Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANTICONVULSIVANTES E ANTIDEPRESSIVOS Prof. Fábio Fagundes da Rocha DCF/IB/UFRRJ FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES Aplicações: • Controle de convulsões induzidas por diferentes causas Ex. Neoplasias, problemas nutricionais, infecções, epilepsia • Difícil seleção do fármaco em função da falta de precisão na classificação dos diferentes tipos •Em humanos: Fármacos utilizados para tratamento do pequeno mal epilético (ausência) podem não ser tão eficazes no tratamento do grande mal (generalizadas) CONVULSÃO X EPILEPSIA Convulsão: período clínico anormal causado por uma descarga elétrica excessiva, repentina e anormal Estado epilético: convulsão contínua, ou duas ou mais convulsões discretas entre as quais há recuperação incompleta da consciência, com duração de no mínimo 5 min. Epilepsia: Convulsões recorrentes, em consequência de causa intracraniana Epilepsia verdadeira: distúrbio intracraniano não progressivo Epilepsia sintomática: causada por doença intracraniana progressiva CAUSAS DE CONVULSÕES • Causas extracranianas: Externamente ao corpo agentes tóxicos : chumbo, organofosforados. Internamente ao corpo hipoglicemia, doença hepática. • Causas intracranianas: Doenças progressivas inflamação: meningoencefalite, neoplasias, problemas nutricionais (deficiência de tiamina), infecções (peritonite infecciosa felina, criptococose, cinomose), distúrbios anômalos ( hidrocefalia), traumatismo, doenças vasculares Doenças não progressivas epilepsia verdadeira: hereditária, adquirida ou idiopática CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS Chrisman 1992 • Crises generalizadas brandas: Epilepsia idiopática em Poodles Distúrbios metabólicos e tóxicos Alterações motoras em todos os membros, musculatura da cabeça e pescoço, sem perda de consciência Aura locais para se abrigar ou proprietário Variam de 1 a 10 minutos Exaustão e vômitos CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS Chrisman 1992 • Crises generalizadas graves: Epilepsia idiopática ou verdadeira na maioria das raças e de cães e gatos Distúrbios metabólicos e tóxicos Crises tônico-clônicas (Grande mal) Perda da Consciência Sialorréia abundante, contrações mandibulares seguidas de contrações dos membros e face, vocalização Variam de 30 a 90 segundos Fase pós-ictal: alguns minutos à uma hora: exaustão, desorientação, sonolência ou hiperatividade, sede, fome. CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS Chrisman 1992 •Convulsão parcial Focal, apenas uma região do cérebro Lesão traumática, infecção, neoplasia Convulsão parcial do lobo frontal ou focal motora: contrações do lado oposto do lobo frontal afetado, a cabeça pode desviar-se para o local da descarga Convulsão parcial do lobo temporal ou psicomotora: Comportamento anormal com desorientação, confusão mental ou agressividade Convulsão psíquica ou de lobo temporal ou occipital: alterações comportamentais alucinações (caçar moscas) Schnauzers e King Charles Spaniels CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS Chrisman 1992 Convulsão do lobo parietal ou automutilação: autoutilação, eletroencefalograma anormal, responsivos à terapia anticonvulsivante Convulsão do sistema límbico ou hipotalâmica: vômitos e diarréia crônica, espículas nos traçados eletroencefalográficos e melhora com anticonvulsivantes • Convulsão parcial com generalização secundária: APLICAÇÕES CLÍNICAS -Objetivo: erradicar toda atividade convulsiva raramente alcançado -Reduzir a gravidade, frequência e a duração das convulsões para um patamar aceitável Tratamento imediato de curta duração estado epilético, convulsões múltiplas, toxicidades Tratamento crônico tratamento da epilepsia com maior freqüência de convulsões 1 a cada 4 a 6 semanas. Contraindicados para convulsões de oriegm extracranianas Em caso de doenças intracranianas progressivas tratamento da causa primária FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES -Eficácia terapêutica dependente tanto de fatores farmacodinâmicos quanto farmacocinéticos Meia- vida : varia consideravelmente entre as espécies Poucos fármacos usados em humanos são adequados para o uso em c~es e gatos por exemplo. Ausência de muitos estudos farmacocinéticos especialmente em gatos. FENOBARBITAL E BROMETO. FENOBARBITAL -Seguro, eficaz e barato -Tratamento crônico de convulsões -Amplo espectro -Eficaz em 60 -80 % dos casos -Suprime a atividade convulsiva em doses subhipnóticas Aumenta o limiar convulsivo Diminui a propagação da descarga MECANISMO DE AÇÃO Aumento da afinidade do GABA pelo receptor com maior tempo de abertura do canal de Cl- Interação com receptores de glutamato reduzindo a excitabilidade neuronal Inibição de canais de Ca++ dependentes de voltagem Ligação ao sítio da picrotoxina nos canais de cloreto etanol barbitúricos esteróides picrotoxina RECEPTOR GABAA FARMACOCINÉTICA Rapidamente absorvido pela via oral Biodisponiblidade alta (86 a 96 %) Pico de concentração plasmática em 4-6 h Menor solubilidade lipídica que outros barbituratos Após injeção IV, conc terapêuticas em 15 a 20 min Biotransformação hepática, 25 % excretados inalterados na urina Meia-vida 30 a 90 h em cães e 3 a 83 h em gatos Steady state em 18 dias Concentrações séricas desejadas em cães de 15-45 μg/mL e gatos 10- 30 μg/mL EFEITOS ADVERSOS Sedação, Ataxia Poliúria inibição do Hormônio antidiurético Polifagia, ganho de peso supressão do centro da saciedade no hipotálamo Tolerância a estes efeitos após 2-4 semanas de tratamento Sedação mais grave gatos Hiperatividade em cães aumentar a dose Baixa hepatotoxicidade em cães e gatos monitorar Indução enzimática hepática INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Indução P450, interação com digoxina, glicocorticóides, fenilbutazona Fármacos que inibem as enzimas microssomais hepáticas (cimetidina) Prejudica a absorção da griseofulvina (antifúngico) PRIMIDONA Derivado barbitúrico Sem vantagens sobre o fenobarbital Maior incidência de efeitos comportamentais adversos em cães Maior potencial de hepatotoxicidade Possível uso em casos refratários (sem comprovação) BROMETO Primeiro anticonvulsivante e único até 1912 Inicialmente usado em associação com fenobarbital para tratar epilepsias refratárias Utilizado em pacientes com disfunção hepática ou convulsões moderadas Indicado para proprietários não cooperativos meia-vida longa MECANISMO DE AÇÃO Não completamente entendido Possível hiperpolarização da membrana por competição com o Cl- FARMACOCINÉTICA -Absorção por via oral -Pico de absorção após 1,5 h -Não sofre metabolismo hepático -Não afeta as enzimas hepáticas -Meia-vida em cães 24,9 dias em gatos 12 dias -Steady state em 3 a 4 meses em cães e 2 meses em gatos -Eliminação lenta com alta taxa de reabsorção renal EFEITOS ADVERSOS - Intoxicação polifagia, êmese, anorexia, constipação,prurido, dor muscular, sedação e fraqueza dos membros posteriores -Asma (podendo ser fatal ) em felinos -Ataxia e sedação maior frequência em cães INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS - Alimentos a base de cloreto, diuréticos de alça, suplementos alimentares BENZODIAZEPÍNICOS - Diazepam tratamento de primeira escolha para o tratamento do estado epilético Limitações no uso crônico metabolismo de primeira passagem, desenvolvimento rápido e tolerância e meia-vida relativamente curta Clonazepam mais potente e maior duração indução enzimática Associação com fenobarbital para pacientes refratários FENITOÍNA - Limitado uso em cães ou gatos meia-vida curta -Toxicidade em felinos mas existem poucos estudos MECANISMO DE AÇÃO -Bloqueio de canais de sódio dependentes e voltagem CARBAMAZEPINA - Faltam estudos clínicos apropriados de sua eficácia em cães e gatos -Mecanismo de ação semelhante à fenitoína OUTROS ANTICONVULSIVANTES Ácido valpróico Felbamato Gabapentina Zonisamida FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS Aplicações na medicina veterinária Programas de modificação de comportamento Gatos protocolo de tratamento de distúrbios ligados à ansiedade Comportamento de marcação Agressividade entre gatos Agressividade causada pelomedo Autolimpeza e ou lambedura no transtornosobssessivos- compulsivo Cães agressividade de dominância Agressividade causada pelo medo Ansiedade de separação Transtornos obssessivos-compulsivos Medos e fobias FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS Antidepressivos tricíclicos Aminas terciárias amitriptilina, clomipramina, doxepina, imipramina Aminas secundária: desipramina, nortriptilina Mecanismo de ação: -Bloqueio da recaptação de noradrenalina e serotonina -Possuem atividade antagonista muscarínica, alfa-adrenérgica e anti- histamínica Moléculas carreadoras: NET, DAT, SERT Nat Rev Neurosci. 2003 Jan;4(1):13-25 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS Farmacocinética -Rapidamente absorvidos pela via oral -Alta ligação à proteínas plasmáticas (90 a 95 %) -Biotransformação hepática EFEITOS ADVERSOS -Letargia ou sedação de curta duração, alterações de apetite, vômitos moderados -Doses altas efeitos colaterais anticolinérgicos -Sedação (efeito anti-histamínico) -Boca seca -Constipação -Taquicardia -Ataxia -Redução da produção de lágrima -Midríase - FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS -INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA Menos efeitos colaterais Fluoxetina, Fluvoxamina, Paroxetina, Sertralina, Citalopram FARMACOCINÉTICA - Boa absorção por via oral -Metabolização hepática EFEITOS ADVERSOS - Sedação branda -Redução temporária do apetite - Aumento da ansiedade -Redução da motivação sexual -Enjoos, letargia, perda de peso, tremores e agitação em humanos - - FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS -INIBIDORES DA MAO Selegilina – Inibidor reversível da MAOB Aplicações: Gatos idosos apresentando ansiedade e distúrbios dos ciclos de sono e vigília e vocalização excessiva associada ao envelhecimento Transtornos de ansiedade generalizada, lamebedura compulsiva e diversos tipos de agressividade Síndrome da disfunção cognitiva em cães idosos FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS Efeitos adversos: Comportamentos estereotipados com doses excessivas Efeitos gastrointestinais: vômitos e diarréia Hiperatividade ou inquietação Prurido, hipersalivação, anorexia, audição reduzida, cansaço. Interação com opióides- não bem esclarecido podendo ser fatal
Compartilhar