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* UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DIREITO CIVIL IV (DIREITO DE FAMÍLIA) 15 – FILIAÇÃO PROF. RODRIGO SIMIONATO * 15. FILIAÇÃO 1. CONCEITO Filiação é a relação de parentesco consanguíneo, em primeiro grau e linha reta, que liga uma pessoa aquelas que a geraram, ou aquelas que a aceitaram como se tivessem gerado. A CF (artigo 227, §6°) estabeleceu absoluta igualdade entre os filhos. * 15. FILIAÇÃO 2. Presunção Legal de Paternidade A presunção legal de paternidade funda-se na idéia de que a mãe só teve relações sexuais com o pai, pois casada com ele e cumpridora do dever de fidelidade – pater is est quem iustae nuptiae demonstrant. A regra para a maternidade é mater semper cert est. 2.1 Hipóteses – artigo 1597. Inciso I – sem aplicabilidade por conta do exame de DNA. Inciso II – o prazo inicia-se da separação de fato. * 15. FILIAÇÃO 2. Presunção Legal de Paternidade (CONT.) 2.2 Efeitos Regra – presunção júris tantum (artigo 1597) – admitindo prova em contrário. Exceção – se o filho nascer antes de a convivência conjugal completar 180 dias. Pois só pode ser ilidida pelo marido, mediante ação negatória de paternidade, que é imprescritível (CC, artigo 1601) * 15. FILIAÇÃO 3. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE E MATERNIDADE A ação negatória ou contestatória de paternidade é imprescritível e destina-se a excluir a paternidade imputada pela presunção legal. Legitimidade Ativa – é privativa do marido (art. 1601). Contudo, uma vez iniciada, os herdeiros podem dar prosseguimento ao feito. No entanto, há quem defenda a legitimidade do curador. Legitimidade passiva - pertence ao filho, devendo a mãe aparecer como ré (Por ter efetuado o registro). Esse poderá ajuizar ação para afastar a paternidade do suposto pai, mesmo que esse não tenha ingressado com a ação. Mesmo que o marido não tenha ajuizado a negatória de paternidade, tem sido reconhecido ao filho o direito de impugnar a paternidade (artigo 1604) do CC, provando erro ou a falsidade do registro. * 15. FILIAÇÃO 3. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE E MATERNIDADE - Art. 27/ECA “o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça”. - Art. 1608/CC – a falsidade do termo de nascimento pode ser atribuída ao oficial do registro ou à mãe ou ao pai, induzidos a erro (troca de bebês). * 15. FILIAÇÃO 3. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE E MATERNIDADE Ação negatória de paternidade/maternidade NÃO É IGUAL à àquela destinada a impugnar a paternidade/maternidade. Na primeira, aquele que goza da presunção nega ser pai/mãe. Na segunda hipótese, nega-se a própria concepção (troca de bebês) ou a suposição de parto. A ação negatória é privativa do marido/mulher. A de impugnação também pode ser ajuizada pelo filho como pelos pais verdadeiros, com a prova da falsidade do registro, e ainda por quem demonstre legítimo interesse, moral ou material, como irmãos. * 15. FILIAÇÃO 4. DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS 4.1 Conceito Constitui ato jurídico em sentido estrito, pelo qual se declara a filiação, estabelecendo juridicamente o parentesco entre o pai, ou a mãe, e seu filho. Quando os pais são casados – não há que se reconhecer a paternidade, vez que o filho goza de presunção legal. A única situação que caberia o reconhecimento é quando, por desídia, o casal não promove o registro da criança. O filho havido fora do casamento – não goza de presunção. Mesmo havendo vínculo biológico, não há o vínculo jurídico de parentesco, que só surgirá com o reconhecimento, por meio de ação de investigação de paternidade. * 15. DA FILIAÇÃO Antes da CF/1988: Naturais - eram aqueles cujos pais não tinham impedimentos para se casar; Ilegítimos (os filhos de pais não casados) adulterinos – a patre ou a matre ou ambos incestuosos Espúrios - eram aqueles cujos pais não poderiam se casar, se assim optassem. * 15. FILIAÇÃO 4. DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS O filho ilegítimo agora é chamado de “filho havido fora do casamento”, podendo ser reconhecido conjunta ou separadamente (art. 1607/CC), pessoalmente ou por pessoa com poderes especiais para tanto. O reconhecimento é ato personalíssimo, tanto que se a mãe não é casada, não pode exigir que seja lançado o nome do suposto pai no registro, exceto se ele a acompanha e assim autoriza, ou lhe entrega uma procuração, com poderes para tal declaração (LRP, art. 59). Em relação à mãe não há restrição, porque se considera a maternidade sempre certa. * 15. FILIAÇÃO 4. DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS 4.2 Modos de Reconhecimento O reconhecimento do filho pode ser VOLUNTÁRIO (perfilhação) ou JUDICIAL (coativo ou forçado). Qualquer das formas é declaratória, pois não cria o vínculo entre pai e filho, apenas declara a realidade fática. O reconhecimento só é permitido aos plenamente e relativamente capazes, dispensando a autorização de tutor. Aos incapazes – interditos ou menores de 16 anos – não é dado o direito do reconhecimento, sendo necessário o ajuizamento da ação cabível. O reconhecimento pode ser feito por testamento, o qual pode ser elaborado por menor, independente de representação, mas produzirá efeitos somente a partir da morte. O reconhecimento não comporta condição ou cláusulas restritivas, sendo que condição e termos opostos são “ineficazes” ( art. 1613/CC). * 15. FILIAÇÃO 4.2.1 RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO (perfilhação) - art. 1609/CC – qualquer das formas citadas é irrevogável (art. 1609 e 1610/CC), contudo não se pode confundir a irrevogabilidade com invalidade, decorrente de vício da vontade, quando cabe ação anulatória. a. NO REGISTRO DE NASCIMENTO – ambos podem fazer juntos a declaração ou somente um deles, se o nome do outro já constar, por averbação por determinação judicial ou a pedido da parte. Há quem entenda que bastaria o genitor declarar sua condição perante o cartorário. b. POR ESCRITURA PÚBLICA – averbado. A escritura pode ser específica para o ato de reconhecimento ou constar de outros assuntos, não podendo a manifestação deixar margem a dúvidas. Nesses casos, dispensa-se a oitiva da mãe, pois deve prevalecer o interesse do filho. * 15. FILIAÇÃO 4.2.1 RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO (perfilhação) c. ESCRITO PARTICULAR – após a averbação, o documento será arquivado em cartório. Por documento, entenda-se uma declaração escrita, carta ou até e-mail, desde que fique clara a intenção do pai. d. TESTAMENTO – não se exige testamento com o fim exclusivo de reconhecimento do filho. As formas de testamento constam do art. 1862/CC. e. MANIFESTAÇÃO DIRETA PERANTE O JUIZ... – art.. 1609, IV – o reconhecimento pode ocorrer perante o juiz, em qualquer depoimento prestado, incidentalmente e tomado por termo. Diante da declaração, o juiz encaminhará certidão ao cartório de Registro Civil, para averbação do registro de nascimento do filho. * 15. FILIAÇÃO OBS. Possível o reconhecimento da paternidade de filho ainda não nascido, quando há fortes indícios do pai não sobreviver ao nascimento do filho, representando uma justa precaução do genitor. OBS. ARTIGO 2° da Lei 8560/92, que regula a Investigação de Paternidade. – o cartorário que lavra o registro somente com o nome da mãe, remete ao juiz dados do suposto pai, a fim de averiguar oficiosamente a procedência da alegação da mãe. - Se o pai admite a paternidade, averba-se o registro da criança. - Se nega, ou não atende a notificação, os autos serão remetidos ao MP para que promova a ação de investigação de paternidade. * 15. FILIAÇÃO OPOSIÇÃO AO RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO – art. 1614/CC O filho que assume a maioridade pode impugnar esse reconhecimento, por meio da ação de contestação ou impugnação de reconhecimento. O filho pode ingressar com a ação antes de atingir a maioridade, desde que representado ou assistido. Nessa ação, o filho vai comprovar a incapacidade do genitor ou inveracidade ou falsidade das informações prestadas pelo suposto pai ou suposta mãe. Se houve repúdio da perfilhação, porque o filho não quer o nome daquele homem no seu registro, deve-se observar o prazo de 4 anos, a contar do início da capacidade do filho. Já quando se deseja impugnar a filiação, porque houve falsidade do ato, por exemplo, o prazo é imprescritível, podendo essa ação ser ajuizada a qualquer tempo. * 15. FILIAÇÃO 4.2.2 Judicial (coativo ou forçado) Por meio de ação de investigação de paternidade. 4.3 Efeitos O reconhecimento produz todos os efeitos a partir do momento de sua realização e é retroativo (ex tunc), ou seja, retroage à data do nascimento, sendo de natureza declaratória. 4.4 Anulação Será admitida a ação anulatória de reconhecimento sempre que se verificar a sua desconformidade com a verdadeira filiação biológica (LRP, art. 113). * 15. FILIAÇÃO 4.5 INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE 4.5.1 Natureza Jurídica Tem natureza jurídica declaratória e imprescritível (ação de estado). O filho que não é reconhecido voluntariamente pode obter esse reconhecimento por meio judicial, forçado ou coativo, através da ação de investigação de paternidade, que é ação de estado, imprescritível, personalíssima e indisponível, além de ser de natureza declaratória (ex tunc – art. 1616/CC). * 15. FILIAÇÃO Embora a ação seja imprescritível, os efeitos patrimoniais do esta da pessoa prescrevem. Por essa razão , preceitua a Súmula 149 do STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é da petição de herança. “ Esta prescreve em 10 anos (artigo 105 do CC) a contar da não morte do suposto pai, mas do momento em foi reconhecida a paternidade. É que o prazo de prescrição somente se inicia quando surge o direito à ação, e este só nasce com o reconhecimento. * 15. FILIAÇÃO 4.5 INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE 4.5.2 Legitimidade para a ação. a) Legitimidade Ativa – é do filho (CC, artigo 1606). Se menor, será representado pela mãe ou tutor. - Hoje, a ação pode ser ajuizada sem qualquer restrição (artigo 27 do ECA), isto é, por filhos adulterinos ou incestuosos, mesmo durante o casamento dos pais. Art. 27/ECA – “o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça”. - Se o filho morre antes de intentar a ação, seus herdeiros estão inibidos para fazê-lo, exceto se ele morreu incapaz e menor (art. 1606/CC). No entanto, se já tivesse sido iniciada a ação, eles teriam legitimidade para continuá-la. * 15. FILIAÇÃO - DNA - A negativa do réu em apresentar-se para realizar o exame de DNA para comprovar ou afastar a paternidade, leva o juiz a decretar aquele homem como pai (art. 231-232/CC e Súmula 301/STJ). No entanto, o TJ/MG já deixou de reconhecer a paternidade de homem que se recusou a submeter-se a exame de DNA, tendo em vista a mãe ter tido relações com outros homens à época da concepção. b) Legitimidade Passiva – o suposto pai. Se já for falecido, a ação deverá ser dirigida contra os seus herdeiros Referida ação pode ser contestada por qualquer pessoa que justo interesse tenha (art. 1615) * 15. FILIAÇÃO EFEITOS DO RECONHECIMENTO Estabelecer a relação jurídica de parentesco entre pai e filho, sendo que os efeitos da sentença são ex tunc, retroagindo até a data do nascimento da pessoa, logo é de natureza declaratória. O reconhecimento é incondicional. Possível ação anulatória de reconhecimento sempre que se verificar sua desconformidade com a verdadeira filiação biológica, tendo legitimidade para propô-la todos os interessados. * 15. FILIAÇÃO PROVA DA FILIAÇÃO - Art. 1603/CC – o registro deve conter os requisitos do art. 54 da Lei 6015/73. O registro torna público o casamento e estabelece presunção de veracidade das declarações. Ler art. 50 e 52 e 59-60 da Lei 6015/73. Ler art. 1605/CC – admitem-se provas documentais, periciais e testemunhais, servindo essas como complementares, pois começa-se com as provas por escrito, tais como cartas, declaração de dependente do IR, etc. - A posse do estado de filho também é meio de prova, caracterizada pelo tractatus, nomen e fama. TRATACTUS – quando o interessado é tratado publicamente como filho; NOMEN – Indicativo de que a pessoa utiliza o nome de família dos pais; FAMA – quando a pessoa goza da reputação de filha, na família e no meio em que vive. - Com o DNA esse dispositivo restou obsoleto, tanto que o Projeto de Lei 6960/2002 propõe alteração do art. 1605/CC para “na falta, defeito, erro ou falsidade do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito”. * 15. FILIAÇÃO
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