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DIREITO INTERNACIONAL E CONTRATOS AULA 5 Prof. Eduardo Biacchi Gomes 2 CONVERSA INICIAL Prezado aluno, uma vez que examinamos os aspectos do comércio exterior ligados aos efeitos das relações jurídicas e econômicas que ocorrem entre os Estados, os blocos econômicos e as organizações internacionais, é importante estudarmos as relações entre o comércio exterior e os contratos internacionais. Vale a pena destacar que toda e qualquer operação de comércio exterior, obrigatoriamente levará a assinatura de um contrato internacional. Dentro de uma sequência lógica, a presente Rota de Aprendizagem foi dividida em cinco temas fundamentais. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Dentro das operações de comércio exterior, naturalmente, surgem inúmeras relações entre os profissionais que atuam no setor. É certo que as referidas operações têm por objetivo final e específico concretizar as operações de importação e de exportação de mercadorias. Todavia, para a materialização das operações citadas, torna-se necessária a elaboração de vários procedimentos que levarão ao seu resultado final. Por exemplo: para que haja a exportação de uma mercadoria, qualquer que seja, obrigatoriamente será necessária a elaboração de um contrato internacional de compra e venda de mercadorias e um contrato de fechamento de câmbio, além de outros procedimentos. Nosso desafio inicial, portanto, é o de compreender a exata dimensão e importância dos contratos internacionais dentro do comércio exterior. Para tanto, pesquise, dentro de sua área de atuação, a relevância de se conhecer o tema dos contratos internacionais. Como fonte, pesquise: https://www.youtube.com/watch?v=9-x7MVs8Dag http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66761/69371 https://www.youtube.com/watch?v=fK2Hh9xVvqk https://www.youtube.com/watch?v=9-x7MVs8Dag http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66761/69371 http://www.cedin.com.br/static/revistaeletronica/volume6/arquivos_pdf/sumario/carla_ventura.pdf http://www.cedin.com.br/static/revistaeletronica/volume6/arquivos_pdf/sumario/carla_ventura.pdf https://www.youtube.com/watch?v=fK2Hh9xVvqk 3 Resposta do questionamento acima Prezado aluno, intuitivamente procuramos buscar a resposta para o questionamento acima a partir da própria globalização econômica. Em virtude do constante processo de transformação econômica dos Estados e do modelo do livre-comércio, adotado após a Segunda Guerra Mundial e a própria criação da Organização Mundial do Comércio, como vimos, torna-se cada vez mais fundamental que os Estados busquem realizar atos de comércio. Necessariamente, os atos de comércio irão resultar em operações de importação e de exportação em que é exigida a elaboração de contratos, como: fechamentos de câmbio, trading, compra e venda de mercadorias, prestação de serviços etc. Assim, como o Brasil insere-se dentro do referido modelo de Estado e de economia global, obrigatoriamente a temática dos contratos internacionais, conceito e cláusulas, é de extrema importância dentro de sua área de conhecimento e de atuação. PESQUISE Prezado aluno, a partir de agora passaremos a analisar e estudar os temas e o conteúdo de nossa Rota de Aprendizagem. Você observará que ela foi subdividida em cinco temas centrais, de forma a dar condições para que possa buscar um melhor entendimento quanto à unidade temática. Ao final da presente Rota de Aprendizagem, esperamos que você possa entender os seguintes aspectos e conceitos: 1. Noções de contratos internacionais 2. Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias de 1980 3. Princípios UNIDROIT 4. Lei aplicável aos contratos e autonomia da vontade das partes 5. Arbitragem e contratos internacionais TEMA 1 – NOÇÕES DE CONTRATOS INTERNACIONAIS Inquestionavelmente, os contratos internacionais possuem grande importância prática dentro das operações de comércio exterior. Devemos entender que estaremos diante de um contrato internacional sempre que o referido instrumento guardar pontos de contato com outro ordenamento jurídico. 4 Isso pode ocorrer, por exemplo, na hipótese de um contrato de compra e venda de mercadorias elaborado entre empresas que possuam sedes jurídicas em Estados diferentes. O contrato poderá ser caracterizado como internacional, também, caso a lei a ser aplicável venha a ser diferente daquela do local da assinatura do contrato, e se o local da execução ou do pagamento do contrato for diverso do local da assinatura. O vertiginoso processo de globalização econômica vivenciado desde o final da década do século passado e que foi facilitado pelo incrível processo tecnológico contribuiu decisivamente para o aumento das trocas comerciais, importação e exportação e – consequentemente – para a elaboração dos contratos internacionais. Para tanto, torna-se imprescindível conhecer aquelas cláusulas essenciais aos contratos internacionais e que integram a base dos referidos instrumentos, dentre elas temos: Incoterms https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-151/os-incoterms cláusula de força maior http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044- Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+ven da cláusula da lei a ser aplicável aos ordenamentos jurídicos que admitem a possibilidade http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044- Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+ven da cláusula de eleição de foro; cláusula de arbitragem http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044- Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+ven da http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17692 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17692 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda 5 cláusula de hardship http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044- Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+ven da0 Leituras obrigatórias http://www.administradores.com.br/producao-academica/a- importancia-dos-contratos-internacionais-de-comercio-para-o- agronegocio-o-caso-das/1107/ http://eptic.com.br/wp-content/uploads/2014/12/textdisc8.pdf Saiba mais https://www.linkedin.com/pulse/cl%C3%A1usula-de-for%C3%A7a- maior-e-hardship-nos-contratos-borges-frota-pinto https://www.youtube.com/watch?v=fK2Hh9xVvqk https://www.youtube.com/watch?v=j2gDqNJUaWU TEMA 2 – CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS DE 1980 Prezado aluno, como estudamos no tema anterior da presente Rota de Aprendizagem, os contratos internacionais são de extrema importância para a condução das operações de comércio exterior. Nesse sentido, tornam-se cada vez mais frequentes as dificuldades de os negociadores concluírem os contratos, tendo em vista a falta de consenso entre eles, com ointuito de estabelecerem a lei que irá regulamentar o contrato ou mesmo as cláusulas que deverão regê-lo. Não raras vezes, tempo é um elemento essencial para a conclusão do negócio e para o fechamento de determinada operação de comércio exterior. E o que é pior: ela poderá não ser concluída porque as partes não chegam a um consenso quanto aos termos acima mencionados. Assim, ganham destaque, dentro do referido cenário, as ações adotadas pelos Estados com a finalidade de padronizar normas para regulamentar os contratos internacionais. Um dos exemplos é a Convenção de Viena sobre http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda0 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda0 http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI47346,61044-Clausulas+essenciais+dos+contratos+internacionais+de+compra+e+venda0 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16324 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=16324 http://www.administradores.com.br/producao-academica/a-importancia-dos-contratos-internacionais-de-comercio-para-o-agronegocio-o-caso-das/1107/ http://www.administradores.com.br/producao-academica/a-importancia-dos-contratos-internacionais-de-comercio-para-o-agronegocio-o-caso-das/1107/ http://www.administradores.com.br/producao-academica/a-importancia-dos-contratos-internacionais-de-comercio-para-o-agronegocio-o-caso-das/1107/ http://eptic.com.br/wp-content/uploads/2014/12/textdisc8.pdf https://www.linkedin.com/pulse/cl%C3%A1usula-de-for%C3%A7a-maior-e-hardship-nos-contratos-borges-frota-pinto https://www.linkedin.com/pulse/cl%C3%A1usula-de-for%C3%A7a-maior-e-hardship-nos-contratos-borges-frota-pinto https://www.youtube.com/watch?v=fK2Hh9xVvqk https://www.youtube.com/watch?v=j2gDqNJUaWU 6 Compra e Venda de Mercadorias de 1980, ratificada pela República Federativa do Brasil. Em relação ao referido tratado, para todos aqueles Estados que o ratificaram, são uniformizados os critérios referentes aos contratos internacionais de compra e venda de mercadorias. As partes poderão, desse modo, aplicar a convenção dentro de suas relações contratuais ou para resolver eventuais controvérsias decorrentes do contrato: https://www.youtube.com/watch?v=XSgK82Gle-E http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/compra-e-venda- internacional-1.htm Logo, com a ratificação, por parte do Brasil, da Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias, confere-se maior segurança jurídica aos contratantes, no que diz respeito ao cumprimento e à observância das cláusulas essenciais do contrato e, consequentemente, das obrigações a serem cumpridas dentro da relação contratual. Além disso, como consequência, com a existência de maior segurança jurídica, haverá a redução do custo das transações comerciais, as quais passam a ser mais rápidas e transparentes, visto que as regras contratadas são aquelas contidas no tratado. Verificamos, portanto, que com a Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias, as partes contraentes ganham maior autonomia e liberdade no que diz respeito às negociações contratuais, reforçando-se – inclusive – a utilização da arbitragem como meio alternativo de solução de controvérsias. Leituras obrigatórias https://www.cisg-brasil.net/_files/ ugd/932f9c_9ead940e8c7f401fa3cc09df1d0a4845.pdf http://www.conjur.com.br/2014-mar-01/exportadores-importadores- nacionais-adequar-novas-regras https://www.youtube.com/watch?v=XSgK82Gle-E http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/compra-e-venda-internacional-1.htm http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/compra-e-venda-internacional-1.htm http://www.cisg-brasil.net/downloads/O_BRASIL_E_A_RATIFICACAO_DA_CISG.pdf http://www.cisg-brasil.net/downloads/O_BRASIL_E_A_RATIFICACAO_DA_CISG.pdf http://www.cisg-brasil.net/downloads/Anexo%20BI%202.288a.pdf http://www.conjur.com.br/2014-mar-01/exportadores-importadores-nacionais-adequar-novas-regras http://www.conjur.com.br/2014-mar-01/exportadores-importadores-nacionais-adequar-novas-regras http://www.cisg-brasil.net/doc/vfradera1.pdf 7 Saiba mais http://www.cisg-brasil.net/cisg-comentada TEMA 3 – PRINCÍPIOS UNIDROIT Além da utilização da Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias, outra forma de buscar criar regras e procedimentos comuns para resolver eventuais controvérsias dentro dos contratos internacionais, ou mesmo evitar futuras disputas e construir cláusulas comuns a serem aplicadas dentro dos contratos comerciais internacionais, é através dos chamados Princípios UNIDROIT. Os denominados Princípios UNIDROIT, diferentemente da Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias, não podem ser conceituados como um tratado ou uma convenção e não possuem, assim, o seu caráter de obrigatoriedade. Distintamente, os Princípios UNIDROIT resultam de debates que constantemente são realizados pelo UNIDROIT, instituto que tem a sua sede em Roma, na Itália, e tem o objetivo de sistematizar estudos para uniformizar as normas e os procedimentos de direito internacional privado, no que diz respeito aos contratos internacionais de compra e venda. Criado no ano de 1926, é composto por sessenta e três Estados. É importante destacar que, periodicamente, a conclusão dos referidos estudos realizados pelo UNIDROIT é publicada através dos chamados Princípios UNIDROIT: https://www.migalhas.com.br/depeso/342853/os-principios-do-unidroit Naturalmente, em razão da importância do tema e da matéria, os chamados Princípios UNIDROIT podem ser utilizados pelos Estados como base para as elaborações de leis sobre contratos e mesmo pelos particulares contratantes, pois poderão inserir, dentro de seus contratos, cláusulas que remetam ao UNIDROIT. Igualmente, ao surgir uma determinada controvérsia, decorrente do contrato, caso optem pela arbitragem, poderão dirimir a questão mediante a aplicação do UNIDROIT. Podemos constatar, portanto, que, assim como a Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias, a utilização dos Princípios UNIDROIT http://www.cisg-brasil.net/cisg-comentada http://www.unidroit.org/publications/unidroit-publications 8 confere maior liberdade às partes na condução do contrato para dar maior transparência e previsibilidade nas operações de comércio exterior: http://tradelex.com/que-son-los-principios-de-unidroit-sobre-los- contratos-comerciales-internacionales/ Como forma de concluir o presente tema da Rota de Aprendizagem, podemos constatar que, em virtude da globalização e do desenvolvimento tecnológico, experimentado com a internet, o mundo vive grandes transformações e as operações de comércio exterior ocorrem cada vez mais de maneira mais rápida. Muitas vezes, as transações que levavam dias para serem fechadas, por conta das distâncias, são concluídas em segundos, com o apertar de um botão no computador. Assim, a existência de previsibilidade, inquestionavelmente, dá maior segurança jurídica às partes dentro das transações comerciais. Além do mais, a maior autonomia dada às partes para a construção das referidas regras a serem aplicadas aos contratos diminui os custos das operações comerciais e concede maior confiança aos contratantes nas relações de comércio exterior. Leituras obrigatórias http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-boa-fe-pre-contratual- nos-contratos-internacionais-segundo-os-principios- unidroit,42750.html Saiba mais https://asadip.wordpress.com/2008/05/07/ampliacao-dos-principios-do- unidroit-relativos-aos-contratos-do-comercio-internacional-3%C2%AA- edicao-2010/ http://tradelex.com/que-son-los-principios-de-unidroit-sobre-los-contratos-comerciales-internacionales/ http://tradelex.com/que-son-los-principios-de-unidroit-sobre-los-contratos-comerciales-internacionales/ http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13045http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13045 http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-boa-fe-pre-contratual-nos-contratos-internacionais-segundo-os-principios-unidroit,42750.html http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-boa-fe-pre-contratual-nos-contratos-internacionais-segundo-os-principios-unidroit,42750.html http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/principios-uniformes-aplicados-aos-contratos-internacionais/5204 http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/principios-uniformes-aplicados-aos-contratos-internacionais/5204 http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/8947-8946-1-PB.pdf http://www.gddc.pt/cooperacao/materia-civil-comercial/unidroit.html https://asadip.wordpress.com/2008/05/07/ampliacao-dos-principios-do-unidroit-relativos-aos-contratos-do-comercio-internacional-3%C2%AA-edicao-2010/ https://asadip.wordpress.com/2008/05/07/ampliacao-dos-principios-do-unidroit-relativos-aos-contratos-do-comercio-internacional-3%C2%AA-edicao-2010/ https://asadip.wordpress.com/2008/05/07/ampliacao-dos-principios-do-unidroit-relativos-aos-contratos-do-comercio-internacional-3%C2%AA-edicao-2010/ 9 TEMA 4 – LEI APLICÁVEL AOS CONTRATOS E AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES Conforme estudamos, no decorrer da presente Rota de Aprendizagem, dentro do tema das negociações nos contratos internacionais, nada mais salutar do que o fato de as partes poderem escolher livremente as regras a serem pactuadas dentro do contrato, pois isso dá maior segurança jurídica nas transações comerciais. Todavia, vamos partir do seguinte exemplo: Uma empresa com sede no Brasil faz um contrato de compra e venda de mercadorias com uma empresa dos Estados Unidos. Para tanto, a empresa brasileira exportará mercadorias à empresa norte-americana para a Holanda. Vamos supor que o contrato tenha sido assinado na Holanda, local onde as mercadorias deverão ser entregues. Imagine que a lei a ser escolhida pelas partes tenha sido a lei norte-americana, por ser a melhor lei, de acordo com o entendimento das partes, para ser aplicada ao contrato. Dentro de um raciocínio lógico da relação contratual, nada mais salutar do que permitir às partes a escolha da lei a ser aplicável para regulamentar a relação contratual, visto que, como se trata de um contrato de compra e venda, essa é a lógica. Entretanto, considerando nosso exemplo, vamos imaginar que alguma questão ocorra, em relação à aplicação do contrato, e que tal questão venha a ser julgada pelo juiz brasileiro. Nesse caso, a pergunta que temos que resolver é a seguinte: Poderá o juiz brasileiro considerar como válida a cláusula contratual em que as partes escolhem livremente a lei a ser aplicada (lei norte-americana) ou o juiz deverá aplicar a lei do local da assinatura do contrato, nesse caso, da Holanda? No caso em tela, o juiz deverá aplicar a lei do local onde o contrato foi celebrado, por expressa previsão do artigo 9o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Infelizmente, como sabemos, trata-se de um retrocesso dentro do ordenamento jurídico brasileiro, visto que, em caso de surgir alguma 10 controvérsia, o juiz deverá aplicar a lei do local onde o contrato foi assinado, o que impossibilita as partes de escolher a lei a ser aplicada. No entanto, dentro do mesmo exemplo, acima exposto, vamos supor que as partes escolham o foro (jurisdição) norte-americano para julgar a ação e que, nesse caso, o ordenamento jurídico dos Estados Unidos admita a aplicação do princípio da autonomia da vontade das partes. Concretamente, as partes direcionam o foro para a jurisdição norte- americana e, ao surgir qualquer controvérsia, aquele juiz analisará a questão e aplicará a lei escolhida pelas partes. Em vista disso, podemos concluir que, dentro dos contratos internacionais, ainda que as partes não possam escolher a lei a ser aplicável, podem escolher o foro. Leituras obrigatórias http://www.conjur.com.br/2010-out-16/eleicao-foro-contratos- internacionais-decide-lei-aplicavel http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI227365,101048- A+autonomia+da+vontade+nos+contratos+internacionais+a+luz+da Saiba mais http://www.pixfolio.com.br/arq/1405350309.pdf TEMA 5 – ARBITRAGEM E CONTRATOS INTERNACIONAIS Tendo em vista o ponto que interessa a ser estudado, dentro da presente Rota de Aprendizagem, a arbitragem é entendida como um meio alternativo de http://www.conjur.com.br/2010-out-16/eleicao-foro-contratos-internacionais-decide-lei-aplicavel http://www.conjur.com.br/2010-out-16/eleicao-foro-contratos-internacionais-decide-lei-aplicavel http://cbar.org.br/site/blog/noticias/valor-economico-clausula-de-eleicao-de-foro-estrangeiro http://cbar.org.br/site/blog/noticias/valor-economico-clausula-de-eleicao-de-foro-estrangeiro http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI227365,101048-A+autonomia+da+vontade+nos+contratos+internacionais+a+luz+da http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI227365,101048-A+autonomia+da+vontade+nos+contratos+internacionais+a+luz+da http://nadiadearaujo.com/wp-content/uploads/2015/03/CONTRATOS-INTERNACIONAIS-NO-BRASIL-POSI%C3%87%C3%83O-ATUAL-DA-JURISPRUD%C3%8ANCIA-NO-BRASIL.pdf http://nadiadearaujo.com/wp-content/uploads/2015/03/CONTRATOS-INTERNACIONAIS-NO-BRASIL-POSI%C3%87%C3%83O-ATUAL-DA-JURISPRUD%C3%8ANCIA-NO-BRASIL.pdf http://nadiadearaujo.com/wp-content/uploads/2015/03/CONTRATOS-INTERNACIONAIS-NO-BRASIL-POSI%C3%87%C3%83O-ATUAL-DA-JURISPRUD%C3%8ANCIA-NO-BRASIL.pdf http://www.cedin.com.br/static/revistaeletronica/volume6/arquivos_pdf/sumario/josue_drebes.pdf http://www.cedin.com.br/static/revistaeletronica/volume6/arquivos_pdf/sumario/josue_drebes.pdf 11 solução de controvérsias em que as partes (contratantes), desde que sejam maiores e capazes e que a matéria verse sobre direitos patrimoniais disponíveis, torna-se possível submeter eventual controvérsia, decorrente de um contrato para a arbitragem. Portanto, quem julgará a ação não será o juiz, mas o árbitro. É importante destacar que, dentro da arbitragem, que está regulamentada pela Lei nº 9.307 de 1996, admite-se a possibilidade de as partes escolherem a lei a ser aplicável. Portanto, concluímos que, dentro dos contratos internacionais, nada mais correto e salutar do que permitir às partes a escolha não somente da lei, mas também da jurisdição que deverão resolver as controvérsias de determinado contrato. Isso é possível através da via arbitral em que se reconhece a autonomia da vontade das partes. Leituras obrigatórias http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCon gresso/074.pdf https://jus.com.br/artigos/60380/judiciario-x-arbitragem-vantagens-e- desvantagens Saiba mais https://www.youtube.com/watch?v=bExrxYU9894 https://www.youtube.com/watch?v=SioUBfBk0VQ https://www.youtube.com/watch?v=qHlqBXVPfL0 TROCANDO IDEIAS Caro aluno, na presente Rota de Aprendizagem, verificamos que, dentro dos contratos internacionais, torna-se muito importante escolher as regras e os procedimentos para reger o contrato, assim como escolher corretamente a http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/074.pdf http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/074.pdf http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14580 http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14580 https://arbitranet.com.br/vantagens-da-arbitragem-x-poder-judiciario/ https://www.youtube.com/watch?v=bExrxYU9894 https://www.youtube.com/watch?v=SioUBfBk0VQ https://www.youtube.com/watch?v=qHlqBXVPfL0 https://www.youtube.com/watch?v=152r9-Xio0U 12 jurisdição para resolver futuros conflitos dentro das relações contratuais. Destarte, existem algumas alternativas, como o uso da arbitragem, possibilitando a escolha da lei a ser aplicável etc., ou mesmo a aplicação da Convenção de Viena sobre Comprae Venda de Mercadorias ou os Princípios UNIDROIT. Concretamente, dentro do tema dos contratos internacionais, em seu ponto de vista, quais as vantagens da arbitragem? Responda em forma de fórum NA PRÁTICA Nesta parte da aula, você já poderá verificar a seguinte questão colocada, para responder com base nos ensinamentos fornecidos em aula e no presente material. Assim, vide a seguinte situação, colocada aqui de forma exemplificativa, e, após, solucione a questão colocada: Uma determinada empresa brasileira, que lida com comunicações, celebrou com a China um contrato internacional versando sobre serviços de informática (compra de softwares chineses). O contrato foi celebrado em Londres, na Inglaterra, e nenhuma cláusula de foro de eleição foi estabelecida pelas partes. Diante dessa situação, questiona-se: entre as leis brasileira, chinesa, inglesa ou a americana, qual será aquela que irá qualificar e reger as obrigações do presente contrato? Lembre-se de consultar a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro para resolver a questão. Resposta da questão na prática: no caso, o aluno deverá levar em consideração os ditames do art. 9º da LINDB, segundo os quais: “para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. No caso em tela, o contrato foi realizado em Londres, na Inglaterra. Portanto, serão aplicáveis ao caso as leis do ordenamento jurídico inglês. SÍNTESE Prezado aluno, nesta Rota de Aprendizagem, estudamos a fundo a questão dos contratos internacionais, os quais, com certeza, farão parte do seu cotidiano profissional. 13 Vale a pena relembrar, dentro da presente Rota de Aprendizagem, os seguintes conceitos e ideias: Noções de contratos internacionais Convenção de Viena sobre Compra e Venda de Mercadorias de 1980 Princípios UNIDROIT Lei aplicável aos contratos internacionais e autonomia da vontade das partes Arbitragem e contratos internacionais REFERÊNCIAS ANNONI, Danielle. Introdução ao direito contratual no cenário internacional. Curitiba: Editora InterSaberes, 2012. GOMES, Eduardo Biacchi. Direito da integração econômica. Curitiba: Editora InterSaberes, 2015. _____; MONTENEGRO, Juliana Ferreira. Introdução aos estudos de direito internacional. Curitiba: Editora InterSaberes, 2016.
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