Buscar

RECURSOS NO NOVO CPC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ebook 15
Recursos no Novo CPC
análise dos artigos 994 ao 1000
 índice
CAPÍTULO 1
ARTIGO 994
CAPÍTULO 2
ARTIGO 995
CAPÍTULO 3
ARTIGO 996
CAPÍTULO 4
ARTIGO 997
CAPÍTULO 5
ARTIGO 998
CAPÍTULO 6
ARTIGO 999
CAPÍTULO 7
ARTIGO 1000
A partir da presente exposição, vamos analisar o Título II do Livro III (Dos Proces-
sos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais) do novo 
Código de Processo Civil, que trata dos recursos (artigos 994 ao 1.044).
Começaremos pelo Capítulo I – Disposições gerais (artigos 994 ao 1.008) -, di-
vidindo-o em duas partes: na primeira, que segue abaixo, analisaremos minucio-
samente os artigos 994 ao 1.000 do CPC/2015; e, posteriormente, dissecaremos 
os artigos 1.001 ao 1.008 do CPC/2015. 
Faremos essa divisão, justamente para que possamos esmiuçar cada dispositivo 
legal, inciso por inciso e parágrafo por parágrafo, utilizando quadros comparati-
vos entre o CPC/2015 e o CPC/1973 para uma total compreensão.
Na sequência, vamos examinar cada recurso de forma específica, trazendo sem-
pre a melhor doutrina e uma vasta pesquisa jurisprudencial, com o objetivo de 
manter os leitores sempre atualizados e contribuir para o aperfeiçoamento da 
prestação do serviço jurisdicional.
 introdução
CPC/2015
Art. 994 São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordiná-
rio;
IX - embargos de divergência.
CPC/1973
Art. 496 São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo;
III - embargo de infringentes;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - embargos de divergência em recurso es-
pecial e em
recurso extraordinário.
 ARTIGO 994
Artigo. 994, ‘caput’ e incisos I ao IX do 
CPC/2015
Sentido idêntico ao do artigo 496, ‘caput’ e in-
cisos I ao VIII do CPC/1973.
Quais são os recursos cabíveis no CPC/2015
O artigo 994, ‘caput’ e incisos I ao IX do novo CPC 
repete, quase que integralmente a redação do 
artigo 496, ‘caput’ e incisos I ao VIII do CPC/1973. 
Disciplina este artigo quais são os recursos cabí-
veis e à disposição das partes na nova sistemáti-
ca processual. 
Não se permite mais de um recurso contra uma 
mesma decisão, nem a substituição de um pelo 
outro. São praticamente os mesmos que consta-
vam no CPC/1973, com estas modificações: 
I - o recurso de agravo, antes previsto no inciso II 
do artigo 496, foi cindido em dois: de instrumen-
to e interno (incisos II e III), estando o de instru-
mento disciplinado nos artigos 1.015 ao 1.020 e 
o interno no artigo 1.021, todos do novo Código 
de Processo Civil (destaque-se, ainda, , que não 
mais existe a possibilidade de interposição de 
agravo na forma retida); 
II - não mais existe a previsão de oposição de 
embargos infringentes (remetemos o leitor ao 
artigo 942 e seus respectivos parágrafos do novo 
Código de Processo Civil, que cuida da nova téc-
nica de julgamento quando o resultado da ape-
lação – e também da ação rescisória e do agravo 
de instrumento - não for unânime); e, 
III - foi incluído o recurso de agravo em recurso 
especial ou extraordinário. 
Agora, estes são os recursos existentes e cabíveis contra as 
mais variadas decisões: I – apelação; II – agravo de instrumen-
to; III – agravo interno; IV – embargos de declaração; V – recur-
so ordinário; VI – recurso especial; VII – recurso extraordinário; 
VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário e IX – em-
bargos de divergência.
Portanto, ainda podemos utilizar o conceito de recurso do 
inesquecível Professor José Carlos Barbosa Moreira:
“...pode se conceituar recurso, no direito 
processual civil brasileiro, como o remédio 
voluntário idôneo a ensejar, dentro do mes-
mo processo, a reforma, a invalidação, o es-
clarecimento ou a integração de decisão ju-
dicial que se impugna”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, pp. 265-266).
Especificando este dispositivo legal, de forma expressa, quais 
são os recursos admitidos no processo civil, agasalha ele o prin-
cípio da taxatividade, já que o artigo 22, inciso I da CRFB/88 
confere à União Federal a competência exclusiva para se legis-
lar sobre direito processual, ou seja, somente serão considera-
dos recursos expressamente previstos em lei federal, como é o 
caso da Lei Federal n. 13.105/2015 (novo Código de Processo 
Civil). Sobre a matéria, trazemos à lume a doutrina de Daniel 
Amorim Assumpção Neves:
 ARTIGO 994
“Ainda que o rol legal de recursos seja taxati-
vo, é incorreto dizer o mesmo do rol previsto 
no art. 994 do Novo CPC. O dispositivo legal 
limita-se a prever os recursos disciplinados, 
e alguns casos somente parcialmente – pelo 
próprio Novo Código de Processo Civil. Sig-
nifica dizer que leis extravagantes, desde 
que federais, podem criar e regulamentar 
espécies recursais não previstas no disposi-
tivo ora analisado. É o caso, por exemplo, do 
recurso inominado dos Juizados Especiais 
previsto no art. 41 da Lei 9.099/95 e os em-
bargos infringentes na execução fiscal, pre-
visto no artigo 34 da Lei 6.830/80)”
(Novo Código de Processo Civil Comentado, Ed. JusPodi-
vm, 2017, p. 1.672).
 
Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil, a 
questão do direito intertemporal passou a ser de suma im-
portância para os operadores do direito. Em homenagem ao 
princípio tempus regit actum, o Superior Tribunal de Justiça já 
tinha consolidado o entendimento de que a lei a reger o re-
curso cabível e a forma de sua interposição é aquela vigente 
à data da publicação da decisão impugnada, ocasião em que 
o sucumbente tem a ciência da exata compreensão dos fun-
damentos do provimento jurisdicional que pretende combater 
(STJ - AgRg no Agravo em REsp n. 774.461-DF, rel. Min. Luis Fe-
lipe Salomão, j. 7.4.2016).
Lembramos, ainda, que a teor do enunciado administrativo n. 
1 do Superior Tribunal de Justiça, o seu Plenário, em sessão ad-
ministrativa em que se interpretou o artigo 1.045 do novo Có-
digo de Processo Civil, decidiu, por unanimidade, que o Códi-
go de Processo Civil aprovado pela Lei n. 13.105/2015, entrou 
em vigor no dia 18 de março de 2016.
E em decorrência desse enunciado n. 1, o mesmo Superior 
Tribunal de Justiça, com relação aos recursos, editou os enun-
ciados ns. 2, 3 e 4, abaixo reproduzidos, pacificando a questão 
relativa ao direito intertemporal:
Enunciado administrativo n. 2 do STJ:  Aos recur-
sos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relati-
vos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) de-
vem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na 
forma nele prevista, com as interpretações dadas, até en-
tão, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
Enunciado administrativo n. 3 do STJ: Aos recursos interpos-
tos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publi-
cadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requi-
sitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC.
Enunciado administrativo n. 4 do STJ: Nos feitos de competên-
cia civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vie-
 ARTIGO 994
rem a ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, 
procuradores, serventuários e auxiliares da Justiça a partir de 
18 de março de 2016, deverão observar os novos procedimen-
tos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legis-
lação processual especial.
Observe, contudo, que não sendo recurso a remessa necessá-
ria (artigo 496), mas apenas condição de eficácia da sentença, 
aplicar-se imediatamente aos processos em curso as disposi-
ções do novo Código de Processo Civil. A respeito, transcreve-
mos os ensinamentos deNelson Nery Júnior (Comentários ao 
Código de Processo Civil, Ed. RT, 2015, p. 1.174, nota n. 9 ao 
artigo 496):
“Direito Intertemporal. (...) Consequente-
mente, havendo processo pendente no tri-
bunal, enviado mediante a remessa necessá-
ria do regime antigo, o tribunal não poderá 
conhecer da remessa se a causa do envio 
não mais existia no rol do CPC/1973 475. É 
o caso, por exemplo, da sentença que anu-
lou o  casamento, que era submetida anti-
gamente ao reexame necessário  (ex-CPC 
475 I), circunstância que foi abolida pela 
nova redação do CPC/1973 475, dada pela L 
10352⁄01. Logo, se os autos estão no tribu-
nal apenas para o reexame de sentença que 
anulou o casamento, o tribunal não pode co-
nhecer da remessa”.
(Novo Código de Processo Civil Comentado, Ed. JusPodi-
vm, 2017, p. 1.672).
JURISreferência™
1. A data da postagem na agência dos cor-
reios não deve ser considerada para fins de 
aferição do prazo do recurso dirigido ao STJ 
(STJ - EDcl no AREsp n. 503.157-RS, rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, j. 21.5.2015).
2. O Superior Tribunal de Justiça consolidou o 
entendimento de que, para fins de aplicação 
do art. 1º da Lei n. 9.800/1999, o e-mail não 
configura meio eletrônico equiparado ao fa-
c-símile. Assim, intempestivo o recurso espe-
cial recebido, no protocolo do Tribunal de ori-
gem, após o prazo legal de 15 dias (STJ - AgRg 
no AREsp n. 705.380-ES, rel. Min. Gurgel de Faria, 
j. 17.9.2015).
 ARTIGO 995
CPC/2015
Art. 995.  Os recursos não impedem a eficácia da 
decisão, salvo disposição legal ou decisão judi-
cial em sentido diverso.
 
Parágrafo único.  A eficácia da decisão recorri-
da poderá ser suspensa por decisão do relator, 
se da imediata produção de seus efeitos houver 
risco de dano grave, de difícil ou impossível re-
paração, e ficar demonstrada a probabilidade de 
provimento do recurso.
CPC/1973
Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso 
especial não impedem a execução da senten-
ça; a interposição do agravo de instrumento 
não obsta o andamento do processo, ressalva-
do o disposto no art. 558 desta Lei.
Art. 558. O relator poderá, a requerimento 
do agravante, nos casos de prisão civil, adju-
dicação, remição de bens, levantamento de 
dinheiro sem caução idônea e em outros ca-
sos dos quais possa resultar lesão grave e de 
difícil reparação, sendo relevante a fundamen-
tação, suspender o cumprimento da decisão 
até o pronunciamento definitivo da turma ou 
câmara.
Artigo 995, ‘caput’ do CPC/2015
Inovação significativa
Interposição de recursos e a eficácia da deci-
são recorrida
O artigo 995, ‘caput’ do novo CPC é uma inova-
ção significativa. Previsão parecida era encon-
trada nos artigos 497 e 558, ‘caput’ do CPC/1973, 
mas dizia respeito tão somente à interposição de 
recurso extraordinário e especial. A atual reda-
ção é mais clara e abrangente: os recursos não 
impedem a eficácia da decisão, salvo disposição 
legal ou decisão judicial em sentido diverso. 
Dois são os principais efeitos de um recurso: sus-
pensividade e devolutividade. O que nos interes-
sa ao analisar este artigo 995, é o efeito suspen-
sivo, que impede a eficácia imediata da decisão.
Perceba que a regra anteriormente prevista no 
Código revogado foi praticamente invertida. 
Agora, não há efeito suspensivo automático com 
a interposição do recurso, salvo, isso é muito 
importante, se houver disposição legal (como 
é o caso do recurso de apelação - artigo 1.012, 
‘caput’) ou decisão judicial em sentido diverso (na 
hipótese do parágrafo único deste artigo adiante 
analisado – medida excepcional a ser avaliada no 
caso concreto). Exemplo dessa última hipótese – 
‘decisão judicial em sentido diverso’ - é o caso do 
recurso de agravo de instrumento – artigo 1.019, 
inciso I -, o qual, inclusive, poderá ser atribuído 
pelo relator efeito “ativo” (antecipação de tutela).
Portanto, havendo previsão legal de efeito sus-
pensivo (ope legis), não há necessidade que a 
parte assim o requeira e/ou o juiz assim se ma-
nifeste: o seu efeito é imediato, ao contrário do que ocorre nas 
hipóteses em que há necessidade de pedido expresso da parte 
(ope judicis), cujo efeito não retroage, valendo somente a par-
tir da data da respectiva decisão concessiva.
Artigo 995, parágrafo único do CPC/2015
Inovação significativa
Quem pode suspender a eficácia da decisão recorrida
Requisitos
A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão 
do relator, segundo a inédita redação deste parágrafo único, 
caso preenchidos cumulativamente os seguintes requisitos: i) 
se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano 
grave, de difícil ou impossível reparação e ii) ficar demonstrada 
a probabilidade de provimento do recurso. 
Assim, à exceção do recurso de apelação em algumas hipóte-
ses expressamente arroladas (artigo 1.012, parágrafo 1º), para 
que se impeça a imediata eficácia da decisão, há de existir uma 
decisão judicial específica nesse sentido e provocada pela par-
te interessada - concessão de efeito suspensivo (e também ‘ati-
vo’ [antecipação de tutela], no caso do recurso de agravo de 
instrumento – artigo 1.019, inciso I) -, emanada do relator do 
recurso (artigos 932, inciso II, 1.019, inciso I e 1.029, parágrafo 5º).
Os requisitos para que a eficácia da decisão recorrida venha a 
ser suspensa pelo relator são mais severos do que aqueles pre-
vistos para a concessão da tutela provisória de urgência (artigo 
300 do CPC/2015), sobretudo no que se refere ao perigo ou ris-
co de dano (periculum in mora), e não devem ser confundidos.
Isso porque este parágrafo único exige que o dano seja “gra-
ve, de difícil ou impossível reparação”, ou seja, o dano há 
de ser qualificado (intenso), o que não acontece com a tutela 
provisória de urgência, que utiliza apenas a expressão “perigo 
de dano”. 
Por essa razão, no nosso entender, a suspensão da eficácia da 
decisão recorrida (efeito suspensivo aos recursos), é medida 
excepcional e deve ser muito bem avaliada na análise do caso 
concreto.
No que refere ao requisito da probabilidade (de provimento do 
recurso), a melhor definição que podemos oferecer ao nosso 
leitor, é a de Cândido Rangel Dinamarco:
“Probabilidade é a situação decorrente da 
preponderância dos motivos convergentes 
à aceitação de determinada proposição, so-
bre os motivos divergentes. As afirmativas 
pesando mais sobre o espírito da pessoa, o 
fato é provável; pesando mais as negativas, 
ele é improvável (Malatesta). A probabilida-
de, assim conceituada, é menos que a cer-
teza, porque lá os motivos divergentes não 
ficam afastados, mas somente suplantados; 
e é mais que a credibilidade, ou verossimi-
lhança, pela qual na mente do observador 
os motivos convergentes e os divergentes 
comparecem em situação de equivalência e, 
se o espírito não se anima a afirmar, também 
não ousa negar. O grau dessa probabilidade 
será apreciado pelo juiz, prudentemente e 
atento à gravidade da medida a conceder”
(A Reforma do Código de Processo Civil, 3ª ed. São Paulo: 
Malheiros, 1996, p. 145).
 ARTIGO 995
CPC/2015
Art. 996.  O recurso pode ser interpos-
to pela parte vencida, pelo terceiro pre-
judicado e pelo Ministério Público, como 
parte ou como fiscal da ordem jurídica. 
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar 
a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídi-
ca submetida à apreciação judicial atingir direito 
de que se afirme titular ou que possa discutir em 
juízo como substituto processual.
CPC/1973
Art. 499.  O recurso pode ser inter-
posto pela parte vencida, pelo tercei-
ro prejudicado e pelo Ministério Público. 
§1º Cumpre ao terceiro demonstrar o 
nexo de interdependência entre o seu 
interesse de intervir e a relação jurí-
dica submetida à apreciação judicial. 
§2º O Ministério Público tem legitimidade 
para recorrer assim no processoem que é par-
te, como naqueles em que oficiou como fiscal 
da lei.
 ARTIGO 996
Artigo 996, ‘caput’ do CPC/2015
Sentido idêntico ao do art. 499, ‘caput’ e §2º 
do CPC/1973 Quem pode recorrer
O artigo 996, ‘caput’ do novo CPC possui sentido 
idêntico ao artigo 499, ‘caput’ e parágrafo 2º do 
CPC/1973. 
Este testilho legal disciplina os legitimados a in-
terpor recursos. Podem, então, recorrer: i) a parte 
vencida, ii) o terceiro prejudicado e iii) o Ministé-
rio Público, seja como parte ou fiscal da ordem 
jurídica (o CPC/1973 utilizava a terminologia ‘fis-
cal da lei’). 
Como bem escrito pelo Professor José Carlos 
Barbosa Moreira, ao discorrer sobre a legitima-
ção para recorrer:
“Assim como a legitimidade para agir é 
condição do exercício regular do direito de 
ação, e portanto da possibilidade de jul-
gar-se o mérito da causa, analogamente a 
legitimação para recorrer é requisito de ad-
missibilidade do recurso, que precisa estar 
satisfeito para que o órgão ad quem dele co-
nheça, isto é, o julgue no mérito. Consoante 
já se observou em doutrina, seria em prin-
cípio concebível, correspondendo a uma 
“representação idealizada do Estado de di-
reito”, sistema em que se permitisse a qual-
quer pessoa impugnar uma decisão judicial 
que lhe parecesse injusta. Na realidade, por 
óbvias razões de conveniência, trata a lei de 
limitar o círculo dos possíveis recorrentes. 
Surge então, neste contexto – à semelhança 
do que ocorre no concernente à propositura 
mesma da ação -, o problema da legitimida-
de, impondo-se verificar se quem interpôs o 
recurso se inclui ou não no elenco dos habi-
litados a fazê-lo”comparecem em situação 
de equivalência e, se o espírito não se anima 
a afirmar, também não ousa negar. O grau 
dessa probabilidade será apreciado pelo 
juiz, prudentemente e atento à gravidade 
da medida a conceder”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, pp. 326/327).
Logo no início, também, percebe-se a noção de sucumbência 
fundada no binômio necessidade/utilidade. 
É o sucumbente (a “parte vencida”), quem detém mais comu-
mente a legitimidade para recorrer. Isso,  porque o recurso é 
instrumento capaz de propiciar ao recorrente uma situação 
mais  favorável que a decorrente da decisão hostilizada, seja 
porque o que foi requerido e o que foi decidido não se mos-
tram coincidentes, quer porque não se alcançou tudo aqui-
lo  desejado, bem como porque uma situação prejudicial se 
formou independentemente das pretensões levadas a juízo.
Bem por isso, além da legitimidade, também para recorrer é 
necessário ter interesse, como, aliás, os exige expressamente 
o artigo 17 do CPC/2015 para postular em juízo.
 ARTIGO 996
“Para postular em juízo é necessá-
rio ter interesse e legitimidade”. O 
interesse, sempre visto dentro do 
binômio necessidade - utilidade, 
como bem analisado por Humber-
to Theodoro Júnior, “...não se res-
tringe à necessidade do recurso 
para impedir o prejuízo ou o gra-
vame; compreende também a sua 
utilidade para atingir o objetivo 
visado pelo recorrente. Dessa ma-
neira, o recurso manifestado tem 
de apresentar-se como necessário 
e adequado, na situação concreta 
do processo, para ser admitido” 
(Curso de Direito Processual Civil, 
Vol. III, 49ª edição, Ed. GEN/Foren-
se, p. 984), ou seja, “...de um lado, 
é preciso que o recorrente possa 
esperar, da interposição do recur-
so, a consecução de um resultado 
a que corresponda situação mais 
vantajosa, do ponto-de-vista prá-
tico, do que a emergente da deci-
são recorrida; de outro lado, que 
lhe seja necessário usar o recurso 
para alcançar tal vantagem”
(apud José Carlos Barbosa Moreira, (Comen-
tários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 
1978, Volume V, Ed. Forense, p. 336).
 ARTIGO 996
Assim, deve-se, de ofício, negar conhecimento ao recurso se 
verificada a ausência de interesse recursal ante a impossibili-
dade de concessão de provimento jurisdicional mais favorável 
ao recorrente (TJMG – Ap. Cív. n. 1.0704.16.004213-8/0001, rel. 
Des. Pedro Bernardes, j. 29.11.2016).
Observe, também, que o interesse deve ser jurídico, não se 
admitindo o  recurso do terceiro prejudicado quando seu in-
teresse é meramente econômico (REsp n. 1.319.626-MG, rel. 
Min.  Nancy Andrighi, j. 26.2.2013).
Portanto, de regra, é a parte sucumbente (vencida), quem tem 
legitimidade para recorrer. Contudo, a boa doutrina, como 
bem esclarece Humberto Theodoro Júnior, reconhece que o 
vencedor pode excepcionalmente ter interesse na revisão da 
decisão que o favoreceu:
“Embora a condição de vencido sempre le-
gitime o recurso, reconhece a boa doutrina 
que, mesmo vencedor, o litigante pode ex-
cepcionalmente ter interesse na revisão da 
decisão que o favoreceu. É o caso em que a 
possível solução da causa tenha condições 
de proporcionar-lhe “melhor situação” do 
que aquela adotada no julgamento. Segun-
do Barbosa Moreira, quando for viável a oti-
mização da composição do conflito, deve-se 
reconhecer ao vencedor o interesse em re-
correr, sem embargo de não ter sido a par-
te vencida. São exemplos de tal situação: a 
acolhida de um dos pedidos sucessivos que 
não seja o mais interessante para o autor 
vencedor; ou o julgamento de improcedên-
cia do pedido por falta de prova, nos casos 
em que a lei não admita a formação de coisa 
julgada material na espécie; o interesse do 
réu vencedor pode residir na tentativa de 
alcançar uma sentença que mantenha a im-
procedência do pedido, mas que o faça com 
julgamento de mérito”
(Curso de Direito Processual Civil, Vol. III, 49ª edição, Ed. 
GEN/Forense, p. 985).
O artigo 996 do CPC/2015 também assegura ao 
terceiro prejudicado a possibilidade de interpor 
recurso de determinada decisão, desde que ela 
afete, direta ou indiretamente, uma relação jurí-
dica de que seja titular (os requisitos para a in-
terposição de recurso pelo terceiro prejudicado 
estão elencados no parágrafo único). 
O conceito de terceiro, é assim definido por José 
Carlos Barbosa Moreira:
“O conceito de terceiro determi-
na-se por exclusão em confronto 
com o  de parte: é terceiro quem 
não seja parte, quem nunca o te-
nha sido, quer haja deixado de sê-
-lo em momento anterior àquele 
em que se profira a decisão”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª 
edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, p. 331).
 ARTIGO 996
Atente-se ao fato de que o Superior Tribunal de Justiça tem en-
tendimento consolidado no seguinte sentido:
“Ainda que presentes nos autos litisconsor-
tes com procuradores  distintos, o tercei-
ro prejudicado, ao ingressar no processo 
para recorrer, não pode usufruir do favor di-
latório previsto no art. 191 do CPC [art. 229 
do CPC/2015], máxime por não ostentar a 
qualidade de litisconsorte”
(REsp n.  1.330.516-PR, rel. Min. Sérgio Kukina, j. 12.5.2015).
Já a legitimidade do Ministério Público como fiscal da ordem 
jurídica está estampada no artigo 178 do CPC/2015.
Conclui-se, daí, que o direito de recorrer não é exclusivo das 
partes litigantes, sendo também extensivo ao Ministério Públi-
co e ao terceiro prejudicado.
Artigo 996, parágrafo único do CPC/2015
Sentido semelhante ao do artigo 499, 
parágrafo 1º do CPC/1973
O terceiro prejudicado e os requisitos 
a serem demonstrados para recorrer
No que se refere ao terceiro prejudicado, preconiza este pará-
grafo único (cujo sentido é semelhante ao do artigo 499, pará-
grafo 1º do CPC/1973), cumprir-lhe demonstrar:
I - a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica subme-
tida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular; 
ou,
II - que possa discutir em juízo como substituto processual. 
Quanto à primeira hipótese, Teresa Arruda Alvim Wambier - re-
latora da comissão responsável pela criação do anteprojeto do 
novo Código de Processo Civil -, alegaque foi mal redigido:
“O dispositivo é mal redigido, pois fala em 
possibilidade de atingimento. Na verdade, 
para que o terceiro possa recorrer, é neces-
sário que tenha sido efetivamente atingido. 
Do contrário, não seria terceiro prejudicado, 
carecendo de interesse em recorrer. Uma vez 
proferida a decisão que afete negativamen-
te a este terceiro, aí sim nasce seu interesse, 
pressuposto recursal inafastável”
(Comentários ao Novo Código de Processo Civil, 2ª edição, 
2016, Coordenadores Antonio do Passo Cabral e Ronaldo 
Cramer, Ed. G
Contudo, no nosso entendimento, quis o legislador realmen-
te alargar a legitimação recursal do terceiro prejudicado, ade-
quando-o, também, às finalidades do instituto e ao princípio 
maior da instrumentalidade do processo (apud Athos Gusmão 
Carneiro, Intervenção de Terceiros, 18ª edição, 2009, Ed. Sarai-
va, p. 220). Afinal, como sabido e consabido, “não se presumem 
na lei palavras inúteis”.
E não só isso. Quis também trazer maior clareza ao dispositivo 
legal. José Carlos Barbosa Moreira criticava a redação do pará-
grafo 1º do artigo 499 Código de Processo Civil de 1973, nesse 
sentido: EN/Forense, p. 1.494).
“O problema da legitimação, no 
que tange ao terceiro, postula o 
esclarecimento da natureza do 
prejuízo a que se refere o texto le-
gal. A redação do §1º do art. 499 
está longe de ser um modelo de 
clareza e precisão: alude ao “nexo 
de interdependência” entre o inte-
resse do terceiro em intervir “ e a 
relação jurídica submetida à apre-
ciação Judicial”, quando a rigor o 
interesse em intervir é que resul-
ta do “nexo de interdependência” 
entre a relação jurídica de que seja 
titular o terceiro e relação jurídica 
deduzida no processo, por força 
do qual, precisamente, a decisão 
se torna capaz de causar prejuízo 
àquele”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 
3ª edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, pp. 
331/332).
Assim, ao excluir o “nexo de interdependência” e 
incluir a frase “atingir direito de que se afirme ti-
tular”, eliminou o legislador toda a celeuma dou-
trinária que havia em torno da redação do pará-
grafo 1º do artigo 499 do CPC/1973. 
Filiamo-nos, portanto, à doutrina de José Carlos 
Barbosa Moreira, que muito antes da edição do 
novo Código de Processo Civil, assim entendia:
 ARTIGO 996
“Apesar, pois, da obscuridade do dispositivo 
ora comentado, no particular, entendemos 
que a legitimação do terceiro para recorrer 
postula a titularidade de direito (rectius: de 
suposto direito (em cuja defesa ele acorra. 
Não será necessário, entretanto, que tal di-
reito haja de ser defendido de maneira dire-
ta pelo terceiro recorrente: basta que a sua 
esfera jurídica seja atingida pela decisão, 
embora por via reflexa. É essa, aliás, a linha 
hermenêutica sugerida pela própria tradi-
ção do direito luso-brasileiro”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 333 - Grifei).
Mais ainda. Ao utilizar na redação do parágrafo único do arti-
go 996 o substantivo feminino “possibilidade”, o legislador do 
novo Código de Processo Civil deixou claro que a legitimidade 
do terceiro prejudicado não se limita a um prejuízo/dano con-
creto, mas sim quando exista uma expectativa de que esse pre-
juízo/dano venha a ser experimentado, ou seja, que a decisão 
tem capacidade de atingir direito seu ou que ele possa discutir 
em juízo como substituto processual.
Em relação ao substituto processual, o CPC/2015, como bem 
anotado por Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, 
apenas explicitou algo que a lógica do sistema já autorizada:
“Mesmo no sistema do CPC/1973, já era 
possível que o terceiro recorresse com base 
em interesse ligado ao fato de poder atu-
ar como substituto processual de outrem 
(nesse sentido, Nery. Recursos, 3.4.1.2, p. 
297/298; Didier. Rec. Terceiro, p. 105). A lei 
apenas explicitou algo que a lógica do siste-
ma já autorizava”
(Comentários ao Código de Processo Civil, Ed. RT, 2015, p. 
2.013, nota n. 10 ao artigo 996)
Concluindo, Nelson Nery Junior, apoiado em precedente, afir-
ma que:
“Essa legitimidade dada ao terceiro preju-
dicado o autoriza a interpor qualquer recur-
so, inclusive embargos de declaração” (RTJ 
98/152)”
(Princípios Fundamentais – Teoria Geral dos Recursos, 4ª 
edição, Ed. RT, 1997, p. 259)..
 ARTIGO 996
JURISreferência™
1. A pessoa jurídica tem legitimidade para impugnar de-
cisão interlocutória que desconsidera sua personalidade 
para alcançar o patrimônio de seus sócios ou administra-
dores, desde que o faça com o intuito de defender a sua 
regular administração e autonomia – isto é, a proteção da 
sua personalidade –, sem se imiscuir indevidamente na 
esfera de direitos dos sócios ou administradores incluídos 
no polo passivo por força da desconsideração (STJ – REsp n. 
1.421.464-SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 24.4.2014).
2. Havendo a desconsideração da personalidade jurídica, 
tanto a sociedade quanto os sócios têm legitimidade para 
recorrer (STJ – REsp n.  715.231-SP, rel. Min. João Otávio de No-
ronha, j. 9.2.2010).
3. O sócio avalista de uma empresa não tem legitimidade 
para apresentar apelação própria, na condição de terceiro 
interessado, depois que a apelação da pessoa jurídica – au-
tora da ação julgada improcedente na primeira instância 
– foi dada por intempestiva (STJ – REsp n. 1.141.745-BA, rel. 
Min. Sidnei Beneti, j. 8.2.2011).
4. Se a jurisprudência reconhece ao fiador até mesmo legi-
timidade para figurar no polo passivo, como parte em sen-
tido formal e material, de ação de despejo, cumulada com 
cobrança de alugueres, não há a menor razão para obstar 
o conhecimento de apelação por ele interposta, como ter-
ceiro prejudicado, notadamente se, em razão mesmo da 
própria fiança, caracterizada está a hipótese do §1º, do art. 
499 do CPC. Precedente desta Corte (STJ – REsp n. 361.738-
RJ, rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 18.4.2002).
5. A verba relativa à sucumbência, a despeito de constituir 
direito autônomo do advogado, não exclui a legitimidade 
concorrente da parte para discuti-la. Precedentes (AgRg no 
AREsp n. 637.405-MG, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 19.3.2015).
6. O advogado não pode interpor recurso em nome pró-
prio, ainda que esse possa ter reflexos na sucumbência (STJ 
- EDcl no AREsp n. 684.751-RS, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
j. 16.6.2015).
7. Esta Corte, no que tange a exegese do referido preceito 
legal, firmou-se no sentido de que o “perito não é parte, 
muito menos tem interesse na demanda, não podendo in-
tervir como terceiro interessado, dada ausência de legiti-
midade para tanto (art. 499, do Código de Processo Civil)” 
(v.g. Resp nº 32.301-4/SP, Rel. Min. CLÁUDIO SANTOS, DJ de 
08/08/94). Assim, nesta linha, o perito judicial – mero auxi-
liar do juízo – não tem legitimidade para promover recur-
so. Não se trata, portanto, de terceiro interessado. Nesse 
sentido, ainda, v. g. RESP 187.997/MG, Rel. Min. SÁLVIO DE 
FIGUEIREDO TEIXEIRA, DJ de 18/02/02 e AGRESP 228.627/
SP, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 01/07/04, entre 
outros. Destarte, o reconhecimento de que o perito tinha 
legitimidade para recorrer foi equivocado. Tal circunstân-
cia, frise-se, de caráter preliminar, enseja no próprio não 
conhecimento do agravo interposto. Logo, não poderia o 
Tribunal a quo ultrapassar tal óbice. 8 - Recurso conheci-
do e provido, na via da excepcionalidade, pelos argumen-
tos já expostos, para, cassando o decisum proferido pelo 
Tribunal a quo, reconhecer a ilegitimidade processual do 
perito (STJ - REsp n. 410.793-SP, rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 
28.9.2004).
8. É firme o entendimento no âmbito do STJ no 
sentido de que o Ministério Público tem legi-
timidade para recorrer nos processos em que 
oficiou como custos legis, ainda que se trate 
de controvérsia relativa a direitosindividuais 
disponíveis e as partes estejam devidamente 
representadas por advogados. Enunciado da 
Súmula n. 99/STJ, art. 499 do Código de Pro-
cesso Civil de 1973, art. 996 do Código de Pro-
cesso Civil de 2015. Precedentes do STF e do 
STJ. Preliminar de ilegitimidade recursal do 
Parquet afastada (AgInt no REsp n. 1.606.433-
RS, rel. Min. Francisco Falcão, j. 7.3.2017).
 ARTIGO 997
CPC/2015
Art. 997.  Cada parte interporá o recurso inde-
pendentemente, no prazo e com observância 
das exigências legais.
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso inter-
posto por qualquer deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recur-
so independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas 
regras deste quanto aos requisitos de admissibi-
lidade e julgamento no tribunal, salvo disposi-
ção legal diversa, observado, ainda, o seguinte: 
I – será dirigido ao órgão perante o qual o recur-
so independente fora interposto, no prazo de 
que a parte dispõe para responder;
II – será admissível na apelação, no recurso extra-
ordinário e no recurso especial;
 
III – não será conhecido, se houver desistência do 
recurso principal ou se for ele considerado inad-
missível.
CPC/1973
Art. 500.  Cada parte interporá o recurso, in-
dependentemente, no prazo e observadas as 
exigências legais. Sendo, porém, vencidos au-
tor e réu, ao recurso interposto por qualquer 
deles poderá aderir a outra parte. O recurso 
adesivo fica subordinado ao recurso principal 
e se rege pelas disposições seguintes:
I - será interposto perante a autoridade com-
petente para admitir o recurso principal, no 
prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, nos 
embargos infringentes, no recur-
so extraordinário e no recurso especial; 
III - não será conhecido, se houver desistência 
do recurso principal, ou se for ele declarado 
inadmissível ou deserto.
 ARTIGO 997
Artigo 997, ‘caput’ e parágrafos 1º e 2º do CPC/2015
Sentido idêntico ao do artigo 500, ‘caput’ e 
incisos I, II e III e parágrafo único do CPC/1973
Os recursos continuam a ser considerados 
independentes entre si
Recurso adesivo
Procedimento a ser observado
O artigo 997, ‘caput’ e parágrafos 1º e 2º do novo CPC preser-
vam o mesmo sentido do artigo 500, ‘caput’ e incisos I, II e III e 
parágrafo único do CPC/1973. 
Este dispositivo trata da independência dos recursos, do re-
curso adesivo e do procedimento aplicável em relação a 
este. 
O legislador dividiu a redação do artigo 500 do CPC/1973 a fim 
de conferir maior clareza e organicidade ao novo dispositivo 
legal. 
Apesar dessa divisão, conforme já era previsto no Código re-
vogado, a regra continua a mesma: cada parte interporá o 
recurso independentemente, no prazo e com observância 
das exigências legais (‘caput’). 
Entretanto, como bem pontuado por José Carlos Barbosa Mo-
reira:
“...a parte que estiver inclinada a confor-
mar-se com o julgamento, mas apenas sob 
a condição de que também o adversário se 
abstenha de recorrer, pode aguardar sem 
sobressalto o decurso do prazo comum: so-
brevindo o termo final sem que a outra parte 
impugne a decisão, esta passa em julgado e 
torna-se imune a qualquer modificação; se, 
ao contrário, a outra parte interpuser recur-
so, e o processo houver de subir, por isso, 
ao grau superior de jurisdição, abre-se ain-
da ao litigante que de início se conservara 
inerte, e a despeito de já esgotado aquele 
prazo, a possibilidade de tentar obter do 
órgão ad quem pronunciamento que me-
lhore a sua própria situação. Assim, se evita 
a interposição precipitada do recurso pelo 
“vencido” em parte, graças à certeza, que se 
lhe proporciona, de que terá, caso queira, 
nova oportunidade de impugnar a decisão 
no que lhe interesse”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 348).
Ou seja, o pressuposto principal do apelo adesivo é o confor-
mismo condicional.
Conservou, para tanto, o CPC/2015, o manejo do ‘recurso ade-
sivo’: sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por 
qualquer deles poderá aderir o outro (parágrafo 1º), ou seja, o 
pressuposto principal do apelo adesivo é o condicional.
Da redação do referido dispositivo legal, extrai-
-se que um requisito essencial para o cabimento 
e conhecimento do recurso adesivo é a existên-
cia de sucumbência recíproca entre autor e réu 
(TJSC – Ap. Cív. n. 0001186-87.2014.8.24.0078, 
rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, j. 12.6.2017). 
Assim, não se conhece do recurso adesivo quan-
do a sentença for de procedência, uma vez que 
não há sucumbência recíproca (artigo 997, pará-
grafo 1º do CPC/2015), requisito este indispen-
sável para sua admissibilidade (TJMS – Ap. Cív. 
n. 0800224-79.2016.8.12.0018, rel. Des. Eduardo 
Machado Rosa, j. 7.3. 2017)
Essa reciprocidade deve se dar entre as partes 
que recorrem, de modo que,  havendo litiscon-
sórcio, só se admite recurso adesivo se estiver ca-
racterizada sucumbência recíproca entre a parte 
que apelou e aquela que recorreu adesivamen-
te (STJ - REsp n. 1.202.275-MA, rel. Min.  Ricardo 
Villas Bôas Cueva, j. 3.11.2015). 
O artigo anterior analisado (996), tratava do re-
curso de terceiro prejudicado e do Ministério 
Público. Todavia, como bem pontua José Carlos 
Barbosa Moreira:
 ARTIGO 997
“Não há “recurso adesivo” de terceiro preju-
dicado, nem do Ministério Público nos pro-
cessos onde não ocupava, no momento da 
decisão, a posição de parte. Tampouco se 
pode “aderir” a recurso de terceiro prejudi-
cado, nem a recurso interposto pelo Minis-
tério Público, se este até então não era par-
te, mas apenas fiscal da lei: o dispositivo fala 
em terem ficado “vencidos autor e réu” e, a 
seguir, em “adesão” da outra parte ao “recur-
so interposto por qualquer deles”. Quer isso 
dizer que ao terceiro prejudicado ou ao Mi-
nistério Público (fora dos casos em que seja 
parte) corre sempre o ônus de interpor, no 
prazo comum, recurso independente. Não 
podem aguardar o esgotamento do prazo, a 
fim de resolver se recorrerão ou não”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, pp. 359/360)
Isso porque, segundo conclui o mesmo autor:
“A legitimação passiva toca ao litigante que 
haja interposto o recurso principal. Esse é 
que, no “adesivo”, figurará como recorrido” 
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 360)
A existência e a manutenção do recurso adesivo no sistema 
processual brasileiro visa atender política legislativa e judiciá-
ria de solução mais célere dos litígios (artigo 4º do CPC/2015). 
Por isso, do ponto de vista teleológico, não se deve interpre-
tar o artigo 997 do CPC/2015 de forma substancialmente mais 
restritiva do que se faria com os artigos alusivos à apelação, 
por exemplo, mesmo porque “ao recurso adesivo se aplicam 
as mesmas regras do recurso independente, quanto às condi-
ções de admissibilidade e julgamento no tribunal” (STJ – REsp 
n. 1.109.249-RJ, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 7.3.2013). 
Portanto, o recurso adesivo não é espécie recursal, mas ape-
nas modalidade de interposição, podendo-se assim concluir 
pela leitura do artigo 994 do CPC/2015: O “recurso adesivo” 
não vem contemplado expressamente como um “recurso” pro-
priamente dito. Mas fique atento: i) dentre os requisitos de 
admissibilidade exigidos pelo parágrafo 2º, a sua interposição 
exige petição (peça) independente, não podendo constar da-
quela em que se apresentas as contrarrazões (TJMT – Ap. Cív. 
n. 173513/2016, rel. Des. Serly Marcondes Alves, j. 15.2.2017) e 
ii) o recurso adesivo também não deve ser conhecido se proto-
colado anteriormente à apelação (TJRO – Ap. Cív. n. 0022865-
11.2012.8.22.0001. rel. Des. Moreira Chagas, j. 5.7.2016).
Por isso, não precisa guardar correlação temática (de mérito) 
coma do recurso principal, nem exige sucumbência recíproca 
na mesma lide (STJ – REsp n. 332.826-MG, rel. Min. Aldir Passa-
rinho Junior, j. 7.2.2002). 
O prazo para a interposição do recurso adesivo é de 15 (quinze 
dias) úteis - artigo 219, ‘caput’ do CPC/2015 -, por interpretação 
analógica dos artigos 1.003, parágrafo 5º e 1.010, parágrafos 1º 
e 2º do CPC/2015, contados a partir da intimação para a apre-
sentação das contrarrazões.
Observe que, tanto o apelante, como o apelado 
deverá ser intimado para apresentar contrarra-
zões no prazo de quinze dias (artigo 1.010, pa-
rágrafos 1º e 2º), como corolário do princípio do 
contraditório (artigo 5º, inciso LV da CRFB/88), 
norma fundamental do processo civil (artigo 10 
do CPC/2015). 
E o recurso adesivo, tal como consta expressa-
mente do parágrafo 2º do artigo sob comento, 
continua subordinado ao recurso independen-
te, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste 
quanto aos requisitos de admissibilidade e julga-
mento no tribunal, salvo disposição legal diver-
sa, observado, ainda, as seguintes regas: 
I – será dirigido ao órgão perante o qual o recur-
so independente fora interposto, no prazo de 
que a parte dispõe para responder; 
II – será admissível na apelação, no recurso extra-
ordinário e no recurso especial; e,
III – não será conhecido, se houver desistência do 
recurso principal ou se for ele considerado inad-
missível.
 ARTIGO 997
Por derradeiro, muito embora o rol do inciso II acima seja taxa-
tivo (STJ - AgRg nos EREsp n. 611.395-MG, rel. Ministro Gilson 
Dipp, j. 7.6.2006), diante da nova sistemática processual de o 
juiz decidir parcialmente o mérito (artigo 356 do CPC/2015 – 
julgamento antecipado parcial do mérito), filiamo-nos ao se-
guinte entendimento de Daniel Amorim Assumpção Neves:
“Com o advento do Novo Código de Processo 
Civil e a possibilidade do julgamento parcial 
do mérito de forma definitiva, por meio de 
decisão interlocutória recorrível por agravo 
de instrumento, parece ser mais adequado 
a ampliação das hipóteses de cabimento 
ao menos para essa hipótese. Afinal, nesse 
caso o agravo de instrumento cumpre no 
sistema a mesma função da apelação: im-
pugnar decisão definitiva de mérito, profe-
rida mediante cognição exauriente e juízo 
de certeza”
(Novo Código de Processo Civil Comentado, Ed. JusPodivm, 
2017, p. 1.680).
JURISreferência™
1. Extinção da ação e da reconvenção, ao fundamento de 
ausência de condição de ação. Sucumbência recíproca. In-
terposição, pelo autor ou pelo reconvinte, de recurso ade-
sivo ao de apelação. Possibilidade. STJ: “2. Julgadas extintas 
a ação e a reconvenção, por ausência de condição da ação, não 
descaracteriza a sucumbência recíproca apta a propiciar o ma-
nejo do recurso adesivo, pois “[a] ‘sucumbência recíproca’ há de 
caracterizar-se à luz do teor do julgamento considerado em seu 
conjunto; não exclui a incidência do art. 500 o fato de haver cada
uma das partes obtido vitória total neste ou naquele capítulo”. 
3. Recurso especial parcialmente provido para que o tribunal 
de origem prossiga no julgamento do recurso adesivo, dando 
por superado o invocado óbice ao seu conhecimento” (REsp 
n. 1.109.249-RJ, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 7.3.2013).
2. Condições pessoais relativas ao preparo não aproveitam 
ao recorrente adesivo. A assistência judiciária de que goza 
a parte que interpõe o recurso principal não se estende à 
parte contrária, que dela não frui, pelo que imprescindível 
o recolhimento do preparo do adesivo, sob pena de deser-
ção (STJ - REsp n.  912.336-SC, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 
j. 2.12.2010).
3. O pressuposto de cabimento do recurso adesivo se faz 
em relação à vitória e derrota parciais na ação por intei-
ro, e não quanto a um ou outro pedido específico (REsp n. 
535.125/PR, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 
unânime, DJU de 23.08.2004).Destarte, se a parte restou 
vencida nos danos materiais, podia aviar recurso adesivo 
para postular a elevação dos morais, fixado sem patamar 
que reputou insatisfatório, ainda que, na exordial, hou-
vesse deixado ao arbítrio do juízo o estabelecimento do 
quantum respectivo (STJ - REsp n.  543.133-PR, rel. Min. Aldir 
Passarinho Junior, j. 5.5.2009).
 ARTIGO 998
CPC/2015
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tem-
po, sem a anuência do recorrido ou dos litiscon-
sortes, desistir do recurso.
 
Parágrafo único.  A desistência do recurso não 
impede a análise de questão cuja repercussão 
geral já tenha sido reconhecida e daquela obje-
to de julgamento de recursos extraordinários ou 
especiais repetitivos.
CPC/1973
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer 
tempo, sem a anuência do recorrido ou dos 
litisconsortes, desistir do recurso.
 ARTIGO 998
Artigo 998, ‘caput’ do CPC/2015
Sentido idêntico ao do artigo 501 do CPC/1973
Até quando poderá o recorrente desistir do recurso
O artigo 998, ‘caput’ do novo CPC conservou o mesmo sentido 
do artigo 501 do CPC/1973, ou seja, a qualquer tempo, o recor-
rente poderá, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsor-
tes, desistir do recurso. 
A desistência do recurso é ato jurídico unilateral, que indepen-
de da concordância do recorrido e pode ser efetuada a partir 
da efetiva interposição até o momento imediatamente ante-
rior ao julgamento (STJ - AgRg no REsp n. 433.920-PR, rel. Min. 
Eliana Calmon, j. 1º.4.2003), mesmo que o processo esteja em 
pauta para julgamento ou já se tenha iniciado o julgamento 
e proferido o voto pelo relator (STJ - RMS n. 20.582-GO, rel. 
Min. Francisco Falcão e relator para o acórdão Min. Luiz Fux, j. 
18.9.2007), nesta última hipótese, inclusive, oralmente, na res-
pectiva sessão de julgamento.
Mas, segundo decidido pelo próprio Superior Tribunal de Jus-
tiça, “não é possível a homologação de pedido de desistência 
de recurso já julgado, pendente apenas de publicação de acór-
dão” (STJ - AgRg no AgRg no Agravo n. 1.392.645-RJ, rel. Min. 
Herman Benjamin, j. 21.2.2013). 
Observe, ainda, que a desistência, uma vez manifestada, opera 
efeitos processuais imediatos, não dependendo sequer de ho-
mologação judicial (STJ - REsp n. 7.243-RJ, rel. Ministro Milton 
Luiz Pereira, j. 7.6.1993), sendo, portanto, nulo o julgamento re-
alizado após a manifestação da desistência (STJ - EDcl no REsp 
n. 38.924-SP, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 9.2.1994).
Porém, fique também atento ao seguinte precedente do Egré-
gio Superior Tribunal de Justiça:
“Deve prevalecer, como regra, o direito da 
parte à  desistência, mas verificada a exis-
tência de relevante interesse público, pode 
o relator, mediante decisão fundamentada, 
promover o julgamento do recurso especial 
para possibilitar a apreciação da respectiva 
questão de direito, sem prejuízo de, ao final, 
conforme o caso, considerar prejudicada a 
sua aplicação à hipótese específica dos au-
tos”
(STJ - REsp n. 1.308.830-RS, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 
8.5.2012).
Quanto a esse particular, Daniel Amorim Assumpção Neves, 
invocando o artigo 200, ‘caput’ do CPC/2015 (com redação 
idêntica a do artigo 158, ‘caput’ do CPC/1973), entende que 
esse entendimento é inadequado, equivocado e insustentável. 
Todavia, bem analisado esse precedente – onde havia existên-
cia de relevante interesse público - não se pode interpretar o 
presente comando legal de forma isolada, atendo-se apenas à 
sua literalidade e ignorando o contexto em que está inserido, 
sobretudo pela inovação trazida pelo parágrafo único deste ar-
tigo, ou seja, um julgamento com relevante interesse público 
pode equiparar-se a um julgamento de recurso especial repeti-
tivo. E mais. Como bem deixou consignado o v. acórdão, a exe-
gese do atual artigo 998, ‘caput’ do CPC/2015 deve ser feita à 
luz da realidade surgida após a criação daquela Corte Superior, 
levando-se em consideração o seu papel, que transcende ode 
ser simplesmente a última palavra em âmbito infraconstitucio-
nal, sobressaindo o dever de fixar teses de direito que servi-
rão de referência para as instâncias ordinárias de todo o país. A 
partir daí, infere-se que o julgamento dos recursos submetidos
ao Superior Tribunal de Justiça ultrapassa o in-
teresse individual das partes nele  envolvidas, 
alcançando toda a coletividade para a qual suas 
decisões irradiam efeitos.
O novo Código de Processo Civil (e o CPC/1973) 
além da desistência prevista neste artigo, prevê 
a renúncia ao direito de recorrer (artigo 999 do 
CPC/2015), institutos que não se pode confundir, 
como bem assinalou José Carlos Barbosa Morei-
ra:
“Não se confunde a desistência 
com a renúncia ao recurso: aquela 
pressupõe recurso já interposto; 
nesta, ao contrário, o renunciante 
abre mão previamente do seu di-
reito de impugnar a decisão”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª 
edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, p. 375).
 ARTIGO 998
E no que se refere ao recorrente adesivo (artigo 997, parágra-
fos 1º e 2º do CPC/2015 e o qual analisamos anteriormente), 
segundo o mesmo José Carlos Barbosa Moreira:
“Mesmo o recorrente “adesivo” não se pode 
dizer prejudicado pela desistência do recor-
rente principal: na verdade, aquele só terá 
impugnado a decisão porque este o fize-
ra; se quisesse obter novo julgamento sob 
quaisquer circunstâncias, caber-lhe-ia o 
ônus de interpor, no prazo normal, recurso 
independente. Não raro, aliás, a parte que 
recorre “adesivamente”, na prática, menos 
pretenderá conseguir na verdade o plus que 
pleiteia do órgão ad quem do que simples-
mente exercer sobre o adversário pressão 
psicológica no sentido de que desista do re-
curso principal: essa é que será, no fundo, a 
real finalidade colimada pela “adesão”, de 
sorte que tal desistência se apresenta aos 
olhos do recorrente “adesivo” como resulta-
do plenamente satisfatório”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 377).
Uma vez manifestada a intenção de desistir do recurso - que 
independe de homologação judicial - não se admite retratação 
em razão do efeito imediato do ato praticado. 
Por fim, observe que a desistência do recurso, quando apre-
sentada por advogado, reclama poderes especiais, a teor do 
expressamente preconizado no artigo 105 do CPC/2015. e Pro-
cesso Civil, 3ª edição, 1978, Volume V, Ed. Forense, p. 377).
Uma vez manifestada a intenção de desistir do recurso - que 
independe de homologação judicial - não se admite retratação 
em razão do efeito imediato do ato praticado. 
Por fim, observe que a desistência do recurso, quando apre-
sentada por advogado, reclama poderes especiais, a teor do 
expressamente preconizado no artigo 105 do CPC/2015.
Artigo 998, parágrafo único do CPC/2015
Inovação significativa
O que poderá ser analisado mesmo
desistindo o recorrente do recurso
A desistência do recurso, segundo a inédita redação deste pa-
rágrafo único, não impede a análise de duas questões. São elas: 
I - cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida; e, 
II - daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários 
ou especiais repetitivos.
Humberto Theodoro Júnior bem analisa a inovação legislativa.
“Semelhante tese já era defendida doutri-
nariamente, entre outros, por Marinoni e 
Mitidiero, sobre o argumento de que “com 
o reconhecimento da repercussão geral e 
com a escolha do recurso como paradigma 
de recursos repetitivos julga-se a partir do 
caso para a obtenção da unidade do direi-
to”. Dessa maneira, “pouco importa o caso 
individual em si, sobrelevando o interesse 
na obtenção da unidade do direito. Daí a ra-
zão pela qual, ainda que se deva admitir a 
desistência do recurso para os efeitos de ex-
o recorrente da eficácia da decisão 
daquele recurso, tendo em conta 
o princípio da demanda – expres-
são processual do valor que a or-
dem jurídica reconhece a liberda-
de de agir em juízo e a autonomia 
privada -, a desistência não tem o 
condão de impedir a resolução de 
questão com repercussão geral e a 
fixação de precedente em proces-
sos repetitivos, dado o interesse 
público primário na obtenção da 
unidade do direito mediante atu-
ação do Supremo Tribunal Federal 
e do Superior Tribunal de Justiça”.
“Portanto, após a desistência do 
recorrente, o STF e o STJ prosse-
guirão no julgamento do recurso 
repetitivo e de repercussão geral, 
não mais a benefício da parte que 
o promoveu, porque em sua re-
ferência o feito se extinguiu, for-
mando-se a coisa julgada, nos ter-
mos do decidido pelo tribunal de 
origem; mas em busca de fixação 
de uma tese de direito a prevale-
cer, uniformemente, na política 
constitucional judiciária, para to-
dos os casos a que tenha aplica-
ção”.
 (Curso de Direito Processual Civil, Vol. III, 49ª 
edição, Ed. GEN/Forense, pp. 998/999).
 ARTIGO 998
JURISreferência™
1. Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso 
adesivo, não se admite a desistência do recurso principal 
de apelação, ainda que a petição de desistência tenha sido 
apresentada antes do julgamento dos recursos (STJ - REsp 
n.  1.285.405-SP, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 16.12.2014).
2. O pedido de desistência do mandado de segurança, sem 
a anuência da parte adversa, somente é possível antes da 
prolação da sentença. Após, cabível é apenas a desistência 
unilateral do recurso, nos termos do art. 501, do CPC, que 
também se aplica, nesse caso, ao recurso especial. (REsp 
550.770-CE, DJ 4.12.2006) (STJ - REsp n. 291.059-PR, rel. Min. 
Humberto Martins, j. 21.6.2007).
3. Na hipótese de as partes firmarem acordo, não é necessá-
ria a intervenção do Judiciário, sendo pertinente o pedido 
de desistência formulado (STJ - REsp n.  1.370.698-SP, rel. Min. 
João Otávio de Noronha, j. 21.11.2013).
 ARTIGO 999
CPC/2015
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer inde-
pende da aceitação da outra parte.
CPC/1973
Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer in-
depende da aceitação da outra parte.
 ARTIGO 999
Artigo 999 do CPC/2015
Redação idêntica a do artigo 502 do CPC/1973
Renúncia ao direito de recorrer
Continua independendo de aceitação da outra parte, a renún-
cia ao direito de recorrer. 
A renúncia é negócio jurídico pelo qual a parte, expressa ou ta-
citamente, manifesta a vontade de não interpor recurso, cons-
tituindo-se em fato impeditivo do direito de recorrer, indepen-
dendo até mesmo da aceitação pela outra parte, ou seja, como 
bem destaca José Carlos Barbosa Moreira:
“Não exige a lei forma especial para a renún-
cia. Todavia, dadas as características do ato, 
entende-se que deve constar de petição es-
crita, dirigida ao órgão perante o qual pen-
de o feito. Não há necessidade da lavratura 
de termo, nem de homologação judicial (art. 
158).
Com a desistência do recurso, a renúncia ao 
direito de recorrer tampouco admite condi-
ção ou termo. O texto reza expressamente 
que ela “independe da aceitação da outra 
parte”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 391).
Não se renuncia a direito de recorrer depois de interposto o 
recurso. Depois de já interposto, desiste-se de recurso (artigo 
998, ‘caput’). Como bem esclarece Jorge Amaury Nunes:
“Em outras palavras, desiste-se do recurso 
que foi interposto; renuncia-se ao recurso 
que pode ser interposto, mas que ainda não 
o foi”
(Comentários ao Código de Processo Civil, Ed. Saraiva, vá-
rios autores, 1ª edição, 2ª tiragem, 2016, p. 1.317).
Como bem assinala Humberto Theodoro Júnior:
“Há duas espécies de renúncia ao direito de 
recurso: (i) a tácita, que decorre da simples 
decadência do prazo recursal; e (ii) a expres-
sa, que se traduz em manifestação de vonta-
de da parte. É da segunda que cogita o art. 
999, admitindo-a,independentemente da 
anuência da parte contrária, ou do litiscon-
sorte, por se tratar de ato unilateral. 
A renúncia pode manifestar-se em petição, 
ou mesmo oralmente na audiência. A lei não 
exige forma especial. A desistência deve 
ser pedida em petição. O advogado, para 
renunciar ao recurso, ou dele desistir, de-
pende, naturalmente, de poderes especiais. 
Não há necessidade de homologação judi-
cial, em face do disposto no art. 200, caput. 
A exigência especial do parágrafo único da-
quele dispositivo, que condiciona os efeitos 
do ato da parte à homologação judicial refe-
re-se unicamente à desistência da ação”
(Curso de Direito Processual Civil, Vol. III, 49ª edição, Ed. 
GEN/Forense, pp. 999).
 ARTIGO 999
Destacamos, ainda, precedente do Egrégio Tribunal de Justiça 
do Estado do Rio Grande do Sul, no sentido de que anterior e 
expressa renúncia ao direito de recorrer, impõe o não conhe-
cimento do recurso adesivo, por configurar preclusão lógica, 
ante a pratica de ato incompatível com a interposição do re-
curso (TJRS – Ap. Cív. n. 70067353169, rel. Des. Umberto Guas-
pari Sudbrack, j. 19.5.2016).
Nessa quadra – recurso adesivo – destacamos também esse 
posicionamento de Humberto Theodoro Júnior:
“Fica, todavia, assegurado o direito ao re-
nunciante ou desistente de valer-se do re-
curso adesivo, caso venha a outra parte a 
recorrer após a renúncia ou desistência”
(Curso de Direito Processual Civil, Vol. III, 49ª edição, Ed. 
GEN/Forense, pp. 999).
Lembramos, como acontece com a desistência do recurso (ar-
tigo 998 do CPC/2015), que a renúncia ao direito de recorrer, 
quando apresentada por advogado, reclama poderes espe-
ciais, a teor do preconizado no artigo 105 do CPC/2015 e itera-
tiva orientação pretoriana:
“Desacompanhada de advogado, a parte 
não pode renunciar ao direito de recorrer”
 (Lex-JTA 139/66)”” (TJSC – AI n. 2000.009975-9, rel. Des. 
Orli Rodrigues, j. 11.6.2002).
 ARTIGO 1000
CPC/2015
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou taci-
tamente a decisão não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a 
prática, sem nenhuma reserva, de ato incompa-
tível com a vontade de recorrer.
CPC/1973
Art. 503.  A parte, que aceitar expressa ou taci-
tamente a sentença ou a decisão, não poderá 
recorrer.
 
Parágrafo único.  Considera-se aceitação tá-
cita a prática, sem reserva alguma, de um ato 
incompatível com a vontade de recorrer.
 ARTIGO 1000
Artigo 1.000, ‘caput’ do CPC/2015
Sentido idêntico ao do artigo 503, ‘caput’ do CPC/1973
Aquiescência da decisão
 Expressa ou tácita
O artigo 1.000, ‘caput’ do CPC/2015 preserva o mesmo sentido 
do artigo 503, ‘caput’ do CPC/1973, ou seja, não poderá recor-
rer a parte que aceitar (ou aquiescer) expressa ou tacitamente 
a decisão. O ato praticado demonstra a anuência com a deci-
são, de modo que a impossibilidade de interpor o recurso é 
uma mera consequência desse ato de concordância da parte.
Segundo José Carlos Barbosa Moreira:
“Quem aquiesce a uma decisão, repita-se, 
simplesmente se curva diante do julgado, 
aceita-o, sem que a sua vontade se volte de 
modo direto para a abstenção de utilizar os 
recursos acaso cabíveis” 
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 394).
A aquiescência pode ser expressa ou tácita.
Aceitação expressa é aquela traduzida em manifestação por 
escrito, quer ao órgão jurisdicional, como a parte contrária.
Já a tácita, é a prática, sem nenhuma reserva, de algum ato in-
compatível com a vontade de recorrer (vide parágrafo único 
abaixo).
Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, são exemplos de 
aquiescência:
“...: o pagamento da condenação, o levan-
tamento de valores depositados na ação 
consignatória, apresentação das contas exi-
gidas na ação de prestação de contas, deso-
cupação do imóvel e entrega das chaves na 
ação de despejo, a realização de transação”
(Novo Código de Processo Civil Comentado, Ed. JusPodi-
vm, 2017, p. 1.685).
 ARTIGO 1000
Artigo 1.000, parágrafo único do CPC/2015
Sentido idêntico ao do artigo 503, 
parágrafo único do CPC/1973
Aceitação tácita
No que consiste
Este parágrafo único manteve o mesmo sentido do artigo 503, 
parágrafo único do CPC/1973. 
Trata ele da aceitação tácita, que é definida como a prática, 
sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de 
recorrer. 
A renúncia tácita, como já decidido pelo Superior Tribunal de 
Justiça, amparado na melhor doutrina, “tem como pressuposto 
a prática de ato incompatível com a vontade de recorrer e, sob 
o aspecto temporal, esse ato deve ser praticado após profe-
rida a decisão (entendimento de José Carlos Barbosa Moreira 
e Pontes de Miranda)” (ED em REsp n. 1.104.853-PR, rel. Min. 
Denise Arruda, j. 25.11.2009). 
Anotamos, ainda, que a desistência do prazo recursal, embora 
não configure desistência do recurso, nem renúncia expressa 
ao direito de recorrer, caracteriza ato incompatível com aquele 
propósito e denota renúncia tácita, inviabilizando o conheci-
mento do reclamo manejado.
Finalmente, acerca dos efeitos da aquiescência, valho-me, no-
vamente, das preciosas lições de José Carlos Barbosa Moreira:
“A aquiescência é, como a renúncia, fato ex-
tintivo do direito de recorrer e torna inad-
missível o recurso porventura interposto, 
antes ou depois dela, pelo aquiescente. Ine-
xistindo outro obstáculo, a decisão transita 
imediatamente em julgado, O recurso que 
se interponha após a aquiescência deve ser 
indeferido; do que já pendia quando ela 
ocorreu não se deve conhecer.
(...)
É evidente que, se for parcial a aceitação, os 
efeitos apontados unicamente se produzi-
rão no tocante à parte da decisão a que se 
tiver aquiescido”
(Comentários ao Código de Processo Civil, 3ª edição, 1978, 
Volume V, Ed. Forense, p. 397).
O SAJ ADV é um software jurídico que integra diversos se-
tores do escritório de advocacia em uma única plataforma. 
Ele opera na nuvem e conta com uma interface responsiva 
que se adapta a qualquer formato de tela, seja do compu-
tador, do tablet ou do smartphone. O SAJ ADV pode ser 
acessado 24 horas por dia, em qualquer dispositivo com 
acesso à internet. Para conhecer mais benefícios desta so-
lução, clique aqui e teste gratuitamente por 15 dias.
ei, não vá embora! ;)
teste agora

Outros materiais