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IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil Inserção da Mulher na Construção Civil e Assédio Moral e Sexual no Ambiente Laboral. Eric Leite de Miranda1, Milena Santos 2, Wesla Carvalho Santos3. 1Instituto Federal de Sergipe,ericleitedemiranda@gmail.com. 2 Instituto Federal de Sergipe, sherajademilly@gmail.com. 3 Instituto Federal de Sergipe, weslabc@gmail.com. Resumo. O presente artigo tem por objetivo apresentar o tema sobre a inserção da mulher na construção civil e conhecer o que é assédio moral e sexual no ambiente laboral, apontar características, e os possíveis prejuízos da prática, que não se restringem somente para as vítimas, mas também que podem repercutir e prejudicar a organização. E ressaltar a importância da necessidade do fortalecimento da prerrogativa que as mulheres devem seus direitos respeitados, afim de assegurar o direito a conquista do seu espaço e permanência na construção civil e reflexão de valores, para conscientização e esclarecimento de atitudes que inibem o exercício da igualdade no exercício da profissão. Para realização da pesquisa foi elaborado um questionário e aplicado a 18 trabalhadores de uma empresa de construção civil e pessoas que ja trabalharam no campo de obras. Com a finalidade de identificar, partindo do pressuposto que existem, os tipos de assédio recebido ou presenciado, enfatizando as trabalhadoras da construção civil Palavras-chave: Construção civil, inserção, mulher, reflexão, assédio, ambiente laboral. Abstract: This article aims to introduce about woman insertion at civil construction, and make known, what is moral and sexual harassment at work environment, display features, and the possible practices damages, that are not only restrict to victims, but can also harm the organization. And emphasize the need matter of empowerment of prerogative that women should have your rights respected, in order to assure the achievement right of the space and endurance on civil construction and afterthought of worths, for awareness and attitudes enlightenment that inhibit the exercice of equality on career practice. For the research accomplishment, a questionnary was prepared and applied to 18 workes of a construction company and people tha already have worked in construction site, with de scope of identify, starting from the prerogative that exists, The sort of harassment recieved or witnessed, emphasizing the women workes on civil construction.. Key-words: civil construction, insertion, woman, afterthought , harassment, work environment. 1. INTRODUÇÃO O setor da construção civil tem um forte papel na economia brasileira e tem uma grande capacidade de agregar mão de obra dos diversos setores tanto diretamente ligada a obra quando aos setores de indústria e comércio. Dessa mão de obra a maior parte, nesse setor, é masculina, entretanto é notável a crescente ascensão da quantidade de trabalhadoras adentrando ao ramo. Contudo apesar do avanço da presença feminina no setor, há fatores que intricam o ingresso e permanência de parcela das mulheres no ramo, por organizações, que dificultam a admissão de mulheres, através da distinção no processo seletivo, podendo ser expresso por questões sobre a maternidade ou a pretensão em gerar filhos e utilizando isso como fator eliminatório. IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil Há problemas que se resumem não somente ao campo da admissão, mas também que podem estar presentes no convívio laboral do universo masculino e feminino, mas que podem diferenciar quanto a sua incidência, a saber o assédio, que dividimos em assédio moral e também o sexual. Ambos são categorias de violência que tem o poder de gerar algum tipo de dor física ou moral ás vítimas, podendo resultar em depressões, crises e outros problemas. A pesquisa em questão se justifica pela importância do estudo sobre esses agravantes e as formar que ele se apresenta, considerando que o estudo pode se tornar contribuição para discursão e reflexão de valores, para conscientização e esclarecimento de atitudes que inibem o exercício da igualdade no exercício da profissão. Visando esclarece essas atitudes, foi necessário levantar literatura sobre o tema em questão e apresentar de forma simplificada, associando com os dados que foram coletados através do questionário preparado, afim de identificar, partindo do pressuposto que existem, os tipos de assédio sofridos ou presenciados, enfatizando as trabalhadoras e se necessário comparando com de trabalhadores da construção civil. 2. A inserção da mulher na Construção Civil. O mercado da construção civil é fundamental para o desenvolvimento econômico e geração de empregos em um país, por se relacionar com vários setores de produção e prestação de serviços, além da grande participação no Produto Interno Bruto (PIB). Sua colaboração com o crescimento da indústria e diversos outros setores cria uma demanda por profissionais bem qualificados. Atraídas pelas boas oportunidades encontradas nesse ramo, uma população significativa de mulheres está se agregando a esse mercado. Atualmente no Brasil se presencia um decréscimo no percentual das atividades da área de construção civil, segundo a Câmara Brasileira da Industria e Construção (CBIC) a retração de 5,1 % no setor no ano de 2016 é coerente com a magnitude da crise econômica que o pais enfrenta[1]. O setor abriu o primeiro quadrimestre de 2017 em queda[2], grande indicador que são necessários esforços para que as atividades no setor venham ser reaquecidas, ainda nesse ano, pois o decréscimo das atividades do setor impacta na demanda de trabalhadores no setor. As mulheres vêm ganhando espaço nos canteiros de obras e em setores que eram vistos como quase que de predominância masculina. Hoje é possível ver mulheres trabalhando em diversos setores no ramo da construção civil, como engenheiras, pedreiras, profissionais da segurança do trabalho, áreas de administração, dentre outros. Esse aumento na participação feminina configura um elemento importante para a ascensão do estudo e reflexão do tema sobre a inserção da mulher na construção civil. IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil Para Castelo (2008) a figura feminina na construção civil ainda é pequena porque a mulher não entra no setor para trabalhos pesados, ela se qualifica mais[3]. É que apoia a pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2014 sobre a presença das mulheres na construção civil, que afirma que, em média, elas apresentaram o percentual médio de estudo de 7,5 anos, contra 7,1 dos homens[4]. Outro aspecto importante ressaltar é uma tendência de valorização de qualidades do trabalho feminino na construção, como por exemplo, a mulher é muitas vezes, caracterizada como mais detalhista e rigorosa em relação acabamento e finalização da obra. Segundo Roberta Viegas Além de superar o tratamento diferenciado que ainda é imposto a homens e mulheres no ambiente profissional, a trabalhadora se depara com desafios adicionais quando se torna mãe. A presença necessária na vida e no cuidado com os filhos, sobretudo nos primeiros anos, o pouco acesso a creches ou a locais adequados para deixá-los, a menor flexibilidade em relação ao horário de trabalho, tudo isso pode impactar na percepção dos seus pares em relação à sua conduta profissional, de maneira completamente desproporcional com o que geralmente ocorre com os homens na mesma situação. A verdade é que o mercado de trabalho, sobretudo no Brasil, ainda não acolheu a mulher que virou mãe. (SILVA 2016, p. 2)[5] Apesar da crescente presença da figura feminina no setor, todavia subsistemresistências inibem o acesso de muitas ao mercado de trabalho a maternidade é uma delas. Não é novidade que em muitas entrevistas de empregos, algumas mulheres são questionadas sobre a quantidade de filhos que possui e sobre sua pretensão sobre gerar filhos, questões que dificilmente são levantadas para os homens. E não é difícil encontrar relatos de trabalhadoras que foram descartadas de oportunidade de empregos por assumirem a maternidade, ou ainda mais outras que esconderam o fato de ser mãe, para poder adentrar ao mercado de trabalho. Na sua Dissertação de Mestrado, Guerra diz sobre as mulheres: “não mais vistas como necessariamente passíveis de censura, há de se registrar que muitas das práticas discriminatórias em relação às mulheres ainda o são” (2006, p. 9)[6]. A prática da discriminação é crime e está prevista na Lei Maria da Penha que se baseia nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e assegurando seus direitos a educação, saúde e trabalho. Não remoto dos problemas que contornam a admissão, destaca-se outros problemas inerentes à área laboral que também são dispositivos que podem prejudicar o bem-estar e o exercício da função da mulher, quando presente no ambiente de trabalho. O primeiro de característica geral que engloba ambos universos, tanto masculino como feminino, mas às vezes figurado de forma diferente, a se saber o assédio moral; e o segundo de predominância a vivência feminina, o assédio sexual. IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil 2.1. Assédio Moral. Assédio Moral, se consiste na prática continua na relação de trabalho, que podem trazer danos à saúde física da vítima, que resume a comportamentos de perseguição de outrem mais comuns entre os cargos de hierarquia mais altas para as mais baixas, criando o desgaste do ambiente de trabalho. Para Hirigoyen (2011, p. 17) O assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, pela sua repetição ou pela sua sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. O assédio se configura de várias formas, como o objetivo de levar a vítima a um sentimento e inferioridade ou leva-la a pedir demissão, podendo ser através de comportamentos agressivos; boatos a respeito do trabalhador ou colega; excessiva supervisão; sobrecargas de tarefas; obrigação atividades que não são inerentes ao cargo, a desqualificação do trabalho realizado pela vítima, são uma das principais formas de configuração do mesmo. Os danos causados a quem sofre esse tipo de agressão vão desde a baixo estima a problemas de saúde. Dentre esses são identificados: Depressão; Insônia; Diminuição da capacidade de concentração e memorização; Isolamento; Uso de álcool e drogas e até tentativa de suicídio. As atitudes que as vítimas devem tomar para se livrar dessa agressão: Registrar tudo que acontece no dia a dia, com o máximo de detalhe e provas (documentos que justifiquem o repasse das tarefas inúteis ou impossíveis de serem realizadas); Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas (procurar estar sempre com um colega de confiança); Registrar todas as atividades para comprovar que as executa corretamente; Procurar o recursos humanos e informar a situação (não havendo apoio da empresa); Procurar apoio médico e orientações jurídicas. Não é apenas a vítima que sofre danos, para a empresa a prática de assédio moral implica em alteração na qualidade dos serviços prestados, baixo índice de lucratividade, na troca constante de colaboradores e ainda prejuízos financeiros, pois caso a vítima procure orientação jurídica assim reconhecera seu direito de indenização pelos danos sofridos decorrentes do assédio moral. Perante essas consequências e importante que sejam realizadas nas empresas; palestras e cartilhas para a divulgação das consequências do assédio moral e ainda a implementação de atividades de integração que relembram a importância da boa conduta entre colegas de trabalho. Sendo assim criada uma rede de solidariedade e resistência dos trabalhadores com o efeito de intimidar os possíveis agressores. IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil 2.2. Assédio Sexual. Assédio sexual é a conduta verbal ou física de maneira sexual com a vítima. No sentido mais comum podemos defini-los como um ato de constrangimento ou tentativa de constranger alguém mediante a prática de ação capaz de ofender a honra subjetiva sempre com objetivo de obter vantagem sexual. Um dos maiores problemas hoje encontrados e a falta de conhecimento sobre o assunto. Muita gente pensa que lutar contra o assédio sexual acabaria com a cantada e a paquera na área de trabalho, mas ambos sempre existiram e tem o direito de continuar existindo claro que sendo recíproco. O assédio sexual nunca é recíproco ele sempre tem o desejo e o poder de um só lado. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) são característica de assédio: Contatos físicos forçados, Insinuações Convites impertinentes, entre outros. Algumas formas que se apresentam o assédio sexual: Condição para dar ou manter trabalho; Influir nas promoções ou na carreira do assediado; Prejudicar o rendimento profissional; Humilhar; Insultar; Intimidar a vítima; Presentear de maneira indiscreta; Prometer vantagens condicionadas à aceitação de suas investidas. O único intuito do agressor e fragilizar a vítima deixando-a vulnerável. A grande parte desses casos ocorrem com as mulheres pois elas sempre foram educadas a tratar o assédio como um “mal-entendido” para poder conquistar seus objetivos. Mas da mesma maneira que não culpamos uma pessoa que é assaltada por levar dinheiro porque culpamos a mulher pela maneira de se vestir ou de se expressar? Fazendo isso não estamos encorajando o assédio ou o justificando? A solução mais simples e rápida de se lidar com o assédio seria realizar palestras ou a distribuição de materiais informativos como cartilhas, abordando o assunto. Algumas formas previas de combate ao assédio sexual são: Dizer de maneira clara e firme que não gostou da abordagem; Contar aos colegas o que está acontecendo; Enviar uma carta ao assediador; Enviar uma mesma carta ao superior (desde que não seja o próprio); Listar testemunhas, levar provas se houver bilhetes ou presentes (Não havendo provas ou testemunhas, as partes serão ouvidas e o processo segue normalmente); IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil Citar o acontecido ao setor de RH da empresa; Entrar com uma ação cível para reparação de eventuais danos. Tanto os homens como as mulheres somos herdeiros de uma tradição cultural como já vimos acima. Mas gostaríamos novamente de afirmar que não há nada natural na prática do assédio sexual. Tal prática não nasce de nenhuma árvore da natureza. Não é verdade que os homens sempre estão interessados e que as mulheres sempre os aceitam. Claro que o interesse sexual existe para todos, mas ele não é generalizado nem indiscriminado. Isso acontece porque somos seres humanos e sociais, e isso pressupõe a possibilidade de escolha de quem queremos compartilhar a nossa intimidade. 3. METODOLOGIA Com a finalidade de se entender sobre a mulher e a construção civil, foi necessário o levantamento bibliográfico de diversos periódicos queabordavam sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho da construção civil e também sobre dados estatísticos juntos ao IBGE e a Câmara Brasileira da indústria e construção (CBIC) sobre o setor e participação da mulher no ramo. Em sequência foi levantado material bibliográfico sobre assédio moral e sexual, além da finalidade de compreender o tema, essa etapa foi importante para criação dos questionários de sondagem sobre o assédio. Nesse questionário abordamos questões que podemos destacar como principais: Gênero; Cargo: Chefia, subordinado ou ambos; e conhecimento sobre o tema abordado e questões particulares sobre assédio moral e sexual. Após essa parte introdutória, apresentamos um breve texto descrevendo brevemente o conceito de assédio moral e sexual, e seus principais prejuízos a saúde e convívio dos trabalhadores. As demais questões tratadas foram situações hipotéticas características do tema apresentado que deveriam ser selecionados pelo entrevistado, caso o mesmo fosse vitimado, e em caráter final abordamos questões de sondagem sobre, a atitude do entrevistado perante a determinadas situações sobre o tema tratado. O questionário foi aplicado em duas formas a um total de 18 pessoas, a primeira escrito que deveria ser preenchido e recolhido diretamente, que foi distribuído para funcionários ativos na área de construção civil que trabalhavam tanto na área de chefia como de subordinação na área de construção civil. E o a segunda parte foi a criação de um formulário online e disponibilizados para colegas acadêmicos que tiveram participação no setor de construção civil, considerando que estes, em sua maioria já possuíam curso técnico em edificações e presenciaram a vivência do canteiro de obras. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como foi exposto anteriormente no presente trabalho, um dos objetivos desse estudo é proporcionar uma contribuição para a discursão e reflexão dos valores e atitudes que inibem IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil o exercício da igualdade no exercício das mulheres na profissão no ramo da construção civil, levando em conta que durante esse processo, os pesquisadores envolvidos, mantiveram contato com o tema em questão e durante a produção da pesquisa, houveram diversos debates e questões que levantaram a dúvida de como se se apresenta e configura essas relações de assédio no ambiente laboral. A reflexão, como a capacidade de se voltar sobre si mesmo, sobre as construções sociais, sobre as intenções, representações e estratégias de intervenção, supõe a inevitabilidade de utilizar o conhecimento à medida que vai sendo produzido, para enriquecer e modificar a realidade e suas representações, as próprias intenções e o próprio processo de conhecer (RIOS, 2002. p,154-72) O escopo principal não é somente usufruir dessas informações e reflexões, mas acreditamos que nesse processo é possível pela exposição do conteúdo e o processor de coleta de dados, trazer a discussão e a reflexão do tema diante das atitudes na vivência, acreditando que possa trazer benefício aos envolvidos diretamente e indiretamente no processo do conhecer o conteúdo. Partindo dessa suposição, apresentamos aos entrevistados a pergunta representada pela figura 1 a seguir: Figura 1: Gráfico referente a questão você sabe o que é assédio Moral e ou sexual? Fonte: Elaborada pelo Autor. Observamos pelos dados obtidos, que todos os entrevistados, possuíam mesmo que de forma superficial, uma noção do tema abordado. Visto que a temática não é algo novo nem afastado da vivência laboral, e sim algo que é demasiadamente relevante ser colocado em discussão porque envolve não somente o bem-estar feminino, mas também faz parte dos direitos de todos os trabalhadores independe do gênero. Contudo ainda sim uma parcela ainda representativa, afirmou não ter muito conhecimento, o que mais uma vez reforça a necessidade de se expor o tema. Outro atenuante que destacamos foi para a questão da figura 2 a seguir: IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil Figura 2: Grafico referente a questão, já recebeu material informativo sobre o tema assédio? Fonte: Elaborada pelo Autor. Grande parte dos entrevistados, não recebeu nenhum material específico sobre assédio moral ou sexual nem palestras. Esse agravante deve ser enfatizado, pois por falta de conhecimento sobre a temática, o indivíduo tem predisposição a não manifestar nenhum tipo de opinião formada, e é criado o sentimento de impotência, implicando na perpetuação do ciclo da problemática em questão. Com embasamento nos dados coletados e analisados, juntamente com o material teórico referenciado, conclui-se que se faz necessário por parte das organizações oportunizarem os funcionários, tanto de cargos de subordinação quanto os de chefia terem conhecimento sobre seus direitos e deveres no que tange a fatores influenciadores do assédio. Sabemos que é possível cometer assédio mesmo sem ter o conhecimento da prática de tal ação, ressaltando também que o assédio interfere e desgasta as relações do trabalho, podendo acarretar prejuízos diretos tanto no desempenho individual do funcionário, afetando na sua eficiência e até prejuízos de demandas judiciais. Levar em consideração diferentes perspectivas, é importante para ter uma boa compreensão sobre uma temática e poder ponderar sobre tal. Uma pergunta que fizemos ao início do questionário, foi sobre a função que cada um exercia, subdividindo em Chefia, subordinado e ambos, para ter uma perspectiva sobre as formas que se mais se destacavam e os problemas predominantes a cada classe. No emprego da pesquisa os grupos que predominaram estão representados pela figura 3 a seguir: Figura 3: Gráfico sobre questão cargo que exerce ou exerceu na área de construção civil. Fonte: Elaborada pelo Autor. Foi interessante notar, que dentro da cadeia trabalhista, todos os participantes do experimento possuíam um superior, podemos com isso avaliar e refletir sobre alguma das tendências a esse grupo de possuírem algum tipo de cobrança por parte de superiores e constatamos isso pelas respostas a perguntas específicas dadas pelos entrevistados. Dos entrevistados 66,7% afirmaram que foram obrigados a fazerem tarefas que não eram da responsabilidade deles e mais o mesmo percentual também afirmou que foi intimidado a trabalhar além do seu horário de trabalho. A pratica de serviço fora do horário de expediente é considerado hora extra e é direito do funcionário, desde que seja feito com o consentimento do mesmo, com a remuneração prevista por leia e a pratica forçada do mesmo, IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil sem contrato mútuo ou coletivo, e não existindo necessidade imperiosa, o mesmo vai de encontro as leis trabalhistas se caracterizando crime. È a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situação humilhante e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam as condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado (s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego (BARRETO, 2000). Dos entrevistados 50% sendo predominantemente mulheres com apenas 1 caso masculino, afirmaram que já foram vítimas de comentários maldoso, humilhantes ou boatos, criados com a intençãode denegrir. Além do exemplo apresentado 33,3% afirmara ter recebido comentários indesejados de conotação sexual e o mesmo percentual também afirmou ter sido desqualificado devido ao seu sexo, os dois últimos percentuais apresentados, foram todos por parte do público feminino. São situações como essas que nos fazem refletir a justifica a necessidade da informação sobre as formas de combate e inibir as práticas de assédio, pois um grupo alvo geralmente são a parte mais frágil do sistema, sendo composto geralmente por subordinados e por muitas vezes por não apresentar conhecimento sobre as formas de se agir contra o assédio acabam por sua vez sendo vítimas de superiores que por vezes tem que se submeter ao autoritarismo. O assédio sexual, é extremamente desconfortável para a vítima, que muitas vezes por medo da exposição ou de pré-julgamentos a vítima acaba se calando, mas é importante que seja combatido. De acordo com o artigo 155 do Código do processo Civil a vítima em questão tem direito a manter seu processo em segredo de justiça, devendo nesses casos o juiz de ofício garantir o mesmo direito. E por fim se levantou uma questão em especial descrito pela figura a seguir 4: Figura 4: Gráfico sobre a questão, você acredita que a vítima assédio sexual as vezes tem culpa? Fonte: Elaborada pelo Autor. A maioria dos entrevistados afirmou entender que a vítima do assédio não tem culpa, entretanto houveram afirmações contrárias, dentre uma delas foi afirmado pela pessoa IV Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Civil do Norte e Nordeste do Brasil entrevistada “via muitas mulheres dando intimidade a homens”. Apesar de ser um comentário proferido parte masculina, eles não representam todo universo masculino estudado. É importante ressaltar, que flertar no ambiente laboral, não constitui assédio sexual, desde que o mesmo seja consentido pelas partes envolvidas, contudo quando se caracteriza unilateralmente de forma insistente e indesejada e quando extrapola o razoável, começa por aí a caracterização da prática. Estamos vivendo uma sociedade que não sabe diferenciar o que é uma violação. E quando se trata muitas vezes de sentido sexual, acaba-se muitas vezes se relativizando e dividindo a responsabilidade entre as partes muitas vezes até culpando a vítima, as vezes atribuindo a culpa pela forma dela se vestir ou a forma como mencionado “como ela dá intimidade a homens”. 5. CONCLUSÕES Tanto na construção civil, quanto em outros setores do mercado de trabalho deve-se tratar de conscientizar os trabalhadores sobre os valores éticos e atitudes que envolvem as boas relações pessoais e do convívio laboral, entre os subordinados e os responsáveis pela chefia, com a finalidade de promover a qualidade e assegurar o bem-estar e igualdade entre os trabalhadores de ambos os gêneros e evitar possíveis quadros sofrimentos físicos, morais e doenças agravantes desse quadro por parte dos seus funcionários, e tentar inibir deterioração da relação das condições de trabalho. Ainda há uma necessidade muito grande do debate e difusão do tema, devido há grande quantidade pessoas que desconhecem seus direitos e deveres no que tange a fatores influenciadores do assédio. Bem como é necessário fortalecer a ideia de que as mulheres devem seus direitos respeitados, e precisa ser colocado em prática, afim de assegurar o direito conquista do seu espaço na construção civil e sua permanência. Também ficou evidenciado que a necessidade de assumir uma postura ativa e de combate diante da problemática apresentadas no ambiente laboral, pois não somente o funcionário é afetado, em todos os casos a empresa também é prejudicada pois pode sofrer prejuízo pela perca de produtividade causada pela queda da eficiência do funcionário que foi vitima, até mesmo por meio de processos judiciais por falta de controle e atenção para os cuidados dos seus funcionários. Distante de concluir o assunto o artigo em questão busca fomentar as discussões sobre a temática e oferecer uma contribuição para a temática, com a finalidade de enriquecer e divulgar o debate em questão.