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FACULDADE DE ANICUNS DEPARTAMERNTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO Isaque Lael Pedro da Silva AS NOVAS REGRAS DA APOSENTADORIA FRENTE AO DIREITO ADQUIRIDO Anicuns 2016 Isaque Lael Pedro da Silva AS NOVAS REGRAS DA APOSENTADORIA E O DIREITO ADQUIRIDO Monografia de conclusão de curso apresentada ao curso de direito, faculdade de Anicuns, como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em Direito. Orientadora: Prof.ª Caroline Inácio M. C. Oliveira Anicuns 2016 Isaque Lael Pedro da Silva AS NOVAS REGRAS DA APOSENTADORIA E O DIREITO ADQUIRIDO Monografia de conclusão de curso apresentada ao curso de direito, faculdade de Anicuns, como requisito para obtenção do titulo de Bacharel em Direito. Orientadora: Prof.ª Caroline Inácio M. C. Oliveira. BANCA EXAMINADORA . Orientadora: Prof.ª Caroline Inácio M. C. Oliveira Examinador: Examinador: Anicuns 2016 AGRADECIMENTOS Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha vida, е não somente nestes anos como universitário, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer. RESUMO No presente trabalho monográfico se propôs a análise da nova regra instituída pelo governo para se aposentar, regra esta que será progressiva até o ano de 2022, substituindo o sistema utilizado atualmente do Fator previdenciário. Desta feita, a luz da doutrina e legislação e entendimentos de juristas, direciona-se o estudo para as vantagens e desvantagens dessa nova regra, analisando paradigmas constitucionais, conceitos e critérios. Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a Previdência Social e o Fator Previdenciário. Foram pesquisados os conceitos de Previdência, Fator Previdenciário, a história da seguridade social, e os princípios norteadores da seguridade social. Estudou-se o direito adquirido, que no campo previdenciário, é de extremada importância, principalmente no que tange ao regime das aposentadorias. Isso porque referida garantia é ingrediente fundamental para assegurar a efetividade do fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana, núcleo axiológico do Estado Constitucional de Direito. Palavras-chave: Previdência Social. Fator Previdenciário. Direito Adquirido. ABSTRACT In this monographic study aimed to analyze the new rule instituted by the government to retire, this rule will be progressive until the year 2022, replacing the system currently used in the social security factor. This time, the light of the doctrine and laws and understandings of lawyers, directs the study of the advantages and disadvantages of this new rule, analyzing constitutional paradigms, concepts and criteria. For the development work, a literature search on Social Security and the Social Security Factor was held. the concepts of Security were surveyed, Social Security Factor, the history of social security, and the guiding principles of social security. Studied the right acquired in the social security field, it is of extreme importance, especially with regard to the system of pensions. This is because such a guarantee is essential ingredient to ensure the effectiveness of the constitutional foundation of the dignity of the human person, axiological nucleus of the Constitutional Law of the State. Keywords: Social Security. Social Security Factor. Vested right. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9 1 SEGURIDADE SOCIAL ............................................................................................ 11 1.1 História da seguridade social ............................................................................. 11 1.2 Conceito de Seguridade Social .......................................................................... 14 1.2.1 Saúde .................................................................................................................. 15 1.2.2 A Saúde é Direito de Todos e Dever do Estado ................................................ 15 1.3 Da Assistência Social .......................................................................................... 16 1.4 Previdência Social ................................................................................................ 17 2. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA SEGURIDADE SOCIAL ................................ 22 2.1 Princípio da Solidariedade .................................................................................. 22 2.2 Princípio da Obrigatoriedade.............................................................................. 23 2.3 Princípio da Suficiência (ou Eficácia/Efetividade) ........................................... 23 2.4 Princípio da Supletividade ou Subsidiariedade ............................................... 23 2.5 Principio do direito adquirido ............................................................................. 23 2.6 Princípios específicos da Seguridade Social ................................................... 24 2.6.1 Universalidade da cobertura e do atendimento ................................................. 24 2.6.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações rurais e urbanas ......................................................................................................................... 24 2.6.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços ........... 25 2.6.4 Irredutibilidade do valor de benefícios ................................................................ 25 2.6.5 Equidade na forma de participação no custeio .................................................. 26 2.6.6 Diversidade da base de financiamento .............................................................. 26 2.6.7 Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa. Participação da comunidade .................................................................................................................. 27 3 DIREITO ADQUIRIDO NO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ....................................... 28 3.1 As reformas da previdência ................................................................................ 30 3.2 Fator previdenciário ............................................................................................. 30 3.3 Novas regras da aposentadoria ......................................................................... 32 3.4 Desvantagens na prática da aplicação da nova regra .................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 36 ANEXOS ....................................................................................................................... 37 9 INTRODUÇÃO Para saber o que vem a ser previdência social ou como funciona,nos dias atuais, deve-se levar em conta a história da previdência social, e sua origem. A origem da previdência começa justamente quando o homem se preocupou com seu futuro, pois o homem tira seu sustento do exercício de uma atividade laboral. Diante disso depara-se com o óbvio, o homem pode se tornar incapaz de prover o seu sustento e de sua família, decorrente dos riscos à sua saúde, de sua idade avançada, enfermidades ou sua morte. Na histórica da evolução previdenciária, pode-se buscar num passado remoto, qualquer medida de proteção instituída pelo Estado mesmo não sendo um Estado Nação como é conhecido hoje, mas em favor dos seus cidadãos, a pensão aos legionários criada por Roma, para a origem da seguridade social. Portanto, essa busca “arqueológica” perde o sentido programático de nossa investigação histórica, já que pretendemos identificar o sentido moderno de seguridade social e como funcionam hoje os métodos de aposentadoria e o direito adquirido, conforme atualmente encontrado em nossa Constituição de 1988. A previdência social garante ao trabalhador contribuinte e sua família um rendimento seguro, sendo essa garantia de suprimir as necessidades fundamentais, caso ocorra algum imprevisto na sua vida trabalhista. O presente trabalho visa analisar a nova regra instituída pelo governo para se aposentar e identificando desvantagens dessa nova regra. A metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho será a pesquisa bibliográfica fundamentada em diversos autores, como Wladimir Novaes Martinez (2001); Sérgio Pinto Martins (2013); Fábio Zambite Ibrahim (2005) e outros. O problema de pesquisa a ser analisado inicialmente é quais as desvantagens na prática da aplicação da nova regra? O trabalho será dividido em três capítulos. No primeiro capítulo será apresentada a história da seguridade social e seu conceito. Também nesse capítulo estudar-se-á a Previdência Social, seu surgimento e sua finalidade. 10 O segundo capítulo é dedicado ao estudo dos princípios norteadores da seguridade social. O terceiro capítulo busca estudar o direito adquirido, que no campo previdenciário, é de extremada importância, principalmente no que tange ao regime das aposentadorias. Espera-se, com esse trabalho, contribuir para o esclarecimento tanto nos aspectos teóricos como práticos, das mudanças trazidas pela nova regra de aposentadoria com a finalidade de observar, através de uma abordagem crítica, como a nova regra é aplicada, proporcionando uma ampla noção sobre o tema. 11 1 SEGURIDADE SOCIAL 1.1 História da seguridade social Desde os tempos mais antigos, sempre existiu, a reunião de esforços entre os homens para melhorar e facilitar as condições de vida de cada pessoa que formam um grupo social, existe uma preocupação humana que e natural desde o principio, que é a melhoria do seu bem estar ou seja a facilitação das condições de vida. De acordo com as doutrinas, os primeiros meios procedimentais de proteção articulados do homem com seu bem estar, apresentavam algum nível de organização, as primeiras normas a tratarem dos métodos de amparo foram encontradas no Tamuld, no Código de Hamurabi e no Código de Manu. Ambas as normas tinham natureza mutualista, de modo que instituíam o auxílio recíproco dos seus membros. A mutualidade em outras palavras seria um agrupado de pessoas em uma instituição, com o objetivo de prestar ajuda entre si, ou seja, ajuda mútua, preocupando com uma eventualidade futura. Nas civilizações antigas, primordialmente Grécia e Roma, foram instauradas associações que também tinham caráter mutualista, e que tinham como a finalidade principal a arrecadação de recursos, que estava voltada a cobrir com os custos de seus associados. Essas associações foram se espalhando e se desenvolvendo no decorrer dos anos, ainda assim, sem nenhuma segurança jurídica ou técnica para seus associados, reflexos de um estado liberal da época. Também houve o surgimento de entidades civis, motivadas por fins religiosos e assistenciais aos mais carentes, dentre as quais as mais destacadas foram as conhecidas Santas Casas de Misericórdia. No século XVII, a igreja católica da época cumpriu um papel muito importante, convencendo o estado a intervir e criar entidades de mecanismos de proteção e amparo aos indigentes e carentes. Tal ato estatal, deu se a um fato marcante onde iniciou a primeira disciplina pré-jurídica de proteção social, a denominada poor relief act (lei dos pobres). 12 A lei dos pobres obrigava a sociedade a contribuir ao estado para que o estado viesse a combater a miséria, tal lei foi criada pela Rainha Elizabeth da Inglaterra em 1601. Desde então começa a se falar em assistência publica O alemão Bismark no ano de 1883, também conhecido como “Chanceler De Ferro”, criou a Lei do seguro Doença, primeira manifestação jurídica concreta sobre o seguro social, a qual adotava a técnica do contrato de seguro. Bismark foi influenciado pelo ambiente que havia se instalado na Europa, e após diversos fatores como a revolução industrial, e o advento do socialismo e do movimento operário. Bismark teve uma bela aceitação com seu modelo previdenciário na Europa, no qual este modelo espalhou-se rapidamente. Sendo este modelo o que fez avançar para a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho). O Lord Willian Beveridge elaborou um sistema de seguridade social, com intuito de melhorar o sistema de proteção vigente, que veio a ser conhecido como relatório Beveridge, modelo mais apurado do que o Seguro social de Bismark. O relatório Beveridge foi baseado no Social security act norte americano por designação do parlamento britânico. O relatório de Beveridge foi um marco onde podemos dizer que, se começou a falar em seguridade social. A história sobre o sistema de proteção as necessidades sociais tem a seguinte ordem cronológica: Assistência Privada, Assistência Publica, Seguro Social e Seguridade Social. O México foi o primeiro país a incluir regras previdenciárias na sua constituição em 1917, e em 1919 surgiu a constituição Alemã de Weimar, essas constituições ambas consagravam os direitos sociais, como os direitos trabalhistas, à educação, à seguridade social e previdenciária, proteção à maternidade, limitação da jornada de trabalho, direito a terra, à assistência social, entre muitos outros. A partir desse marco as constituições adotaram o movimento do constitucionalismo social. A idéia do constitucionalismo social era que todas as constituições deveriam amparar e defender os direitos sociais, outros países também adotaram o modelo de constituição social. Já no Brasil o seguro social iniciou-se com a instituição privada. Depois a Constituição Federal de 1.891, estabeleceu a aposentadoria por invalidez aos servidores públicos. 13 Em 1.919, através da Lei n. 3.724, editada em 15 de janeiro, e outros decretos imperiais os quais criaram fundos especiais, montepios e caixas de socorro em beneficio de determinadas categorias de empregados públicos. Em 1.934, pela primeira vez uma constituição do Brasil faz alusão aos direitos previdenciários. Em 1.960, foi editada a lei orgânica da previdência social (LOPS), Lei n. 3.807, de 26 de agosto, momento em que houve a unificação das legislações dos institutos de aposentadoria e pensões. Em 1.966, houve quase a completa unificação dos institutos de aposentadoria e pensões em uma única Autarquia Federal, surge assim o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social).Ficaram assim de fora da fusão o IAPFESP, IPASE e o SASSE. Em 1.967, foi editada a Lei n. 5.316, com a finalidade de integrar p seguro social de Acidente do Trabalho (SAT) na previdência social. Em 1.971, a Lei Complementar n. 11, de 25 de maio, instituiu o programa de Assistência do Trabalhador Rural (PRORURAL), que passou a ser administrado pelo FUNRURAL. Em 1.977, o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência Social e Assistência Social) foi criado. Tinha a finalidade de reorganizar o sistema de proteção social, criando áreas especificas de atuação. Este órgão reunia sete órgãos públicos e cada órgão era responsável de uma área especifica da previdência social. Foi criado o SINPAS com os seguintes órgãos: INPS: Instituto Nacional De Previdência Social, autarquia responsável pela administração dos benefícios; IAPAS: Instituto De Administração Financeira Da Previdência Social, autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobranças de contribuições e demais recursos; INAMPS: Instituto Nacional De Assistência Médica Da Previdência Social, autarquia responsável pela saúde; LBA: Fundação Legião Brasileira De Assistência, Fundação responsável pela assistência social; FUNABEM: Fundação Nacional do Bem Estar do Menor, Fundação responsável pela política do bem estar do menos; 14 CEME: Central de Medicamentos, Órgão ministerial que distribuía medicamentos; DATAPREV: Empresa de Processamentos de dados da previdência social, Empresa Publica que gerencia os sistemas de informática previdenciários. Com a promulgação da constituição de 1.988, foi a que reuniu as três atividades da seguridade, saúde, assistência social e previdência social. Seu texto constitucional deu mais importância aos direitos previdenciários, trazendo princípios, direitos subjetivos, estabelecendo programas e sua forma de financiamento. Constituição que representa uma vitoria para todos os cidadãos na esfera previdenciária. Em 1.990, marcou-se pela extinção da SINPAS e a criação do atual INSS (instituto nacional do seguro social), autarquia federal que resulta da junção entre o INPS e o IAPAS. 1.2 Conceito de Seguridade Social A Constituição Federal do Brasil define o conceito de seguridade social em seu artigo 194 caput: Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. A seguridade social e um sistema de proteção social que compreende um conjunto de ações dos poderes públicos e da sociedade, constituído por princípios e regras destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência social e à assistência social. Dessa forma ajudando indivíduos diante de determinada contingências sociais, assegurando-lhe o mínimo indispensável a uma vida digna, mediante concessão de benefícios, prestações e serviços Em outras palavras a seguridade social é um conjunto de ações em geral que visa ajudar os seus dependentes nas necessidades da sociedade como um todo, deixando seguro às necessidades primordiais como a saúde, à assistência social e à previdência social. Como pode se notar a seguridade social e um sistema de proteção social de ampla abrangência, bem como de natureza universal. 15 Isso significa que a seguridade social tem um importante papel de promover a proteção do ser humano bem como também sua dignidade sendo descrito isso na Lei Maior da Republica Federativa Do Brasil art. 1º, inciso, III Art. 1º A Republica Federativa do Brasil, formada pela a união indissolúvel dos estados e municípios e do distrito federal, constitui-se em estado democrático de direito e tem como fundamento: III – a dignidade da pessoa humana. 1.2.1 Saúde A saúde é segmento autônomo da Seguridade Social e se diz que ela tem a finalidade mais ampla de todos os ramos protetivos porque não possui restrição de beneficiários e o seu acesso também não exige contribuição dos beneficiários. 1.2.2 A Saúde é Direito de Todos e Dever do Estado Não importa nesta espécie de proteção social a condição econômica do beneficiário. O Estado não pode negar acesso à saúde pública a uma pessoa sob o argumento de que esta possui riqueza pessoal e meios de prover a sua própria saúde. Caso uma pessoa quiser ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele poderá, na medida em que, sendo a saúde direito de todos, o Estado não pode limitar o atendimento somente a quem não dispuser de meios pessoais para o seu cuidado. As ações na área da saúde são de responsabilidade do Ministério da Saúde, instrumentalizada pelo Sistema Único de Saúde. Assim, o INSS, autarquia responsável por gerir benefícios e serviços da Previdência Social, não tem qualquer relação e responsabilidade em relação a hospitais, casas de saúde e atendimentos em geral na área de saúde. O órgão responsável pelo sistema de saúde é o Sistema Único de Saúde, o qual compete, executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, e as da saúde do trabalhador; participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; fiscalizar e inspecionar alimentos, bem como bebidas e águas para o consumo humano; participar da produção de medicamentos, equipamentos e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde. 16 As ações e serviços da saúde não se restringem à área médica, por meio de ações paliativas, devendo haver medidas preventivas relativas ao bem-estar da população nas áreas sanitárias, nutricionais, educacionais e ambientais como forma de evitar situações e infortúnios no futuro, que invariavelmente causaram, além de maior gasto financeiro para solucionar o problema, desgastes emocionais e psicológicos. A política nacional de saúde é regulada pelas leis 8.080/90 e 8.142/90. Seu executor é o Sistema Único de Saúde, que é constituído por órgãos federais, estaduais e municipais. Lei 8.080/90 Art.1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício Lei 8.142/90 Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: I - a Conferência de Saúde; e II - o Conselho de Saúde. 1.3 Da Assistência Social A Constituição Federal de 1988 prescreve no artigo 203, caput estabelece que: A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos. A assistência social é um segmento autônomo da seguridade social que trata dos hipossuficientes, ou seja, daqueles que não possuem condições de prover sua própria manutenção. Cuidará daqueles que têm maiores necessidades, sem exigir dos beneficiários qualquer contribuição à seguridade social. Portanto, um cidadão que possui condições econômicas vultosas, não poderá valer-se dos benefícios e serviços da assistência social, porque ele não é uma pessoa hipossuficiente e não necessita dos serviços e benefícios da assistência social. A atuação protetiva do Estado, fornecerá aquilo que for absolutamenteindispensável para cessar o atual estado de necessidade do assistido (Exs.: alimentos, roupas, abrigos e até mesmo pequenos benefícios em dinheiro). 17 A assistência social tem a utilidade de cobrir as lacunas deixadas pela previdência social que, devido a sua natureza contributiva, acaba por excluir os necessitados. Neste sentido, a lei prescreve que, são objetivos da assistência social (CF, art. 203, incisos): Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - proteção da família, da maternidade, infância, adolescência e velhice; II - amparo às crianças e adolescentes carentes; III - promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a promoção da sua integração à vida comunitária; V - garantia de 1 salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria subsistência, nem de tê-la provida por sua família. Os benefícios da assistência social são: auxílio-natalidade; auxílio-funeral; o aluguel social que o Governo está pagando às famílias vitimadas pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro; bolsa família; benefício de prestação continuada (art. 203, V); abrigos, etc. O Ministério responsável pelas ações da Assistência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e combate à fome. 1.4 Previdência Social Este segmento autônomo da seguridade social vai se preocupar exclusivamente com os trabalhadores e com os seus dependentes econômicos. A previdência social é a técnica de proteção social destinada a afastar necessidades sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a capacidade de auto-sustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes. Contingência social são fatos e/ou acontecimentos que, uma vez ocorridos, tem a força de colocar uma pessoa e/ou seus dependentes em estado de necessidade, como por exemplos invalidez (incapacidade), óbito, idade avançada, ... A Previdência Social, como visto, tem em mira contingências bem específicas: aquelas que atingem o trabalhador e, via reflexa, seus dependentes, pessoas consideradas economicamente dependentes do segurado. Essa dependência pode ser presumida por lei (no caso de cônjuges, filhos menores e/ou incapazes) ou 18 comprovada no caso concreto (no caso de pais que dependiam economicamente do filho que veio a óbito). É o que estabelece a legislação: Artigo 16 da Lei 8.213/91: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; II - os pais III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) § 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. § 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e das demais deve ser comprovada. Logo, os beneficiários da previdência social são, exclusivamente, os trabalhadores e seus dependentes previstos na legislação previdenciária exclusivamente. A Previdência Social tem natureza de seguro social; por isso, exige-se a contribuição dos seus segurados. O só estado de necessidade advindo de uma contingência social não dá direito à proteção previdenciária. Requer-se que a pessoa atingida pela contingência social tenha a qualidade, o “status” de contribuinte do sistema de previdência social. (DIAS e MACÊDO, 2008, p. 32). A contribuição é da essência da previdência social já que o sistema é contributivo, devendo haver previsão de fundo de custeio para arcar com os gastos provenientes da concessão e manutenção de benefícios previdenciários. O regime jurídico da Previdência Social, como um todo, parte da premissa da obrigação contributiva do segurado (Exs.: período de carência; cálculo do valor das prestações pecuniárias). A contribuição do trabalhador é obrigatória. Todo e qualquer cidadão quer exercer atividade laborativa remunerada deve, obrigatoriamente, contribuir para a Previdência Social. Assim, a contribuição ao sistema geral de previdência social é 19 compulsória para o empregado e para os demais trabalhadores, como por exemplo, os profissionais liberais. No Brasil, qualquer pessoa, nacional ou não, que venha a exercer atividade remunerada em território brasileiro filia-se, automaticamente, ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, sendo obrigada a efetuar recolhimentos ao sistema previdenciário (somente se excluem desta regra as pessoas já vinculadas a regimes próprios de previdência. (IBRAHIM, 2005, p. 21). Admitem-se como segurado da Previdência Social, também, pessoas que não exerçam atividades laborativas remuneradas, mas que, por vontade própria, contribuam facultativamente para a Previdência Social. São os segurados facultativos, por exemplo, a dona de casa, o estudante. Essa possibilidade de contribuição de forma facultativa decorre da aplicação do princípio da universalidade de atendimento, na área da Previdência Social. Esses segurados facultativos contribuem com o intuito de no futuro usufruírem benefícios previdenciários que sem essa contribuição não teriam direito. Todavia, essa contribuição lhes dará direito a um número restrito de benefícios, até porque eles não pertencem à mesma categoria dos demais contribuintes, são facultativos, não exercem atividade remunerada. Por fim, a previdência social tem caráter legal, em contraposição ao caráter contratual. Isso porque todo o regramento da Previdência Social está contido na lei, não existindo espaço para acordo de vontades na relação de seguro social. Exs.: espécies de benefícios a serem concedidos, requisitos para a concessão de benefícios, rol de dependentes econômicos do segurado, valor da contribuição previdenciária, a vinculação à previdência social, etc. Principais normas constitucionais acerca da previdência social: “Art. 201, CF - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, a: I- cobertura de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Exemplos: Auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria por idade) II- proteção à maternidade, especialmente à gestante; (salário-maternidade) III- proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (seguro- desemprego); IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no parágrafo segundo. 20 Parágrafo primeiro: É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geralde previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem á saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos da lei complementar. Parágrafo segundo: Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário- mínimo. Parágrafo Terceiro: Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. Parágrafo quarto: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Parágrafo quinto: É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. Parágrafo sexto: A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. Parágrafo sétimo: É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, observadas as seguintes condições: I – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher; II- 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. Parágrafo oitavo: Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em 5 anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Parágrafo nono: Para efeito de aposentadoria, é assegurada contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.” Conforme o artigo 1º da lei nº 8.213/91 a previdência Social tem como finalidade "assegurar aos beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente". De acordo com Martinez (2001) não podemos confundir Previdência Social com Direito Previdenciário, pois: a Previdência Social é o objeto de estudo do Direito Previdenciário, tem como finalidade assegurar aos seus segurados meios de sobrevivência, já o Direito Previdenciário é um ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta a atuação da Previdência Social. Conforme Tanaka (2009) os segurados da previdência podem ser divididos em dois grupos: os obrigatórios e os facultativos. Os segurados obrigatórios por sua vez 21 dividem-se em cinco categorias: empregado, contribuinte individual, empregado doméstico, trabalhador avulso e segurado especial. Os segurados facultativos são os maiores de dezesseis anos de idade que contribuem com a previdência social, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre em alguma das categorias obrigatórias. 22 2. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA SEGURIDADE SOCIAL Os princípios jurídicos são a base do ordenamento jurídico. A palavra principio traz noção de início, fundamento, alicerce. “São os princípios as verdades fundantes de um sistema de conhecimento”. (REALE JÚNIOR, 2003, p. 303). 2.1 Princípio da Solidariedade O princípio da solidariedade da Seguridade Social é visto sob três enfoques, consoante a melhor doutrina de José Leandro Monteiro de Macêdo e Eduardo Rocha Dias (2008): a) solidariedade na instituição da seguridade social: A Seguridade Social tem o objetivo de resguardar a população contra necessidades advindas de contingências sociais. A própria instituição da seguridade social já deriva de um ato de solidariedade, diante do: Reconhecimento de que a ação individual não é suficiente para debelar as necessidades decorrentes das contingências sociais, razão da ação comum (solidária) de todos os membros da sociedade no intuito de efetivar a proteção social em face dessas necessidades. (DIAS e MACÊDO, 2008, p. 109). Por exemplo: como uma pessoa sem recursos obteria proteção à saúde sem o atendimento do SUS? Como uma pessoa idosa que nunca trabalhou obteria uma renda de um salário mínimo sem o resguardo da assistência social e o benefício de amparo assistencial – benefício de prestação continuada? b) solidariedade na distribuição do ônus contributivo: é a equidade na forma de participação do custeio (quem detém maior capacidade, contribui com mais). c) solidariedade na prestação do amparo: as ações da seguridade social devem priorizar as pessoas mais necessitadas. 23 2.2 Princípio da Obrigatoriedade Para que a proteção social seja efetiva, a participação dos membros da sociedade nas ações da seguridade social deve ser imposta obrigatoriamente. 2.3 Princípio da Suficiência (ou Eficácia/Efetividade) Os benefícios e serviços concedidos pela seguridade social devem ser capazes de afastar a necessidade advinda de uma contingência social. Exemplo: “Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado poderá ter valor mensal inferior ao salário- mínimo. 2.4 Princípio da Supletividade ou Subsidiariedade Dois aspectos são abordados neste princípio: Primeiro: a seguridade social intervém subsidiariamente, isto é, somente se o indivíduo não tiver elementos de prover à própria subsistência ou de tê-la provida por sua família. (Princípio verificado na assistência social; ex. art. 203, V, da CF). Segundo: a proteção social deve ser ministrada até o ponto suficiente para afastar a necessidade. (Ex. limite máximo do valor dos benefícios). 2.5 Principio do direito adquirido No direito previdenciário haverá direito adquirido toda vez em que um segurado, sob a vigência de uma determinada lei, cumprir concessão de determinado beneficio. Princípio da preexistência do custeio em relação aos benefícios ou serviços ou regra da contrapartida Este princípio visa o equilíbrio econômico financeiro do sistema da seguridade social, impedindo que decisões de ocasião prejudiquem o futuro do 24 sistema através da criação ou aumento súbito de um benefício ou serviço, sem a indicação da correspondente fonte de custeio. Trata-se na verdade de regra que visa a própria preservação do sistema e está encampada no artigo 195, §5°, da Constituição Federal: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. 2.6 Princípios específicos da Seguridade Social O parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal de 1988 dispõe que a seguridade social será organizada, nos termos da lei, com base nos objetivos que relaciona. Porem tais objetivos se revela como autênticos princípios setoriais, ou seja, princípios aplicados apenas pela seguridade social: 2.6.1Universalidade da cobertura e do atendimento A universalidade da cobertura significa quais os riscos sociais, toda e qualquer situação de vida que possa levar ao estado de necessidade, devem ser amparados pela Seguridade. Tais como: maternidade, velhice, doença, acidente, invalidez, reclusão e morte. No entanto, os recursos são limitados, devendo o legislador optar. Já a universalidade do atendimento diz respeito à proteção dos titulares: todos os residentes do território nacional, isto é, todas as pessoas indistintamente deverão ser acolhidas pela Seguridade Social. 2.6.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações rurais e urbanas Os trabalhadores rurais foram discriminados no Brasil se comparados os direitos destes aos reconhecidos aos trabalhadores urbanos. E termos de seguridade social, a situação era diferente. A Constituição Federal de 1988 reafirmou o principio da isonomia, consagrado no caput de seu art. 5º, no inciso II, do parágrafo 25 único, do art. 194, garantindo uniformidade e equivalência de tratamento, entre urbanos e rurais, e, termos de seguridade social. A uniformidade significa que o plano de proteção social será o mesmo para trabalhadores urbanos e rurais. Pela equivalência, o valor das prestações pagas a urbanos e rurais deve ser proporcionalmente igual. Os benefícios devem ser os mesmos, mas o valor da renda mensal e equivalente, não igual. É que o calculo do valor dos benefícios se relaciona diretamente com o custeio da seguridade. 2.6.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços Este princípio tem por finalidade orientar a ampla distribuição de benefícios sociais ao maior número de necessitados. Nem todos terão direito a todos os benefícios, devendo o legislador identificar as carências sociais e estabelecer critérios objetivos para contemplar as camadas sociais mais necessitadas Sérgio Pinto Martins ensina que caberá à lei escolher as necessidades que o sistema poderá atender, conforme as disponibilidades econômico-financeiras, e conclui ao final: A distributividade implica a necessidade de solidariedade para poderem ser distribuídos recursos. A idéia de distributividade também concerne à distribuição de renda, pois o sistema, de certa forma, nada mais faz do que distribuir renda. A distribuição pode ser feita aos mais necessitados, em detrimento dos menos necessitados, de acordo com a previsão legal. A distributividade tem, portanto, caráter social. 2.6.4 Irredutibilidade do valor de benefícios Este princípio tem por finalidade preservar o valor de compra dos benefícios financeiros concedidos pela seguridade social. A legislação infraconstitucional materializou este dispositivo ao determinar que anualmente os valores dos benefícios serão corrigidos por um índice de preço. A preocupação do legislador ao inserir este princípio no texto constitucional foi evitar que eventuais reajustes dos benefícios dependessem de vontade política do governo federal. O eventual congelamento dos valores, em épocas de processo inflacionário acelerado, significaria, na verdade, a supressão dos benefícios ao longo do tempo. 26 Deve-se ressaltar, ainda, que não existe mais vinculação entre o reajuste dos benefícios da seguridade social e o salário mínimo. Os benefícios serão corrigidos por índice de preço que mede a inflação. Por outro lado, o salário mínimo deverá ser contemplado por uma política de recuperação de seu poder de compra, preferencialmente em respeito ao disposto na Constituição Federal. 2.6.5 Equidade na forma de participação no custeio A equidade na forma de participação no custeio não corresponde, exatamente, ao principio da capacidade contributiva. O conceito de equidade esta ligado à idéia de justiça, mas não a justiça em relação às possibilidades de contribuir, e sim à capacidade de gerar contingências que terão cobertura pela seguridade social. Então a equidade na participação no custeio deve considerar, em primeiro lugar, a atividade exercida pelo sujeito passivo e, em segundo lugar, a sua capacidade econômico-financeira. Quanto maior a probabilidade de atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior devera ser a contribuição 2.6.6 Diversidade da base de financiamento O financiamento da seguridade social se dá atualmente através da contribuição dos trabalhadores, das empresas e dos orçamentos dos entes estatais. Mesmo as pessoas não enumeradas acima contribuem para a seguridade social, seja através do pagamento da CPMF, seja através dos impostos inseridos nos custos dos preços dos produtos consumidos. Preocupado em garantir o aumento da arrecadação de recursos para a seguridade social para garantir o atendimento do aumento de demanda social, o legislador já expressou na constituição a permissão para que outras fontes de financiamento fossem criadas pelo legislador ordinário. Contudo, criou um dispositivo mediador, na tentativa de evitar que novas contribuições sociais fossem criadas nas mesmas bases de impostos já existentes. Este é o entendimento majoritário do § 4º do artigo 195 do texto constitucional. Este dispositivo veda a criação de contribuição social cujo fato gerador ou base de cálculo seja idêntica aos impostos discriminados na Constituição. 27 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda sociedade de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais § 4º. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou a expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 2.6.7 Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa. Participação da comunidade Este princípio não é inovação do texto constitucional, uma vez que historicamente sempre houve a participação da comunidade nos Conselhos da previdência social, assistência social e saúde. Desta forma, o legislador tentou democratizar a gestão da seguridade social, uma vez que contempla a participação de todos os segmentos representativos da sociedade na administração dos recursos, inclusive os aposentados. 28 3 DIREITO ADQUIRIDO NO DIREITO PREVIDENCIÁRIO O direito adquirido é um formato jurídico ainda sem uma definição precisa do seu sentido, conteúdo e alcance. No entendimento de José Afonso da Silva (p. 436), “a doutrina ainda não fixou com precisão o conceito de direito adquirido”. O instituto do direito adquirido está inserido no texto constitucional, art. 5º, XXXVI e é considerado cláusula pétrea conforme art. 60, parágrafo 4º, IV, também da Constituição Federal. Art. 5º, XXXVI - A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (…) Art. 60, parágrafo 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (…) IV - Os direitos e garantias individuais. O Decreto-Lei 4.657, de 4 de setembro de 1942, esboçou em seu artigo 6º, § 2ª, uma definição de direito adquirido ao afirmar que Consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, passa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. Nesse contexto, é considerado direito adquirido, os direitos que que o indivíduo tenha em um determinado período temporal, onde o exercício apresente um termo prefixo,ou condição preestabelecida, definição que está de acordo com o art. 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Wladimir Novaes Martinez (2001, p. 259), apresenta o seguinte conceito de direito adquirido: Significa direito incorporado ao patrimônio do titular, bem seu. É direito. A aquisição, referida no título, quer dizer que qualquer ataque exterior por via de interpretação ou de aplicação da lei. Distinto do interesse ou da faculdade, não pode ser alterado por esta”. Pelas definições doutrinárias apresentadas, percebe-se que o direito adquirido é aquele que integra o acervo de direitos individuais no indivíduo, de forma permanente, sendo intangível. 29 É importante observar que a Constituição defende o direito adquirido e não a simples expectativa do direito. Ele é uma situação de imutabilidade que garante o titular contra posterior modificação legislativa. Observa-se ainda, que para que haja o direito adquirido é necessário que o mesmo não tenha sido exercido, caso o contrário, ter-se-ia apenas uma relação jurídica já consumada. Diante disso, passaremos a analisar como as reformas da previdência podem ou não influenciar e alterar nosso plano previdenciário. Sérgio Pinto Martins (2013) defende que o direito adquirido integra o patrimônio jurídico da pessoa, e não o econômico. Assim, não se o entende como algo concreto, uma cifra a mais na conta bancária do contribuinte. O direito já é da pessoa, em razão de seu cumprimento dos requisitos necessários para adquiri-los, mesmo que a ela não o tenha requerido, como no caso da aposentadoria. O direito adquirido tem significativa importância para o Direito Previdenciário, principalmente no que concerne às aposentadorias. O segurado adquire o direito à aposentadoria no momento em que reúne todos os requisitos necessários para obtê- la, independentemente do seu efetivo exercício ou requerimento. Importante destacar que a aquisição do direito previdenciário não se confunde com o seu exercício. Isso quer dizer que o não exercício de um direito não tem a força de tirar-lhe o status de direito adquirido e as garantias que sobre ele recaem. A ordem jurídica nacional claramente sinaliza pelo reconhecimento da existência do direito adquirido no Direito Previdenciário. A Emenda Constitucional nº 20 garante expressamente o direito adquirido das pessoas ao consignar que: É assegurada a concessão de aposentadoria e pensão, a qualquer tempo, aos servidores públicos e aos segurados do regime geral da previdência social, bem como aos seus dependentes que, até 16/12/98, tenham cumprido os requisitos para obtenção destes benefícios, com base na legislação vigente. O § 2º do artigo 3º da EC 20/98 mostra outra regra de direito adquirido: Os proventos da aposentadoria a serem concedidos aos servidores públicos, em termos integrais ou proporcionais ao tempo de serviço já exercido até a data de 16/12/98, bem como as pensões de seus dependentes, serão calculados de acordo com a legislação em vigor à época em que foram atendidas as prescrições nela estabelecidas para a concessão destes benefícios ou nas condições da legislação vigente. 30 A lei 8.213/91, em seu artigo 122, revela o direito adquirido ao mencionar que, sendo mais vantajoso, fica garantido o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do implemento de todos os requisitos legais necessários à obtenção do benefício. Assim sendo, os dispositivos constitucionais e infraconstitucionais revelam o direito adquirido aos benefícios previdenciários aos segurados obrigatórios ou facultativos que já satisfizeram as exigências legais. 3.1 As reformas da previdência As reformas na previdência ocorrem como tentativa de evitar o colapso do sistema previdenciário. O problema da previdência não é exclusividade do Brasil, com o crescimento desacelerado e controlado da população tem-se a redução da população ativa e consequentemente um aumento dos inativos. Esse argumento não deveria ser levado em consideração se o país tivesse uma gestão eficiente das contribuições providenciarias, entretanto, sem entrar no mérito da gestão da previdência, as reformas trabalham o gerenciamento da política previdenciária de modo a que se sustente, cumpra sua função social. Observa-se que as reformas no sistema previdenciário, além de inevitáveis, tendem a ser cada vez mais dolorosas, como maior rigidez para a concessão de benefícios, assim como novos requisitos e mais severos para conseguir a aposentadoria, tudo devido à má gestão do Fundo Previdenciário, políticas que permitem que pessoas que nunca contribuíram se aposentem, onerando cada vez mais os ativos e aumentando o déficit previdenciário. 3.2 Fator previdenciário De acordo com o Ministério da Previdência Social, o fator previdenciário é um dos componentes da fórmula utilizada para calcular as aposentadorias por tempo de contribuição e pode ser aplicado também, no cálculo das aposentadorias por idade. 31 Segundo a explicação do Ministério, esse fator, que se baseia em quatro elementos: alíquota de contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social e expectativa de sobrevida do segurado, foi criado, com o objetivo de equiparar a contribuição do segurado ao valor do benefício. Araújo (2008) explica que a alíquota de contribuição é o numeral correspondente a 0,31, que será aplicado no cálculo do fator previdenciário, em qualquer situação; a idade do trabalhador, a que já tenha completado no momento da aposentadoria, não podendo usar os meses somente os anos inteiros; o tempo de contribuição será o total do período efetivamente trabalhado pelo segurado e a expectativa de sobrevida deverá ser aquela estabelecida na tábua completa de mortalidade elaborada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O surgimento do fator previdenciário se deu conforme o Dieese (2008), durante o processo de discussão da Reforma Previdenciária, em 1998, foi rejeitada a inclusão do critério de idade mínima para a obtenção de qualquer tipo de aposentadoria, em contrapartida, por meio da Emenda Constitucional nº 20 houve várias alterações no Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Suas principais alterações foram o estabelecimento de um teto para os benefícios do INSS, enquanto em 2015 o valor foi de R$ 4.663,75 para os que recebem acima do mínimo (cerca de 9 milhões), neste ano, o limite é de R$ 5.189,82 -, a eliminação por meio de processo gradual, da aposentadoria proporcional e a substituição do conceito usual de "tempo de serviço" por "tempo de contribuição". Para as mulheres, a aposentadoria por tempo de contribuição se dá com 30 anos de contribuição e, para os homens, com 35 anos. Dieese (2008) explica que em decorrência dessas mudanças, em 1999 o executivo idealizou o fator previdenciário e encaminhou projeto ao legislativo, em novembro deste ano foi aprovada a Lei nº 9.876, que introduziu uma nova fórmula de cálculo para o benefício da aposentadoria dos trabalhadores do setor privado. Com isso, foram inseridos critérios atuariais no sistema previdenciário público, que anteriormente só eram considerados pela previdência privada. Esta Lei, entre outras providências, alterou a redação do art. 29 da Lei nº 8.213, de 1991, que tratava de Planos de Benefícios da Previdência Social, modificando os critérios de cálculo dos benefícios. 32 Para as aposentadorias por tempo de contribuição, a aplicação do fator previdenciário passou a ser obrigatória e, para aquelas por idade, tornou-se optativa sua não aplicação. Assim, a aposentadoriaseria calculada automaticamente pela fórmula: Sb = M x f Onde: Sb = salário de benefício; M = média dos 80% maiores salários de contribuição do segurado, apurados entre julho de 1994 e o momento da aposentadoria, corrigidos monetariamente; f = fator previdenciário. O fator previdenciário aprovado é obtido por intermédio da seguinte fórmula: Onde: f = fator previdenciário; Id = idade do contribuinte no momento da aposentadoria (id); Es = expectativa de vida; tc = tempo de contribuição; a = alíquota no valor de 0,31, referente à contribuição de 11% do empregado mais a de 20% do empregador. Aparentemente a criação do fator previdenciário mostra certa racionalidade, também mostra um conjunto de contradições do próprio fator e certamente muitos questionamentos sobre os impactos concretos de sua aplicação aos longos dos anos que se seguiram à sua criação. 3.3 Novas regras da aposentadoria A nova regra de cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição foi estabelecida pela Lei 13.183/2015. Agora, o cálculo levará em consideração o número de pontos alcançados somando a idade e o tempo de contribuição do segurado – a chamada Regra 85/95 Progressiva. Além da soma dos pontos é necessário também cumprir a carência, que corresponde ao quantitativo mínimo de 180 meses de contribuição para as aposentadorias. Alcançados os pontos necessários, será possível receber o benefício 33 integral, sem aplicar o fator previdenciário. A progressividade ajusta os pontos necessários para obter a aposentadoria de acordo com a expectativa de sobrevida dos brasileiros. A luta contra o Fator Previdenciário (FP) tem sido muito dura, com a resistência de todos os governos, e agora, ainda com o aumento progressivo, foi aprovada a somatória 95 para os homens e 85 para as mulheres para a isenção da aplicação do FP no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição. Portanto, só se aplica neste benefício e não se trata de nova exigência. É uma opção: quem se aposentar mais cedo terá o FP e quem completar a somatória fica livre. Para saber se vale a pena é uma questão matemática. No entendimento de Martinez (2012), a fórmula 85/95 representa mais do que uma simples soma do tempo de serviço com a idade, a mesma reconhece a distinção legal da mulher, enquanto assim pensar o legislador. Da mesma forma a atividade insalubre, determinante da aposentadoria especial. E, é claro, a situação do professor, que, constitucionalmente, aposentam-se cinco antes dos demais segurados. Pelo aumento progressivo, 95/85 será até o final de 2018, em 2019 e 2020 96/86, em 2021 e 2022 97/87, em 2023 e 2024 98/88, em 2025 e 2026 99/89 e, por fim, a partir de 2027 a somatória será 100 para os homens e 90 para as mulheres. De acordo com o Ministro da Previdência Carlos Gabas, essa nova formula é menos prejudicial às pessoas que vão se aposentar porque o que o contribuinte irá receber a título de provento não será reduzido pela aplicação do Fator Previdenciário. 3.4 Desvantagens na prática da aplicação da nova regra A princípio a regra 85/95 parece mais vantajosa, mas na prática não é bem assim. Observa-se que, hipoteticamente um homem com 53 anos de idade e 35 anos de contribuição, nas regras atuais ele poderia se aposentar, com uma perda no valor do benefício, mas se quisesse poderia. O que deve ser levado em conta para verificar qual regra seria mais vantajosa, se a atual com a incidência do Fator Previdenciário ou a nova regra 85/95, é de quanto pode vir a perder ou ganhar o contribuinte com a nova regra. Supondo que o contribuinte ganhe a média de R$ 1.300,00 e com a incidência do Fator Previdenciário seu benefício ficasse no valor de R$ 1.000,00, a princípio ele perderia 30%. Analisando minuciosamente, tem-se que na incidência da regra 85/95 34 o contribuinte tendo 53 anos de idade e 35 anos de contribuição somando os dois daria 88 e não 95, portanto deveria aguardar pelo menos mais 3 anos e meio para ter o direito à aposentadoria. Assim, pela nova regra, os R$ 1.000,00 (mil reais) aos quais teria direito na regra atual com a incidência do Fator Previdenciário não seriam pagos deixando o beneficiário de ganhar cerca de R$ 13.000,00 (treze mil reais) por ano, totalizando R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais) ao longo dos três anos e meio. E nesses três anos e meio aguardando para completar os 95 pontos da nova regra o cidadão deveria continuar contribuindo, levando em conta os mil reais seriam cerca de mais R$ 10.000,00 (dez mil reais) de contribuição no total. Considerando este caso hipotético, o contribuinte teve uma perca de mais R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais). Esse prejuízo na nova regra não seria recuperado, demoraria cerca de 15 anos para que se tomasse o valor perdido. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Seguridade Social, segundo o texto constitucional, é um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194 da CF). A Constituição de 1988, pioneira na sistematização da matéria, incluiu a Seguridade Social no título VIII, Da Ordem Social, entre os artigos 194 a 204. Os dispositivos legais, ali inseridos, estruturaram toda a Seguridade Social, estabelecendo os objetivos, princípios, em como a forma de financiamento. A formação de um sistema de proteção social no Brasil ocorreu através de um lento processo de reconhecimento de que o Estado deveria assistir seus cidadãos em suas necessidades básicas. Como observado nesse trabalho, a seguridade social tem a função de proteger a sociedade brasileira, dar amparo aquele que é atingido pela adversidade, independentemente de o indivíduo contribuir ou não para a previdência social. O trabalho mostrou que o reconhecimento e a proteção do direito adquirido são de fundamental importância no Estado Democrático de Direito, em nome da segurança jurídica e da estabilidade das relações travadas numa sociedade política juridicamente organizada pelo Direito. Verificou-se que a aplicação do direito adquirido na Previdência Social ocorre de maneira coerente e protege o contribuinte frente às mudanças que ocorrem com as Reformas da Previdência. Sobre o fator previdenciário, verificou-se que a intenção com a instituição deste, seria atender o Princípio do Equilíbrio Financeiro e Atuarial da Previdência Social, tendo em vista a situação deficitária da Previdência Social devido ao aumento da expectativa de vida do brasileiro. Concluindo, a aplicação da nova regra pode antecipar a aposentadoria por tempo de contribuição sem o fator previdenciário, trazendo uma vantagem para aqueles segurados que começaram a trabalhar mais cedo. Portanto hoje, na vigência de duas regras cabe ao segurado saber qual é a melhor opção por meio de cálculos e assim, optar pela regra que lhe será mais vantajosa. 36 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. DIAS, Eduardo Rocha; MACEDO, José Leandro Monteiro de. Curso de Direito Previdenciário. São Paulo: Método, 2008. DIEESE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. O fator previdenciário e seus impactos sobre os trabalhadores. Nota técnica 65 de abril de 2008. Disponível em: http://www.fenasps.org.br/noticias/notatecn.pdf. Acesso em: 05 jul. 2016. IBRAHIM, Fábio Zambite. Resumo de Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo:Ímpetus, 2005. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Princípios de Direito Previdenciário. 4 ed. São Paulo: LTR, 2001. _______. Princípios de Direito Previdenciário. São Paulo: LTR, 2012. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 2013. REALE JÚNIOR, Miguel Reale. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva 2003. TANAKA, Eduardo. Receita federal do Brasil. Apostila da rede de ensino aprovação. Aprovação, 2009. 37 ANEXOS Novas regras de aposentadoria: Lei nº 13.183 (fórmula 85/95) Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 13.183, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2015. Altera as Leis nºs 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de 24 de julho de 1991, para tratar da associação do segurado especial em cooperativa de crédito rural e, ainda essa última, para atualizar o rol de dependentes, estabelecer regra de não incidência do fator previdenciário, regras de pensão por morte e de empréstimo consignado, a Lei nº10.779, de 25 de novembro de 2003, para assegurar pagamento do seguro-defeso para familiar que exerça atividade de apoio à pesca, a Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, para estabelecer regra de inscrição no regime de previdência complementar dos servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, a Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, para dispor sobre o pagamento de empréstimos realizados por participantes e assistidos com entidades fechadas e abertas de previdência complementar e a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e dá outras providências A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o O art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 12. ………………………………………………………………. § 9º ……………………………………………………………………… VI – a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e § 10. ……………………………………………………………………. V – (VETADO); …………………………………………………………………………” (NR) 38 Art. 2º A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 11. ………………………………………………………………. § 8º ……………………………………………………………………… VI – a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e § 9º ……………………………………………………………………… V – (VETADO); …………………………………………………………………………” (NR) “Art. 16. (VETADO).” (NR) (Vigência) “Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I – igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II – igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade. § 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I – 31 de dezembro de 2018; II – 31 de dezembro de 2020; III – 31 de dezembro de 2022; IV – 31 de dezembro de 2024; e V – 31 de dezembro de 2026. 39 § 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição. § 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo. § 5º (VETADO).” (Vigência) “Art. 29-D. (VETADO).” “Art. 74. ……………………………………………………………… I – do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste; …………………………………………………………………………” (NR) “Art. 77. ……………………………………………………………… § 2º ……………………………………………………………………… II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Vigência) …………………………………………………………………………………. § 6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.” (NR) “Art. 115. …………………………………………………………….. …………………………………………………………………………………. VI – pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, ou por entidades fechadas ou abertas de previdência complementar, públicas e privadas, quando expressamente autorizado pelo beneficiário, até o limite de 35% (trinta e cinco por cento) do valor do benefício, sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para: a) amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou 40 b) utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito. …………………………………………………………………………” (NR) Art. 3º (VETADO). Art. 4º O art. 1º da Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º: “Art. 1º ………………………………………………………………… § 1º ……………………………………………………………………… § 2º Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo com remuneração superior ao limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, que venham a ingressar no serviço público a partir do início da vigência do regime de previdência complementar de que trata esta Lei, serão automaticamente inscritos no respectivo plano de previdência complementar desde a data de entrada em exercício. § 3º Fica assegurado ao participante o direito de requerer, a qualquer tempo, o cancelamento de sua inscrição, nos termos do regulamento do plano de benefícios. § 4º Na hipótese do cancelamento ser requerido no prazo de até noventa dias da data da inscrição, fica assegurado o direito à restituição integral das contribuições vertidas, a ser paga em até sessenta dias do pedido de cancelamento, corrigidas monetariamente. § 5º O cancelamento da inscrição previsto no § 4º não constitui resgate. § 6º A contribuição aportada pelo patrocinador será devolvida à respectiva fonte pagadora no mesmo prazo da devolução da contribuição aportada pelo participante.” (NR) Art. 5º A Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 6º-A: “Art. 6º-A Equiparam-se, para os fins do disposto nos arts. 1º e 6º, às operações neles referidas as que são realizadas com entidades abertas ou fechadas de previdência complementar pelos respectivos participantes ou assistidos.” Art. 6º (VETADO) Art. 7º (VETADO).Art. 8º Esta Lei entra em vigor: I – em 3 de janeiro de 2016, quanto à redação do art. 16 e do inciso II do § 2º do art. 77 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991; 41 II – em 1º de julho de 2016, quanto à redação do § 5º do art. 29-C da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991; III – na data de sua publicação, para os demais dispositivos. Brasília, 4 de novembro de 2015; 194º da Independência e 127º da República. DILMA ROUSSEFF Joaquim Vieira Ferreira Levy Nelson Barbosa Miguel Rossetto
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