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UM DISCURSO SOBRE AS CIENCIAS

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CAROLINE VIEIRA
MARIANA SUTTER DE CASTRO
METODOLOGIA DA PESQUISA
 Trabalho apresentado no curso de graduação à Pontifícia Universidade Católica. Faculdade de Direito.
 Professora: Leila
RIO DE JANEIRO
2014
UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS 
INTRODUÇÃO
 O autor Boaventura de Sousa Santos, inicia o livro, “Um Discurso sobre a Ciência”, tratando sobre a adversidade da identidade das ciências em seu conjunto nos tempos atuais, abrangendo toda a sua caminhada, ao longo dos séculos, citando filósofos renomados, como Rousseau, Kant, Norberto Bóbbio.
 Ainda no prefácio o autor defende que, vivenciamos uma transição de tempos científicos e a questão complexa que é o entendimento dessas transições. Por tal complexidade, Boaventura percebe que os questionamentos devem voltar a ser simples, para que possamos ter uma nova capacidade de fornecer os esclarecimentos necessários.
 Tal como noutros períodos de transição, difíceis de entender e percorrer, é necessário às coisas simples, perguntas que, como Einstein costumava dizer, só uma criança pode fazer mas que, depois de feitas, são capazes de trazer uma luz nova a nossa perplexidade. (SANTOS, 2008, p.15) 
 Nessa linha de pensamento, o autor cita Jean-Jacques Rousseau em sua obra Discours sur les Sciences ET les Arts (1750). “O progresso das ciências e das artes contribuirá para purificar ou para corromper os nossos costumes?”, foi uns dos questionamentos que Rosseau faz em sua obra, uma pergunta simples, porém com significativas respostas.
 Ainda nesse fundamento, é preciso, atualmente, determinar uma discussão dos valores da ciência, enquanto esta se encontra em crise, por fatores teóricos essenciais a própria estrutura metodológica da ciência moderna.
 
O PARADIGMA DOMINANTE
 O chamado paradigma dominante no livro refere-se ao modelo de racionalidade da ciência moderna que começou a existir a partir do século XVI e foi firmado no século XIX. Possuía como objetivo alcançar o conhecimento verdadeiro, com base em princípios epistemológicos e metodologias restritas, caracterizando-se assim, um modelo totalitário.
 Exatamente por ser um modelo totalitário, é questionada por Boaventura, que não contempla no mesmo, as necessidades realizadas dos humanos. Esta concepção formou características como: as dicotomias conhecimento científico x senso comum e natureza x humano.
 Ao contrário da ciência Aristotélica, a ciência moderna desconfia sistematicamente das evidências da nossa experiência imediata. Tais evidências que estão na base do conhecimento vulgar, são ilusórias. (SANTOS, 2008, p.24)
 Em meados do século XIX, no contexto das ciências sociais, surgem duas correntes distintas: a de Durkheim, que acreditava que apesar das diferenças entre as ciências naturais e sociais, elas deveriam ser estudadas igualmente, se aproximando dos critérios da biologia e da física e a de Weber, defendia um método diferente de estudo, pois acreditava que o comportamento humano não seria da mesma maneira observado, como as leis das ciências das naturezas.
 A ciência social será sempre uma ciência subjetiva e não objetiva como as ciências naturais; tem de compreender os fenômenos sociais a partir das atitudes mentais e do sentido que os agentes conferem às suas ações para o que é necessário métodos de investigação e mesmo critérios epistemológicos diferentes dos correntes nas ciências naturais, métodos qualitativos em vez de quantitativos. (SANTOS, 2008, p.38)
 A segunda vertente serviu para o início da crise do modelo até então hegemônico.
A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
 
 O autor utiliza quatro justificativas para comprovar a crise do paradigma dominante:
A Teoria da Relatividade de Albert Einstein, que diz respeito a simultaneidade dos acontecimentos humanos, demonstrando que eles não acontecem paralelamente em tempos simultâneos. 
 Esta teoria veio revolucionar as nossas concepções de espaço e de tempo. Não havendo simultaneidade universal, o tempo e o espaço absolutos deixam de existir. Dois acontecimentos simultâneos num sistema de referência não são simultâneos noutro sistema de referência. (SANTOS, 2008, p. 42-43)
A mecânica quântica que demonstra a impossibilidade de se observar um objeto sem interferência. 
 Os instrumentos de medida, sejam relógios ou metros, não tem magnitudes independentes, ajustam-se ao campo métrico do espaço, a estrutura do qual se manifesta mais claramente nos raios de luz. (REICHENBACH, 1970, p.68)
O rigor matemático, para analisar eventos, impõe tal grau de restrição, que são condições indiscutíveis.
O rigor de medição posto em causa pela mecânica quântica será ainda mais profundamente abalado se se questionar o rigor do veículo formal em que a medição é expressa, ou seja, o rigor da matemática. É isso o que sucede com as investigações do Gödel e que por essa razão considero a terceira condição de crise do paradigma dominante. (SANTOS, 2008, p.45)
Os avanços tecnológicos da microfísica, química e biologia, para o autor uma condição fundamental, pois permite a transdisciplinaridade e a interdisciplinaridade, que possibilitaram a convergência entre as ciências naturais e sociais.
 Estabelecem que em sistemas abertos, ou seja, em sistemas que determinados momentos, nunca inteiramente previsíveis, desencadeiam espontaneamente reações que, por via dos mecanismos não-lineares, pressionam o sistema para além de um limite máximo de instabilidade e o conduzem a um novo estado macroscópico. (SANTOS, 2008, p.47)
 PÓS-POSITIVISMO OU NEOCONSTITUCIONALISMO(S) SOB A PERSPECTIVA DE “UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS”
 O texto Pós-Positivismo ou Neoconstitucionalismo(s) critica o Positivismo no pós- guerra, tratando do tema da Dignidade Humana, abalada por causa do Nazismo. Defende a proposta da inclusão dos Direitos Naturais no nosso direito propriamente dito. Para o embasamento desta corrente, é utilizada uma frase de Adrian Sgarbi:
 Quando ao se editar direito positivo e neste vier negada a igualdade que constitui o núcleo da justiça, então a lei não é apenas “direito injusto”, não é direito. ( SGARBI, 2007, p.712.) 
 A ideia do neoconstitucionalismo, é contrária ao juspositivismo, porém também conciliável com ele. Diferentemente dos constitucionalismos anteriores, o neoconstitucionalismo se tornou uma teoria oposta ao positivismo jurídico como método.
 Uma perspectiva jusfilosófica precisa que se caracteriza por ser constitucionalista (ou seja, por inserir-se na corrente jusfilosófica dedicada à formulação e predisposição dos limites jurídicos ao poder político) e anti-positivismo. O neoconstitucionalismo tem como objeto específico a análise dos modernos ordenamentos constitucionais e democráticos do Ocidente.(POZZOLO, p.188)
 	No entender de Boaventura, todo conhecimento científico pretende constituir um novo senso comum o que possibilita a aproximação do senso comum, com o conhecimento científico. 
 A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o conhecimento se deve traduzir em autoconhecimento, o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida. (SANTOS, 2008,P.91)
 Desta maneira o autor de “Um Discurso sobre as Ciências” defende a proposta abordada no texto, acreditando que o conhecimento científico deva basear-se na junção de diversas áreas das ciências existentes atualmente. Acredita que as fronteiras entre as áreas de conhecimento devem limitar-se a pequenos detalhes, em razão de que todo e qualquer conhecimentodesenvolvido pelo homem deve ser utilizado para promover-lhe uma vida decente. (Dignidade da Pessoa Humana)
 Assim como o livro, o texto também possui uma visão crítica da concepção e prática da ciência, em vista de nossos valores democráticos, da nossa cidadania e da igualdade, nos mostrando qual a importância da relação entre a ciência pós-moderna e o senso comum.
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REFERÊNCIAS
SANTOS, B.S. Um discurso sobre as ciências. 5° Ed. São Paulo: Cortez, 2008. 
DUARTE, L.M. Pós-Positivismo ou Neoconstitucionalismo(S). 
http://www.jurisway.org.br
http://www.trabalhosfeitos.com

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