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PROFª MS Tatiane Romana Obs.: A presente apostila não se trata de obra original, mas compilação e em alguns casos transcrição literal de diversos autores ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA APOSTILA DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 2 SUMÁRIO 1. REVISÃO DE CONCEITOS ........................................................................................................... 5 1.1. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL .................................................................................................... 5 1.2. ELEMENTOS ESSENCIAIS QUE COMPÕEM A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................ 7 1.3. TRIBUTOS ...................................................................................................................................... 9 1.3.1. Espécie ................................................................................................................................... 9 1.3.2. Classificação ......................................................................................................................... 9 1.3.3. Tipos ..................................................................................................................................... 10 1.3.4. Formas de tributação ........................................................................................................ 10 1.3.5. Alíquotas do imposto vigentes (Lucro Real e Lucro Presumido): ........................ 10 1.3.6. Competências Tributárias ............................................................................................... 11 1.4. IMUNIDADES, ISENÇÕES E INCENTIVOS FISCAIS ........................................................... 12 1.4.1. Imunidades .......................................................................................................................... 13 1.4.2. Isenção ................................................................................................................................. 15 1.4.3. INCENTIVO FISCAL PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS ......................................... 16 2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 24 2.1. COMENTÁRIOS GERAIS .................................................................................................................. 24 2.2. O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E OS ATOS ILÍCITOS ................................................................... 25 2.3. ELEMENTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ....................... 27 3. ELISÃO FISCAL ........................................................................................................................... 30 3.1. CONCEITOS E ESPÉCIES DE ELISÃO FISCAL ................................................................................. 30 3.2. NORMAS ANTIELISÃO..................................................................................................................... 35 4.1. REGIMES DE APURAÇÃO ....................................................................................................... 38 4.1.1. Lucro Presumido ............................................................................................................... 38 4.1.2. Lucro Arbitrado .................................................................................................................. 40 4.1.3. Lucro Real............................................................................................................................ 42 4.1.4. Simples ................................................................................................................................. 43 4.2. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA ................................................................................................... 46 4.3. LUCRO LIQUIDO.............................................................................................................................. 47 4.4. REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO – RTT ................................................................................ 48 5. LUCRO REAL – IRPJ E CSLL .................................................................................................... 49 5.1. CONCEITO ....................................................................................................................................... 49 5.2. DATA DE APURAÇÃO ..................................................................................................................... 51 5.3. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA ................................................................................................... 52 5.4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ..................................................................................................... 52 5.5. PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS ................................................................................. 52 5.6. PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL .................................................................... 54 5.7. COMO SE DETERMINA O LUCRO REAL ......................................................................................... 55 6. ADIÇÕES PARA FINS DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL ................................................... 56 6.1. CUSTOS, DESPESAS, ENCARGOS, PERDAS, PROVISÕES, PARTICIPAÇÕES E DEMAIS VALORES INDEDUTÍVEIS ......................................................................................................................................... 57 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 3 6.1.1. Despesas Operacionais E Custos – Vinculação Intrínseca Com A Produção Ou A Comercialização ........................................................................................................................ 57 6.1.2. Despesas Com Veículos .................................................................................................. 59 6.1.3. Despesas De Comissões E Assessoria ....................................................................... 59 6.1.4. Multas Administrativas ..................................................................................................... 60 6.1.5. Despesas Com Provisões................................................................................................ 61 6.2 RESULTADOS, RECEITAS E DEMAIS VALORES NÃO INCLUÍDOS NA APURAÇÃO DO LUCRO LÍQUIDO .................................................................................................................................................. 62 6.3 QUANTIAS TIRADAS DOS LUCROS OU DE QUAISQUER FUNDOS AINDA NÃO TRIBUTADOS ....... 63 6.4 PAGAMENTOS À SOCIEDADE CIVIL LIGADA À FONTE PAGADORA ............................................... 63 6.5 ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DE BEM JÁ INTEGRALMENTE DEPRECIADO EM VIRTUDE DE GOZO DE INCENTIVOS FISCAIS ............................................................................................................. 63 6.6 PERDAS EM OPERAÇÕES DAY-TRADE .......................................................................................... 66 6.7 DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO DE SÓCIOS, ACIONISTAS E ADMINISTRADORES ....................... 66 6.8 CONTRIBUIÇÕES NÃO COMPULSÓRIAS .......................................................................................... 67 6.9 DOAÇÕES ........................................................................................................................................ 68 6.10 DESPESASCOM BRINDES ............................................................................................................ 70 6.11 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO REGISTRADA COMO CUSTO OU DESPESA OPERACIONAL ....................................................................................................................................... 70 6.12 PERDAS NOS MERCADOS DE RENDA VARIÁVEL E EM OPERAÇÕES DE SWAP .......................... 73 6.13 PARCELA DA COFINS COMPENSADA COM A CSLL ................................................................. 74 7. EXCLUSÕES E COMPENSAÇÕES PARA APURAÇÃO DO LUCRO REAL ........................ 74 TENHA UMA ÓTIMA AULA! ............................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 7.1. VALORES CUJA DEDUÇÃO SEJA AUTORIZADA PELO RIR/99 MAS NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO LÍQUIDO ........................................................................................................... 76 7.1.1. Despesa com Depreciação .............................................................................................. 76 7.1.2. Despesas com Amortização ........................................................................................... 78 7.2. RESULTADOS, RECEITAS E DEMAIS VALORES INCLUÍDOS NO LUCRO LÍQUIDO QUE NÃO DEVAM SER COMPUTADOS NO LUCRO REAL ...................................................................................... 80 7.2.1. Receita De Dividendos De Participações Societárias Avaliadas Pelo Custo De Aquisição Quando Recebidos Após Seis Meses Da Data Do Investimento ................. 80 7.3. PREJUÍZO FISCAL APURADO EM PERÍODOS ANTERIORES........................................................... 80 7.4. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DO PREJUÍZO. ........................................................................... 82 7.5 RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL NAS TRANSFERÊNCIAS DE IMÓVEIS DESAPROPRIADOS PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA ...................................................................................................... 83 7.6 DIVIDENDOS ANUAIS MÍNIMOS DISTRIBUÍDOS PELO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO84 7.7. JUROS PRODUZIDOS PELOS BÔNUS DO TESOURO NACIONAL - BTN E PELAS NOTAS DO TESOURO NACIONAL – NTN .................................................................................................................. 84 7.8 JUROS REAIS PRODUZIDOS POR NOTAS DO TESOURO NACIONAL – NTN NO ÂMBITO DO PND ............................................................................................................................................................... 86 7.9 PARCELA DAS PERDAS ADICIONADAS DECORRENTES DE OPERAÇÕES NOS MERCADOS DE RENDA VARIÁVEL E OPERAÇÕES DE SWAP ........................................................................................ 86 7.10. DESPESAS COM PROVISÕES ....................................................................................................... 86 7.11. PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA ............................................................ 87 8 - APURAÇÃO COM BASE NO LUCRO REAL ........................................................................... 88 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 4 8.1. QUADRO RESUMO .......................................................................................................................... 88 8.2. LALUR ............................................................................................................................................. 93 8.2.1. Parte A .................................................................................................................................. 94 8.2.2. Parte B .................................................................................................................................. 95 8.2.3. Exemplo de Lalur Preenchido ........................................................................................ 96 9. LUCRO PRESSUMIDO – IRPJ E CSLL ..................................................................................... 98 9.1. CONCEITO ....................................................................................................................................... 98 9.2. PESSOAS JURÍDICAS AUTORIZADAS A OPTAR A PARTIR DE 2003 ............................................. 98 9.3. ALÍQUOTAS E ADICIONAL .............................................................................................................. 99 9.4. MOMENTO DA OPÇÃO E MUDANÇA DE OPÇÃO ............................................................................ 99 9.5. PERÍODO DE APURAÇÃO, PRAZO E FORMA DE PAGAMENTO ................................................... 100 9.6. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS PARA O LUCRO PRESUMIDO ......................................................... 100 9.7 QUAL A MELHOR OPÇÃO: LUCRO REAL OU PRESUMIDO ........................................................... 104 10. RECONHECIMENTO DOS EFEITOS DOS AJUSTES NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL .......................................................................................................................................................... 107 10.1 CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO (ART. 139 A 146, CTN): ......................................... 107 10.1.1 Modalidades de Lançamento: ..................................................................................... 107 10.1.2 Suspensão do Crédito Tributário (Art. 151 a 155, CTN): ...................................... 108 10.1.3 Extinção do Crédito Tributário (art. 156 a 174, CTN): ........................................... 109 10.1.4 Exclusão do Crédito Tributário (arts. 175 a 182, CTN): ........................................ 110 11.2. CONSTITUIÇÃO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................................ 110 11.2.1 Obrigação Tributária – Conceito e Características: ............................................. 110 11.2.2 Obrigação Tributária Principal (ART. 113, § 1º, CTN): .......................................... 111 11.2.3. Obrigação Tributária Acessória (ART. 113, §§ 2º e 3º, CTN): ............................. 111 11.2.4. Fato Gerador: .................................................................................................................. 111 11.2.5 Sujeito Ativo: .................................................................................................................. 112 11.2.6 Sujeito Passivo: .............................................................................................................. 112 11.2.7 SOLIDARIEDADE (art. 124, CTN): ............................................................................... 112 11.2.8 Capacidade Tributária: .................................................................................................. 113 11.2.9 Domicílio Tributário (art. 127, CTN): .......................................................................... 113 11.2.10 Responsabilidade Tributária: .................................................................................... 114 11.3. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO ............................................................................................. 116 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 121 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 5 1. REVISÃO DE CONCEITOS 1.1. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL O sistema tributário nacional é um conjunto de normas que trata de tributação no Brasil.Ele é composto por Leis Complementares, Resoluções do Senado Federal, Leis ordinárias, Medidas provisórias, decretos e outros atos, com intuito de autorizar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no tocante à instituição de impostos, taxas e contribuições. A Hierarquia das leis que regem o Sistema Tributário se dá da seguinte forma: ➢ Constituição Federal; ➢ Leis Complementares; ➢ Leis Ordinárias e Medidas Provisórias ➢ Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Atos Normativos, Declaratórios, etc. Vale lembrar que a Constituição é a lei máxima de um país e que todas as outras legislações deverão dela decorrer, não podendo, sob nenhuma hipótese, estar em conflito com a Carta Magna. Cumpre, também, informar que a Constituição não estabelece o pagamento de nenhum tributo, tão somente apresenta princípios norteadores de sua aplicação. Portanto, podemos citar como fontes primárias da Legislação Tributária: ➢ Constituição Federal ➢ Emendas à Constituição Federal ➢ Tratados e Convenções Internacionais ➢ Leis Complementares ➢ Leis Ordinárias, Leis-Delegadas, Decretos-Lei, Medidas Provisórias e as Resoluções do Senado ➢ Decretos Legislativos e Decretos Regulamentares. Art. 96 do CTN. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Podemos citar como fontes secundárias da Legislação Tributária: ➢ Atos Normativos expedidos pelas autoridades fiscais; ➢ Decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição adminstrativa, a que a lei atribua; ➢ eficácia vinculante; ➢ Práticas administrativas reiteradamente adotadas; ➢ Convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 6 Art. 100 do CTN São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. O esquema a seguir, apresenta, portanto, um resumo do ordenamento jurídico referente à temática tributária: Assim, os princípios contidos na Carta Magna são regras que norteiam a interpretação das demais normas jurídicas, apontando os caminhos que devem ser seguidos por aqueles que aplicam a lei. O Sistema Tributário Nacional está ancorado quatro princípios constitucionais: a) Legalidade: Art. 5º da Constituição Federal de 1988 II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. b) Igualdade ou Isonomia Tributária: Art. 150, iniciso II.da CF/88 O principio da isonomia tributária proíbe distinções arbitrárias entre contribuintes que se encontrem em situações semelhantes. c) Irretroatividade: Art. 150, III, “a”, da CF/88: “É vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado” (art. 150, III, “a” da CF). ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 7 d) Capacidade contributiva: Constituição Federal: art. 145, § 1º ... "sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte". Outros princípios jurídicos relevantes na questão tributária: e) Princípio da Anterioridade A instituição ou aumento de tributo produz efeitos somente a partir do exercício financeiro subseqüente ao da publicação da lei. f) Princípio da Generalidade Não pode haver distinção em razão de ocupação profissional ou função exercida, idade, sexo, capacidade civil ou criminal. g) Princípio da Universalidade O imposto incide sobre todas as rendas, independentemente de sua denominação jurídica (exceto imunes e isentos). h) Princípio da Progressividade Visa adequar a carga tributária à capacidade econômica do contribuinte, fazendo com que o valor do imposto seja tanto maior quanto maior for a renda. 1.2. ELEMENTOS ESSENCIAIS QUE COMPÕEM A OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA A Obrigação tributária é composta pelos seguintes elementos: a) Lei que a institua ou defina; b) Fato Gerador; c) Sujeito Ativo; e d) Sujeito Passivo No tocante à necessidade de lei o artigo 97 do CTN estabelece que: Art. 97 da Lei nº 8.313/66. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 8 § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Os artigos 114 a 118 do citado diploma legal estabelecem a conceituação de Fato Gerador do Tributo: Art. 114 da Lei nº 8.313/66. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposiçãode lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. No mesmo diapasão, os artigos 119 e 120 do CTN estabelecem a conceituação para SUJEITO ATIVO do tributo: Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria. Por derradeiro, os artigos 121 a 123 dispõem quanto à definição de SUJEITO PASSIVO: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 9 Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto. Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. 1.3. TRIBUTOS Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 1.3.1. ESPÉCIE ➢ Imposto: é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte não havendo necessidade de contraprestação específica por parte do governo. A sua cobrança se dá em função de acontecimento específico previsto em lei. Exemplo: IR, IPI, ICMS etc. ➢ Taxas: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, são tributos vinculados e têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Exemplo: Taxa de controle e fiscalização ambiental, Taxa de incêndio, Taxa cartorial etc. ➢ Contribuições de melhorias: A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 1.3.2. CLASSIFICAÇÃO ➢ Diretos: É quando numa só pessoa reúnem-se as condições de contribuinte (aquele que é responsável pelo cumprimento de todas as obrigações tributárias previstas na legislação). Exemplo: IR ➢ Indiretos: quando na relação jurídico-tributária que se estabelece entre o Estado e o sujeito passivo, este paga o tributo correspondente e se ressarce cobrando de terceiro através da inclusão do imposto no preço. Ou seja, incidem sobre o valor faturado, pois estão embutidos no preço de venda ou serviço; causam impacto nas etapas econômicas da produção, circulação e consumo; a cada etapa econômica são repassados para o preço do produto / mercadoria /Serviço; e não interferem na margem de lucro das empresas, mas aumentam o preço do produto. Exemplo: ICMS, IPI, PIS, COFINS, ISS, etc. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 10 1.3.3. TIPOS ➢ Proporcionais: caracterizados quando os impostos são estabelecidos em percentagem única incidente sobre o valor da matéria tributável. Exemplo: ITBI. ➢ Progressivos: impostos cujas alíquotas são fixadas em percentagens variáveis e crescentes. Exemplo: Imposto de Renda - Pessoa Física. ➢ Fiscais: Criado para arrecadar recursos a pessoa jurídica de direito público interno, para que possa cobrir seus gastos. Exemplo: Imposto de Renda. ➢ Parafiscais: Contribuição cobrada por autarquia, órgãos paraestatais, profissionais ou sociais, para custear seu financiamento autônomo. Exemplo: taxa anual do CRC, CREA, etc. ➢ Extrafiscais: É quando não visa só a arrecadação, mas também, corrigir anomalias. Exemplo: Imposto de Exportação 1.3.4. FORMAS DE TRIBUTAÇÃO a) Lucro Real Forma completa de tributação Apuração trimestral ou anual (opcional) Antecipações mensais (obrigatórias) Exigência de escrituração comercial Base de cálculo: é o lucro contábil, ajustado por Adições, Exclusões e Compensações. b) Lucro Presumido Forma simplificada de tributação Apuração trimestral (definitiva) Base de cálculo: é a receita bruta. c) Simples Nacional Forma simplificada de tributação Restrições à opção por este regime (LC 123/2006). Base de cálculo: é a receita bruta. 1.3.5. ALÍQUOTAS DO IMPOSTO VIGENTES (LUCRO REAL E LUCRO PRESUMIDO): i) Imposto de Renda sobre o Lucro Líquido: Alíquota normal = 15% (Lucro Tributável) Alíquota adicional = 10% (Lucro Tributável - $ 20 mil * nº de meses/ano) ii) Contribuição Social sobre o Lucro: Alíquota 9% (Lucro Tributável) ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 11 1.3.6. COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS No Brasil, cada nível de governo tem o direito de instituir os impostos e as contribuições que lhe são constitucionalmente atribuídos e que pertençam à sua competência tributária privativa. 1.3.6.1. Competências tributárias da União Competem à União os impostos: ➢ II – Imposto sobre Importação; ➢ IE – Imposto sobre Exportação; ➢ IR – Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR); ➢ IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados; ➢ IOF – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários; ➢ ITR – Imposto sobre Propriedade Territorial Rural; ➢ IGF – Imposto sobre Grandes Fortunas. A União tem competência exclusiva para instituir empréstimos compulsórios, contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas. As contribuições sociais destinadas à seguridade social podem ser cobradas do empregador ou empresa, do empregado e demais segurados da previdência social, e sobre a receita de concursos de prognósticos, e podem ter as seguintes bases de cálculo: folha de pagamentos, lucro e receita ou faturamento. As contribuições sociais são receitas vinculadas, sua arrecadação só pode ser direcionada às áreas de saúde, previdência e assistência social. O mesmo se verifica em relação às contribuições de intervenção no domínio econômico, cuja arrecadação deve ser aplicada, exclusivamente,para as finalidades que motivaram sua criação. As principais contribuições sociais instituídas pela União são as seguintes: ➢ Contribuição Previdenciária sobre a Folha de Pagamentos dos Empregados; ➢ Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social sobre o faturamento das empresas (COFINS); ➢ Programa de Integração Social (PIS); ➢ Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP); ➢ Contribuição sobre o Lucro Líquido das Empresas (CSLL); ➢ Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF); ➢ Contribuição Social para o Salário-Educação e Contribuições para o Sistema “S” (SESI, SESC, SENAI, SENAC, SENAR, SEBRAE etc.). ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 12 1.3.6.2. Competências tributárias dos Estados e Distrito Federal ➢ ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações; ➢ IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores; ➢ ITCD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis de Bens Imóveis e Doação de qualquer bem ou direito. Os Estados e o Distrito Federal também podem instituir contribuição para o custeio da previdência social de seus funcionários. 1.3.6.3. Competências tributárias dos Municípios ➢ IPTU – Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana; ➢ ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza; ➢ ITBI – Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis. Os Municípios também podem instituir contribuição para o custeio da previdência social de seus funcionários. 1.4. IMUNIDADES, ISENÇÕES E INCENTIVOS FISCAIS Imunidades, isenções e não incidências não eximem as pessoas jurídicas das demais obrigações previstas na legislação, especialmente aquelas relativas à retenção e recolhimento de impostos sobre rendimentos pagos ou creditados e à prestação de informações (Lei nº 4.506 de 1964, art. 33, artigo 167 do RIR/99). Art. 33 da Lei nº 4.506/64. A isenção de tributação da pessoa jurídica não a exime das demais obrigações previstas na legislação sobre imposto de renda, especialmente as relativas à retenção e recolhimento de impostos sobre rendimentos pagos e prestação de informações. Art. 167 da RIR/99 (Regulamento do Imposto de Renda - Decreto nº 3.000/99). As imunidades, isenções e não incidências de que trata este Capítulo não eximem as pessoas jurídicas das demais obrigações previstas neste Decreto, especialmente as relativas à retenção e recolhimento de impostos sobre rendimentos pagos ou creditados e à prestação de informações (Lei nº 4.506, de 1964, art. 33). Parágrafo único. A imunidade, isenção ou não incidência concedida às pessoas jurídicas não aproveita aos que delas percebam rendimentos sob qualquer título e forma. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 13 1.4.1. IMUNIDADES O artigo 150 da Constituição Federal estabelece as limitações ao Poder de Tributar. Dentre as limitações impostas pela CF/88, destacamos o disposto no inciso VI, a impossibilidade em instituir impostos sobre: ➢ Partidos políticos, ➢ Templos de qualquer culto, patrimônio, renda e serviços, inclusive suas fundações, ➢ Entidades sindicais dos trabalhadores, Instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; e, ➢ Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Portanto, conclui-se que imunidade tributária representa a exclusão da competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em instituir tributos relativos a determinados atos, fatos e pessoas, previstos na Carta Magna. Cabe realçar que a imunidade tributária a que se refere, a Constituição Federal, abrange apenas as atividades que estejam relacionadas às finalidades essenciais das instituições anteriormente descritas, desde que as mesmas não possuam fins lucrativos, conforme determina o parágrafo 4º do artigo 150 da CF/88, a seguir transcrito: § 4º do Art.150 da CF/88 - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Desse modo, somente as atividades estritamente relacionadas com o objeto da entidade sem fins lucrativos e que preencham os requisitos determinados em lei estarão imunes à incidência de tributos. Para assegurar a imunidade conferida constitucionalmente, é necessário o cumprimento das condições estabelecidas nos artigos 9º e 14 do Código Tributário Nacional. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 14 Art. 9º da Lei nº 5.172/66. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda; III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais; IV - cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. § 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros. § 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos. Art. 14 da Lei nº 5.172/66. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; ( II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Portanto, toda instituição que se enquadrar nos critérios de imunidade tributária previstos na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional será considerada entidade imune. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 15 Quanto à imunidade tributária das entidades anteriormente descritas, apresentamos o quadro a seguir: Descrição do Tributo Imunidade Sem Imunidade Imposto ▪ Impostosobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU ▪ Imposto territorial rural – ITR ▪ Imposto sobre operações financeiras - IOF ▪ Imposto sobre a transmissão causa mortis ou doação de bens e direitos – ITCD ▪ Imposto sobre a transmissão inter vivos de bens imóveis– ITBI ▪ Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA ▪ Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza - IR ▪ Imposto sobre serviços de qualquer natureza- ISSQN ▪ Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços de transporte intermunicipal, interestadual e de comunicação – ICMS (desde que a entidade esteja prestando serviços de transporte intermunicipal, interestadual ou de comunicação) ▪ Imposto de Importação – I.I. ▪ Imposto de Exportação – I.E. ▪ Imposto sobre produtos industrializados - IPI ▪ Imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços de transporte intermunicipal, interestadual e de comunicação – ICMS Contribuição ▪ Contribuição ao Programa de Integração Social - PIS (Lei 9.715/98: Prevê o recolhimento de 1% sobre a folha de salários para as Entidades sem fins lucrativos) ▪ Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social - COFINS ▪ Contribuição Social Sobre o Lucro - CSL ▪ Contribuição previdenciária (quota patronal) - Requisitos previstos no art. 55 da Lei nº 8.212/91 ▪ Contribuições de Melhoria ▪ Taxas ▪ Empréstimos Compulsórios (com ressalvas) ▪ Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico ▪ Contribuições de Categorias Profissionais e Econômicas 1.4.2. ISENÇÃO As isenções podem ser definidas como uma exclusão do crédito tributário, conforme prevê o artigo 175, inciso I do CTN. Isenção é a exclusão, por lei, de parcela da hipótese de incidência, ou suporte fático da norma de tributação, sendo objeto da isenção a parcela que a lei retira dos fatos que realizam a hipótese de incidência da regra de tributação. Portanto, as isenções tributárias se constituem num verdadeiro favor legal, que pode ser revogado pelo legislador infraconstitucional a qualquer momento. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 16 Art. 176 da Lei nº 5.172/66. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Art. 177 da Lei nº 5.172/66. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Art. 178 da Lei nº 5.172/66 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Art. 179 da Lei nº 5.172/66. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. São isentos os seguintes tributos: ➢ Imposto de Renda sobre as atividades próprias (Lei 9.532/97 c/c art.174 do RIR/99) ➢ COFINS sobre as atividades próprias ➢ Outros impostos dependendo do Município ou do Estado São entidades sujeitas à isenção fiscal: ➢ Sociedades Beneficentes; ➢ Fundações; ➢ Associações; ➢ Entidades sindicais; ➢ A entidade binacional ITAIPU (Decreto Legislativo nº 23, de 30 de maio de 1973, art. XII, e Decreto nº 72.707, de 28 de agosto de 1973). 1.4.3. INCENTIVO FISCAL PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS 1.4.3.1. Dedutibilidade das doações Com a edição da Lei 9.249, de 26 de dezembro de 1996, a dedutibilidade de algumas despesas operacionais, dentre as quais as doações efetuadas pelas Pessoas Jurídicas ficou limitada, conforme previsão no artigo 13, §2º da referida Lei: ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 17 Art. 13 da Lei nº 9.249/96. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I - de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo-terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; II - das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos bens e serviços; III - de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços; IV - das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores; V - das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica; VI - das doações, exceto as referidas no § 2º; VII - das despesas com brindes. § 1º Admitir-se-ão como dedutíveis as despesas com alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados. § 2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações: I - as de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991; II - as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e que preencham os requisitos dos incisos I e II do art. 213 da Constituição Federal, até o limite de um e meio por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução e a de que trata o inciso seguinte; III - as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computada a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras: a) as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária; b) a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoafísica responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto; c) a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União.(grifo nosso) No que concerne à dedutibilidade das doações a instituições de ensino e pesquisa, ressaltamos que a mesma ficou restrita a 1,5% (um e meio por cento) e aquelas legalmente constituídas para prestação de benefícios de empregados este percentual poderá chegar a até 2% (dois por cento) do lucro operacional, tanto para fins de Imposto de Renda como para a Contribuição Social sobre o Lucro (CSL). ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 18 Vale realçar que uma instituição de ensino e pesquisa só poderá usufruir do disposto no parágrafo 2º, do artigo 13, da Lei 9.249/95, desde que cumpra os requisitos descritos no artigo 213 da Constituição Federal; ou seja, a instituição de ensino e pesquisa não pode ter finalidade lucrativa e deve aplicar seus recursos exclusivamente em educação. Art. 213 da CF/88. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação; II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. § 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público. A seguir apresentaremos um exemplo de uma pessoa jurídica que efetuou doações das naturezas anteriormente indicadas para evidenciar o impacto das mesmas no orçamento da instituição: Obs.: Cálculo do adicional do IR é 10% do [Lucro Operacional – (R$20.000 x nº meses de operação)] Descrição Sem Doação Com Doação §2º/Art 13 (1,5%) Econ. Trib. Com Doação §3º/Art 13 (2%) Econ. Trib. Lucro Operacional 1.000.000,00 1.000.000,00 - 1.000.000,00 - Valor Máximo dedutível da Doação - 15.000,00 20.000,00 Lucro antes da Contribuição Social e IRPJ 1.000.000,00 985.000,00 980.000,00 (-) Contribuição Social (9%) 90.000,00 88.650,00 1.350,00 88.200,00 1.800,00 (-) Imposto de Renda (15%) 150.000,00 147.750,00 2.250,00 147.000,00 3.000,00 (-) Adicional (10%) 76.000,00 74.500,00 1.500,00 74.000,00 2.000,00 Total Carga Tributária 316.000,00 310.900,00 - 309.200,00 - Total da Economia Tributária - - 5.100,00 - 6.800,00 Porcentagem de retorno financeiro 34% 34% Portanto, se a pessoa jurídica doasse R$ 15.000,00 para uma instituição de ensino ou pesquisa, o custo efetivo da doação seria de R$ 9.900,00, pois os R$ 5.100,00 retornaria sob forma de economia fiscal. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 19 Da mesma forma, se a doação fosse de R$ 20.000,00 doados pela pessoa jurídica a uma entidade civil sem fins lucrativos, o custo efetivo da doação pela empresa é de R$ 13.200,00, pois a diferença (R$ 6.800,00) retornaria na forma de economia fiscal. 1.4.3.2. Incentivo fiscal à cultura a) Lei nº 8.313/91 - Lei Rouanet A Lei nº 8.313/91 dispõe sobre o Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC foi editada para incentivar seguimentos artísticos e culturais, tais como: a) teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres; b) produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica e congêneres; c) literatura, inclusive obras de referência; d) música; e) artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outras congêneres; f) folclore e artesanato; g) patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueológico, bibliotecas, museus, arquivos e demais acervos; h) humanidades; e i) rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter não-comercial, etc. De acordo com a Lei Rouanet, a pessoa jurídica poderá considerar como despesa operacional (dedutível para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL), os valores destinados, a título de doação ou patrocínio, a projetos devidamente aprovados pelo Ministério da Cultura. Art. 26 da Lei nº 8.313/91. O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração do Imposto sobre a Renda os valores efetivamente contribuídos em favor de projetos culturais aprovados de acordo com os dispositivos desta Lei, tendo como base os seguintes percentuais: (Vide arts. 5º e 6º, Inciso II da Lei nº 9.532 de, 1997) I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doações e sessenta por cento dos patrocínios; II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, quarenta por cento das doações e trinta por cento dos patrocínios. § 1o A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater as doações e patrocínios como despesa operacional. § 2o O valor máximo das deduções de que trata o caput deste artigo será fixado anualmente pelo Presidente da República, com base em um percentual da renda tributável das pessoas físicas e do imposto devido por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real. § 3o Os benefícios de que trata este artigo não excluem ou reduzem outros benefícios, abatimentos e deduções em vigor, em especial as doações a entidades de utilidade pública efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas. § 4o (VETADO) § 5o O Poder Executivo estabelecerá mecanismo de preservação do valor real das contribuições em favor de projetos culturais, relativamente a este Capítulo. De acordo com a Lei Rouanet: ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 20 DOAÇÃO - transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerário, bens ou serviços, para a realização de projetos culturais, vedado o uso de publicidade paga para divulgação deste ato. PATROCÍNIO - transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, de numerário, para a realização de projetos culturais, com a finalidade promocional e institucional de publicidade. Considera-se também patrocínio, a cobertura de gastos ou a utilização de bens móveis e imóveis do patrimônio do patrocinador sem a transferência de domínio, para a realização de projetos culturais sem fins lucrativos. Art. 23 da Lei nº 8.313/91. Para os fins desta lei, considera-se: I - (Vetado) II - patrocínio: a transferência de numerário, com finalidade promocional ou a cobertura, pelo contribuinte do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, de gastos, ou a utilização de bem móvel ou imóvel do seu patrimônio, sem a transferência de domínio, para a realização, por outra pessoa física ou jurídica de atividade cultural com ou sem finalidade lucrativa prevista no art. 3° desta lei. § 1o Constitui infração a esta Lei o recebimento pelo patrocinador, de qualquer vantagem financeira ou material em decorrência do patrocínio que efetuar.§ 2o As transferências definidas neste artigo não estão sujeitas ao recolhimento do Imposto sobre a Renda na fonte. Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do regulamento: I - distribuições gratuitas de ingressos para eventos de caráter artístico-cultural por pessoa jurídica a seus empregados e dependentes legais; II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de conservar, preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados pelo Governo Federal, desde que atendidas as seguintes disposições: a) preliminar definição, pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC, das normas e critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamentos de que trata este inciso; b) aprovação prévia, pelo IBPC, dos projetos e respectivos orçamentos de execução das obras; c) posterior certificação, pelo referido órgão, das despesas efetivamente realizadas e das circunstâncias de terem sido as obras executadas de acordo com os projetos aprovados. No tocante aos percentuais possíveis para abatimento do IPRJ, 30% no caso de patrocínio e 40% no caso de doação, limitada a 4% (cinco por cento) do imposto de renda devido (excluído o adicional, nos termos do artigo 543 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99) no caso de pessoa jurídica e 6% para pessoa física. Assim, apresentaremos a seguir os efeitos financeiros da concessão de incentivo da Lei Rouanet para uma pessoa jurídica que tenha auferido um resultado (lucro) de R$ 4.000.000,00, e decida doar R$ 20.000,00 para algum projeto cultural. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 21 Sem Doação Com Doação Diferença Resultado 4.000.000,00 4.000.000,00 - Doação -20.000,00 -20.000,00 Lucro Antes IRPJ e CSLL 4.000.000,00 4.000.000,00 CSLL (9%) 360.000,00 360.000,00 IRPJ 15% 600.000,00 600.000,00 Adicional IRPJ (10%) 376.000,00 376.000,00 Dedução 40% (a) -8.000,00 Total Carga Tributária 1.336.000,00 1.326.000,00 10.000,00 Porcentagem de retorno financeiro 50% (a) 40% do valor doado, limitado ao montante equivalente a 4% do IRPJ (15%) devido. Pode-se observar que dos R$ 20.000,00 doados, a pessoa jurídica recupera o equivalente a 50% - R$ 10.000,00 - a título de incentivo fiscal a cultura. Veja agora a hipótese do patrocínio: Sem Patrocínio Com Patrocínio Diferença Resultado 4.000.000,00 4.000.000,00 - Patrocínio -20.000,00 -20.000,00 Lucro Antes IRPJ e CSLL 4.000.000,00 4.000.000,00 CSLL (9%) 360.000,00 360.000,00 IRPJ 15% 600.000,00 600.000,00 Adicional IRPJ (10%) 376.000,00 376.000,00 Dedução 30% (a) -6.000,00 Total Carga Tributária 1.336.000,00 1.330.000,00 6.000,00 Porcentagem de retorno financeiro 30% (a) 30% do valor patrocinado, limitado ao montante equivalente a 4% do IRPJ (15%) devido. Na hipótese de patrocínio, a pessoa jurídica teria retorno equivalente a 30% do valor doado - R$ 6.000,00 - com a vantagem de poder utilizar-se de marketing promocional ou publicitário. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 22 b) – Lei nº 9.874/99 A principal inovação que trouxe a Medida Provisória nº 1.589-1, de 24 de setembro de 1997, convertida na Lei nº 9.874/99, foi o estabelecimento de regras especiais de incentivo para doações ou patrocínios na produção cultural que atenderem, exclusivamente, aos seguintes segmentos: a) artes cênicas; b) livros de valor artístico, literário ou humanístico; c) música erudita ou instrumental; d) circulação de exposição de artes plásticas; e, e) doações de acervos para bibliotecas públicas e museus. O valor das doações e patrocínios em favor de projetos culturais dos segmentos acima referidos, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura, poderá ser integralmente deduzido do imposto de renda devido pelo contribuinte pessoa, respeitados os mesmos percentuais anteriores: 30% (trinta por cento) no caso do patrocínio, e dos 40% (quarenta por cento) no caso das doações. Ressalta-se que o valor da dedução a ser efetuada continua sujeita ao limite de 4% (quatro por cento) do imposto de renda (sem adicional) devido, nos casos das pessoas jurídicas, e 6% (seis por cento), para pessoas físicas. Assim, com a inovação produzida pela Lei nº 9.874/99, aplicando-se os mesmos valores dos exemplos anteriores, teríamos os seguintes impactos financeiros: Sem Doação/Patrocínio Com Doação/Patrocínio Diferença Resultado 4.000.000,00 4.000.000,00 - Doação/Patrocínio -20.000,00 20.000,00 Lucro Antes IRPJ e CSLL 4.000.000,00 4.000.000,00 CSLL (9%) 360.000,00 360.000,00 IRPJ 15% 600.000,00 600.000,00 Adicional IRPJ (10%) 376.000,00 376.000,00 Dedução (a) (b) -20.000,00 Total Carga Tributária 1.336.000,00 1.316.00,00 20.000,00 (a) O valor da despesa correspondente deverá ser adicionado ao lucro líquido para fins de determinação do lucro real (b) Valor da doação/patrocínio efetuado, limitado ao montante equivalente a 4% do IRPJ (15%) devido. Com as inovações aduzidas pela anteriormente citada, a pessoa jurídica poderá recuperar mais de 100% do valor doado/patrocinado, quando da ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 23 destinação de recursos para doação/patrocínio das atividades artístico- culturais elencadas na Medida Provisória. 1.4.3.3. Fundo da Criança e do Adolescente O Fundo é um recurso especial com intuito de viabilizar o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como suportar o cumprimento e execução das políticas para o atendimento infanto-juvenil. A Lei nº 8.096/90, que criou o Estatuto da Criança e do Adolescente, permitiu, em seu artigo 260, aos contribuintes do Imposto de Renda, declarar o valor das doações efetuadas aos Fundos desta natureza. O recurso dos Fundos são geridos pelos Conselhos da Criança e do Adolescente - CONDECA, órgãos subordinados à administração pública e que têm a função de fiscalizar a aplicação das doações subsidiadas e demais receitas. Para empresa tributada pelo lucro real, que destinar recursos aos fundos, será concedido o benefício fiscal de dedução do Imposto de Renda, limitada a 1% (um por cento) do valor do imposto devido, sendo vedada a dedução como despesa operacional. Novamente, veja o exemplo de uma pessoa jurídica que tenha auferido um resultado (lucro) de R$ 4.000.000,00, tendo, neste caso destinado R$ 6.000,00 ao Fundo da Criança e do Adolescente. Comparando as cargas tributárias, com e sem a doação, tem-se: Sem Doação Com Doação Diferença Lucro Antes IRPJ e CSLL 4.000.000,00 4.000.000,00 CSLL (9%) 360.000,00 360.000,00 IRPJ 15% 600.000,00 600.000,00 Adicional IRPJ (10%) 376.000,00 376.000,00 Dedução FIA 6.000,00 6.000,00 Total Carga Tributária 1.336.000,00 1.330.000,00 6.000,00 Porcentagem de retorno financeiro 100% ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 24 2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 2.1. COMENTÁRIOS GERAIS Planejamento Tributário consiste em um conjunto de atos lícitos e economicamente consistentes, anterior à ocorrência do fato gerador, visando direta e ou indiretamente à economia de tributos devidos. O Planejamento Tributário é uma atividade empresarial preventiva,pois partindo do seu fator de análise que é o tributo, identifica e projeta os atos e fatos tributáveis e seus respectivos efeitos, comparando-os aos resultados prováveis, visando, então, à adoção de procedimentos possíveis, de forma a possibilitar a escolha da alternativa menos onerosa, sem extrapolar o campo da licitude. Portanto, o Planejamento Tributário tem um caráter preventivo, pois só pode adotar medidas antes da ocorrência do fato, isto é, antes da concretização da situação. Após a sua ocorrência, existem apenas duas alternativas para o sujeito passivo da relação jurídico-tributária: pagar ou não pagar o tributo decorrente da previsão legal descrita como fato gerador, sendo a alternativa de não pagar caracterizada como prática ilícita, estando o sujeito à ação punitiva do Estado, caso este venha a tomar conhecimento de tal prática. O planejamento tributário visa à economia de tributos em uma das seguintes modalidades: 1ª - impedindo ou retardando a ocorrência do fato gerador da obrigação: O contribuinte age de forma preventiva evitando a ocorrência do fato gerador da obrigação, ou procede legalmente, de tal forma a retardar o momento de sua caracterização para que coincida com aquele que seja mais adequado ou, no mínimo menos inadequado, frente as suas disponibilidades. Um exemplo de procedimento para evitar a ocorrência do fato gerador é a situação em que uma empresa, tendo oportunidade de vender seus estoques de produtos industrializados no mercado interno, ou para o mercado externo por preços aparentemente equivalentes, opta em atender o mercado externo. Com isso impediu a ocorrência de fato gerador do IPI e do ICMS, visto que ambos os impostos não incidem nas exportações para o exterior, contudo incidem nas vendas para o mercado interno. Um exemplo de como retardar licitamente a ocorrência do fato gerador de um imposto é o caso de fornecedor que recebe um pedido no final do mês e ao invés de emitir a nota fiscal imediatamente deixa para emiti-la no início do mês seguinte, postergando com isso o recolhimento dos tributos incidentes na venda, em um mês e não infringindo nenhuma norma legal. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 25 2ª - reduzindo o montante do imposto devido: Na segunda modalidade um bom exemplo é o caso de contribuinte que, tendo a opção de apurar o IRPJ pelo lucro presumido, pelo lucro real, ou enquadrar- se no Sistema Simplificado de Recolhimento de Tributos Federais – SIMPLES, analisa detalhadamente a situação e depois decide pela sistemática que representa o menor desembolso. 2.2. O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E OS ATOS ILÍCITOS Preliminarmente vale ressaltar que o Planejamento Tributário não inclui: a) Atos ilícitos b) Simulações ou fraudes c) Abusos de qualquer natureza Denomina-se Evasão Fiscal os atos decorrentes de prática de atos ilícitos que podem ser caracterizados como SONEGAÇÃO ou FRAUDE. A Evasão Fiscal é um ilícito tributário sobre o qual incide as normas pautadas na legislação que dispõe sobre os crimes contra a ordem tributária, Lei nº 8.137/90 conjunta com a Lei nº 9.249/95 e suas alterações. A Evasão Fiscal se caracteriza pela utilização de atos fraudulentos e ilícitos para obter uma economia tributária, diferentemente da Elisão Fiscal que se caracteriza por um meio legal, formalmente lícito, encabeçado pelos princípios da legalidade e da tipicidade1. A Sonegação Fiscal é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: 1) da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; 2) das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. A lei nº 4.729, de l4 de julho de 1965, em seu Art. 1º define o crime de sonegação fiscal, como se segue: Art. 1º Constitui crime de sonegação fiscal: I – prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a 1 Princípio da tipicidade determina que, a lei deve ser criada de forma adequada, ou seja, a lei deve adequar o fato à norma legal, devendo conter os elementos estruturais que compõem qualquer tributo, tais como: a definição do fato gerador, o sujeito passivo, a fixação da alíquota e a base de cálculo, hipótese de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, dentre outros. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 26 intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei; II – inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública; III – alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a fazenda pública; IV – fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis; V – exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer porcentagem sobre a parcela dedutível ou deduzido do Imposto sobre a Renda como incentivo fiscal. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Tem-se, pois, que a fraude não é ato lícito, o contribuinte age deliberadamente contra os ditames legais com o objetivo de fugir do ônus tributário, mediante distorção abusiva das formas jurídicas ou pelo ato simulado assim, não é instrumento do planejamento tributário, dado que para haver a legítima economia de tributos, faz-se necessário que o contribuinte adote um procedimento permitido pela legislação pertinente que evite a ocorrência do fato gerador ou adote uma alternativa também legal para reduzir a carga tributária. O Código Civil Brasileiro define o ato simulado, assim como alguns dos seus efeitos. Art. 102 – Haverá simulação nos atos jurídicos, em geral: I – quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem, realmente, se conferem, ou transmitirem. II – quando contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. III – quando os instrumentos particulares forem antedatados ou pós-datados. Art. 105 – Poderão demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados pela simulação, ou os representantes do poder público, a bem da lei ou da fazenda. O artigo 128 do CTN estabelece que: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 27 A título de informação, os artigos 128 a 145 tratam responsabilidade tributária do contribuinte(anexo 2 da apostila). O quadro a seguir apresenta em resuma os principais exemplos de crimes tributários, incluindo aqueles anteriormente citados nesta apostila: TIPO CARACTERIZAÇÃO EXEMPLOS Sonegação Diminuição ou omissão de receita que acarreta não pagamento parcial ou total do tributo Venda de mercadorias ou prestação de serviços sem emissão de Nota Fiscal Fraude Alteração de documentação para diminuir ou omitir pagamentos Alteração de dados contábeis: Balanços, Notas Fiscais, etc. Simulação Participação de dois ou mais agentes que simulam atos irreais Venda de imóvel de uma empresa a sócios, por preço menor que o mercado (distribuição disfarçada de lucros) Contrabando Importação de mercadorias sem autorização legal Drogas, éter, acetona, armas, etc. Descaminho Importação de mercadoria lícita sem o recolhimento de tributos incidentes Entrada de mercadoria não declarada superior ao limite permitido em lei Depositário infiel e apropriação indébita previdenciária Omissão de repasse ao agente de tributos já descontados de terceiros IRRF, INSS descontados de salários, IPI, ICMS Dolo em geral Má fé, ou seja, intenção do agente de causar lesão ao fisco Erros propositais na declaração de rendimentos O Planejamento Tributário, conforme já mencionado consiste em eliminar, reduzir ou postergar a carga tributária; contudo, tais ações deverão se caracterizar por meio de atos lícitos devidamente tipificados em lei, conforme descritos no capítulo 3 desta apostila. 2.3. ELEMENTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Um Planejamento Tributário eficiente requer um conhecimento profundo e atualizado da legislação tributária, contábil e societária. Atualmente, o Fisco tem diversos mecanismos de averiguação das atitudes tomadas pelas pessoas físicas e jurídicas, tais como: ➢ a Declaração com os dados sobre a movimentação financeira das pessoas físicas e jurídicas – DIMOF – documento emitido pelas instituições financeiras; ➢ a Declaração de movimentação das pessoas físicas e jurídicas com seus cartões de crédito – DECRED – documento emitido pelas administradoras de cartões; ➢ a Declaração de operações realizadas como a compra, venda e doação de bens imóveis – DOI – documento emitidos pelos cartórios e tabelionatos; ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 28 ➢ a Declaração sobre operações ocorridas com imóveis – DIMOB – documento emitido pela imobiliárias, construtoras e incorporadoras; ➢ o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED – que abrange a Nota Fiscal Eletrônica, a Escrituração Fiscal Digital, a Contabilidade Digital entre outros. A importância do Planejamento Tributário está na disposição da empresa em encontrar mecanismos lícitos para reduzir a carga tributária paga, face à elevada quantidade de tributos a serem pagos pelo contribuinte o que em certa medida acarreta a alta dos preços dos produtos ou serviços. A ausência desse tipo de planejamento pode vir a interferir diretamente competitividade do mercado, já que o consumidor está em busca da melhor qualidade pelo menor preço. Para dar início a realização de Planejamento Tributário em uma empresa é importante observar alguns passos fundamentais: 1. instituir um Departamento Fiscal, organizado e dirigido por um profissional especializado que deverá estar sempre alinhado com as novidades da legislação tributária; 2. fazer um levantamento histórico da empresa, identificando a origem de todas as transações efetuadas, e escolher a ação menos onerosa para os fatos futuros; 3. verificar a ocorrência de todos os fatos geradores dos tributos pagos e analisar se houve cobrança indevida ou recolhimento a maior; 4. verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os créditos constituídos após cinco anos são indevidos; 5. analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro, calculando de que forma (real ou presumida) a empresa pagará menos 6. levantar o montante dos tributos pagos nos últimos cinco anos, para identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa; 7. analisar os casos de incentivos fiscais existentes, tais como: isenções, redução de alíquotas entre outros; 8. analisar qual a melhor forma de aproveitamento dos créditos existentes (compensação ou restituição); 9. conhecer todas as situações em que é possível o crédito tributário, principalmente com relação aos impostos e contribuições não acumulativas (ICMS, IPI, PIS, COFINS etc.); 10. aproveitar as lacunas deixadas na legislação e ficar atento às mudanças nas normas e aos impactos nos resultados das empresas. Quanto aos tipos de Planejamento Tributário, podemos citar: ➢ Operacional = forma do registro dos fatos. ➢ Estratégico = implica mudança de características estratégicas da empresa. ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 29 ➢ Preventivo = orientações, cumprir a legislação tributária, agir preventivamente. ➢ Corretivo = ao detectar anormalidade, procede-se ao estudo e alternativas de correção. ➢ Especial = surge em casos específicos, tais como: abertura de filial, novos produtos, reestruturação de empresa, reorganização, fusão, incorporação ou cisão, etc. O Planejamento Tributário dever ser realizado com a utilização das seguintes ferramentas: 1. Legislação tributária (Constituição, Código Tributário Nacional e outras legislação sobre o tema); 2. Documentação contábil da empresa; 3. Livros contábeis e fiscais 4. Guias de recolhimentos e declaração de rendimentos, EFD Contribuições2, DCTFs3 e PERDCOMP4 e outras declarações que são obrigações próprias do contribuinte. O Planejamento Tributário exige uma soma de conhecimentos: especialmente os conhecimentos contábil e jurídico. Contábil, porque este profissional identifica com maior facilidade no processo operacional da empresa os fatos geradores de tributos e Jurídico, porque o advogado, consegue identificar na legislação tributária as oportunidades de redução de carga tributária. 2 EFD Contribuições – Apura o PIS e COFINS. 3 DCTF - Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais 4 PERDCOMP - Pedido Eletrônico de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação ASSOCIAÇÃO CARIOCA DE ENSINO SUPERIOR CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA REVISÃO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 30 3. ELISÃO FISCAL 3.1. CONCEITOS E ESPÉCIES DE ELISÃO FISCAL As definições de elisão e evasão fiscal não são unânimes na doutrina, havendo muitas vezes ambiguidade nas expressões mencionadas. MACHADO5, por exemplo, utiliza o termo evasão para designar o comportamento lícito do contribuinte, ao passo que, para ele, elisão implicaria no emprego de meios ilegítimos para se furtar ao pagamento de tributos. Já, TÔRRES6 ressalta que o termo elisão seria impróprio e propõe uma nova figura classificatória denominada "elusão", conforme trecho destacado a seguir: “É imperioso registrar, contudo, que o termo "elisão" não poderia ser usado para significar a postura lícita do contribuinte na economia de tributos, devendo, por rigor lingüístico, ser abandonado. Para evitar confusões no uso da linguagem e por melhor representar as condutas enfocadas, preferimos o termo "elusão". "Elisão", do latim elisione, significa ato ou efeito de elidir; eliminação, supressão. "Eludir", do latim
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