuromusculares e aqueles encontrados nas sinapses neuronais. A ativação dos receptores de ACh pela ligação com o ACh provoca uma entrada de Na+ na célula e uma saída de K+, provocando a desporalização do neurônio pós-sináptico e no inicio de um novo potencial de ação.
AMINAS BIOGÊNICAS 
As principais catecolaminas são a norepinefrina, a epinefrina e a dopamina. Esses compostos são formados de fenilalanina e tirosina. A tirosina é produzida no fígado a partir da fenilalanina através da fenilalanina hidroxilase. A tirosina é então transportada para neurônios secretores de catecolamina onde uma série de reações a convertem em dopamina, norepinefrina e por fim epinefrina. As catecolaminas exibem efeitos excitatórios e inibitórios do sistema nervoso periférico assim como ações no SNC, tais como a estimulação respiração e aumento da atividade psicomotora. Os efeitos excitatórios são exercidos nas células dos músculos lisos dos vasos que fornecem sangue à pele e às membranas mucosas. A função cardíaca também está sujeita aos efeitos excitatórios, que levam a um aumento dos batimentos cardíacos e da força de contração. Os efeitos inibitórios, ao contrário, são exercidos nas células dos músculos lisos na parede do estômago, nas árvores brônquicas dos pulmões, e nos vasos que fornecem sangue aos músculos esqueléticos.
Além de seus efeitos como neurotransmissores, a norepinefrina e a epinefrina podem influenciar a taxa metabólica. Essa influência funciona tanto pela modulação da função endócrina como a secreção de insulina e pelo aumento da taxa de glicogenólise e a mobilização de acidos graxos.
As catecolaminas ligam-se a duas classes diferentes de receptores denominados receptores a- e b-adrenérgicos. As catecolaminas portanto são também conhecidas como neurotransmissores adrenérgicos ; os neurônios que os secretam são os neurônios adrenérgicos. Os neurônios que secretam a norepinefrina são os noradrenérgicos. Os receptores adrenérgicos são receptores em serpentina clássicos que se acoplam a proteínas G intracelulares. Parte da norepinefrina liberada dos neurônios pré-sinápticos e reciclada no neurônio pré-sináptico por um mecanismo de reabsorção.
Serotonina
A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5HT) é formada pela hidroxilação e descarboxilação do triptofano . A mais alta concentração de 5HT (90%) é encontrada nas células enterocromafinas do trato gastrointestinal. A maioria do restante do 5HT corporal é encontrada nas plaquetas e no SNC. Os efeitos do 5HT são sentidos de maneira mais proeminente no sistema cardiovascular, com efeitos adicionais no sistema respiratória e nos intestinos. A vaso constrição é a resposta clássica à administração de 5HT.
Os neurônios que secretam 5HT são denominados serotonérgicos. Em seguida a liberação de 5HT, certa porção é absorvida pelo neurônio pré-sináptico serotonérgico de modo similar aquele da reutilização da norepinefrina.
A função da serotonina é exercida graças a sua interação com receptores específicos. Vários receptores de serotonina foram clonados e identificados como 5HT1, 5HT2, 5HT3, 5HT4, 5HT5, 5HT6, e 5HT7. Dentro do grupo 5HT1 existem os subtipos 5HT1A, 5HT1B, 5HT1D, 5HT1E, e 5HT1F. Existem três subtipos 5HT2, o 5HT2A, o 5HT2B, e 5HT2C asssim como dois subtipos 5HT5, o 5HT5a e o 5HT5B. A maioria desses receptores está acoplada a proteínas G que afetam a atividade da adenilate ciclase ou da fosfolipase Cg. A classe dos receptores 5HT3 são canais iônicos. Alguns receptores de serotonina são pré-sinápticos e outros pós-sinápticos. Os receptores 5HT2A são mediadores da agregação plaquetária e da contração dos músculos lisos. Supõe-se que os receptores 5HT2C estão envolvidos no controle alimentar, dado que camundongos desprovidos desse gene tornam-se obesos pela ingestão de alimentos e são também sujeitos a ataques fatais. Os receptores 5HT3 estão presentes no trato intestinal e estão relacionados a vomitação. Também presentes no trato gastrointestinal estão os receptores 5HT4 , onde funcionam na secreção e nos movimentos peristálticos. Os receptores 5HT6 e 5HT7 estão distribuídos por todo o sistema límbico cerebral e os receptores 5HT6 apresentam uma alta afinidade por drogas antidepressivas.
GABA
Vários aminoácidos têm diferentes efeitos excitatórios ou inibitórios sobre o sistema nervoso. O g-aminobutirato, um derivado de aminoácido, também chamado de 4-aminobutirato, (GABA) é um inibidor bem-conhecido da transmissão pré-sináptica no SNC e também na retina. A formação do GABA ocorre por descarboxilação do glutamato catalisada pela glutamato descarboxilase (GAD). A GAD está presente em muitas terminações no cérebro assim como as células b do pâncreas. Os neurônios que secretam GABA são chamados de GABAERGICOS.
GABA exerce seus efeitos através da ligação de dois receptores distintos, GABA-A e GABA-B. O receptor GABA-A formam um canal Cl-. A ligação do GABA aos receptores GABA-A aumenta a condutância de Cl- dos neurônios pré-sinápticos. As drogas ansiolíticas do grupo das benzodiazepina exercem seus efeitos calmantes graças à potenciação das respostas dos receptores GABA-A à ligação do GABA. O receptor GABA-B estão acoplados a uma proteína G intracelular e agem aumentando a condutância de um canal associado K+.
HISTAMINA
 A histamina é uma amina biogênica cujos estudos acerca de sua atuação sobre os tecidos, em especial sobre o coração, têm sido efetuados desde o início deste século. Seu padrão de distribuição no tecido cardíaco humano é praticamente o mesmo em diferentes espécies, apresentando maior concentração no átrio direito e a seguir decrescendo no átrio esquerdo, ventrículo direito e, finalmente, menor concentração no ventrículo esquerdo. A histamina é feita a partir do aminoácido histidina, e está presente nos mastócitos e basófilos. Atuam em receptores H1 e H2 centrais e periféricos. A histamina age no receptor H2 do coração aumentando a freqüência cardíaca e o débito cardíaco, com risco de arritmias. Ambos os receptores H1 e H2 agem sobre os vasos sanguíneos causando vasodilatação generalizada, com diminuição da pressão arterial, rubor cutâneo e cefaléia.
GLUTAMATO
O glutamato é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, o mais comum em mamíferos. É armazenado em vesículas nas sinapses. O impulso nervoso causa a libertação de glutamato no neurônio pré-sináptico; na célula pós-sináptica, existem receptores (como os receptores NMDA) que ligam o glutamato e se ativam. Pensa-se que o glutamato esteja envolvido em funções cognitivas no cérebro, como a aprendizagem e a memória.
As membranas de neurônios e de neuroglias possuem transportadores de glutamato que retiram rapidamente este aminoácido do espaço extracelular. Em situaçõesde patologia cerebral (danos ou doenças), os transportadores podem funcionar de forma reversa e causar a acumulação de glutamato no espaço extracelular. Esta reversão provoca a entrada de íons cálcio (Ca2+) nas células, através de receptores NMDA, levando a danos neuronais e eventualmente morte celular (apoptose). Este processo é conhecido como excitotoxidade. O apoptose é causado por fatores como danos em mitocôndrias devido ao excesso de Ca2+ e promoção de fatores de transcrição de genes pró-apoptóticos (ou repressão de fatores de transcrição de genesanti-apoptóticos) mediada pelo glutamato e pelo Ca2+.
O glutamato é precursor na síntese de GABA em neurônios produtores de GABA.
GLICINA
É o principal neurotransmissor inibidor do tronco cerebral e medula espinhal. Tem também propriedades excitatórias, uma vez que ligando-se ao receptor NMDA, aumenta a sua sensibilidade para o GLT. Ele Não é sintetizado pelo organismo mas tem origem dietética. A sua inativação dá-se por recaptação neuronal. Possui apenas um receptor, o qual é um canal permeável ao Cl-. Enquanto a sua função em nível da medula espinhal, a glicina é libertada por interneurônios inibitórios chamados de células de Renshaw. Estas células são ativadas por colaterais dos motoneurônios e inibem o motoneurônio responsável pela sua ativação. Estas células e a glicina são assim importantes porque limitam a ativação dos motoneurônios e permitem o relaxamento muscular. Daqui se depreende que um déficit de glicina provoque um aumento da rigidez muscular e morte por paralisia espástica dos músculos respiratórios. É precisamente o que acontece na intoxicação por estricnina (substância utilizada para matar ratos e que inibe o receptor da glicina) e o tétano (situação em que há infecção por uma bactéria que produz uma toxina capaz de inibir a secreção de glicina.

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