Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Cálculo Aplicado: Solução de Equações Diferenciais Ordinárias usando Séries: Vamos estudar a utilização de séries de potências para encontrar conjuntos fundamentais de soluções para equações diferenciais lineares de segunda ordem cujos coe�cientes são funções da variável independente. Começare- mos com um breve resumo de séries de potências. Os leitores que precisarem de mais detalhes podem consultar um livro de cálculo (por exemplo o livro de cálculo do George B. Thomasvolume II capítulo 11). Revisão de Séries de Potências: Uma série de potências em tono de x = x0 é uma série da forma: +∞∑ n=0 an(x− x0)n Exemplos: 1. Série de potências em torno de x = 0: +∞∑ n=0 (−1)n n! xn. 2. Série de potências em torno de x = 1: +∞∑ n=0 2n n (x− 1)n. 3. Série de potências em torno de x = −2: +∞∑ n=0 (−1)n lnn n! (x+ 2)n. Para uma série de potências não perguntaremos simplesmente se a série converge ou diverge? Perguntaremos onde a série converge e onde diverge? Ou melhor, perguntaremos para quais valores de x a série de potências converge? De�nição: Uma série de potências +∞∑ n=0 an(x− x0)n converge em x = x1 se a série numérica +∞∑ n=0 an(x1 − x0)n converge. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Observação: Toda série de potência em torno de x = x0 converge em x = x0. Pois: em x = x0 temos: +∞∑ n=0 an(x0 − x0)n = 0. Teorema: Dada uma série de potências +∞∑ n=0 an(x− x0)n = 0 temos três possibilidades: • A série converge para todo x tal que |x− x0| < R e diverge para todo x tal que |x− x0| > R. • A série converge para todo x ∈ R. • A série converge apenas em x = x0 e diverge para todo x 6= x0. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ O subintervalo da reta real I de extremos x0 −R e x0 +R é chamado de intervalo de convergência da série de potências +∞∑ n=0 an(x− x0)n. 2 Podemos ter: I = ] x0 −R , x0 +R [ I = [ x0 −R , x0 +R [ I = ] x0 −R , x0 +R ] I = [ x0 −R , x0 +R ] Em geral, usamos o critério da razão para determinar o intervalo ou o raio de convergência de uma série de potên- cias e depois, se for o caso, usando qualquer outro critério, estudamos os extremos x = x0 −R e x = x0 +R. Exercícios: 1. Determinar o intervalo e o raio de potências da série de potências: (a) +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (x− 2)n (b) +∞∑ n=1 (x+ 1)n n 2n (c) +∞∑ n=1 (x)3n n! 2n (d) +∞∑ n=1 n! (x+ 1)n n Resolução: (a) +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (x− 2)n Como o critério da razão só pode ser aplicado a séries positivas, vamos estudar a série de potências em módulo: +∞∑ n=1 ∣∣∣(−1)n+1 n (x− 2)n∣∣∣ = +∞∑ n=1 n |x− 2|n, Pelo critério da razão, temos: lim n→+∞ an+1 an = lim n→+∞ (n+ 1) |x− 2|n+1 n |x− 2|n = limn→+∞ (n+ 1) |x− 2|n |x− 2| n |x− 2|n = limn→+∞ (n+ 1) |x− 2| n = = |x− 2| ( lim n→+∞ n+ 1 n ) = |x− 2| A série converge se lim n→+∞ an+1 an < 1 , ou seja, |x− 2| < 1 ⇒ −1 < x− 2 < 1 ⇒ 1 < x < 3. Agora, vamos estudar os extremos do intervalo, ou seja, vamos estudar x = 1 e x = 3. Para x = 1 , temos: +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (1− 2)n = +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (−1)n = +∞∑ n=1 (−1)2n+1 n = +∞∑ n=1 −n = − +∞∑ n=1 n. Como lim n→+∞n = +∞ 6= 0 pelo critério da condição necessaria a série +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (1− 2)n diverge. Para x = 3 , temos: +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (3− 2)n = +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (1)n = +∞∑ n=1 (−1)n+1 n. 3 Como lim n→+∞(−1) n+1 n 6= 0 pelo critério da condição necessaria a série +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (3− 2)n diverge. Portanto: O intervalo de convergência da série +∞∑ n=1 (−1)n+1 n (x− 2)n é ] 1 , 3 [ e o raio de convergência é 1. (b) +∞∑ n=1 (x+ 1)n n 2n Como o critério da razão só pode ser aplicado a séries positivas, vamos estudar a série de potências em módulo: +∞∑ n=1 ∣∣∣ (x+ 1)n n 2n ∣∣∣ = +∞∑ n=1 |x+ 1|n n 2n , Pelo critério da razão, temos: lim n→+∞ an+1 an = lim n→+∞ |x+1|n+1 (n+1) 2n+1 |x+1|n n 2n = lim n→+∞ |x+ 1|n |x+ 1|n 2n (n+ 1) 2n 2 |x+ 1|n = limn→+∞ |x+ 1|n 2 (n+ 1) = = |x+ 1| 2 ( lim n→+∞ n n+ 1 ) = |x+ 1| 2 A série converge se lim n→+∞ an+1 an < 1 , ou seja, |x+ 1| 2 < 1 ⇒ |x+ 1| < 2 ⇒ ⇒ −2 < x+ 1 < 2 ⇒ −3 < x < 1. Agora, vamos estudar os extremos do intervalo, ou seja, vamos estudar x = −3 e x = 1. Para x = −3 , temos: +∞∑ n=1 (−3 + 1)n n 2n = +∞∑ n=1 (−2)n n 2n = +∞∑ n=1 (−1)n 2n n 2n = +∞∑ n=1 (−1)n n Como +∞∑ n=1 (−1)n n é uma série alternada, vamos usar o critério de Leibniz. Como 1 n é decrescente e lim n→+∞ 1 n = 0, a série +∞∑ n=1 (−1)n n converge. Para x = 1 , temos: +∞∑ n=1 (1 + 1)n n 2n = +∞∑ n=1 (2)n n 2n = +∞∑ n=1 1 n que é a série harmônica e diverge. Portanto: O intervalo de convergência da série +∞∑ n=1 (x+ 1)n n 2n é [ − 3 , 1 [ e o raio de convergência é 2. 4 (c) +∞∑ n=1 (x)3n n! 2n Como o critério da razão só pode ser aplicado a séries positivas, vamos estudar a série de potências em módulo: +∞∑ n=1 ∣∣∣ (x)3n n! 2n ∣∣∣ = +∞∑ n=1 |x|3n n! 2n , Pelo critério da razão, temos: lim n→+∞ an+1 an = lim n→+∞ |x|3(n+1) (n+1)! 2n+1 |x|3n n! 2n = lim n→+∞ |x|3 2 (n+ 1) = |x|3 lim n→+∞ 1 2 (n+ 1) = 0 Ou seja, a série converge para todo x ∈ R. Portanto: O intervalo de convergência da série +∞∑ n=1 (x)3n n! 2n é ] −∞ , +∞ [ = R e o raio de convergência é +∞. (d) +∞∑ n=1 n! (x+ 1)n n Como o critério da razão só pode ser aplicado a séries positivas, vamos estudar a série de potências em módulo: +∞∑ n=1 ∣∣∣ n! (x+ 1)n n ∣∣∣ = +∞∑ n=1 n! |x+ 1|n n , Pelo critério da razão, temos: lim n→+∞ an+1 an = lim n→+∞ (n+1)! |x+1|n+1 (n+1) n! |x+1|n n = lim n→+∞ (n+ 1)n! |x+ 1|n |x+ 1|n (n+ 1)n! |x+ 1|n = = lim n→+∞ |x+ 1|n = |x+ 1| ( lim n→+∞n ) = +∞ se x 6= −1 0 se x = −1 A série só converge para x = −1. Portanto: O intervalo de convergência da série +∞∑ n=1 n! (x+ 1)n n é [ − 1 , −1 ] = { − 1 } e o raio de convergência é 0. 5 Em alguns casos, precisamos apenas o raio de convergência da série, neste caso podemos usar o teorema a seguir, e não precisamos estudar os extremos. Teorema: Dada uma série de potências +∞∑ n=1 an(x− x0)n o raio de convergência é dado pelo limite: lim n→+∞ an an+1 quando este limite existe. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Exercícios: 1. Determine o raio de convergência das séries: (a) +∞∑ n=0 (x− 3)n n (b) +∞∑ n=0 (x− 3)2n n (c) +∞∑ n=0 (2x− 3)n n Resolução: (a) +∞∑ n=0 (x− 3)n n Temos que: an = 1 n . E o raio de convergência é: lim n→+∞ an an+1 = lim n→+∞ 1 n 1 n+1 = 1 O raio de convergência da série +∞∑ n=0 (x− 3)n n é r = 1. (b) +∞∑ n=0 (x− 3)2n n Para aplicar o teorema a série tem que estar no formato: +∞∑ n=1 an (x− x0)n. Portanto, neste caso, não podemos usar o teorema, teremos que aplicar o critério da razão para a série em módulo: +∞∑ n=1 ∣∣∣∣ (x− 3)2nn ∣∣∣∣ = +∞∑ n=1 |x− 3|2n n Pelo critério da razão, temos: lim n→+∞ an+1 an = lim n→+∞ |x−3|2(n+1) (n+1) |x−3|2n n = lim n→+∞ |x− 3|2n |x− 3|2 n (n+ 1) |x− 3|2n = limn→+∞ |x− 3|2 n (n+ 1) = = |x− 3|2 ( lim n→+∞ n (n+ 1) ) = |x− 3|2 A série converge se = |x− 3|2 < 1 → |x− 3| < 1 ⇒ −1 < x− 3 < 1 → 2 < x < 4 6 Embora (ainda) não saibamos se o intervalo de convergência é ] 2 , 4 [ ou [ 2 , 4 [ ou ] 2 , 4 ] ou [ 2 , 4 ] , Sabemos que o raiode convergência é 2. O raio de convergência da série +∞∑ n=0 (x− 3)2n n é r = 2. (c) +∞∑ n=0 (2x− 3)n n Para aplicar o teorema a série tem que estar no formato: +∞∑ n=1 an (x− x0)n. Portanto: +∞∑ n=0 (2x− 3)n n = +∞∑ n=0 [ 2 ( x− 32 )]n n = +∞∑ n=0 2n ( x− 32 )n n Temos que: an = 2n n . E o raio de convergência é: lim n→+∞ an an+1 = lim n→+∞ 2n n 2n+1 n+1 = lim n→+∞ 2n (n+ 1) 2n 2n = = lim n→+∞ (n+ 1) 2n = 1 2 O raio de convergência da série +∞∑ n=0 (x− 3)n n é r = 1 2 . De�nição: Se uma série de potências +∞∑ n=0 an(x− x0)n converge no intervalo I, podemos de�nir uma função: f(x) = +∞∑ n=0 an(x− x0)n para todo x ∈ I. Ou seja, f : I ⊂ R→ R dada por f(x) = +∞∑ n=0 an(x− x0)n. Neste caso, algumas vezes dizemos que a série +∞∑ n=0 an(x− x0)n converge para f(x). ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ 7 Proposição: Dadas as séries de potências +∞∑ n=0 an (x− x0)n com raio de convergênciar +∞∑ n=0 bn (x− x0)n com raio de convergênciar Se +∞∑ n=0 an (x− x0)n = +∞∑ n=0 bn (x− x0)n para todo x tal que |x− x0| < r então an = bn, ∀n ∈ N. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Propriedades de Séries de Potências: Sejam f(x) = +∞∑ n=0 an(x− x0)n com raio de convergência r1 g(x) = +∞∑ n=0 bn(x− x0)n com raio de convergência r2 , e seja r = min{r1, r2}, podemos de�nir: • f(x) + g(x) = [ +∞∑ n=0 an(x− x0)n ] + [ +∞∑ n=0 bn(x− x0)n ] = [ +∞∑ n=0 (an + bn)(x− x0)n ] que tem raio de convergência maior ou igual a r. • f(x)− g(x) = [ +∞∑ n=0 an(x− x0)n ] − [ +∞∑ n=0 bn(x− x0)n ] = [ +∞∑ n=0 (an − bn)(x− x0)n ] que tem raio de convergência maior ou igual a r. • f(x) ∗ g(x) = [ +∞∑ n=0 an(x− x0)n ] ∗ [ +∞∑ n=0 bn(x− x0)n ] = [ +∞∑ n=0 cn(x− x0)n ] onde cn = n∑ k=0 akbn−k, que tem raio de convergência maior ou igual a r. • f(x) g(x) = [ +∞∑ n=0 an(x− x0)n ] [ +∞∑ n=0 bn(x− x0)n ] = [ +∞∑ n=0 dn(x− x0)n ] onde dn são tais que an = ∑n k=0 dkbn−k. Observação: no caso da divisão a série resultante pode ter raio de convergência menor ou igual a r. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ 8 Teorema: Derivação Termo a Termo: Se f(x) = +∞∑ n=0 an(x− x0)n com raio de convergência r e intervalo de convergência I. Então f é contínua em I e f tem as derivadas de todas as ordens em I. E as derivadas de f podem ser obtidas por derivação termo a termo, ou seja: f ′(x) = +∞∑ n=1 an n (x− x0)n−1 f ′′(x) = +∞∑ n=1 an n (n− 1)(x− x0)n−2 f ′′′(x) = +∞∑ n=3 an n (n− 1) (n− 2)(x− x0)n−3 . . . f (k)(x) = +∞∑ n=k an n! (n− k)! (x− x0) n−k ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Teorema: Integração Termo a Termo: Se f(x) = +∞∑ n=0 an(x− x0)n com raio de convergência r e intervalo de convergência I. Então f é integrável em I e ∫ f(x) dx = +∞∑ n=0 an (x− x0)n+1 (n+ 1) + C. ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Agora seja f uma função de�nida e contínua em um intervalo I. Vamos supor que f tem derivadas de todas as ordens em I. Seja x0 ∈ I, vamos supor que podemos representar a função f como uma série de potências em torno de x0 em I. Assim, f(x) = +∞∑ n=0 an (x− x0)n ∀x ∈ I, queremos encontrar os an! f(x) = a0 + a1(x− x0) + a2(x− x0)2 + a3(x− x0)3 + a4(x− x0)4 + . . . = +∞∑ n=0 an (x− x0)n f(x0) = a0 + a1(x0 − x0) + a2(x0 − x0)2 + a3(x0 − x0)3 + a4(x0 − x0)4 + . . . = +∞∑ n=0 an (x0 − x0)n f(x0) = a0 f ′(x) = a1 + 2 a2(x− x0) + 3 a3(x− x0)2 + 4 a4(x− x0)3 + 5 a5(x− x0)4 + . . . = +∞∑ n=1 an n (x− x0)n−1 f ′(x0) = a1 + 2 a2(x0 − x0) + 3 a3(x0 − x0)2 + 4 a4(x0 − x0)3 + 5 a5(x0 − x0)4 + . . . = +∞∑ n=1 an n (x0 − x0)n−1 9 f ′(x0) = a1 f ′′(x) = 2 a2+3∗2 a3(x−x0)+4∗3 a4(x−x0)2+5∗4 (x−x0)3+6∗5 (x−x0)4+ . . . = +∞∑ n=0 an n∗ (n−1)(x−x0)n−2 f ′′(x0) = 2 a2 + 3 ∗ 2 a3(x0 − x0) + 4 ∗ 3 a4(x0 − x0)2 + 5 ∗ 4 (x0 − x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 an n ∗ (n− 1)(x0 − x0)n−2 f ′′(x0) = 2 a2 f ′′′(x) = 3 ∗ 2 a3 + 4 ∗ 3 ∗ 2 a4(x− x0) + 5 ∗ 4 ∗ 3 a5(x− x0)2 + 6 ∗ 5 ∗ 4 a6(x− x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 an (x− x0)n f ′′′(x0) = 3 ∗ 2 a3 + 4 ∗ 3 ∗ 2 a4(x0 − x0) + 5 ∗ 4 ∗ 3 a5(x0 − x0)2 + 6 ∗ 5 ∗ 4 a6(x0 − x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 an (x0 − x0)n f ′′′(x0) = 3 ∗ 2 a3 . . . f (k)(x0) = k! ak Chegamos a fórmula ak = f (k)(x0) k! Substituindo esta informação em: f(x) = a0 + a1(x− x0) + a2(x− x0)2 + a3(x− x0)3 + a4(x− x0)4 + . . . = +∞∑ n=0 an (x− x0)n Temos: f(x) = f(x0) + f ′(x0)(x− x0) + f ′′(x0) 2! (x− x0)2 + f ′′′(x0) 3! (x− x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(x0) n! (x− x0)n Esta série é chamada de série de Taylor de f em I se x0 6= 0 e chamada de série de MacLaurin de f em I se x0 = 0. Teorema de Taylor-MacLaurin: Seja f : I ⊂ R→ R, onde I é intervalo aberto de R, suponhamos que: • f é contínua em I, • f tem as derivadas de todas as ordens em I, • f pode ser representada por uma série de funções emI, Seja x0 ∈ I. Então para todo x ∈ I, temos: f(x) = f(x0) + f ′(x0)(x− x0) + f ′′(x0) 2! (x− x0)2 + f ′′′(x0) 3! (x− x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(x0) n! (x− x0)n . 10 Se 0 ∈ I. Então spara todo x ∈ I, temos: f(x) = f(0) + f ′(0)x+ f ′′(0) 2! x2 + f ′′′(0) 3! x3 + f (4)(0) 4! x4 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(0) n! xn . ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Exercícios: 1. Determinar a série de Taylor-MacLaurin da função f em torno de x = x0. Determinar o raio e o intervalo de convergência da série de Taylor-MacLaurin encontrada. (a) f(x) = e2x, x0 = 0. (b) f(x) = lnx, x0 = 1. (c) f(x) = x 3 + 4x2 − 5x− 7, x0 = −1. Resolução: (a) f(x) = e2x, x0 = 0. f(x) = e2x f(0) = e0 = 1 f ′(x) = 2 e2x f ′(0) = 2 e0 = 2 f ′′(x) = 22 e2x f ′′(0) = 22 e0 = 22 f ′′′(x) = 23 e2x f ′′′(0) = 23 e0 = 23 f (4)(x) = 24 e2x f (4)(0) = 24 e0 = 24 f (5)(x) = 25 e2x f (5)(0) = 25 e0 = 25 . . . . . . f (k)(x) = 2k e2x f (k)(0) = 2k e0 = 2k Como x0 = 0 a série procurada é a série de MacLaurin: f(x) = f(0) + f ′(0)x+ f ′′(0) 2! x2 + f ′′′(0) 3! x3 + f (4)(0) 4! x4 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(0) n! xn . e2x = 1 + 2x+ 22 2! x2 + 23 3! x3 + 24 4! x4 + . . . = +∞∑ n=0 2n n! xn e2x = +∞∑ n=0 2n n! xn Convergência: 11 Raio de convergência: r = lim n→+∞ an an+1 = lim n→+∞ 2n n! 2n+1 (n+1)! = lim n→+∞ 2n (n+ 1)n! 2n 2n! = lim n→+∞ (n+ 1) 2 = +∞ Raio de convergência r = +∞, intervalo de convergência I = R e2x = +∞∑ n=0 2n n! xn, ∀x ∈ R Resolução: (b) f(x) = lnx, x0 = 1. f(x) = lnx f(1) = ln 1 = 0 f ′(x) = 1x = x −1 f ′(1) = 1 f ′′(x) = −1x−2 f ′′(1) = −1 f ′′′(x) = 2x−3 f ′′′(1) = 2 f (4)(x) = −3 ∗ 2x−4 f (4)(1) = −3 ∗ 2 f (5)(x) = 4 ∗ 3 ∗ 2x−5 f (5)(1) = 4 ∗ 3 ∗ 2 = 4! . . . . . . f (k)(x) = (k − 1)!x−k f (k)(0) = (−1)k−1(k − 1)! Como x0 = 1 a série procurada é a série de Taylor: f(x) = f(x0) + f ′(x0)(x− x0) + f ′′(x0) 2! (x− x0)2 + f ′′′(x0) 3! (x− x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(x0) n! (x− x0)n . lnx = 0 + 1 (x− 1) + −1 2! (x− 1)2 + 2 3! (x− 1)3 + −3! 4! (x− 1)4 + 4! 5! (x− 1)5 + −5! 6! (x− 1)6 + . . . ⇒ ⇒ lnx = +∞∑ n=1 (−1)n−1 (n− 1)! n! (x− 1)n lnx = (x−1)− 1 2 (x−1)2+ 1 3 (x−1)3− 1 4 (x−1)4+ 1 5 (x−1)5− 1 6 (x−1)6+ . . . = +∞∑ n=1 (−1)n−1 n (x−1)n lnx = +∞∑ n=0 (−1)n−1 n (x− 1)n Convergência: 12 Raio de convergência: r = lim n→+∞ an an+1 = lim n→+∞ ∣∣∣ (−1)n−1n ∣∣∣∣∣∣ (−1)nn+1 ∣∣∣ = 1 A série converge para |x− 1| < 1 ⇒ −1 < x− 1 < 1 ⇒ 0 < x < 2. Agora precisamos estudar os extremos: x = 0 e x = 2. Para x = 0 +∞∑ n=0(−1)n−1 n (0− 1)n = +∞∑ n=0 (−1)n−1 n (−1)n = +∞∑ n=0 (−1)2n−1 n = +∞∑ n=0 −1 n = − +∞∑ n=0 1 n que é "menos"a série harmônica e diverge. Para x = 2 +∞∑ n=0 (−1)n−1 n (2− 1)n = +∞∑ n=0 (−1)n−1 n (1)n = +∞∑ n=0 (−1)n−1 n = +∞∑ n=0 (−1)n−1 1 n que é uma série alternada, e como 1 n é decrescente lim n→+∞ 1 n = 0 pelo critério de Leibniz converge. Raio de convergência r = 1, intervalo de convergência I = ] 0 , 2 ] lnx = +∞∑ n=0 (−1)n−1 n (x− 1)n, ∀x ∈ ] 0 , 2 ] Resolução: (c) f(x) = x3 + 4x2 − 5x− 7, x0 = −1. f(x) = x3 + 4x2 − 5x− 7 f(−1) = (−1)3 + 4(−1)2 − 5(−1)− 7 = 1 f ′(x) = 3x2 + 8x− 5 f ′(−1) = 3(−1)2 + 8(−1)− 5 = −10 f ′′(x) = 6x+ 8 f ′′(−1) = 6(−1) + 8 = 2 f ′′′(x) = 6 f ′′′(−1) = 6 f (4)(x) = 0 f (4)(−1) = 0 f (5)(x) = 0 f (5)(−1) = 0 . . . . . . f (k)(x) = 0, k > 3 f (k)(−1) = 0, k > 3 13 Como x0 = −1 a série procurada é a série de Taylor: f(x) = f(x0) + f ′(x0)(x− x0) + f ′′(x0) 2! (x− x0)2 + f ′′′(x0) 3! (x− x0)3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(x0) n! (x− x0)n . f(x) = f(−1) + f ′(x0)[x− (−1)] + f ′′(−1) 2! [x− (−1)]2 + f ′′′(−1) 3! [x− (−1)]3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(−1) n! [x− (−1)]n f(x) = f(−1) + f ′(x0)(x+ 1) + f ′′(−1) 2! (x+ 1)2 + f ′′′(−1) 3! (x+ 1)3 + . . . = +∞∑ n=0 f (n)(−1) n! (x+ 1)n f(x) = 1−10(x+1)+ 2 2! (x+1)2+ 6 3! (x+1)3+ 0 4! (x+1)4+ 0 5! (x+1)5+. . . = 1−10(x+1)+(x+1)2+(x+1)3+ +∞∑ n=1 0 f(x) = 1− 10(x+ 1) + (x+ 1)2 + (x+ 1)3 x3 + 4x2 − 5x− 7 = 1− 10(x+ 1) + (x+ 1)2 + (x+ 1)3, ∀x ∈ R Deslocamento do Índice do Somatório: O índice do somatório de uma série é uma variável muda, assim como a variável de integração em uma integral de�nida. Portanto podemos fazer várias mudanças no índice do somatório de uma série sem alterar a série. A seguir apresentamos alguns exemplos de mudanças que serão úteis para a resolução de equações diferenciais ordinárias usando séries de potência. Exemplos: 1. Escreva +∞∑ n=2 anx n como uma série cujo primeiro termo corresponde a n = 0 em vez de n = 2. Resolução: Vamos chamar n− 2 = m, ou seja, n = m+ 2, assim: +∞∑ m=0 am+2x m+2 . Agora, voltando para n temos: +∞∑ n=2 anx n = +∞∑ n=0 an+2x n+2 . 2. Escreva a série +∞∑ n=2 (n+ 1)(n− 1)an(x− x0)n−3 como uma série cujo termo geral envolve (x− x0)n. Resolução: Vamos chamar n− 3 = m, ou seja, n = m+ 3, assim: +∞∑ m=−1 (m+ 3 + 1)(m+ 3− 1)am+3(x− x0)m+3−3 = +∞∑ m=−1 (m+ 4)(m+ 2)am+3(x− x0)m. 14 Agora, voltando para n temos: +∞∑ n=2 (n+ 1)(n− 1)an(x− x0)n−3 = +∞∑ n=−1 (n+ 4)(n+ 2)an+3(x− x0)n. 3. Escreva a série x2 +∞∑ n=0 (n+ r)an x r+n−1 como uma série cujo termo geral envolve xr+n. Resolução: Vamos começar executando o produto: x2 +∞∑ n=0 (n+ r)an x r+n−1 = +∞∑ n=0 (n+ r)an x 2 xr+n−1 = +∞∑ n=0 (n+ r)an x 2+r+n−1 = +∞∑ n=0 (n+ r)an x r+n+1 Vamos chamar r + n+ 1 = r +m, ou seja, n+ 1 = m ⇒ n = m− 1, assim: +∞∑ m−1=0 (m− 1 + r)am−1 xr+m−1+1 = +∞∑ m=1 (m+ r − 1)am−1 xr+m. Agora, voltando para n temos: x2 +∞∑ n=0 (n+ r)an x r+n−1 = +∞∑ n=1 (n+ r − 1)an−1 xr+n. 3. Suponha que +∞∑ n=1 nan x n−1 = +∞∑ n=0 an x n para todo x ∈ R. Determine os coe�cientes an. Resolução: +∞∑ n=1 nan x n−1 = +∞∑ n=0 an x n Para podermos comparar melhor as séries vamos escrever a série +∞∑ n=1 nan x n−1 como uma série que o termo geral envolve xn. Para isto, vamos chamar n− 1 = m ⇒ n = m+ 1 +∞∑ n=1 nan x n−1 = +∞∑ m+1=1 (m+ 1) am+1 x m+1−1 = +∞∑ m=0 (m+ 1) am+1 x m Agora, voltando para n, temos: +∞∑ n=0 (n+ 1) an+1 x n Voltando a igualdade, temos: +∞∑ n=0 (n+ 1) an+1 x n = +∞∑ n=0 an x n ⇒ (n+ 1) an+1 = an ⇒ an+1 = an n+ 1 Assim: a1 = a0, a2 = a1 2 = a0 2 , a3 = a2 3 = a0 3 ∗ 2 , a4 = a3 4 = a0 4 ∗ 3 ∗ 2 , . . . , an = a0 n! 15 Substituindo esta informação na nossa série temos: +∞∑ n=0 an x n = +∞∑ n=0 a0 n! xn = a0 +∞∑ n=0 1 n! xn. E se lembrarmos que +∞∑ n=0 1 n! xn é a série de MacLaurin da função f(x) = ex, temos: +∞∑ n=0 an x n = a0 +∞∑ n=0 1 n! xn = a0 e x . Resolução de EDO's Lineares de 2 a Ordem usando Séries de Potências: Vamos concentrar nosso estudo em equações diferenciais ordinárias (EDO's) lineares homogêneas cujos coe�cientes são funções da variável independente. Vamos usar x para indicar a variável independente. Assim, vamos estudar EDO's da forma: R(x)y′′ + T (x)y′ +M(x)y = 0. Vamos supor que as funções R, T e M são contínuas em um intervalo I e que elas não tem raízes em comum. De�nição: Dada a Equação Diferencial Ordinária R(x)y′′ + T (x)y′ +M(x)y = 0 e um ponto x = x0 ∈ R dizemos: • x0 é ponto ordinário da EDO se R(x0) 6= 0 • x0 é ponto singular da EDO se R(x0) = 0 ∼ • ∼ ∼ • ∼ ∼ • ∼ Nos estudaremos apenas as soluções de EDO's usando séries de potência em torno de pontos ordinários. Assim, estamos interessados na solução da EDO R(x)y′′ + T (x)y′ +M(x)y = 0 em uma vizinhança de um ponto ordinário x = x0. Como R é contínua em I e R(x0) 6= 0, existe uma vizinhança I˜ de x0 onde R(x) 6= 0 ∀x ∈ I˜. Assim, vamos estudar a EDO R(x)y′′ + T (x)y′ +M(x)y = 0 em I˜. Em I˜ podemos dividir a EDO por R(x), obtendo: R(x)y′′ + T (x)y′ +M(x)y = 0 ⇒ R(x) R(x) y′′ + T (x) R(x) y′ + M(x) R(x) y = 0 ⇒ y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 Em linhas gerais, o que faremos é supor que y = +∞∑ n=0 an (x−x0)n é solução, derivar esta solução a série e substituir na EDO y′′ + p(x)y′ + q(x)y = 0 e encontrar uma relação de recorrência para os coe�cientes an. Depois tentaremos escrever os coe�cientes an em função dos coe�cientes a0 e a1 e assim achar duas soluções em séries y1 multiplicada por a0 e y2 multiplicada por a1. 16 Depois, usando Wronskiano em x = x0 podemos provar que estas soluções formam um conjunto fundamental de soluções. Provando assim que encontramos uma solução geral para a EDO. Em alguns casos, se as séries y1 e y2 forem "conhecidas" poderemos até expressar y1 e y2 em termos de funções (e não séries). A seguir apresentamos alguns exemplos. iniciamos com um exemplo bastante simples, que poderíamos resolver sem usar séries de potências, mas que será útil para ilustrar a metodologia. depois passamos para exemplos mais elaborados. Exemplos: 1. Encontrar uma solução geral para a equação diferencial ordinária linear de 2 a ordem: (a) y′′ + y = 0, x0 = 0 ∀x ∈ R. (b) y′′ − xy = 0, x0 = 0 ∀x ∈ R . (c) y′′ − xy = 0, x0 = 1 ∀x ∈ R. Resolução: (a) y′′ + y = 0, x0 = 0 ∀x ∈ R. Seja y = +∞∑ n=0 anx n ⇒ y′ = +∞∑ n=1 an (n)x n−1 ⇒ y′′ = +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 Substituindo na EDO: y′′ + y = 0 ⇒ [ +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 ] + [ +∞∑ n=0 anx n ] = 0 Para somar as séries vamos escrever +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 como uma série que o termo geral envolve xn. Fazendo n− 2 = m ⇒ n = m+ 2 temos: +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 = +∞∑ m+2=2 am+2 (m+ 2)(m+ 2− 1)xm+2−2 = +∞∑ m=0 am+2 (m+ 2)(m+ 1)x m ⇒ ⇒ +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 = +∞∑ n=0 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n Voltando para a EDO: y′′ + y = 0 ⇒ [ +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 ] + [ +∞∑ n=0 anx n ] = 0 ⇒ ⇒ [ +∞∑ n=0 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n ] + [ +∞∑ n=0 anx n ] = 0 ⇒ +∞∑ n=0 [ an+2 (n+ 2)(n+ 1) + anx n ] xn = 0 ⇒ ⇒ an+2 (n+ 2)(n+ 1) + an = 0, ∀ n ∈ {0, 1, 2, 3, . . .} O que nos leva a Relação de Recorrência: an+2 = an (n+ 2)(n+ 1) Agora, vamos escrever os coe�cientes an em função de a0 e de a1: 17 a0 a1 a2 = a0 2 ∗ 1 = a0 2 a3 = a1 (3)(2) = a1 3 ∗ 2 a4 = a2 (4)(3) = a2 4 ∗ 3 = a2 (4)(3) = a0 2∗1 4 ∗ 3 = a0 4! a5 = a3 (5)(4) = a1 3∗2 5 ∗ 4 = a1 5! a6 = a4 (6)(5) = a0 4! 6 ∗ 5 = a0 6! a7 = a5 (7)(6) = a1 5! 7 ∗ 6 = a1 7! . . . a2k = a0 (2k)! a2k+1 = a1 (2k + 1)! Agora, vamos substituir estas informações na nossa solução: +infty∑ n=0 an x n : +∞∑ n=0 an x n = a0 + a1 x+ a2 x 2 + a3 x 3 + a4 x 4 + a5 x 5 + a6 x 6 + a7 x 7 + . . . +∞∑ n=0 an x n = a0 + a1 x+ a0 2 x2 + a1 3! x3 + a0 4! x4 + a1 5! x5 + a0 6! x6 + a1 7! x7 + . . . Agora vamos separar o que tem a0 do que o que tem a1: +∞∑ n=0 an x n = [ a0 + a0 2 x2 + a0 4! x4 + a0 6! x6 + . . . ] + [ a1 x+ a1 3! x3 + a1 5! x5 + a1 7! x7 + . . . ] +∞∑ n=0 an x n = a0 [ 1 + 1 2 x2 + 1 4! x4 + 1 6! x6 + . . . ] + a1 [ x+ 1 3! x3 + 1 5! x5 + 1 7! x7 + . . . ] Assim, Temos: +∞∑ n=0 an x n = a0 [ +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n ] ︸ ︷︷ ︸ y1 +a1 [ +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 ] ︸ ︷︷ ︸ y2 18 Agora vamos mostrar que y1 = +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n e y2 = +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 formam um conjunto fundamental de soluções: Para isto, vamos calcular y1(0), y ′ 1(0), y2(0) e y ′ 2(0 y1 = +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n = 1 + 1 2! x2 + 1 4! x4 + 1 6! x6 + 1 8! x8 . . . ⇒ y1(0) = 1 y′1 = +∞∑ n=1 1 (2n− 1)! x 2n−1 = 1 1! x+ 1 3! x3 + 1 5! x5 + 1 7! x7 . . . ⇒ y′1(0) = 0 y2 = +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 = x+ 1 3! x3 + 1 3! x3 + 1 5! x5 + 1 7! x7 + 1 9! x9 + . . . ⇒ y2(0) = 0 y′2 = +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n = 1 + 1 2! x2 + 1 2! x2 + 1 4! x4 + 1 6! x6 + 1 8! x8 + . . . ⇒ y′2(0) = 1 Portanto: W (y1, y2)(0) = ∣∣∣∣ 1 00 1 ∣∣∣∣ = 1 6= 0, y1 = +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n e y2 = +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 formam um conjunto fundamental de soluções. Solução geral da EDO: y(x) = a0 [ +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n ] + a1 [ +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 ] . Note que a0 e a1 são constantes arbitrárias e estão no lugar de C1 e C2. Neste exemplo, como as séries y1 e y2 são conhecidas: y1 = +∞∑ n=0 1 (2n)! x2n = cosx e y2 = +∞∑ n=0 1 (2n+ 1)! x2n+1 = senx Podemos escrever: Solução geral da EDO: y = a0 cosx+ a1 senx . Resolução: (b) y′′ − xy = 0, x0 = 0 ∀x ∈ R . Seja y = +∞∑ n=0 anx n ⇒ y′ = +∞∑ n=1 an (n)x n−1 ⇒ y′′ = +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 Substituindo na EDO: y′′ − xy = 0 ⇒ [ +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 ] − x [ +∞∑ n=0 anx n ] = 0 ⇒ [ +∞∑ n=2 an (n)(n− 1)xn−2 ] − [ +∞∑ n=0 anx n+1 ] = 0 ⇒ Agora, vamos fazer mudança nos índices de forma que as duas séries sejam séries que o termo geral envolva xn. 19 Para a primeira série vamos fazer n−2 = b ⇒ n = b+2. Na segunda série vamos fazer n+1 = c ⇒ n = c−1. ⇒ [ +∞∑ b+2=2 ab+2 (b+ 2)(b+ 2− 1)xb+2−2 ] − [ +∞∑ c−1=0 ac−1xc−1+1 ] = 0 ⇒ ⇒ [ +∞∑ b=0 ab+2 (b+ 2)(b+ 1)x b ] − [ +∞∑ c=1 ac−1xc ] = 0 ⇒ ⇒ [ +∞∑ n=0 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n ] − [ +∞∑ n=1 an−1xn ] = 0 ⇒ Como a segunda série começa de n = 1 e não podemos alterar isto sem alterar também a potência de x, vamos usar o fato de +∞∑ n=0 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n = a2(2)(1)x 0 + +∞∑ n=1 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n Assim, vamos usar que: +∞∑ n=0 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n = 2a2 + +∞∑ n=1 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n ⇒ [ 2a2 + +∞∑ n=1 an+2 (n+ 2)(n+ 1)x n ] − [ +∞∑ n=1 an−1xn ] = 0 ⇒ ⇒ 2a2 + +∞∑ n=1 [an+2 (n+ 2)(n+ 1)− an−1 ] xn = 0 ⇒ Uma série de potências só é igaul a zero se todos seus coe�cientes são iguais a zero: ⇒ 2a2 + +∞∑ n=1 [an+2 (n+ 2)(n+ 1)− an−1 ] xn = 0 ⇒ 2a2 = 0 e an+2 (n+ 2)(n+ 1)− an−1 = 0 ⇒ ⇒ a2 = 0 e an+2 = an−1 (n+ 2)(n+ 1) Relação de Recorrência: an+2 = an−1 (n+ 2)(n+ 1) Agora, vamos escrever os coe�cientes an em função de a0 e a1 20 a0 a1 a2 = 0 a3 = a0 3 ∗ 2 a4 = a1 4 ∗ 3 a5 = a2 5 ∗ 4 = 0 5 ∗ 4 = 0 a6 = a3 6 ∗ 5 = a0 3∗2 5 ∗ 4 = a0 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 a7 = a4 7 ∗ 6 = a1 4∗3 7 ∗ 6 = a1 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 a8 = a5 8 ∗ 7 = 0 8 ∗ 7 = 0 a9 = a6 9 ∗ 8 = a0 6∗5∗3∗2 9 ∗ 8 = a0 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 a10 = a7 10 ∗ 9 a1 7∗6∗4∗3 10 ∗ 9 = a1 10 ∗ 9 ∗ 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 a11 = a8 11 ∗ 10 = 0 11 ∗ 10 = 0 a12 = a9 12 ∗ 11 = a0 9∗8∗6∗5∗3∗2 12 ∗ 11 = a0 12 ∗ 11 ∗ 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 a13 = a10 13 ∗ 12 = a1 10∗9∗7∗6∗4∗3 13 ∗ 12 = a1 13 ∗ 12 ∗ 10 ∗ 9 ∗ 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 . . . Agora, vamos substituir estas informações na solução y = +∞∑ n=0 an x n y = +∞∑ n=0 an x n = a0+a1 x+a2 x 2+a3 x 3+a4 x 4+a5 x 5+a6 x 6+a7 x 7+a8 x 8+a9 x 9+a10 x 10+a11 x 11+ . . . = = a0 + a1 x+ 0x 2 + a0 3 ∗ 2 x 3 + a1 4 ∗ 3 x 4 + 0x5 + a0 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 x 6 + a1 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 x 7 + 0x8 + . . . = = a0 + a1 x+ a0 3 ∗ 2 x 3 + a1 4 ∗ 3 x 4 + a0 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 x 6 + a1 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 x 7 + a0 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 x 9 + . . . = Agora, vamos separar as parcelas onde aparece a0 e onde aparece a1 = [ a0 + a0 3 ∗ 2 x 3 + a0 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 x 6 + a0 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 x 9 + . . . ] + [ a1 x+ a1 4 ∗ 3 x 4 + a1 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 x 7 + . . . ] = 21 = a0 [ 1 + x3 3 ∗ 2 + x6 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 + x9 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 + . . . ] + a1 [ x+ x4 4 ∗ 3 + x7 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 + . . . ] = Colocando mais alguns termos da somatória para inferir melhor o tremo geral, temos: = a0 [ 1 + x3 3 ∗ 2 + x6 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 + x9 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 + x12 12 ∗ 11 ∗ 9 ∗ 8 ∗ 6 ∗ 5 ∗ 3 ∗ 2 + . . . ] + +a1 [ x+ x4 4 ∗ 3 + x7 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 + x10 10 ∗ 9 ∗ 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 + x13 13 ∗ 12 ∗ 10 ∗ 9 ∗ 7 ∗ 6 ∗ 4 ∗ 3 + . . . ] = Assim, temos: = a0 [ +∞∑ n=0 x3n (3n)∗(3n− 1)∗(3n− 3)∗(3n− 4)∗. . . ∗ 3 ∗ 2 ] +a1 [ +∞∑ n=0 x3n+1 (3n+ 1)∗(3n)∗(3n− 2)∗(3n− 3)∗. . . ∗ 4 ∗ 3 ] Ou seja: yG(x) = a0 [ +∞∑ n=0 x3n (3n)(3n− 1)(3n− 3)(3n− 4) . . . (3)(2) ] ︸ ︷︷ ︸ y1 +a1 [ +∞∑ n=0 x3n+1 (3n+ 1)(3n)(3n− 2)(3n− 3) . . . (4)(3) ] ︸ ︷︷ ︸ y2 Para provar que esta é uma solução geral da EDO, precisamos provar que y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções, para isto vamos calcular o Wronskiano de y1 e y2 em x = 0. y1(x) = +∞∑ n=0 x3n (3n)(3n− 1)(3n− 3)(3n− 4) . . . (3)(2) ⇒ y1(0) = 1 y′1(x) = +∞∑ n=1 x3n−1 (3n− 1)(3n− 3)(3n− 4) . . . (3)(2) ⇒ y ′ 1(0) = 0 y2(x) = +∞∑ n=0 x3n+1 (3n+ 1)(3n)(3n− 2)(3n− 3) . . . (4)(3) ⇒ y2(0) = 0 y′2(x) = +∞∑ n=1 x3n (3n)(3n− 2)(3n− 3) . . . (4)(3) ⇒ y ′ 2(0) = 1 W (y1, y2)(0) = ∣∣∣∣∣∣ y1(0) y2(0) y′1(0) y′2(0) ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣ 1 0 0 1 ∣∣∣∣∣∣ = 1 6= 0 ⇒ y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções. Solução geral da EDO: yG(x) = a0 [ +∞∑ n=0 x3n (3n)(3n− 1)(3n− 3)(3n− 4) . . . (3)(2) ] +a1 [ +∞∑ n=0 x3n+1 (3n+ 1)(3n)(3n− 2)(3n− 3) . . . (4)(3) ] .
Compartilhar