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IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS CRISTALINOS Aula03 – 06/10/2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CURSO DE BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA MATÉRIA: CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS PROFESSOR: LUIS VENANCIO PROGRAMA DA DISCIPLINA 1. Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais. 2. Estrutura dos materiais: arranjos atômicos e iônicos. 3. Fundamentos de cristalografia. 4. Imperfeições em sólidos cristalinos. 5. Diagrama de fases 6. Polímeros, materiais compósitos e nano estruturados. 7. Propriedades dos materiais. 8. Seleção de materiais. DATA DESCRIÇÃO 06-Sep Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais 13-Sep Estrutura dos Materiais: Arranjos atômicos e Iônicos 15-Sep Estrutura dos Materiais: Arranjos atômicos e Iônicos 20-Sep Fundamentos de Cristalografia 22-Sep Exercícios 27-Sep Exercícios 29-Sep Avaliação 1 04-Oct Cancelada 06-Oct Imperfeições em Sólidos Cristalinos 11-Oct Diagramas de Fases 13-Oct Polímeros, Materiais Compósitos e Nanoestruturados 18-Oct Exercícios 25-Oct Exercícios 27-Oct Exercícios 01-Nov Avaliação 2 03-Nov Propriedades dos Materiais 08-Nov Fratura, Fadiga e Fluência 10-Nov Cerâmicas 17-Nov Seleção de Materiais 22-Nov Seleção de Materiais 24-Nov Seleção de Materiais 29-Nov Seleção de Materiais 01-Dec Avaliação 3 06-Dec Revisão 13-Dec Reposição 15-Dec Revisão 20-Dec Final 22-Dec Revisão Imperfeições nos sólidos • Quais os tipos de defeitos podem ser encontrados nos sólidos? • O número de defeitos e o tipo de defeito podem ser controlados? • Como os defeitos afetam as propriedades dos materiais? • Os defeitos são indesejáveis? Pontos para direcionamento O QUE É UM DEFEITO? IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS Sólidos não são perfeitos em sua microestrutura: muitas propriedades estão relacionadas com estes defeitos; freqüentemente defeitos são induzidos propositalmente nos materiais. É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade na posição dos átomos ou no tipo de átomos O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado DEFEITOS INTRODUÇÃO SELETIVA CONTROLE DO NÚMERO ARRANJO Permite desenvolver e criar novos materiais com a combinação desejada de propriedades IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS - IMPORTÂNCIA IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS Exemplos de efeitos da presença de imperfeições o O processo de dopagem em semicondutores visa criar imperfeições para mudar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material o A deformação mecânica dos materiais promove a formação de imperfeições que geram um aumento na resistência mecânica (processo conhecido como encruamento) o Fósforo e Boro são exemplos de dopantes acrescentados aos cristais de silício puro, com o objetivo de ajustar as propriedades elétricas para aplicações eletrônica. Defeitos Pontuais Vazios e Intersticiais Vazios Intersticiais S u b st it u ci o n a is • Vazios: sítios atômicos vagos na estrutura cristalina • Intersticiais: átomos extras ocupando posições entre os sítios atômicos • Substitucionais: átomos de elementos “estranhos” inseridos na rede cristalina kT Q NN vv exp O número de lacunas em equilíbrio, para uma dada quantidade de material, aumenta em função da temperatura: Nv = Número de vazios N = Número de posições atômicas Qv = Energia de ativação T = Temperatura absoluta em kelvin k = Constante de Boltzman 1,38x10-23 J/átomo.K 8,62x10-5 ev/átomo.K LACUNAS Defeitos Pontuais AUTO-INTERTICIAIS Defeitos Pontuais Envolve um átomo extra no interstício (do próprio cristal) Produz uma distorção no reticulado, já que o átomo geralmente é maior que o espaço do interstício. A formação de um defeito intersticial implica na criação de uma vacância, por isso este defeito é menos provável que uma vacância AUTO INTERSTÍCIO LACUNA IMPUREZAS NOS SÓLIDOS Defeitos Pontuais Um metal considerado puro sempre tem impurezas (átomos estranhos) presentes 99,9999% = 1022-1023 impurezas por cm3 A presença de impurezas promove a formação de defeitos pontuais. Ligas: Átomos de impurezas são adicionados intencionalmente a uma estrutura cristalina formada por outro átomo para gerar propriedades específicas aos materiais. Aumento da resistência mecânica Aumento da resistência à corrosão Aumento da condutividade elétrica ADIÇÃO DE ELEMENTOS DE LIGA Soluções sólidas % elemento < limite de solubilidade Segunda fase % elemento > limite de solubilidade A solubilidade depende : Temperatura Tipo de elemento (ou impureza) Concentração do elemento (ou impureza) Termos importantes Elemento de liga ou Impureza - soluto (< quantidade) Matriz ou Hospedeiro - solvente (>quantidade) Fase - porção homogênea de um material com características físicas e químicas uniformes. SOLUÇÕES SÓLIDAS A estrutura cristalina do material que atua como matriz é mantida. Nas soluções sólidas as impurezas ou elementos de liga podem ser de dois tipos: Intersticial Substitucional SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os espaços dos interstícios Ocorre quando a impureza apresenta raio atômico bem menor que o hospedeiro Como os materiais metálicos tem geralmente fator de empacotamento alto as posições intersticiais são relativamente pequenas Geralmente, no máximo 10% de impurezas são incorporadas nos interstícios EXEMPLO DE SOLUÇÃO SÓLIDA INTERSTICIAL SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS Fe + C solubilidade máxima do C no Fe é 2,1% a 9100 C (Fe CFC). O C tem raio atômico bastante pequeno se comparado com o Fe rC= 0,071 nm= 0,71 A rFe= 0,124 nm= 1,24 A SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS POSIÇÕES INTERSTICIAIS NA CFC Existem 13 posições intersticiais (octaedros) 1 Centro do célula unitária 12 localizadas no centro das arestas SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS POSIÇÕES INTERSTICIAIS NA CFC Existem 8 posições intersticiais (tetraedros) Centro do tetraedro de coordenadas (1/4, 1/4, 1/4) SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS POSIÇÕES INTERSTICIAIS NA CCC Existem 18 posições intersticiais (octaedro) 6 Centro das faces posições (½, ½, 0) 12 Centro de arestas (½, 0,0) Existem 24 posições intersticiais (tetraedros) SOLUÇÕES SÓLIDAS INTERSTICIAIS POSIÇÕES INTERSTICIAIS NA CCC 4 tetraedros Para cada uma das seis faces SOLUÇÕES SÓLIDAS SUBSTITUCIONAIS SUBSTITUCIONAL ORDENADA SUBSTITUCIONAL DESORDENADA - átomos do solvente substituídos por átomos do soluto no reticulado; - a estrutura do solvente não muda, mas se deforma; As soluções sólidas substitucionais formam-se mais facilmente quando o elemento de liga (impureza) e matriz apresentam estrutura cristalina e dimensões eletrônicas semelhantes FATORES QUE DETERMINAM A FORMAÇÃO DE SOLUÇÕES SÓLIDAS SUBSTITUCIONAIS Raio atômico deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase. Estrutura cristalina mesma Eletronegatividade próximas Valência mesma ou maiorque a do hospedeiro SOLUÇÕES SÓLIDAS SUBSTITUCIONAIS EXEMPLO DE SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTICIONAL Cu + Ni são solúveis em todas as proporções Cu Ni Raio atômico 0,128nm=1,28 A 0,125 nm=1,25A Estrutura CFC CFC Eletronegatividade 1,9 1,8 Valência +1 (as vezes +2) +2 SOLUÇÕES SÓLIDAS X PROPRIEDADES MECÂNICAS A presença de solutos altera o comportamento mecânico dos metais, sendo que: - diferença entre tamanhos atômicos leva ao aumento da resistência mecânica - aumento da quantidade de soluto leva ao aumento da resistência mecânica - exemplos: - liga Cu-Zn: aumento pequeno - tamanhos atômicos próximos. - liga Cu-Sn: aumento médio - tamanhos atômicos diferentes. - liga Cu-Be: aumento elevado – tamanhos atômicos diferentes DEFEITOS LINEARES: DISCORDÂNCIAS Definição São imperfeições que causam a distorção da rede cristalina em torno de uma linha e caracterizam-se por envolver um plano extra de átomos. Podem ser produzidas durante o crescimento do cristal ou na deformação plástica do cristal Classificação Discordância em cunha Discordância em hélice Discordância mista As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação (origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais) A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos materiais DISCORDÂNCIA EM CUNHA Envolve um Semi-plano extra de átomos O vetor de Burger é perpendicular à direção da linha da discordância Envolve zonas de tração e compressão O vetor de Burgers b equivale à distância necessária para fechar o contorno formado pelo mesmo número de átomos ao redor da discordância de aresta. O movimento da linha de discordância é paralelo ao da força de cisalhamento. (a) (b) (c) Discordância de aresta DISCORDÂNCIA EM CUNHA (ARESTA) DISCORDÂNCIA EM HÉLICE (ESPIRAL) Linha de discordância Vetor de Burgers b (a) (b) (c) Produz distorção na rede O vetor de Burger é paralelo à direção da linha de discordância Campo de tensões é simétrico e paralelo ao vetor de burger (não envolve componentes de tração ou compressão). O movimento da linha de discordância é perpendicular ao da força de cisalhamento. DISCORDÂNCIA EM HÉLICE (ARESTA) DISCORDÂNCIA MISTA A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser controlados pelo grau de deformação (conformação mecânica) e/ou por tratamentos térmicos Com o aumento da temperatura há um aumento na velocidade de deslocamento das discordâncias favorecendo o aniquilamento mútuo das mesmas e formação de discordâncias únicas Impurezas tendem a difundir-se e concentrar-se em torno das discordâncias formando uma atmosfera de impurezas. As discordâncias geram vacâncias As discordâncias influem nos processos de difusão DISCORDÂNCIAS – CONSIDERAÇÕES GERAIS DISCORDÂNCIAS – IMPORTÂNCIA Importantes em metais e ligas pois fornecem mecanismo para a deformação plástica (permanente). Movimentação das discordâncias (deslizamento) proporciona ductilidade aos metais. Podemos controlar as propriedades mecânicas de um metal ou de uma liga interferindo no movimento das discordâncias, para aumentar a dureza ou a ductilidade. As discordâncias também influenciam nas propriedades óticas e elétricas dos materiais. EXEMPLOS DE DISCORDÂNCIAS InSb (Ataque na discordância) Imagem HRTEM) DEFEITOS INTERFACIAIS CRISTAIS APRESENTAM DEFEITOS EM DUAS DIMENSÕES, QUE SE ESTENDEM AO LONGO DA ESTRUTURA, GERANDO IMPERFEIÇÕES DE SUPERFÍCIES: - SUPERFÍCIES EXTERNA - FALHAS DE EMPILHAMENTO - CONTORNOS DE GRÃO - MACLAS Envolvem fronteiras (defeitos em duas dimensões) e normalmente separam regiões dos materiais de diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas DEFEITOS INTERFACIAIS – Superfícies Externas Átomos na superfície não têm todas suas ligações satisfeitas e possuem maior energia livre que os átomos sob a superfícies; Área da superfície tende a minimizar; A superfície dos sólidos podem se “reconstruir” para satisfazer as ligações atômicas dos seus átomos. Superfície Externa DEFEITOS INTERFACIAIS – Contornos de Grãos Materiais policristalinos são formados por muitos cristais ou grãos, que têm diferentes direções cristalográficas; Nas regiões onde estes grãos se encontram ocorre um desordenamento atômico. Elas são chamadas de contorno de grão. A forma do grão é controlada: - pela presença dos grãos circunvizinhos O tamanho de grão é controlado - Composição química - Taxa (velocidade) de cristalização ou solidificação DEFEITOS INTERFACIAIS – Contornos de Grãos CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CONTORNO DE GRÃO Há um empacotamento ATÔMICO menos eficiente Há uma energia mais elevada Favorece a nucleação de novas fases (segregação) Favorece a difusão O contorno de grão ancora o movimento das discordâncias Aço inoxidável austenítico Aço carbono (1070) Ferrita e perlita Ferro fundido nodular Matriz ferrítica e nódulos de grafita DEFEITOS INTERFACIAIS – Maclas Uma macla separa duas regiões cristalinas que são, estruturalmente, imagens espelhadas uma da outra. Maclas podem ser causadas por deformações do material, causadas por tensões térmicas ou mecânicas. Impurezas. A macla ocorre num plano definido e numa direção específica, dependendo da estrutura cristalina DEFEITOS INTERFACIAIS – Maclas Maclas DEFEITOS VOLUMÉTRICOS OU DE MASSA Podem ser classificados como poros, fraturas ou inclusões: • Poros: podem modificar substancialmente as propriedades ópticas, mecânicas e térmicas de um material; • Fraturas: podem afetar as propriedades mecânicas do material; • Inclusões: podem modificar substancialmente as propriedades elétricas, mecânicas e ópticas de um material; poros Fases secundárias Inclusões Heterogeneidade (materiais multifásicos) Voltando às perguntas iniciais.... • Quais os tipos de defeitos podem ser encontrados nos sólidos? • O número de defeitos e o tipo de defeito podem ser controlados? • Como os defeitos afetam as propriedades dos materiais? • Os defeitos são indesejáveis? Material produzido pela Profa. Maria Eliziane Pires de Souza com modificações
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