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CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO 1 CURRÍCULO – REFLEXÕES E CONCEITOS BÁSICOS .......................... 03 1.1 Sobre a escola ......................................................................................... 04 1.2 Sobre seu projeto político pedagógico ..................................................... 06 1.3 Sobre o currículo ...................................................................................... 08 1.3.1 Os vários tipos de currículo ................................................................... 10 1.3.1.1 Formal ................................................................................................ 10 1.3.1.2 Integrado ............................................................................................ 12 1.3.1.3 Transdisciplinar .................................................................................. 13 1.3.1.4 Multidisciplinar .................................................................................... 13 1.3.1.5 Pluridisciplinar .................................................................................... 14 1.3.1.6 Oculto ................................................................................................. 14 2 A INTERDISCIPLINARIDADE .................................................................... 17 2.1 A metodologia do trabalho interdisciplinar ................................................ 20 2.2 As vantagens do trabalho com o currículo interdisciplinar ....................... 21 3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS ................................................................ 23 3.1 A história da pedagogia de projetos ......................................................... 23 3.2 Trabalhando com projetos ........................................................................ 24 3.3 As fases de um projeto ............................................................................. 27 3.4 Características básicas do trabalho interdisciplinar com projetos ............ 28 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ........................................ 32 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1 CURRÍCULO – REFLEXÕES E CONCEITOS BÁSICOS A construção do conhecimento se dá a partir da interação do sujeito com o mundo à sua volta. Esta é uma constatação surgida ao longo de décadas de estudos e análises relacionadas ao campo da educação, por estudiosos tais como Piaget, Vygotsky e outros. Neste contexto, o currículo escolar se apresenta como o agente principal na construção do saber e na liberdade a ser alcançada através do conhecimento. Na pedagogia tradicional, ele categoricamente é conteudista e fragmentado, aprisionando o aluno em aspectos unilaterais de uma realidade que, na contramão, é multifacetada. Essa educação tradicional parece que não teme os riscos de seguir o modelo em que se diz o que é certo e o que é errado, mostrando que essa educação é a normal. Em outras palavras, a educação tradicional segue normas, padronizações e consequentemente, aprisiona o saber. Deste modo, o aluno sai da escola, formado, mas de acordo com uma fôrma pré-estabelecida pelo currículo. Enfim, essa educação tira das pessoas a capacidade de pensar, de formar suas próprias opiniões, de criticar o que lhe foi imposto pelas “normas”. Por outro lado, e felizmente, temos a chamada pedagogia de projetos que tem como objetivo trabalhar a interdisciplinaridade, oportunizando olhar o mundo com outros e bons olhos, modelo este que de alguns anos para cá vem conquistando seu espaço. A diversidade cultural, a crítica e a problematização são características positivas que vem à tona junto com a pedagogia de projetos. Completando o curso de Supervisão Escolar, esta apostila tratará destes três temas muito em voga e que levam a uma educação efetiva, de qualidade e em consonância com a realidade que vivemos atualmente. Estes temas são o currículo escolar, a interdisciplinaridade e o trabalho por projetos, os quais se complementam. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1.1Sobre a escola Relembrando os quatro pilares da educação propostos por Delors (1998) – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser – encontramos na escola o espaço que tem como objetivos, promover o desenvolvimento humano, levar o aluno a adquirir competências e habilidades, colocando esse aluno no papel de verdadeiro protagonista da aprendizagem, utilizando para isso a pedagogia de projetos. Para Sacristán e Goméz (2000, p. 14) a escola deve prover os indivíduos “não só e nem principalmente, de conhecimentos, ideias, habilidades e capacidades formais, mas também, de disposições, atitudes, interesses e pautas de comportamento”. Assim, seu objetivo básico é socializar o aluno para prepará-los para sua incorporação no mundo do trabalho, ou seja, ser produtivo e se incorporar à vida adulta e pública, tornando-se cidadão do mundo. Completando as ideias dos autores acima, as quatro funções básicas da escola são: 1. Função reprodutora ou de socialização do indivíduo: garantir a reprodução social e cultural como requisito para sobrevivência na sociedade; 2. Função educativa em termos de compreensão: utilizar o conhecimento para compreender as origens das influências, seus mecanismos, intenções e consequências, e, oferecer para debate público e aberto, as características e efeitos para o indivíduo e a sociedade desse tipo de processo de reprodução; 3. Função compensatória: atenuar, em parte, os efeitos da desigualdade e preparar cada indivíduo para lutar e se defender nas melhores condições possíveis, no cenário social; 4. Função educativa transformadora: provocar e facilitar a reconstrução de conhecimentos, atitudes e formas de conduta que os alunos assimilam direta e acriticamente nas práticas sociais de sua vida anterior e paralela à escola (SACRISTÁN E GOMÉZ, 2000, p. 14-22). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Numa conceituação mais simples, Saviani (1999) entende que a educação escolar deveria ser apenas uma entre outras práticas que promovem o desenvolvimento e a socialização de seus membros além de garantir o funcionamento de um dos mecanismos essenciais da herança cultural. Se analisada sob o ponto de vista de sua existência formal, segundo Mauá Junior (2005) citado por Costa (2006), a escola sempre teve como foco principal a educação sistematizada, em especial a escola pública básica, que atende as camadas populares preparando-as para o mercado de trabalho. A expressão da produção de seus resultados centra-se na aprendizagem medida por meio de avaliações somativas, como produto do esforço pessoal. Nesta perspectiva, ser cidadão é transforma-se em ser político, capaz de questionar, criticar, reivindicar, participar, ser militante e engajado, contribuindo para a transformação de uma ordem social injusta e excludente. Continuando a analisar a escola por esse lado histórico e político, pode- se interpretá-la como campo de lutas onde as camadas populares devam conscientizar-se dos mecanismos de dominação e poder da sociedade capitalista, uma vez que ela tem como função social formaro cidadão, construir conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante crítico, ético e participativo. Para que ela exerça essas funções, e concordando com Pimenta (2002) é preciso abdicar dessa construção arcaica que perpetua a situação de dominação e democratizar, ampliando as oportunidades de aprendizagem, melhorando as condições de participação das camadas sociais menos favorecidas. “A difusão dos conteúdos, sua re-elaboração de forma crítica e o aprimoramento da prática educativa escolar contribuem para elevar cultural e cientificamente as camadas populares, ou seja, para melhorar a qualidade de vida das pessoas e sua inserção num projeto coletivo de mudança de sociedade” (COSTA, 2006, p. 34). Completando essas primeiras conceituações e entendimentos sobre a escola, Costa (2006) citando Navarro (2004, p.13) sintetiza que: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 “A escola é uma instituição especializada da sociedade com o fim de oferecer oportunidade educacional que garanta a educação básica de qualidade para todos. Nesse sentido a prática educativa escolar apresenta a função de contribuir para que cada cidadão que nela adentre, amplie seu conhecimento e capacidade de descobrir, criar, questionar e transformar a realidade. Além de tornar maior sua sensibilidade para encontrar sentido na realidade, nas relações e nas situações, contribuindo para a construção de uma nova sociedade, fundada em relações sociais de colaboração e solidariedade”. 1.2 Sobre seu projeto político pedagógico Já falamos do PPP em outro momento, mas como ele é documento norteador das práticas no ambiente educacional, nunca é demais expor algum detalhe sobre o mesmo. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Pensando dessa forma, um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. Enfim, todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Segundo Gadotti (2007, p.3) um projeto político-pedagógico da escola apoia-se: No desenvolvimento de uma consciência crítica; No envolvimento das pessoas: a comunidade interna e externa à escola; Na participação e na cooperação das várias esferas de governo; Na autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto do projeto. O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da cara que tem, com o seu cotidiano e o seu tempo-espaço. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Um projeto político-pedagógico se constrói de forma interdisciplinar. Não basta trocar de teoria como se ela pudesse salvar a escola. A escola que precisa ser salva, não merece ser salva (GADOTTI, 2007). Em consonância com o que foi dito até agora, o projeto pedagógico da escola pode ser considerado como um momento importante de renovação da escola, uma vez que projetar significa “lançar-se para a frente”, antever um futuro diferente do presente, o projeto pressupõe uma ação intencionada com um sentido definido, explícito sobre o que se quer inovar. Nesse processo podem-se distinguir dois momentos, nos quais a participação do supervisor torna-se fundamental: a) o momento da concepção do projeto; b) o momento da implementação do projeto. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. Para Costa (2006, p. 96) o PPP deve ter como objetivo primordial a organização do trabalho pedagógico. Ele apresenta-se articulado ao compromisso sociopolítico ao preocupar-se com a formação de um determinado tipo de homem ao mesmo tempo em que se torna pedagógico por definir ações educativas e possuir características necessárias às escolas para cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. O PPP tem a ver com a organização do trabalho da escola como um todo e como organização da sala de aula (ação educativa), incluindo relação com o contexto social imediato, trabalhar conflitos, superar relações competitivas e autoritárias, procurando preservar a visão de totalidade. Veiga (1998) sintetiza muito bem a missão do PPP que como instrumento de planejamento coletivo, procura resgatar a unidade do trabalho escolar, garantindo que não haja uma divisão entre os que planejam e os que executam. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1.3 Sobre o currículo O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar (CEAE, 2007). O CEAE (2007) apresenta duas grandes vertentes do campo do currículo neste século: a primeira, cuja preocupação central é a construção de modelos de desenvolvimento curricular; e a segunda, na qual a ênfase recai na compreensão do currículo escolar como espaço conflitivo de interesses e culturas diversos. O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, e não como um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar. É preciso dispensar a ideia de que as decisões já vêm prontas. Desde as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as práticas de avaliação, etc., tudo isso é dinâmico e muda de acordo com cada realidade (SACRISTÁN, 1995). Forquin (1996) citado pelo CEAE (2007) conceitua currículo como o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma ordem de progressão determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é, assim, um programa de estudos ou um programa de formação, mas considerado em sua globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade temporal, isto é, de acordo com a organização sequencial das situações e das atividades de aprendizagem às quais dá lugar. Segundo Moreira e Silva (2005), o currículo é considerado um artefato social e cultural. [...] transmite visões sociais particulares e interessadas, [...] produz identidades individuais e sociais particulares. [...] não é um elemento transcendente e atemporal – tem uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação. Os autores dizem, ainda, que deve ser atacada a disciplinaridade do currículo, fazendo-se INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 necessária uma “desconstrução” dessa estrutura e que a indiferença para com os saberes populares deve ser eliminada. Tyler (1983) considera o currículo como um conjunto de elementos que, de certo modo e em certo grau, podem ter influência sobre o aluno no processo educativo. Assim, os planos, programas, atividades, material didático, edifício e mobiliário escolar, ambiente, relações professor-aluno, etc., constituem elementos significativos desteconjunto. Segundo Libâneo (2001), o currículo consiste no conjunto de conhecimentos e habilidades intelectuais selecionados dos bens culturais disponíveis, transformados em saber escolar (portanto, suscetíveis de serem ensinados e apropriados pelos alunos) por um processo de adequação entre conhecimentos e habilidades socialmente necessários e as condições socioculturais e psicológicas de alunos pertencentes a determinados grupos sociais, matriculados numa determinada escola, tendo em vista uma aprendizagem duradoura e efetiva em termos de seus efeitos na prática social. O currículo representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos seletos de estudantes sobre outros grupos, com frequência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero (MCLAREN, 1977, p. 216, apud CEAE, 2007). Ferreira (2000) citado por Costa (2006, p.82), ao tratar o currículo, afirma que este: “Tornou-se ponto-chave para ser contemplado com conteúdos e práticas voltadas à solidariedade, representatividade social e formação da cidadania. O currículo passa a considerar como finalidade o planejamento de cursos, de disciplinas, de planos de estudo, do elenco disciplinar e seus respectivos conteúdos, sobre a atividade de professores e alunos, ambientes de aprendizagem, recursos humanos, físicos, financeiros, os tipos e modos de avaliação além do tempo para sua realização. Também considera a INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, delegando aos sistemas de ensino a definição das normas de gestão democrática. Em se tratando da gestão da escola pública, todos esses princípios implicam uma nova escola, onde novos processos de participação devem ser implementados, envolvendo comunidade, professores, coordenadores, supervisores, orientadores educacionais, pais e alunos na definição das políticas e na orientação para a gestão do sistema com autonomia para a escola (DOURADO, 2002, p.153). Pode-se dizer, em termos genéricos, que um currículo é um plano pedagógico e institucional para orientar a aprendizagem dos alunos de forma sistemática. Mas, é importante observar que esta ampla definição pode adotar variados matizes e as mais variadas formas de acordo com as diferentes concepções de aprendizagem que orientam o currículo. Melhor dizendo: segundo o que se entenda por aprender e ensinar, o conceito de currículo varia, como também varia a estrutura sob a qual é organizado (DAVINI, 1989). 1.3.1 Os vários tipos de currículo 1.3.1.1 Formal Chama-se educação formal a que é ministrada formando parte do sistema de educação oficialmente reconhecido, com estrutura e organização aprovada pelos organismos competentes e cujos produtos (aprendizagem ou desempenhos alcançados pelo aluno) são verificados por meio de avaliação e legitimados por diplomas ou certificados (DAVINI, 1989). Como se falou em tópico anterior, a educação escolar se constitui basicamente de um processo institucional de transmissão de conhecimentos e de inclusão de valores socialmente aceitos. Uma característica notável que comprova esta afirmação é observada no fato de que, através do seu desenvolvimento histórico, os sistemas educativos INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 vêm conservando o essencial, ou seja, uma metodologia genérica de ensino que se fundamenta na passagem de informações de professores para alunos; e, um plano de ensino que se organiza em disciplinas isoladas e divididas simultaneamente (estrutura horizontal) e correlativamente (estrutura vertical). Dentro deste marco, as disciplinas que compõem o currículo são campos de conhecimentos específicos, delimitados e estanques, que devem ser esgotados por professores e alunos em prazos convencionalmente estabelecidos, de um semestre ou um ano. Geralmente, estes setores de conhecimentos se classificam em disciplinas científicas e disciplinas técnicas ou aplicadas, sendo mais frequente as primeiras antecederem as segundas e as atividades práticas se realizarem em laboratórios ou espaços educativos onde se reproduzem, simultaneamente, os problemas da realidade (DAVINI, 1989). A característica principal deste tipo de currículo é o formalismo, que se define por transmitir conhecimentos que foram parcelados em disciplinas; estudar isoladamente os problemas e processos concretos do contexto social em que estão inseridos e transmitir aprendizagem por acumulação de informações obtidas em livros (DAVINI, 1989, p. 283). Outras características do currículo formal e muito importantes são: o convencionalismo e a rigidez. No processo de ensino são estipulados prazos e períodos estereotipados pelo hábito, que se constituem verdadeiros obstáculos da aprendizagem. Finalmente, este tipo de currículo se fundamenta em uma concepção pedagógica para a qual aprender é, em grande medida, memorizar informações ou executar mecanicamente determinados procedimentos. Para finalizar, Davini (1989) infere que o currículo que se sustenta na estrutura formal do conhecimento terá que enfrentar sempre a contradição que se estabelece entre o conhecimento parcelado e a realidade como instância totalizadora, entre os dados abstratos e a prática. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1.3.1.2 Integrado O currículo integrado pode ser definido como um plano pedagógico e sua correspondente organização institucional que articula dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade. As relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suas hipóteses de solução devem ter sempre, como pano de fundo, as características socioculturais do meio em que este processo se desenvolve. O Currículo Integrado é uma opção educativa que permite: Uma efetiva integração entre ensino e prática profissional; A real integração entre prática e teoria e o imediato teste da prática; Um avanço na construção de teorias a partir do anterior; A busca de soluções específicas e originais para diferentes situações; A integração ensino-trabalho-comunidade, implicando uma imediata contribuição para esta última; A integração professor–aluno na investigação e busca de esclarecimentos e propostas; A adaptação a cada realidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social (DAVINI, 1989, p. 284). Se a intenção é aderir a uma pedagogia que pretende preparar o aluno como sujeito ativo, reflexivo, criativo e solidário, os processos de memorização de informações e a execução mecânica de certos comportamentos deverão ser deixados de lado. O que importará será a criação de condições para que o aluno possa construir ativamente o seu próprio conhecimento. Assim, a aprendizagem se dará como resultado da assimilação ativa a partir da própria prática do sujeito e das sucessivas mudanças provocadas pela informação gradativamente assimilada. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADEE PROJETOS 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1.3.1.3 Transdisciplinar Tem-se o currículo transdisciplinar quando há coordenação de todas as disciplinas num sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo de saber para outro (ANDRADE, 2007). Na transdisciplinaridade, a cooperação entre as várias matérias é tanta, que não dá mais para separá-las: acaba surgindo uma nova “macrodisciplina”. Um exemplo de transdisciplinaridade são as grandes teorias explicativas do funcionamento das sociedades. Esse é o estágio de cooperação entre as disciplinas mais difícil de ser aplicado na escola, pois há sempre a possibilidade de uma disciplina “imperialista” sobrepor-se às outras (ABUD, 1999). Na prática transdisciplinar, bastante utópica, haveria uma proposta de sistema sem fronteiras entre as disciplinas, sendo impossível distinguir onde uma começa e outra termina. Para Fazenda (1995), este nível de abrangência negaria a possibilidade do diálogo, condição “sine qua non” para o exercício efetivo da interdisciplinaridade. Entretanto, Hernández (1998) percebe que a prática da pesquisa nas ciências e na tecnologia leva a efeito cada vez mais a transdisciplinaridade, no momento de organizar grupos e projetos de pesquisa; ele argumenta que essa realidade vem acontecendo na área biomédica, na ecologia, na paleontologia, mas reconhece a dificuldade de exercê-la adequadamente no contexto escolar, sem que se efetivem mudanças estruturais nas escolas e nos cursos de licenciatura. 1.3.1.4 Multidisciplinar Para Andrade (2007) o currículo multidisciplinar é um modelo fragmentado em que há justaposição de disciplinas diversas, sem relação aparente entre si; onde os alunos recebem informações incompletas e têm uma visão fragmentada e deformada do mundo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 14 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Já no entendimento de Abud (1999), “na multidisciplinaridade, recorremos a informações de várias matérias para estudar um determinado elemento, sem a preocupação de interligar as disciplinas entre si”. Segundo Fleck (2007) é um termo que pode ser utilizado quando da integração de diferentes conteúdos de uma mesma disciplina. Ex.: meio ambiente (água-ar-solo), tendo ainda como outra possibilidade, a justaposição de diferentes conteúdos de disciplinas distintas, sem preocupação de integração, o que no seu entendimento não levaria a uma prática cooperativa. 1.3.1.5 Pluridisciplinar Quando se justapõem disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínios do conhecimento, formando-se áreas de estudo com conteúdos afins ou coordenação de área, com menor fragmentação, tem o currículo pluridisciplinar (ANDRADE, 2007). Fleck (2007) considera que nessa prática já existem pequenos sinais de cooperação entre as diferentes disciplinas, mas os objetivos continuam distintos, e cita como exemplo, a Copa do Mundo, onde cada disciplina trabalha aspectos que lhe são inerentes, sem que haja correlação e integração. Contudo, o conhecimento não foi integrado. 1.3.1.6 Oculto Uma vez entendido o conceito de currículo escolar, investigar-se-á, agora, o lado oculto do currículo, o lado que não nos interessa, mas que, infelizmente, está presente no cotidiano da prática escolar. Acredita-se que a expressão Currículo Oculto tenha sido utilizada pela primeira vez por Philip Jackson, em 1968, em um livro intitulado Life in classrooms. Na tentativa de se compreender satisfatoriamente a significação do currículo oculto, vamos tomar as palavras de Silva (2003, p.78) “o currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma explícita, para aprendizagens sociais relevantes”. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Silva (2003) quer dizer o seguinte: todas as atitudes, os comportamentos e os valores que permeiam a vida dos alunos como forma de enquadrá-los às estruturas da sociedade capitalista e que são transmitidas no ambiente escolar, contribuem para a formação do currículo oculto e, de certa forma, consideram- se aprendizagens sociais relevantes, porém não para os alunos, mas para a minoria da sociedade que detém o poder político-educacional e que exige que sua cultura seja transmitida nas escolas na tentativa da legitimação de seu poder opressivo. Neste sentido, o currículo oculto surge como forma de consolidação das classes economicamente privilegiadas da sociedade. Assim, o currículo oculto transforma a escola em um espaço de transmissão da doutrina capitalista, a qual, segundo Silva (2003) produz e legitima os interesses econômicos e políticos das elites empresariais. O que ocorre é que a escola, de modo particular a sala de aula, passa a ser um local exclusivo do reprodutivismo dos valores, das atitudes e dos comportamentos da classe privilegiada. Estes elementos acabam sendo impostos nos currículos escolares, mas não são parte integrante da vida e do cotidiano de muitas crianças, as quais são preparadas para a absorção de uma cultura que não as satisfaz e que, portanto, nada tem a contribuir em sua formação. Nota-se, contudo, que o currículo oculto reproduz, através da cultura escolar, as estruturas sociais e a ideologia dominante do capitalismo. Com isso, o currículo oculto interfere na subjetividade dos alunos, os quais passam a ser inibidos e impedidos de manifestarem-se quanto à própria atuação no mundo. Um exemplo da presença do currículo oculto nas salas de aula é a própria forma de organização da classe. Geralmente as carteiras são dispostas em filas indianas (uma atrás da outra) em que cada aluno tem sua atenção voltada sempre para frente com o fim único de interromper toda e qualquer forma de comunicação com os outros alunos. Esse exemplo é reflexo de uma grande relação de poder em que o professor ocupa a posição central da sala e é detentor do conhecimento produzido e acabado. Os alunos são considerados como sujeitos pacientes desse tipo de organização educacional e, no geral, são INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 simples reprodutores do conhecimento recebido. Com relação aos propósitos do currículo oculto, Silva (2003, p. 78) diz que: “Para a perspectiva crítica, o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações que permitem que crianças e jovens se ajustem da forma mais conveniente às estruturas e às pautas de funcionamento, consideradas injustas e antidemocráticas e, portanto, indesejáveis, da sociedade capitalista. Entre outras coisas o currículo oculto ensina, em geral, o conformismo [...] Numa perspectiva mais ampla, aprendem-se através do currículo oculto, atitudes e valores próprios de outras esferas sociais, como, por exemplo, àqueles ligados à nacionalidade”. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2 A INTERDISCIPLINARIDADE São muitos os conceitos de interdisciplinaridade, mas tomamos para nossa discussão algumas que podem nortear nossa discussão sobre a interdisciplinaridade no âmbito escolar. Voltada para a formação do indivíduo, a interdisciplinaridade propõe a capacidade de dialogar com as diversas ciências, fazendo entendero saber como um todo e não partes, ou fragmentações (FAZENDA, 1994). Assim podemos dizer que a interdisciplinaridade trata-se de uma proposta onde a forma de ensinar leva em consideração a construção do conhecimento pelo aluno, que como defende Pombo (2004) “Visa integrar os saberes disciplinares”, e não elimina-los. Não se tratar de unir as disciplinas, mas é fazer do ensino uma prática em que todas demonstrem que fazem parte da realidade do educando. Trata-se de uma prática que não dilui as disciplinas no contexto escolar, mas que amplia o trabalho disciplinar na medida em que promove a aproximação e a articulação das atividades docentes numa ação coordenada e orientada para objetivos bem definidos (CARLOS, 2006, p.7) Com isso o saber continua dividido, mas o aluno compreende que a ramificação do saber é apenas uma forma facilitada de se estudar a parte de um todo; e que o mesmo vale para as disciplinas, onde cada conteúdo destas faz parte de uma totalidade. Para Andrade (2007), a interdisciplinaridade é entendida como uma nova concepção de divisão do saber, frisando a interdependência, a interação, a comunicação existente entre as disciplinas e buscando a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo; as informações, as percepções e os conceitos compõem uma totalidade de significação completa e o mundo já não é visto como um quebra-cabeça desmontado. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Para Abud (1999), o ensino baseado na interdisciplinaridade proporciona uma aprendizagem muito mais estruturada e rica, pois os conceitos estão organizados em torno de unidades mais globais, de estruturas conceituais e metodológicas compartilhadas por várias disciplinas. Neste caso, a tônica é o trabalho de integração das diferentes áreas do conhecimento, um fazer pedagógico de cooperação e troca, aberto ao diálogo e ao planejamento. As diferentes disciplinas não aparecem de forma fragmentada e compartimentada, pois a problemática em questão levará à unificação. Na interdisciplinaridade existe uma coordenação (individual ou coletiva) que realiza as necessárias conexões (FLECK, 2007). Deliza (2007) citando Bochiniak (2000, p. 68) define em poucas palavras o que é interdisciplinaridade: “atitude de superação de toda e qualquer visão fragmentada e ou dicotômica que ainda mantemos de nós mesmos, do mundo e da realidade”, e ainda sobre como escolher conteúdos a mesma autora aborda que o que se pretende destacar é o alerta da Pedagogia da Pesquisa para o fato de que nessa medida perde e ganha importância o processo de seleção de conteúdos a ser repensado pela escola, porque nessa perspectiva interdisciplinar o enfoque estabelecido para a escolha dos conteúdos desloca- se para a efetiva função maior que eles tenham na escola, qual seja, a de constituírem em meros pretextos sobre os quais desenvolver as atividades (DELIZA, 2007). O início do movimento pela interdisciplinaridade surgiu na Europa, principalmente na França e Itália, em meados de 1960, bem como surgiu nessa época, reivindicações por parte de professores e alunos para a criação de um novo estatuto de universidade e de escola, que acabasse com o conhecimento fragmentado e desconectado do cotidiano. Foi o começo do questionamento sobre as barreiras entre as disciplinas, suas fronteiras e limitações, enfim, indagava-se sobre o saber tradicional que subdivide as áreas do conhecimento no currículo. No trabalho de Siqueira (2001) encontra-se que, no caso do Brasil, em meados da década de 1970, Japiassú foi um dos primeiros autores a refletir INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 sobre o termo interdisciplinaridade em seu livro “Interdisciplinaridade e Patologia do Saber”. Para Ivani Fazenda a interdisciplinaridade “é uma relação de reciprocidade, de mutualidade, um regime de copropriedade que iria possibilitar o diálogo entre os interessados” (Fazenda, 1995, p.39). Heloísa Luck (1995, p. 60) é outra autora, citada por Siqueira (2001, p. 92) que reflete sobre o assunto e, segundo ela, a interdisciplinaridade pressupõe mais que a interação entre duas ou mais disciplinas, “a interdisciplinaridade pretende superar a fragmentação do conhecimento e para tanto necessita de uma visão de conjunto para que se estabeleça coerência na articulação dos conhecimentos”. Essa noção de conjunto se dá no engajamento de educadores das diferentes áreas do conhecimento entre si, a fim de tornar possível o diálogo e uma aproximação dos conteúdos estudados sistematicamente com o cotidiano. Um trabalho que se constitua interdisciplinar necessita de uma equipe engajada que possa dialogar e contribuir com informações acerca dos diferentes conteúdos das disciplinas e presume uma reciprocidade entre seus participantes, dependendo basicamente de uma atitude ou de várias atitudes (SIQUEIRA, 2001). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, do MEC, encontramos a interdisciplinaridade com o nome de Temas Transversais (BRASIL, 1998). Sua origem está na afirmação da incapacidade do sistema tradicional de ensino - baseado em aulas de diferentes matérias, cada uma com programas específicos predefinidos - em despertar o interesse e em formar o verdadeiro espírito científico, que é curioso, observador, analítico e crítico. A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p. 88-89). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Todos ganham com a interdisciplinaridade, primeiramente pelo conhecimento recuperar sua totalidade e complexidade; os professores pela necessidade de melhorarem sua interação com os colegas e repensar da sua prática docente; os alunos por estarem em contato com o trabalho em grupo, tendo o ensino voltado para compreensão do mundo que os cerca; por fim a escola, que tem sua proposta pedagógica refletida a todos instante e ganham como grandes parceiros a comunidade, porque o entendimento do mundo que está inserido os alunos, partem do princípio de se ouvir também a comunidade. A interdisciplinaridade contemplada nos PCN's assume como fundamento de integração a prática docente comum voltada para o desenvolvimento de competências e habilidades comuns aos alunos, promovendo assim, a mobilização da comunidade escolar em torno de objetivos educacionais mais amplos, que estão acima de quaisquer conteúdos disciplinares (CARLOS, 2006). O que também podemos perceber nos PCN's: “Um trabalho interdisciplinar, antes de garantir associação temática entre diferentes disciplinas – ação possível, mas não imprescindível –, deve buscar unidade em termos de prática docente, ou seja, independentemente dos temas/assuntos tratados em cada disciplina isoladamente. Em nossa proposta, essa prática docente comum está centrada no trabalho permanentemente voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades, apoiado na associação ensino–pesquisa e no trabalho com diferentes fontes expressas em diferentes linguagens, que comportem diferentes interpretações sobre os temas/assuntos trabalhados em sala de aula. Portanto,esses são os fatores que dão unidade ao trabalho das diferentes disciplinas, e não a associação das mesmas em torno de temas supostamente comuns a todas elas” (BRASIL, 2002). Portanto, a interdisciplinaridade na escola vem complementar as disciplinas, criando no conceito de conhecimento uma visão de totalidade, onde os alunos possam perceber que o mundo onde estão inseridos é composto de vários fatores, que a soma de todos formam uma complexidade. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2.1 A metodologia do trabalho interdisciplinar A interdisciplinaridade requer uma visão diferenciada de ensino e currículo, que se baseia na interdependência entre os diversos ramos do conhecimento. Para tanto, se faz necessário rever o currículo da instituição de ensino, no sentido de adequá-lo a nova proposta e poder-se assim, processar as mudanças. Para Andrade (2007), a proposta da interdisciplinaridade toma como fundamento o construtivismo, por acreditar ser este o modelo que melhor corresponde às mudanças que vem se processando na sociedade neste final de século. Segundo o construtivismo, o ser humano nasce com potencial para aprender. Mas esse potencial – essa capacidade - só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. No construtivismo, a aprendizagem se organiza, se estrutura num processo dialético de interlocução. A metodologia para trabalhar interdisciplinaridade requer a integração de conteúdos, precisa passar de uma concepção fragmentária para unitária do conhecimento; superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, considerando o estudo e pesquisa, a partir da contribuição das diversas ciências e por fim, que o ensino-aprendizagem seja centrado numa visão de que aprendemos ao longo de toda a vida. A implantação desse novo modelo possibilita a comunidade escolar uma visão nova, em relação à escola, tornando-a criativa, ousada e com uma nova concepção de divisão do saber, garantido a sua integração num todo organizado (BEZERRA, 2007). 2.2 As vantagens do trabalho com o currículo interdisciplinar Segundo Prado (1999), no trabalho com a interdisciplinaridade todos só têm a ganhar, desde o aluno, passando pelos professores e inclusive a escola. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 22 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Os alunos ganham porque aprendem a trabalhar em grupo, do início ao fim de um projeto (uma vez que a interdisciplinaridade trabalha por projetos), vivenciam a experiência de trabalhar em conjunto, melhorando inclusive o relacionamento com os colegas. Os professores evidentemente também ganham, pois sendo forçados pelos questionamentos dos próprios alunos, a ampliar seus conhecimentos em outras áreas, acabam por melhorar a sua formação. As mudanças no planejamento das aulas e execução durante o ano torna-se dinâmico, tirando-o do tédio dos planejamentos rígidos e também melhorando o relacionamento com os colegas. E por fim, a escola ganha porque além de cumprir seu programa de maneira ágil e eficiente, observa os alunos quando comentam sobre as experiências vivenciadas e com certeza, os problemas com disciplina tendem a diminuir em função dos trabalhos em grupo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS 3.1 A história da pedagogia de projetos Segundo Amaral (2007), o “Método de Projetos” tornou-se conhecido no Brasil, a partir da divulgação do movimento conhecido como “Escola Nova”, contrapondo-se aos princípios e métodos da escola tradicional, a qual reforçava o sistema de produção em série de Taylor, cuja filosofia de trabalho concentrava o capital, o poder e o saber nas mãos de poucos. Signorelli (2007) traduz o entendimento de Santomé (1998) a respeito dos métodos tradicionais: “algumas pessoas passam a ser aquelas que pensam e decidem e outras que obedecem”. Por essa ótica, o trabalho era repetitivo e se negava ao trabalhador a responsabilidade para intervir em questões importantes e humanas como, por exemplo: por que, para quê, como e quando. Essa lógica da era fordista fez explodir a indústria americana e o consumismo, alastrando pelos países periféricos, transformando-os em fiéis compradores de produtos, em grande parte, produtos estranhos, mas rapidamente incorporados a sua cultura, por uma carga avassaladora de recursos midiáticos sobre populações de baixo nível de alfabetização, compreensão crítica e autoestima. Esses acontecimentos não se deram no vazio, ao contrário, foi sustentado no interior dos sistemas educacionais. Igualmente aos trabalhadores que não podiam participar dos processos de produção, somente executar, aos professores e estudantes era negada a possibilidade de interagir na construção dos saberes. Cabia aos professores repassar os conteúdos que haviam aprendido, e aos alunos repetir e decorar os conceitos já consolidados pela cultura dominante, abstrata e descontextualizada (SIGNORELLI, 2007). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Enfim, nos primeiros anos da década de 1990, ganhou grande destaque a ideia de que, na maioria das atividades profissionais, o trabalho pode ser organizado de duas formas diferentes e que se complementam. De um lado, encontram-se as atividades funcionais cotidianas, aquelas que estão relacionadas a uma rotina associada ao funcionamento da instituição em que se trabalha; de outro lado, encontram-se os projetos, que são atividades criadas e planejadas com um propósito bem determinado (o projeto em si ou seus objetivos) e que têm sempre uma duração temporal fixa, ou seja, uma vez atingidos os objetivos, o projeto termina (SIGNORELLI, 2007). Esse movimento foi fruto das pesquisas de grandes educadores europeus como Montessori, Decroly, Claparède, Ferrière e outros, e teve, na América do Norte, dois grandes representantes: John Dewey e seu discípulo, William Kilpatrick, os quais foram os criadores do método. No Brasil, a introdução e divulgação das ideias do método de projetos e suas propostas pedagógicas ficou por conta de Anísio Teixeira e Lourenço Filho. 3.2 Trabalhando com projetos Segundo Hernández e Ventura (1998, p.61): “A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1)o tratamento da informação, e 2)a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio”. A prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos é uma forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os recursos disponíveis, inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem. Este ambiente é criado para promover a interação entre todos os seus elementos, propiciar o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio da busca deinformações significativas para a compreensão, representação e resolução de uma situação-problema. Fundamenta-se nas ideias piagetianas sobre desenvolvimento e aprendizagem, inter-relacionadas com outros pensadores dentre os quais destacamos Dewey, Freire e Vygotsky (ALMEIDA, 2007). A mesma autora discorre que é uma nova cultura do aprendizado que não se fará por reformas ou novos métodos e conteúdos definidos por especialistas que pretendam impor melhorias ao sistema educacional vigente, mas sim, uma mudança radical, que deve tornar a escola capaz de entre outras atitudes, atender às demandas da sociedade; considerar as expectativas, potencialidades e necessidades dos alunos; criar espaço para que professores e alunos tenham autonomia para desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade responsável; desenvolver as capacidades de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações contextuais; desenvolver a habilidade de aprender a aprender, de forma que cada um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidades segundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores e por fim, incorporar as novas tecnologias não apenas para expandir o acesso à informação atualizada, mas principalmente para promover uma nova cultura do aprendizado por meio da criação de ambientes que privilegiem a construção do conhecimento e a comunicação. Deste modo, trabalhar com projetos significa lidar com ambiguidades, soluções provisórias, variáveis e conteúdos não identificáveis a priori e emergentes no processo, que estarão no seu plano inicial, no seu esboço, o qual deve ser plástico, flexível e aberto ao imprevisível, sempre com possibilidades de revisões e de re-elaborações durante a execução. Quanto ao plano, este é a espinha dorsal das ações e vai se completando durante a execução na qual evidencia-se uma atividade que rompe com as barreiras disciplinares, torna permeável as suas fronteiras e caminha em direção a uma postura interdisciplinar para compreender e INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 transformar a realidade em prol da melhoria da qualidade de vida pessoal, grupal e global (ALMEIDA, 2007). O desenvolvimento de um projeto envolve um processo de construção, participação, cooperação e articulação, que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante da ciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória perpassada pelas noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, que caracteriza o paradigma educacional emergente (MORAES, 1997 apud ALMEIDA, 2007). Já no tocante ao professor que trabalha com projetos de aprendizagem, este deve respeitar os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento. Almeida (2007) pondera que o professor é o consultor, articulador, mediador, orientador, especialista e facilitador do processo em desenvolvimento pelo aluno, devendo criar um ambiente de confiança e respeito às diferenças e reciprocidade, encorajando o aluno a reconhecer os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros. E na contramão, não terá igualmente inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento que caracteriza a postura interdisciplinar. Então, para transformar o sistema educacional é preciso que essa reciprocidade extrapole os limites da sala de aula e envolva todos que constituem a comunidade escolar: dirigentes, funcionários administrativos, pais, alunos, professores e a comunidade na qual a escola encontra-se inserida (ALMEIDA, 2007). Voltando a Hernández e Ventura (1998), os projetos de trabalho aparecem como um veículo para melhorar o ensino e como distintivo de uma escola que opta pela atualização de seus conteúdos e pela adequação às INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 necessidades dos alunos e dos setores da sociedade aos quais cada instituição se vincula. Entretanto, um projeto de trabalho não pode ser considerado apenas como um método de ensino, mas como uma postura que reflete uma concepção do conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam, dando significado a aprendizagens construídas. 3.3 As fases de um projeto Como foi dito acima, os projetos são desenvolvidos através de etapas ou fases que não devem ser rígidas e devem depender do desenrolar dos trabalhos. E como todo trabalho pedagógico, o projeto deve ser planejado. Fleck (2007) fala em três grandes etapas de ampla utilidade para nortear a sua realização e finalização. 1. A problematização que é o seu momento gerador. É quando surge a grande questão ou as questões que serão trabalhadas pelo grupo. Essas questões deverão ser bastante significativas e, sempre que possível, ligá-las a experiências prévias dos alunos (o que já se sabe sobre o assunto). Sempre levando em consideração a opinião do aluno. 2. O desenvolvimento ou a consequência natural da problematização. Surge a necessidade de se planejarem as estratégias mais adequadas para se atingirem os objetivos propostos, buscando as respostas para as questões propostas pelo grupo. Também nesta fase a participação plena dos alunos é fundamental, tanto no planejamento quanto na execução das atividades. Podem ser planejadas e desenvolvidas diferentes estratégias: excursões, entrevistas, debates, pesquisas bibliográficas, pesquisas de campo, entre outras. É a oportunidade para o desenvolvimento dos conhecimentos dos alunos e, sobretudo, de muitas habilidades: intelectuais, sociais, artísticas, psicomotoras, etc. Podem ser desenvolvidas, entre outras, habilidades de: entrevistar pessoas; falar em público; calcular distâncias e/ou índices; ler mapas; desenhar plantas; colecionar espécimes de plantas e/ou pedras e/ou insetos. É também a oportunidade de ampliação e ressignificação do espaço INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 28 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 de ensino/aprendizagem que pode se estender à vizinhança, às ruas, aos parques, às praças, às fábricas, aos museus, enfim, à amplitude da comunidade. É muito importante que o professor tenha em mente o desenvolvimento das habilidades de observação e registro por parte dos alunos. 3. A síntese/conclusão é o fechamento do projeto e não começa exatamente ao final dele: é prevista e preparada desde o planejamento e prossegue ao longo do desenvolvimento com a previsão, organização e sumarização das informações coletadas. Neste momento, particularmente, tudo é submetido a uma síntese das avaliações realizadas durante o processo. Avaliam-se os conhecimentos adquiridos, os procedimentos utilizados, as atitudes incorporadas. Avalia-se, sobretudo, se as questões levantadas inicialmente foram resolvidas e em que nível. Dependendo da natureza do projeto, nesta fase tornam-se possíveis: a realização de exposições dos materiais coletados,confecção de painéis, dramatizações, ou simples comemorações ou inaugurações festivas (inauguração de uma biblioteca da classe, por exemplo). As questões levantadas inicialmente são analisadas e, muitas vezes, constata-se a necessidade de se ir adiante a partir do levantamento de novos problemas. O papel do professor, como deve ter ficado claro, é de fundamental importância no trabalho com projetos: a ele cabe orientar todas as fases do projeto, esclarecendo dúvidas, sugerindo melhores estratégias, procurando a participação de todos, realizando sínteses integradoras, igualmente, o papel do supervisor, como co-orientador em todo o processo. Enfim, o trabalho com projetos é altamente enriquecedor para toda a escola (AMARAL, 2007). 3.4 Características básicas do trabalho interdisciplinar com projetos Embora muito já tenha sido discutido sobre o trabalho interdisciplinar através de projetos, Lüdke (2003, p. 5) citado por Fleck (2007, p.4) discorre sobre alguns traços que merecem atenção especial: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 29 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Ele rompe com o esquema tradicional de ensino por disciplinas: o recurso da divisão do saber em compartimentos passou a se revelar como insuficiente ou desapropriado para enfrentar os desafios impostos hoje à construção do conhecimento, quer em âmbito geral, coletivo do desenvolvimento científico e tecnológico, quer no individual de cada aluno, em seu processo de formação através do sistema de escolarização. Possibilita reunir o que já foi aprendido pelo aluno e o que pode vir a sê-lo nos vários campos do conhecimento: os projetos envolvem os saberes já acumulados pelos alunos e todo o potencial possível de novos conhecimentos a serem adquiridos. As possibilidades de abertura são ilimitadas, levando a escola a se projetar além de suas fronteiras, multiplicando os alvos de sua ação. Leva à construção de conhecimento pela investigação própria dos alunos: se o professor se preocupar em desenvolver nos alunos uma atitude permanente de indagação, com perguntas a respeito de problemas significativos e se eles forem estimulados a buscarem respostas, já teremos uma boa iniciação aos passos introdutórios de uma verdadeira pesquisa. Articula o trabalho individual e coletivo e valoriza atitudes e comportamentos sociais: diferentemente da ótica individualista, que supõe o sucesso de cada um, isoladamente, a partir do domínio dos conhecimentos previstos e avaliados de forma tradicional, o trabalho por projetos privilegia a evolução de todo grupo, sem desconsiderar também o crescimento de cada um dos participantes. Todos aproveitam do alcance dos objetivos e do processo de atingi-los, em busca de aprendizagens significativas. Combina o trabalho escolar e o de várias outras instituições e agências: trabalhando com projetos, a escola multiplica as fontes de informação e de interação, seja na própria instituição como fora dela, na comunidade local, nacional e mundial, sem esquecer da mobilização possível e necessária das famílias, cuja contribuição tem ficado muito INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 30 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 restrita à busca das notas, conceitos ou pareceres, especialmente quando os alunos apresentam problemas de aprendizagem e/ou de conduta. Além das famílias, são importantes nesse contexto as igrejas, os clubes, as associações profissionais, as empresas, as ONGs, as bibliotecas, jornais, rádios, TVs, a informática e as múltiplas linguagens que fazem parte do nosso contexto. Hernández (1998) frisa que há muitas maneiras de garantir a aprendizagem. Os projetos são apenas uma delas. “É bom e é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações”. E para finalizar pode-se concluir que o trabalho por projetos tem como objetivo, promover a interação do aluno no processo de construção do conhecimento, viabilizando a aprendizagem real, significativa, ativa e interessante, trabalhando o conteúdo conceitual de forma procedimental e atitudinal, e por fim, proporcionar ao aluno uma visão globalizada da realidade e um desejo contínuo da aprendizagem (FREITAS, 2003). Se pensarmos numa situação prática, lembremos que decorar um conteúdo para uma prova é algo extremamente fácil para qualquer aluno considerado estudioso pela escola tradicional, bem como ele é capaz de reconhecer fórmulas, repetir exercícios e obter sucesso, mas, essa condição não irá garantir seu sucesso no mundo. Já o aluno autônomo e crítico, será capaz de articular os conhecimentos, relacioná-los à sua experiência, refletir criticamente e com certeza, ser mais bem-sucedido no mundo. O primeiro aluno faz parte de um sistema onde impera a fragmentação do conhecimento, imposto pela escola enquanto sistema educacional e pelo professor através de um planejamento rígido, já o segundo vive num ambiente onde prevalece a pedagogia de projetos, onde é trabalhada a interdisciplinaridade, onde consegue internalizar os conceitos através de vivências. Essas duas situações nos remetem a um presente onde a sociedade nos impõe a necessidade de articular conhecimento com autonomia. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 31 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Acreditamos que essa análise da pedagogia de projetos e a contribuição do supervisor pedagógico em toda sua construção na escola, nos mostra que, mediante o mundo globalizado em que nos encontramos, o trabalho interdisciplinar através dos projetos só vem contribuir para formar alunos autônomos, críticos e aptos a ir além da mera sobrevivência física. Eles estarão aptos para conquistar seu espaço com dignidade, com liberdade, concorrendo em igualdade com seus pares. O trabalho interdisciplinar, através da pedagogia de projetos proporciona também ao professor, uma visão diferente e libertadora em sua prática educativa, tirando-o da solidão que vive, tornando-se um educador comprometido com a realidade que se impõe à sua volta. E o supervisor em todo esse processo é o sujeito capaz de buscar o professor nessa sua trajetória solitária, levando-o a refletir sobre a nova realidade, mediando as relações, ajudando-o na construção e articulação da nova pedagogia, mostrando-lhe a importância do trabalho em conjunto. Por fim, apoiando nas palavras de Guimarães Rosa, “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”, podemos concluir que o caminho para a construção do saber, aquele que leva a uma sociedade justa, igualitária, afetiva e correta, passa pelo trabalho conjunto entre supervisão pedagógica, professores, alunos. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO CURRÍCULO, INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS 32 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ABUD, Kátia Maria. O mundo não é um quebra-cabeças. Revista Nova Escola. Ed. agosto de 1999. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Projeto: uma nova cultura de aprendizagem. 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