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FARMACOLOGIA DO SANGUE HEMOSTASIA Formação do trombo plaquetário Formação do coágulo de fibrina Ativação da fibrinólise Formação do trombo plaquetário Lesão vascular induz: - vasoconstricção reflexa - adesão das plaquetas às células endoteliais Plaquetas aderidas mantêm a vasoconstricção - tromboxano A-2 (TXA-2) - serotonina (5-HT) - adenosina difosfato (ADP) Plaquetas expõem a proteína IIb/IIIa - a proteína atua como receptor de fibrinogênio e - permite agregação das plaquetas Formação do coagulo de fibrina A cascata de coagulação é ativada Trombina converte fibrinogênio em fibrina A rede de fibrina retém células sanguíneas Quatro dos fatores da cascata são vitamina K dependentes: - fator II (protrombina) - fator IV - fator IX - fator X Ativação da fibrinólise Antitrombina III impede a formação de fibrina α2 - antitripsina degrada a fibrina pronta Plasminogênio é convertido em plasmina por dois fatores: - XII ativo - fator tecidual do plasminogênio produzido pelo endotélio vascular Função da fibrinólise: - impedir a formação excessiva de coágulos Disfunções na coagulação sanguínea Na formação do trombo plaquetário: - petéquias múltiplas, difusas e espontâneas - trombose Na formação do coagulo de fibrina: - equimoses, hematomas e hemorragia em cavidades - trombose Na fibrinólise: - hemorragias - trombose Plaquetas ou Trombócitos Alterações plaquetárias congênitas Doença de von Willebrand (DvW) - deficiência do fator de von Willebrand – FvW - o fator induz adesão e agregação das plaquetas Trombopatia do Basset Hound - alteração no metabolismo do AMPc das plaquetas Trombopatia de cães Spitz - semelhante à patologia do Basset Hound Alterações plaquetárias congênitas Trombastenia de Glanzmann - redução da proteína IIb/IIIa nas plaquetas Síndrome de Chediak-Higach - não ocorre a agregação plaquetária induzida pelo colágeno exposto, ADP e adrenalina Armazenamento plaquetário deficiente (Cocker Spaniel Americano) - as plaquetas ativadas não secretam: TXA-2; 5-HT; ADP Alterações plaquetárias adquiridas Trombocitopenia - infecciosa (ex: erliquiose) - farmacológica (ex: estrógeno) - sequestro de plaquetas (ex: esplenomegalia) - consumo de plaquetas (ex: CID) - neoplasias (ex: mastocitoma) - imunomediada (ex: IgG) Trombocitose - algumas neoplasias (ex: linfoma) - cirrose hepática Alterações na Coagulação Hipocoagulabilidades congênitas Hemofilia A (fator VIII) Hemofilia B (fator IX) Deficiência do fator I (fibrinogênio) Deficiência do fator II (protrombina-rara) Deficiência do fator VII Deficiência do fator X Deficiência do fator XI Deficiência do fator XII Deficiência dos fatores vitamina K dependentes Hipocoagulabilidade adquirida Intoxicação por cumarínico (rodenticidas) Intoxicação por veneno botrópico Coagulação Intravascular Disseminada (CID) Doença hepática grave Doença renal grave Doença vascular (raro) Trombose Hipercoagulabilidade Pode promover formação de trombos que: - obstruem veia causando dor e edema - obstruem artéria causando infarto ou AVC isquêmico - liberam fragmentos (êmbolos) que obstruem vasos menores Causas: - hiperadrenocorticismo - acidose ou estase sanguínea - síndrome nefrótica - neoplasia maligna - sepse USO de FÁRMACOS HEMOSTÁTICOS PLAQUETÁRIOS Desmopressina Análoga da vasopressina Aumenta liberação do FvW pelo endotélio Aumenta a adesão plaquetária Indicada em - doença de Willebrand tipo I - hemofilia A leve ou moderada Vias de administração - venosa diluído em soro fisiológico - nasal na forma de spray Desmopressina Toxicidade - cefaléia - hipotensão arterial - taquicardia - hiponatremia e intoxicação hídrica (convulsão) - contaminação durante o preparo do crio precipitado Pode ser associada aos antifibrinolíticos Etansilato Induz a adesividade plaquetária - intensifica interação entre plaqueta e vaso - forma trombo plaquetário estável Inibe a destruição da membrana das plaquetas Não tem efeito vasoconstritor Não tem efeito antifibrinolítico Não modifica os fatores de coagulação do plasma Etansilato Aumenta glicogênio nos megacariócitos - aumenta o número de plaquetas no fluxo sanguíneo - formação de plaquetas jovens e ativas que promovem melhor retração do trombo Farmacocinética - via venosa ou via oral - excreção renal - cruza a barreira placentária Etansilato Toxicidade rara - náuseas, cefaléia e erupções cutâneas - hipotensão transitória após administração IV - hipotensão em pacientes com instabilidade hemodinâmica - reações alérgicas graves em paciente sensível Contraindicações - hipersensibilidade a sulfitos (conservante de alimento) - pacientes com porfiria aguda (bovinos e cães). Porfirias são um grupo de doenças, hereditárias ou adquiridas que envolvem as enzimas da síntese do grupo heme Hemostáticos que atuam na coagulação Vitamina K1 Promove formação dos fatores II, VII, IX e X Deficiência de vitamina K pode ser causada por: - alterações G.I. que reduzem a absorção da vitamina - obstrução do duto biliar - doença inflamatória intestinal - pancreatite crônica - doenças hepáticas - destruição da microbiota intestinal (ex: antibióticos) - ruminantes dependem totalmente da síntese microbiana - intoxicação por rodenticida 22 Vitamina K1 Vias de administração - oral : preferida - I.M : pode causar hematoma - I.V. : alto risco de anafilaxia Vitamina K-3 - não serve nas emergências hemorrágicas - precisa primeiro ser transformada em vitamina K1 Hemorragia grave - repor também os fatores de coagulação Hemostáticos que atuam na fibrinólise Antifibrinolíticos Contêm fibrinolisinas naturais Inibem a ação da plasmina Impedem a ativação do plasminogênio Drogas: - ácido Є-aminocapróico (EACA) - ácido tranexâmico Vias de administração - oral e injetável Antifibrinolíticos Uso clínico - hemorragia pós-cirúrgica - hemorragia por fibrinólise excessiva nas - vias urinárias ou trato genital - mucosa oral ou trato G.I. Toxicidade - na hematúria pode causar obstrução ureteral - contraindicado em paciente com risco trombótico - usar dose menor na insuficiência renal 26 ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS Ácido acetilsalicílico Inibe a enzima COX-1 e a síntese de TX-A2 - impede a agregação plaquetária - a dose usada é menor do que a analgésica Uso em cães - animais que estão recebendo droga para dirofilariose Uso em gatos - cardiomiopatia hipertrófica - trombo aórtico Tienopiridinas Antagonista irreversível do receptor de ADP Alteram a conformação dos receptores IIb/IIIa Reduzem a liberação de pró-agregantes Reduzem a liberação de vasoconstrictores Mais eficientes que a aspirina Tienopiridinas Ticlopidina - fármaco de 1ª geração - pode causar agranulocitose Clopidogrel - droga de 2ª geração - mais eficiente e menos tóxica que a anterior - efeito desaparece 7 dias após a interrupção - para efeito rápido é necessário usar dose maior Antagonistas da proteína IIb/IIIa Proteína IIb/IIIa - integrinas citoadesinas (plaquetas e megacariócitos) - são receptores para fibrinogênio e fator de Willebrand - fixa as plaquetas ao endotélio e entre si Antagonistas - abciximab (anticorpo monoclonal) uso IV - eptifibatide (antagonista competitivo) uso IV - tirofibana (não peptídico) uso IV - xemilofibana (oral) Antagonistas da proteína IIb/IIIa Toxicidade - podem promover eventos trombóticos (plaquetas ficam mais ativadas) - podem induzir apoptose dos cardiomiócitos - podem induzir agregação plaquetas-leucócitos - podem causar sangramentos em quaisquer locais - podem causar efeito imunogênico - podem induzir trombocitopenia ANTICOAGULANTES Heparina não fracionada (HNF) Aumenta atividade da antitrombina III (ATIII) em mais de 1.000 vezes ATIII inibe 5 fatores da coagulação - trombina, IXa, Xa, XIa, XIIa HNF aumenta a afinidade da ATIII pela trombina e fator Xa Vias de administração - S.C. ou I.V. na emergência Heparina não fracionada (HNF) Parte da dose é perdida pela ligação da HNF com proteínas plasmáticas, endoteliais e macrófagos Toxicidade - hemorragia - trombocitopenia autoimune - hipersensibilidade (origem bovina e suína) - por via I.M. causa hematoma - várias interações medicamentosas importantes - rebote de hipercoagulação Heparina de baixo peso molecular Aumenta a afinidade da ATIII pelo fator Xa Superioridade sobre a HNF: - meia-vida 2 a 4 vezes maior - maior absorção por via S.C. - relação dose-efeito previsível - menos hemorragias - menos trombocitopenia - não há necessidade de monitoramento laboratorial Ex: enoxaparina Inibidores diretos da trombina Lipirudina e argatrobana: via IV Dabigatrana: via oral Atuam na trombina livre ou ligada ao trombo Não possuem antídoto específico Vantagens sobre a heparina: - não se ligam ás proteínas plasmáticas como HNF - não dependem de ATIII para fazer efeito - pode usar em clearance de creatinina baixo - efeito rápido - não gera anticorpos contra as plaquetas Antagonistas da vitamina K (Cumarínicos) Anticoagulantes de uso oral Inibem a “regeneração da vitamina K1” Atravessam a barreira placentária causando - efeito teratogênico e hemorragia fetal Toxicidade - sangramento visível (pele, mucosas) - sangramento oculto em alguns locais como trato GI, rins, SNC, fígado, útero e pulmões Usados também como rodenticidas Intoxicação por rodenticidas Vitamina K1 é oxidada durante formação do fator II Enzima epóxido redutase “regenera” a vitamina K Rodenticida inibe a epóxido redutase Vitamina K permanece na forma oxidada (inativa) Estoques de protrombina no fígado se esgotam Hemorragia inicia 2-3 dias após a ingestão Hemorragia agrava mais a cada dia Tratamento: usar vitamina K1 Monitorar tempo de protrombina (TP) Síntese de protrombina/cumarínicos ANTIANÊMICOS Estado anêmico Principais causas de anemia - perda de sangue - hemólise - alteração da medula óssea - deficiência de eritropoetina - deficiência de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico - inflamação aguda ou crônica Antianêmicos indicados na insuficiência renal Eritropoetina - hormônio produzido pelos rins - regula a síntese de hemácias Nandrolona ou oximetolona - andrógeno sintético (anabolizante) - estimula a hematopoese Toxicidade dos anabolizantes - hepatotóxico e hipertensor - hipertrofia prostática e virilização de fêmeas Toxicidade dos anabolizantes Interações indesejáveis: - glicocorticoide, mineralocorticoide (edema) - aumenta o efeito anticoagulante dos cumarinicos - diminui a concentração de glicose no sangue Contraindicações - câncer de mama com metástase óssea - disfunção hepática grave - câncer de próstata - gestação Emergência hemorrágica Repor os fatores de coagulação Plaqueta, hemácia ou plasma repor apenas a quantidade suficiente para melhora clínica Papa de plaqueta (unidades) - uma unidade eleva em 10.000 a 30.000/µl sangue - plaquetas injetadas - têm duração pequena no sangue - a redução é de ± 33% em 24 h Emergência hemorrágica Plasma fresco ou plasma fresco congelado (PFC) - repõe os fatores de coagulação - repõe antitrombina III (AT-3) Em hepatopatia não usar sangue estocado Coagulação intravascular disseminada repor: - plaquetas - fatores de coagulação - hemácias - antitrombina III (AT-3)
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