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Português Instrumental PROFA. MARINA KATAOKA 1. Para início de conversa Sempre quando nos referimos à gramática, atribuímos a ela um conjunto de normas que regem o sistema linguístico. Normalmente não nos interessamos em saber se este ou aquele conteúdo com o qual estabelecemos familiaridade pertence a esta ou aquela parte da gramática. O fato é que os diversos assuntos por ela retratados pertencem a divisões específicas de estudo que, indubitavelmente, tornam-se passíveis ao nosso conhecimento. Sendo assim, o presente artigo tem por finalidade apontá-los, a fim de que estejamos a par de todas as características que os norteiam. 1.1. Divisões da gramática Fonologia Representa a parte cujo objetivo é estudar os menores elementos distintos, ora denominados de fonemas, que diferenciam o significado das palavras, bem como as sílabas que esses fonemas formam. Integrando a referida parte estão a ortoepia, a qual representa o estudo da articulação e pronúncia dos vocábulos, a prosódia, que se incumbe do estudo da acentuação tônica desses e a ortografia, que se preocupa com a forma pela qual as palavras são grafadas. Nesse ínterim, destacamos o estudo das vogais, semivogais, consoantes, dígrafos, encontros vocálicos, encontros consonantais, classificação das sílabas quanto à tonicidade, quanto ao número apresentado mediante a divisão silábica, o emprego das letras, tendo em vista suas respectivas situações de uso, entre outros. 1.1. Divisões da gramática Morfologia Tem por finalidade estudar a estrutura, a formação e os mecanismos de flexão das palavras. De acordo com tal intento, podemos dizer que as classes gramaticais representam o alvo principal, ou seja, o estudo dos substantivos, adjetivos, advérbios, pronomes, conjunções, interjeições, verbos, artigos, numerais e preposições. 1.1. Divisões da gramática Sintaxe Compreende o estudo das relações que se estabelecem entre os termos da oração. Para tanto, divide-se em sintaxe das funções, a qual estuda a estrutura da oração e do período, e sintaxe das relações, priorizando a regência, a colocação pronominal e a concordância. Representam objeto de estudo os termos essenciais da oração (sujeito e predicado), termos integrantes (complementos verbais, complemento nominal, agente da passiva) e os termos acessórios (adjunto adnominal, adverbial, aposto e vocativo). 2. Classes de palavras A Primeira gramática do Ocidente foi de autoria de Dionísio de Trácia, que identificava oito partes do discurso: nome, verbo, particípio, artigo, preposição, advérbio e conjunção. 2. Classes de palavras Atualmente, são reconhecidas dez classes gramaticais pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome. Como podemos observar, houve alterações ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso acontece porque a nossa língua é viva, e portanto vem sendo alterada pelos seus falantes o tempo todo, ou seja, nós somos os responsáveis por estas mudanças que já ocorreram e pelas que ainda vão ocorrer. 2. Classes de palavras Classificar uma palavra não é fácil, mas atualmente todas as palavras da língua portuguesa estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. A parte da gramática que estuda as classes de palavras é a MORFOLOGIA (morfo = forma, logia = estudo), ou seja, o estudo da forma. Na morfologia, portanto, não estudamos as relações entre as palavras, o contexto em que são empregadas, ou outros fatores que podem influenciá-la, mas somente a forma da palavra. 2.1. Substantivo Classe que dá nome aos seres, mas não nomeia somente seres, como também sentimentos, estados de espírito, sensações, conceitos filosóficos ou políticos, etc. Exemplo: Democracia, Andréia, Deus, cadeira, amor, sabor, carinho, etc. 2.2. Artigo Classe que abriga palavras que servem para determinar ou indeterminar os substantivos, antecedendo-os. Exemplo: o, a, os, as, um, uma, uns, umas. 2.3. Adjetivo Classe das características, qualidades. Os adjetivos servem para dar características aos substantivos. Exemplo: querido, limpo, horroroso, quente, sábio, triste, amarelo, etc. 2.4. Pronome Palavra que pode acompanhar ou substituir um nome (substantivo) e que determina a pessoa do discurso. Exemplo: eu, nossa, aquilo, esta, nós, mim, te, eles, etc. 2.5. Numeral Classe que expressa quantidades, frações, múltiplos, ordem. Exemplo: primeiro, vinte, metade, triplo, etc. 2.6. Verbo Palavras que expressam ações ou estados se encontram nesta classe gramatical. Exemplo: fazer, ser, andar, partir, impor, etc. 2.7. Advérbio Palavras que se associam a verbos, adjetivos ou outros advérbios, modificando-os. Exemplo: não, muito, constantemente, sempre, etc. 2.8. Preposição Servem para ligar uma palavra à outra, estabelecendo relações entre elas. Exemplo: em, de, para, por, etc. 2.9. Conjunção São palavras que ligam orações, estabelecendo entre elas relações de coordenação ou subordinação. Exemplo: porém, e, contudo, portanto, mas, que, etc. 2.10. Interjeição Contesta-se que esta seja uma classe gramatical como as demais, pois algumas de suas palavras podem ter valor de uma frase. Mesmo assim, podemos definir as interjeições como palavras ou expressões que evocam emoções, estados de espírito. Exemplo: Nossa! Uau! Que pena! Oh! Concordância Nominal e Verbal 1. Para início de conversa Canção Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito; praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas. Cecília Meireles 2. Concordância É um princípio linguístico que orienta a combinação das palavras nas frases. Concordar adequadamente é o mesmo que ter domínio dos mecanismos básicos de funcionamento da língua. Conhecer as regras de concordância do padrão culto serve, entre outros fins, como meio de adequação e interação social Na nossa língua, há dois tipos de concordância: nominal e verbal 3. Concordância Nominal É a concordância, em gênero e número, entre substantivo e seus determinantes: adjetivo, pronome adjetivo (aqueles), artigo, numeral e particípio (-ado). 3.1 Concordância de palavra para palavra Há uma só palavra determinada: A palavra determinante irá para o gênero e número da palavra determinada. Ex: “Os bons exemplos dos pais são as melhores lições e a melhor herança para os filhos.” 3.1 Concordância de palavra para palavra Há mais de uma palavra determinada; Se as palavras determinadas forem do mesmo gênero, a palavra determinante irá para o plural e para o gênero comum, ou poderá concordar, principalmente se vier anteposta, em gênero e número com a mais próxima. Ex: “O tom e o gestocaricioso, com que ela dizia isto, não convenceu o marido.” 3.1 Concordância de palavra para palavra Há mais de uma palavra determinada: Se as palavras forem de gêneros diferentes, a palavra determinante irá para o plural masculino ou concordará em gênero e número com a mais próxima. Ex: “Calada a natureza, a terra e os homens.” “Todos os seus sacrifícios e lutas.” “O poeta escreveu capítulos e páginas compactos.” 3.1 Concordância de palavra para palavra Há uma só palavra determinada e mais de uma determinante: A palavra determinada irá para o plural ou ficará no singular, sendo, nets último caso, facultativa a repetição do artigo. Ex: “Os anos oitavo e nono” “O oitavo e nono ano (ou anos)” 3.2 Concordância de palavra para sentido As expressões de tratamento do tipo de V. Exª, V. S.ª, etc.: Ex: V. Ex.ª é atencioso. (referindo-se a homem) atenciosa. (referindo-se a mulher) 3.2 Concordância de palavra para sentido A expressão a gente aplicada a uma ou mais pessoas com inclusão da que fala: “Pergunta a gente a si próprio (refere-se a outra pessoa do sexo masculino) quanto levaria o solicitador ao seu cliente por ter sonhado com seu negócio.” 3.2 Concordância de palavra para sentido O termo determinado é um coletivo seguido de determinante de gênero ou número (ou ambos) diferentes: “Acocorada em torno, nus, a negralhada miúda, de dois a oito anos.” 3.2 Concordância de palavra para sentido A palavra determinada aparece no singular e mais adiante o determinante no plural em virtude de se subentender aquela no plural: “Mas não nos constou em que ano começou nem quantos esteve com ele.” 4. Concordância verbal É a concordância do verbo com o seu sujeito, em número e pessoa. 4.1 Concordância palavra por palavra Há um sujeito simples: Se o sujeito for simples e singular, o verbo irá para o singular, ainda que seja coletivo: “A vida tem uma só entrada: a saída é por cem portas.” “Povo sem lealdade não alcança estabilidade.” 4.1 Concordância palavra por palavra Há sujeito simples: Se o sujeito for simples e plural, o verbos irá para o plural: “Os bons conselhos desprezados são com dor comemorados.” 4.1 Concordância palavra por palavra Há sujeito composto Se o sujeito for composto, o verbo irá, normalmente, para o plural, qualquer que seja a sua posição em relação ao verbo: “O professor e os alunos resolveram a atividade.” 4.2 Concordância de palavra para sentido Quando o sujeito é simples é constituído de nome ou pronome no singular que se aplica a um grupo coletivo, o verbo irá para o singular: “O povo trabalha” “A gente vai” 4.2 Concordância de palavra para sentido Se houver, entretanto, distância suficiente entre o sujeito e o verbo e se quiser acentuar a ideia de plural do coletivo: “O grupo de estudantes gritavam palavras de ordem.” 5 Referências bibliográfica BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
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