Buscar

PlanoDeAula_3 caso concreto resolvido

Prévia do material em texto

Plano de Aula: Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA
Título
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
3 
Tema
Narrativa jurídica simples e narrativa jurídica valorada.
Objetivos
O aluno deverá ser capaz de:
- Distinguir a narrativa jurídica simples da narrativa jurídica valorada;
- Identificar as características que marcam esses dois tipos de narrativa;
- Compreender a relação entre o tipo de narrativa e a peça processual produzida;
- Conhecer as principais características da narrativa jurídica.
Estrutura do Conteúdo
1. Algumas características da narrativa jurídica
1.1. Impessoalidade
1.2. Verbos no passado
1.3. Paragrafação
1.4. Elementos constitutivos da demanda (Quem quer? O quê? De quem? Por quê?)
1.5. Correta identificação do fato gerador
2. Narrativa jurídica simples
3. Narrativa jurídica valorada
4. A construção de versões
Aplicação Prática Teórica
Como vimos anteriormente, as peças processuais têm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise do fato gerador do conflito e das circunstâncias em que ocorreu. Ainda assim, vale dizer que essa narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da peça que se pretende redigir.
Pode-se entender, portanto, que valorizar ou não palavras e expressões merece atenção acurada, pois poderá influenciar na compreensão e persuasão do auditório.[1] Essa valoração das informações depende dos mecanismos de controle social que influenciam a compreensão do fato jurídico.[1: ]
É preciso lembrar que são diferentes os objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida não poderá narrar os fatos de um caso concreto com a mesma versão da parte contrária. Por conta disso, não se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurídico são idênticas no formato e no objetivo, visto que dependem da intencionalidade de cada um.
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS
É uma narrativa sem compromisso de representar qualquer das partes. Deve apresentar todo e qualquer fato importante para a compreensão da lide, de forma imparcial.
Sugerimos iniciar por ?trata-se de questão sobre...?
 
NARRATIVA VALORADA DOS FATOS
É uma narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de acordo com a versão da parte que se representa em juízo. Por essa razão, apresenta o pedido (pretensão da parte autora) e recorre a modalizadores.
Sugerimos iniciar por ?Fulano ajuizou ação de ... em face de Beltrano, na qual pleiteia ...?
 
Leia a narrativa que segue abaixo:
Em 23 de fevereiro de 2011, Rosa Maria de Almeida, engenheira, 24 anos, moradora de São Gonçalo, precisou viajar por dois dias, porque iria prestar um concurso em Belo Horizonte. Resolveu então deixar o seu cachorro de estimação hospedado no Hotel para Cachorros e Clínica Veterinária Bons Amigos, de propriedade da veterinária Antônia de Jesus Cardoso, também em São Gonçalo, porque queria ter certeza de que o animal seria bem tratado durante a sua ausência.
No dia seguinte, ao telefonar para saber como estava o animal, recebeu a notícia de que o animal havia falecido, em decorrência de morte natural. Abalada com a notícia, interrompeu a viagem, sem sequer prestar o concurso que motivara a sua ausência.
Rosa Maria ficou chocada com a perda do animal de estimação, que criara desde um mês de vida do filhote, e com o qual convivia há cerca de cinco anos. Sentiu-se inconformada com a justificativa apresentada pela clínica, pois o animalzinho encontrava-se bem quando ali fora deixado. Ao voltar, Rosa Maria providenciou a autópsia do animal, ficando constatado que a morte se deu em virtude de ferimento por instrumento cortante, provavelmente oriundo de mordedura.
No laudo da autópsia consta que a causa mortis foi um ?trauma por instrumento corto-contundente, sendo os achados consistentes com possível mordedurda?.
As fotografia digitalizadas que acompanham o laudo demonstram um grande ferimento na região torácica que, segundo se constatou, perfurou vasos coronários e causou hemorragia. Tudo isso leva a crer que o cão de Rosa Maria foi violentamente atacado por outro animal e que, dos ferimentos decorrentes do ataque, culminou sua morte.
Diante do resultado da autópsia, Rosa Maria acusou a clínica de negligência, pois assumiu o dever de guarda do animal, mas ao invés disso, descuidou-se, permitindo seu contato direto com outros cães.
A dona da clínica negou veementemente a versão do laudo e rechaçou a alegação de que houve qualquer ferimento no cão capaz de ensejar a sua morte. Disse ainda que o animal não foi colocado em contato com outros, o que afasta totalmente, segundo ela, a possibilidade de que a morte tenha advindo de um ataque de outro cachorro. 
Questões
Resuma, em até dez linhas, qual a versão narrada pela parte autora.
Trata- se que no dia 23 de fevereiro de 2011, Rosa Maria de Almeida, engenheira, 24 anos, moradora de São Gonçalo, precisou viajar por dois dias, porque iria prestar um concurso em Belo Horizonte. Resolveu então deixar o seu cachorro de estimação hospedado no Hotel para Cachorros e Clínica Veterinária Bons Amigos. Porque queria ter certeza de que o animal seria bem tratado durante a sua ausência.
No dia seguinte, ao telefonar para saber como estava o animal, recebeu a notícia de que o animal havia falecido.
Identifique, na transcrição desse segmento, pelo menos três informações que a parte contrária não teria narrado. Justifique por quê.
1°: Que o animal havia falecido, em decorrência de morte natural.
Mentiu, o animal foi mal tratado, e não houve os cuidados necessários como deveria ter, conforme as recomendações da dona.
2°: A autópsia do animal, ficando constatado que a morte se deu em virtude de ferimento por instrumento cortante, provavelmente oriundo de mordedura.
Comprova a falta de cuidados com o animal.
3°: O cão ficou junto com outros cães maiores, provavelmente na mesma sela, ou deixou em contado de outros sem uma vigia rigorosa.
Neste caso a dona Rosa poderá pedir uma indenização de danos morais, e pela morte do cão e pela perda da prova do concurso que iria fazer.
OBJETIVAS
O magistrado, ao produzir a sentença, tem o compromisso de realizar, em seu relatório, uma síntese de todas as questões importantes trazidas aos autos pelas partes que integram o polo ativo e o polo passivo. PORTANTO, as versões do autor e do réu estão representadas em uma narrativa jurídica simples, marcada pela presença da polifonia que identifica a origem de cada uma das alegações e depoimentos.
1 - O parágrafo anterior é composto por uma afirmativa inicial e uma conclusão (após a conjunção “portanto”). Marque a opção CORRETA.
a) A afirmativa inicial está correta, mas a conclusão que dela decorre está errada.
b) A afirmativa inicial está errada, mas a conclusão que dela decorre está correta.
c) Tanto a afirmação inicial quanto a conclusão que dela decorre estão corretas.
d) Tanto a afirmação inicial quanto a conclusão que dela decorre estão erradas.
2 - Os textos abaixo foram extraídos de uma peça processual que trata de ação de alimentos. Identifique a tipologia textual de cada fragmento e marque a opção correta. 
I - “A representante legal do autor contraiu matrimônio com o réu em 16 de abril de 1991. Da união matrimonial adveio o menor Rodrigo da Cunha Maia, absolutamente incapaz, que está sendo representado por sua mãe”.
II - “Segundo Antunes Varela, os alimentos são tudo que é estritamente necessário para a mantença da vida de uma pessoa, compreendendo a alimentação, a cura, o vestuário, a habitação, nos limites da necessidade de quem os pede.”
a) O texto I é uma narrativa valorada e o texto II é injuntivo.
b) O texto I é argumentativo e o texto II é uma narrativa imparcial.
c) O texto I é uma narrativa simples e o texto II é descritivo.
d) O texto I é umanarrativa simples e o texto II é argumentativo.

Continue navegando