Buscar

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 10P

Prévia do material em texto

Bibliografia:
- Nádia de Araújo – Direito Internacional Privado – Editora Renovar
Avaliações:
- DAD – 15 pontos – 27/02/2014 – Dupla com consulta.
- AIA – 25 pontos – 27/03/2014.
- DAD – 25 pontos – 15/05/2014.
- AF – 25 pontos – 05/06/2014.
Plano de Ensino:
I – Parte Geral:
- Competência Internacional – Art. 88, 89 e 90 do CPC.
- Lei Aplicável – Método conflitual. Qual Lei deve ser aplicada? Legislação de qual país deve ser aplicada.
- Juiz brasileiro pode aplicar, às vezes, a legislação de outro país. Ex.: faz um divórcio no Brasil, à luz do Direito Italiano.
- Limites à aplicação do Direito Estrangeiro .
- Direito do Consumidor e Direito do Trabalho – distintos do Direito Civil.
- Institutos processuais: Cartas Rogatórias e Homologação de Sentença Estrangeira.
II – Parte Especial:
- Direito de Família à luz do Direito Internacional Privado
- Sucessões
- Obrigações
- Bens (Direitos Reais)
- Pessoa Jurídica (Empresarial)
III – Parte – Direito Internacional Público.
- Condição jurídica do estrangeiro. Estatuto do Estrangeiro nos diversos países do mundo.
- Naturalização do estrangeiro no território brasileiro.
- Vistos de estrangeiros.
- Formas de exclusão do estrangeiro do território local – deportação, expulsão e extradição.
Origem do Direito Internacional Privado:
Fim do Império Romano no Feudalismo. Únicos que conseguiam interagir com povos distintos: comerciantes.
Submetidos à legislação do interior do Feudo. 
Vigorava o princípio da territorialidade das Leis. Isso vale hoje para o Direito Penal. 
A “bandeira” do país é a legislação que manda. A norma vale para todas as pessoas que estão naquele território.
Feudos – relação civil era resolvida em cada território.
Idade Média – norte da Itália não foi atingido pelo regime feudal como foi o restante da Europa.
Cidades-estados eram como se fossem países, e recebiam os comerciantes em Feiras.
Comerciante que vinha de Veneza encontrou um comerciante que vinha de Milão, que vinha de Florença.
Em Roma esses comerciantes se encontram e surge uma lide. Qual lei o árbitro vai aplicar? Eles não queriam ir para Florença, vão continuar em Roma. Um filósofo chamado “Audigos” tem uma resposta aberta: árbitro vai aplicar a legislação mais justa. Pode ser que a Lei mais justa seja a de Florença e se for, abre a oportunidade de se aplicar a legislação de Florença em Roma.
Posteriormente alguns estudiosos vão sintetizar esse pensamento, cerceando um pouco esse pensamento fluido.
Essência da disciplina – não precisa deslocar as pessoas para que elas tenham o seu direito assegurado. 
O judiciário traz o Direito de fora, do exterior, e as pessoas continuam no seu lugar de conforto.
Elementos de conexão que nos manda aplicar as legislações exteriores – Lei de Introdução do Direito Brasileiro.
Art. 7° ao 11° da LINDB – legislação para aplicação do Direito Internacional Privado.
Várias escolas começam a estudar o D. I. Privado – Italiana, Francesa. Estudam qual a melhor resposta para a resolução dos litígios internacionais – saber qual lei é mais apropriada para reger as questões da vida cível.
Joseph Story – americano que sistematizou o Direito Internacional Privado.
Vida prática – conflito de legislações não existe.
EUA hoje não chama Direito Internacional Privado. Cada Estado tem sua legislação própria. 
- Qual o juiz competente? Qual a Lei aplicável? – Disciplina chama-se Conflito de Legislações. É o dia a dia deles.
AULA – 13/02/2014
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
COMPETÊNCIA RELATIVA – Art. 88 CPC
É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I – O réu é domiciliado no Brasil;
II – No Brasil tiver que ser cumprida 
III – A ação se originar de fato ocorrido ou ato praticado no Brasil
COMPETÊNCIA ABSOLUTA – Art. 89 CPC
Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – Conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II – Proceder a inventário ou partilha de bens situados no Brasil.
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO
No plano interno:
- art. 111 CPC e Súmula 335 STF
No plano internacional:
- RESP 804.306 SP – 19/08/2008
Competência Internacional – É o Direito Civil com pluriconexão – conexão a vários lugares.
Qual é o juiz que vai poder julgar essa causa? – É a primeira pergunta.
Se o juiz brasileiro não é competente para julgar a causa – ação é julgada sem entrar no mérito.
É mais didático estudar competência pelo CPC. Mas tem outros que estudam pela Lei de Introdução.
Art. 12 da LINDB – fala o mesmo do art. 88 CPC e 89 CPC. As disposições estão contidas no CPC.
Estudando pelo CPC, é mais completo.
Competência relativa – texto da lei demonstra que não segura para o Brasil questões de competência.
Competência exclusiva – só pode ser da competência brasileira.
Competência relativa ou concorrente.
Réu – qualquer que for a nacionalidade dele, for domiciliado no Brasil.
Ex.: casal americano se casou na Grécia e estão domiciliados no Brasil e querem se divorciar. Não tem problema ter sido casado no Brasil. 
II – Pode celebrar um contrato em qualquer país do mundo. Se esse contrato disser que o cumprimento da obrigação tem que ser no Brasil, a competência é brasileira. Juiz brasileiro PODE julgar a causa.
III – Fato ocorrido ou praticado no Brasil. Quer divorciar. Casou-se no Brasil. Ainda que more em outro lugar do mundo, pode se divorciar aqui, em solo brasileiro.
Juiz é competente quando um fato ocorreu em solo brasileiro – um acidente, por exemplo.
Quem decide onde quer postular a ação é o autor.
Aqui não se fala em Direito Penal. Não vai julgar o piloto, mas vai julgar a indenização pelo dano.
Hipóteses NÃO são cumulativas – tenta enquadrar em algum dos incisos do art. 88 CPC.
Ex.: acidente entre aviões ocorreu em solo brasileiro – autor pode postular ação no Brasil ou nos EUA. Não há mal nenhum a parte não escolher o Brasil.
Se de repente uma parte se vê diante de uma demanda com competência concorrente:
- Se passado algum tempo, a parte pensa em postular a ação no Brasil, sendo que a ação já está correndo na Itália.
Art. 90 CPC – Não é litispendência internacional.
A figura da litispendência tem haver com o Direito interno do Estado.
Internacionalmente falando não tem cooperação neste nível. 
Não deixa de julgar uma causa, porque o juiz do interior do Paquistão está julgando a mesma causa.
Se postulou uma ação na Itália, nada obsta que o autor postule a mesma ação no Brasil.
Não significa que vai ganhar duas vezes ou pagar duas vezes.
Quando duas ações correm em dois países simultaneamente.
Por um milagre, tem uma ação que transita em julgado no Brasil e condena ao pagamento de certa quantia. A decisão foi efetivada. A ação na Itália continua em curso. Essa sentença tem que ser executada no Brasil, onde o autor tem bens.
A decisão da Itália não pode ser homologada no Brasil, porque a decisão já foi julgada no Brasil.
Hipótese em contrário:
- Transita em julgado primeiro na Itália e tem uma ação em curso no Brasil. A parte pede para homologar essa sentença no Brasil. Como a matéria já fez coisa julgada na Itália, interrompe a ação que está em curso no Brasil.
Resumindo: o local onde foi transitada em julgado em primeiro lugar, é a decisão que será homologada e terá valor.
Quem entende de DI, ao invés de postular várias ações em vários lugares, enquanto autor, contrata um advogado para fazer consultoria: celeridade das ações, onde estão os bens e qual Lei vai ser aplicada em cada Judiciário.
Depois desta análise, o advogado fala em qual país a parte tem mais chance de êxito.
Quando postula em vários lugares, dá chance ao réu sair vitorioso e homologar a decisão.
Não tem uma decisão que vale mais. Pode haver a postulação de ações idênticas em vários países.
O autor tem várias chances de sair vitorioso, mas também tem as mesmas chances de perder e a sentença proferida pode prejudicá-lo.
Ou seja, não é uma boa estratégia postular várias ações. É bom identificar qual o local que é melhor para dar vitória à demandada parte autora.
Na eventualidade de ter bens nos dois países, nada muda, a ideia é a mesma. A sentença que transitou em julgado primeiro, poderá ser executada no país que deu a decisão, imediatamente. Quem perdeu, não quer pagar duas vezes. “Corre” e homologa a sentença no solo do outro país, para avisar e comprovar o pagamento da dívida.
Resumindo:
Não há litispendência internacional – não tem várias sentenças que serão efetivadas contra aquela parte. Apenas uma decisão será efetiva. Não se pode condenar duas vezes a mesma pessoa, e nem a pessoa pode ganhar duas vezes a mesma coisa.
Competência absoluta – não pode permitir que outra autoridade estrangeira julgue aquela causa.
Tem a exclusão de qualquer outra autoridade judiciária.
Partilha de bens: causa mortis e não de divórcio.
Como é que o legislador brasileiro pode, com tamanha autoridade dizer: essa competência é exclusiva minha.
E se o legislador português quiser essa competência? 
Se arrolou todos os bens em Lisboa: os que estão em Portugal e os que estão no Brasil, tem que trazer esse inventário para ser homologado no Brasil. 
STJ vai dizer: eu não vou aceitar, porque isso é da minha competência exclusiva! 
Juiz português pode, eventualmente, até julgar a causa, mas é uma decisão que não terá efetividade.
Quando diz que compete EXCLUSIVAMENTE, não quer dizer que o juiz estrangeiro não pode julgar. Ele pode julgar, mas a sentença não terá efetividade no Brasil.
O princípio da universalidade do inventário, é válido internamente no Brasil. Internacionalmente falando, tem que abrir um inventário em cada país onde houver um bem imóvel.
Norma: “cada um no seu quadrado” – Brasil é quem decide sobre inventário e sobre ações relativas a imóveis. 
Ponto controverso da doutrina e da jurisprudência:
- Ações relativas a imóveis situados no Brasil – o problema é a qualificação e explicação desse inciso I. Compra e venda de imóvel não é ação relativa de imóveis, mas é uma ação relativa a uma obrigação. Se herdou um imóvel, não é uma ação relativa a um imóvel, é uma ação relativa a sucessão.
- Se tem usufruto, se hipotecou aquele imóvel – ações relativas a imóveis.
- Ficou determinado – regra a contrário sensu – não faz com os outros o que não quero comigo – não vou conhecer de ações que não estão no solo brasileiro. Vou fazer somente aquilo que eu permito que os Estados estrangeiros fariam comigo.
Da mesma forma que não conheço ações relativas a imóveis situados no exterior, também não procedo a inventário ou partilha de bens situados no exterior.
Rio Grande do Sul – região de fronteira. Tribunal já julgou questões: casal de brasileiros que morava no RS e tinham um apartamento em Montevidéu. Juiz brasileiro julgou a partilha desse apartamento – essa não é uma ação relativa a imóveis, mas uma ação relativa a divórcio. Ou seja, partilha de bens em divórcio – ação de direitos reais
- Brasil homologa vários divórcios entre casais estrangeiros, que tem bens no Brasil e que partilharam no estrangeiro seus outros bens. Essa partilha de bens não entra no inciso II, porque não é causa mortis e não entra no inciso I, porque não são ações relativas a imóveis, mas é uma ação de Direitos Reais.
Direito Civil:
- Qualificação do objeto central de uma Ação. Usucapião – Direito das Coisas. É uma ação relativa a imóveis.
- Partilha de bens de divórcio, sucessão, não são ações relativas a imóveis.
“Faço com os outros, o mesmo que eu aceitaria que fizessem comigo” – ações que não são relativas a imóveis.
Ações relativas a imóveis – Servidão de um imóvel, usucapião, hipoteca, usufruto.
Será que pode haver uma eleição de Foro – cabe eleição de foro na competência absoluta? Não
Cabe eleição de foro na competência relativa? Talvez.
Possibilidade de eleição de foro no plano interno – art. 111 CPC e Súmula 335 STF – possibilidade de eleição de foro.
Capítulo da Competência Interna, que começa no art. 91 CPC.
O Capítulo da Competência Internacional integra apenas 03 artigos: 88, 89 e 90.
RESP 804.306 SP de 19/08/2008 – não se sabia como transitar nas questões de eleição de foro.
Fundamento do STF – não existe regra que permita a eleição de foro nos contratos internacionais, nem regras que proíbam.
Para contratos internos – eleição de foro é possível.
Regras do contrato interno – podem ser aplicadas, por analogia nos contratos internacionais?
- Resposta é caso a caso. 
O uso da analogia NÃO é aberto a todos. 
Só pode ser utilizada a analogia para AMPLIAR direitos e nunca para restringir direitos.
Casos:
1 – Contrato feito entre uma empresa brasileira e uma empresa suíça. Contrato foi assinado em Genebra. Dispunha sobre envio de mercadorias para Genebra e escolheu como foro competente para a resolução de eventuais controvérsias, a justiça de BH. Surge uma lide. A autora é a empresa brasileira e a parte ré é a Suiça.
Parte ré é domiciliada no Brasil? Não. A obrigação tem que ser cumprida em Genebra. Ação não se originou de fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Porém, ao eleger o foro de competência em BH – ampliou o direito das partes e concedeu uma jurisdição nova para cuidar daquele litígio. Neste caso, utilizar a analogia do art. 111 CPC, não está fazendo mal a ninguém, já que está ampliando o direito das partes.
Como há previsão no contrato, neste caso, a eleição de foro é válida. Pelo art. 88 CPC, em seus 03 incisos, o juiz não poderia julgar, mas como as partes elegeram, o juiz pode julgar, por causa do art. 111, que autoriza a analogia com os contratos de plano interno, que permite a eleição de foro.
2 – Empresa brasileira contratou com a empresa suíça e assinou o contrato no Brasil. O contrato mandava entregar mercadoria em Genebra, só que quando assinaram, elegeram o foro de Genebra. A parte brasileira é autora, a parte suíça é a ré. Surge uma lide, uma controvérsia. O que a parte brasileira deve fazer? – Postular ação em Genebra. Se fizer isso está perfeito. Esse RESP que foi julgado no Brasil, as partes não respeitaram a eleição de foro.
Como deve se portar o juiz brasileiro diante disso:
- Se diz incompetente, julgando sem decisão de mérito; - Julga a ação.
O juiz recebeu a ação. Vê que houve uma eleição de foro. Não existe na nossa Lei previsão de eleição de foro em contratos internacionais.
Art. 88, III – contrato foi celebrado no Brasil, então a ação tem que ser postulada no Brasil.
Porém, por analogia do art. 111 CPC, não tem como haver eleição de foro. Aqui, a analogia vai restringir o direito da Suiça, e por isso, não pode aceitar a eleição de foro.
Resumindo: o juiz brasileiro vai julgar a causa. O juiz não pode, de antemão prevendo o que vai acontecer, sabendo que essa sentença não vai ser efetivada na Suíça, deixar de julgar.
Quando escolhe o foro de Sabará e postula a ação de BH – juiz de BH não está ferindo o acesso à justiça ao não julgar essa ação.
Mesmo havendo a eleição de foro no Contrato, já que no Brasil não existe eleição de foro para contratos internacionais, mesmo a Lei autorizando, o juiz brasileiro, ainda assim, não pode deixar de julgar a demanda.
Nos casos do Mercosul tem o Protocolo de Buenos Aires – é válida a eleição de foro nos contratos entre países que pertencem ao Mercosul. Ou seja, se tudo tivesse acontecido com um contrato na Argentina e houve eleição de foro em Buenos Aires, ainda que a empresa brasileira postule ação no Brasil, NÃO pode aplicar a analogia, por haver um Tratado. 
Na ausência de Lei, tem que driblar a analogia, sem usá-la de maneira errônea.
AULA – 20/02/2014
MÉTODO CONFLITUAL
TIPOS DE NORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Qual lei esse juiz brasileiro, quando ele pode julgar a causa, vai poder aplicar.
É o estudo da lei aplicável.
Primeiras normas são as indicativas – é uma norma que não resolve o problema. Ela simplesmente indica uma legislação que vai resolver o problema.
Na LINDEB encontra os artigos de 7 a 11, definindo qual lei vai resolvero problema. Ela simplesmente fala qual lei vai resolver o problema.
LINDEB – é o núcleo da matéria.
1 – INDICATIVAS:
- UNILATERAIS – característica que indica a aplicação de uma lei, mas somente a legislação do país da nacionalidade desta Lei. A Lei brasileira fala que a sucessão dos bens é feita, aplicando o Código Civil Brasileiro, ou seja, a lei do local do foro. É uma norma indicativa que não traz muitos benefícios. 
- BILATERAIS: na hora de indicar a norma que vai ser aplicada, ela indica a norma que vai fazer um “salto no escuro”, e não uma norma que vai ser aplicada em todas as situações. Legislador na hora que faz a norma abre a possibilidade de se aplicar qualquer outra legislação do mundo, dentro do Direito brasileiro. Essa norma faz remissão à aplicação de uma lei, que você não sabe qual é, até o caso concreto.
	- OBJETIVO DE CONEXÃO – é a matéria que nós estamos tratando. Ex.: a capacidade é regida pela Lei do domicílio (norma indicativa bilateral). Objeto de conexão: é a capacidade. O nome, o Direito de Família, os bens, a pessoa jurídica, são matérias, são objetos de conexão.
	- ELEMENTO DE CONEXÃO – a parte da lei que te remete à determinada legislação. “É regida pela Lei do domicílio” – é o elemento de conexão.
2 – DIRETAS 
Normas que resolvem o problema. O Direito do Estrangeiro regula os direitos, não remete a nenhuma outra norma.
3 – QUALIFICADORAS 
É uma norma “tapa buraco” – cobre os “furos”, resolvendo os problemas, qualificando.
Ex.: Fernanda tem capacidade jurídica? A norma indicativa diz que a capacidade jurídica de uma pessoa é definida pelo seu domicílio (art. 7° da LINDB). Mora no Brasil e então vai procurar o CC brasileiro. Código Civil é uma norma direta: maior de 18 anos tem capacidade jurídica. 
Ex.: se fosse uma pessoa que não mora em lugar nenhum, coloca uma mochila nas costas e vai andando e chega no Brasil, e pergunta: tenho capacidade jurídica? O Código Civil não pode responder. Tem uma Norma qualificadora no art. 7° § 8° da LINDB, define que o domicílio é o local onde ela se encontra.
REGRAS DE CONEXÃO:
Direito Internacional Privado – matéria estudada em vários países. Praxe é se reportar às regras de conexão com termos em latim.
- “Lex domicilii” – Lei do domicílio da pessoa. Um país que escolhe a Lei do Domicílio da pessoa, vai resolver várias questões segundo essa Lei. Brasil gosta da regra do domicílio.
- “Lex patriae” – Lei da nacionalidade. Nós não somos um país que aplica essa Lei. França aplica o critério da nacionalidade. Até 1916, o Brasil aplicava esse critério. Getúlio Vargas em 1939, mandou mudar a Lei de Introdução, passando para a Lei do Domicílio, já que os estrangeiros que vinham para o Brasil, não iam embora. Brasil tinha insegurança de fazer contrato com os estrangeiros.
- “Lex loci contractus” – Lei do local do Contrato. Brasil adota essa regra, no art. 9° da LINDB.
- “Lex fori” – O juiz só julga aplicando a Lei do seu território. Isso acontece numa matéria: no Direito Penal. Direito Penal: da extraterritorialidade – está falando que existem casos excepcionais em que a pessoa cometeu fora do Brasil, mas vai aplicar a Lei brasileira. Não pega a Lei francesa, por exemplo. 
- “Lex voluntatis” – Lei eleita pelas partes. Essa Lei é eleita no Brasil SÓ para Arbitragem. Para questões obrigacionais, não é regido pela Lei eleita pelas partes. Art. 9° manda aplicar a Lei do local. O Brasil não aceita a Lei escolhida pelas partes, já que o posicionamento é positivista. Deixa passar todas as questões principiológicas, tais como, a boa fé. O contrato é regido pelo local onde ele foi celebrado, e não pela Lei escolhida pelas partes. Eleição de foro é eleição de quem vai julgar. Eleição da Lei é eleição da legislação que vai ser aplicada.
- “Lex rei sitae” – art. 8° da LINDB. Os bens são regidos pela Lei do local onde ele é situado.
CASO CONCRETO:
Júlio, Júlia e Juanito, todos nascidos na Espanha, mudam-se para o Brasil.
Chegando no Brasil, o casal casam-se em comunhão universal de bens. Esse casal, adquire bens, compram apartamento de frente para o mar, um carro, etc. Passados 20 anos, o filho Joanito já cresceu e mudam-se para Portugal, Julio e Julia. Joanito vai para a França. Julio e Julia adquirem uma casa em Portugal, compram uma Harley Davidson. Um dia, Julio falece. Dona Julia procura um advogado para saber como vai ficar a partilha dos bens, no Brasil e em Portugal.
Advogado brasileiro: vai fazer o inventário no Brasil, por que só pode fazer inventário dos bens que estão situados no Brasil. Segundo art. 89, II, CPC.
Lá em Portugal, tem que abrir outro inventário, com outro advogado.
1° - Identificou a competência do Juiz brasileiro.
2° - Direito Internacional Privado. Morte gera dois efeitos: dissolução do casamento e sucessão.
Questão regulada por algumas das normas da LINDB. Quando tem um problema de Direito Internacional Privado, tem que abrir a LINDB, nos artigos 7, 8, 9, 10 e 11. Tem um artigo que fala sobre personalidade e família, um que fala sobre bens, um que fala sobre obrigações, outro sobre sucessões, e outro sobre pessoa jurídica.
O artigo que fala sobre dissolução de casamento é o que fala sobre família = a dissolução do casamento vai ser regido pela lei do primeiro domicílio do casal. Dona Julia é meeira, segundo a Lei brasileira (problema de sucessão, a LINDB manda procurar a Lei brasileira, onde surge o instituto da meação).
Sucessão do patrimônio do Julio – vai se reportar a uma regra própria do Direito das Sucessões – art. 10 da LINDB.
Art. 10. Sucessão é regida pela Lei do último domicílio do “de cujus” – vai ser a Lei Portuguesa. 
Vai pegar o Código Civil Português e ver como é feita a sucessão na legislação portuguesa. Ou seja, não é necessário ir para Portugal.
Art. 2.133 do Código Civil Português – meeira pode ser herdeira. Diferente do Direito brasileiro.
Dona Julia, além da meação, pode receber herança.
Dona Julia, ao que tudo indica, como o DIPR é composto de normas fixas, não é aplicada a norma mais justa. 
O inventário vai ser regido pela Lei brasileira, e a sucessão vai ser regida pela Lei portuguesa.
E os Bens que estão em Portugal, o que vai acontecer?
Inventário dos bens em Portugal: 1° vai dissolver o casamento. As Leis em Portugal estão salpicadas pela Lei do Código Civil, eles não tem uma LIND. Lá está escrito que: o casamento é dissolvido pela Lei do país onde ocorreu a celebração do casamento. Aplicando o Direito brasileiro em Portugal, vai ter a meação. Sobrou a metade do patrimônio, e parte para o ponto da sucessão. Em Portugal é o art. 62 do Código Civil Português, que dispõe que – a sucessão é regida pela Lei da nacionalidade do “de cujus”. Lei espanhola: a ordem da sucessão lá é: primeiro os ascendentes, depois os descendentes, e em terceiro lugar cônjuge e colaterais. Ou seja, em Portugal, Joanito ficou com tudo. Dona Julia vai receber em Portugal a meação.
São dois inventários que correm independentes. 
Pergunta: transportando o inventário que corre no Brasil. Destino do apartamento de frente para o mar e o carro.
Brasil passou a ser o foro da Dona Julia. LINDB, pelo art. 10: sucessão é regida pela Lei do último domicílio do “de cujus”. Pegou o Código Civil Português para ler. Art. 62 fala: a sucessão, é regida pela Lei da nacionalidade. Lendo a Lei portuguesa, vê que tem que aplicar a Lei espanhola. Segue ou não a indicação?
O Direito brasileiro, manda aplicar o Direito Português. O Direito Português manda aplicar o Direito Espanhol.
Direito Espanhol diz: sucessão aqui da Espanha diz que a sucessão é pelo domicílio do descendente. 
Vai aplicar a Lei Francesa. Lei Francesa diz que a lei aplicada na sucessão é a do local dos bens.
Isso chama-se REENVIO – reenvio de 3° grau – voltando para o Direito brasileiro. 
Se a Lei portuguesa e ela mandasse aplicar a legislação espanhola, que por sua vez, mandasse aplicar a legislação brasileira, é REENVIO de 2° grau.
Nome REENVIO é malvado – não é o processo que é expedido de um lado para o outro.Porém, o processo NÃO saiu da mesa do juiz brasileiro. O nome REENVIO é do raciocínio. Os autos estão no mesmo lugar. REENVIO não é carta rogatória. O juiz português nem está sabendo desse processo.
Art. 16 da LINDB – sobre REENVIO. Quando, nos termos dos artigos precedentes, eu tiver que aplicar outra lei, não vou considerar QUALQUER remissão a outras leis.
Ou seja, quando manda aplicar o Direito Português, pára aqui. 
Lei indicativa – manda aplicar o Direito Português.
Aplica a norma DIRETA – não vai aplicar nenhuma outra Lei.
Ou seja, vai resolver o problema na Norma Indicada – Direito brasileiro NÃO aceita o REENVIO.
Remissões podem ser feitas, mas serão desconsideradas.
2ª razão do Reenvio – projeto novo de Lei vai começar a aceitar o reenvio de 1° grau. Hoje em dia, se manda aplicar o Direito Português, e o Direito Português manda aplicar a Lei brasileira, DESCONSIDERA isso, visto que é um REENVIO de 1° grau, e a nossa atual legislação NÃO aceita nenhum tipo de reenvio.
AULA – 27/02/2014
LIMITES À APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO
EXCEÇÃO DE ORDEM PÚBLICA
Art. 17 LINDB
LIMITE IMPOSTO PELA ORDEM INTERNA:
- à aplicação do direito estrangeiro
- ao reconhecimento de atos praticados no exterior
- à homologação de sentenças estrangeiras e à execução de cartas rogatórias
Juiz competente para julgar a causa – quando recebe a ação, vai até a LINDB e procura o artigo que mande aplicar um Direito (nacional ou estrangeiro). Se for o Direito Estrangeiro, esse Direito vai ser aplicado na demanda que corre no Brasil.
Exceção à ordem pública – Casos em que a LINDB manda aplicar o Direito Estrangeiro, mas quando vai aplicar, percebe que o Direito Estrangeiro é contrário ao Direito Brasileiro.
O que é ordem pública? – Conceito que vai variar no tempo. Ex.: ordem pública no DIPU é a norma jus cogens.
Direito interno – tem um terreno e dispõe em testamento que quer que o terreno seja murado e trancado e ninguém não vai entrar lá – não pode, devido às funções sociais da propriedade – vai ofender à ordem pública.
Art. 17 LINDB – Fundamento legal da questão de ordem pública
Art. 17.  As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Ex.: Vamos supor que duas pessoas resolvam se casar no Brasil. Elas vivem na Arábia Saudita (domicílio). No processo de habilitação de casamento, a 1ª coisa que vai ver é se elas tem capacidade para o casamento. Idade: homem tem 42 anos e a mulher tem 09 anos. Na Lei da Arábia Saudita, diz que o homem aos 42 anos pode se casar, bem como a mulher de 09 anos. Art. 7° - Capacidade é do domicílio da pessoa.
Quando vai aplicar o Direito Internacional Privado da forma que foi apresentado, vai ter que aceitar o casamento de 09 anos no Brasil. Porém, isso ofende abruptamente o Direito Brasileiro.
Caso Verídico:
Espanhol, domiciliado na Espanha tinha patrimônio em território brasileiro. Espanhol falece. Patrimônio tem que ser partilhado no Brasil. Art. 10 – aplicar a Lei espanhola. Espanha: 1° a ser chamado é o descendente. Homem tinha 02 filhos: um legítimo e um adotado. Na Espanha, só o filho legítimo tem direito. Advogado do filho adotado, pediu para desconsiderar o Direito espanhol, por causa de exceção de ordem pública, e aplicasse a Lei brasileira.
Norma principiológica – norma de exceção de ordem pública, faz aplicar o Direito Brasileiro, em detrimento do Direito estrangeiro.
A exceção de ordem pública hoje não é muito invocado. É mais aplicado no mundo muçulmano.
2° Limite – Ao reconhecimento de atos praticados no exterior
Atos jurídicos: contrato, casamento.
Casamento não é homologado, é registrado.
Ex.: chega um estrangeiro do Paquistão com 07 registros de casamento e quer registrar todos eles aqui no Brasil.
Só vai reconhecer os atos que não ofendam à nossa ordem pública.
3° Limite - à homologação de sentenças estrangeiras e à execução de cartas rogatórias
Ex.: No Afeganistão foi proferida sentença contra a mulher, que foi adúltera, dizendo que ela não teria direito a nada.
Essa sentença não tem validade dentro do Brasil.
Cumprimento de carta rogatória – também não pode cumprir, quando é contrária à ordem pública nacional.
Não acontece só porque o direito estrangeiro é diferente. O que não pode é violar a ordem pública.
Se achar que tudo ofende a ordem pública brasileira, nunca mais aplica o direito estrangeiro, nem reconhece atos praticados no exterior, e também não homologa sentenças estrangeiras e nem executa as cartas rogatórias.
Aos poucos, as legislações vão convergindo para o mesmo tempo.
CASO:
Julgado no STF – é de 2000 e a competência para análise das Cartas Rogatórias era dele.
José vai aos EUA para Las Vegas jogar. Passa uma semana lá e perde. Na hora de pagar o Cassino, paga com cheque sem fundo. Quando volta para o Brasil, Cassino entra com uma ação lá em Las Vegas, onde o Réu é José. Para citar José, utiliza-se a Carta Rogatória, que chega para o STF.
Quando a Carta Rogatória chegava para o STF – cobrança judicial de dívida de jogo? – Não aceitava, pois no Brasil não pode, por ofender a ordem pública.
Em 2000, uma dessas cartas caiu na mão do Ministro Marco Aurélio.
Atitude do Supremo está instigando a malandragem. Põe na balança: é uma dívida de jogo, mas constituída num País onde a dívida de jogo é lícita. É uma estratégia do direito norte-americano de ter dinheiro no deserto. Do outro lado tinha: má fé contratual, enriquecimento ilícito. Isso pesava mais do que a dívida contraída.
Revê a jurisprudência e diz: essa Carta Rogatória não ofende a ordem pública brasileira.
Aqui, parou de aplicar a exceção de ordem pública.
Caso vai conduzir o TJ do Ceará a dar um passo à frente. Numa situação parecida, o Cassino norte-americano propôs ação no Brasil, foi à LINDB no art. 9° (obrigação foi constituída no EUA) e aplicou a legislação americana. Advogado do brasileiro diz que isso ofende a ordem pública. Porém, o advogado americano se defendeu, apresentando a jurisprudência do STF, do Ministro Marco Aurélio.
Justificativa para essa possibilidade, de propor ação no Brasil, por um estrangeiro.
Art. 9° da LINDB - Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
Para qualificar – o que significa qualificar? Inserir os fatos na norma. É uma coisa que sabe fazer tão bem, que nem sabe que faz. O advogado quando conhece a norma e relata o fato, não relata na inocência, mas conectando o fato com a norma.
Para reger – 
Qualificar a questão, de acordo com o Direito Estrangeiro – esqueça tudo o que você sabe. Não olhe para a dívida de jogo com “ranso”. Tem que qualificar os fatos e enquadrar no Direito estrangeiro.
Pode ser que tenha que qualificar os fatos e enquadrar num Direito que desconheça, de acordo com a Lei daquele país.
Quando pensa em dívida de jogo – está regendo a dívida de jogo de acordo com o Direito americano e qualificando dentro da Legislação americana.
Tem dois artigos da Lei que fala em qualificar dentro do Direito Estrangeiro – art. 8° e art. 9° da LINDB.
“Qualificar de acordo com o Direito Estrangeiro” – tem que agir como se fosse um aluno do 1° Período de Direito, que não conhece nada.
Ex.: Cliente de um brasileiro vai à Amsterdã e consome muita droga e vai embora sem pagar a dívida. É possível ter uma ação cobrando o dinheiro de droga? Será que o STJ cumpriria uma Carta Rogatória dessa?
Ex.: Vai a NY e faz um aborto e não paga o ginecologista. É lícito a cobrança, através de Carta Rogatória?
Dívida de jogo x má fé.
Dívida de droga e dívida de aborto x má fé? – Não.
Na verdade, a tese é perfeita e poderia ser utilizado pelo advogado do Café em Amsterdã e pela ginecologista americana, porém, a má fé e o enriquecimento ilícito vai entrar dentro de uma outra questão mais difícil, mais sensível.
Como fazer a prova doDireito estrangeiro?
 
Aplicação e Prova do Direito Estrangeiro
Para que o Direito estrangeiro seja aplicado ele deve ser invocado pelas partes ou pode ser aplicado de ofício?
Não tem resposta na Lei.
Raciocínio feito pela jurisprudência atual:
Procurar saber se o direito estrangeiro é fato ou se é Lei.
Se é fato, quem traz para o processo são as partes.
Se o direito estrangeiro for a Lei, tem que ser trazido pelo juiz.
Art. 14 da LINDB. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Artigo fala numa situação que o juiz não conhece, mas que a parte invocou.
Outra coisa é: a parte não invoca mas o juiz invoca.
Art. 337 CPC - A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.
Parece que é a mesma redação do art. 14. Porém, aqui fala de outros tipos de direito. Aos olhos do julgador, coloca o Direito estrangeiro junto com outros direitos – nesse caso, o Direito estrangeiro pode ser invocado de ofício.
Faz com que o Direito estrangeiro possa ser aplicado de ofício SIM.
Só pode invocar a prova do direito estrangeiro, se a parte invocar o direito estrangeiro.
Resumindo:
- Se a parte alega, o juiz pede a ela a prova
- Se a parte não alega, o juiz não conhece o Direito estrangeiro, não aplica o Direito estrangeiro.
- Se o juiz conhece, aplica o Direito de ofício.
Como faz a prova do Direito Estrangeiro?
- Baixar na Internet – para saber se vale à pena correr atrás do Direito estrangeiro.
- Pedir auxílio aos órgãos Consulares. Consulados, em sua maioria estão à disposição para ajudar, exceto os Consulados de grandes países, como EUA, Inglaterra.
- Affidavit – é uma declaração feita por dois advogados daquele país, sob juramento, e essa declaração vai dispor sob o conteúdo e a vigência da Lei daquele país. Essa declaração NÃO é um parecer, mas uma declaração do conteúdo da Lei. Para a “commown law” é fundamental o affidavit. 
- Na vida prática, onde as partes não tenham tanto dinheiro, não tem como correr atrás de um affidavit, é só ir atrás dos affidavit que já estão em outros processos, através de consultas jurisprudenciais.
Exercício – respostas estão na LINDB nos caputs.
Sobre competência e Lei aplicável.
AULA – 13/03/2014
CARTAS ROGATÓRIAS
Pedido formal de auxílio ara a instrução de processo, feito pela autoridade judiciária de um país a outro.
É uma carta precatória internacional, enviada de um território para outro país.
Precatória – juiz deprecante e juiz deprecante seguem a mesma legislação do mesmo Estado.
Ordenamentos jurídicos nas cartas rogatórias são diferentes. 
Não é sempre que uma carta rogatória será cumprida no outro Estado, porém, as cartas rogatórias geralmente são cumpridas, não por causa de Tratados. É claro se a disposição existe, vai acelerar o procedimento.
TIPOS:
Tem haver com o conteúdo
- Ordinatórias – vão requerer coisas simples, tais como: citação, notificação, intimação. 
- Instrutórias – essas transitam entre os países com o objetivo de produção de provas, provas que não estão no solo nacional: oitiva de testemunha, perícia. 
- De caráter executório – é de certa forma, uma novidade para o Brasil. Começa a acontecer a partir de 2005. Ela tem um conteúdo mais sério, que é o cumprimento de uma busca e apreensão, de uma penhora, da busca de um menor que foi sequestrado, o cumprimento de uma cautelar. É uma carta de execução.
STF – entendia que essas cartas ofendiam nossa soberania e não cumpria. Começou a cumprir quando o Brasil começou a celebrar alguns Tratados. Se o Brasil tinha Tratado com o Brasil, o STF cumpria essas cartas. Se não tinha Tratado com o país, não cumpria.
STJ – Resolução n° 09 – art. 7 – cartas rogatórias podem ter conteúdo não decisório e conteúdo decisório (penhora, quebra de sigilo bancário, com pedido mais sério). Essa permissão geral, começou a acontecer no Brasil, a partir de 2005.
Cartas rogatórias tem dois movimentos: ativas e passivas.
CARTAS ROGATÓRIAS ATIVAS
Enviadas pelo juiz ou tribunal brasileiro à autoridade estrangeira, de forma direta.
País de origem: regulamenta os requisitos, a forma e o modo de encaminhamento. O CPC não dispôs em artigo especial. Art. 202 fala dos requisitos das cartas rogatórias e precatórias. Carta rogatória é feita como uma precatória. Quando tem um Tratado, ele é uma norma especial, em relação ao CPC. Se o Tratado impõe um procedimento diferenciado, segue o Tratado e não o CPC. A carta rogatória, geralmente, vem traduzida para o português.
Art. 202, § 7° CPC – Cartas rogatórias são enviadas por meio eletrônico. Tem que verificar se o outro país está disposto a enviar e a receber as cartas eletrônicas. 
Art. 210 CPC – carta rogatória vem por via diplomática. Essa é a regra geral. É um envio demorado. Não é um procedimento no qual o Brasil se orgulha. Tudo indica que, com a globalização, num futuro próximo, essas cartas podem vir a ser entregues por via eletrônica.
Ex.: caso de acidente de aviões. Brasil conseguiu uma vídeo conferência com os pilotos. Quem fez o interrogatório foi, basicamente, o juiz brasileiro. A permissão dos pilotos voltarem para os EUA foi condicionada a esse processo.
Ex.: juiz de BH precisa mandar uma carta rogatória para a Rússia. Sai do Tribunal de BH e manda para o Ministério das Relações Exteriores. O MRE encaminha essa carta rogatória para o diplomata brasileiro na Rússia (embaixador do Brasil em solo Russo). O embaixador brasileiro da Rússia vai entregar para o Tribunal Superior russo.
O Tribunal Superior da Rússia devolve para o embaixador brasileiro na Rússia, que devolve para o MRE, que devolve para o Tribunal de BH.
Quando é pedido ao juiz de BH para enviar uma carta rogatória para a Rússia, faz uma carta parecida com a carta precatória. O tribunal russo pode dizer que não vai cumprir, porque faltou uma assinatura, por exemplo.
O Ministério da Justiça criou um órgão, dentro dele, que é um órgão processual internacional. O MJ já tem um manual de exigências processuais com quase todos os países do mundo. Departamento de Cooperação Interjurisdicional.
Esse departamento é interessante porque a própria secretaria da Vara pode consultar o Ministério da Justiça. Antes de enviar a carta rogatória, já sana muitas questões processuais em solo brasileiro.
Juiz que monta a carta rogatória e intima a parte para fazer a tradução.
Essa carta rogatória pode chegar na Rússia e ser cumprida. Porém, pode ser que tenha um obse: pode achar que ofende a ordem pública. Se isso acontecer, tem que trabalhar com o que tem.
Se a carta rogatória de caráter executório não veio cumprida, o processo vai ser continuado sem aquela penhora.
Se uma carta rogatória ordinatória pedindo a citação ou notificação, não for cumprida, haverá a citação por Edital – art. 231, § 1°, CPC. Pode ser que a parte tenha domicílio na Rússia, porém, tem patrimônio no Brasil ou nos EUA, ou na Argentina.
Para os EUA demora mais ou menos 02 anos.
Se a carta rogatória de caráter ordinatória não for cumprida na Rússia, faz a citação por edital no território brasileiro. 
País de destino: cuida do recebimento e do cumprimento da CF/88.
Essas cartas saem do tribunal brasileiro e vai em direção ao juízo estrangeiro.
CARTAS ROGATÓRIAS PASSIVAS
Saem do exterior em direção ao Brasil. Cumprimos o pedido e devolvemos para o exterior. É o Estado estrangeiro quem quer o auxílio.
Recebidas do exterior para cumprimento no Brasil
Competência original do STJ – Resolução n°: 9, STJ (2003) 
Aqui o procedimento é diferente. Aqui é o Estado brasileiro, que vai ajudar no cumprimento daquele pedido.
Como ela chega do exterior no Brasil? – Não sei. Quem determina como ela chega é o país de origem. Ela pode transitar por via diplomática, ou por via administrativa (de Ministério da Justiça para Ministério da Justiça).
Ela pode chegar por meio particular, por meio de um advogado.
Se a carta rogatórianão transita pelas mãos dos entes públicos, ela precisa ser autenticada. O que tem que fazer antes de sair da India: leva a carta na Índia para o consulado brasileiro na Índia e vai certificar que existe um processo que corre contra tal pessoa lá. O consulado brasileiro vai bater um carimbo naquela carta rogatória.
Quando a carta rogatória chega no STJ é montado um pequeno processo. O STJ vai intimar a parte contrária para, querendo, impugnar a carta rogatória em 15 dias.
Conteúdo da impugnação:
- questões processuais. CR está pedindo a citação, mas não tem a petição inicial anexada. CR veio sem a chancela consular, por meio do advogado.
É no momento da impugnação que pode ser feito, também, uma ofensa da ordem pública.
Ex.: vem a carta rogatório lá do Cassino do José Caloteiro para o STJ. O José Caloteiro é intimado para impugnar a carta rogatória. Ele vai dizer que a carta rogatória não pode ser cumprida por ofender a ordem pública brasileira.
Ou argui ausência de questões processuais ou argui ofensa à ordem pública.
Muitas vezes vai ser intimado e não tem o que arguir, não tendo o que impugnar.
Passado o prazo para a parte impugnar, é dado um prazo de 10 dias para o Ministério Público se manifestar nos autos.
Depois disso, os autos vão conclusos para julgamento. Se ninguém impugnou nada, é um processo fácil para levar para a corte decidir. Através de uma decisão monocrática do Presidente do STJ, vai ser decidido se a carta rogatória vai ou não vai ser cumprida pelo Brasil.
Ser ou não ser cumprida é = o Presidente concede exequatur ou não concede exequatur. Deferir a carta rogatória é deixar cumprir é conceder exequatur.
Se uma impugnação tiver sido feita, o Presidente querendo pode, ao invés de julgar monocraticamente, pode enviar para a Corte do STJ – a decisão será por um Acórdão. A ideia é a mesma: conceder ou não conceder exequatur.
Se o Presidente fizer a decisão monocrática – pode fazer um Recurso de Agravo Regimental, pedindo o entendimento da Corte.
Se não concede exequatur – devolve a carta para os EUA, dizendo que dívida de jogo não pode ser cobrada judicial.
Se concede exequatur – quem vai cumprir não é o STJ, é a Justiça Federal.
Cumprimento da carta rogatória – Justiça Federal.
Conceder ou não exequatur – compete ao STJ.
Justiça Federal vai até o José Caloteiro citá-lo para ir até Las Vegas para se defender.
Ofensa à soberania nacional.
Carta rogatória que chegou da Argentina – um réu estava domiciliado no Brasil. Pedido era que a Justiça brasileira conduzisse essa pessoa até o Consulado da Argentina, para que ele fosse interrogado. Nem consulado e nem embaixada é território brasileiro. Sendo assim, a Argentina queria exercer a jurisdição dele, dentro do Brasil.
A carta rogatória teria que ser no sentido de que, o juiz brasileiro fizesse o interrogatório. A Argentina poderia até participar do interrogatório.
Vídeo conferência do piloto de avião – juiz brasileiro fazia a pergunta direta para o piloto. Mostrando que a jurisdição era brasileira.
Convenção Americana sobre trâmite de Cartas Rogatórias – Liga todos os países da América. Tem um facilitador. Ela diz que, quando os países fazem fronteira, elas podem ser cumpridas diretamente. Ou seja, em cidades limítrofes, tem um trâmite diferenciado, pode citar o réu sem carta rogatória.
Esse Tratado tem valor de Lei Ordinária. A CF/88 prevê que é competente para as cartas rogatórias é o STJ. Ou seja, o Brasil não cumpre essa Convenção. Aqui no Brasil, todas as cartas rogatórias tem que ser enviadas para o STJ, não pode ir direito para a cidade vizinha.
Curso do Processo:
Regra básica – prazo de 15 dias para a parte se manifestar. Art. 8° da Resolução n°: 09, STJ – existem casos em que não vai precisar intimar a parte contrária para impugnar. Só o MP vai emitir o seu parecer. Quando o cumprimento dessa obrigação atrapalhar o processo de jurisdição.
Ex.: em casos de urgência não tem intimação da parte contrária. Só o MP analisa a questão.
Nos casos em que testemunhas estão no Brasil e a parte contrária está na Grécia. Não se faz uma carta rogatória para cumprir outra carta rogatória. Ou seja, não vai intimar a parte contrária em outro país para ela se manifestar.
AULA – 20/03/2014
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
Na carta rogatória, é um pedido de auxílio no curso de um processo.
Homologação de sentença, o processo já acabou.
Competência originária – STJ, desde a EC 45/2004. Petição é dirigida ao Presidente do STJ.
Ex.: houve processo de conhecimento na Itália, decidiu a lide. Sentença é no solo brasileiro. Homologação é um ato de validade da sentença estrangeira, para cumprimento no Brasil.
STJ – não vai rever o mérito da questão, se julgou bem ou não. STJ não é um juízo recursal de outro Estado.
Homologação de sentença estrangeira é um Processo que tem contenciosidade limitada – contencioso não é de conhecimento, para arguir novos fatos. É uma análise formal. Ou eventualmente, a análise de uma ofensa da ordem pública.
Homologação de sentença é processo eletrônico.
Entra com pedido no STJ. A parte contrária será citada para apresentar contestação em 15 dias. Se a parte morar no Brasil, a citação é comum e o processo de homologação dura 06 meses. 
Se a parte não morar no Brasil, a citação será por meio de Carta Rogatória, que vai sair do STJ. E esse processo deve durar, no mínimo, 02 anos.
A homologação pode durar 02 meses, quando a parte ré concorda com os termos da homologação. 
Citação que vai determinar o tempo de duração da homologação.
Quem pede a homologação é quem “gostou” da sentença.
Parte ré pode alegar ausência dos requisitos formais, art. 17 da LINDB. Ou pode alegar análise da ofensa da ordem pública, art. 17 LINDB.
1 – REQUISITOS FORMAIS:
1-1 – Competência do juiz prolator 
STJ tem que avaliar a competência do juiz estrangeiro. Não vai avaliar a competência no Código Italiano. Tem que analisar as nossas regras, e lembrar que existem casos no art. 89, I e II, que é competência exclusiva do juiz brasileiro. Ou seja, o juiz estrangeiro não pode invadir a competência exclusiva do juiz brasileiro (proceder a inventário e partilha de bens, e conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil). Não vai anular aquela sentença, mas ela não vai ter efeito no Brasil. Ex.: Situações relativas a imóveis – ações de cunho real. Se o juiz dispuser sobre a hipoteca, a usucapião, o usufruto, é sentença exclusiva nossa.
Se a questão não incide no art. 89, já cumpriu esse requisito.
1-2 – Citação válida
A citação no processo de conhecimento, tem que ser uma citação válida – tem que saber que a parte compareceu no processo. Se tem um processo que o réu apresentou uma contestação, tem certeza que o réu foi citado.
Ex.: se o réu agiu com revelia, tem que verificar se a citação foi realizada nos moldes da Lei. Se foi citado via postal e não compareceu, aí essa citação não foi válida. A citação TEM que ser por Carta Rogatória SEMPRE, nunca por via postal.
1-3 – Trânsito em julgado
Só homologa uma sentença que não pode ser mais reformada. Na tradução da sentença, talvez não encontre na sentença a expressão “trânsito em julgado”. Porém, tem que identificar na sentença que ela é definitiva.
1-4 – Autenticação consular
Se alguém procura em território estrangeiro, para homologar uma sentença no Brasil. Antes de enviar a sentença, tem que passar no Consulado brasileiro naquele país, para ser “chancelado” no Consulado, para ter validade. Se não tiver essa chancela, tem que desentranhar a sentença do processo e enviar para o país de origem, via correio, para que essa sentença é ser autenticada.
É preciso ter certeza de que aquela é uma sentença que foi proferida, e que seja validada.
1-5 – Tradução juramentada
Sentença chega na língua de origem e é levada para um tradutor juramentado para fazer a tradução. Essa é a única tradução que vale para os nossos tribunais.
Ex.: acabou a sentença na Itália. Aparte está com a sentença na mão. Procura o Consulado brasileiro na Itália e pede para ela ser autenticada. Chegando a sentença no Brasil, ela é levada para um tradutor juramentado, para depois ela ser levada ao STJ.
2 – ANÁLISE DA OFENSA DA ORDEM PÚBLICA
No momento da contestação pode contestar uma eventual ofensa à ordem pública.
Ex.: caloteiro que foi para Las Vegas. É nesse momento que o José caloteiro vai contestar que dívida de jogo ofende à ordem pública.
As questões de ordem pública aparecem cada vez menos no nosso ordenamento.
Questões clássicas: nos anos 80 chegou uma sentença norte-americana proferida por júri cível. Ou seja, não era uma sentença fundamentada, motivada. Porém, era um procedimento normal nos EUA. Por um princípio que visou, sobretudo a cooperação com os EUA, flexibilizou essa questão. Ou seja, a sentença não era fundamentada, porque era assim a legislação americana.
Sentenças de repúdio – instituto muçulmano, onde somente o homem poderia repudiar a mulher. Porém, esse procedimento é totalmente inconstitucional. Quando olhado no caso concreto, verifica que existem repúdios constitucionais. Muitas vezes é a parte repudiada que pede a homologação da sentença estrangeira. Repúdio era uma espécie de divórcio, e muitas vezes a mulher ficava muito satisfeita.
Citação – apresentou a contestação – não pode contestar o mérito. A única coisa que pode discutir é ausência de requisitos formais e análise da ofensa...
Depois de 10 dias, o Ministério Público pode apresentar impugnação, dentro dos mesmos termos.
Depois os autos vão conclusos para julgamento.
Se não tiver havido nem contestação, nem impugnação, quem vai decidir é o Presidente do STJ, por decisão monocrática. Agravo Regimental – das decisões monocráticas, que é um recurso para o órgão colegiado.
Contundo, se tiver havido contestação e impugnação, o processo deverá ser levado a julgamento na Corte Especial, e a decisão será por Acórdão.
Aqui no caso da sentença, DEVE ser encaminhado para a Corte Especial.
Possibilidade de um Recurso para o Acórdão – pode entrar com Recurso Extraordinário – alguma discussão do que ofende ou não a ordem pública, por ofender à Constituição.
Decisão final e o resultado dessa decisão será:
- Homologo a sentença estrangeira = processo no STJ acabou.
- Não homologo a sentença estrangeira
- Homologo parcialmente a sentença estrangeira = processo no STJ acabou.
Se eventualmente precisar executar a sentença – retira a carta de sentença no STJ e leva para o Juiz Federal.
Entra com pedido de execução no solo nacional.
Nos casos em que não precisa executar em sentença – por exemplo, em caso de divórcio. Retira a carta de sentença dos autos e leva no Cartório, para alterar o nome.
Países do Mercosul
Adotam o procedimento de homologação por meio de carta rogatória. É uma carta rogatória que pede homologação da sentença estrangeira.
Contrata advogado na Argentina e o pedido é deferido. Precisa executar a sentença no Brasil. Sentença é remetida para o Brasil, através de Carta Rogatória.
Os requisitos formais são os mesmos.
Benefício para a parte:
- evitar autenticação consular
- não precisa contratar outro advogado
Normalmente tem que ter um advogado em cada país.
O próprio advogado na Argentina já remete a sentença para ser homologada, via Carta Rogatória.
Essa disposição está num Acordo feito no Mercosul.
Sentenças penais – NÃO existe homologação de sentença penal para fins penais. 
Processo de homologação veio para cumprir o papel da extradição.
Extradição – leva a pessoa até a sentença, porque ela vai cumprir a sentença no local onde ela foi proferida.
Homologação – leva a sentença até a pessoa.
Art. 7o  A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1o  Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
§ 3o  Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o  O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. 
§ 6º  O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
§ 7o  Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8o  Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.
AULA – 03/04/2014
PARTE ESPECIAL 
O CASAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
1 – Casamento celebrado no Brasil
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
- Capacidade – art. 7°, caput
- Formalidade e impedimentos – art. 7°, § 1°, LINDB.
- Habilitação para o casamento de brasileiro divorciado no exterior
- Prazo para homologação?
- Casamento consular.
Casamento entre brasileiros e estrangeiros, entre brasileiros em um país diferente.
1ª coisa necessária: processo de habilitação feito no Cartório.
- Mostrar que tem capacidade civil.
Art. 7°, caput – capacidade civil é regida pela lei do domicílio da pessoa.
Ex.: Maria é brasileira e domiciliada no Brasil. João é brasileiro e domiciliado na Bélgica. Aos 18 anos, resolvem se casar. Capacidade do João é regida pela Lei da Bélgica e se lá a capacidade para o casamento for aos 20 anos, ele não poderá se casar aqui no Brasil antes de fazer 20 anos. Ou seja, são dois brasileiros que talvez não possam se casar.
Fracionamento do ato do casamento.
CAPACIDADE – REGIDA PELA LEI DO DOMICÍLIO DO NUBENTE
Casamento não é só capacidade.
É preciso verificar as formalidades: vai celebrar no Cartório, quantas testemunhas, tem que ter as proclamas.
Processo e formalidade – LOCAL DA CELEBRAÇÃO. Art. 7°, § 1°.
§ 1o  Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
Impedimentos – art. 1521 CC/02.
Ex.: chega um muçulmano e quer se casar com a 3ª esposa. 
Capacidade x impedimento – a pessoa pode ser capaz, mas estar impedido por ser casado.
Às vezes não está impedido, contudo não tem capacidade. São coisas distintas.
Incapacidade NÃO é um impedimento.
Habilitação para casamento de brasileiro que se divorciou no exterior.
Brasileiro divorciado em território estrangeiro – como vai se habilitar? Para que essa pessoa que se divorciou em território estrangeiro, possa se casar em território brasileiro – homologação de sentença estrangeira.Segundo a Lei, quando se casa em território estrangeiro, a pessoa tem 180 dias para registrar esse casamento no Brasil. 
O casamento não é uma sentença, é um ato jurídico. Se casou nos EUA, leva o registro no Cartório e registra o casamento. Porém, se divorciou no estrangeiro, não basta ir direto no Cartório, tem que ter a sentença estrangeira homologada no STJ.
Estrangeiro que quiser se casar no Brasil, tem que apresentar certidão atualizada do Cartório, comprovando o real estado civil, vinda do Consulado daquele país.
Existe um prazo para homologação da sentença do divórcio?
§ 6º  O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
Se divorciar hoje na Espanha e o divórcio não foi direto, tem que esperar 01 ano para se casar.
Esse parágrafo foi revogado tacitamente pela EC 66 – se no Brasil pode se divorciar diretamente, não tem como mandar esperar 01 ano para estrangeiros.
Pode acontecer de ter casamento de brasileiros realizado dentro do Consulado.
O casamento dentro do Consulado da Índia, as leis são indianas.
O casamento no Consulado – só se casam pessoas de MESMA NACIONALIDADE, nunca de nacionalidades diferentes.
Dois indianos, tem que se casar em Consulado Indiano.
Dois italianos, tem que se casar em Consulado Italiano.
Para efeitos de casamento civil, o cônsul tem essa jurisdição, uma vez que o Consulado é um Cartório, e casamento é um ato cartorário.
Consulado da Arábia Saudita – criança de 13 anos está se casando com um homem de 40 anos: pode? – Sim. 
É um casamento que está em território brasileiro, mas é como se estivesse sendo celebrado na Arábia Saudita.
Registro do casamento dos estrangeiros – não é registro obrigatório. Se esses estrangeiros não quiserem registrar esse casamento no Brasil, não precisa.
Estrangeiros – registro facultativo – registra no Cartório de Títulos e Documentos.
Se são brasileiros, tem obrigação de registrar dentro de 180 dias, no Cartório de Registro Civil.
2 – Casamento celebrado no exterior
- casamento consular
Efeitos no Brasil do casamento:
- de brasileiros
- de estrangeiros
Agora é casamento que acontece dentro do Consulado do Brasil no estrangeiro, na França, por exemplo.
- casamento é igual aquele feito no Cartório brasileiro.
Pergunta: qual lei vai reger as formalidades deste casamento, qual lei vai reger os impedimentos? – A Lei brasileira.
A capacidade dos nubentes vai ser regida pela Lei estrangeira – lei do domicílio dos nubentes, que é a francesa.
Nubentes brasileiros que moram na França podem se casar, tanto no Consulado, como na Prefeitura da França.
Não existe obrigatoriedade de se casar no Consulado.
Consulado do Brasil – tem que ser os dois brasileiros.
Casamento só passa a ser válido no Brasil, se for registrado aqui.
Efetividade do casamento – registro no Cartório Civil do Brasil.
Divórcio – homologação de sentença estrangeira.
Casamento – registro no Cartório civil.
3 – Efeitos do Casamento no Patrimônio
Lei que rege o regime de bens do casamento.
Escolha da Lei de Introdução foi no § 4°, do art. 7° - § 4o  O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes (noivos) domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
O regime de bens do casamento NÃO é regido no local de celebração, mas pela lei do local do domicílio dos nubentes.
SE o domicílio dos noivos for idêntico – aplica o mesmo domicílio.
Não importa a nacionalidade dos nubentes – pouco importa, o que importa é o DOMICÍLIO dos nubentes (noivos).
Situações:
1 – Duas pessoas brasileiras, um domiciliado no Rio e outro em São Paulo, vão se casar em Paris e vão ter o primeiro domicílio na Grécia.
Domicílio dos nubentes é igual – Lei brasileira.
2 – Duas pessoas brasileiras, um mora em Buenos Aires e outra em BH, vão se casar na cidade do México e vão ter o primeiro domicílio nos EUA.
Domicílio dos nubentes é diferente – aplica a Lei do 1° domicílio conjugal – EUA.
Invalidade do casamento:
§ 3o  Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
Invalidade do matrimônio – mesma regra.
Invalidade do matrimônio para questões intrínsecas – descobriu que é um traficante de drogas, que é um psicopata, na constância do casamento.
Não pode utilizar questões extrínsecas, como por exemplo, questões de formalidade.
Ex.: casou no México e lá são 02 testemunhas e nos EUA, são 04 testemunhas – não pode pedir a invalidade do casamento.
A invalidade é sempre por questões intrínsecas, e não por questões de formalidade. Art. 1557 CC/02, com relação a erros essenciais do cônjuge.
Estrangeiro casado:
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. 
Estrangeiro casado pode requerer a mudança de regime de bens, com a naturalização do estrangeiro, com a anuência do cônjuge.
O CC/02 permite a mudança do regime de bens a qualquer momento.
§ 7o  Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
O domicílio dos pais se estende para os filhos.
§ 8o  Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre.
É o caso do mochileiro.
AULA – 10/04/2014
I – OBRIGAÇÕES – Art. 9°, LINDB
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente. 
Se a obrigação destina-se a ser cumprida no país estrangeiro, tem que respeitar a legislação brasileira, no que concerne a forma especial.
Ex.: duas pessoas na Alemanha fazem um contrato de compra e venda de um imóvel que se situa no Brasil. A lei que rege o contrato de compra e venda – lei do local que foi firmado o contrato.
Obrigação cumprida no contrato, vai ser executada no Brasil, porque a transferência do imóvel vai acontecer em solo brasileiro.
Obrigação depende de uma forma especial no Brasil – registro – obrigação forma da lei brasileira.
O contrato vai ser regido pela lei do local onde foi celebrado, mas se a obrigação tiver que ser executada no Brasil, as peculiaridades da lei brasileira terão que ser observadas.
Compra e venda de um automóvel na Argentina. Vai ser transferido aqui no Brasil. O contrato vai ser regido pela lei da Argentina. Existe uma formalidade no que concerne à compra e venda em solo brasileiro – a transferência só se realiza com a tradição. Essa exigência, que é a tradição, vai ser regida pela Lei do Brasil, e não pela Lei argentina.
Forma essencial – respeita a lei brasileira para questões extrínsecas.
Lei aplicada – lei argentina.
Tem país que não obriga a tradição para transferência da propriedade.
Extrínseca – formal.
Intrínseca – mérito.
Ou seja, vai respeitar SEMPRE duas leis: a lei onde o local foi celebradoe as formalidades da lei do país estrangeiro.
Caput – obrigação é regida pela lei onde o contrato foi celebrado
§ 1°. As formalidades da lei do país estrangeiro serão respeitadas.
§ 2°. Contrato entre ausentes – nesse caso, o contrato reputa-se constituído na residência do proponente.
Proponente – quem faz a proposta.
Oblato – quem aceita a proposta.
A contraproposta TRANSFERE a identidade do proponente.
Ou seja, quem fez a última proposta é o proponente – obrigação vai ser regida pela lei do domicílio do proponente.
Aqui no Brasil a lei escolhida pelas partes, não vale nada.
Fazer contrato entre ausentes – lei regida será a lei do proponente – proponente é aquele que faz a ÚLTIMA contraproposta.
Pode fazer o contrato por email, porém, quem fizer a ÚLTIMA contraproposta é que será considerado o PROPONENTE.
II – PESSOA JURÍDICA
Art. 11.  As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. 
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.
Local onde a empresa foi CONSTITUÍDA. Pouco importa se a sede principal não está no Brasil.
A empresa estrangeira se quer abrir filial no Brasil, precisa pedir autorização para o Governo, e depois disso, passa a ser regida pela Lei brasileira.
TODAS as empresas que estão no Brasil SERÃO regidas pela lei brasileira.
Nike do Brasil, Panasonic do Brasil – empresas multinacionais que preferiram não pedir autorização para o Governo e abriram uma empresa no Brasil.
§ 2° - Governo estrangeiro não pode adquirir bens imóveis no Brasil – se o Governo estrangeiro quiser abrir uma escola no Brasil, não pode adquirir a propriedade de imóveis aqui, só pode adquirir uma propriedade de imóvel se for para abrir sede de consulado ou sede diplomática. 
Se é dona de uma Embaixada, não pode dar uma outra função ao prédio, que não seja uma Embaixada.
Pessoa física estrangeira pode comprar imóveis no Brasil, porém o GOVERNO estrangeiro não pode comprar imóveis no Brasil. Isso para que não haja invasão de soberania de outro país no Brasil.
Neves.otoni@gmail.com.
AULA – 24/04/2014
SUCESSÕES NO DIPR
Art.  10.  A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
O “caput” fala da lei do último domicílio.
§ 1° - Herdeiros brasileiros
§ 2° - Capacidade para suceder
Competência do art. 89, II, CPC – Inventário dos bens que estão no Brasil: móveis e imóveis, será feita aqui.
Lei que vai aplicar no caput – lei do último domicílio do de cujus.
§ 1° - Todas as vezes que tiver filhos ou cônjuges brasileiros, ao invés de utilizar a regra do caput – lei que seja mais favorável. Poderá ser aplicada a lei brasileira, em benefício deles, SEMPRE que a lei brasileira for melhor do que a lei do domicílio do de cujus. A lei mais benéfica em uma sucessão é a que permite herdar mais patrimônio, e essa lei mais benéfica, nem sempre a brasileira.
Ideia do § 1° - vai comparar as leis: a nacional e a do domicílio do defunto.
Ex.: Pierre casado com a Marie e são estrangeiros. Filhos: Pedro e Maria. Pierre morre. Norma do § 1° é a reprodução do art. 5° da CF/88. Vai aplicar a lei que vai garantir a maior parte do patrimônio por parte dos brasileiros, em detrimento dos estrangeiros.
O que a lei brasileira quer neste § 1°, é que fique o maior número de patrimônio no Brasil. É melhor que brasileiros sejam proprietários de bens que estão no Brasil do que estrangeiros.
Muitas vezes, o que é bom para os filhos não é bom para o cônjuge.
Pressuposto básico – norma de ordem pública não pode prevalecer – por exemplo, só os filhos homens herdam.
Se tiver, por exemplo, um filho brasileiro e outro filho inglês – o que for bom para o filho brasileiro, vai ser bom para o filho inglês (Pedro e Mary).
Aqui é só quando houver cônjuge ou filhos brasileiros. Se não tiver, é a regra do “caput” – lei do domicílio do de cujus.
§ 2° - A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Ex.: Pierre é domiciliado na Espanha e o filho dele Pedro é domiciliado na França.
Se está procurando a lei que rege a sucessão, vai até a lei do último domicílio do de cujus, por exemplo, a lei espanhola. Lá tem a ordem de sucessão, onde o primeiro da lista são os filhos. 
Se nessa lei, vê a ordem de quem vai herdar, tem que olhar se esses filhos tem capacidade para suceder.
Tem que ver se esse filho já foi concebido.
Capacidade para suceder – regras da indignidade. Ex.: se o filho tentou matar o pai, ele foi chamado para suceder, mas não tem capacidade para tal.
A regra que rege a sucessão é diferente da regra que rege a capacidade para suceder.
Ou seja, a ordem de vocação hereditária vai depender da regra da capacidade para suceder.
Ex.: a lei espanhola define os filhos como os primeiros na ordem de vocação hereditária. Mas onde o herdeiro tem domicílio, o herdeiro que tentou matar o pai é indigno, não dá a esse herdeiro a capacidade para suceder.
Mas pode acontecer o contrário. O domicílio do herdeiro indigno dá àquele herdeiro a capacidade de suceder.
TESTAMENTO
O conteúdo, o que pode testar, é regido pela legislação que rege a sucessão. Ou seja, se a sucessão é regida pela lei do domicílio do de cujus, o testamento tem que ser regido pela mesma lei.
A FORMA DO TESTAMENTO – é regida por qual lei? É regida pela Lei do local em que foi redigido o Testamento.
Ex.: uma cantora italiana tinha bens no território brasileiro. Faz um testamento privado, na Itália, sem nenhuma testemunha e falece. Vão ser partilhados os bens no Brasil. 
Processo de inventário no Brasil tem um Testamento particular, sem testemunha. 
Será que esse Testamento pode ser aceito no Brasil? 
Pela Lei italiana, o testamento é válido. 
Uma coisa é o conteúdo do testamento. Outra coisa é a lei que rege a formalidade do Testamento.
Na Itália, o testamento hológrafo é possível, sem testemunha.
É só uma questão de formalidade.
Uma coisa são os bens que serão partilhados no Brasil.
A cantora italiana, no dia que estava em Veneza, fez um testamento sobre um bem que está no Brasil. Ela cumpriu a formalidade do país onde ela fez o testamento.
Porém, no Brasil, a formalidade é que o testamento tenha duas testemunhas.
O Direito Internacional Privado ACEITA este Testamento, mesmo com a formalidade brasileira seja diferente. É a questão da boa fé.
Uma coisa é o que se escreve dentro do Testamento – o conteúdo, a essência. Outra coisa é a formalidade, que é diferente do mérito.
Na essência, no conteúdo – tem que respeitar a Lei que rege a sucessão.
Na formalidade – tem que respeitar a Lei onde foi feito o Testamento.
BENS NO DIPR
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílioque tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
DIREITOS REAIS SÃO REGIDOS PELA LEI DO LOCAL ONDE ELE ESTÁ.
BENS MÓVEIS é DIFERENTE – Art. 8° da LINDB.
“Lex rei vitae”
§ 1° - Bens em trânsito.
§ 2° - Penhor
Aqui não se discute nem obrigações e nem sucessão. Está falando só do bem, que é regido pela lei do local em que se encontra.
Pode ser que o bem esteja em trânsito. Uma bolsa, por exemplo, que vai ser levada de navio para Barcelona, e passa por diversos países.
§ 1° - Bens em trânsito – Durante a viagem de navio, o bem seria regido por várias leis. 
Não importa onde a bolsa vai estar, ela vai ser regida pela lei do domicílio do proprietário.
O navio NÃO está em trânsito, ele é em trânsito. A lei que rege os meios de transporte é a lei do Registro do meio de transporte. Por exemplo, o navio, e todos os bens que estão nele, será regido pela Lei onde o navio foi registrado.
Meio de transporte NÃO está em trânsito – um Cruzeiro sempre está indo de um lugar para o outro. Roupa de cama, talher, luminárias – regidos pela lei do registro.
A bolsa não tem nada haver com a lei que rege o navio.
Compra e venda de um imóvel, é regida por qual Lei? – Pela Lei de onde foi redigido o contrato.
Competência e Lei aplicável são duas coisas são diferentes.
§ 2° - Penhor – O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Ex.: Libanesa vem para o Brasil, sem cartão de crédito, cheia de joias e acaba o dinheiro. Deixa todas as joias na Caixa Econômica Federal e pega o dinheiro. Esse penhor é regido pela lei da posse das joias.
E não pelo domicílio da pessoa que empenhou as joias.
CORREÇÃO DO EXERCÍCIO
1 – a) Exigência primordial: ser da mesma nacionalidade.
Adoção – não concede nacionalidade imediata. Aqui não fala que ela já pediu.
Ou seja, a exigência primordial não foi cumprida, já que os dois não são da mesma nacionalidade.
A naturalização acontece só depois dos 18 anos.
2 – A capacidade é regida pela Lei do domicílio. A capacidade tem que ser de acordo com a Lei norte-americana.
Aos 18 anos lá, só pode se casar com a autorização dos pais.
3 – Impedimentos relativos ao casamento – são regidos pela Lei do local da celebração. Como se casariam no Consulado Brasileiro, na verdade, as leis que regerão serão as brasileiras.
4 – Casamento no estrangeiro é válido no Brasil? O casamento tem que ser registrado no Cartório do Registro Civil.
5 – Autoridade brasileira é competente para celebrar o divórcio de estrangeiros domiciliados no Brasil.
6 – Lei que seria regida para regular os bens do casal – lei do domicílio comum do casal. Aconteceu o casamento. Antes de se casar, tem o processo de habilitação. Nesse processo de habilitação, os nubentes apresentam o comprovante de domicílio. Domicílio do ato da celebração do casal – no caso, nos EUA.
7 – Para comprovar a situação de divorciado – homologar sentença de divórcio no Brasil.
AULA – 08/05/2014
NACIONALIDADE
Diferenças entre:
Naturalidade – local do seu nascimento. No território brasileiro, em que o critério é jus solium, isso não é muito importante. 
Nacionalidade – vínculo jurídico que te une a um país.
Cidadania – vai além da nacionalidade, pois é a possibilidade do gozo dos direitos políticos. Ser cidadão é ser nacional com o gozo dos direitos políticos. Pode ser brasileiro e estar preso e não ter direitos políticos.
Cada país tem o seu critério de nacionalidade:
Jus solium – quem nasceu no território. Países do novo mundo preferem o critério do solo.
Jus sanguinius – quem tiver sangue do meu país é nacional do meu país. A Itália, França, Inglaterra são assim.
Brasil adota o critério misto: jus solium e jus sanguinius.
Existem dosagens do jus sanguinius – no Brasil o sangue tem que ser do pai. Na Italia o sangue tem que ser do avô.
Essa é uma norma de leis de casa país, por isso, pode haver conflitos de Lei.
Conflito de Lei Positivo – fenômeno da dupla nacionalidade – pessoa sem esforço algum, pode ter dupla nacionalidade. Ex.: o filho da Luciana Gimenez tem 04 nacionalidades: ele é americano, é brasileiro, é britânico e italiano. Ele pode se candidatar a qualquer cargo político, pode fazer concurso em qualquer país, etc.
Apátrico – aquele que nasce sem direito a nenhuma nacionalidade. É aquele que nasce um país que é jus sanguinius e nasce em um país que é jus solium. Por exemplo, um casal australiano (jus solium) vem morar na Italia (jus sanguinium) e tem um filho. Para ser australiano, tem que nascer na Austrália. Se nasceu na Itália, e não tem sangue italiano, logo, não será nem australiano (porque não nasceu na Austrália) e nem italiano (porque não tem sangue italiano). Esse filho, aos 18 anos pedirá a naturalização.
No caso brasileiro, por pertencermos ao Pacto San José de Costa Rica – para os apatriados – o país do local do nascimento tem o dever de dar a nacionalidade para este apátrico. Se a Itália tivesse ratificado o Pacto San José da Costa Rica, a criança australiana que tivesse nascido lá, seria italiana.
Brasil – não tem tanta diferença entre nato e naturalizado. Naturalizado é brasileiro. Naturalizado pode ser cidadão, só se for português. 
Naturalizado – não pode ser presidente da república, presidente da câmara, presidente do senado ou do STF. Também não pode ser diplomata.
Pacto solucionou melhor esse problema. Ou seja, NÃO nascem apátridas na América Latina.
Quem são os brasileiros natos? – Art. 12 da CF/88
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
Todo mundo que nasce no Brasil é brasileiro, exceto filhos de estrangeiros que estejam a serviço no Brasil.
Ex.: Filho de um embaixador italiano, a serviço no Brasil, que nasce no Brasil – não é brasileiro.
Ex.: Filho de um indiano que nasce no Brasil, estando seus pais a serviço, não é brasileiro.
Porém, o filho de um italiano que trabalha na Fiat, se nasceu no Brasil, será brasileiro.
Ex.: militares que foram para o Haiti na época do terremoto. Se um soldado brasileiro casa com uma haitiana e tem um filho, esse filho é brasileiro, já que aquele soldado estaria a serviço no Brasil.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
Remete à situação do sangue. Ex.: o filho de embaixador brasileiro, que nasce na Itália, não será italiano.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
Critério desta alínea.
Ex.: filhos da Gisele Büncher – Tem que registrar a criança no Consulado do Brasil no estrangeiro ou, quando atingida a maioridade, tem que ir à Justiça Federal e fazer a opção de ter a nacionalidade brasileira.
Problema da alínea “c” – pais podem representar o filho no Consulado Brasileiro no estrangeiro, mas não pode representá-lo no Brasil, a não ser depois de atingida a maioridade (caso o filho não seja registrado no Consulado Brasileiro no estrangeiro).
Esse filho, depois da maioridade NÃO será NATURALIZADO, mas terá NACIONALIDADE ORIGINÁRIA. 
Opção da nacionalidade

Continue navegando