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CONTRATO DE COMPRA E VENDA ORIGEM E EVOLUÇÃO A origem se dá com a criação da moeda/dinheiro, antes prevalecia a troca de mercadorias. Com o aumento da compra e venda diminui a necessidade de troca Evolução dos contratos: Mudança do Estado Liberal para Estado Social Direito do consumidor Direito da concorrência Equilíbrio entre contratantes Direito à informação Direito de arrependimento Alteração dos contratos de compra e venda com a massificação contratual Relação: vendedor-fornecedor X comprador-consumidor CONCEITO: “A compra e venda é contrato bilateral, oneroso e consensual mediante o qual o vendedor assume a obrigação de transferir bem ou coisa alienável e de valor econômico ao comprador, que por sua vez assume a obrigação de pagar o preço determinado ou determinável em dinheiro. ” Coisa Corpórea Incorpórea Características: É negócio jurídico bilateral, pois depende de 2 manifestações de vontades distintas No Direito Brasileiro e Português: O termo “compra e venda” é oriundo do direito romano, significando a vontade de um comprar e outro de vender; Em suma: “é um contrato bilateral no qual uma das partes (o vendedor) se compromete a transferir um objeto patrimonial ao patrimônio da outra parte (o comprador), em troca do qual esta promete o pagamento de uma soma e dinheiro”. Sistema Jurídico Brasileiro, com base no direito Romano: Compra e Venda não transfere a propriedade da coisa, mas obriga uma das partes a transferir a coisa a outro; Sistema Jurídico Francês: O contrato tem o poder de transferir o domínio da coisa Regra: contrato de execução instantânea, quando a prestação do comprador sucede à do vendedor) Exceção: contrato de execução continuada: contratos de fornecimento (água, luz, gás), a prestação de dar o preço é correspondente ao consumo realizado em cada período medido Obs.: Não é considerado contrato de compra e venda o de fornecimento de serviços Obs.: Contrato de execução continuada X Contrato com preço determinado dividido em várias parcelas CLASSIFICAÇÃO Contrato Bilateral Consensual Oneroso Comutativo Não solene (regra) Exceção: direitos reais sobre imóveis ELEMENTOS ESSENCIAIS DA COMPRA E VENDA: Obs.: se faltar qualquer um não é considerada compra e venda a) Consentimento- Autonomia da vontade b) Preço- deve ser certo, determinado ou determinável por terceiro através de taxa de mercado, índices, etc. Obs.: nos contratos de venda a prestação a correção monetária não afeta a certeza, pois não é alteração do valor, mas sim a atualização do valor à época do pagamento Preço determinável no futuro normalmente em contratos de execução duradoura: não é coisa futura, mas preço futuro Nomeação de um 3º para a declaração do valor: Pode ser nomeado no momento da celebração do contrato ou no futuro, no tempo e condições estabelecidos no contrato. Deve ser consensual a nomeação do 3º para não configurar nulidade do contrato. Fixação do preço: pode ocorrer de acordo com taxa de determinado mercado, bolsa de valores (Art. 488). Na omissão do preço no contrato prevalece o preço corrente nas vendas habituais do vendedor Aceitação tácita de aceitação do preço corrente: Praticados no mercado, sem preço não há compra e venda, pode ser troca e o preço deve ser fixado entre as partes. Se arbitrado unicamente por uma das partes o contrato será considerado nulo (Art. 122, CC) Pagamento com dação: Doutrina entende que não perde a característica de compra e venda se parte menor do preço for paga em dação, pode ser considerado contrato misto Preço: dinheiro nacional, quando venda internacional admite-se moeda estrangeira Preço irrisório: Simulação de doação c) Coisa (Art. 166, CC) – nulidade do Negócio Jurídico Objeto Ilícito- Ex.: venda de veículo com chassi adulterado Impossível- Ex.: venda de veículo que não é dono Obs.: venda de loteamento irregular tem julgados como objeto ilícito e impossível Indeterminável- Ex.: contrato desportivo com o termo “direitos econômicos” de forma geral Fora do comércio (ex.: cláusula de inalienabilidade)por força de lei-Ex.: arts. 496 e 497. Se o bem deixou de existir antes da conclusão do contrato VENDA AD CORPUS E AD MENSURAM Venda atual e futura -Art. 481 e 482- Coisa + preço Obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador em pagar o preço · Em princípio – bem do vendedor · Exceção: venda de coisa alheia Coisa: Produto (direito do consumidor)-Art. 3º, §1º, CDC Objeto (código civil): Corpórea ou incorpórea Objetos materiais (EX: Casa, computador, celular, etc) Objetos imateriais (EX: Direitos intelectuais, autorais) Objeto específico Objeto genérico (EX: 30 caixas de cerveja (sem dizer a marca, ou, 5 lotes de terreno, sem especificar qual) Objeto presente Objeto futuro Objeto Futuro Específico Objeto Futuro Genérico Fabricado em série pelo fabricante- Risco do fabricante Compra e Venda de objeto futuro com cláusula resolutiva: Exonera o comprador de pagar se a coisa não existir. Ex.: compra de bezerro quando ainda não nasceu. A RESPONSABILIDADE PELOS RISCOS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA Risco: perigo que recai sobre a coisa objeto da prestação, de perecer ou deteriorar-se por caso fortuito ou fora maior Art. 492, CC: Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. O vendedor assume o risco até a entrega da coisa, ou se o contrato estipula que o comprador assume o risco Perecimento do bem antes da entrega: comprador não precisa pagar o preço Perecimento parcial do bem antes da entrega: o comprador pagará o preço correspondente se lhe convier, e a coisa remanescente puder atender proporcionalmente às finalidades contratuais O risco se transfere ao comprador com a entrega da coisa, mesmo que não tenha havido a transferência de propriedade. Ex.: compra e venda com reserva de domínio Risco durante o transporte? Em regra: do vendedor. Exceção: do comprador, desde que tenha exigido a entrega e remessa em local distinto do contrato, ou se ele próprio for o transportador Se o comprador paga antes da entrega da coisa o preço não pode ser responsabilizado pelos riscos – o vendedor deve cumprir com sua obrigação. Ex.: desvalorização da moeda Se há a tradição antes do pagamento o comprador permanece assumindo os riscos pelo preço até o dia do seu pagamento Art. 492, §1º, CC – tradição simbólica- objeto já posto à disposição do comprador = Risco do comprador VENDA DE ASCENDENTE A ASCENDENTE Art. 496, CC – É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único – Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. Regra do art. 496, CC serve para bens móveis e imóveis, nem impede a venda de descendente a ascendente Venda de avô a neto? Se estiver na condição de herdeiro deve respeitar o art. 496 do CC Obs.: Maria Helena Diniz defende que a regra serve apenas para herdeiro direto, e portanto venda de avô para neto seria válida. A posição majoritária é de que serve a regra para qualquer descendente, mesmo que não de primeiro grau, com a finalidade de se evitar negócio jurídico simulado. Visa o art. 496 do CC proteger a legítima dos descendentes. No entanto há a possibilidade de o autor da herança deixar frações desiguais com a elaboração de testamento Forma da anuência: omissão do art. 496, CC Utilização do art. 220, CC – a anuência deve ser realizada no próprio documento de alienação Herdeiro menor ou nascituro: nomeação judicial de curador Falta de anuência sem motivo justo: requerimento judicial para suprir verificação do motivo, se for imotivada há decisão judicial suprindo a anuência expressa do descendente Venda feita sem anuência- Nulo ou anulável? Negócio Jurídico anulável (Súmula 494, STF – a ação para anular a venda de ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais, prescreve em vinte anos, contados da datado ato). AQUISIÇÃO DE BEM POR TUTOR, CURADOR, ADMINISTRADOR, EMPREGADO PÚBLICO, JUIZ, ETC Art. 497- Proibição visa evitar o aproveitamento desleal “Conflito entre o próprio interesse, o de fazer um bom negócio, e o interesse a elas confiado, de pugnar sempre pelo mais alto preço. Supõe-se então que, nessa contingência, optou pelo primeiro, o desejo de comprar mais barato, descurando-se, pois, do segundo e assim traindo a confiança das pessoas que haviam acreditando na sua diligência e honestidade” (Whashington de Barros Monteiro) A proibição é absoluta, ou seja, não poderá adquirir mesmo que pague o preço justo Mandatário ou Procurador pode comprar? Não há vedação, portanto podem comprar. VENDA EM CONDOMÍNIO Art. 504, CC – “Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Parágrafo único – Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários que a quiserem, depositando previamente o preço.” Efetivação da venda a terceiro: For comunicada previamente aos demais condôminos, for se dada preferência aos demais condôminos para aquisição da parte ideal, pelo mesmo valor que o estranho ofereceu. Os demais condôminos não exercerem a preferência dentro do prazo de 180 dias Se a coisa é divisível: possibilidade de venda a terceiro sem a anuência do condômino. Possibilidade de divisão do bem caso queiram Obs.: Herança é bem indivisível VENDAS ESPECIAIS Venda mediante amostra Art. 484, CC – “Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.” “Amostra é a reprodução integral da coisa vendida, com suas qualidades e características, apresentada em tamanho normal ou reduzido” (Carlos Roberto Gonçalves) Obrigações vendedor: entregar a coisa igual à amostra comprador: pagar o preço Se o vendedor não entregar a coisa igual à amostra considera-se inadimplemento – o comprador deve reclamar imediatamente sob pena de o silencia ser interpretado como tendo havido correta e definitiva entrega Precaução do comprador: Pedido de vistoria da mercadoria como medida preparatória para: ação de resolução contratual cumulada com perdas e danos; ou da ação para pedir abatimento do preço. art. 484, § único, CC – “prevalece a amostra, o protótipo ou modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato” “A amostra ou modelo é o meio prático e eficiente de evitar minuciosa descrição das características e qualidades da mercadoria ofertada.” (Carlos Roberto Gonçalves) Direito à Informação Contrato Estimatório (Venda em consignação) Arts. 534 a 537, CC Conceito: “é aquele em que uma pessoa (consignante) entrega bens móveis a outra (consignatária), ficando esta autorizada a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço ajustado previamente, se não preferir restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado”. (Carlos Roberto Gonçalves) Natureza Jurídica: Compra e venda? Promessa de venda? Depósito? Mandato? Possui natureza jurídica própria Características: Exige a entrega da coisa Bem móvel Obrigação de restituir ou pagar o preço no fim do contrato Preço deve ser estimado no início do contrato Possui prazo determinado Transfere a posse ao consignatário Contrato Eletrônico ou Contrato Telemático Natureza Jurídica- Contrato inominado? Trata-se de uma nova forma de celebração do contrato. É uma nova maneira de expressar a autonomia da vontade. Fábio Ulhoa Coelho: “Com o comércio eletrônico, surge um novo canal de vendas, que, metaforicamente, foi equiparado a uma nova espécie de estabelecimento, que seria fisicamente inacessível: o consumidor ou adquirente devem manifestar a aceitação por meio da transmissão eletrônica de dados. Este novo canal de venda é o chamado estabelecimento virtual. Segurança Jurídica? Uniformização da legislação internacional? Aplicação de princípios contratuais Boa-fé Função social Reciprocidade Etc. CLÁUSULAS ESPECIAIS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA Retrovenda Arts. 505 a 508, CC CONCEITO: “A retrovenda é a cláusula especial do contrato de compra e venda, integrada pelos contratantes, mediante a qual se assegura o direito ao vendedor de comprar para si o imóvel vendido e sujeita o comprador ao dever de vende-la àquele, dentro do prazo fixado.” (Paulo Lôbo) NATUREZA JURÍDICA: Pacto Acessório. Se a cláusula for nula não afeta o contrato principal PRAZO PARA EXERCER O DIREITO: 3 anos (decadencial) É direito real e não direito real – o registro gera efeito erga omnes, sendo oponível a terceiros que adquiram o imóvel do comprador (Art. 507, CC). REQUISITOS PARA RETROVENDA: Compra e venda de coisa imóvel Cláusula especial assegurando ao vendedor o direito de recomprar a coisa Não ter função de garantia de crédito Exercício do direito pelo vendedor, dentro do prazo Restituição do preço recebido ao comprador Transmissibilidade Não admite lucro, necessita de restituição dos valores e reembolso dos custos Simulação Contrato de mútuo- Venda simulada (escritura + registro) incluindo cláusula de retrovenda no prazo que seria de pagamento do empréstimo, sendo que se não pagar não terá restituído o imóvel Pluralidade de pessoas com o direito de retrovenda (Art. 508, CC) Venda a Contento ou Sujeita a Prova (Arts. 509 a 512, CC) CONCEITO: “A venda a contento é a que depende da manifestação do agrado do potencial comprador sobre a coisa que lhe foi entregue pelo vendedor.” (Paulo Lôbo). É utilizada mais comumente no ramo alimentício, bebidas e roupas sob medida A tradição não transfere o domínio, mas apenas a posse A venda possui condição suspensiva A compra e venda só se aperfeiçoa com a manifestação do agrado do comprador A manifestação deve ser expressa Venda a contento X Venda com cláusula resolutiva Na venda com cláusula resolutiva a venda se efetiva com a tradição, podendo ser resolvida com a manifestação do desagrado do comprador Prazo para manifestação: Pactuado entre as partes. Se não tiver expresso o vendedor pode notificar para que o comprador pague em prazo improrrogável (Art. 512, CC) Preferência ou Preempção (Arts. 513 a 520, CC) CONCEITO: “No contrato de compra e venda, a preferência é a cláusula estipulada pelas partes contratantes mediante a qual fica assegurado ao vendedor o direito de adquirir a coisa quando o comprador pretende vendê-la a terceiro, pelo preço e condições que este oferecer.” (Paulo Lôbo) Preferência Legal: venda em condomínio de bem indivisível Convencional: preferência dos arts. 513 a 520, CC Retrovenda x Preferência RETROVENDA PREFERÊNCIA Arts. 505 a 508, CC Arts. 513 a 520, CC Bem imóvel Bem móvel ou imóvel O vendedor exige o cumprimento para readquirir o bem, independente da vontade do comprador O vendedor possui o direito de adquirir o bem no caso de o comprador decidir vender o bem Não há terceiro Igualdade com terceiros CARACTERISTICAS: É personalíssimo: somente pode ser exercido pelo vendedor; Não pode ser transmitido a terceiro (inter vivos ou causa mortis)- art. 520, CC Pode ser utilizado diversos outros contratos (ex.: locação); Pode ser exercido também em caso de dação em pagamento; Bens móveis, imóveis, materiais e imateriais. PRAZO: art. 513, § único, CC (prazo decadencial). Pode ser pactuado Bem móvel: máximo de 180 dias Bem imóvel: máximo 2 anos Passado o prazo o comprador poderá vender a quem desejar PRAZO PARA MANIFESTAR INTERESSE: art. 516, CC Bem móvel: 3 dias Bem imóvel: 60 dias FALTA DE NOTIFICAÇÃO PARA O DIREITO DE PREFERÊNCIA: art. 518,CC: Em caso de prejuízo responderá por perdas e danos, e o adquirente de má-fé responde solidariamente. DIREITO DE PREFERÊNCIA A 2 OU MAIS PESSOAS Compra e venda originária com 2 ou mais vendedores Exercício de preferência a todos na totalidade do bem Entendimento doutrinário: se os vendedores condôminos desejarem exercer o direito de preferência poderão readquirir cada um sua quota parte inicial RETROCESSÃO: art. 519, CC Desapropriação que não teve o bem a utilização a que era destinada. O expropriado poderá exercer seu direito de preferência pelo preço atual da coisa. Preço atual? “Preço atual não significa preço do mercado, que flutua em razão de vários fatores, para mais ou para menos. Para os fins da norma, significa preço atualizado, aplicando-se índices oficiais e reconhecidos, a partir do valor da indenização paga e mais os prejuízos que porventura tenham decorrido da desapropriação e imissão de posse do expropriante. A solução de preço de mercado poderia redundar em enriquecimento sem causa do expropriado.” (Paulo Lobo) Obs.: não cabe retrocessão em caso de ter sido terreno expropriado com a finalidade de construção de escola e acabou por ser utilizado para construção de outro com finalidade pública também. Obs. 2: os tribunais não têm dado direito de retrocessão em caso de expropriação, sendo resolvido em perdas e danos. Venda com Reserva de Domínio (Arts. 521 a 528, CC) CONCEITO: “A venda com reserva de domínio constitui modalidade especial de venda de coisa móvel, em que o vendedor tem a própria coisa vendida como garantia do recebimento do preço. Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanece com o alienante e só passa àquele após o recebimento integral do preço.” (Carlos Roberto Gonçalves) ELEMENTOS: Compra e venda a crédito Bem individualizado e infungível Transferência de posse ao comprador Pagamento do preço da forma estipulada, de forma parcelada Obrigação do vendedor de transferir o domínio ao comprador assim que complete o pagamento do preço Venda com Reserva de Domínio x Alienação Fiduciária Na alienação fiduciária há uma instituição financeira que intermedia a relação entre comprador e vendedor Risco pelo comprador a partir da transferência de posse (Art. 524, CC) Inadimplência do comprador- Art. 526, CC – executar os valores pendentes; ou recuperar a posse da coisa vendida Art. 527, CC – em recuperando a posse da coisa o vendedor poderá reter para si os valores de depreciação, despesas e o que mais devido, devolvendo o restante ao comprador Venda sobre Documentos (Arts. 529 a 532, CC) Muito utilizado em compra e venda internacional, mas pode ser também no comércio nacional; Finalidade: maior agilidade Bens móveis Art. 529, CC – a tradição é substituída pela entrega do documento. Com a entrega do documento: Vendedor: pode exigir o preço Comprador: pode exigir a entrega do produto Risco do perecimento pelo comprador Pacto Comissório: Cláusula que resolve o contrato caso o comprador deixe de cumprir suas obrigações no prazo estipulado. Cláusula resolutiva Pacto de Melhor Comprador: Cláusula que estipula que a compra e venda será desfeita se dentro de um prazo não superior a 1 ano existir oferta superior à do comprador. Cláusula resolutiva. Possui prazo decadencial. DOAÇÃO CONCEITO: art. 538, CC- “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.” SUJEITOS: Doador- Capacidade jurídica Donatário- Capacidade jurídica Nascituro com representação – art. 542, CC Incapazes com representação – art. 543, CC Prole eventual de determinado casal – art. 546, CC Cônjuge com outorga uxória – art. 1647, IV, CC Pessoas jurídicas Obs.: Doação de cônjuge adultero – Art. 550, CC (Anulável pelo cônjuge ou por herdeiros necessários) CARACTERÍSTICAS: Natureza contratual Animus donandi – intenção de fazer uma liberalidade Transferência do bem para o patrimônio do donatário A aceitação do donatário CONTRATO Unilateral – somente cria obrigação para uma das partes Gratuito- Pode ser oneroso se houver imposiçãoFormal – art. 541, CC Formal- Admite-se como não formal quando for bem móvel de pequeno valor – art. 541, § único, CC Transferência de propriedade – a doação se opera com a entrega da coisa (Art. 538, CC) ACEITAÇÃO Expressa Tácita Presumida Fixação de prazo para o donatário declarar aceitação: silêncio significa aceitação – art. 539, CC Doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa e o casamento se realiza – art. 546, CC RESTRIÇÕES Parte Disponível Limitação a 50% do patrimônio- Art. 544, CC – doação de ascendente para descendente Pode ser considerada como adiantamento de legítima Subsistência: Não se pode doar tudo o que tem. Deve-se resguardar o necessário à subsistência Art. 548, CC Insolvência – art. 158, CC- Credores poderão requerer a anulação da doação se o doador for insolvente PRAZO DA DOAÇÃO: art. 545, CC DOAÇÃO É ATO INTER VIVOS OBJETO DA DOAÇÃO: objetos que esteja dentro do comércio. Bens móveis e imóveis; Materiais e imateriais Consumíveis e inconsumíveis PROMESSA DE DOAÇÃO Divergência da doutrina quanto à exigibilidade da promessa Inexigível – por ser mera liberalidade. Ex.: Caio Mário Exigível – por ser a liberalidade exercida no ato da promessa. Ex.: Washington de Barros Monteiro ESPÉCIES DE DOAÇÃO (principais) Pura e Simples ou típica- O doador não impõe nenhum encargo ao donatário. É liberalidade pura e não subordina a sua eficácia a qualquer condição Onerosa, modal, com encargo ou gravada- O doador impõe ao donatário um dever. Ex.: doação feita a um município com a exigência que seja construída uma escola (Arts. 553, 555 e 562, CC) Condicional-Doação com efeito suspensivo (“se”). Ex.: darei um carro ao meu filho se meu filho terminar a faculdade Com termo -Tempo determinado, propriedade resolúvel. Doação de um imóvel por tempo determinado, após aquele tempo passa a outro já indicado ou retorna ao doador Com reversão- Aquela que cessa com a morte do donatário (Art. 547, CC). É cláusula resolutiva. Não transmite aos herdeiros do donatário, e sim retorna ao patrimônio do doador REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO Art. 555, CC Inexecução do encargo Ingratidão Art. 557, CC Obs.: O termo revogação é incorreto, deveria ser anulação, rescisão ou resolução Vícios do negócio jurídico: como negócio jurídico está sujeita aos vícios dos negócios jurídicos (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores), bem como capacidade dos agentes, objeto e forma. Prazo de 01 ano para requerer a revogação São irrevogáveis Art. 564, CC PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CONCEITO art. 594, CC: Atualmente a prestação de serviços encontra-se esvaziada, devido: Direito do Trabalho: quando há habitualidade, dependência econômica e subordinação, há a caracterização da prestação de serviços no dir. do Trabalho; Empreitada-CC 2002: esvaziou muito o instituto, com a saída dos contratos de transporte e mandato. Hoje eles se referem mais a empresas de telecomunicações e profissionais liberais. ELEMENTOS: a) Objeto: b) Remuneração ou retribuição: CC arts. 594, 596 e 597. c) Prazo: máximo de 4 anos. Possibilidade de renovação após o vencimento do período de 4 anos Obs.: Art. 599, CC – notificação para resolução do contrato CLASSIFICAÇÃO: a) Bilateral ou sinalagmático: pois gera obrigações e deveres para ambos os contratantes; b) Oneroso ou (redutíveis em dinheiro): aqueles dos quais ambas as partes visam obter vantagens ou benefícios patrimoniais, impondo-se encargos reciprocamente em benefício uma da outra. c) Comutativos: as prestações de ambas as partes são de antemão conhecidas (certas e determinadas); d) De duração continuada; e) Consensual: se aperfeiçoa mediante acordo entre as partes f) Não solene: não há taxatividade obrigando formalidade HABILITAÇÃO DOPRESTADOR Art. 606, CC EXTINÇÃO: a) com a morte art. 607, CC- A inclusão de “morte” das partes, ressalta o caráter personalíssimo (intuitu personae) do contrato. b) Com justa causa: não há indenização do prestador; se paga o saldo em aberto, ressalvado ao prestador o direito a perdas e danos; c) Sem justa causa: deve-se pagar 50% da remuneração do prazo restante (art. 603). ALICIAMENTO: Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos CONTRATO DE COMODATO EMPRÉSTIMO CONCEITO: “Contrato pelo qual uma das partes entrega à outra coisa fungível ou infungível, com a obrigação de restituí-la”. (Carlos Roberto Gonçalves) ESPÉCIES: Comodato: empréstimo de uso- Coisa infungível Mútuo: empréstimo de consumo-Coisa fungível COMODATO – arts. 579 a 585, CC CONCEITO: Art. 579, CC – O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. ORIGEM: Latim: commodum datum- Coisa dada para cômodo e proveito daquele que recebe SUJEITOS Comodante: sujeito ativo (aquele que entrega a coisa) Comodatário: sujeito passivo (aquele que recebe a coisa) Não precisa ser proprietário para ser comodante, mas precisa ter a posse, salvo vedação contratual. Contrato de locação que veda transferência da posse a outro sem anuência do locador ELEMENTOS ESSENCIAIS Gratuidade Comodato x Locação Comodato de apartamento com responsabilidade de pagamento de impostos e taxa condominial: Se o empréstimo tiver contraprestação pecuniária será contrato inominado Obs.: contrato de comodato de equipamentos para venda exclusiva de produtos daquela marca (ex.: geladeira da coca-cola) não caracteriza remuneração ao comodato Infungibilidade do objeto Restituição da mesma coisa ao término Pode ser objeto: Materiais ou Imateriais, suscetíveis de uso e posse (Ex.: marca, patente de invenção, nome empresarial, etc) Tradição- É contrato real, pois se aperfeiçoa com a tradição Posse: · Direta: comodatário · Indireta: comodante Proteção da posse: ambos, pois são possuidores Art. 1197, CC Temporalidade Comodato x Doação Unilateral- Obrigação apenas ao comodatário Não solene- Recomendável por escrito (Art. 580, CC) Vedação de comodato se autorização judicial- Tutores, Curadores, Administradores (Inventariante, Testamenteiro, Depositário, Síndico de falência, etc) Não há subcomodato Contrato baseado na confiança PROMESSA DE COMODATO Art. 579, CC impossibilita em razão da necessidade de tradição para realização DIREITOS DO COMODATÁRIO: Uso e gozo da coisa DEVERES DO COMODATÁRIO: Conservar a Coisa- Deve conservar a coisa como se sua fosse, Não pode alugar nem emprestar sem consentimento e Benfeitorias (a princípio deveria ter direito à indenização das benfeitorias úteis e necessárias – art. 1219, CC) - Jurisprudência: só poderá cobrar os gastos urgentes e necessários. Mesmo que haja consentimento não há indenização para melhor uso e gozo do comodatário Art. 583, CC – deverá o comodatário dar preferência na preservação do bem em comodato que os de sua propriedade. Mesmo que em caso fortuito e força maior responde pelos riscos: Dolo ou Culpa. Não responde: · Caso fortuito · Força maior · Uso normal · Ação do tempo Art. 585, CC – solidariedade entre comodatários Usar a coisa de forma adequada- Se o contrato não estipular o uso deve se dar pela natureza da coisa. Ex.: se o automóvel é para uso em curtos trechos não poderá ser usado para viagens A conduta do comodatário deve respeitar a boa-fé – art. 422, CC, Caso contrário incide no art. 187, CC – ato ilícito. Restituir a coisa- Hipóteses: · Fim do prazo estipulado · Término da necessidade para o uso Empréstimo de trator para plantio, quando termina o plantio acaba a necessidade do empréstimo- Negativa de restituição: Ação de Reintegração de Posse Pode cumular com pagamento de aluguel arbitrado e responde pelo risco durante o atraso Art. 582, CC-Aluguel é entendido como “perdas e danos” Art. 581, CC – exceção para comodante pedir a restituição antes do prazo · Necessidade imprevista e urgente Reconhecimento do juiz OBRIGAÇÕES DO COMODANTE: Em regra não há obrigações, mas como exceções podem surgir: Despesas extraordinárias e urgentes que excedam o uso comum da coisa Indenizar em caso de vício oculto que ele tinha conhecimento e dolosamente não preveniu o comendatário Receber a coisa no fim do prazo do comodato ·Recusando: comodatário ajuíza ação de consignação em pagamento DIREITOS DO COMODANTE: Exigir: 1)Conservação da coisa 2) Uso conforme sua destinação 3)Que o comodatário efetue os gastos ordinários para conservação, uso e gozo 4)Restituição findo o prazo ou presumido 5)Arbitrar e cobrar aluguel como penalidade EXTINÇÃO DO COMODATO: Decurso do prazo ou pelo fim da necessidade Resolução: Descumprimento de obrigação do comodatário Sentença: Provada a necessidade imprevista e urgente do comodante Morte do comodatário: A regra é que o comodato é personalíssimo Resilição unilateral: Contrato indeterminado · Comodante notifica para comodatário devolver o objeto · Comodatário restitui a coisa, deposita judicialmente Perecimento do objeto: Culpa do comodatário responde por perdas e danos. Notificado não devolve responde o comodatário. Caso fortuito ou força maior: responde o comodatário · Exceção: art. 583, CC Comodatário preferiu preservar seus objetos abandonando o do comodante CONTRATO DE MÚTUO arts. 586 a 592, CC CONCEITO: empréstimo de coisa fungível pelo qual o mutuário obriga-se a restituir coisa de mesmo gênero, quantidade e qualidade (Art. 586, CC) SUJEITOS: Mutuante: proprietário que transfere a coisa Mutuário: aquele que recebe a coisa Art. 587, CC – riscos por conta do mutuário – tradição. Há a transferência do domínio, e não apenas da posse O mutuário não devolve: Mesmo bem- Seria comodato Outro bem- Seria permuta Quantia em dinheiro- Seria compra e venda Deve devolver coisa da mesma espécie Bens fungíveis e consumíveis (Arts. 85 e 86, CC) COMODATO Empréstimo de consumo Empréstimo de uso Coisas fungíveis Coisas infungíveis Mutuário não devolve a mesma coisa, mas sim da mesma espécie, qualidade e quantidade Obrigação do comodatário de devolver a mesma coisa no término do contrato Transferência do domínio Transferência da posse, sem domínio Permite alienação da coisa Não permite alienação da coisa CARACTERÍSTICAS: Contrato Real- Aperfeiçoamento com a entrega da coisa com plena disposição Contrato Gratuito: regra Mútuo Oneroso: Mútuo Feneratício- empréstimo de dinheiro com estipulação de juros No CC/16 a onerosidade deveria ser expressa No CC/02 – art. 591, CC Contrato Unilateral- Com a transferência ao mutuário não há mais obrigações ao mutuante Contrato Não-solene Contrato Temporário- Se for perpétuo será doação (Art. 592, CC) REQUISITOS SUBJETIVOS Mutuante: proprietário e possuir capacidade Mutuário: capacidade Art. 588, CC - O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. Art. 589, CC - Cessa a disposição do artigo antecedente: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; · Autorização do representante ou assistente · Ratificação quando atinge maioridade II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; · Alimentos no sentido amplo Naturais: necessários para subsistência Civis: condição social Educação Vestuário Assistência médica Etc III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV- se o empréstimo reverteu em benefício do menor; · Veda o enriquecimento sem causa V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. · Art. 180, CC · Art. 1.691, CC MÚTUO BANCÁRIO: Código Civil x Código de Defesa do Consumidor O CDC incluiu expressamente as atividades bancárias e financeiras no conceito de serviço · Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. · § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. · § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. § Súmula 297 do STJ – “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras” OBRIGAÇÕES Mutuante: entregar a coisa, vícios ou defeitos da coisa de que tinha conhecimento e não informou o mutuário Mutuário: Restituir no prazo estipulado coisa na mesma quantidade e qualidade, ou pagar seu valor. O valor deve ser com base naquele de quando o mutuário recebeu o objeto MANDATO (arts. 653 a 692, CC) CONCEITO: “Mandato é encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e nosso nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente à nossa pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado”. (Roberto de Ruggiero) Sinônimo de procuração Mandante / representado Mandatário / representante Mandato ≠ Mandato Obs.: contrato de prestação de serviços de advogado = prestação de serviço + mandato CARACTERÍSTICAS Personalíssimo Consensual Não solene- Salvo nos casos determinados em lei (ex.: procuração) Art. 656, CC: mandato verbal ou tácito Gratuito – regra Unilateral – regra Obs.: se tiver remuneração será bilateral e oneroso QUEM PODE OUTORGAR MANDATO Art. 654, CC Art. 692, CC – procuração judicial QUEM PODE RECEBER MANDATO: Todos com capacidade ou Menor relativamente incapaz – art. 666, CC ESPÉCIES Tácito ou expresso- Tácito: admissível nos casos em que a lei não exija ser expresso Verbal ou escrito- Verbal: admissível nos casos em que a lei não exija ser escrito Gratuito ou oneroso Judicial ou extrajudicial Simples ou Empresário-Empresário: atenção ao art. 966, CC Geral ou Específico- Específico: um ou mais negócios determinados Geral: todos os atos do mandante Obs.: art. 661 só confere poderes de administração PLURALIDADE DE MANDATÁRIOS – art. 672: Presunção de solidariedade SUBMANDATO OU SUBSTABELECIMENTO: Mandatário transfere poderes para 3º, com reserva ou sem reserva. ACEITAÇÃO DO MANDATO – art. 659, CC: Tácita ou Expressa OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO: Agir em nome do mandante dentro dos poderes conferidos na procuração Atuar com Diligência Indenizar quando agir com culpa Prestar contas OBRIGAÇÕES DO MANDANTE: Satisfazer as obrigações assumidas pelo mandatário Adiantar as despesas necessárias à execução do mandato EXTINÇÃO DO MANDATO – art. 682, CC: Revogação ou renúncia- Resilição unilateral · Ato do mandante: revogação · Ato do mandatário: renúncia Revogação total ou parcial Morte ou interdição de uma das partes- Obs.: art. 689, CC Mudança de estado que inabilitem a execução- Ex.: mudança de capacidade (outorgou era capaz e agora é incapaz) Término do prazo ou pela conclusão do negócio
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