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Laxante não é solução

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Laxante não é solução: Abuso de laxantes e 
suas consequências. 
A utilização de laxantes tem por objetivo promover a defecação, porém o uso abusivo 
por auto-prescrição, inclusive com o intuito de controlar o peso, reflete a falta do real 
conhecimento sobre qual a frequência de defecações é considerada normal, desejável ou 
mesmo necessária. 
Mesmo havendo indicações validas para a utilização de laxativos, em muitos casos, a 
prisão de ventre pode ser facilmente resolvida com orientações e adoção de condutas 
apropriadas como o aumento na ingestão de água, fibras, prática de exercícios ou 
mesmo treinamento intestinal. Se, no entanto as medidas mais racionais não surtem 
efeitos pode-se suplementar com agentes farmacológicos, sintéticos ou mesmo 
naturais.Um alerta deve ser dado em relação à escolha do medicamento, pois para cada 
pessoa existe uma indicação apropriada, quantidade e, tempo de tratamento. 
Definindo a constipação, ou prisão de ventre, na verdade não se trata de uma doença, 
porém, de um sintoma que pode ter uma ampla variedade de causas. Esta condição pode 
ser consequência de distúrbios endócrinos, doenças do sistema nervoso, doenças no 
intestino grosso, alterações na flora intestinal normal, ou como é o mais frequente, ser 
resultado de causas subjetivas como o stress ou o tipo de dieta alimentar. O conceito 
individual de qual seja o ritmo intestinal normal também e um fator subjetivo que deve 
ser levado em consideração. 
O volume de fezes normal, a frequência de defecações, e a consistência das fezes 
são difíceis de quantificar e estão sujeitos a variações pessoais e aos padrões sócio 
econômicos, sendo portanto muito fácil para a indústria dos laxantes tirar proveito 
desta situação. A média da normalidade varia de uma defecação diária, algumas vezes 
no mesmo dia a até uma vez a cada dois ou três dias,sendo considerado normal. A 
preocupação das pessoas é de que possa ficar intoxicado, o que é infundado se a 
atividade do fígado estiver normal. 
A redução nos movimentos intestinais, assim como do volume, e o endurecimento das 
fezes,ocorrem como resultado de desidratação do material que fica muito tempo no 
intestino grosso antes de sua eliminação. Portanto a consistência, o volume e a 
hidratação das fezes dependem muito da quantidade de fibras e água na dieta da pessoa, 
assim como do estilo de vida. 
Uma causa bastante comum de constipação intestinal crônica ocorre nos indivíduos que 
por questões sociais, ou estarem em locais ou situações difíceis, sem "tempo", ou no 
trabalho, inibem o reflexo para a defecação, contraindo o esfíncter retal, retendo as fezes 
na parte final do intestino. Quando isto se torna um habito, o reflexo fica cada vez mais 
ineficaz, ate tornar-se uma condição chamada de inércia cólica, ou seja, diminuição dos 
movimentos intestinais (peristaltismo) além da possibilidade de perda da sensibilidade 
retal à presença do bolo fecal. Este tipo de situação também é muito frequente em 
pacientes cronicamente acamados ou extremamente sedentários. 
Um mito bastante arraigado, principalmente entre as mulheres, é de que se 
eliminar compulsivamente as fezes, habitualmente recorrendo aos laxantes, irá 
emagrecer. Grande engano. Ao longo do tempo o uso destes fármacos ocasionará 
processo inflamatório no intestino que poderá perder sua integridade e se tornara 
permeável, dando então passagem à macromoléculas, metais tóxicos, partes não 
digeridas de proteínas, toxinas bacterianas e, com isto poderá desenvolver uma 
serie de processos incluindo alergias alimentares que, entre outras coisas, aumenta 
o peso e, colabora na formação da celulite. 
Não resta dúvida de que a prisão de ventre é uma condição também deletéria ao 
organismo, uma vez que aumenta consideravelmente a formação de radicais livres, 
permite maior assimilação de toxinas entre outros males. Interfere na manutenção do 
equilíbrio do ecossistema interno, impedindo ao contrário, a absorção ou formação de 
elementos essenciais como alguns minerais (cálcio por ex.) e algumas vitaminas. 
As condutas recomendadas para a solução deste problema deverão ser sempre de bom 
senso. Alguns mecanismos de ação dos laxantes: 
1) Salinos ou osmóticos são aqueles que incluem sais de magnésio, sulfato, fosfato, 
lactulose, glicerina, sorbitol, manitol. Devido à sua pressão osmótica atuam retendo 
água no intestino grosso. 
Efeitos adversos: acima da dose recomendada podem provocar evacuação líquida, que 
dependendo da intensidade leva à desidratação, não devem ser utilizados por pacientes 
cardiopatas ou com doença renal. Outros efeitos não desejáveis são gases, cólica 
desconforto abdominal, náuseas e ate vômitos, perda de potássio e retenção de sódio. 
2) Laxantes estimulantes são os que promovem a retenção de água, eletrólitos e, 
estimulam os movimentos intestinais.Neste grupo incluem-se os derivados do 
difenilmetano (fenolftaleina por ex.) e, as antraquinonas. 
Efeitos adversos: perda de importantes eletrólitos com consequente desidratação, lesão 
da mucosa intestinal com consequente aumento da permeabilidade intestinal, reações 
alérgicas significativas e, a possibilidade de desenvolver cólon irritável. Esta é a classe 
de laxantes mais receitada, inclusive nas "dietas" para emagrecimento, devido à sua 
rápida resposta, porem pelo que vimos traz consequências desastrosas, ao longo do 
tempo, justamente para aquelas que desejam manter a beleza. 
3) Laxantes naturais geralmente extraídos de plantas, citamos dois dos mais 
conhecidos, Sene e Cascara Sagrada, ambos são ricos em antraquinonas, não sendo 
recomendável o uso crônico. 
Efeitos adversos: Assim como seus similares sintéticos, os compostos antraquinônicos 
podem provocar efeito laxante excessivo, cólicas abdominais, cor anormal na urina e, 
em casos de doses extremas e até nefrite. 
4) Xenical. Um alerta adicional deve ser dado àqueles que estão se utilizando de desta 
nova droga , recém lançada no mercado para o tratamento da obesidade. Tem sido 
apregoada a utilização do mesmo com fins laxantes. Trata-se de medicamento sintético, 
cujo mecanismo de ação é impedir o funcionamento da enzima lipase, produzida pelo 
pâncreas e, com isto impedir a absorção de 30% da gordura ingerida naquela refeição. O 
seu grande efeito colateral é justamente promover evacuação oleosa com muitos gases, 
aumento da frequência fecal, urgência retal e, até incontinência fecal. Porém este efeito 
só ira ocorrer se na refeição houver gorduras,assim como seu poder emagrecedor é 
devido ao impedimento da absorção de gordura naquela refeição, não queima a gordura 
acumulada no organismo. Como também não provoca diarreia em quem não ingeriu 
gordura. 
Efeitos adversos: são principalmente relacionados a não absorção das vitaminas 
lipossolúveis como as vitaminas E, A D, K, tão importantes para a manutenção da 
saúde, prevenção da arteriosclerose, osteoporose, manutenção da saúde cerebral, 
lubrificação e, manutenção de uma pele saudável, entre outras consequências. 
Finalmente, só para lembrar, nada como manter uma boa dieta, rica em fibras, pouco 
açúcar, muita água, comer carne vermelha moderadamente, fazer exercícios regulares, 
combater a inércia e o stress.

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