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B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 Etnoictiologia de pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape... 9 ETNOICTIOLOGIA DE PESCADORES ARTESANAIS DO ESTUÁRIO DO RIO MAMANGUAPE, PARAÍBA, BRASIL José da Silva MOURÃO 1 e Nivaldo NORDI 2 RESUMO Este trabalho foi desenvolvido com duas comunidades de pescadores artesanais: Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas às margens do estuário do rio Mamanguape (ERM), litoral norte do Estado da Paraíba. Os pescadores têm uma compreensão própria do “modo de vida” dos peixes de seu universo ictíico. Tal compreensão se traduz num conhecimento, muitas vezes deta- lhado, sobre o comportamento reprodutivo, migratório, de defesa e alimentar de peixes estuarinos, o qual estes estudos procuraram resgatar. Os procedimentos metodológicos compreenderam a aplicação de entrevistas livres e questionários a pescadores experientes. Os resultados evidenciam categorizações tróficas do tipo: “peixes que comem de tudo” (omnívoros), “peixes que comem o que encontram pela frente” (oportunistas), “peixes que se alimentam de crustáceos” (carnívoros), “peixes que bebem espuma” (planctófagos), “peixes que comem lama e lodo” (iliófagos) e “peixes que se alimentam de peixes” (piscívoros). Outras categorias comportamentais foram menciona- das pelos pescadores: peixes que formam “mantas” (cardumes), peixes que “fazem zoada” (emi- tem sons), peixes “que pulam” (saltadores), peixes que “chocam na boca” (incubação oral), peixes “bravos, fortes e fracos”, peixes que têm “cheiro” e peixes que “regurgitam”. Os dados obtidos neste trabalho fornecem informações sobre o estado atual da cultura pesqueira das comunidades estudadas e sugerem a importância de mantê-la preservada. Palavras-chave: pescadores artesanais; etnoictiologia; estuário; rio Mamanguape ETHNOICHTHYOLOGY OF ARTISANAL FISHERMEN FROM THE ESTUARY OF MAMANGUAPE RIVER, PARAIBA, BRAZIL ABSTRACT This work was performed with two communities of artisanal fishermen from Barra de Mamanguape and Tramataia, located at the shore of the Mamanguape River estuary (north of Paraíba State). The fishermen have a wisdom about the “way of life” of the fishes, which composes their fishing universe. The fishermen knowledge is often very detailed about estuarine fishes behaviors, as migration, reproduction, way of self-defense and nourishment. The studies were done to rescue the ecological knowledge of these fishermen communities. The data were obtained through free interviews and questionnaires surveys applied to experimented fishermen. The results reveal dif- ferent trophic categories created by the fishermen as: “fishes eating everything” (omnivores), “fishes eating everything they meet in front of them” (opportunists), “fishes eating crustacean” (carni- vores), “fishes drinking foam” (plankton predators), “fishes eating mud and slime” (detritus feed- ers), and “fishes eating fishes” (piscivores). The fishermen also reported other categories of behav- iors as: “fishes living in manta” (shoal), “fishes making noise”, “fishes jumping”, “fishes that hatch inside their mouths” (oral hatching), fishes that are “brave, strong, and weak”, fishes that have “smell” and fishes that “regurgitam” (regurgitate). The results obtained in this work supply infor- mation about the current state of the fishing activities culture of the fishermen studied, as well as attach importance to the preservation of those communities. Key words: ethnoichthyology; artisanal fishermen; estuary; Mamanguape river Artigo: Recebido em 20/12/02 – Aprovado em 06/08/03 1 Prof. Titular do Departamento de Farmácia e Biologia, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Endereço/Address: Campus Universitário do Bodocongó - CEP: 58000-000 - Campina Grande, PB e-mail: tramataia@uol.com.br 2 Prof. Adjunto IV do Departamento de Hidrobiologia da Universidade Federal de São Carlos Endereço/Address: Rodovia Washington Luís, km 235 – CEP: 13565-905 – Cx. Postal: 676 - São Carlos, SP e-mail: nivaldo@power.ufscar.br B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 MOURÃO e NORDI10 INTRODUÇÃO O propósito deste estudo foi descrever o conhe- cimento local dos pescadores do estuário do rio Mamanguape-PB sobre o comportamento reprodutivo, migratório, alimentar e de defesa de peixes estuarinos. A vertente da etnobiologia a ser tratada neste estudo denomina-se etnoictiologia, que, segundo MARQUES (1995), procura compreender o fenômeno da interação entre o Homem e os peixes, englobando aspectos tanto cognitivos quanto comportamentais. Para POSEY (1987), a etnoictiologia é vista como o estudo da inserção dos peixes em uma dada cultura. Foi por meio dos trabalhos de MORRIL (1967) e ANDERSON (1967), com pescadores artesanais caribenhos e chineses, respectivamente, que se ori- ginou o termo etnoictiologia. No Brasil, o primeiro trabalho com enfoque puramente etnoictiológico foi desenvolvido por um antropólogo, MARANHÃO (1975), que estudou uma comunidade de pescadores de Icaraí no litoral cearense. Na década de 80 destacam-se os trabalhos de MUSSOLINI (1980), que descreveu o conhecimento dos “caiçaras” paulistas acerca da ecologia e do comportamento migratório da tainha (Mugil platanus), e o de SILVA (1988), junto aos pescadores da praia de Piratininga (RJ), abordando a lógica utilizada por eles na classi- ficação dos peixes. Um estudo etnoictiológico de grande relevân- cia realizado no Brasil é o de MARQUES (1991), desenvolvido junto aos pescadores do Complexo Lagunar Mundaú-Manguaba, no Estado de Alagoas. Outras pesquisas em etnoictiologia, igual- mente importantes, foram desenvolvidas com co- munidades de pescadores do litoral sudeste do Brasil, principalmente na Ilha de Búzios e Baía de Sepetiba, por BEGOSSI e FIGUEIREDO (1995), BEGOSSI (1996) e PAZ e BEGOSSI (1996). Os traba- lhos com pescadores de rios e represas, como os de RIBEIRO (1995), SILVANO e BEGOSSI (1998), THÉ (1999) e SILVA-MONTENEGRO (2002), também têm revelado que os mesmos possuem conhecimento profundo a respeito dos peixes e de outros recur- sos aquáticos explorados por eles. Assim, tomando-se como base as abordagens etnoictiológicas descritas acima, o objetivo geral do presente estudo foi desvendar os modelos cognitivos que auxiliam os pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape a decidirem sobre as estratégias a serem utilizadas para obtenção dos recursos. ÁREA DE ESTUDO E PESCADORES ESTUDADOS O Estuário do Rio Mamanguape (ERM) está situado na parte setentrional do litoral da Paraíba, a 80 km da cidade de João Pessoa. Com preende uma área de 16 400 ha, que corresponde à Área de Proteção Ambiental (APA) de Barra de Mamanguape, criada pelo Decreto Federal n° 924, de 10 de setembro de 1993, com o objetivo de proteger os ecossistemas costeiros e os peixes-boi marinhos da região. Pertencem à APA os municípios de Rio Tinto, Marcação, Lucena e Baía da Traição, que, em conjunto, totalizam 32 vilas e povoados e vários ecossistemas, tais como manguezais, arrecifes costeiros, mata atlântica, mata de restinga, dunas e falésias. As comunidades de pescadores estudadas foram as de Barra de Mamanguape e Tramataia, localizadas no interior da Área de Proteção Ambiental (APA), às margens do estuário do rio Mamanguape. São po- voados (comunidades) constituídos basicamente por uma mistura racial de elementos indígenas, negros e europeus, que desenvolvem atividades pesqueiras na área de entorno e no próprio rio Mamanguape. Apesar de a região ser rica em recursos naturais, seus habitantes são muito pobres e há deficiências em termos de assistência médica, educacional e de infra-estrutura de saneamento básico. Isto contribui para a grande ignorância destas populações acerca de seus direitos e deveres como cidadãos e como habitantes de uma Área de Proteção Ambiental. Grande parte dos ribeirinhos que foram estuda- dos são pescadores artesanais, que, duranteprati- camente toda a sua vida, tiveram a pesca como atividade principal de subsistência. Eles possuem conhecimentos empíricos, que devem ser respeita- dos e considerados no estabelecimento de reorientações quanto à sua conduta em relação ao ambiente e à obtenção de recursos. MATERIAL E MÉTODOS Métodos qualitativos (entrevistas e observação direta) foram utilizados para obter informações sobre a cultura pesqueira investigada. As primei- ras entrevistas foram do tipo livre ou aberta, reali- zadas com 100 pescadores, com a finalidade de tra- çar o contexto pesqueiro a ser estudado. A partir B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 Etnoictiologia de pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape... 11 das informações obtidas e utilizando-se, sempre que possível, o vernáculo da comunidade, construíram- se roteiros para entrevistas ou questionários semidirigidos ou semi-estruturados (MELLO, 1989), os quais foram aplicados a 20 pescadores mais ex- perientes, selecionados entre os anteriormente en- trevistados. Várias entrevistas foram registradas eletromagneticamente com o auxílio de gravador portátil, resultando em, aproximadamente, 30 h de gravação. As fitas estão depositadas no Núcleo de Etnoecologia e Educação Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba. Nas ocasiões em que se necessitou confirmar a consistência e a validade de determinadas respostas, recorreu-se à repetição de perguntas, criando-se situações sincrônicas (mes- ma pergunta: feita a pessoas diferentes, em tempos bastante próximos) e diacrônicas (mesma pergunta: repetida à mesma pessoa, em tempos bem distantes). A análise das informações obtidas foi estritamente qualitativa, efetuada por meio da interpretação do discurso dos entrevistados, buscando, sempre que possível, justapor o modelo percebido (conheci- mento etnoecológico) ao modelo operacional (conhecimento científico). RESULTADOS E DISCUSSÃO Aspectos dos comportamentos reprodutivos, migratórios e de defesa dos peixes, segundo a compreensão dos pescadores Os pescadores do Estuário do Rio Mamanguape reconhecem uma série de comportamentos dos peixes, relacionados a reprodução, emissão de sons, liberação de odor, alimentação, migração e defesa de predadores. Tais categorias comportamentais estão reunidas na tabela 1: “Peixes que chocam na boca” refere-se a uma categoria comportamental muito conhecida por todos os pescadores e relacio- nada ao bagre (Ariidae). MARQUES (1991) e COSTA- NETO (1998) também relatam, em seus estudos, a compreensão deste fenômeno por pescadores artesanais. O ato de “chocar na boca” corresponde à incubação oral, característica encontrada nos Ariidae, cujas espécies têm o hábito de incubar os ovos na cavidade bucal logo após a fecundação. Vários estudos ictiológicos compartilham esta infor- mação sobre a reprodução dos Ariidae, entre eles, os de REIS (1986), COATES (1988) e CHAVES (1994). Estes autores também afirmam que somente os machos fazem a incubação oral. Em contrapartida, FIGUEIREDO (1977) admite que, na família Ariidae, fêmeas, embora raramente, podem fazer incubação. Segundo os pescadores, o comportamento de “cho- car na boca” é uma função desempenhada somente pelas fêmeas, uma vez que, “os ovos saem da barriga dela”. MARQUES (1991) admite que a cultura machista que predomina nestas comunidades deve motivar este tipo de interpretação. O comportamento de incubação dos ovos na cavidade bucal pelos ariídeos é uma das várias formas de cuidado parental encontradas na natureza (VAZZOLER, 1996). Para os pescadores estudados, “peixes que an- dam em manta” são aqueles que se movimentam em cardumes. Denominação similar, “peixes que imantam”, foi encontrada por COSTA-NETO (1998) em seu estudo com pescadores baianos. Alguns pei- xes, como camurim (Centropomidae, Hemulidae), “andam em manta” somente na fase juvenil, enquan- to que tainha, tamatarana (Mugilidae), sardinha (Engraulidae, Clupeidae), carapeba (Gerreidae), bagre e cabeçudo (Sciaenidae), “andam em manta” a vida toda. A categoria êmica “peixes que andam em manta” corresponde às espécies que se movimen- tam em cardumes (MENEZES e FIGUEIREDO, 1985). Conforme os pescadores, os cardumes (“as mantas”) são formados por peixes da mesma família folk, como indicam os trechos que se seguem: “numa manta de sardinha azul (Opisthonema oglinum) só dá sardinha azul” e a “tainha sempre nada na manta dela”. Usualmente, os cardumes são formados por peixes de uma mesma espécie e têm a função de proteção contra predadores, de aumentar as chances de acasalamento e tornar mais eficiente a busca por alimento (PARTRIDGE, 1982). O reconhecimento dos pescadores de categorias comportamentais, como as de “peixes mais bravos” e “peixes mais valentes”, corresponde ao compor- tamento agressivo de determinados peixes, como, principalmente, o do mero (Epinephelus itajara), da caranha (Lutjanus cyanopterus) e da espada (Trichiurus lepturus). As denominações “bravo” e “valente” es- tão relacionadas ao fato de que estes peixes atacam e são predadores vorazes, e provavelmente à apa- rência de sua estrutura anatômica bucal, cujos den- tes (caninos) são muito desenvolvidos e visíveis. “Peixes mais fortes”, como camurim e camurupim (Megalopidae) e “peixes mais fracos”, como soía (Bothidae, Achiridae, Cynoglossidae) e agulhão- lambaio (Strongylura timuca), representam caracterís- ticas comportamentais reconhecidas pelos pescado- res, relacionadas à resistência ao estresse ambiental, seja por atividades antrópicas ou por variações do próprio ambiente. No ERM, a tolerância dos peixes é associada pelos pescadores, principalmente, ao B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 MOURÃO e NORDI12 vinhoto, ou “calda”, subproduto do álcool da cana-de-açúcar, até há pouco tempo atrás des- pejado no estuário. De acordo com eles, somen- te o camurim sobrevive a uma descarga intensa deste subproduto no estuário. ODUM (1971) classifica o estresse antropogênico sobre os ecossistemas em duas categorias: o estresse agudo, caracterizado pelo início repentino de uma perturbação abrupta e de curta duração; o estresse crônico, que envolve uma longa du- ração ou uma recorrência freqüente, mas não uma alta intensidade. O vinhoto pode ser en- caixado no primeiro tipo de impacto, cuja in- tensidade de prejuízo está relacionada à mobi- lidade do recurso (moluscos são mais prejudi- cados) e à capacidade de diluição promovida pelos movimentos de maré. Outra categoria comportamental percebida pe- los pescadores é a dos “peixes que fazem zoada”, que compreende oito espécies biológicas, subcategorizadas em “peixes que cantam” e “pei- xes que roncam”: “o coró (Hemulidae) e a pescada (Sciaenidae) se conhece pela zoada”. A literatura etnoictiológica tem vários registros sobre os peixes que produzem sons, sendo que a nomeação de al- gumas categorias chega a ser muito similar. Segun- do MARQUES (1991, 1995), os pescadores de Mundaú-Manguaba e Marituba reconhecem 18 es- pécies biológicas entre os “peixes que fazem zoa- da”, subcategorizadas em “peixes que chiam”, “pei- xes de cantoria” e “peixes que roncam”. Os pesca- dores de Siribinha estudados por COSTA-NETO (1998) também identificam os “peixes que fazem zoada” e os subcategorizam em “peixes que têm cantiga” e “peixes que roncam”. Os pescadores estudados revelaram que tainha, tamatarana e curimã (Mugilidae) são os principais representantes dos “peixes que pulam”, fenômeno comportamental relacionado, principalmente, à fuga dos predadores. Estes peixes chegam a sair da água quando acuados por predadores. Pelo fato de co- nhecerem bem os “peixes que pulam”, os pescado- res desenvolveram uma estratégia de pesca especí- fica, denominada de “zangareia”, para capturar os cardumes de tainha. Esta técnica consiste na fixa- ção de rede vertical disposta longitudinalmente no fundo da canoa. A operação envolvevárias canoas e ocorre em noites escuras, preferencialmente na lua nova. Dez canoas ou mais, cada uma contendo dois tripulantes e um “tocheiro” (lampião de querose- ne), colocam-se em fila dupla em busca de algum cardume de tainha. Os peixes saltam “encandeados” pela luz dos lampiões e ao baterem na zangareia acabam caindo dentro da canoa. Categoria etológica folk Fenômenos associados Peixes mais citados Peixes que andam em manta Proteção contra predadores tainha, sardinha, coró, paru Peixes que chocam na boca Cuidado parental bagre Peixes que pulam Fuga de predadores tamatarana, curimã, tainha Peixes mais bravos Estratégia de ataque à presa caranha, cação, amoreia, espada Peixes mais fortes Resistência a estresse ambiental camurupim, camurim Peixes de velocidade Fuga de predador/ estratégia de ataque espada, tainha, camurim Peixes fracos Resistência a estresse ambiental soia Peixes que deixam cheiro ruim Proteção/predadores baiacu Peixes que têm cheiro ? tamatarana Peixes que fazem zoada (cantar ou roncar) ? camurupim, cururuca Peixes que regurgitam Fisiologia alimentar mero Tabela 1. Sistema classificatório baseado em fenômenos relacionados a comportamentos dos peixes, percebidos pelos pescadores artesanais de duas comunidades situadas no estuário do rio Mamanguape, PB, Brasil B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 Etnoictiologia de pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape... 13 Categorias êmicas (ética) Peixes mais citados Peixes que comem de tudo (oportunistas) cação, bagre ariaçu, bagre cambueiro Peixes que comem siri, camarão, arraia, camurim, mero, baiacu, amoréia, caranguejo, marisco e taioba (carnívoros) muriongo, pampo Peixes que só comem peixes (piscívoros) espada, serra, camurupim Peixes que comem lama e lodinho/lodo (iliófagos) tainha, tamatarana, curimã, carapeba, saúna, soía, salema, saberé, paru, sardinha, burdião, cacetão, curimã, tainha, bagre Peixes que bebem espuma/bebem nata (planctófagos) sardinha azul, sardinha fofi, agulha branca, tainha, carapeba, tamatarana Peixes que comem insetos (insetívoros) tibiro, durinho, camurim, sardinha arenca, serra Tabela 2. Hábito trófico de alguns representantes da ictiofauna do estuário do rio Mamanguape, PB, segundo os pescadores Os pescadores das Ilhas Salomão agrupam a “tainha e a sardinha” em uma categoria chamada “peixes que pulam” (AKIMICHI, 1978). Os índios Desâna distinguem entre “peixes que pulam” e “os que apenas nadam” (RIBEIRO, 1995). Os ictiólogos reconhecem que os membros da família Mugilidae possuem, de fato, essa característica de saltar (THOMPSON, 1966). Comportamento alimentar de genéricos “folk” de importância cultural e econômica para as comunidades de pescadores estudadas O conhecimento dos pescadores sobre o com- portamento de alimentação dos peixes pode ser evi- denciado na tabela 2. Como exemplo dos detalhes a esse respeito, os relatos referentes ao bagre ariaçu (Arius herzbergii) referem-se precisamente ao caráter oportunista do comportamento alimentar desta espécie: “o bagre ariaçu come todo tipo de coi- sa ruim, não tem escolha”. Além disso, informa- ções sobre o que os peixes não comem: “a carapeba e a curimã não comem peixe”, a eventual variação diária na dieta: “a tainha de dia come lama e de noite só bebe a nata da água”, e o local de alimen- tação: “o burdião - Labridae - come o lodo das pe- dras”, podem ser obtidas através do conhecimen- to dos pescadores. São observações percebidas por eles, essenciais para a decisão das estratégias de pesca, que, em muitos casos, não são amparadas pela literatura ictiológica, por tratar-se de crença ou folclore, ou, mesmo, pela existência de lacunas no conhecimento científico. Neste último caso, torna-se ainda mais evidente a importância da parceria entre o conhecimento científico e o local no desenvolvimento das pesquisas. Os etnohábitats “lama” e “lodinho/lodo” podem ser considerados chaves nas interações tróficas per- cebidas pelos pescadores, devido à sua importân- cia como alimento para várias espécies de peixes que compõem a base da rede alimentar. MANN (1988) afirma que, na maioria dos ecossistemas aquáticos, a maior quantidade de energia e matéria flui através das teias detritívoras. BOWEN (1984) conclui que, nos trópicos, os peixes detritívoros po- dem dominar a biomassa presente nos ecossistemas, devido, principalmente, às adaptações morfológicas do trato digestivo e às adaptações comportamentais para a localização de detrito. Segundo LOWE- McCONNEL (1987), os peixes detritívoros formam a base da maioria das cadeias tróficas tropicais. Os hábitos e a variabilidade alimentar dos pei- xes são enquadrados em várias categorias pelos ictiólogos. Neste estudo utilizam-se as categorias tróficas propostas por LOWE-McCONNEL (1987), definidas como: oportunistas, carnívoros, piscívoros, onívoros, planctófagos e iliófagos Do ponto de vista da ictiologia folk do ERM, os camurins possuem hábito alimentar bastante am- plo, variando desde o consumo de crustáceos e insetos até a predação piscívora, incluindo clupeídeos e mugilídeos. Entre os insetos citados B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 MOURÃO e NORDI14 pelos pescadores incluem-se cupins, formigas, abe- lhas e borboletas. Segundo MENEZES e FIGUEIREDO (1980), as espécies da família Centropomidae que ocorrem no Brasil alimentam-se, principalmente, de peixes e crustáceos, portanto, não havendo registro de insetos em sua alimentação. No entanto, estudos realizados por LOWE-McCONNEL (1987) no Lago Tanganica, África Oriental, demonstraram que três espécies de centropomídeos na fase juvenil, viven- do entre as macrófitas litorâneas, alimentaram-se principalmente de camarões, clupeídeos, pequenos ciclídeos, insetos e suas larvas. As interações tróficas observadas pelos pescadores, envolvendo a predação de crustáceos (camarões da família Penaeidae, siris do gênero Callinectes e caranguejos da família Ocypodidae), incluíram, além dos camurins, dez outros genéricos folk de peixes (mero, amoréia, arraia, bagre, camurupim, baiacu, camurim, muriongo, amoré, sardinha). Do ponto de vista da ictiologia, os genéricos folk citados como comedores de crustáceos correspondem às seguintes famílias lineanas: Ophichthidae, Muraenidae, Gobiidae, Ariidae, Tetraodontidae, Centropomidae, Dasyatidae, Gymnuridae, Engraulidae, Serranidae, Megalopidae, Myliobatidae e Rynopteridae. As fa- mílias Muraenidae e Engraulidae não foram cita- das por MENEZES e FIGUEIREDO (1985) como sen- do comedoras de crustáceos, sendo que seus hábi- tos alimentares, segundo estes autores, são pura- mente piscívoros. Os insetos, de acordo com o conhecimento dos pescadores, compõem um elo alimentar importante para as espécies de centropomídeos e para vários outros peixes do ERM - “tem vários peixes que co- mem inseto: o durinho (Caranx bartholomaei) e o xarelete (Caranx latus), que é filhote do xaréu, comem inseto; a sardinha branca, quando adulta, vira sardinha arenca (Lycengraulis grossidens) e come inseto”. MARQUES (1991) descobriu, para o bagre, um elo trófico até en- tão desconhecido, testando, por meio de análise do conteúdo estomacal, a observação dos pescadores sobre “bagres que se alimentam de mariposa”. A li- teratura especializada está repleta de exemplos e de estudos sobre peixes que se alimentam de insetos. Estudos feitos por LOWE-McCONNEL (1987) com con- teúdos estomacais de peixes de córregos da África e do Brasil, evidenciaram a presença de alimentos alóctones, principalmente insetos aéreos, como as formigas voadoras; 84% das amostras coletadas, re- presentando dezesseis espécies de peixes, continham insetos, sendo que 54% destas espécies tinham se ali- mentado quase exclusivamente de insetos terrestres. Segundo este autor, os insetos, incluindo larvas e ninfas,constituem, predominantemente, o alimento mais importante dos não-ciclídeos da bacia do lago Vitória. Quase todas as espécies incluem algum inseto em sua dieta, e, para muitos, eles constituem virtual- mente todo o alimento. Um dos pescadores mais antigos de Barra de Mamanguape descreve, para o camurim, um elo trófico extremamente incomum e não comprovado, mas que, pela riqueza de detalhes, merece ser rela- tado e, possivelmente, ser alvo de pesquisas futu- ras: “o camurim come até morcego, agora isso é den- tro da maré, na lagoa, dentro do rio, por todo o can- to; anoiteceu, o morcego, não sei se é bebendo água ou melando os pés, não sei que diabo que fica fa- zendo em cima da água; o camurim vê quando o morcego vem, ainda no meio claro do dia; quando o morcego vem, o camurim salta e pega ele”. Este comportamento trófico inusitado é a base da nome- ação do específico folk, denominado de camurim- papa-morcego. Embora todos os pescadores entrevis- tados reconheçam este específico folk, apenas um disse que observou o peixe alimentando-se de mor- cego. Não há nenhum registro na literatura científi- ca sobre espécies de peixes que se alimentem de morcegos. No entanto, trabalho feito na estação de piscicultura da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), Paulo Afonso (BA), mostra uma situação inversa, isto é, a predação de alevinos do genérico “folk” tilápia por parte do morcego-pescador (Noctilio leporinus) (LOPES et al., 2000). Um outro estudo a respeito da biologia reprodutiva, dieta e comportamento da mesma espécie de morcego foi feito na Baía de Guaratuba, litoral do Paraná, não tendo sido constatado o hábito de pescar peixes (BORDIGNON e MOURA, 2000). Segundo os pescadores, a arraia alimenta-se de peixes, crustáceos e bivalves, mas tem preferência pelo marisco, Anomalocardia brasiliana: “ela se ali- menta de muita coisa; é o marisco, a taioba, mas a preferência dela é o marisco”. Sua categorização corresponde à de peixes onívoros (FIGUEIREDO, 1977), e as interações tróficas informadas pelos pes- cadores são consistentes, comparadas às da litera- tura científica. A nomeação arraia-de-croa (Dasyatis guttata) é uma alusão ao hábitat de alimentação: “croas” são bancos de areia onde os mariscos vi- vem enterrados. De acordo com os pescadores, a arraia-de-croa tem o hábito de “fuçar igual a um por- co atrás do marisco, fazendo uns buracos enormes na croa; ela se alimenta a toda hora, durante o dia e à noite”. De acordo com relato dos pescadores, além do genérico “folk” arraia (Dasyatidae, Myliobatidae, Gymnuridae e Rhynopteridae), o pampo (Carangidae) B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 Etnoictiologia de pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape... 15 também se constitui em um dos principais comedores de marisco: “o pampo tem uma pedra debaixo da língua para quebrar a casca do maris- co”. Várias espécies de peixes alimentam-se de moluscos, principalmente aquelas das famílias Dasyatidae, Myliobatidae e Carangidae (MENEZES e FIGUEIREDO, 1985). LOWE-McCONNEL (1987) es- tudou as adaptações alimentares de peixes no lago Vitória, mostrando que os moluscos constituem o principal alimento dos adultos de determinadas espécies, que desenvolveram adaptações para que- brar conchas dos mais variados tamanhos. Os pescadores classificam o mero como um peixe “que come toda espécie de peixe e, quando não tem peixe pra comer, ele come siri e caranguejo, mas ele gos- ta mais é de peixe”. O padrão de hábito alimentar do mero, descrito pelos pescadores estudados, corresponde ao que é citado por MENEZES e FIGUEIREDO (1980), que afirmam que os serranídeos são carnívoros, alimen- tando-se basicamente de peixes e crustáceos. Detalhes do comportamento de eversão fisiológica estomacal desta espécie, para regurgitar o alimento não assimila- do, são reconhecidos pelos pescadores, que se expres- sam a esse respeito da seguinte maneira: “quando ele vomita é uma catinga que não tem quem agüenta; o dia que ele vomita é dia de quarto, cabeça de água morta; bota o fato para fora, bota a comida velha para fora, para comer outra nova... e sai com uma fome!”. “Dia de quarto e cabeça de água morta” correspondem às fases crescente ou minguante da lua e à maré de quadratura; “fato” corresponde ao estômago do peixe. O específico “folk” bagre ariaçu (Arius herzbergii), de grande importância econômica e cultural para os pescadores do ERM, é categorizado como um “peixe que come de tudo”, o que corresponde ao grupo trófico dos oportunistas. O bagre ariaçu é cha- mado por todos de “bagre seboso”, devido ao hábi- to de comer animais mortos e fezes humanas, necrofagia e coprofagia, respectivamente. Dados obtidos da literatura científica confirmam o oportu- nismo das espécies da família Ariidae, que se ali- mentam de detritos orgânicos, vermes, crustáceos, moluscos, peixes (ovos, ossos e cartilagens), penas de aves, zooplâncton, diversas algas, vegetais su- periores e até grãos de soja (MISHIMA e TANJI, 1982; ARAÚJO, 1984; REIS, 1986; CHAVES e VENDEL, 1996). Os “peixes comedores de lama e lodo/lodinho” correspondem àqueles que se alimentam do mate- rial orgânico em decomposição. A expressão “a tainha come lama, esse lodinho”, está bem relacio- nada com os peixes “comedores de lama” (SAZIMA, 1986), os quais, como sugere MARQUES (1991), po- dem ser enquadrados na categoria dos peixes iliófagos. Com relação aos peixes que “comem lodo/ langanho”, a expressão “a sardinha come lodo, esse langanho da água”, aponta para sua inclusão na ca- tegoria de peixes planctófagos, juntamente com os peixes que “bebem espuma e os que bebem nata”. Do ponto de vista da classificação científica, lama e lodo podem englobar grãos de areia, lama, fragmen- tos de tecidos, restos de escamas, espículas de es- ponja, hifas de fungo, algas, zooplâncton e invertebrados (MENEZES e FIGUEIREDO, 1980). Trabalhos feitos recentemente com conteúdo es- tomacal de Mugil curema das lagoas costeiras do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro identifi- caram 29 categorias de itens alimentares, entre eles, algas, zooplanctônicos, larvas e invertebrados, detritos, pelotas fecais, ovos de invertebrados e grãos de areia (AGUIARO, 1999). Conforme relato dos pescadores, a tainha é a presa preferencial do boto: “o boto não têm outra comida a não ser tainha, ele gosta muito de tainha”. De acordo com SADOWSKI e ALMEIDA DIAS (1986), os botos são predadores importantes de peixes, não tendo sido determinadas preferências alimentares específicas. Além do boto, os pescadores identificam vários peixes, entre eles, camurim, camurupim, arraia, cação, caranha, amoréia (Muraenidae) e espada, como predadores da tainha, indicando a importância des- ta espécie como elo alimentar basal para a rede trófica do ambiente estudado. No caso da sardinha, os pescadores percebem com mais facilidade os seus predadores, contudo a com- preensão sobre o alimento deste genérico folk não é muito clara: “a sardinha parece que só come lodo, aquele cisco que tem nas águas, aquele langanho, é aquilo que a sardinha come”. Para os pescadores estuarinos do Estado de Alagoas, a palavra “langanho” tem significado semântico bem diferen- te, sendo usada para nomear espécies pertencentes ao filo Cnidaria (MARQUES, 1991). Assim como no caso da tainha, os pescadores identificam a sardi- nha, notadamente a sardinha azul, como alimento para uma grande variedade de peixes, o que tam- bém a credencia como importante elo basal da teia alimentar estuarina. CONCLUSÃO A compreensão que os pescadores têm de detalhes do comportamento de determinados peixes revela conhecimentos sobre estratégias de fuga do predador (comportamento de saltar dos mugilídeos), estratégias reprodutivas B. Inst. Pesca, São Paulo, 29(1): 9 - 17, 2003 MOURÃO e NORDI16 (comportamento de incubação oral dos Ariidae), resistência à degradação ambiental(alusiva aos pei- xes denominados “fortes” e que, no caso específico do Estuário do Rio Mamanguape, são principalmen- te tolerantes ao despejo de “vinhoto, ou cauda (cal- da)”, resultado do processamento da cana-de-açú- car). Além disso, o conhecimento sobre o hábitat alimentar de determinados peixes possibilita a com- preensão de comportamentos alimentares e de interações tróficas complexas. Informações sobre o conhecimento de comunidades pesqueiras locais são importantes por auxiliarem na definição de medi- das de manejo da pesca, orientarem novos focos de pesquisa e pelo valor cultural que representam. Em especial, a etnoictiologia, ao possibilitar a decodificação das interações do homem com os peixes, estimula a pesquisa científica sobre relatos ainda não comprovados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIARO, T. 1999 Espectro alimentar, dieta prefe- rencial e interações tróficas de espécies de peixes em lagoas costeiras do litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. São Carlos, UFSCar. 172p. (Tese de Doutoramento. Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais, UFSCar.). ANDERSON, E. 1967 The ethnoichthyology of the Hong-Kong boat People. Berkeley, California University. 185p. (Tese de Doutoramento. California University, USA). AKIMICHI, T. 1978 The Ecological Aspect of Lau (Solomon Island) Ethnoichthyology. J. Polynesian Soci., 87(4): 301-326. ARAÚJO, F.G. 1984 Abundância relativa, distribuição e movimentos sazonais de bagres marinhos (Siluriformes, Ariidae), no Estuário da Lagoa dos Patos (RS), Brasil. Revta bras. Zool., 5(4): 509-543. 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