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Bases históricas da administração APRESENTAÇÃO A Administração existe desde o início dos tempos, quando era praticada pelas civilizações mais primitivas, que utilizavam técnicas e ferramentas administrativas para alcançar seus objetivos. Com o surgimento dos agrupamentos humanos, o homem começou a administrar sua família, sua casa, seu clã, sua tribo e aldeias e, quando passou a viver em sociedade, viu-se diante da necessidade de administrar vilas, cidades, estados e países. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as origens da Administração, a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da Administração.• Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial.• Discutir os aspectos gerais da Administração nos tempos atuais.• DESAFIO O fenômeno da globalização influenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Sendo assim, as organizações necessitam de uma administração de qualidade para crescerem e se manterem com sucesso no mercado. Neste Desafio, imagine o seguinte cenário: Como forma de organizar o seu script, responda: 1) Que aspectos são considerados importantes para a administração das organizações nos dias atuais? 2) Algumas práticas administrativas do passado já não se encaixam no perfil exigido atualmente aos administradores. Neste mercado turbulento, complexo e em constantes mudanças, o que é necessário aos gestores? INFOGRÁFICO As mudanças em todos os ambientes fizeram com que surgissem novos conceitos e técnicas para administrar as organizações. Acompanhe, neste Infográfico, as origens da Administração e as fases de sua evolução. CONTEÚDO DO LIVRO São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Apesar da semelhança dos problemas, mesmo em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto muda constantemente. Muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que surgiam com a intenção de resolver problemas enfrentados pelas empresas. No capítulo Bases históricas da Administração, da obra Teorias da Administração, você vai conhecer as origens da Administração, identificando a sua evolução, desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial, e seus aspectos gerais na atualidade. Boa leitura. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Ligia Maria Fonseca Affonso Bases históricas da administração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as origens da administração. Identificar a evolução administrativa do capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Discutir os aspectos gerais da administração nos tempos atuais. Introdução São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros ad- ministradores. Esses conceitos foram evoluindo ao longo do tempo, se ajustando a cada momento histórico. Assim, muito do que você estuda hoje sobre administração é resultado de ideias e técnicas de inúmeros precursores que buscavam resolver problemas enfrentados pelas orga- nizações. Apesar da semelhança entre os problemas, em cada período histórico, as soluções sempre foram diferentes, uma vez que o contexto era distinto. Neste capítulo, você vai estudar as origens da administração e sua evo- lução desde o capitalismo mercantil até a Revolução Industrial. Além disso, você vai conhecer os aspectos gerais da administração na atualidade. Origens da administração Você já sabe que a administração existe desde o início dos tempos. Você mesmo, em seu dia a dia, administra seu tempo, sua casa, sua família, seus estudos, seu trabalho, suas finanças, etc. Já reparou que quando você não consegue, por exemplo, administrar seu tempo, sua vida fica complicada, com tarefas que acabam se acumulando? Agora considere uma organização que lida com pessoas, materiais, equipa- mentos, tecnologia, instalações, conhecimentos e informações. Sem a admi- nistração, seria impossível fazer tudo isso funcionar, não é? Uma organização só consegue atingir seus objetivos se for bem administrada. Uma organização é uma unidade social, constituída por duas ou mais pessoas, cuja finalidade é atender às necessidades da sociedade, gerar resultados (financeiros ou não) e atingir objetivos estabelecidos por meio da divisão do trabalho e da coordenação dos recursos e esforços (MAXIMIANO, 2012). Referências históricas demonstram que conceitos administrativos de cerca de 1200 a.C. ainda são utilizados hoje. Contudo, a administração surgiu ainda com as primeiras comunidades primitivas. Os homens, em suas expedições de caça e pesca, além de construírem suas próprias ferramentas, também tomavam decisões, planejavam e dividiam o trabalho. Eles precisavam definir a rota de caça, o local onde ficariam acampados, as armadilhas, etc. Assim, você pode considerar que as expedições já tinham características de organizações, e seus líderes, características de gerentes (MAXIMIANO, 2012). Por volta de 3000 a.C., a arte de administrar já era exercida pelos sumerianos, quando buscavam soluções para seus problemas práticos. A administração foi utilizada, por exemplo, na formação de uma sociedade de irrigação idealizada pelos primeiros colonizadores da Mesopotâmia. Como a água era abundante, seu uso foi organizado por pequenas comunidades autossuficientes e interligadas. Os coordenadores dessas comunidades eram os sacerdotes, que transformaram os templos em centros adminis- trativos, com funcionários que registravam as atividades de recebimento, armazenagem e pagamento de produtos escassos, como madeira e metais, que eram comercializados. Os funcionários e esses produtos eram pagos com o que sobrava da agricultura irrigada. Além da escrita e da aritmé- tica, os sumérios criaram a administração pública com funcionários e práticas burocráticas. Assim, nessa época era realizada a escrituração de operações comerciais e surgiram os primeiros funcionários e dirigentes administrativos profissionais. Em 3100 a.C., o Egito já praticava o planejamento em longo prazo quando se preparava para o ciclo de inundação, cultivo e seca. Além disso, man- Bases históricas da administração2 tinha uma rede de fortes com soldados assalariados e com suprimentos suficientes para 12 meses. Outro exemplo de prática administrativa foi a construção de suas pirâmides, que exigiram dos egípcios habilidades técnicas e administrativas para resolver grandes problemas relacionados à mão de obra, aos arquitetos e à logística. Dessa forma, essa época foi marcada pela construção de grandes pirâmides, práticas de planejamento, organização e controle sofisticadas. Em 2000 a.C., a decadência dos sumérios abre espaço para o domínio dos babilônios, cujo registro de transações comerciais era feito cuidadosamente em placas de argila, mostrando sua preocupação com o controle. As cores eram utilizadas para o controle da produção, dos estoques de tecidos e dos celeiros. O código do rei Hamurabi, com 282 regras, é outro exemplo do uso da administração pelos babilônios. Tal documento é um dos primeiros e talvez o mais famoso conjunto de leis da história. Em algumas regras, é possível identificar princípios de controle e de responsabilidade. Os babilônios foram responsáveis ainda pela criação de um sistema de incentivos salariais, como o pagamento destinado às mulheres encarregadas da fiação e da tecelagem, que recebiam de acordo com a produção individual. Destacam-se também os assírios, que contribuíram para o grande avanço na área da organização militar, servindo de modelo para exércitosposteriores, principalmente em relação a depósitos de suprimentos, colunas de transporte e companhias para a construção de pontes, demonstrando grande preocupação com a logística. Entre os anos 2350 e 2256 a.C., na China, o imperador Yao empregou o princípio de assessoria, que foi utilizado por outros governantes. Uma técnica que se tornou tradicional na administração pública da China foi a de aconse- lhamento com os assessores, delegando a eles autoridade para a resolução de problemas. A constituição da dinastia de Chow (1100 a.C.) é outro exemplo de prática de administração pelos chineses. Essa dinastia criou um manual de administração com oito regulamentos e regras de administração pública a serem seguidos por um primeiro ministro. Assim, fica clara a tentativa de definir regras e princípios de administração. Você pode considerar também Sun Tzu, que escreveu sobre estratégia militar e que, no tratado A Arte da Guerra, apresenta teorias para evitar batalhas e intimidar psicologicamente os inimigos utilizando o tempo, em vez da força, para desgastá-los e atacá-los quando estivessem desprevenidos. As Muralhas da China são outro exemplo da adoção de práticas administrativas. A obra empregou milhares de pessoas para a construção de 1.500 quilômetros ao longo de quase 10 anos. 3Bases históricas da administração A Arte da Guerra é um manual de recomendações que trata dos princípios fundamentais de planejamento, comando, doutrina e outros. Esse manual atravessou os séculos e é muito utilizado na administração de todos os tipos de organização (MAXIMIANO, 2012). A Grécia também marcou significativamente a administração de organi- zações de todos os tipos. Fez isso por meio da produção de ideias e da solução de problemas com debates e proposições sobre temas como democracia, estratégia, igualdade de todos diante da lei, ética na administração pública, planejamento urbano, entre outros. Por fim, você pode considerar Roma, já que princípios e técnicas de admi- nistração construíram e mantiveram o Império Romano por muitos anos. Entre as contribuições dos romanos para a administração, estão: o planejamento e o controle das finanças públicas; a autoridade formal e as regras de convivência definidas legalmente; os diversos tipos de executivos, como senadores, ma- gistrados e imperadores; a criação de empresas privadas; a divisão dos povos para governar, entre outros (MAXIMIANO, 2012). Grandes filósofos da Antiguidade também contribuíram para a administra- ção moderna. Sócrates enxergava a administração como habilidade pessoal; Platão, filósofo grego, expôs em sua obra A República sua percepção sobre democracia e administração dos negócios públicos; Aristóteles, também filósofo grego, em sua obra A Política, se preocupou com a organização do Estado, dividindo a administração em monarquia, aristocracia e democracia; Confúcio, pensador e filósofo chinês, defendia a ideia da meritocracia e do ingresso na burocracia por meio do mérito; Mêncio, também filósofo chinês e fiel seguidor de Confúcio, defendia a meritocracia e a democracia, o povo como o elemento mais importante de uma nação e a sistematização para a condução dos negócios públicos, além de que se preocupava com o profissionalismo na administração pública (SILVA, 2013). Nomes como Francis Bacon, René Descartes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Maquiavel também contribuíram significativamente para a ciência administrativa, bem como a Igreja Católica Romana. Assim, grande parte da história da administração é a história de cidades, governos, exércitos, países e organizações religiosas. Foi somente a partir do final do século XIX e início do século XX que a administração começou a ser tratada como ciência, tornando- -se um corpo organizado de conhecimentos e teorias (MAXIMIANO, 2012). Bases históricas da administração4 Teoria é uma palavra ampla. Além de compreender proposições que explicam a realidade prática, compreende também princípios, doutrinas e técnicas que orientam os administradores na solução de problemas práticos. As teorias da administração estão organizadas em escolas ou enfoques, que significam uma linha de pensamento sobre as organizações e a sua administração (MAXIMIANO, 2011). Evolução da administração: do capitalismo mercantil à Revolução Industrial A administração passou por várias fases e vem evoluindo ao longo dos tempos, infl uenciando o mundo todo. Como prática inerente ao homem, ela sempre existiu. No entanto, conforme foram surgindo e se complexifi cando as organizações, ela precisou ser estudada, estruturada e se tornou ciência. Cada momento da história da administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. E, quando se fala em evolução do estudo da administração, não pode fi car de lado a Re- volução Industrial, fenômeno que revolucionou a produção e a aplicação de conhecimentos administrativos. Porém, antes de você estudar a Revolução Industrial, é importante conhecer resumidamente outro momento que a antecedeu, o capitalismo mercantil ou mercantilismo. Ele teve sua expansão a partir do século XV e influenciou profundamente as práticas administrativas dos negócios. O mercantilismo é um conjunto de práticas econômicas que surgiu na Europa a partir do século XV, após o período feudal. Ele se caracteriza principalmente pelo fato de a riqueza de uma nação ser obtida por meio da comercialização de ouro e prata extraídos de suas colônias. Nesse processo, se destacaram Inglaterra, França, Portugal e Espanha (MAXIMIANO, 2011). O mercantilismo foi um momento de transição entre o feudalismo e o ca- pitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial. Os barões feudais perdiam seu poder, fazendo com que muitas terras europeias ficassem livres 5Bases históricas da administração de seu domínio e se transformassem em cidades, chamadas burgos — seus habitantes eram chamados burgueses. Os burgueses começaram a se organizar livremente, definindo seus papéis sociais na comunidade, o que fez surgir uma atividade econômica e profissionais autônomos, que buscavam atender às necessidades das cidades. A liberdade dos burgueses fez o comércio se expandir e ultrapassar as fronteiras europeias, dando início às grandes navegações, em busca de novos mercados e fornecedores de matéria-prima. Isso estimulou a exploração de novas terras; o descobrimento de novos povos e produtos; o aparecimento de vendedores e agenciadores de matéria-prima e mão de obra; e o acúmulo de metais oriundos de suas colônias, concedendo o status de potência mercantilista à metrópole (MAXIMIANO, 2012; BRESSER- -PEREIRA et al., 2016). Nessa fase, as cidades-estado eram a base do comércio de longa distância, ou seja, da compra e da venda de metais preciosos, especiarias e outros bens de luxo, realizadas por meio de camelos, mulas e navios à vela. Apesar de o comércio de longa distância possibilitar aos comerciantes o acúmulo de capital e grande lucro, esses fatores eram instáveis, por isso eles começaram a investir em manufatura. No entanto, o modo de produção era bastante rudimentar e os produtos eram feitos de forma artesanal, ou seja, com a utilização de ferramentas básicas, pois não havia máquinas complexas. Isso fazia com que a produção fosse lenta e cara (BRESSER-PEREIRA et al., 2016). Com o aumento da demanda, as antigas e tradicionais oficinas precisa- ram ser ampliadas e aos poucos foram se transformando em fábricas, com produção em uma escala maior e ritmo intenso. Isso criou a necessidade de máquinas para aumentar a produtividade. Nesse contexto, muitas tarefas realizadas de forma manual passaram a ser mecanizadas, ou seja, parte da mão de obra foi substituída por máquinas, gerando a divisão no trabalho e a criação de novas categorias de trabalhadores, uma vez que os artesãos, além de serem poucos, eram limitados à produção em pequena escala. Os capitalistas passam então a dominar a produção e a comercializaçãode bens, bem como a tomar decisões sem a participação dos trabalhadores, como era feito no período medieval. Dessa forma, além das mudanças nos meios de produção e comercialização de bens, houve também uma mudança de valores (MAXIMIANO, 2012). Você deve estar se perguntando: e as práticas de administração, onde estavam? Estavam no controle contábil-financeiro da movimentação de merca- dorias entre regiões; na organização da demanda da produção artesanal e dos ganhos e garantias resultantes da comercialização dos produtos; e na divisão Bases históricas da administração6 e na especialização do trabalho. Pode-se dizer, então, que o mercantilismo foi marcado pela supremacia naval, pela fartura de recursos naturais e pelo acúmulo de capital. Desde a Antiguidade até cerca de 1780 (início da Revolução Industrial), os produtos eram fabricados em pequenas oficinas, de forma artesanal e sem padronização. Era a chamada fase artesanal, marcada pelo artesanato rudimentar e pela mão de obra intensiva e não qualificada na agricultura, com predomínio de oficinas, granjas e agricultura e sistema comercial baseados em trocas nos mercados locais (SILVA, 2013). Com o surgimento das primeiras fábricas, com a divisão do trabalho e a invenção das máquinas a vapor, surge a Revolução Industrial no século XVIII. A partir daí, o desenvolvimento da administração passa a ser influenciado pelo surgimento de empresas industriais, com maquinários que possibilitavam aumento acelerado do processo produtivo, com padronização e maior quali- dade. Surgem também a hierarquia, a disciplina, a vigilância e o controle de tarefas e dos trabalhadores. Nesse período, muita riqueza foi gerada, novos empregos surgiram, houve crescimento de cidades e regiões, tiveram início novas relações de poder e foram criados novos interesses comerciais. Houve também o surgimento do comércio exterior, da pesquisa e do desenvolvimento de novos produtos. A Revolução Industrial teve duas fases (MAXIMIANO, 2012), como você pode ver a seguir. Primeira Revolução Industrial (1780 a 1860): marcada pela mecani- zação das oficinas e da agricultura, ou seja, foi o período de adaptação das oficinas à nova tecnologia da máquina a vapor. O carvão como fonte de energia e o ferro como material básico da indústria passam a ser os principais recursos para o desenvolvimento dos países. As oficinas se transformam em fábricas e usinas; as máquinas substituem o trabalho humano e há o desenvolvimento do sistema fabril, o crescimento nos setores de transporte e comunicação. Surgem as locomotivas a vapor e o crescimento da navegação. Segunda Revolução Industrial (1860 a 1914): marcada pelo desenvol- vimento da indústria. O aço e a eletricidade passam a ser os principais 7Bases históricas da administração recursos para o desenvolvimento do país, substituindo o carvão e o ferro. Há grande e crescente influência da ciência e da tecnologia na indústria. Nessa época, surgem o automóvel, o avião, o telefone e o telégrafo sem fio. Com o desenvolvimento crescente das indústrias, surgem também os grandes bancos e instituições financeiras, substi- tuindo o capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro, provocando grande ampliação do mercado. Houve também a invenção do motor a combustão, a substituição do vapor pela eletricidade, o surgimento de máquinas automáticas, etc. A Revolução Industrial substituiu o artesão pelo operário; contribuiu para a criação das fábricas e a evolução dos maquinários; fez surgir as organizações sindicais; e contribuiu para o crescimento das cidades. Ou seja, proporcionou mudanças econômicas, políticas, sociais, ambientais e culturais que se refletem até hoje. A Revolução Industrial trouxe também alguns transtornos, como o êxodo rural. As pessoas que moravam no campo deixavam suas famílias e iam para as cidades, sedu- zidas pela possibilidade de trabalhar nas indústrias. No entanto, isso nem sempre dava certo, especialmente pela falta de qualificação da mão de obra e pela substituição desta pelas máquinas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Administração nos tempos atuais Após a fase da segunda Revolução Industrial, veio a fase do gigantismo in- dustrial, de 1914 e 1945, época entre as duas grandes guerras mundiais. Nesse período, a organização e a tecnologia eram utilizadas na indústria bélica. As empresas encontravam-se em franca expansão, passando a atuar também no mercado internacional. Houve uma signifi cativa aplicação tecnocientífi ca nas indústrias, principalmente com ênfase em materiais petroquímicos, o que contribuiu para o aperfeiçoamento dos setores de transporte e comunicação (SILVA, 2013). Em seguida, começou a fase moderna, entre 1945 e 1980, com o apare- cimento de produtos e processos mais sofisticados decorrentes dos avanços Bases históricas da administração8 tecnológicos. Surgiram também as primeiras empresas de grande porte no Brasil, bem como problemas econômicos, gerando incerteza e imprevisibi- lidade no mercado. Após 1980, se inicia a fase da globalização ou incerteza, marcada por grandes e novos desafios, dificuldades, oportunidades e ameaças, gerando um ambiente complexo e dinâmico. Foi uma época caracterizada por escassez de recursos, concorrência cada vez mais acirrada, dificuldade de compreensão do mercado e de informações, mudança brusca no modelo de gestão das organizações e revolução dos computadores, que passam a substituir o ser humano em termos físicos e intelectuais (SILVA, 2013). A globalização influenciou e continua influenciando a vida das socieda- des e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Com as mudanças cada vez mais rápidas, novas necessidades são geradas, fazendo com que as organizações se tornem mais complexas e sem fronteiras, depen- dendo de uma administração de qualidade que garanta seu crescimento e seu sucesso no mercado. A globalização tornou o mercado altamente competitivo e alvo de rápidas transformações políticas, sociais, ambientais e tecnológicas, originando novos perfis de atores sociais, novos concorrentes, novos padrões de consumo, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). Dessa forma, as organizações precisam estar preparadas para todo tipo de mudanças. Elas devem adotar novas estratégias e novas formas de administrar que as ajudem a enfrentar o mercado cada vez mais competitivo, encontrando respostas para as exigências que se impõem e garantindo sua sobrevivência. Ou seja, o mercado é dinâmico e está em constante transformação, fazendo com que as organizações convivam permanentemente com a necessidade de adaptação. Isso exige delas a capacidade de realizar mudanças em seus processos, relacio- namentos, modelos de gestão, estruturas, cultura, etc. (SOBRAL; PECI, 2013). O conhecimento e a informação são outros aspectos fundamentais na admi- nistração atual. São considerados uma das principais vantagens competitivas da organização. Saber administrá-los é fator crítico de sucesso para as empresas. Os fatores críticos de sucesso (FCS) são aspectos fundamentais para a organização, que precisam ser bem executados para garantir seu desenvolvimento, seu crescimento e o alcance dos objetivos. São aspectos que, se mal executados, podem levar a organização ao fracasso (MAXIMIANO, 2012). 9Bases históricas da administração Na sociedade contemporânea, o acesso às informações é cada vez mais amplo, e a comunicação independe do tempo e da distância. Por isso, as infor- mações precisam ser administradas para que cumpram seu papel. É importante compreender os fluxos de informação como processos que agregam valor à informação e que podem ser explorados para promover melhorias. Uma das funções do administrador é tomar decisões. Para tal, ele precisa estar bem informado e conhecer o ambiente em que a organização está inserida, não só o ambiente interno, mas os fatores externos que influenciam sua gestão. Nesse contexto, a informação é essencial (SIQUEIRA, 2005). O conhecimento, por sua vez,é o conjunto de informações valiosas da mente humana (argumentos, reflexão e síntese), que precisa ser bem gerenciado. A informação e o conhecimento são essenciais nas organizações, pois são a base de todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim como o processo de decisão. Por isso, devem ser geridos para a busca de novas fontes de vantagem competitiva, melhorando o funcionamento da organização e tornando-a mais eficiente (SIQUEIRA, 2005). A gestão do conhecimento é um conjunto de atividades cuja finalidade é promover o conhecimento dentro da organização, possibilitando que ela e seus colaboradores utilizem as melhores informações e os melhores conhecimentos disponíveis. Nesse sentido, são fundamentais uma visão estratégica e a promoção da aquisição, da criação, da codificação e da transferência de conhecimentos para o alcance dos objetivos organizacionais e a maximização da competitividade (ALVARENGA NETO, 2002). Outros aspectos importantes para a administração nos dias atuais é a mudança de estratégias de gestão e a adoção de práticas de descentralização, que incentivem a criatividade e a inovação. Contar com trabalhadores esti- mulados, comprometidos e envolvidos com a missão da organização de forma a realizar as mudanças necessárias também é fundamental. É nesse contexto que surge a necessidade de aprimoramento da gestão. Ou seja, além de possuir conhecimentos técnicos e teóricos sobre a arte e a ciência da administração, os administradores precisam estar atualizados, acompanhando as mudanças que ocorrem não somente no ambiente que envolve as organizações, mas nos conhecimentos produzidos no campo da administração. Além disso, é necessário compreender o universo que envolve as relações interpessoais e Bases históricas da administração10 as motivações das pessoas. Ou seja, o administrador precisa estar em cons- tante processo de aprendizagem, uma vez que o mundo da administração é altamente complexo. Veja, a seguir, alguns dos desafios que se colocam à administração e aos administradores (LACOMBE; HEILBORN, 2008). Desafios tecnológicos: necessidade e capacidade de introduzir no- vas tecnologias para agilizar, flexibilizar e modernizar os processos administrativos. Desafios sociais e humanos: dirigir pessoas e grupos com competên- cias, experiências e culturas diferentes e particulares. Capacidade de lidar com a diversidade. Desafios de mercado: conhecer os clientes, a concorrência, os clientes potenciais, o ambiente interno e externo da organização. Satisfazer as necessidades e desejos dos clientes, agregando valor ao produto ou serviço. Desafios de negócio: gerar lucros e dividendos para os stakeholders. Desafios comunitários: manter um bom relacionamento com a comu- nidade em que está inserida e contribuir para o seu desenvolvimento. Desafios ambientais: adotar produção consciente, ou seja, respeitar as leis e normas ambientais, não causando danos ao meio ambiente e buscando a sustentabilidade do negócio. Desafios globais: administrar global e localmente ao mesmo tempo. Desafios de inovação: criar produtos, processos e sistemas inovadores, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados. Desafios da concorrência: buscar continuamente meios de alcançar vantagem competitiva e superar a concorrência. Desafios éticos e sociais: dirigir o negócio com ética e transparência e ser uma empresa socialmente responsável com seu público interno e externo. A administração é uma combinação de arte e ciência. Ciência porque tem por base princípios, técnicas e conhecimentos; e arte porque exige do administrador a capacidade de lidar com o inesperado, usando sua intuição e sua sensibilidade. Dessa forma, o administrador deve estudá-la cientifica- mente, mas também estar atento a aspectos aos quais teorias não podem ser aplicadas, como é o caso do relacionamento interpessoal. O maior desafio do administrador é estimular a motivação nas pessoas para um desempenho de excelência, criando um clima organizacional adequado para o trabalho em equipe, incentivando comportamentos de cooperação, criando propósitos comuns e transformando-os em ação (LACOMBE; HEILBORN, 2008). 11Bases históricas da administração ALVARENGA NETO, R. C. D. Gestão da informação e do conhecimento nas organizações: análise de casos relatados em organizações públicas e privada. 2002. 235 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Escola de Ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002. BRESSER-PEREIRA, L. C.; NASSIF, A. FEIJÓ, C. A reconstrução da indústria brasileira: a conexão entre o regime macroeconômico e a política industrial. Revista de Economia Política 36 (3), p. 493-513, 2016. LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 8. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2011. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. SILVA, R. O. Teorias da administração. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2013. SIQUEIRA, M. C. Gestão estratégica da informação. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. SOBRAL, F.; PECI, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2013. Leitura recomendada CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a infor- mação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003. Bases históricas da administração12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Cada momento da história da Administração se caracterizou por acrescentar diferentes experiências ao processo de gerir as organizações. Nesta Dica do Professor, você verá aspectos da fase artesanal e da produção industrial. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) São muitos os conceitos de administração criados pelos primeiros administradores e que foram evoluindo ao longo do tempo, ajustando-se às situações da cada momento histórico. Como é chamado o documento que possui 282 regras e é considerado um dos primeiros e, talvez, o mais famoso conjunto de leis da história, contendo os princípios da administração? A) Dinastia de Chow. B) Código do Rei Hamurábi. C) Código de Sun Tzu. D) Pensamento de Sócrates. E) Manual de Confúcio. Foram muitos os povos a demonstrarem práticas administrativas quando a administração ainda não existia como ciência. O princípio de assessoria, que consistia no aconselhamento com assessores e o exercício da delegação de autoridade, foi 2) empregado por quem? A) Mêncio. B) Maquiavel. C) Francis Bacon. D) Chow. E) Imperador Yao. 3) A Administração passou por diversas fases e vem evoluindo ao longo do tempo, marcando e influenciando o mundo. Qual foi o momento de transição entre o feudalismo e o capitalismo que abriu o caminho para a Revolução Industrial? A) Renascimento. B) Período Medieval. C) Mercantilismo. D) Revolução Urbana. E) Reforma. 4) O administrador tem como um de seus desafios estimular seus funcionários, para um desempenho de excelência. Outros desafios também se apresentam no cenário atual. Criar mercadorias, processos e sistemas, agregando valor aos clientes e desenvolvendo produtos personalizados diz respeito a que desafio? A) Desafio ambiental. B) Desafio de inovação. C) Desafio de padronização. D) Desafio de negócio. E) Desafio tecnológico. 5) A globalizaçãoinfluenciou e continua influenciando a vida das sociedades e o mundo organizacional, bem como as formas de administrar. Dessa forma, são muitos os desafios do administrador. Conhecer os clientes (potenciais ou não), a concorrência, o ambiente interno e externo da organização e satisfazer as necessidades e desejos do consumidor, agregando valor ao produto ou serviço, diz respeito a que desafio? A) Desafio de mercado. B) Desafio de negócio. C) Desafio social e humano. D) Desafio global. E) Desafio da concorrência. NA PRÁTICA A produção em série foi a inovação mais importante da era industrial e continua a ser aperfeiçoada continuamente. As formas de produzir e de administrar vêm evoluindo ao longo do tempo, adaptando-se às mudanças sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais. Na produção de automóveis, por exemplo, há mais de 100 anos, Henry Ford aperfeiçoou a fabricação de carros mais baratos, que fossem acessíveis aos cidadãos comuns. Para isso, estudou métodos de produção e chegou à conclusão de que estes deveriam ser todos iguais, ou seja, ele iria massificar a produção. Para tanto, desenvolveu um sistema de esteiras, em que o veículo era movimentado e cada operário era responsável por uma fase da montagem. A linha foi inaugurada em 1913 e construía o Ford T em 84 etapas – percebe-se, aqui, a divisão do trabalho (um dos princípios da Administração elaborados por Fayol) e o princípio da produção em massa e linha de montagem de Taylor. Conheça, Na Prática, mais detalhes dessa evolução de automóveis no decorrer das décadas e perceba a forma como a Administração contribui para o sucesso das empresas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Relação capitalismo & administração: mudanças na Administração ? luz das fases do capitalismo Este artigo aborda a relação entre capitalismo e administração, discorrendo sobre as características desta nas fases recentes do capitalismo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão do conhecimento: um estudo de modelos e sua relação com a inovação nas organizações Este artigo busca analisar modelos de gestão do conhecimento e sua aplicação nas empresas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evolução e correntes de pensamento da Administração O material indicado apresenta uma análise contemporânea da Administração. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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