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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 1 INSTAGRAM: @professoracristianedupret BAIXE O APLICATIVO NA APPSTORE OU PLAYSTORE E FIQUE POR DENTRO DE MUITAS DICAS: NOME DO APLICATIVO – CRISTIANE DUPRET INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: ESTATUTO DACRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 2ª. Edição. Cristiane Dupret, 2017, Editora IusPodium. Que tal iniciar ficando por dentro das últimas leis que alteraram o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90)? E vamos também analisar os enunciados do STJ que tratam da nossa disciplina. Para assistir vídeos e podcasts sobre nosso conteúdo, baixe gratuitamente o aplicativo Cristiane Dupret na AppStore ou GooglePlay. Para baixar, leia o QRCode acima. Leis importantes recentes que alteraram o ECA: • Lei 12955/14 - Acrescenta § 9o ao art. 47 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer prioridade de tramitação aos processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. • Lei 12962/14 – Dispõe sobre direitos de crianças e adolescentes filhos de pais privados da liberdade • Lei 13010/14 – Lei Menino Bernardo, vedando castigos físicos e tratamento cruel ou degradante • Lei 13046 / 14 – Obriga entidades a terem, em seus quadros, pessoal capacitado para reconhecer e reportar maus-tratos de crianças e adolescentes. Inclui os artigos 70 B, 94 A e o inciso XII no artigo 136 do ECA • Lei 13106/15 – Revoga a contravenção penal do artigo 63 da LCP e altera o artigo 243 do ECA • Lei 13257/16 – Lei da Primeira Infância • Lei 13306/16 – Atualiza o ECA de acordo com a EC 53/2006, para garantir creche e pré-escola até os cinco anos de idade • Lei 13.431/17 - Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 2 • Lei 13.436/17 – Altera o artigo 10 do ECA • Lei 13.438/17 – Inclui o parágrafo 5º no artigo 14 do ECA • Lei 13.440/17 – Altera o crime do artigo 244A , em seu preceito secundário (pena) • Leo 13.441/17 – Inclui no ECA a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de criança e de adolescente • Súmulas 108, 265, 338, 342, 383, 492 e 500 do STJ Vejamos os enunciados acima mencionados: Súmula 108: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela pratica de ato infracional, e da competência exclusiva do juiz. Súmula 265: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa. Súmula 338: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. Súmula 342: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente. Súmula 383: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda. Súmula 492: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 3 O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. Súmula 500: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. No que tange às alterações legislativas, importante destacar suas principais disposições: A Lei 12955/14 incluiu o parágrafo 9º no artigo 47, passando a prever que: Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. Dentre outras alterações, a Lei 12962/14 incluiu o parágrafo 2º no artigo 23 do ECA, estabelecendo que: A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. A lei 13010/14 alterou o artigo 18 do ECA. Vejamos: “Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 4 b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize.” “Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - advertência. Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.” A referida lei também incluiu no ECA o artigo 70A e alterou o artigo 13. Vejamos: Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 5 I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos; II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente; III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente; IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; V - a inclusão,nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção. Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Vejamos as alterações promovidas pela Lei 13046/14: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 6 Inclusão do artigo Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus- tratos praticados contra crianças e adolescentes. Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.” Inclusão do Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.” Alteração do Art. 136, incluindo seu inciso XX: XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. Comentaremos a Lei 13106/15 ao final da apostila, na parte referente aos crimes previstos no ECA. A lei 13.257/16 na tutela da primeira infância: A lei 13.257 entrou em vigor no dia 09 de março de 2016 e dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância, altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei no 12.662, de 5 de junho de 2012. Logo em seus artigos iniciais, a lei 13.257/16 conceitua a primeira infância como o período que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 7 Utilizando como base o artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 4º. do ECA. Ou seja, a ideia de prioridade absoluta, como integrante da base principiológica formadora do ECA, a lei reconhece o dever do Estado de estabelecer políticas, planos, programas e serviços para a primeira infância que atendam às especificidades dessa faixa etária, visando a garantir o desenvolvimento integral das crianças. De acordo com o artigo 4º da nova lei, as políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira infância serão elaboradas e executadas de forma a: atender ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã; incluir a participação da criança na definição das ações que lhe digam respeito, em conformidade com suas características etárias e de desenvolvimento; respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvimento das crianças e valorizar a diversidade da infância brasileira, assim como as diferenças entre as crianças em seus contextos sociais e culturais; reduzir as desigualdades no acesso aos bens e serviços que atendam aos direitos da criança na primeira infância, priorizando o investimento público na promoção da justiça social, da equidade e da inclusão sem discriminação da criança; articular as dimensões ética, humanista e política da criança cidadã com as evidências científicas e a prática profissional no atendimento da primeira infância; adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por meio de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e as crianças, no aprimoramento da qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços; articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e integrado; descentralizar as ações entre os entes da Federação e promover a formação da cultura de proteção e promoção da criança, com apoio dos meios de comunicação social. Ao estabelecer as políticas públicas, a lei considera algumas áreas como prioritárias: a saúde, a alimentação e a nutrição, a educação infantil, a convivência familiar e comunitária, a assistência social à família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de pressão consumista, a prevenção de acidentes e a adoção de medidas que evitem a exposição precoce à comunicação mercadológica. Neste último aspecto, é interessante trazer à baila recente julgado do STJ, o Recurso Especial 1558086, de relatoria do Ministro Humberto Martins, julgado no dia 10 de março de 2016, por unanimidade. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação da empresa dona da marca Bauducco por campanha publicitária de alimentos considerada abusiva por ser direcionada às crianças e por ser caracterizada como venda casada. Foi mantida a decisão do Tribunal de Justiça Paulista, em Ação Civil Pública. O caso foi considerado paradigmático. Foi reconhecida publicidade abusiva duas vezes: por ser direcionada à criança e no que tange a produtos alimentícios. Não se trata de paternalismo sufocante e nem de moralismo demais, mas o contrário: significa reconhecer que a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. Nenhuma empresa comercial ou outras tem o direito constitucional legal assegurado de tolher a autoridade e bom sendo dos pais. O acórdão recoloca a autoridade dos pais. Apenas nesse sentido pode ser paternalista, colocando os pais na posição que eles precisam assumir. Decisão sobre alimento ou sobre medicamento não é para ser tomada pelos fornecedores. Eles podem oferecer os produtos, mas sem tirar a autonomia dos pais, sem dirigir os anúncios às DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 8 crianças. Foi considerada a conduta como uma aberração, pois a criança não tem como completar o negócio jurídico, mas tem como utilizar pressão sobre os pais, sofrer bullyng dos colegas que fizeram a aquisição, dentre vários outros aspectos maléficos. A publicidade foi reconhecida, portanto, como abusiva. Foi ainda criticada a campanha, sob a nomenclatura de “gulosos”, pois no momento em que se sofre uma crise de obesidade, causando espanto uma publicidade que possa justamente fomentar a obesidade, a gula. No julgamento, foi estabelecida uma comparação com a indústria de cigarro, para se demonstrar a superação de alguns argumentos pró liberdade nas campanhas de publicidade. A indústriaalimentícia precisa ter a percepção de que argumentos semelhantes estão ultrapassados. Também foram superados os argumentos de inexistência de dano ou de risco. Foi ressaltado que esse não é o único valor a ser tutelado pelo CDC. Como ficaria a autonomia da vontade de uma criança? Além disso, a hipótese foi reconhecida como venda casada, já que a compra do relógio por R$ 5,00 estava condicionada à aquisição de produtos Bauducco. Desta forma, em síntese, foi reconhecida a dupla abusividade: Ofensa ao artigo 37, parágrafo 2º - Publicidade de alimentos dirigida à criança e ao artigo 39 do CDC, que veda a prática de venda casada. A lei 13.257 estabelece que o pleno atendimento dos direitos da criança na primeira infância constitui objetivo comum de todos os entes da Federação, segundo as respectivas competências constitucionais e legais, a ser alcançado em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Além disso, prevê a possibilidade de criação de comitê Inter setorial de políticas públicas para a primeira infância com a finalidade de assegurar a articulação das ações voltadas à proteção e à promoção dos direitos da criança, garantida a participação social por meio dos conselhos de direitos. O comitê será instituído nos respectivos âmbitos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No entanto, tal previsão não afasta a participação solidária da sociedade com a família e com o Estado na proteção e promoção da criança na primeira infância. O artigo 12 estabelece o rol exemplificativo das formas de participação: formulando políticas e controlando ações, por meio de organizações representativas; integrando conselhos, de forma paritária com representantes governamentais, com funções de planejamento, acompanhamento, controle social e avaliação; executando ações diretamente ou em parceria com o poder público; desenvolvendo programas, projetos e ações compreendidos no conceito de responsabilidade social e de investimento social privado; criando, apoiando e participando de redes de proteção e cuidado à criança nas comunidades e promovendo ou participando de campanhas e ações que visem a aprofundar a consciência social sobre o significado da primeira infância no desenvolvimento do ser humano. Fica ainda estabelecida prioridade nas políticas sociais públicas para as famílias identificadas nas redes de saúde, educação e assistência social e nos órgãos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente que se encontrem em situação de vulnerabilidade e de risco ou com direitos violados para exercer seu papel protetivo de cuidado e educação da DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 9 criança na primeira infância, bem como as que têm crianças com indicadores de risco ou deficiência. É destacada a necessidade de orientação e formação sobre maternidade e paternidade responsáveis, aleitamento materno, alimentação complementar saudável, crescimento e desenvolvimento infantil integral, prevenção de acidentes e educação sem uso de castigos físicos, direcionados à gestante às famílias com crianças na primeira infância. Torna-se necessária a complementação com a análise da Lei 13.010/14, que veda e define castigo físico e tratamento cruel ou degradante, além de estabelecer, no artigo 18B do ECA, medidas a serem aplicadas pelo Conselho Tutelar para aqueles que não observarem as vedações. No Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 13.257/16 realizou as seguintes alterações: 1) Foi incluído o parágrafo único no artigo 3º, para dispor que os direitos enunciados no ECA aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.. 2) No artigo 8º, o caput passa a estabelecer que é assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. A anterior redação mencionava apenas a garantia de atendimento pré e perinatal à gestante, através do Sistema único da Saúde. O parágrafo primeiro do referido artigo passa a dispor que “O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.” O parágrafo segundo passa a estabelecer que “Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. “. O parágrafo terceiro, também alterado, passa a dispor que “Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.” Com a alteração do parágrafo quinto, a assistência psicológica passa a ser direcionada também a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade.. Ainda no artigo 8º, foram incluídos os parágrafos 6º.a 10, para estabelecer que A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato; A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança; A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos; A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 10 abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto e que Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. 3) O art. 9o passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 1o e 2o: § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua. § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.” 4) No artigo 11, houve uma certa adequação para a preservação de um melhor diálogo de fontes entre o ECA e o Estatuto da pessoa com deficiência, Lei 13146/2015. Dessa forma, o artigo passa a ter a seguinte redação: É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitaçãoe reabilitação. § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário.” 5) No artigo 12 foram incluídas as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários para que também tenham o dever de propiciar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. 6) A redação do artigo 13 passa a estar adequada às expressões trazidas pela Lei 13010/14, intitulada como Lei Menino Bernardo, passando a dispor que “Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus- DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 11 tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.” O antigo parágrafo único, atual parágrafo primeiro passa a esclarecer que não haverá constrangimento no encaminhamento de gestantes ou mães que manifestem vontade de entregar seus filhos para adoção à Justiça da Infância e Juventude. O novo parágrafo segundo estabelece que “Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. “ 7) O art. 14 passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 2o, 3o e 4o, numerando-se o atual parágrafo único como § 1o: § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. § 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal. § 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.” 8) No artigo 19, a disposição que mencionava a criação da criança e do adolescente em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes foi retirada e substituída por “em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.” Ao parágrafo 3º foi dada nova redação: A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. 9) No artigo 22 foi incluído o parágrafo único, para estabelecer que a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos no ECA. 10) O artigo 23, que estabelece que A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar, tem nova redação em seu parágrafo primeiro: Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 12 apoio e promoção. Na comparação com a antiga redação, percebe-se a mera inclusão dos serviços oficiais de proteção, apoio e promoção, já que a antiga redação apenas fazia menção a programas. 11) O art. 34 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 3o e 4o: § 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. § 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora. 12) O artigo 87 prevê as linhas de ação da política de atendimento. O inciso II teve sua redação alterada. Na redação anterior, previa políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem. Atualmente, estabelece o inciso serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências. 13) O art. 88, que estabelece as diretrizes da política de atendimento , passa a vigorar acrescido de três novas diretrizes, que passam a estar previstas nos incisos VIII, IX e X: VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil; IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral; X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência. 14) O artigo 92, que estabelece princípios que devem ser adotados pelas entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional, passa a vigorar acrescido do parágrafo sétimo: § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias. 15) No rol das medidas de proteção, no artigo 101, o inciso IV deixa de prever a inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente para prever a inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 13 16) O artigo 102, que estabelece que as medidas de proteção serão acompanhadas da regularização do registro civil, passa a vigorar acrescido dos parágrafos 5º e 6º: ] § 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento depaternidade no assento de nascimento e a certidão correspondente.” 17) No rol das medidas aplicáveis a pais e responsáveis, no artigo 129, a medidas antes intitulada “encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família”, no inciso I passa a estar prevista como “encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família”; 18) Os §§ 1o-A e 2o do art. 260 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com a seguinte redação: § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. § 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. 19) Foi incluído o artigo 265 A: “O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação social. Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. Na Consolidação das Leis do Trabalho, foi alterado o artigo 473, para incluir mais duas hipóteses em que o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira e por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. Também foram alterados os artigos 1º, 3º, 4º. e 5º. da Lei 11770//08, que Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal. No artigo 1º foi incluída mais uma hipótese de prorrogação, a da licença DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 14 paternidade por 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) dias estabelecidos no § 1o do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, garantida ao empregado da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que o empregado a requeira no prazo de 2 (dois) dias úteis após o parto e comprove participação em programa ou atividade de orientação sobre paternidade responsável, sendo garantida, na mesma proporção ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança. O artigo 3º passa a garantir remuneração integral ao empregado, nesta hipótese. No entanto, o empregado, assim como a empregada não poderá, nesse período, exercer nenhuma atividade remunerada, e a criança deverá ser mantida sob seus cuidados, sob pena de perda do direito à prorrogação.Já o artigo 5º, que apenas se referia à empregada, passa a dispor que “A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido, em cada período de apuração, o total da remuneração integral da empregada e do empregado pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade e de sua licença-paternidade, vedada a dedução como despesa operacional.” No Código de Processo Penal, foram alterados os artigos 6o, 185, 304 e 318. No artigo 6 foi incluída mais uma providencia a ser tomada pela Autoridade Policial , logo que tiver conhecimento da prática da infração penal: colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Trata-se da inclusão do inciso X no referido artigo. Nas disposições relacionadas ao Interrogatório, foi incluído o parágrafo 10 no artigo 185, que passa a dispor que “Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa” O artigo 304 do CPP estabelece que “Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.” O referido artigo passa a vigorar acrescido do parágrafo 4º: Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Por fim, o artigo 318 passa a prever mais três possibilidades de substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar: Se o agente for gestante, mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos e homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. A última alteração promovida pela Lei 13.257/16 foi na Lei 12.662/12, que assegura a validade nacional à Declaração de Nascido Vivo - DNV, regula sua expedição, e altera a Lei no 6.015/73. O artigo 5º da lei 12.662 dispõe que os dados colhidos nas Declarações de Nascido Vivo serão consolidados em sistema de informação do Ministério da Saúde. Foram incluídos neste artigo os parágrafos 3º e 4º: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 15 § 3o O sistema previsto no caput deverá assegurar a interoperabilidade com o Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc). § 4o Os estabelecimentos de saúde públicos e privados que realizam partos terão prazo de 1 (um) ano para se interligarem, mediante sistema informatizado, às serventias de registro civil existentes nas unidades federativas que aderirem ao sistema interligado previsto em regramento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Já a Lei 13306/16 alterou o inciso IV do caput do art. 54, que passa a dispor sobre atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; assim como o artigo 208, III, que passa a dispor: Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade. Com essas disposições, o ECA passa a estar de acordo com a EC 53/2006, que deu nova redação ao Inciso IV do artigo 208 da Constituição Federal. Vejamos: Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; Na redação anterior, a idade era de seis anos. Também em decorrência da EC 53, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) já havia sido alterada pela Lei 12.796/13, que dentre várias alterações, aumentou em um ano o ensino fundamental (Que passou a se iniciar aos seis anos de idade), A educação básica será ministrada de forma gratuita e obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade, dividida em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Consoante a Lei de Diretrizes e Bases, a educaçãoinfantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Vejamos agora quais foram as alterações promovidas no Estatuto pelas leis de 2017: A Lei 13.431 de 4 de abril de 2017, possui o período de vacatio legis de um ano e estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 16 testemunha de violência, abrangendo como violência tanto a física quanto a psicológica, assim como a violência institucional. Segundo a referida lei, são formas de violência: I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; II - violência psicológica: a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional; b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este; c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a torna testemunha; III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda: a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro; b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico; c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação; IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou conveniada, inclusive quando gerar revitimização. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 17 A lei 13.431 trouxe mais uma possibilidade de proteção daqueles que já completaram a maioridade, pois prevê sua aplicação facultativa para as vítimas e testemunhas de violência entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos. Além de mencionar direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente, a lei dispõe sobre a escuta especializada e o depoimento especial, definindo como escuta especializada o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade. Já como depoimento especial o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária. Ambos serão realizados em local apropriado e acolhedor, com infraes- trutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência. Garante ainda que a criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento. O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos e em caso de violência sexual. Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. Dispõe a lei 13.431 que o depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento: I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais; II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos; III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de audiência, preservado o sigilo; IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, organizadas em bloco; V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da criança ou do adolescente; VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 18 Além de trazer um título sobre a integração das políticas de atendimento, dispondo sobre saúde, assistência social, segurança pública e justiça, a lei tipificou como crime a conduta de violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal, cominando pena de reclusão de 01 a 04 anos, além de multa. Pelo que é possível verificar, esta lei não é somente um diploma alterador. Na verdade, em termos de alteração legislativa, ela inclui um inciso no artigo 208 do ECA, que passa a vigorar acrescido do inciso XI (XI - de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.). De resto, a lei traz disposições autônomas, devendo ser observada nos procedimentos de depoimento especial e escuta especializada. Quanto à Lei 13.436, ela apenas incluiu no ECA um inciso no artigo 10, que prevê obrigações dos estabelecimentos de atenção à saúde da gestante. A partir da sua entrada em vigor, surge uma nova obri-gação para esses estabelecimentos: acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. Ainda tutelando vida e saúde, a Lei 13. 438 inclui oparágrafo 5º. no artigo 14, passando a dispor que sobre a obrigatoriedade de aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. A lei 13.440 realizou alteração curiosa no ECA, tendo em vista que modificou o preceito secundário de um tipo penal tido como tacitamente revogado pela doutrina majoritária. Trata-se do artigo 244A, que tipifica a conduta de submissão da criança ou adolescente à exploração sexual ou à prostituição. Ocorre que o artigo 218 B do Código Penal, incluído em 2009 pela lei 12.015 já teria abrangido a conduta antes prevista no ECA. Portanto, parece- nos mais acertado que a inclusão legislativa tivesse sido realizada neste último artigo. Passa a prever o preceito secundário do artigo 244 A do ECA que, além da pena privativa de liberdade, haverá a perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. Considerando o cenário antes existente, de aparente revogação tácita do artigo 244 A pelo artigo 218 B do Código Penal, que aliás, passou a ser crime hediondo com o advento da Lei 12.978/14, será necessário aguardar o cenário jurisprudencial e doutrinário para consolidação de entendimento acerca da alteração legislativa. A lei 13.441 passa a prever a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de criança e de adolescente. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 19 Foi incluído no ECA o artigo 190 A, que passa a dispor que: A infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto- Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras: I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas; III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. Foram incluídos no ECA também os artigos 190 B, 190 C, 190 D e 190 E. Vejamos o que dispõem os referidos artigos: Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.” “Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados.” DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 20 “Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efeti- vidade da identidade fictícia criada. Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será numerado e tombado em livro específico.” “Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório circunstanciado. Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. CONCEITOS IMPORTANTES DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL O ECA é regido pela Doutrina da Proteção integral e pelo princípio do melhor interesse do menor. Art.1º ECA – Doutrina da proteção integral – foi adotada no lugar da antiga doutrina que era o parâmetro do antigo código de menores (Lei 6697/79). O objetivo da antiga lei era tão somente tratar das situações dos menores infratores. Com a revogação dessa lei e com entrada em vigor do ECA consagra a adoção da doutrina da proteção integral e o ECA vai se dirigir a toda e qualquer criança e adolescente, ou seja, em situação regular ou situações de risco. Logo, fica superada a antiga doutrina da situação irregular CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 21 Art.2º do ECA – conceitua criança como pessoa que tem até 12 anos incompletos e adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos são incompletos. Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade, não sendo em regra, aplicado o ECA. Este apenas será aplicado excepcionalmente aos maiores de 18 anos, nos termos do que dispõe o parágrafo único do art. 2º. É o caso do previsto no art. 121, par. 5º . REGRAS DE INTERPRETAÇÃO O art. 6º do ECA traz as diretrizes para sua interpretação, o que acaba por consagrar a regra de que sempre deve ser observado o melhor interesse do menor, já que o ECA é formado por regras protetivas à criança e adolescente. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. SITUAÇÕES DE RISCO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO Situações de risco (art.98 do ECA) – as medidas de proteção são aplicadas sempre que os direitos previstos no ECA forem ameaçados ou violados: • Sempre que houver ação ou omissão do estado ou da sociedade; • Falta, abuso, omissão dos pais ou responsável; • Em razão de sua conduta. Cuidado para não confundir as medidas de proteção com as medidas socioeducativas. Vejamos abaixo um quadro esquemático com as principais distinções entre as medidas de proteção e as socioeducativas: Medidas de proteção Medidas Socioeducativas Destinatários Crianças e adolescentes Adolescentes Cabimento Situações de risco (art. 98) Prática de ato infracional (art.98, III) Rol Exemplificativo Taxativo Autoridade Competente art. 136, I, art. 148, III, e parágrafo único art. 148, I DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 22 Dessa forma, podemos estabelecer que as medidas de proteção previstas no artigo 101 podem ser aplicadas a qualquer criança ou adolescente que se encontreem situação de risco, sendo, em regra, o Conselho Tutelar a autoridade competente para sua aplicação, com exceção da colocação em família substituta e do acolhimento familiar. As regras relacionadas ao Conselho Tutelar sofreram algumas alterações pela Lei 12.696/12. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Medidas socioeducativas (art.112 do CP) Apenas o adolescente poderá receber medida socioeducativa, quando praticar ato infracional. Rol taxativo – o juiz não pode aplicar medidas sócioeducativas fora do rol do art.112. Autoridade competente para aplicar medidas socioeducativas – juiz da infância e juventude. As medidas socioeducativas são elencadas taxativamente no artigo 112. São elas: 1. Advertência; 2. Obrigação de reparar o dano; 3. Prestação de serviços à comunidade; 4. Liberdade assistida; 5. Inserção em regime de semiliberdade; 6. Internação em estabelecimento educacional; A mais importante delas, por ser a mais objeto dos julgamentos pelos nossos Tribunais, é a medida de internação. A internação é a medida socioeducativa que consome mais disposições do ECA, sendo tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida é privativa de liberdade e não comporta prazo determinado, mas comporta prazo máximo, ficando o adolescente internado em estabelecimento próprio para esse fim, não podendo permanecer internado em sede policial ou em estabelecimento prisional. A medida de internação é regida, consoante artigo 121, pelos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Passemos a analisar as disposições do ECA que buscam garantir a eficácia de tais princípios. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 23 Em apreço ao princípio da brevidade, a medida de internação, embora não tenha prazo determinado na sentença pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra, por um prazo máximo de três anos. Dizemos em regra porque o ECA prevê alguns outros prazos de grande importância. Dessa forma, existe a previsão no ECA dos seguintes prazos máximos: a) Três anos: prazo estabelecido pelo art. 121, par. 3º; b) 45 dias: prazo estabelecido no art. 108 para a internação provisória; c) Três meses: prazo estabelecido no par. 1º do art. 122, relativo à medida de internação sanção, pelo descumprimento de medida anteriormente imposta de forma injustificada e reiterada; d) Seis meses: prazo máximo estabelecido para a reavaliação da medida de internação. Com isso, podemos afirmar que a internação é medida privativa de liberdade que não comporta prazo determinado na sentença, mas que comporta prazo máximo de três anos para que o adolescente permaneça internado, desde que tenha sido reavaliada mediante decisão fundamentada no máximo a cada seis meses. A reavaliação é direito subjetivo do adolescente, sendo cabível a impetração de mandado de segurança para que ela seja realizada, pois possibilitará que o adolescente seja desinternado assim que a medida não se mostre mais necessária. Também tem sido aceita a impetração de habeas corpus e deferida a ordem para realização da reavaliação. Atingido o prazo máximo de três anos, o adolescente será liberado ou passará a cumprir medida de semiliberdade ou de liberdade assistida, caso a medida socioeducativa não tenha atingido sua finalidade. O prazo máximo de três anos deve ser analisado conjuntamente com a idade máxima permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante disposto no parágrafo 5º do artigo 121. Tal limite máximo de idade foi estabelecido pelo legislador justamente levando em conta o prazo máximo de três anos. Se não houvesse a possibilidade de aplicação da internação até os 21 anos, o adolescente que praticasse o ato próximo à data de completar a maioridade provavelmente não receberia a medida. O legislador pensou em atingir até mesmo o adolescente que deixasse para praticar o ato infracional no último momento antes de completar a maioridade. Criança pratica ato infracional? Art.105 do ECA – criança pratica ato infracional e a diferença será em relação as medidas aplicáveis. Criança não passa pelo procedimento estudado acima, deve ser encaminhada ao Conselho Tutelar, e só recebe medidas de proteção. INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 24 Infrações praticadas contra a criança e adolescente - se dividem em infrações penais e infrações administrativas. Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada. Infrações penais (art.228 até at.244-B); Infrações administrativas (art.245 em diante); Vejamos alguns dos crimes previstos no ECA: Crimes (alterados pela lei 11829/08) – art.240, 241–A/B/C/D/E. Quase todas as condutas descritas no art.240 e art.241 utilizam a expressão “cena de sexo explicito ou pornográfica”. Para ter crime tem que ter a elementar cena de sexo explicito ou pornográfica. Essa elementar é descrita pelo art. 241 E do ECA. Art.241-E – conceito restritivo e se não se encaixa no conceito não pode ter nenhum dos outros crimes acima. Foto de uma criança de lingerie em pose sensual não é crime, pois não se encaixa no conceito do art. 241E. Os crimes dos arts. 240 até 241D são tipos penais em branco, a serem necessariamente complementados pelo art. 241E. O legislador trouxe no art.241-E o conceito de cena de sexo explicito e de cena pornográfica definindo esta última como aquela em que aparecem os órgãos genitais da criança ou adolescente. Com isso, o legislador restringiu a aplicação de todos os tipos penais que mencionam tais expressões. Vender, expor a venda, oferecer, divulgar, publicar, adquirir, armazenar – qualquer conduta dessas está descrita no art.241, A/B/C/D do ECA, mas deverá ser complementada pelo artigo 241E. Atenção: O Art.241-D – só prevê criança e não adolescente. Aliciar é só criança. Se aliciar e praticar o ato é estupro de vulnerável (art. 217A do Código Penal) Art.244-B do ECA – modalidade de corrupção de menores. Prática de ato infracional. Este artigo possui conduta que antes era prevista na Lei 2252/54, que foi revogada pela Lei 12015/09, tendo o crime passado a ter previsão no ECA. Crime de tortura contra criança e adolescente – está previsto na lei de tortura. A lei 9455/97 revogou o art.233 que falava em tortura no ECA. Art.243 do ECA – causar dependência ≠ art.33 da lei 11343/06. Se esse produto que causa dependência for droga, o crime não está no ECA e sim na lei de drogas. O STJ entendia que a venda de bebida alcoólica caracterizava a contravenção penal do artigo 63 da LCP (Lei de Contravenções Penais), isso porque nos casos em que quis mencionar a bebida alcoólica, o legislador o fez expressamente, a exemplo do artigo 81 do ECA, tendo separado a bebida alcoólica dos demais produtos que causam dependência, não tendo mencionado expressamente a bebida alcoólica no artigo 243. No entanto, a lei 13106/15 entrou em vigor no dia 18 de março de 2015, revogando a contravenção penal do artigo 63, I da LCP e dando nova redação ao artigo 243 do ECA: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 25 Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave A referida lei também incluiu no ECA o artigo 258 C: Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); Medida Administrativa - interdição do estabelecimentocomercial até o recolhimento da multa aplicada. Desta forma, sendo a conduta praticada a partir do dia 18 de março de 2016, haverá a prática de crime. A lei penal não poderá retroagir, pois é maléfica. Desta forma, para condutas praticadas antes da entrada em vigor da lei, haverá mera contravenção penal. Para participar das minhas aulas e conhecer melhor o meu trabalho, assim como ter acesso gratuitamente a questões, áudios e vídeos, baixe meu aplicativo: Cristiane Dupret E me siga nas redes sociais: Instagram: @professoracristianedupret Facebook: Página: Cristiane Dupret
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