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Exclusão da Herança pelas vias da Indignidade e da Deserdação

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UBERABA, MG 
2017 
 
FACULDADE DE TALENTOS HUMANOS – FACTHUS 
DÉBORAH DIAS GONCALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EXCLUSÃO DA HERANÇA PELA VIA DA INDIGNIDADE E DA DESERDAÇÃO 
UBERABA, MG 
2017 
 
DÉBORAH DIAS GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EXCLUSÃO DA HERANÇA PELA VIA DA INDIGNIDADE E DA DESERDAÇÃO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Faculdade de Talentos 
Humanos - FACTHUS, como requisito 
parcial para a obtenção de título de 
bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Esp. Fábio Pinti Carboni. 
 
 
 
 
DÉBORAH DIAS GONÇALVES 
 
 
 
A EXCLUSÃO DA HERANÇA PELA VIA DA INDIGNIDADE E DA DESERDAÇÃO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Faculdade de Talentos 
Humanos - FACTHUS, como requisito 
parcial para a obtenção de título de 
bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Esp. Fábio Pinti Carboni. 
 
 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DIREITO DAS SUCESSÕES. 
 
 
 
Uberaba, 27 de novembro de 2017. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
Professor Esp. Fábio Pinti Carboni - FACTHUS 
 
 
 
 
 
Professora Esp. Maysa Batista Barbosa – FACTHUS 
3 
A EXCLUSÃO DA HERANÇA PELA VIA DA INDIGNIDADE E DA DESERDAÇÃO 
(THE INHERITANCE EXCLUSION IN THE WAY OF INDIGNITY AND 
DISINHERITANCE) 
 
 
Déborah Dias Gonçalves1 
Orientador: Prof. Esp. Fábio Pinti Carboni² 
 
 
SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 2 DIREITO DAS SUCESSÕES. 2.1 CONCEITO. 2.2 
SUCESSÃO “INTER VIVOS” E “CAUSA MORTIS”. 2.3 ABERTURA E 
MODALIDADE DE SUCESSÃO. 2.3.1 Sucessão Legítima. 2.3.2 Sucessão 
Testamentária. 2.4 CAPACIDADE E LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA. 3 EXCLUSÃO 
POR INDIGNIDADE. 3.1 CONCEITO. 3.2 CAUSAS DE INDIGNIDADE. 3.3 
PROCEDIMENTO. 3.4 LEGITIMIDADE. 3.5 REABILITAÇÃO DO INDIGNO. 3.6 
EFEITOS DA INDIGNIDADE. 4 EXCLUSÃO POR DESERDAÇÃO. 4.1 CONCEITO. 
4.2 CAUSAS DA DESERDAÇÃO. 4.3 PROCEDIMENTO. 4.4 LEGITIMIDADE. 4.5 
POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO. 4.6 EFEITOS DA DESERDAÇÃO. 5. 
DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS. CONSIDERAÇÕES FINAIS. REFERÊNCIAS. 
 
 
Resumo: O presente trabalho de conclusão de curso aborda as modalidades de 
sucessão. Revisa os conceitos dos institutos da exclusão de herança, quais sejam: 
indignidade e deserdação, através de análise doutrinária. Aponta as causas, efeitos 
e o trâmite das ações com a finalidade de desvendar mitos e entender as 
circunstâncias que podem gerar tais consequências. Pontua as causas jurídicas que 
provocam a perda da vocação hereditária alancados na Lei 10.406/2002, o Código 
Civil Brasileiro. Finaliza esclarecendo acerca das diferenças e semelhanças entre os 
institutos supracitados. 
 
Palavras-chave: Direito Civil. Direito das Sucessões. Exclusão da Herança. Exclusão 
por Indignidade. Exclusão por Deserdação. 
 
1 Aluna do 10º período do Curso de Direito da Faculdade de Talentos Humanos, com graduação 
prevista para o segundo semestre de 2017. 
 
² Graduação em Direito. Pós-graduação em Direito Civil e Direito Processual Civil. Docente nas 
disciplinas de Direito das Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões, TCC II e Estágio 
Supervisionado. Membro da Diretoria do IBDFAM Núcleo Uberaba. Advogado. 
4 
Abstract: The present term paper approaches to the succession modalities. It revisits 
the inheritance exclusion institute concepts, being them: indignity and disinheritance 
through the doctrinaire analysis. It points out the causes, effects and the course of 
the proceedings with the purpose of unraveling myths and to perceive the 
circumstances in which can generate such consequences. It punctuates the juridical 
causes that ought to provoque the loss of the inheritance vocation guaranteed under 
the Law 10.406 inserted in the Brazilian Civil Code. It finishes enlightening the 
diferences and resemblances in-between the so quoted institutes. 
 
Keywords: Civil Law. Succession Law. Exclusion of Inheritance. Exclusion by 
Indignity. Exclusion by Diserdation. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
As causas jurídicas que provocam a exclusão da herança através da 
indignidade ou deserdação é o trabalho de conclusão de curso de graduação 
bacharelado em Direito pela Faculdade de Talentos Humanos – FACTHUS, que 
pretende analisar os institutos e entender as situações em que são aplicadas. 
No cotidiano forense é comum que leigos adentrem aos escritórios de 
advocacia sem compreender a diferença entre os institutos de indignidade e 
deserdação, assim, surge a necessidade de conceituar, explanar e apresentar as 
causas que podem excluir a capacidade sucessória, bem como avaliar a 
necessidade de aplica-las. 
É importante salientar que o método científico utilizado no desenvolvimento 
do presente trabalho será hipotético-dedutivo, vez que busca pontuar e analisar as 
características que se relacionam ao processo dos institutos de indignidade e 
deserdação. 
Ademais, no primeiro capítulo terá a finalidade de definir o conceito, as 
espécies de sucessão e o momento de sua abertura. No capítulo seguinte será 
analisada a exclusão por indignidade e no próximo o instituto da deserdação, com 
suas nuances e regras positivadas. Por fim, as diferenças e semelhanças, visando 
analisar e compreender as causas legisladas que levam à perda da herança. 
 
2 DIREITO DAS SUCESSÕES 
5 
 
 
 
 
2.1 CONCEITO 
 
 
 
O Direito das Sucessões é um ramo do Direito Civil que disciplina e regula a 
transferência de direitos e obrigações de uma pessoa para outra, em virtude de lei 
ou testamento. O texto do artigo 1.786 da Lei 10.406/2002 (Código Civil) exprime 
que “a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”. 
Maria Helena Diniz (2013, p.17) pontua: 
 
 
O direito das sucessões vem a ser o conjunto de normas que disciplinam a 
transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, 
em virtude de lei ou de testamento (CC, art. 1.786). Consiste, portanto, no 
complexo de disposições jurídicas que regem a transmissão de bens ou 
valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do ativo e do passivo 
do de cujus ao herdeiro. [grifo do autor] 
 
Ainda neste sentido, Maria Berenice Dias (2013, p. 32) explica: 
 
 
Quando ocorre a morte, não só o patrimônio, mas também os direitos e 
obrigações do falecido se transmitem para outrem. É o que se denomina 
transmissão causa mortis. É neste sentido estrito que se usa o vocabulário 
sucessão: a transferência, total ou parcial, de herança, por morte de 
alguém, a um ou mais herdeiros. É deste fenômeno que se encarrega o 
direito das sucessões. [grito do autor] 
 
O Direito das Sucessões é a parte especial do Código Civil (Lei 10.406/02) 
expresso nos títulos "Da Sucessão em Geral", "Da Sucessão Legítima", Da 
Sucessão Testamentária" e " Do Inventário e da Partilha". Isto para nortear a 
superação de conflito de interesses envolvendo a destinação do patrimônio da 
pessoa falecida. Ademais, refere-se apenas a pessoas físicas, uma vez que não 
alcança pessoas jurídicas, haja vista que este é tratado no Direito Empresarial. 
É de suma importância o estudo dessa área, uma vez que a morte é 
inevitável e a vida é passageira, mas os bens permanecem. 
6 
2.2 SUCESSÃO “INTER VIVOS” E “CAUSA MORTIS” 
 
 
 
A sucessão em direito pode ser inter vivos ou causa mortis. A primeira refere- 
se de um ato entre vivos e é tratado pelo Direito das Obrigações, enquanto a última 
tem como causa a morte. 
Maria Helena Diniz (2013, p.25) diferencia brilhantemente ao explicar: 
 
 
a) um sentido amplo, aplicando-se a todos os modos derivados de aquisição 
do domínio, de maneira que indicaria o ato pelo qual alguém sucede a 
outrem, investindo-se, no todoou em parte, nos direitos que lhe pertenciam. 
Trata-se da sucessão inter vivos, pois o comprador sucede ao vendedor, o 
donatário ao doador, tomando uns o lugar dos outros em relação ao bem 
vendido ou doado; 
b) um sentido estrito, designando a transferência, total ou parcial, de 
herança, por morte de alguém a um ou mais herdeiros. É a sucessão mortis 
causa que, no conceito subjetivo, vem a ser o direito por força do qual 
alguém recolhe os bens da herança, e, no conceito objetivo, indica a 
universalidade dos bens do de cujus que ficaram, com seus encargos e 
direitos. [grifo do autor] 
 
Sendo assim, o presente trabalho tratará apenas da sucessão causa mortis, 
uma vez que para que haja herança, deve-se a morte deve ser real ou presumida. 
Assim, é considerado ilícito todo contrato que tenha como objeto herança de pessoa 
viva. 
 
 
 
2.3 ABERTURA E MODALIDADE DE SUCESSÃO 
 
 
 
A abertura da sucessão se dá pela morte certa ou presumida do de cujus, 
transmitindo-se automática e imediatamente os bens aos herdeiros legítimos e 
testamentários. O Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 2016) 
prescreve no seu art. 1.784: “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 33): 
7 
A existência da pessoa natural termina com a morte real (CC, art. 6º). Como 
não se concebe direito subjetivo sem titular, no mesmo instante em que 
aquela acontece abre-se a sucessão, transmitindo-se automaticamente a 
herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução 
de continuidade e ainda que estes ignorem o fato. [grifo do autor] 
 
Com a morte, a herança é transmitida aos herdeiros de acordo com a ordem 
de vocação hereditária, nos termos do art. 1.829 do Código Civil (Lei 10.406/02). Na 
falta de herdeiros, os bens são transmitidos aos Municípios, Distrito Federal ou 
União, conforme art. 1.844 do mesmo códex. 
Eliézer Trevisan Theodoro (2016) caracteriza da seguinte forma: 
 
 
A abertura da sucessão determina, sem qualquer mediação de tempo, a 
aquisição do patrimônio do falecido pelos seus herdeiros, não dependendo 
de qualquer ato dos sucessores, ainda que estes não tenham sequer 
tomado conhecimento dela. Em outras palavras, morto o autor da herança, 
esta é transferida de pleno direito e imediatamente aos sucessores. 
 
Em regra, a morte é constatada perante o cadáver, através da cessação 
irreversível de todas as funções, sendo atestada por médicos com as devidas 
declarações de causa e momento. Ainda assim, é de suma importância a lavratura 
do registro de óbito junto ao cartório civil. 
Noutro norte, a morte presumida se dá no momento em que ocorre o trânsito 
em julgado de decisão declaratória de ausência. Em algumas situações, o 
desaparecimento de alguém, por exemplo, ocorre em circunstâncias que não gera 
dúvidas de sua morte. Essa sempre resultará de um provimento judicial promovido 
por qualquer interessado. 
Ítalo Corrado Barrado (2014) pontua sobre os ausentes da seguinte forma: 
 
 
Assim, a lei autoriza os herdeiros do ausentem, num primeiro momento, a 
ingressarem com o pedido de abertura de sucessão provisória. Se, depois 
de passados dez anos da abertura dessa sucessão, o ausente não tiver 
retornado, ou não se tiver confirmação de sua morte, os herdeiros poderão 
requerer a sucessão definitiva, que também terá a duração de dez anos. 
Pode-se, ainda, requerer a sucessão definitiva, provando-se que o 
ausente conta 80 anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias 
dele. 
8 
2.3.1 Sucessão Legítima 
 
 
 
A sucessão legítima é aquela que decorre de lei. Esta é também conhecida 
como ab intestato, por não existir testamento, seja pela ausência de manifestação 
de vontade do falecido, caducidade ou nulidade. Assim, os bens são transmitidos 
aos herdeiros indicados pelo legislador. 
Prescreve o art. 1.788 da Lei 10.406/02 (Código Civil): 
 
 
Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros 
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem 
compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o 
testamento caducar, ou for julgado nulo. 
 
Maria Berenice Dias (2013, p. 113) explica: 
 
 
Até se poderia chamar a sucessão legítima de testamento tácito, pois, ao 
deixar o de cujus de dispor sobre seus bens, isso significa que concorda 
que o seu patrimônio passe às pessoas enumeradas pela lei. Com efeito, 
quando o titular de um patrimônio opta por não testar, o que ele faz é 
atribuir plena legitimidade sucessória às pessoas indicadas pelo legislador. 
[grifo do autor] 
 
 
 
2.3.2 Sucessão Testamentária 
 
 
 
A sucessão testamentária é a declaração escrita de última vontade do 
falecido, por testamento, legado ou codicilo. A liberdade de testar é grande, sendo 
impedido de dispor totalmente em respeito à família e aos herdeiros necessários. 
Nestes casos, os herdeiros recebem apenas o que lhes foram atestados. Portanto, 
caso o testador não tenha filhos, netos, bisnetos ou pais, avós e bisavós ou cônjuge, 
poderá dispor totalmente de seus bens. 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 43) ensina: 
 
 
A sucessão testamentária dá-se por disposição de última vontade. Havendo 
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), divide-se a 
herança em duas partes iguais e o testador só poderá dispor livremente da 
9 
metade, denominada porção disponível, para outorgá-la ao cônjuge 
sobrevivente, a qualquer de seus herdeiros ou mesmo a estranhos, pois a 
outra constitui a legítima, àqueles assegurada no art. 1.846 do Código Civil. 
[grifo do autor] 
 
E acrescenta: 
 
A sucessão poderá ser, também, simultaneamente legítima e testamentária 
quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus, pois os 
não incluídos passarão a seus herdeiros legítimos (CC, art. 1.788, 2ª parte). 
[grifo do autor] 
 
 
 
2.4 CAPACIDADE E LEGITIMIDADE SUCESSÓRIA 
 
 
 
A capacidade sucessória se destina a analisar aqueles que têm aptidão para 
testar e receber os bens deixados pelo falecido. Vale salientar que uma pessoa pode 
ter plena capacidade civil, mas não possuir capacidade sucessória. 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 234) cita Zeno Veloso e seu 
entendimento: 
 
Tinham capacidade para testar todos os cidadãos sui juris, excluindo-se, 
portanto, os estrangeiros, os filii familias, as pessoas in manu, in mancipio e 
os escravos. Entretanto, como observa JOSÉ CARLOS MOREIRA ALVES, 
no decurso da evolução desse direito houve atenuações a esse respeito, 
permitindo-se que testassem, por exemplo, os estrangeiros a quem fosse 
concedido o jus comercii e os filii famílias, com relação ao pecúlio castrense 
e quase castrense. [grifo do autor] 
 
Quanto ao polo passivo da sucessão, apenas pessoas físicas podem suceder, 
sendo excluídos animais, entidades místicas e seres inanimados. Neste sentido, 
Flávio Tartuce (2013, p. 1.286) cita Zeno Veloso: 
 
A lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (art. 2º, 
segunda parte). Assim sendo, o conceptus (nascituro) é chamado à 
sucessão, mas o direito sucessório só estará definido e consolidado se 
nascer com vida, quando adquire personalidade civil ou capacidade de 
direito (art. 2º, primeira parte). O nascituro é um ente em formação (spes 
hominis), um ser humano que ainda não nasceu. Se o concebido nascer 
morto, a sucessão é ineficaz. [grifo do autor] 
10 
O art. 1.799 do Código Civil (Lei 10.406/02) traz quem tem capacidade 
sucessória: 
 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a 
suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, 
desde que vivas estasao abrir-se a sucessão; 
II - as pessoas jurídicas; 
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador 
sob a forma de fundação. 
 
Noutro norte, o art. 1.801 do mesmo códex determina quem não pode ser 
nomeado herdeiro ou legatário, não tendo legitimação sucessória: 
 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver 
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem 
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
Sendo assim, para que haja validade do testamento, é necessário que o 
testador possua capacidade testamentária, o objeto seja lícito, possível, determinado 
ou determinável. A capacidade testamentária ativa não poderá ser praticada por 
totalmente incapazes e os que não tiverem pleno discernimento. Em alguns casos, 
estes só poderão testar sob a forma pública. 
Os menores de 16 anos são absolutamente incapazes e, nessas condições, 
não podem testar, uma vez que não possuem maturidade e firmeza suficiente para 
dispor de seus bens. Noutro norte, os maiores de 16 anos e que ainda são 
relativamente incapazes, podem testar, mesmo sem representação legal. 
No caso dos enfermos ou deficientes mentais não se podem confundir com as 
que não tiverem pleno discernimento, estes apenas não se encontram em seu em 
seu perfeito juízo devido alguma patologia, assim, não estão no momento de testar. 
Os incapazes não podem testar, além dos ébrios habituais, os viciados em 
tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido, bem 
como os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, por não terem plena 
11 
consciência do ato que irão praticar, nos termos do art. 1.860 do Código Civil (Lei nº. 
10.406, de 10 de janeiro de 2002, 2016). 
 
 
 
3 EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE 
 
 
 
3.1 CONCEITO 
 
 
 
Esta palavra derivada do latim indignitas, refere-se à falta de merecimento, 
afronta ou ultraje a algo. Na linguagem jurídica, trata-se da privação civil sobre o 
direito à herança tanto ao herdeiro como ao legatário. Para que haja esta sanção, o 
agente deve ter cometido atos ilícitos, enumerados em lei, contra a vida, a honra ou 
a liberdade de testar. 
Este instituto constitui pena civil que priva do direito da herança não só aos 
herdeiros, mas também aos legatários que cometeram crimes ou atos reprováveis 
contra o autor da sucessão ou seus familiares. É uma questão de moral e lógica de 
que quem pratica atos de indignidade, falta de gratidão ou decoro seja impedido de 
receber tal benefício. 
A indignidade atinge os herdeiros legítimos, testamentários e legatários, ainda 
assim, deve ser declarada em sentença após propositura de Ação Declaratória de 
Indignidade. Esta ação pode ser movida pelos demais interessados ou pelo 
Ministério Público. 
Maria Berenice Dias (2013, p. 304) define a indignidade como: 
 
 
O instituto da indignidade é privação do direito hereditário cominada por lei, 
a quem cometeu certos atos ofensivos à pessoa ou aos interesses do 
antecessor. Merece ser alijado da sucessão o herdeiro que age contra a 
vida ou a honra do autor da herança ou comete atos ofensivos contra os 
membros de sua família. Também se sujeita à mesma penalidade se 
obstaculiza a manifestação de vontade do testador. A indignidade permite a 
exclusão dos herdeiros legítimos, necessários, facultativos, testamentários, 
bem como dos legatários. É uma pena civil aplicada ao herdeiro que recebe 
a herança e a perde. 
12 
Ao contrário da deserdação, a indignidade não decorre da vontade expressa 
do falecido, mas, sim, de uma determinação da lei. Isso se dá porque este instituto 
pode ser reconhecido por ato praticado antes ou depois da abertura da sucessão. 
 
 
3.2 CAUSAS DE INDIGNIDADE 
 
 
 
As causas da exclusão do herdeiro ou legatário por indignidade estão 
elencadas no art. 1.814 do Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 
2016), sendo atentados contra a vida, a honra e a liberdade do falecido e seus 
familiares. Não é possível qualificar motivos adversos para identificar o indigno, uma 
vez que se trata de sanção civil e só pode ocorrer nos casos mencionados em lei. 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 112) deixa claro as causas de exclusão 
por indignidade ao explicar: 
 
A exclusão da sucessão por indignidade pressupõe: a) seja o herdeiro ou 
legatário incurso em casos legais de indignidade; b) não tenha ele sido 
reabilitado pelo de cujus; e c) haja uma sentença declaratória da 
indignidade. 
Como mencionado, incorre em indignidade o herdeiro que tenha cometido 
ato lesivo à pessoa do autor da herança. Os atos ofensivos que a 
caracterizam encontram-se enumerados de forma taxativa no art. 1.814, 
retrotranscrito, não comportando interpretação extensiva ou por analogia. 
Não se pode, portanto, ampliar tal pena a situações não expressamente 
previstas. 
 
Para configurar a indignidade é necessária a prova da prática do ato ilícito. 
Assim, havendo a absolvição do agente pelo não reconhecimento ou inexistência do 
fato, exclui-se a ilicitude. Estes casos também incluem estado de necessidade, 
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular do direito. 
13 
3.3 PROCEDIMENTO 
 
 
 
Será considerado indigno aquele que praticar os atos previstos no artigo 
1.814 do Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 2016). 
 
Art. 1.814 São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: 
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, 
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, 
companheiro, ascendente ou descendente; 
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou 
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou 
companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor 
da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
No caso do inciso I do artigo supracitado, o ato deve ser praticado 
dolosamente, consumado ou tentado pelo herdeiro. Com isto, não se estende em 
casos de atos culposos por imprudência, negligência ou imperícia, pouco importando 
a motivação do crime. Ainda assim, inclui-se o agente que induzir o testador ao 
suicídio, eutanásia ou infanticídio. 
Já o inciso II diz respeito aos crimes contra a honra do autor, podendo ser 
injuria, difamação, calúnia, ou calúnia em Juízo, podendo também se estender não 
somente ao de cujus, mas também ao cônjuge ou companheiro, não abrangendo 
descendentes ou ascendentes. Neste caso, deve haver uma prévia condenação no 
juízo criminal. 
Por fim, o inciso III mostra que a antijuridicidade de impedir que o autor faça 
seu testamento conforme sua vontade, mediante violência ou meios fraudulentos 
para tal. 
Tais meios só terão validade caso o herdeiro seja autor, coautor ou partícipe 
de ato praticado contra o de cujus para se tornar indigno. 
Conforme o artigo 1.815 do Código Civil (Lei 10.406/02), a indignidade deve 
ser declarada por decisão transitada em julgada em ação proposta no prazo de 
quatro anos a contar da abertura da sucessão. Sendo assim, apenas será declarado 
indigno após sentença que não absolva o réu no âmbito penal. Isso se dá, pois, a 
decisão de absolvição faz coisa julgada no cível. 
14 
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário em qualquer desses casos 
de indignidade, será declarada por sentença. 
Parágrafoúnico. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário 
extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. 
 
 
 
3.4 LEGITIMIDADE 
 
 
 
São dois requisitos para que haja a exclusão, sendo a prática do ato tipificado 
e a declaração judicial. Como o Código não identifica quem estaria legitimado a 
promover a ação, doutrinadores defendem que compete aos demais sucessores que 
irão se beneficiar patrimonialmente. 
Ademais, possuem legitimidade ativa para intentar a lide os herdeiros, os 
credores, o Fisco, os donatários e os demais que são contemplados pelo inventário. 
Caso o herdeiro seja incapaz, o Ministério Público passa a ter legitimidade para 
propor a ação. Maria Helena Diniz defende que a competência do MP, vez que este 
atua como guardião da ordem jurídica e deve defender o interesse público e social. 
Gisele Leite (2010) pontua: 
 
 
Nesse sentido, há o Enunciado 116 aprovado na Jornada de Direito Civil do 
CJF: ‘O Ministério Público por força do art. 1.815 do CC, desde que 
presente o interesse público, tem legitimidade para promover a ação 
visando à declaração da indignidade de herdeiro ou legatário.’ 
 
Noutro norte, a mesma autora aponta doutrinadores como Flávio Monteiro de 
Barros e Gustavo Rene Nicolau não concordam com esta legitimidade, vez que 
sucessão é um assunto particular e não deve ser tratado como interesse público. 
 
 
3.5 REABILITAÇÃO DO INDIGNO 
 
 
 
A reabilitação do agente pode se dar por declaração expressa do autor da 
sucessão, perdoando a indignidade do seu herdeiro. A reabilitação precisa ser 
declarada por testamento ou ato autêntico, ou seja, podendo ser subscrito por 
15 
testemunhas e serve de ensejo para demonstrar que falta o interesse de tirar o 
indigno da sucessão. 
Há de se salientar que o perdão tácito está previsto no artigo 1.818 da Lei nº 
10.406/02 (Código Civil), possibilitando a reabilitação do indigno de forma expressa 
em uma cédula testamentária. Com isto, havendo o perdão tácito, este terá o direito 
de suceder como legatário. 
 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da 
herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente 
reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. 
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, 
contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já 
conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição 
testamentária. 
 
O perdão expresso dá-se por meio de algum documento testamentário, 
mediante ou documento autêntico, não necessitando de testemunhas ou escritura 
pública. Ademais, o perdão é irretratável, ou seja, após a reabilitação do agente o 
autor da sucessão não poderá voltar atrás. Entretanto ocorrerá o perdão tácito 
quando o autor da herança contemplar o indigno após a ofensa, desde que não 
acompanhe vícios, coação ou dolo, devendo ser ato espontâneo. 
 
 
3.6 EFEITOS DA INDIGNIDADE 
 
 
 
A indignidade não é automática, precisando de sentença transitada em 
julgado, além de possuir efeito ex tunc, ou seja, “desde então”, retroagindo ao 
momento da abertura da sucessão. Outra característica é que o indigno fica 
obrigado a devolver os frutos da herança que porventura tenha auferido, nos termos 
do parágrafo único do artigo 1.817 do Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002, 2016). 
 
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a 
terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo 
herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, 
quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. 
16 
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e 
rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a 
ser indenizado das despesas com a conservação deles. 
 
Isto ocorre pois, conforme o Princípio da Saisine, o herdeiro passa a ter direito 
sobre o bem imediatamente após a morte do hereditando, mas caso a ação seja 
julgada e o agente se torne indigno, este deverá devolver os frutos. Deve-se 
salientar também que, em caso do herdeiro do indigno ser incapaz, o excluído não 
poderá usufruir dos bens adquiridos. 
 
 
4 EXCLUSÃO POR DESERDAÇÃO 
 
 
 
4.1 CONCEITO 
 
 
 
A deserdação é o ato pelo qual o autor da sucessão priva um herdeiro necessário da 
sua quota. Para isto, deve-se estar expressa a declaração da causa em testamento, 
conforme expressa o artigo 1.964 do Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, 2016). Maria Berenice Dias (2013; p. 321) aponta alguns aspectos deste 
instituto ao explicar: 
 
A deserdação ocorre por vontade do titular da herança manifestada por 
meio de testamento. Não é possível o titular dos bens promover ação de 
deserdação contra herdeiro seu. Nem ele nem qualquer outra pessoa, ainda 
que tenha interesse na deserdação. O deserdado deixa de ser herdeiro 
porque o testamento o afastou. Porém, a eficácia da exclusão está sujeita a 
condição suspensiva, que se implementa com o reconhecimento judicial das 
causas apontadas pelo testador para justificar seu ato. 
 
Para Maria Helena Diniz, (2013, p. 76), a distinção entre deserdação e 
indignidade dá-se: 
 
Apesar de a deserdação e a indignidade terem o mesmo objetivo – a 
punição de quem ofendeu o de cujus –, são institutos distintos, pois: a) a 
indignidade funda-se, exclusivamente, nos casos expressos do art. 1.814 do 
Código Civil, ao passo que a deserdação repousa na vontade exclusiva do 
auctor successionis, que a impõe ao ofensor no ato de última vontade, 
17 
desde que fundada em motivo legal (CC, arts. 1.814, 1.962 e 1.963); b) a 
indignidade é própria da sucessão legítima, embora alcance o legatário (CC, 
art. 1.814), enquanto a deserdação só opera na seara da sucessão 
testamentária; c) a indignidade priva da herança sucessores legítimos e 
testamentários, e a deserdação é o meio usado pelo testador para afastar 
de sua sucessão os seus herdeiros necessários (descendentes e 
ascendentes). 
 
 
Aparecida Amarante (2001, p. 237) cita Clóvis Beviláqua ao determinar a 
deserdação da seguinte forma: 
 
Odioso, porque imprime à última vontade do indivíduo a forma hostil do 
castigo, a expressão da cólera; e inútil porque os efeitos legais da 
indignidade são suficientes para privar da herança os que realmente não a 
merecem. 
 
Nestes dizeres, acredita-se que este instituto nada mais é que vingança, 
exaltando o ódio e abalando os princípios dentro da família, deixando claro o rancor 
que o autor da herança sente pelo excluído. Não obstante, encontra com a 
deserdação uma última forma de castigo, que poderia ser substituída pela 
indignidade. 
 
 
4.2 CAUSAS DA DESERDAÇÃO 
 
 
 
Além do expresso no artigo 1.814, o Código Civil (Lei 10.406/02) traz a luz as 
causas de deserdação dos descendentes por seus ascendentes 
 
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a 
deserdação dos descendentes por seus ascendentes: 
I – ofensa física; 
II – injúria grave; 
III – relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; 
IV – desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 
 
E também dos ascendentes pelos descendentes: 
 
 
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a 
deserdação dos ascendentes pelos descendentes: 
18 
I – ofensa física; 
II – injúria grave; 
III – relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou 
com o marido ou companheiro da filha ou da neta; 
IV – desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave 
enfermidade. 
 
Esta pode atingir apenas os herdeiros necessários. O testador manifestao 
fato que motivou. Após a abertura do testamento, o herdeiro instituído tem o prazo 
de quatro anos para ajuizar ação judicial e pleitear que o agente seja excluído da 
herança e caberá a este apresentar os elementos probatórios para justificar a 
medida, nos termos do artigo 1.965. 
 
Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, 
incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador. 
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no 
prazo de quatro anos, a contar da data da abertura do testamento. 
 
Ainda assim, o acusado deverá apresentar defesa e provas para que o Juízo 
competente possa aplicar a sentença. Apenas assim o agente será deserdado ou 
não. Caso o magistrado não entenda o motivo ou que não são suficientes para que 
haja a sanção, a exclusão não ocorre. 
Ou seja, a deserdação só terá eficácia após testamento com declaração 
expressa com as razões pelo autor da herança. Em seguida, deve-se promover 
Ação de Deserdação para apresentação das provas e decisão da lide. 
 
 
4.3 PROCEDIMENTO 
 
 
 
Há condutas que só podem ser denunciadas pelo de cujus para que ocorra a 
deserdação, não tendo o que se falar dos demais sucessores a manifestação do 
desejo de deserdar o agente que agiu com ofensas físicas, injúria grave e outros 
atos abonáveis que estão expressos em lei. 
Há quatro requisitos para a eficácia da deserdação, sendo elas: que haja 
herdeiros necessários; que exista testamento com causas expressas de deserdação 
e vontade do testador de excluir herdeiros necessários; que não tenha ocorrido o 
19 
perdão do herdeiro; e que seja interposta a ação ordinária para apresentar as provas 
dos fatos alegados pelo testador. 
Caso o testamento seja declarado nulo em juízo, a deserdação também não 
terá validade, uma vez que esta exclusão exige que o testamento seja plenamente 
válido. Com isto, fica claro que não é apenas a expressa vontade do testador que 
excluirá o herdeiro da sucessão, mas a decisão judicial após a apresentação das 
provas. 
 
 
4.4 LEGITIMIDADE 
 
 
 
Dispõem de legitimidade ativa para a demanda os demais herdeiros que irão 
se beneficiar com a exclusão do deserdado, podendo a ação ser proposta pelo 
inventariante, o onerado, o testamenteiro e o Ministério Público. O último tem o 
dever de zelar pela indisponibilidade de interesses ou representar civis incapazes, 
uma vez que pode agir como “fiscal da ordem jurídica”. 
Morrendo o deserdado antes da abertura da sucessão, não se alteraria a 
ordem de vocação hereditária, uma vez que o herdeiro deserdado seria considerado 
morto antes do autor da herança. Noutro norte, caso o falecimento ocorra após a 
abertura da sucessão, extingue-se o processo. 
Quanto ao polo passivo, o artigo 1.961 do Código Civil (Lei 10.406/02) traz 
que só podem ser deserdados os herdeiros necessários, nas causas expressas em 
lei. Sendo assim, ascendentes podem deserdar descendentes e vice-versa. 
Ademais, apesar de não manifestarem qualquer referência ao cônjuge, este 
entende-se como herdeiro necessário e está sujeito à deserdação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
4.5 POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO 
 
 
Antes de dar plena eficácia a deserdação, é necessário verificar se houve o 
perdão do testador ao herdeiro, podendo ser de forma expressa ou autêntica, mas 
que não deixe dúvidas quanto ao perdão e explicando os motivos deste. Caso haja o 
perdão, o herdeiro não é excluído da sucessão. Vale ressaltar que pode ser 
concebido perdão ao deserdado, mas somente em novo testamento. Assim como 
explica Maria Helena Diniz (2013, p. 230): 
 
À guisa de conclusão, convém mencionar que a mera reconciliação do 
testador com o deserdado não gera a ineficácia da deserdação, se o 
testador não se valer da revogação testamentária, porque essa pena é 
importa por testamento. 
 
 
 
 
 
4.6 EFEITOS DA DESERDAÇÃO 
 
 
 
O Código Civil (Lei 10.406/02) não faz referência aos efeitos da deserdação, 
todavia entende-se que é gerado o mesmo previsto nos casos de indignidade. 
Assim, tem-se que os efeitos da exclusão são pessoais e só atingem ao culpado, 
não alcançando terceiros. 
Com isso, os deserdados passam a ser considerados mortos antes da 
abertura da sucessão, sendo que sua quota parte passará a ser de seus herdeiros, 
sejam ascendentes, descendentes ou colaterais, tal como ocorre com o indigno. 
Ainda assim, o deserdado não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens 
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses 
bens. 
Carlos Roberto Gonçalves (2014, p.467) cita Silvio Rodrigues: 
 
 
Porque constitui a mera aplicação de um princípio geral de direito, que 
impede a punição do inocente, consagrando a ideia da personalização da 
pena. No direito privado pode-se invocar, embora ela se dirija mais ao 
21 
direito criminal, a garantia constitucional de que nenhuma pena passará da 
pessoa do delinquente (CF, art. 5º, XLV). Conveniente porque, sendo a 
deserdação um instituto enormemente combatido, deve-se restringir, em 
vez de aumentar, o seu alcance. 
 
Caso a ação de deserdação seja julgada procedente após a distribuição dos 
bens, os efeitos retroagirão até o momento da abertura da sucessão. Caso o bem 
tenha se perdido, poderão os demais herdeiros exigir ação pessoal de perdas e 
danos. 
 
 
 
5 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS 
 
 
 
É notório que há semelhanças entre os institutos da indignidade e 
deserdação, sendo que ambos excluem aqueles que não merecem receber a 
herança. Ainda assim, ambos casos precisam ser promovidos através de ação civil 
proposta pelos demais interessados na exclusão. Também é aceito o perdão, 
mesmo com as diferenças pontuadas. 
Maria Berenice Dias ensina: 
 
 
A transmissão da herança ocorre quando da morte. A indignidade, ainda 
que não configure morte civil, leva o herdeiro a ser considerado como se 
estivesse morto antes da abertura da sucessão (CC 1.816). O mesmo 
ocorre na deserdação, apesar de a lei nada dizer expressamente. Ou seja, 
o indigno e o deserdado são reconhecidos como herdeiros pré-mortos, 
aplicando-se as regras da premoriência. Porém, as sequelas sucessórias 
não são idênticas, havendo necessidade de estabelecer distinções de 
enormes consequências. [grifo do autor] 
 
A principal diferença é que a indignidade emana da lei e pode afetar herdeiros 
legítimos, testamentários ou legatários, estando expressa no art. 1.814 do Código 
Civil (Lei 10.406/02). 
Enquanto a deserdação emana da vontade do autor da herança e está 
privada aos herdeiros necessários. Esta possui causas mais amplas para que ocorra 
e está prevista, não somente no art. 1.814 do CC, mas também nos arts. 1.962 e 
1.963 do mesmo códex. 
22 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
O direito sucessório é de grande relevância no ordenamento jurídico, vez que é 
instituto que será vivenciado por todos. Com isso, é comum deparar com situações 
enganosas e informações errôneas que fazem que leigos acreditem ter direito que 
não tem. Sendo assim, é necessário desmistificar tal instituto para auxiliar o 
entendimento daqueles que desconhecem seus direitos e deveres. 
Com todos os conceitos, definições e aplicabilidades observados no decorrer 
deste trabalho, conclui-se que as diretrizes de exclusão ou não do direito de 
sucessão, seja por indignidade ou deserdação, dependem de uma análise ampla e 
total das circunstâncias familiares e de um julgamento estrito das condições, 
estruturais ou condicionais, dos institutos aplicáveis. Ou seja, para que seja válida a 
exclusão da herança, precisa ser transitado em julgado para que o magistrado 
decida se houve atentado enumeradoem lei. 
Ademais, ressalta-se que o instituto da indignidade aborta com mais 
amplitude, vez que recai sobre herdeiros ou legatários, através de ato reconhecido 
mediante ação de indignidade por ato praticado antes ou depois da abertura da 
sucessão, nos termos do art. 1.815 da Lei nº. 10.406/02 (Código Civil). Noutro norte, 
a deserdação afeta apenas herdeiro necessário, através de ato de última vontade do 
autor da herança por meio de testamento, sendo este o único que pode declarar a 
deserdação, estando previsto nos artigos 1.815, 1.962 e 1.963 do mesmo códex. 
Por fim, após analisar os princípios da indignidade e da deserdação em busca 
de entender os litígios existentes no ordenamento jurídico, nota-se que, apesar de 
possuírem a mesma finalidade e consequência, ambos os institutos tratam a 
exclusão de forma distinta e estão sujeitos a diferentes interpretações e 
aplicabilidades, conforme a distinção feita pelo Código Civil, sendo interpretado 
pelos doutrinadores e empregado no cotidiano forense. 
23 
 
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