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Profº Túlio de Almeida Administração e Organização 1. INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO ANOS AUTORES EVENTOS 4.000 a.C. Egípcios Necessidade de planejar, organizar e controlar 2.600 a.C. Egípcios Descentralização na organização 2.000 a.C. Egípcios Necessidade de ordens escritas. Uso de consultoria 1.800 a.C. Hamurábi (Babilônia) Uso de controle escrito e testemunhal; estabelecimento do salário mínimo 1.491 a.C. Hebreus Conceito de organização; princípio escalar 600 a.C. Nabucodonosor (Babilônia) Controle de produção e incentivos salariais 500 a.C. Mencius (China) Necessidade de sistemas e padrões 400 a.C. Sócrates (Grécia) Enunciado da universalidade da Administração. Arranjo físico e manuseio de materiais. Platão (Grécia) Princípio da especialização 175 a.C. Cato (Roma) Descrição de funções 284 Dioclécio (Roma) Delegação de autoridade 1436 Arsenal de Veneza Contabilidade de custos; balanços contábeis; controle de inventários 1525 Nicolló Machiavelli (Itália) Princípio do consenso na organização; liderança; táticas políticas. 1767 Sir James Stuart (Inglaterra) Teoria da fonte de autoridade; especialização. 1776 Adam Smith (Inglaterra) Princípio de especialização de operários; conceito de controle. 1799 Eli Whitney (Estados Unidos) Método científico; contabilidade de custos e controle de qualidade. 1800 Mathew Boulton (Inglaterra) Padronização das operações; métodos de trabalho; gratificações natalinas; auditoria. 1810 Robert Owen (Inglaterra) Práticas de pessoal; treinamento de operários; planos de casas para os operários. 1832 Charles Babbage (Inglaterra) Abordagem científica; divisão do trabalho; estudo de tempos e movimentos; contabilidade de custos. 1856 Daniel C. McCallum (Estados Unidos) Organograma; administração em ferrovias. 1886 Henry Metcalfe (Estados Unidos) Arte e ciência da Administração 1900 Frederick W. Taylor (Estados Unidos) Administração Científica; estudo de tempos e movimentos; racionalização do trabalho; ênfase no planejamento e controle. 1.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO 1.1.1. Influência dos Filósofos A Administração recebeu influência da Filosofia desde os tempos da Antigüidade. Sócrates (470a.C.- 399a.c.), Filósofo grego, em sua discussão com Nicomaquides, expõe seu ponto de vista sobre a Administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência. “Só sei que nada sei.” Sócrates Platão (429 a.c.- 347a.c.), Filósofo grego, discípulo de Sócrates, analisou os problemas políticos e sociais e correntes do desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra, A República, expõe a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Aristóteles (384 a.c.- 322a.c.), Discípulo de Platão, deu o impulso inicial a Filosofia, Cosmologia, Nosologia, Metafísica, Lógica e Ciências Naturais abrindo as perspectivas do atual conhecimento humano. No livro Política, que versa Profº Túlio de Almeida Administração e Organização sobre a organização do Estado, distingue as três formas de administração pública: 1. Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em tirania). 2. Aristocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em oligarquia). 3. Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia). “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.” Aristóteles Durante os séculos que vão da Antiguidade ao início da Idade Moderna, a Filosofia voltou-se para uma variedade de preocupações distanciadas dos problemas administrativos. Francis Bacon (1561-1626) Filósofo e estadista inglês, fundador da Lógica Moderna baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de se separar experimentalmente o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou-se ao princípio conhecido em Administração como princípio da prevalência do principal sobre o acessório. René Descartes (1596-1650) Filósofo, matemático e físico francês, considerado o fundador da Filosofia Moderna, criou as coordenadas cartesianas e deu impulso à Matemática e à Geometria da época. Na Filosofia, celebrizou-se pelo livro O Discurso do Método no qual descreve seu método filosófico denominado método cartesiano, cujos princípios são: 1. Princípio da dúvida sistemática ou da evidência. Consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência- clara e distintamente- aquilo que é realmente verdadeiro. Com essa dúvida sistemática evita-se a prevenção e a precipitação, aceitando-se apenas como certo o que seja evidentemente certo. 2. Princípio da análise ou de decomposição. Consiste em dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias à sua adequação e solução e resolvê-las cada uma, separadamente. 3. Princípio da síntese ou da composição. Consiste em conduzir ordenadamente nossos pensamentos e nosso raciocínio, começando pelos objetivos e assuntos mais fáceis e simples de se conhecer, para passarmos gradualmente aos mais difíceis. 4. Princípio da enumeração ou da verificação. Consiste em fazer recontagens, verificações e revisões tão gerais que se fique seguro de nada haver omitido ou deixado à parte. O método cartesiano teve influência decisiva na Administração: a Administração Científica, as Teorias Clássica e Neoclássica tiveram muitos de seus princípios baseados na metodologia cartesiana. Thomas Hobbes (1588-1679), Filósofo político inglês, defende o governo absoluto em função de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra permanente e conflito interminável para obtenção de meios de subsistência. No livro Leviatã, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. O Estado representa um pacto social que ao crescer alcança as dimensões de um dinossauro ameaçando a liberdade dos cidadãos. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) Desenvolveu a teoria do Contrato Social: o Estado surge de um acordo de vontades. Contrato social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime Profº Túlio de Almeida Administração e Organização político, governante ou de um conjunto de regras. Rousseau assevera que o homem é por natureza bom e afável e a vida em sociedade o deturpa. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) Propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, afirmam que a história da humanidade é uma história da luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos, em uma palavra, exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, oculta ou manifesta. Marx afirma que os fenômenos históricos são o produto das relações econômicas entre os homens. O marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimentoeconômico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos. Com a Filosofia Moderna, a Administração deixa de receber contribuições e influências, pois o campo de estudo filosófico passa a se afastar dos problemas organizacionais. 1.1.2. Influência da Organização da Igreja Católica Através dos séculos, as normas administrativas e os princípios de organização pública foram se transferindo das instituições dos Estados (como era o caso de Atenas, Roma etc.) para as instituições da Igreja Católica e da organização militar. Essa transferência se fez lentamente porque a unidade de propósito se objetivos-princípios fundamentais na organização eclesiástica e militar- nem sempre é encontrada na ação política que se desenvolvia nos Estados, movida por objetivos contraditórios de cada partido, dirigente ou classe social. 1.1.3. Influência da Organização Militar A organização militar influenciou o aparecimento das teorias da Administração. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização A Arte da Guerra de Sun Tzu Há 2.500anos, Sun Tzu, um general filósofo chinês - ainda reverenciado nos dias de hoje – escreveu um livro sobre a arte da guerra no qual trata da preparação dos planos, da guerra efetiva, da espada embainhada, das manobras, da variação de táticas, do exército em marcha, do terreno, dos pontos fortes e fracos do inimigo e da organização do exército. As lições de Sun Tzu ganharam versões contemporâneas de muitos autores e consultores. Dos Exércitos Medievais a Napoleão A organização linear tem suas origens na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da época medieval. O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só pode ter um superior) é o núcleo das organizações militares. A escala hierárquica - ou seja, os escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade - é um aspecto típico da organização militar utilizado em outras organizações. Com o passar dos tempos, na medida em que o volume de operações militares aumenta, cresce também a necessidade de se delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar. Ainda na época de Napoleão (1769-1821), cada general, ao chefiar seu exército, cuidava da totalidade do campo de batalha. Com as guerras de maior alcance e de âmbito continental, o comando das operações exigiu novos princípios de organização e planejamento e controle centralizado sem paralelo com operações descentralizadas, ou seja, passou-se à centralização do comando e à descentralização da execução. Outra contribuição da organização militar é o princípio de direção, que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer. Mesmo Napoleão Bonaparte, o general mais autocrata da história militar, nunca deu uma ordem sem explicar seu objetivo e certificar- se de que o haviam compreendido corretamente, pois estava convencido de que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente. Estratégias de Guerra O general prussiano Karl von Clausewitz (1780-1831) é considerado o pai do pensamento estratégico. No início do século XIX, escreveu um tratado sobre a guerra e os princípios de guerra e sobre como administrar os exércitos em períodos de guerra. Definiu a guerra como uma continuação da política por outros meios. A guerra sempre fora um jogo. Embora cruel e destruidora, um pecado, a guerra sempre constituiu uma instituição normal da sociedade humana e um instrumento racional de política. Clausewitz considerava a disciplina um requisito básico para uma boa organização. Para ele, a organização requer um cuidadoso planejamento, no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos. 1.1.4. I Revolução Industrial A Primeira Revolução Industrial foi gerada pela Revolução Comercial, que ocorreu na Europa, entre os séculos XV e meados do século XVIII. A expansão do comércio internacional e o aumento da riqueza, permitiu o financiamento do progresso técnico e a instalação de indústrias. Na revolução industrial inglesa a principal manufatura era a tecelagem de lã. Mas foi na produção dos tecidos de algodão que começou o processo de mecanização, isto é, da passagem da manufatura para o sistema fabril. A matéria prima vinha das colônias (Índia e Estados Unidos). Cerca de 90% dos tecidos ingleses de algodão eram vendidos no exterior, o que teve papel determinante na arrancada industrial da Inglaterra. A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, para os transportes, para a agricultura e para outros setores da economia. Diversos inventos revolucionaram as técnicas de produção e alteraram o sistema de poder econômico. A grande fonte de riqueza deslocou-se da atividade comercial para a industrial. Quem desenvolvesse a capacidade de produzir mercadorias passaria a ter a liderança econômica no mundo. E foi isso o que aconteceu com a Inglaterra, Profº Túlio de Almeida Administração e Organização foi o primeiro país a se industrializar utilizando a máquina na produção. Máquina de Fiar Que transforma em fios as fibras têxteis de algodão, seda e lã, para o fabrico de tecidos. Essa invenção revolucionou a técnica de produção, transformando a Inglaterra no maior produtor de fios para tecidos. Essa invenção substituiu a roca, um dos mais simples e antigos instrumentos de fiar. Tear Mecânico Inventado em 1785, em substituição ao tear manual, aumentou de forma considerável a produção de tecidos, colocando a Inglaterra na liderança mundial da época. Máquina a Vapor Cujo uso na indústria de tecido, nas usinas de carvão mineral, na industrialização do ferro, nas embarcações (navios a vapor), nas estradas de ferro (locomotiva a vapor), entre outras, representou uma revolução no transporte de passageiros e cargas. Observação: O motor a vapor pode ser considerado uma das 5 invenções mais importantes da história. Ele foi o precursor dos demais motores e tornou viável a produção e a distribuição em larga escala. Cenário Pós I Revolução Industrial A invenção de máquinas, o aproveitamento da energia calorífica do carvão mineral e sua transformação em energia mecânica para fazer funcionar as máquinas representaram um grande avanço nas técnicas empregadas para a fabricação de mercadorias e, consequentemente no aumento da produção. A Inglaterra passou, assim, da manufatura para a maquinofatura. Produzia e vendia seus produtos industriais em todo o mundo, graças, entre outros fatores, à expansão do sistema colonial. Dessa forma, no século XVIII, o pais tornou-se a maior nação capitalizada do mundo, sendo Londres a capital financeira internacional. 1.1.5. II Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial nasceu com o progresso científico e tecnológico ocorrido na Inglaterra, França e Estados Unidos, por volta da segunda metade do século XIX. Entre 1850 e 1950, a busca por descobertas e invenções foi longa, o que representou maior conforto para o ser humano, e a dependência dos países que não realizaram a revolução científica e tecnológica ou industrial. O mundo todo passou a comprar, consumir e utilizar os produtos industrializados fabricados na Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão. Entreas várias descobertas e invenções realizadas durante a Segunda Revolução Industrial estão: novos processos de fabricação do aço, permitindo sua utilização na construção de pontes, máquinas, edifícios, trilhos, ferramentas etc; desenvolvimento técnico de produção da energia elétrica; Profº Túlio de Almeida Administração e Organização invenção da lâmpada incandescente; surgimento e avanço dos meios de transporte (ampliação das ferrovias seguida das invenções do automóvel e do avião; invenção dos meios de comunicação (telégrafo, telefone, televisão e cinema); avanço da química, com a descoberta de novas substâncias; a descoberta do múltiplo aproveitamento do petróleo e seus derivados como fonte de energia e lubrificantes; o surgimento dos plásticos; desenvolvimento de armamentos como o canhão e a metralhadora; a descoberta do poder explosivo da nitroglicerina etc; na medicina surgiram os antibióticos, as vacinas, novos conhecimentos sobre as doenças e novas técnicas de cirurgia. Observação: A eletricidade foi na época e ainda é uma das fontes de energia mais importantes para a sociedade moderna, mas a grande invenção da época foi a lâmpada incandescente que fez com que as fábricas pudessem produzir durante o turno da noite aumentando ainda mais os níveis de produção. 1.1.6. Influência dos Economistas Liberais A partir do século XVII desenvolveu-se uma variedade de teorias econômicas centradas na explicação dos fenômenos empresariais (microeconômicos) e baseadas em dados empíricos, ou seja, na experiência cotidiana e nas tradições do comércio da época. Ao término do século XVIII, os economistas clássicos liberais conseguem aceitação de suas teorias. Essa reação para o liberalismo culmina com a ocorrência da Revolução Francesa. As ideias liberais decorrem do direito natural: a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos são os bens que possuem caráter eterno. Os direitos econômicos humanos são inalienáveis e existe uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de indivíduos. Segundo o liberalismo, a vida econômica deve afastar-se da influência estatal, pois o trabalho segue os princípios econômico se a mão-de-obra está sujeita às mesmas leis da economia que regem o mercado de matérias-primas ou o comércio internacional. Os operários, contudo, estão à mercê dos patrões, que são os donos dos meios de produção. A livre concorrência é o postulado principal do liberalismo econômico. Adam Smith (1723-1790) As ideias básicas dos economistas clássicos liberais constituem os germes iniciais do pensamento administrativo de nossos dias. Adam Smith (1723-1790) é o fundador da economia clássica, cuja ideia central é a competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercado sem que vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por algum mecanismo abstrato que Smith chamava de a mão invisível que governa o mercado) a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o papel econômico do governo (além do básico, que é garantir a lei e a ordem) é a intervenção na economia quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não ocorre competição livre. Smith já visualizava o princípio da especialização dos operários sem uma manufatura de agulha se já enfatizava a necessidade de se racionalizar a produção. o princípio da especialização e o princípio da divisão do trabalho aparecem em referências em seu livro A Riqueza das Nações, publicado em 1776. Para Adam Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos que, mais tarde, Taylor e Gilbreth iriam desenvolver como a base fundamental da Administração Científica. Adam Smith reforçou a importância do planejamento e da organização dentro das funções da Administração. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engel (1820-1895) Criadores do socialismo científico e do materialismo histórico, publicaram em 1848 o Manifesto Comunista, no qual analisaram os diversos regimes econômicos e sociais e a sociedade capitalista, concluindo que a luta de classes é o motor da história: o capitalismo é um modo de produção transitório e sujeito a crises Profº Túlio de Almeida Administração e Organização econômicas cíclicas devido às suas contradições internas e constitui uma etapa do desenvolvimento da sociedade em direção ao modo de produção socialista e ao comunismo. O Estado é um órgão a serviço da classe dominante, cabendo à classe operária lutar por sua conquista e implementar a ditadura do proletariado.Em1867, Marx publica O Capital e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho. O socialismo e o sindicalismo obrigaram o capitalismo do início do século XX a enveredar pelo caminho do aperfeiçoamento de todos os fatores de produção envolvidos e sua adequada remuneração. Quanto maior a pressão exercida pelas exigências proletárias, menos graves se tornaram as injustiças e mais acelerado se configurou o processo de desenvolvimento da tecnologia. Dentro dessa situação, surgíramos primeiros esforços nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho, cujo estudo metódico e exposição teórica coincidiram com o início do século XX. 1.1.7. Influência dos Pioneiros e Empreendedores O século XIX assistiu a um monumental desfile de inovações e mudanças no cenário empresarial. O mundo estava mudando. E as empresas também. As condições para o aparecimento da teoria administrativa estavam se consolidando. As Ferrovias Americanas Impulsionavam o Crescimento Econômico Nos Estados Unidos, por volta de 1820 o maior negócio empresarial foram as estradas de ferro, empreendimentos privados e que constituíram um poderoso núcleo de investimentos de toda uma classe de investidores. Foi a partir das estradas de ferro que as ações de investimento e o ramo de seguros se tornaram populares. As ferrovias permitiram o desbravamento do território e provocaram o fenômeno da urbanização que criou novas necessidades de habitação, alimentação, roupa, luz e aquecimento, o que se traduziu em um rápido crescimento das empresas voltadas para o consumo direto. Marcos Importantes Em1871, a Inglaterra era a maior potência econômica mundial. Em1865, John D. Rockefeller (1839-1937) funda a Standard Oil. Em1890, Carnegie funda o truste de aço, ultrapassando rapidamente a produção de toda a Inglaterra. Swifte e Armour formam o truste das conservas. Guggenheim forma o truste do cobre e Mello, o truste do alumínio. Os Impérios Industriais Logo a seguir, teve início integração vertical nas empresas. Os "criadores de impérios"(empire builders) passaram a comprar e a integrar concorrentes, fornecedores ou distribuidores para garantir seus interesses. Juntamente com as empresas e instalações vinham também os antigos donos e os respectivos empregados. Surgiram os primitivos impérios industriais, aglomerados de empresas que se tornaram grandes demais para serem dirigidos pelos pequenos grupos familiares. Logo apareceram os gerentes profissionais, os primeiros organizadores que se preocupavam mais com a fábrica do que comvendas ou compras. As empresas manufaturavam, comprando matérias-primas e vendendo produtos por meio de agentes comissionados, atacadistas ou intermediários. Até essa época, os empresários achavam melhor ampliar sua produção do que organizar uma rede de distribuição e vendas. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização Westinghouse VS General Na década de 1880, a Westinghouse e a General Electric dominavam o ramo de bens duráveis e criaram organizações próprias de vendas com vendedores treinados, dando início ao que hoje denominamos "marketing". Ambas assumiram a organização do tipo funcional que seria adotada pela maioria das empresas americanas, a saber: 1. Um departamento de produção para cuidar da manufatura de fábricas isoladas. 2. Um departamento de vendas para administrar um sistema nacional de escritórios distritais com vendedores. 3. Um departamento técnico de engenharia para desenhar e desenvolver produtos. 4. Um departamento financeiro. 5. Por volta de 1889, o capital da Westinghouse Electric e da General Electric já ultrapassava a marca dos 40 milhões de dólares em cada uma delas. A Reestruturação das Organizações Para dominar novos mercados, as empresas acumulavam instalações e pessoal além do necessário. Os custos das várias unidades precisavam ser reduzidos por meio da criação de uma estrutura funcional que coordenasse fabricação, engenharia, vendas e finanças para reduzir os riscos de flutuação do mercado. Os lucros iriam depender da organização e da racionalização dessa estrutura funcional. Entre 1880 e1890, as indústrias passaram a controlar as matérias-primas através de seus departamentos de compras, adquirindo firmas fornecedoras e controlando a distribuição para vender seus produtos diretamente ao varejista ou ao consumidor final. Procurava-se maior eficiência em produção, compras, distribuição e vendas. Os meios de reduzir custos diminuíram, as margens de lucro baixaram, o mercado foi-se tornando saturado e as empresas passaram a procurar novos mercados por meio da diversificação de produtos. A velha estrutura funcional começou a emperrar. Assim surge a empresa integrada e multidepartamental. A etapa seguinte foi o controle do mercado de distribuição, eliminando os intermediários para vender mais barato ao consumidor final e deixando de depender dos atacadistas. Entre1890e 1900, ocorreu uma onda de fusões de empresas- a mais famosa foi a criação da U.S. Steel Corporation, um negócio de bilhões de dólares- como meio de utilização racional das fábricas e de redução de preços. Os Primeiros Empreendedores Um dos empreendedores da época, Gustavus Swift, o pioneiro da indústria frigorífica, criou uma estratégia que consistia em: consolidar a fabricação, avançar para a distribuição própria e voltar atrás até o controle da matéria-prima. Por volta de 1895,com o crescimento da integração vertical, a indústria frigorífica tornou-se um oligopólio. Os departamentos funcionais centrais controlavam as unidades de campo e os Big Five cobriam a totalidade do mercado, utilizando filiais, um sistema de transporte frigorificado, escritório central e departamentos funcionais. Todos os pioneiros da indústria manufatureira- como Andrew Preston da United Fruit, Duke da American Tobacco, William Clark da Singer, McCormick das máquinas agrícolas – seguiram os passos de Swift na sistematização de seus impérios industriais. Na virada do século XX, grandes corporações sucumbiram financeiramente. É que dirigir grandes empresas não era apenas uma questão de habilidade pessoal, como muitos empreendedores pensavam. Estavam criadas as condições para o aparecimento dos grandes organizadores da empresa moderna. Os capitães das indústrias-pioneiros e empreendedores- cederam seu lugar para os organizadores. Estava chegando a era da competição e da concorrência como decorrência de fatores como: 1. Desenvolvimento tecnológico, que proporcionou um crescente número de empresas e nações concorrendo nos mercados mundiais. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização 2. Livre-comércio. 3. Mudança dos mercados vendedores para mercados compradores. 4. Aumento da capacidade de investimento de capital e elevação dos níveis de ponto de equilíbrio 5. Rapidez do ritmo de mudança tecnológica que rapidamente torna obsoleto um produto ou reduz drasticamente seus custos de produção. 6. Crescimento dos negócios e das empresas. Todos esses fatores completariam as condições propícias para a busca de bases científicas para a melhoria da prática empresarial e para o surgimento da teoria administrativa. A Revolução Industrial abriu as portas para o início da Era Industrial que passou a dominar o mundo econômico até o final do século XX e que foi o separador de águas entre os países industrializados (os mais avançados) e os países não- industrializados (emergentes e subdesenvolvidos). E igualmente, as organizações mais bem administradas e aquelas precariamente administradas. 1.2. A ADMINISTRAÇÃO E SUAS PERSPECTIVAS 1.2.1. O Estado Atual da TGA Todas as teorias administrativas são válidas, embora cada qual valorize uma ou algumas das seis variáveis básicas. Na realidade, cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais mais relevantes de sua época. E, nesse caso, todas elas foram bem-sucedidas ao apresentarem soluções específicas para tais problemas. De certo modo, todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações atuais e o administrador precisa conhecê-Ias bem para ter à sua disposição um naipe de alternativas adequadas para a situação. A TGA estuda a Administração das organizações e empresas do ponto de vista da interação e da interdependência entre as seis variáveis principais: tarefa, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e, competitividade. Elas constituem os principais componentes no estudo da Administração das organizações e empresas. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada um influencia e é influenciado pelos outros. Modificações em um componente provocam modificações em maior ou menor grau nos demais. O comportamento de seu conjunto é diferente da soma dos comportamentos de cada componente considerado isoladamente. A adequação e a integração entre essas seis variáveis constituem o desafio fundamental da Administração. 1.2.2. A Administração na Sociedade Moderna A Administração é um fenômeno universal no mundo moderno. Cada organização requer o alcance de objetivos em um cenário de concorrência acirrada, a tomada de decisões, a coordenação de múltiplas atividades, a condução de pessoas, a avaliação do desempenho dirigido a metas previamente determinadas, a obtenção e a alocação de recursos etc. Numerosas atividades administrativas desempenhadas por vários administradores, orientadas para áreas e problemas específicos, precisam ser realizadas e coordenadas de maneira integrada e coesa em cada organização ou empresa. Como o administrador não é executor, mas o responsável pelo trabalho as pessoas a ele subordinadas, ele não pode cometer erros ou arriscar apelando para estratagemas de ensaio e erro, já que isso implicaria conduzir seus subordinados pelo caminho menos indicado. O administrador é um profissional cuja formação é ampla e variada: precisa conhecer disciplinasheterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Sociologia, Estatística etc.); precisa lidar com pessoas(que executam tarefas ou que planejam, organizam, controlam, assessoram, pesquisam etc.) que lhe estão subordinadas ou que estão no mesmo nível ou acima dele; ele precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como às previsões futuras, pois seu horizonte deve ser mais amplo, já que ele é o responsável pela direção de outras pessoas que seguem suas ordens e orientações; precisa lidar com eventos internos (localizados dentro da empresa) e externos (localizados no ambiente que envolve externamente a empresa); precisa ver mais longe que os outros pois deve estar ligado aos objetivos que a empresa pretende alcançar por meio da atividade conjunta de todos. Não que o administrador seja um herói que pretendamos consagrar, mas ele é uma gente não só de condução, mas também de mudança e de Profº Túlio de Almeida Administração e Organização transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novos objetivos, novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares; ele é um agente educador e orientador no sentido de que, com sua direção e orientação, modifica comportamentos e atitudes das pessoas; ele é um agente cultural na medida em que, com o seu estilo de Administração, modifica a cultura organizacional existente nas empresas. Mais do que isso: o administrador deixa marcas profundas na vida das pessoas, na medida em que lida com elas e com seus destinos dentro das empresas, e na medida em que sua atuação na empresa influi também no comportamento dos consumidores, fornecedores, concorrentes e demais organizações humanas. Sua influência é, portanto, interna e externa. 1.2.3. Perspectivas Futuras na Administração Nos próximos anos, o mundo verá o fim da forma organizacional de hoje (a organização burocrática que ainda predomina em muitas organizações) e o surgimento de novas arquiteturas organizacionais adequadas às novas demandas da era pós-industrial. Essa previsão se baseia no princípio evolucionário de que cada época desenvolve uma forma organizacional apropriada às suas características e exigências. As fraquezas da tradicional organização burocrática serão os germes dos futuros sistemas organizacionais, devido a três aspectos: 1. Mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios nos campos do conhecimento e da explosão populacional, impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm condições de atender. 2. Crescimento e expansão das organizações, que se tornam complexas e globalizadas. 3. Atividades que exigem pessoas de competências diversas e especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de atualização em função das rápidas mudanças. Como Será Daqui em Diante? A tarefa administrativa nos próximos anos será incerta e desafiadora, pois deverá ser atingida por uma infinidade de variáveis, mudanças e transformações carregadas de ambiguidades e de incertezas. O administrador se defrontará com problemas multifacetados e cada vez mais complexos do que os anteriores. Sua atenção será disputada por eventos e por grupos, situados dentro e fora da organização, que lhe proporcionarão informações contraditórias que complicarão seu diagnóstico perceptivo e sua visão dos problemas a resolver ou das situações a enfrentar: são as exigências da sociedade, dos clientes, dos fornecedores, das agências regulamentadoras; são os desafios dos concorrentes, as expectativas da alta administração, dos subordinados, dos acionistas etc. Porém, essas exigências, desafios e expectativas sofrem mudanças que ultrapassam a capacidade de compreensão do administrador. Essas mudanças tendem a aumentar com a inclusão de novas variáveis, na medida que o processo se desenvolve criando uma turbulência que perturba e complica a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar uma empresa eficiente e eficaz. E o futuro parece complicar cada vez mais essa realidade. Fatores de Impacto nas Organizações Vários fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações e empresas, como: 1. Crescimento das organizações. As organizações bem-sucedidas tendem ao crescimento e à ampliação de suas atividades, seja em termos de tamanho e de recursos, seja na expansão de mercados, seja no volume de operações. O crescimento é uma decorrência inevitável do êxito organizacional. Na medida em que a organização cresce, ocorre uma subdivisão interna (divisão do trabalho) e especialização dos órgão se, em decorrência, maior necessidade de coordenação e integração das partes envolvidas para garantir a eficiência e a eficácia. O mundo externo é caracterizado por mudanças rápidas e frequentes e, para acompanhar com sucesso essas mudanças, os administradores "generalistas" dotados de habilidades genéricas e variadas terão perspectivas mais promissoras do que os administradores "especialistas" e concentrados em poucas habilidades gerenciais. 2. Concorrência mais aguda. Na medida em que aumentamos mercados e os negócios, crescem também os riscos da atividade empresarial. O produto ou o serviço que demonstra ser melhor ou superior será o mais procurado. O desenvolvimento de produtos ou serviços exigirá Profº Túlio de Almeida Administração e Organização maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento, aperfeiçoamento de tecnologias, dissolução de velhos e criação de novos departamentos, busca incessante de novos mercados e competição com outras organizações para sobreviver e crescer. 3. Sofisticação da tecnologia. Como uso das telecomunicações, do computador e do transporte, as organizações estão internacionalizando suas operações e atividades. A tecnologia proporciona eficiência maior, precisão maior e a liberação da atividade humana para tarefas mais complicadas que exijam planejamento e criatividade. A tecnologia introduzirá novos processos e instrumentos que causarão impactos sobre as organizações. 4. Taxas elevadas de inflação. Os custos de energia, matérias-primas, trabalho humano e dinheiro estão se elevando continuamente. A inflação exigirá, cada vez mais, maior eficiência da administração das organizações para que possam obter melhores resultados com menos recursos e programas de redução de custos operacionais. A inflação imporá novas pressões e ameaças sobre as organizações: elas deverão lutar pelo lucro e pela sobrevivência por meio de maior produtividade. 5. Globalização da economia e internacionalização dos negócios. O esforço de exportação e criação de subsidiárias para deixar raízes em outros territórios estrangeiros é um fenômeno que influenciará as organizações do futuro e sua administração. A globalização e o intercâmbio planetário fazem com que a competição se torne mundial. 6. Visibilidade maior das organizações. Enquanto crescem, as organizações tornam-se competitivas, sofisticadas, internacionalizam-se e, com isso, aumentam sua influência ambiental, ou seja, as organizações chamam mais a atenção do ambiente e do público e passam a ser mais visíveis e percebidas pela opinião pública. A visibilidade da organização- a sua capacidade de chamar a atenção dos outros- pode ocorrer de maneira positiva (imagem positiva da organização perante o público) ou negativa (imagem negativa). De qualquer forma, a organização jamaisserá ignorada pelos consumidores, fornecedores, imprensa, sindicatos, governo etc., e isso influenciará seu comportamento. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização Tendências para o Futuro Antes Agora Alteração Sociedade industrial Sociedade da Informação Inovação e Mudança Tecnologia Simples Tecnologia Sofisticada Maior Eficiência Economia Nacional Economia Mundial Globalização e Competitividade Curto Prazo Longo Prazo Visão do Negócio e do Futuro Democracia Representativa Democracia Participativa Pluralismo e Participação Hierarquia Comunicação Bilateral Democratização e Empowerment Opção Dual ou Binária Opção Múltipla Visão Sistêmica e Contingencial Centralização Descentralização Incerteza e Imprevisibilidade Ajuda Institucional Auto-Ajuda Autonomia e Serviços Diferenciados 1.3. O PAPEL DO ADMINISTRADOR 1.3.1. O que é Administração? Ação! Administração significa, em primeiro lugar, ação. A administração é um processo de tomar decisões e realizar ações que compreende quatro processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle . Os processos administrativos são também chamados funções administrativas ou funções gerenciais. Outros processos ou funções importantes, com a coordenação, direção, comunicação e participação, contribuem para a realização dos quatro processos principais. Entender a administração como processo que se compõe de outros processos ou funções é a essência do chamado enfoque funcional, ou abordagem funcional da administração, criado por Henri Fayol, no início do século XX. O mais importante do enfoque funcional proposto por Fayol está em separar a tarefa da administração das tarefas operacionais e técnicas, como fazer as máquinas funcionar ou prestar serviços aos consumidores. Essa distinção é particularmente importante para as pessoas que administram organizações. Um Grupo de Pessoas As pessoas que administram qualquer conjunto de recursos são administradores ou gerentes. São os gerentes que fazem o processo administrativo funcionar. Alguns gerentes são chefes de outras pessoas. Os chefes têm autoridade sobre outros funcionários (equipe de funcionários). A autoridade é um tipo especial de recurso, que dá aos gerentes a capacidade ou poder de tomar decisões e acionar o trabalho/de seus funcionários e outros recursos. A responsabilidade é um atributo que permite a outros gerentes, acionistas, clientes, seus funcionários ou a sociedade, cobrar os gerentes pela forma como os recursos são utilizados e pelos resultados de suas decisões e ações. Os gerentes formam um grupo, chamado a administração ou a gerência. As pessoas que integram esse grupo desempenham um mandato (têm autoridade e responsabilidade durante um período ), também chamado administração ou governo (exemplo: administração Kennedy). Uma Arte que Exige Habilidades A administração é uma arte, no sentido de profissão ou área de ação humana. Toda arte depende de Planejamento Organização Direção Controle Profº Túlio de Almeida Administração e Organização habilidades. O desempenho dos gerentes depende de suas competências gerenciais, que incluem diversas habilidades gerenciais. As habilidades, assim como as demais competências, podem ser adquiridas ou aprimoradas por meio de experiência e estudo. Algumas pessoas revelam talento excepcional com o administradores, nos mais variados tipos de organizações e empreendimentos humanos. Henry Ford, Bill Gates e Taiichi Ohno são algumas pessoas que, neste século, demonstraram essa habilidade em alto grau. As grandes organizações despersonalizam as realizações individuais, mas sempre há talentos, muitas vezes anônimos, por trás das realizações coletivas. Uma Disciplina Embora seja uma arte ou prática antiga, a administração tem uma história recente como corpo organizado de conhecimentos. Desde a mais remota antigüidade chegam ao presente os registros das tentativas de formular princípios de administração. Nos dois últimos séculos, tornou-se necessário profissionalizar a formação de gerentes, para aprimorar o processo administrativo e tornar as organizações mais eficazes. Surgiram livros, escolas, pesquisadores e consultores de administração. O processo de administrar organizações transformou-se em disciplina. A administração é objeto de estudo sistemático, que produz um corpo de conhecimentos organizados, chamados teorias. 1.3.2. Quais as Funções do Administrador Moderno? 1. Tomar decisões e resolver problemas O fornecedor deixa de fazer a entrega e é preciso encontrar um substituto; um cliente importante pediu concordata e o caixa da empresa será afetado. 2. Processar informações Ler a correspondência, as notícias de economia e finanças, os resumos providenciados pela empresa, os relatórios de atividades dos funcionários, escrever um relatório para apresentar aos superiores. 3. Representar a empresa Fazer um discurso durante uma comemoração, comparecer ao Tribunal em nome da empresa, fazer contatos com autoridades para defender interesses da empresa, assinar correspondência e documentos em nome da empresa. 4. Administrar pessoas Selecionar novos funcionários, autorizar um funcionário a frequentar um curso, resolver conflitos e tomar decisões sobre demissões e admissões. 5. Cuidar da própria carreira Estudar, adquirir novas habilidades e informações, procurar estabelecer e manter relações com pessoas importantes da empresa, manter-se atualizado com as inovações. Categoria Papel Atividade In te rp e s s o a l Representação Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes, assina documentos legais. Liderança Dirige o motiva pessoas, treina, aconselha, orienta se comunica com os subordinados. Ligação Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa malotes, telefonemas e reuniões. In fo rm a c io n a l Monitoramento Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos pessoais Disseminação Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e relatórios, telefonemas e contatos. Porta Voz Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, relatórios e memorandos. D e c is o ri a l Empreendimento Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabilidades de ideias para outros. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização Resolução de Conflitos Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e mudanças. Alocação de Recursos Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades. Negociação Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos, em vendas, compras ou financiamentos. 1.3.3.Habilidades e Competências de um Administrador Muitas empresas, principalmente no ramo de engenharia, tratam muitas vezes os administradores com um conhecimento mais técnico como Analista de OS&M (Organização, Sistemas e Métodos). O Administrador tem uma visão geral do todo, o profissional de OS&M tem uma visão mais centrada nos processos e na gestão dos sistemas. Por isso, é importante explorar também esta outra vertente. 1. Ser eterno pesquisador; O profissional de administração e/ou OS&M trabalha com diversas áreas e o mesmo deve integra-las. Devido a essa multidisciplinaridade, é necessário manter-se atualizado tanto sobre as áreas de conhecimento, quanto principalmente o mercado, o fluxo de caixa da empresa, a satisfação dos operários, dos acionistas, enfim: não dá pra ficar parado. 2. Ser versátil e possuir uma visão empresarial; Não há necessidade de exímio conhecimento técnico, mas sim uma visão holística do negócio. É importante ter uma visão do todo e de longo prazo, pois o profissional que atua na administração de uma ou de OS&M auxiliará na tomada de importantes decisões em qualquer empresa. 3. Ter forte capacidade de análise e síntese; Um profissional que usa de um grande volume de informações tem de saber usa-las de maneira correta. Há momentos em que é necessário decompor (análise), ou seja, detalhar um problema para encontrar sua causa raiz e soluciona-lo; e em contrapartida, há momentos em que é necessário compor (síntese), ou seja, sintetizar um problema priorizando as informações mais importantes. O conhecimento de softwares, estatística e matemática auxiliam muito para tais feitos. 4. Ser altamente criativo; Solucionar problemas é uma arte que requer além de conhecimento e experiência, a criatividade. Para produzir grandes quantidades, a custos baixos, no menor tempo possível e com a maior qualidade possível tem que ser muito criativo. 5. Saber promover a integração interdepartamental; O conhecimento multidisciplinar, a visão holística, a grande capacidade de solucionar problemas e a criatividade precisam de dois catalisadores. O primeiro é a capacidade de comunicação, a relação interpessoal e interdepartamental é primordial para o desempenho do trabalho de um administrador ou de analista de OS&M. Um administrador ou analista de OS&M, pode fazer sua gestão em qualquer nível hierárquico. Profº Túlio de Almeida Administração e Organização 6. Ter capacidade de liderança para processar negociações. O segundo catalisador é a liderança. Ser líder é antes de tudo ser exemplo, motivar, inspirar as pessoas. Hoje em dia não funciona aquela lei do: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo.” Um profissional com todas as qualidades listadas anteriormente será um líder com altíssima capacidade de negociação. 1.4. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS [1] CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7ª edição, revisada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 6ª Reimpressão. [2] MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 5ª edição, revisada e ampliada. São Paulo: Atlas, 2000. [3] TZU, Sun. A Arte da Guerra. Tradução de Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: LM&P, 2006. [4] DE ARAÚJO, L.C.G. Organização, Sistemas e Métodos e as Tecnologias de Gestão Organizacional. Volume 1. 9ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2011. [5] CURTO JÚNIOR, Renato Mendes. Organização, Sistemas e Métodos. Apostila do Instituto Federal do Paraná.. Curitiba: e-Tec Brasil, 2011.
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