Buscar

Artigo 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 124 
SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL 
NA ESCOLA 
 
Social Service and Education: Contributions of a Social Worker at School 
 
 
 
Nelma Souza dos SANTOS1 
 
 
 
RESUMO 
O presente estudo parte do pressuposto de que a educação é imprescindível para que todos os 
indivíduos tenham acesso à cultura e possam fazer parte no mundo, compreendendo a realidade em 
que se inserem e transformando suas próprias histórias de vida. Por sua vez, a escola é o local 
privilegiado de acesso à educação e à cultura, mas essa instituição não está isolada das demais, 
portanto influencia e é influenciada pela conjuntura social, política e econômica do país. A partir da 
análise do contexto atual, compreendemos que o processo de ensino e aprendizagem precisa ser 
ressignificado, pois vivemos uma crise na educação e todos os segmentos da sociedade devem 
contribuir para a superação dos impactos de tal crise. Diante disso, o Serviço Social tem muito a 
contribuir. Por isso, enfocaremos a relação entre o Serviço Social, a família e a escola, 
vislumbrando as possibilidades de uma ação interdisciplinar destinada a oportunizar, às crianças e 
aos adolescentes, as condições de que necessitam para se desenvolverem, de modo saudável e 
seguro, preparando-se adequadamente para a vivência da futura cidadania. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social, Educação, Família e Escola. 
 
 
ABSTRACT 
This study assumes that education is essential that all individuals have access to culture and can 
take part in the world, including the reality in which they operate and can transform their own life 
stories. In turn, the school is the prime location for access to education and culture, but this 
institution is not isolated from others; thus influences and is influenced by general social, political 
and economic outlook. From the analysis of the current context, we understand that the process of 
teaching and learning needs to be reframed, because we live in a crisis in education and all 
segments of society should contribute to overcoming the impacts of this crisis. Thus, the Social 
Service has much to contribute. Therefore, we focus on the following relationship between Social 
Work, family and school, seeing the possibilities of an interdisciplinary approach designed to create 
opportunities for children and adolescents with conditions that need to grow healthily and safely 
preparing properly for the experience of future citizenship. 
 
KEYWORDS: Social Services, Education, Family and School. 
 
 
 
 
 
1
 Assistente Social. Especialista em Políticas de Atenção à Criança e ao Adolescente – URI-SLG – 
nelma.dos@bol.com.br 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 125 
A Família como Foco de Atuação do Serviço Social: Possibilidades e Desafios 
 
A família constitui-se como uma das áreas prioritárias de ação dos assistentes sociais, sendo 
o contexto familiar uma fonte de preocupação devido à complexidade de tal ação e também um 
campo rico para intervenções. Especialmente a partir da aprovação da Lei de Regulamentação da 
Profissão, Lei nº 8.662/93, para o Serviço Social, a família passa a configurar uma prática de 
intervenção que implica numa série de exigências para o profissional da área, no campo teórico-
metodológico e ético-político. 
A análise das práticas atualmente desenvolvidas pelos assistentes sociais, tendo como foco 
as famílias, nos permite verificar que tais práticas ainda são, em sua maioria, pautadas nos padrões 
de normatividade e estabilidade. Tira-se de foco a discussão da família, no contexto de uma 
sociedade desigual e excludente, e fortalece-se, direta ou indiretamente, uma visão da família como 
produtora de patologia; busca-se a “pacificação artificial” das famílias. 
Gentilli (1998), ao analisar a questão da identidade e do processo de trabalho no Serviço 
Social, afirma que, no discurso dos assistentes sociais, existe uma indiscriminação generalizada dos 
instrumentos, metodologias e atividades profissionais. 
Conforme a autora, os assistentes sociais têm uma vivência impressionista da realidade e, à 
medida que possuem leituras teóricas imprecisas, mantêm vivas representações teóricas anteriores 
que se recompõem com representações profissionais mais atualizadas. 
As concepções tradicionais de família persistem no imaginário de muitos profissionais. 
Nesse sentido, Mioto (2001) argumenta que se espera um mesmo padrão de funcionalidade das 
famílias, independente do lugar em que estão localizadas na linha da estratificação social, padrão 
este calcado em postulações culturais tradicionais, referentes, principalmente, aos papéis de pai e de 
mãe. Assim, a análise da prática profissional com famílias pode acontecer a partir de diferentes 
perspectivas, dentre elas o percurso histórico da profissão, o seu papel na divisão sócio-técnica do 
trabalho e de seus condicionamentos macro-estruturais, da formação profissional e da 
responsabilidade dos assistentes no processo de apropriação do projeto ético-político da categoria. 
Em seu cotidiano, os assistentes sociais desenvolvem ações que necessitam adaptar-se às 
especificidades apresentadas pela realidade de cada constelação familiar. No entanto, continuam 
sendo tratadas de forma indiferenciada. São elas: ações sócio-educativas, ações sócio-terapêuticas, 
ações periciais, ações sócio-assistenciais, ações de acolhimento e apoio sócio-institucional. 
Tal constatação deve mobilizar os profissionais da área a buscarem o enfrentamento do 
desafio de buscar metodologias que concebam a família como um grupo com necessidades próprias 
e únicas. A prática profissional do assistente social leva-o a encontrar formas de atendimento mais 
eficazes e efetivas, superando as visões fragmentadas e lineares. 
O processo de trabalho no Serviço Social, é pautado no profissional. Esse instrumental não 
compreende apenas o arsenal de técnicas utilizadas para a efetivação do serviço, mas também o 
arsenal teórico-metodológico (conhecimento, valores, herança cultural, habilidades). De acordo 
com Iamamoto (1998, p. 43), essa base teórico-metodológica é constituída pelos “recursos 
essenciais que o assistente social aciona para exercer o seu trabalho”, a fim de iluminar a leitura da 
realidade, relacionar melhor sua ação e moldá-la. 
Nesse ínterim, a atualização e a formação continuada são fatores imprescindíveis, 
objetivando oferecer respostas profissionais às demandas oriundas dos processos sociais, próprios 
da dinâmica da sociedade brasileira. No entanto, essa busca ocorre, majoritariamente, a partir das 
exigências colocadas no contexto dos serviços onde trabalham, isto é, os assistentes sociais 
procuram aprofundar seus conhecimentos para atender às demandas colocadas pelos locais de 
trabalho. Conforme Mioto (2002), embora, por um lado, essa capacitação mereça destaque, por 
outro lado, ela pode indicar um afastamento das discussões circunscritas na esfera da profissão, na 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 126 
atualidade, tais como: o processo de trabalho, o projeto ético-político, entre outros. 
Com Sarti (2004), compreendemos que a família, enquanto primeira instituição por meio da 
qual se começa a ver e a significar o mundo, adquire papel primordial no desenvolvimento dos 
sujeitos, processo este que se inicia ao nascer e se estende ao longo da vida. Ou seja, é na família 
que as crianças e jovens começam a compreender o mundo no qual estão chegando e é neste espaço 
que recebem as primeiras instruções e as noçõesbásicas no que é considerado certo e do que é tido 
como equivocado na vida em sociedade, neste momento histórico-cultural. 
As crianças vivem o seu meio a partir de quatro espaços/lugares, os quais são: a família, a 
escola, os espaços de lazer e os espaços criados por elas próprias. Estes espaços/lugares só fazem 
sentido para as crianças porque estão associados às relações sociais, pautadas pelas amizades, lutas 
por poder, negociações, trocas e aprendizagens inter e intra-geracionais. 
Cabe destacar que a família aparece como demanda para o Serviço Social quando ocorre 
algum problema ou conflito na função social, ou seja, quando a família, por um certo motivo, não 
conseguir cumprir o seu papel. 
Deve-se apreender a família do ponto de vista teórico, com um pensamento crítico, 
desvelado à realidade, analisando as relações de totalidade e, principalmente, considerando as 
determinações históricas, para não culpabilizá-la e nem fazer uma psicologização das questões que 
são sociais. Para se ter uma visão crítica de família, é preciso analisá-la como uma construção 
histórica. A ação do assistente social deve ser transformadora, buscando a emancipação e o 
autodesenvolvimento da família. O profissional deve atuar nas demandas, sendo que as mesmas 
deverão providenciar respostas. 
As demandas institucionais que são demandas objetivas, imediatas, devem ser respondidas 
com o desenvolvimento e a utilização de instrumentos (meios) para atingir seus objetivos. Estes 
instrumentos podem ser os bens, serviços, benefícios, programas e projetos, porém, o âmbito da 
ação profissional deve transcender à demanda institucional, passando, assim, para a demanda sócio-
profissional. Compreender as demandas na sua totalidade, as suas contradições, a sua relação com a 
sociedade permite ao assistente social se articular, criar meios para que a família crie condições para 
cumprir a sua função social. 
O assistente social, como um profissional que tem como seu objeto de intervenção as 
necessidades sociais, deve intervir nas expressões da questão social. Tais expressões rebatem no 
campo de trabalho como uma consequência do sistema que fundamenta o capitalismo, aparece no 
sujeito individual e/ou coletivo em situação de vulnerabilidade social e pessoal. É no âmbito da 
família que se encontram o maior número de demandas, e é nela também que deve estar a ação do 
assistente social. 
É necessário, pois, problematizar e desnaturalizar as formas de discriminação, garantindo os 
direitos dos cidadãos e possibilitando a sua autonomia, como está previsto no projeto ético-político 
profissional. Para tanto, a articulação com o Estado e organizações que tenham o mesmo objetivo 
diante desta situação, torna-se indispensável na busca de ações políticas que assegurem a efetivação 
dos direitos. 
Dentre as atribuições do assistente social, encontra-se a tarefa de lutar pela participação 
social, emancipação, autonomia (ética, política, moral, cultural), desenvolvimento dos sujeitos 
sociais e, principalmente, pela ampliação dos direitos sociais e da cidadania, investindo assim nas 
potencialidades dos usuários, caminhando sempre na busca da liberdade política, econômica e 
cultural. 
Um aspecto digno de nota é que o agir do profissional da área parte de sua formação, 
fortemente embasada nas diretrizes curriculares, com seu fundamento na teoria social-crítica, 
visando a constituição de um perfil teórico-crítico (tem que ter capacidade para fazer uma leitura 
crítica da realidade), técnico-operativo (profissional interventivo, que tem um arsenal de técnicas e 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 127 
instrumentos que possibilitam a intervenção) e ético-político (o agir tem uma intenção, tem valores 
do código de ética). Tendo assim uma práxis transformadora que supere o imediatismo. 
Somente a partir de uma formação com estes contornos, o assistente social poderá 
compreender a família como instituição dinâmica, diferenciada e complexa. Assim sendo, o 
profissional irá, num primeiro momento, procurar entender o processo singular de formação de cada 
instituição familiar, o qual resulta de construções sociais e da vivência das transformações sócio-
históricas, tendo a função de proteção, socialização de seus membros, de referência moral e 
principalmente por ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e 
com o Estado. As famílias que não conseguem cumprir este papel entram nos processos de exclusão 
social, tornando-se assim demanda para o Serviço Social. 
Cabe ao profissional procurar a desmistificação dos conceitos de família, presentes na 
sociedade, e agir interventivamente nas suas demandas, buscando possibilitar a sua emancipação e 
autodesenvolvimento para que esta possa efetivar a sua função social. Com base no exposto, vale 
considerar que a atuação do assistente social junto às famílias pode ser decisiva na resolução de 
problemáticas, auxiliando também na sua vinculação com a família e com a escola para 
potencializar as oportunidades de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. Por isso, 
abordaremos, a seguir, o papel do Serviço Social na instituição escolar. 
 
 
Serviço Social e Escola: Interação Possível e Construtiva 
 
Hannah Arendt (1972) considera que a escola é a instituição pela qual interpomos entre o 
domínio privado do lar e o mundo com o fito de fazer que seja possível a transição, de alguma 
forma, da família para o mundo. Trata-se, pois, da instituição responsável por introduzir as novas 
gerações na cultura historicamente construída. 
Podemos defini-la como uma instituição social formadora do conhecimento humano, o qual 
é trabalhado no contexto escolar com a realidade social do aluno, que busca sanar seus problemas e 
necessidades sociais. Por isso é importante realizar um diagnóstico familiar e aproximar mais o 
cotidiano familiar com o escolar. Deste modo, a escola é uma instituição preparada para 
desenvolver os valores sociais dos sujeitos (alunos e familiares), sendo capaz de prepará-los para 
viver em sociedade. Dá-se, então, a importância do trabalho com grupos de famílias no contexto 
escolar enfatizando o fortalecimento e encaminhamento para o indivíduo aprender a viver em 
sociedade, tanto as crianças quanto os adolescentes, assim como seus pais e/ou responsáveis. 
A educação, como é uma política pública que procura desenvolver o senso crítico do aluno, 
deve conhecer e respeitar a realidade social, cultural e econômica dos alunos, tendo um 
conhecimento geral da comunidade na qual o educando encontra-se inserido. Assim, o Serviço 
Social é inserido na escola com o intuito de contribuir com as ações de inclusão social, de formação 
da cidadania e emancipação dos sujeitos, para que, juntos, possam trabalhar com a educação, com a 
consciência, com a oportunidade de que as pessoas tornem-se sujeitos de sua própria história. Para 
Santos (2011) apud Amaro (1997) os Educadores e Assistentes Sociais compartilham desafios 
semelhantes, e tem na escola como ponto de encontro para enfrentá-los. Tem-se a necessidade de 
fazer algo em torno dos problemas sociais que repercutem e implicam de forma negativa no 
desempenho do aluno e leva o educador pedagógico a recorrer ao Assistente Social. 
A contribuição do fazer profissional do Serviço Social aos profissionais da Educação é no 
sentido de auxiliar e facilitar o enfrentamento de questões sociais, as quais dificultam na 
aprendizagem do aluno, tais como violência, infrequência na escola, drogadição, desavenças 
familiares, entre outras questões. 
Na visão de Martinelli (1998), o Serviço Social é uma profissão que trabalha no sentido 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 128 
educativo derevolucionar consciências, de proporcionar novas discussões, de trabalhar as relações 
interpessoais e grupais. Assim, a intervenção do assistente social é uma atividade veiculadora de 
informações, trabalhando em consciências, com a linguagem que é a relação social. Nesse item, 
percebemos a importância para o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar na Educação, o qual 
possibilita a articulação e operacionalização entre as equipes que buscam estratégias para intervir na 
realidade. 
Para Almeida (2000, p. 74), o campo educacional torna-se, para o assistente social hoje, não 
apenas um futuro campo de trabalho, mas sim um componente concreto do seu trabalho em 
diferentes áreas de atuação, que precisa ser desvelado. Encerra a possibilidade de uma ampliação 
teórica, política, instrumental da sua própria atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais 
que expressam na esfera da cultura e do trabalho. 
É no cotidiano da escola e da família que se apresentam as diferentes expressões da questão 
social, como desemprego, subemprego, trabalho infanto-juvenil, baixa renda, fome, desnutrição, 
problemas de saúde, habitações inadequadas, drogas, pais negligentes, família multiproblemáticas, 
violência doméstica, pobreza, desigualdade social, exclusão social, dentre outras manifestações. O 
enfrentamento destas demandas evidencia a inserção do profissional do Serviço Social, com o 
objetivo de cooperar para a resolução destas e de outras problemáticas que desafiam a escola, a 
família e a sociedade como um todo. 
Iamamoto (1998, p. 75) afirma que o desafio é re-descobrir alternativas e possibilidades para 
o trabalho profissional no cenário atual, traçando horizontes para a formulação de propostas que 
façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam, 
não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua 
humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho profissional 
contemporâneo. 
Na escola, o papel do profissional do Serviço Social incide sobre o modo de viver e de 
pensar da comunidade escolar, a partir das situações vivenciadas no cotidiano da escola e 
dialogando com a consciência dos seus usuários. 
Na opinião de Santos (2011), 
 
A escola, enquanto equipamento social, precisa estar atenta para as mais diferentes 
formas de manifestação de exclusão social, incluindo-se desde questões que vão de 
violência, atitudes discriminatórias, de etnia, do gênero, de sexo, de classe social, etc., 
reprovações, até a evasão escolar, que muitas vezes é provocada pela necessidade do aluno 
de trabalhar para contribuir na renda familiar. E é nesse contexto que se apresenta o 
fracasso escolar, pois mais do que nunca, a escola atual tem o dever de estar alerta à 
realidade social do aluno. 
 
Santos (2011) apud Almeida (2000) elucida que as demandas provenientes do setor 
educacional, no que se refere a sua ação ou ao fazer profissional do Serviço Social, recaem em 
diversas situações. Tem-se assim necessidade do trabalho com crianças e adolescentes, através de 
projetos, como o Apoio Sócio-Educativo em Meio Aberto (ASEMA), como prevê o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA, 1990). Inclui-se, neste contexto, a importância na participação das 
famílias, por meio do desenvolvimento de ações, como trabalho de grupo e, muitas vezes, com os 
próprios professores da Unidade de Ensino, podendo, ainda, promover reuniões interdisciplinares 
para decisões e conhecimento a respeito de determinadas problemáticas enfrentadas pela 
comunidade escolar. Isso tudo, sem deixar de lado a ação junto ao campo educacional, mediada 
pelos programas e ações assistenciais que têm marcado o trabalho dos profissionais do Serviço 
Social. 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 129 
Conforme o CFESS2, os problemas sociais a serem combatidos pelo profissional do Serviço 
Social na área da educação são o baixo rendimento escolar, a evasão escolar, o desinteresse pelo 
aprendizado, os problemas com indisciplina, a insubordinação a qualquer limite ou regra escolar, a 
vulnerabilidade às drogas; as atitudes e comportamentos agressivos e violentos (CFESS, 2001, p. 
23). 
A resolução das problemáticas sociais que chegam ao contexto escolar e demandam por 
ações conjuntas e eficazes, requer, especialmente dos profissionais do Serviço Social, a busca de 
estratégias que assegurem o ingresso, regresso, permanência e sucesso da criança e adolescente na 
escola; favoreçam a relação família-escola-comunidade, ampliando o espaço de participação destas 
na escola, incluindo a mesma no processo educativo; oportunizem a ampliação da visão social dos 
sujeitos envolvidos com a educação, decodificando as questões sociais; proporcionem a articulação 
entre educação e as demais política sociais e organizações do terceiro setor, estabelecendo 
parcerias, facilitando o acesso da comunidade escolar aos seus direitos (MARTINS, 1999, p. 60). 
Refornçando essa ideia, lembra Santos: 
 
É de extrema importância que o profissional do Serviço Social, inserido na escola, 
saiba trabalhar com programas visando à prevenção e não dispender o seu tempo 
meramente com a efervescência dos problemas sociais. Na escola, o assistente social deve 
ser o profissional que precisa se preocupar em promover o encontro da educação com a 
realidade social do aluno, da família e da comunidade, a qual ele esteja inserido. (...) 
Acredita-se que uma das maiores contribuições que o Serviço Social pode fazer na área 
educacional é a aproximação da família no contexto escolar. É intervindo na família, 
através de ações ou de trabalhos de grupo com os pais, que se mostra a importância da 
relação escola-aluno-família. O assistente social poderá diagnosticar os fatores sociais, 
culturais e econômicos que determinam a problemática social no campo educacional e, 
consequentemente, trabalhar com um método preventivo destes, no intuito de evitar que o 
ciclo se repita novamente (SANTOS, 2011). 
 
Para Martins (1999, p. 70) as atribuições do Serviço Social aplicado à escola são: melhorar 
as condições de vida e sobrevivência das famílias e alunos; favorecer a abertura de canais de 
interferência dos sujeitos nos processos decisórios da escola (os conselhos de classe; ampliar o 
acervo de informações e conhecimentos, a cerca do social na comunidade escolar; estimular a 
vivência e o aprendizado do processo democrático no interior da escola e com a comunidade; 
fortalecer as ações coletivas; efetivar pesquisas que possam contribuir com a análise da realidade 
social dos alunos e de suas famílias; maximizar a utilização dos recursos da comunidade; contribuir 
com a formação profissional de novos assistentes, disponibilizando campo de estágio adequado às 
novas exigência do perfil profissional. O Serviço Social, na escola, objetiva contribuir com a 
problemática social que é perpassada no cotidiano da comunidade escolar – alunos, professores, 
pais trabalhando com projetos que promovam a cidadania do aluno, tanto com a família como na 
escola e comunidade em geral. 
A inserção na Política de Educação representa para o Serviço Social uma possibilidade de 
contribuir para a efetivação do direito à educação por meio de ações que promovam o acesso e a 
permanência da população na escola, assim como a qualidade dos serviços no sistema educacional. 
Para Gomes (2010), a inserção do assistente social na educação justifica-se a partir de uma 
compreensão ampla do processo de ensinar e aprender, contemplando as dimensões cognitiva, 
afetiva e social. Esta última é o alvo primordial do Serviço Social. 
A escola é um dos espaços sociais em que se revelam as contradições do sistema capitalista, 
as quais se manifestam em inúmeras expressões da questão social, comoviolência, negligência, uso 
 
2
 Conselho Federal de Serviço Social. 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 130 
de drogas, falta de acesso a serviços de saúde e de assistência social, falta de proteção à infância e à 
juventude. A partir dessa constatação, é possível afirmar que o social pode interferir, de forma 
expressiva, na qualidade da aprendizagem, especialmente se a realidade do aluno não for 
compreendida pela escola. 
Assim, o conhecimento específico do assistente social sobre a questão social, somado e 
integrado à especificidade dos demais profissionais, tem somente a contribuir de forma relevante 
para a qualificação do processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a aproximação à realidade 
social do aluno, o entendimento sobre a dinâmica familiar e a contextualização ao corpo docente 
são estratégias fundamentais para o atendimento às necessidades de aprendizagem. 
Conforme Gomes (2010, p. 16), 
 
Outra estratégia indispensável a compor o processo de trabalho do assistente social 
na Educação consiste na articulação com a rede social. O conhecimento acerca dos recursos 
existentes e da realidade da região em que se situa a escola, se constitui numa ação basilar 
do trabalho profissional nesse espaço, com vistas ao levantamento de alternativas para 
atendimento às necessidades sociais de alunos e suas famílias, bem como para inserção nas 
construções coletivas de fomento às políticas públicas e sociais da região. Desse modo, o 
assistente social acaba, também por favorecer a aproximação da escola com a comunidade, 
tornando-a mais presente e participativa no meio social em que atua. 
 
A articulação entre as famílias e a escola é uma das tarefas primordiais do assistente social, 
desenvolvendo contatos com os pais e responsáveis, a fim de estreitar os vínculos destes com a 
instituição educacional e reforçar o senso de responsabilidade destes pelo desenvolvimento e pela 
aprendizagem dos filhos. A partir do conhecimento de dinâmicas de grupo, o assistente social pode 
facilitar o fluxo de demandas, críticas, sugestões, provenientes das famílias, coletar dados e 
informações para subsidiar as reflexões dos professores e da coordenação pedagógica. Esse trabalho 
deveria ser concebido e executado de comum acordo entre o assistente social e a implementação de 
ações que se complementem. 
Sendo o contexto escolar uma espécie de micro sociedade, contendo, em seu meio, as 
marcas dos conflitos de interesses, expressões de necessidades, além do corporativismo que 
(de)marca as relações sociais na escola, torna-se necessário, ao assistente social, compreender essas 
disputas e intervir no processo, não no sentido de buscar anular esses conflitos, mas, muito mais, no 
sentido de contribuir para (des)velar as suas raízes e explicitá-las nas reuniões pedagógicas como 
parte inerente daquele grupo. 
A aceitação do papel e das contribuições do assistente social no meio escolar relaciona-se 
com a demonstração prática de competências e habilidades úteis para os coletivos escolares. Um 
exemplo refere-se à orientação e ao acompanhamento dos alunos fora da sala de aula, especialmente 
no momento em que eles expressam dúvidas sobre suas trajetórias escolares e encaminhamentos 
para o mercado de trabalho, bem como para a constituição das suas formas de organização, como o 
Grêmio Estudantil. 
O assistente social pode atuar, também, junto ao Colegiado da escola, não como membro 
eletivo, com direito a voz e voto, mas como assessoria, no sentido de pensar e propor alternativas 
diante de problemas e demandas de decisões, típicas dessa instância organizacional. O contato 
direto com todas essas realidades (colegiado, grêmio, corpo docente) proporcionará, ao assistente 
social, os caminhos para a inserção mais natural no espaço escolar, para a percepção dos problemas 
e a elaboração de ações de intervenção de maneira mais qualificada e própria da formação deste 
profissional. 
Algumas distinções, em termos das funções específicas do profissional da assistência social, 
devem ser levadas em conta para se evitar colisão e/ou justaposição de funções entre o assistente 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 131 
social e outros segmentos que trabalham na escola. Por exemplo, a função da Coordenação 
Pedagógica deve ser entendida como o processo integrador e articulador de ações pedagógicas e 
didáticas desenvolvidas na escola. O assistente social deve desenvolver ações que possam caminhar 
junto com a Coordenação Pedagógica, porém, articulando contatos com as famílias, diagnosticando 
as condições sócio-econômicas, culturais, profissionais, a fim de detectar casos específicos, 
relacionados às questões sociais que interferem na aprendizagem do aluno. 
Ao assistente social, pela sua própria formação, cabe, por exemplo, estabelecer contatos com 
as famílias e o Conselho Tutelar Regional, bem como promover cursos de capacitação aos pais e 
professores acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente, além de acompanhar e encaminhar 
problemas mais evidentes de casos sociais. 
A atuação interdisciplinar, incluindo nas equipes das escolas o profissional do Serviço 
Social, pode ser decisiva para a superação de problemas socioeducacionais contemporâneos porque 
o assistente social, por meio de sua prática, amplia, contribui e está comprometido com a 
democracia e o acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos. 
A prática profissional do assistente social não está firmada sobre uma única necessidade; sua 
especificidade está no fato de atuar sobre várias necessidades. Para que esta prática contribua no 
processo educacional, é preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as 
dimensões estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, deve estar no conhecimento da realidade 
em sua totalidade. 
Salientamos a preocupação de que a implantação do Serviço Social nas escolas públicas 
ocorra de “forma gradativa e articulada às redes e aos profissionais dos diversos setores sociais”. 
Também, a identificação dos estabelecimentos de ensino, as localidades ou regiões onde esta 
experiência deverá ser iniciada. 
O trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais não se confunde ao dos educadores. Em 
que pese a dimensão sócio-educativa de suas ações, sua inserção tem se dado no sentido de 
fortalecer as redes de sociabilidade e de acesso aos serviços sociais e dos processos sócio-
institucionais, voltados para o reconhecimento e aplicação dos direitos dos sujeitos sociais. Sua 
inscrição na organização do trabalho coletivo nas instituições educacionais não tem se sobreposto a 
de nenhum outro profissional, visto que o estreitamento da interface entre a política educacional 
com outras políticas sociais setoriais tem, historicamente, levado ao reconhecimento da necessidade 
de uma atuação teórica e tecnicamente diferenciada daquelas desempenhadas pelos professores e 
profissionais da educação de um modo em geral. 
 
 
O Trabalho do Assistente Social, Inserido na Equipe Interdisciplinar da Escola 
 
O Serviço Social é uma profissão histórica e socialmente determinada, que atua nas variadas 
expressões da questão social. Tem, como um dos seus princípios, a ampliação e consolidação da 
cidadania; por meio desse trabalho, o Serviço Social busca uma abordagem ao usuário como 
cidadão e sujeito de direito e integrante de diferentes segmentos da classe trabalhadora. 
O assistente social desenvolve sua intervenção pautada no Código de Ética da profissão, e 
em consonância com os princípios do Sistema Único da Assistência Social - SUAS, que visa à 
universalidade, integralidade, equidade, participação social e à descentralização.O profissional de 
Serviço Social necessita ter uma visão ampla da situação, procurando não tomar partido e, sim, 
entender a necessidade de cada parte, juntando-as. Para se ter essa visão ampla, é necessário que o 
assistente social tenha um conhecimento do histórico de cada situação, ou seja, na escola, conheça o 
diagnóstico da família para conhecer a origem do elemento em estudo. 
Para que se tenha um resultado vantajoso da equipe interdisciplinar, no âmbito escolar, 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 132 
torna-se necessário que o assistente social deixe bem claro o diagnóstico obtido no âmbito familiar, 
para que a equipe possa desenvolver um trabalho vantajoso e positivo, levando-a a pensar em como 
abordar tal situação e de que forma fazer com que possam entender “o porquê” se deve seguir 
uma orientação. Qual a melhora que refletirá no desenvolvimento de seu(ua) filho(a). E quanto 
à insatisfação por parte da família com a equipe, é necessário que o assistente social possa acolhê-la 
e saber ouvir, observar e entender qual é a queixa e a insatisfação, levando sempre um retorno do 
que se foi detectado. 
No que se refere às práticas de intervenção social, faz-se necessário uma postura 
interdisciplinar. A ação social, seja ela comunitária, institucional ou governamental, interfere, quase 
sempre, nas condições materiais de vida da população na cidade. A intervenção social, fruto de uma 
concepção e práxis interdisciplinar, rompe o reducionismo ativista da ciência, já que vê a produção 
do conhecimento como um espaço de complementação entre áreas, saberes empíricos e científicos. 
Estamos tratando de uma intervenção prática que se concretiza por meio da convergência das várias 
especializações das ciências humanas. Abordar a área social é reunir saberes para uma interlocução 
pronta a construir estratégias que não se reduzam aos seus próprios conhecimentos. Sobre isto, 
Rodrigues diz: 
 
[...] a interdisciplinaridade, favorecendo o alargamento e a flexibilização no âmbito 
do conhecimento, pode significar uma instigante disposição para os horizontes do saber. 
(...) Penso a interdisciplinaridade, inicialmente, como postura profissional que permite se 
pôr a transitar o “espaço da diferença” com sentido de busca, de desenvolvimento da 
pluralidade de ângulos que um determinado objeto investigado é capaz de proporcionar, 
que uma determinada realidade é capaz de gerar, que diferentes formas de abordar o real 
podem trazer” (RODRIGUES, 1998, p. 156). 
 
Em relação às especificidades das profissões e as especialidades das áreas, a 
interdisciplinaridade extrai o novo e diferente dos conhecimentos elaborados sobre o objeto de uma 
referida prática. Possibilita o pluralismo de contribuições, visando um entendimento profundo deste 
objeto e prática, visto que é assimilada como “postura profissional”. 
O Serviço Social está ligado a outras áreas e isto é importantíssimo para seu 
desenvolvimento, pois o isolamento seria prejudicial para a abrangência de sua prática social. 
Podemos dizer que a interdisciplinaridade desenvolve-o, flexiona-o e viabiliza a interação com o 
diferente. Ela possibilita o rompimento dos vícios e preconceitos existentes na profissão. Ensina 
também a pensar e ver diferente a metodologia. Para Etges (1993) apud Rodrigues (1998, p. 157), a 
interdisciplinaridade deixa o cientista livre da “rigidez e a fixação em mundos que julgava 
absolutos” (apud Rodrigues, 1998, p. 157). Possibilita a diferenciação, criatividade e uma postura 
profissional que não é simplista. Ela exige um saber ético, técnico e profissional. 
O assistente social, tem em seu trabalho influência de vários determinantes, como o 
econômico, cultural, político, geográfico, além da sociedade civil e do Estado, que exigem, do 
profissional, um conhecimento detalhado da realidade na qual está inserido. Isto exige dos 
assistentes sociais uma intervenção prática que tem como requisito, a posse de informações e a 
análise conjuntural. 
Os assistentes sociais devem ser críticos, propositivos; devem estar atentos a todas as 
possibilidades que o movimento da realidade apresenta, estabelecer parcerias, em concordância com 
o projeto político profissional mais abrangente da sociedade. Neste sentido, a postura 
interdisciplinar é condicional às atividades do assistente social. Por isso, 
 
é necessário que o profissional envolvido em trabalhos interdisciplinares funcione como um 
pêndulo, que ele seja capaz de ir e vir: encontrar no trabalho com outros agentes, elementos 
para a (re)discussão do seu lugar e encontrar nas discussões atualizadas pertinentes ao seu 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 133 
âmbito interventivo, os conteúdos possíveis de uma atuação interdisciplinar (MELO e 
ALMEIDA, 1999, p. 235). 
 
As ações em parceria devem funcionar como fertilizantes para a produção de conhecimento 
no processo de ir e vir das relações e demandas profissionais. Devem trazer para a intervenção 
profissional, a possibilidade do pluralismo e da equidade, princípios fundamentais da profissão de 
Serviço Social. 
O projeto interdisciplinar não é produzido através de receita de sucesso, mas por meio de 
condicionantes entre os profissionais. É por isso que a interdisciplinaridade encontra limites no 
cotidiano de nossa história de vida e profissional. 
A autonomia profissional é assegurada por meio de uma função técnica e política, que impõe 
ao profissional um saber fazer bem, ou seja, o domínio de seu conteúdo teórico, a clareza de seus 
objetivos e os da instituição em que trabalha. Uma reflexão crítica constante é exigida sobre seu 
próprio atuar, como também sobre a realidade social. Esse saber fazer bem apresenta-se como 
competência, que requer, dos técnicos a posse de estratégias, as quais possibilita trabalhar com os 
limites e alternativas dentro de um posicionamento técnico, competente e compromissado. 
A inserção do assistente social na equipe interdisciplinar da escola ocorre, portanto, como 
um adicional importante, podendo contribuir com seus conhecimentos e práticas. Nas reuniões 
pedagógicas por exemplo, em que se reúnem os membros de equipe diretiva, coordenadores 
pedagógicos, orientadores educacionais e professores para discutir as problemáticas e elaborar 
projetos pedagógicos, o assistente social pode participar como elemento integrador, trazendo 
propostas baseadas em seu conhecimento sobre a realidade das famílias e dos educandos. 
Outro exemplo concreto da possibilidade de atuação interdisciplinar do assistente social no 
contexto escolar encontra-se na articulação com os demais profissionais tendo em vista a realização 
da pesquisa socioantropológica, visando a compreensão do entorno da escola e dos desafios a serem 
enfrentados para que a comunidade escolar possa avançar. Juntos, docentes, equipe diretiva, 
orientadores, coordenadores pedagógicos e assistentes sociais podem desenvolver a pesquisa 
socioantropológica, conhecendo a fundo o seu contexto de inserção e ampliando o diálogo entre os 
distintos segmentos que compõem a comunidade escolar. 
Diante do exposto, constatamos que as equipes interdisciplinares podem contribuir para a 
constante melhoria e aperfeiçoamento do processo educativo. Para tanto, é imprescindível que a 
sociedade como um todo esteja ciente da relevância da inserção do assistente social nas equipes 
interdisciplinares, especialmente no tangente à escola. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira. O Serviço Social na educação. In: Revista Inscrita, nº 6. Brasília, 
2000. 
AMARO, Sarita Teresinha Alves. Serviço Social na escola: o encontro da realidade com a 
educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997.ARENDT, Hannah. A Crise da Cultura. In: ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São 
Paulo: Perspectiva, 1972. 
BRASIL. Lei 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. ECA. Porto Alegre: CRESS, 2000. 
CFESS. Serviço Social na Educação. Grupo de estudos sobre o Serviço Social na Educação. 
Brasília: 2001. 
ETGES, N.J. Produção do conhecimento e Interdisciplinaridade. In: Educação Realidade. Porto 
Alegre, jul/dez, UFRGS, 1993. 
Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI 
ISSN 1809-1636 
 
 Vivências. Vol.8, N.15: p.124-134, Outubro/2012 134 
GENTILLI, R. Representações e Práticas. São Paulo, Vera, 1998. 
GOMES, Vanessa Lidiane. O Serviço Social na Educação. Jornal do Conselho Regional de 
Serviço Social – 10ª Região. CRESS Informa, nº 92, Out, 2010, p. 16. 
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1998. 
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: Ensaio crítico. São 
Paulo, Cortez, 1992. 
MARTINELLI, Maria Lúcia. O Serviço Social na transição para o próximo milênio: desafios e 
perspectivas. In: Serviço Social & Sociedade, nº 57. São Paulo: Cortez, 1998. 
MARTINS, Eliana Bolorino Canteiro. O Serviço Social na área da Educação. In: Revista Serviço 
Social & Realidade. V 8 Nº 1. UNESP, Franca: São Paulo, 1999. 
MIOTTO, R. C. T. Novas Propostas e Velhos Princípios: subsídios para a discussão da assistência 
às famílias no contexto de programas de orientação e apoio sócio-familiar. Revista Fronteiras. 
Montevideo, n° 4p. 93-102, 2001. 
____. Reconstruindo o processo, a construção de uma outra cartografia para intervenção 
profissional dos assistentes sociais com famílias. Projeto de Pesquisa. Florianópolis, 2002, 20p. 
subsídios para a discussão da assistência às famílias no contexto de programas de orientação e apoio 
sócio-familiar. Revista Fronteiras. Montevideo, n° 4p. 93-102, 2001. 
RODRIGUES, Maria Lúcia . O Serviço Social e a perspectiva interdisciplinar. In Martinelli, M. L. 
e outros(org). O Uno e o múltiplo nas relações entre as áreas do saber. São Paulo: Cortez/ Educ, 
1998. 
SANTOS, André Michel dos. As contribuições do Serviço Social para a realidade escolar do 
Brasil. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/as-contribuicoes-servico-
social-para-realidade-escolar-.htm> Acesso em 15/04/2011. 
SARTI, C. A. A família como ordem simbólica. Psicologia USP. V. 15, n. 3, p. 11-28, 2004.

Continue navegando