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RESUMO ECA

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Prévia do material em texto

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
1 
 
INSTAGRAM: @professoracristianedupret 
BAIXE O APLICATIVO NA APPSTORE OU PLAYSTORE 
E FIQUE POR DENTRO DE MUITAS DICAS: 
NOME DO APLICATIVO – CRISTIANE DUPRET 
 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: ESTATUTO DACRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 2ª. 
Edição. Cristiane Dupret, 2017, Editora IusPodium. 
Que tal iniciar ficando por dentro das últimas leis que alteraram o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90)? E vamos também analisar os enunciados 
do STJ que tratam da nossa disciplina. 
Para assistir vídeos e podcasts sobre nosso conteúdo, baixe gratuitamente o 
aplicativo Cristiane Dupret na AppStore ou GooglePlay. 
Para baixar, leia o QRCode acima. 
Leis importantes recentes que alteraram o ECA: 
• Lei 12955/14 - Acrescenta § 9o ao art. 47 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer prioridade de 
tramitação aos processos de adoção em que o adotando for criança ou 
adolescente com deficiência ou com doença crônica. 
• Lei 12962/14 – Dispõe sobre direitos de crianças e adolescentes filhos de 
pais privados da liberdade 
• Lei 13010/14 – Lei Menino Bernardo, vedando castigos físicos e tratamento 
cruel ou degradante 
• Lei 13046 / 14 – Obriga entidades a terem, em seus quadros, pessoal 
capacitado para reconhecer e reportar maus-tratos de crianças e 
adolescentes. Inclui os artigos 70 B, 94 A e o inciso XII no artigo 136 do 
ECA 
• Lei 13106/15 – Revoga a contravenção penal do artigo 63 da LCP e altera o 
artigo 243 do ECA 
• Lei 13257/16 – Lei da Primeira Infância 
• Lei 13306/16 – Atualiza o ECA de acordo com a EC 53/2006, para garantir 
creche e pré-escola até os cinco anos de idade 
• Lei 13.431/17 - Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do 
adolescente vítima ou testemunha de violência 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
2 
 
• Lei 13.436/17 – Altera o artigo 10 do ECA 
• Lei 13.438/17 – Inclui o parágrafo 5º no artigo 14 do ECA 
• Lei 13.440/17 – Altera o crime do artigo 244A , em seu preceito secundário 
(pena) 
• Leo 13.441/17 – Inclui no ECA a infiltração de agentes de polícia na internet 
com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de criança e de 
adolescente 
• Súmulas 108, 265, 338, 342, 383, 492 e 500 do STJ 
 
Vejamos os enunciados acima mencionados: 
 
Súmula 108: 
A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela pratica de ato infracional, e da 
competência exclusiva do juiz. 
 
Súmula 265: 
É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida 
socioeducativa. 
 
Súmula 338: 
A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. 
 
Súmula 342: 
No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras 
provas em face da confissão do adolescente. 
 
Súmula 383: 
A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em 
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda. 
 
Súmula 492: 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
3 
 
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à 
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. 
 
Súmula 500: 
A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do 
menor, por se tratar de delito formal. 
 
 
No que tange às alterações legislativas, importante destacar suas principais disposições: 
 
A Lei 12955/14 incluiu o parágrafo 9º no artigo 47, passando a prever que: 
Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou 
adolescente com deficiência ou com doença crônica. 
 
Dentre outras alterações, a Lei 12962/14 incluiu o parágrafo 2º no artigo 23 do ECA, 
estabelecendo que: 
A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, 
exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o 
próprio filho ou filha. 
 
A lei 13010/14 alterou o artigo 18 do ECA. 
Vejamos: 
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou 
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou 
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família 
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de 
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de 
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: 
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com 
o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
a) sofrimento físico; ou 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
4 
 
b) lesão; 
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de 
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: 
a) humilhe; ou 
b) ameace gravemente; ou 
c) ridicularize.” 
 
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os 
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas 
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças 
e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem 
castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de 
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão 
sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes 
medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: 
 
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à 
família; 
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; 
V - advertência. 
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas 
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.” 
 
A referida lei também incluiu no ECA o artigo 70A e alterou o artigo 13. Vejamos: 
 
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas 
e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou 
de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de 
educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações: 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
5 
 
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a 
divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educados e 
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou 
degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos; 
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério 
Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os 
Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades 
não governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos 
direitos da criança e do adolescente; 
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, 
educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na 
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente 
para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à 
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de 
todas as formas de violência contra a criança e o adolescente; 
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos 
que envolvam violência contra a criança e o adolescente; 
V - a inclusão,nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os 
direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de 
atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a 
informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao 
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no 
processo educativo; 
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de 
ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas 
famílias em situação de violência, com participação de profissionais de 
saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, 
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. 
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com 
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas 
públicas de prevenção e proteção. 
 
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de 
tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou 
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar 
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. 
 
Vejamos as alterações promovidas pela Lei 13046/14: 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
6 
 
Inclusão do artigo Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que 
se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus quadros, com pessoas 
capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-
tratos praticados contra crianças e adolescentes. 
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, 
as pessoas encarregadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou 
ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma 
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.” 
 
Inclusão do Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou recepcionem 
crianças e adolescentes, ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, 
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou 
ocorrências de maus-tratos.” 
 
Alteração do Art. 136, incluindo seu inciso XX: 
 
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, 
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas 
de maus-tratos em crianças e adolescentes. 
 
Comentaremos a Lei 13106/15 ao final da apostila, na parte referente aos crimes 
previstos no ECA. 
 
A lei 13.257/16 na tutela da primeira infância: 
 
A lei 13.257 entrou em vigor no dia 09 de março de 2016 e dispõe sobre as políticas 
públicas para a primeira infância, altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), o Decreto-Lei no3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 
5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei no 
12.662, de 5 de junho de 2012. 
Logo em seus artigos iniciais, a lei 13.257/16 conceitua a primeira infância como o período 
que abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da 
criança. 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
7 
 
Utilizando como base o artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 4º. do ECA. Ou seja, a 
ideia de prioridade absoluta, como integrante da base principiológica formadora do ECA, a 
lei reconhece o dever do Estado de estabelecer políticas, planos, programas e serviços 
para a primeira infância que atendam às especificidades dessa faixa etária, visando a 
garantir o desenvolvimento integral das crianças. 
De acordo com o artigo 4º da nova lei, as políticas públicas voltadas ao atendimento dos 
direitos da criança na primeira infância serão elaboradas e executadas de forma a: atender 
ao interesse superior da criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã; incluir a 
participação da criança na definição das ações que lhe digam respeito, em conformidade 
com suas características etárias e de desenvolvimento; respeitar a individualidade e os 
ritmos de desenvolvimento das crianças e valorizar a diversidade da infância brasileira, 
assim como as diferenças entre as crianças em seus contextos sociais e culturais; reduzir as 
desigualdades no acesso aos bens e serviços que atendam aos direitos da criança na 
primeira infância, priorizando o investimento público na promoção da justiça social, da 
equidade e da inclusão sem discriminação da criança; articular as dimensões ética, 
humanista e política da criança cidadã com as evidências científicas e a prática profissional 
no atendimento da primeira infância; adotar abordagem participativa, envolvendo a 
sociedade, por meio de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e as 
crianças, no aprimoramento da qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços; 
articular as ações setoriais com vistas ao atendimento integral e integrado; descentralizar 
as ações entre os entes da Federação e promover a formação da cultura de proteção e 
promoção da criança, com apoio dos meios de comunicação social. 
Ao estabelecer as políticas públicas, a lei considera algumas áreas como prioritárias: a 
saúde, a alimentação e a nutrição, a educação infantil, a convivência familiar e comunitária, 
a assistência social à família da criança, a cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio 
ambiente, bem como a proteção contra toda forma de violência e de pressão consumista, a 
prevenção de acidentes e a adoção de medidas que evitem a exposição precoce à 
comunicação mercadológica. 
Neste último aspecto, é interessante trazer à baila recente julgado do STJ, o Recurso 
Especial 1558086, de relatoria do Ministro Humberto Martins, julgado no dia 10 de março de 
2016, por unanimidade. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação da 
empresa dona da marca Bauducco por campanha publicitária de alimentos considerada 
abusiva por ser direcionada às crianças e por ser caracterizada como venda casada. Foi 
mantida a decisão do Tribunal de Justiça Paulista, em Ação Civil Pública. 
O caso foi considerado paradigmático. Foi reconhecida publicidade abusiva duas vezes: por 
ser direcionada à criança e no que tange a produtos alimentícios. Não se trata de 
paternalismo sufocante e nem de moralismo demais, mas o contrário: significa reconhecer 
que a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. Nenhuma empresa 
comercial ou outras tem o direito constitucional legal assegurado de tolher a autoridade e 
bom sendo dos pais. O acórdão recoloca a autoridade dos pais. Apenas nesse sentido pode 
ser paternalista, colocando os pais na posição que eles precisam assumir. Decisão sobre 
alimento ou sobre medicamento não é para ser tomada pelos fornecedores. Eles podem 
oferecer os produtos, mas sem tirar a autonomia dos pais, sem dirigir os anúncios às 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
8 
 
crianças. Foi considerada a conduta como uma aberração, pois a criança não tem como 
completar o negócio jurídico, mas tem como utilizar pressão sobre os pais, sofrer bullyng 
dos colegas que fizeram a aquisição, dentre vários outros aspectos maléficos. 
A publicidade foi reconhecida, portanto, como abusiva. Foi ainda criticada a campanha, sob 
a nomenclatura de “gulosos”, pois no momento em que se sofre uma crise de obesidade, 
causando espanto uma publicidade que possa justamente fomentar a obesidade, a gula. 
No julgamento, foi estabelecida uma comparação com a indústria de cigarro, para se 
demonstrar a superação de alguns argumentos pró liberdade nas campanhas de 
publicidade. A indústriaalimentícia precisa ter a percepção de que argumentos semelhantes 
estão ultrapassados. Também foram superados os argumentos de inexistência de dano ou 
de risco. Foi ressaltado que esse não é o único valor a ser tutelado pelo CDC. Como ficaria a 
autonomia da vontade de uma criança? Além disso, a hipótese foi reconhecida como venda 
casada, já que a compra do relógio por R$ 5,00 estava condicionada à aquisição de 
produtos Bauducco. 
Desta forma, em síntese, foi reconhecida a dupla abusividade: Ofensa ao artigo 37, 
parágrafo 2º - Publicidade de alimentos dirigida à criança e ao artigo 39 do CDC, que veda a 
prática de venda casada. 
A lei 13.257 estabelece que o pleno atendimento dos direitos da criança na primeira infância 
constitui objetivo comum de todos os entes da Federação, segundo as respectivas 
competências constitucionais e legais, a ser alcançado em regime de colaboração entre a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Além disso, prevê a possibilidade de 
criação de comitê Inter setorial de políticas públicas para a primeira infância com a 
finalidade de assegurar a articulação das ações voltadas à proteção e à promoção dos 
direitos da criança, garantida a participação social por meio dos conselhos de direitos. O 
comitê será instituído nos respectivos âmbitos da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios. 
No entanto, tal previsão não afasta a participação solidária da sociedade com a família e 
com o Estado na proteção e promoção da criança na primeira infância. O artigo 12 
estabelece o rol exemplificativo das formas de participação: formulando políticas e 
controlando ações, por meio de organizações representativas; integrando conselhos, de 
forma paritária com representantes governamentais, com funções de planejamento, 
acompanhamento, controle social e avaliação; executando ações diretamente ou em 
parceria com o poder público; desenvolvendo programas, projetos e ações compreendidos 
no conceito de responsabilidade social e de investimento social privado; criando, apoiando e 
participando de redes de proteção e cuidado à criança nas comunidades e promovendo ou 
participando de campanhas e ações que visem a aprofundar a consciência social sobre o 
significado da primeira infância no desenvolvimento do ser humano. 
Fica ainda estabelecida prioridade nas políticas sociais públicas para as famílias identificadas 
nas redes de saúde, educação e assistência social e nos órgãos do Sistema de Garantia dos 
Direitos da Criança e do Adolescente que se encontrem em situação de vulnerabilidade e de 
risco ou com direitos violados para exercer seu papel protetivo de cuidado e educação da 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
9 
 
criança na primeira infância, bem como as que têm crianças com indicadores de risco ou 
deficiência. 
É destacada a necessidade de orientação e formação sobre maternidade e paternidade 
responsáveis, aleitamento materno, alimentação complementar saudável, crescimento e 
desenvolvimento infantil integral, prevenção de acidentes e educação sem uso de castigos 
físicos, direcionados à gestante às famílias com crianças na primeira infância. Torna-se 
necessária a complementação com a análise da Lei 13.010/14, que veda e define castigo 
físico e tratamento cruel ou degradante, além de estabelecer, no artigo 18B do ECA, 
medidas a serem aplicadas pelo Conselho Tutelar para aqueles que não observarem as 
vedações. 
No Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 13.257/16 realizou as seguintes alterações: 
1) Foi incluído o parágrafo único no artigo 3º, para dispor que os direitos enunciados no 
ECA aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, 
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição 
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e 
local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade 
em que vivem.. 
2) No artigo 8º, o caput passa a estabelecer que é assegurado a todas as mulheres o 
acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, 
às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e 
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. 
A anterior redação mencionava apenas a garantia de atendimento pré e perinatal à 
gestante, através do Sistema único da Saúde. O parágrafo primeiro do referido artigo passa 
a dispor que “O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.” 
O parágrafo segundo passa a estabelecer que “Os profissionais de saúde de referência da 
gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento 
em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. “. O parágrafo 
terceiro, também alterado, passa a dispor que “Os serviços de saúde onde o parto for 
realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar 
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços 
e a grupos de apoio à amamentação.” Com a alteração do parágrafo quinto, a assistência 
psicológica passa a ser direcionada também a gestantes e mães que se encontrem em 
situação de privação de liberdade.. 
Ainda no artigo 8º, foram incluídos os parágrafos 6º.a 10, para estabelecer que A gestante 
e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do 
pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato; A gestante deverá receber 
orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e 
desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos 
afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança; A gestante tem direito a 
acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, 
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos 
médicos; A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
10 
 
abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às 
consultas pós-parto e que Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com 
filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de 
liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de 
Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, 
visando ao desenvolvimento integral da criança. 
3) O art. 9o passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 1o e 2o: 
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, 
individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações 
de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar 
saudável, de forma contínua. 
 
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de 
leite humano ou unidade de coleta de leite humano.” 
4) No artigo 11, houve uma certa adequação para a preservação de um melhor diálogo 
de fontes entre o ECA e o Estatuto da pessoa com deficiência, Lei 13146/2015. Dessa 
forma, o artigo passa a ter a seguinte redação: É assegurado acesso integral às linhas de 
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de 
Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou 
segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitaçãoe 
reabilitação. 
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, 
medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, 
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado 
voltadas às suas necessidades específicas. 
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira 
infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco 
para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer 
necessário.” 
5) No artigo 12 foram incluídas as unidades neonatais, de terapia intensiva e de 
cuidados intermediários para que também tenham o dever de propiciar condições para a 
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de 
criança ou adolescente. 
6) A redação do artigo 13 passa a estar adequada às expressões trazidas pela Lei 
13010/14, intitulada como Lei Menino Bernardo, passando a dispor que “Os casos de 
suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
11 
 
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho 
Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.” O antigo 
parágrafo único, atual parágrafo primeiro passa a esclarecer que não haverá 
constrangimento no encaminhamento de gestantes ou mães que manifestem vontade de 
entregar seus filhos para adoção à Justiça da Infância e Juventude. O novo parágrafo 
segundo estabelece que “Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os 
serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência 
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de 
Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento 
das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência 
de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em 
rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. “ 
7) O art. 14 passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 2o, 3o e 4o, numerando-se o 
atual parágrafo único como § 1o: 
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das 
gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado 
direcionadas à mulher e à criança. 
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, 
inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, 
posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde 
bucal. 
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo 
Sistema Único de Saúde.” 
8) No artigo 19, a disposição que mencionava a criação da criança e do adolescente em 
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes foi 
retirada e substituída por “em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.” Ao 
parágrafo 3º foi dada nova redação: A manutenção ou a reintegração de criança ou 
adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em 
que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos 
do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do 
art. 129 desta Lei. 
9) No artigo 22 foi incluído o parágrafo único, para estabelecer que a mãe e o pai, ou os 
responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado 
e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de 
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos no ECA. 
10) O artigo 23, que estabelece que A falta ou a carência de recursos materiais não 
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar, tem nova 
redação em seu parágrafo primeiro: Não existindo outro motivo que por si só autorize a 
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a 
qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, 
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12 
 
apoio e promoção. Na comparação com a antiga redação, percebe-se a mera inclusão dos 
serviços oficiais de proteção, apoio e promoção, já que a antiga redação apenas fazia 
menção a programas. 
11) O art. 34 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos 
seguintes §§ 3o e 4o: 
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora 
como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento 
temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, 
capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. 
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a 
manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de 
recursos para a própria família acolhedora. 
12) O artigo 87 prevê as linhas de ação da política de atendimento. O inciso II teve sua 
redação alterada. Na redação anterior, previa políticas e programas de assistência social, 
em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem. Atualmente, estabelece o inciso 
serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção 
social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou 
reincidências. 
13) O art. 88, que estabelece as diretrizes da política de atendimento , passa a vigorar 
acrescido de três novas diretrizes, que passam a estar previstas nos incisos VIII, IX e X: 
 VIII - especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes 
áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e 
sobre desenvolvimento infantil; 
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do 
adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e 
seu desenvolvimento integral; 
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção 
da violência. 
14) O artigo 92, que estabelece princípios que devem ser adotados pelas entidades que 
desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional, passa a vigorar acrescido 
do parágrafo sétimo: § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em 
acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de educadores de referência 
estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendimento das 
necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias. 
15) No rol das medidas de proteção, no artigo 101, o inciso IV deixa de prever a inclusão 
em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente para 
prever a inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e 
promoção da família, da criança e do adolescente. 
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13 
 
16) O artigo 102, que estabelece que as medidas de proteção serão acompanhadas da 
regularização do registro civil, passa a vigorar acrescido dos parágrafos 5º e 6º: ] 
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no 
assento de nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta 
prioridade. 
§ 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento depaternidade no assento de nascimento e a certidão correspondente.” 
17) No rol das medidas aplicáveis a pais e responsáveis, no artigo 129, a medidas antes 
intitulada “encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família”, no 
inciso I passa a estar prevista como “encaminhamento a serviços e programas oficiais ou 
comunitários de proteção, apoio e promoção da família”; 
18) Os §§ 1o-A e 2o do art. 260 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a 
vigorar com a seguinte redação: 
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos 
fundos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão 
consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito 
de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional 
pela Primeira Infância. 
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente 
fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e 
demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a 
forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à 
primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de 
calamidade. 
19) Foi incluído o artigo 265 A: “O poder público fará periodicamente ampla divulgação 
dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação social. Parágrafo único. 
A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e 
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) 
anos. 
 
Na Consolidação das Leis do Trabalho, foi alterado o artigo 473, para incluir mais duas 
hipóteses em que o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do 
salário: até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares 
durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira e por 1 (um) dia por ano para 
acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. 
Também foram alterados os artigos 1º, 3º, 4º. e 5º. da Lei 11770//08, que Cria o Programa 
Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de 
incentivo fiscal. No artigo 1º foi incluída mais uma hipótese de prorrogação, a da licença 
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14 
 
paternidade por 15 (quinze) dias, além dos 5 (cinco) dias estabelecidos no § 1o do art. 10 
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, garantida ao empregado da pessoa 
jurídica que aderir ao Programa, desde que o empregado a requeira no prazo de 2 (dois) 
dias úteis após o parto e comprove participação em programa ou atividade de orientação 
sobre paternidade responsável, sendo garantida, na mesma proporção ao empregado que 
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança. O artigo 3º passa a 
garantir remuneração integral ao empregado, nesta hipótese. No entanto, o empregado, 
assim como a empregada não poderá, nesse período, exercer nenhuma atividade 
remunerada, e a criança deverá ser mantida sob seus cuidados, sob pena de perda do 
direito à prorrogação.Já o artigo 5º, que apenas se referia à empregada, passa a dispor que 
“A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido, em 
cada período de apuração, o total da remuneração integral da empregada e do empregado 
pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade e de sua licença-paternidade, 
vedada a dedução como despesa operacional.” 
No Código de Processo Penal, foram alterados os artigos 6o, 185, 304 e 318. No artigo 6 foi 
incluída mais uma providencia a ser tomada pela Autoridade Policial , logo que tiver 
conhecimento da prática da infração penal: colher informações sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Trata-se da inclusão do 
inciso X no referido artigo. 
Nas disposições relacionadas ao Interrogatório, foi incluído o parágrafo 10 no artigo 185, 
que passa a dispor que “Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência 
de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de 
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa” 
O artigo 304 do CPP estabelece que “Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá 
esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e 
recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o 
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, 
após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.” O 
referido artigo passa a vigorar acrescido do parágrafo 4º: Da lavratura do auto de prisão em 
flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se 
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados 
dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
Por fim, o artigo 318 passa a prever mais três possibilidades de substituição da prisão 
preventiva por prisão domiciliar: Se o agente for gestante, mulher com filho de até 12 
(doze) anos de idade incompletos e homem, caso seja o único responsável pelos cuidados 
do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. 
A última alteração promovida pela Lei 13.257/16 foi na Lei 12.662/12, que assegura a 
validade nacional à Declaração de Nascido Vivo - DNV, regula sua expedição, e altera a Lei 
no 6.015/73. O artigo 5º da lei 12.662 dispõe que os dados colhidos nas Declarações de 
Nascido Vivo serão consolidados em sistema de informação do Ministério da Saúde. Foram 
incluídos neste artigo os parágrafos 3º e 4º: 
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15 
 
§ 3o O sistema previsto no caput deverá assegurar a interoperabilidade com o Sistema 
Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc). 
§ 4o Os estabelecimentos de saúde públicos e privados que realizam partos terão prazo de 
1 (um) ano para se interligarem, mediante sistema informatizado, às serventias de registro 
civil existentes nas unidades federativas que aderirem ao sistema interligado previsto em 
regramento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
Já a Lei 13306/16 alterou o inciso IV do caput do art. 54, que passa a dispor sobre 
atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; assim como 
o artigo 208, III, que passa a dispor: 
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos 
direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta 
irregular: III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de 
idade. 
Com essas disposições, o ECA passa a estar de acordo com a EC 53/2006, que deu nova 
redação ao Inciso IV do artigo 208 da Constituição Federal. Vejamos: 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; 
Na redação anterior, a idade era de seis anos. Também em decorrência da EC 53, a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) já havia sido alterada pela Lei 12.796/13, que 
dentre várias alterações, aumentou em um ano o ensino fundamental (Que passou a se 
iniciar aos seis anos de idade), A educação básica será ministrada de forma gratuita e 
obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade, dividida em educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio. 
Consoante a Lei de Diretrizes e Bases, a educaçãoinfantil, primeira etapa da educação 
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, 
em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família 
e da comunidade. 
A educação infantil será oferecida em: 
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; 
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. 
Vejamos agora quais foram as alterações promovidas no Estatuto pelas leis de 2017: 
 
A Lei 13.431 de 4 de abril de 2017, possui o período de vacatio legis de um ano e 
estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou 
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testemunha de violência, abrangendo como violência tanto a física quanto a psicológica, 
assim como a violência institucional. 
Segundo a referida lei, são formas de violência: 
I - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda 
sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; 
II - violência psicológica: 
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desrespeito em relação à criança ou 
ao adolescente mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, 
agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação 
sistemática (bullying) que possa comprometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional; 
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, 
pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao 
repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo 
com este; 
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adolescente, direta ou indiretamente, a 
crime violento contra membro de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente 
do ambiente em que cometido, particularmente quando isto a torna testemunha; 
III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou o 
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, 
inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não, que compreenda: 
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para 
fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou 
por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro; 
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em 
atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de 
forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo 
presencial ou por meio eletrônico; 
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o 
alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional ou 
para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou 
outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de 
situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos 
na legislação; 
IV - violência institucional, entendida como a praticada por instituição pública ou 
conveniada, inclusive quando gerar revitimização. 
 
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17 
 
A lei 13.431 trouxe mais uma possibilidade de proteção daqueles que já completaram a 
maioridade, pois prevê sua aplicação facultativa para as vítimas e testemunhas de violência 
entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos. 
Além de mencionar direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente, a lei 
dispõe sobre a escuta especializada e o depoimento especial, definindo como escuta 
especializada o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou 
adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário 
para o cumprimento de sua finalidade. Já como depoimento especial o procedimento de 
oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade 
policial ou judiciária. Ambos serão realizados em local apropriado e acolhedor, com infraes-
trutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou 
testemunha de violência. 
Garante ainda que a criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda 
que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça, 
coação ou constrangimento. 
O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: quando a criança 
ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos e em caso de violência sexual. Não será 
admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua 
imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da 
testemunha, ou de seu representante legal. 
Dispõe a lei 13.431 que o depoimento especial será colhido conforme o seguinte 
procedimento: 
I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada 
do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem 
adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras 
peças processuais; 
II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, 
podendo o profissional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que 
permitam a elucidação dos fatos; 
III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real 
para a sala de audiência, preservado o sigilo; 
IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o 
Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas 
complementares, organizadas em bloco; 
V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor 
compreensão da criança ou do adolescente; 
VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. 
 
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18 
 
Além de trazer um título sobre a integração das políticas de atendimento, dispondo sobre 
saúde, assistência social, segurança pública e justiça, a lei tipificou como crime a conduta 
de violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança ou adolescente seja 
assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e sem o consentimento 
do depoente ou de seu representante legal, cominando pena de reclusão de 01 a 04 anos, 
além de multa. 
Pelo que é possível verificar, esta lei não é somente um diploma alterador. Na verdade, em 
termos de alteração legislativa, ela inclui um inciso no artigo 208 do ECA, que passa a 
vigorar acrescido do inciso XI (XI - de políticas e programas integrados de atendimento à 
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.). De resto, a lei traz 
disposições autônomas, devendo ser observada nos procedimentos de depoimento especial 
e escuta especializada. 
Quanto à Lei 13.436, ela apenas incluiu no ECA um inciso no artigo 10, que prevê 
obrigações dos estabelecimentos de atenção à saúde da gestante. A partir da sua entrada 
em vigor, surge uma nova obri-gação para esses estabelecimentos: acompanhar a prática 
do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto 
a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. 
Ainda tutelando vida e saúde, a Lei 13. 438 inclui oparágrafo 5º. no artigo 14, passando a 
dispor que sobre a obrigatoriedade de aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros 
dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de 
facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o 
seu desenvolvimento psíquico. 
A lei 13.440 realizou alteração curiosa no ECA, tendo em vista que modificou o preceito 
secundário de um tipo penal tido como tacitamente revogado pela doutrina majoritária. 
Trata-se do artigo 244A, que tipifica a conduta de submissão da criança ou adolescente à 
exploração sexual ou à prostituição. Ocorre que o artigo 218 B do Código Penal, incluído em 
2009 pela lei 12.015 já teria abrangido a conduta antes prevista no ECA. Portanto, parece-
nos mais acertado que a inclusão legislativa tivesse sido realizada neste último artigo. 
Passa a prever o preceito secundário do artigo 244 A do ECA que, além da pena privativa de 
liberdade, haverá a perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do 
Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito 
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. 
Considerando o cenário antes existente, de aparente revogação tácita do artigo 244 A pelo 
artigo 218 B do Código Penal, que aliás, passou a ser crime hediondo com o advento da Lei 
12.978/14, será necessário aguardar o cenário jurisprudencial e doutrinário para 
consolidação de entendimento acerca da alteração legislativa. 
 
A lei 13.441 passa a prever a infiltração de agentes de polícia na internet com o fim de 
investigar crimes contra a dignidade sexual de criança e de adolescente. 
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Foi incluído no ECA o artigo 190 A, que passa a dispor que: A infiltração de agentes de 
polícia na internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 
241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes regras: 
I – será precedida de autorização judicial devidamente circunstanciada e fundamentada, 
que estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério 
Público; 
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou representação de delegado de 
polícia e conterá a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os 
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou 
cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas; 
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais 
renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja 
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial. 
 
Foram incluídos no ECA também os artigos 190 B, 190 C, 190 D e 190 E. Vejamos o que 
dispõem os referidos artigos: 
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão 
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da 
medida, que zelará por seu sigilo. 
 
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos 
será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia 
responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das 
investigações.” 
 
“Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade 
para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade 
dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D 
desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
 
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a 
estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos 
praticados.” 
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“Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir 
nos bancos de dados próprios, mediante procedimento sigiloso e 
requisição da autoridade judicial, as informações necessárias à efeti-
vidade da identidade fictícia criada. 
 
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Seção será 
numerado e tombado em livro específico.” 
 
“Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos 
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, 
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, 
juntamente com relatório circunstanciado. 
 
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste 
artigo serão reunidos em autos apartados e apensados ao processo 
criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a 
preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade 
das crianças e dos adolescentes envolvidos. 
 
 
CONCEITOS IMPORTANTES 
 
DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL 
O ECA é regido pela Doutrina da Proteção integral e pelo princípio do melhor 
interesse do menor. 
Art.1º ECA – Doutrina da proteção integral – foi adotada no lugar da antiga doutrina 
que era o parâmetro do antigo código de menores (Lei 6697/79). O objetivo da antiga lei 
era tão somente tratar das situações dos menores infratores. Com a revogação dessa lei e 
com entrada em vigor do ECA consagra a adoção da doutrina da proteção integral e o ECA 
vai se dirigir a toda e qualquer criança e adolescente, ou seja, em situação regular ou 
situações de risco. Logo, fica superada a antiga doutrina da situação irregular 
 
CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE 
 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROFESSORA CRISTIANE DUPRET 
 
 
21 
 
Art.2º do ECA – conceitua criança como pessoa que tem até 12 anos incompletos e 
adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos são incompletos. 
Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade, não sendo em regra, aplicado o 
ECA. Este apenas será aplicado excepcionalmente aos maiores de 18 anos, nos termos do 
que dispõe o parágrafo único do art. 2º. É o caso do previsto no art. 121, par. 5º . 
 
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO 
O art. 6º do ECA traz as diretrizes para sua interpretação, o que acaba por consagrar a 
regra de que sempre deve ser observado o melhor interesse do menor, já que o ECA é 
formado por regras protetivas à criança e adolescente. 
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela 
se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e 
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em 
desenvolvimento. 
 
SITUAÇÕES DE RISCO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO 
Situações de risco (art.98 do ECA) – as medidas de proteção são aplicadas sempre 
que os direitos previstos no ECA forem ameaçados ou violados: 
• Sempre que houver ação ou omissão do estado ou da sociedade; 
• Falta, abuso, omissão dos pais ou responsável; 
• Em razão de sua conduta. 
 
 
Cuidado para não confundir as medidas de proteção com as medidas 
socioeducativas. Vejamos abaixo um quadro esquemático com as principais distinções 
entre as medidas de proteção e as socioeducativas: 
 Medidas de proteção Medidas Socioeducativas 
Destinatários Crianças e adolescentes Adolescentes 
Cabimento Situações de risco (art. 98) Prática de ato infracional (art.98, III) 
Rol Exemplificativo Taxativo 
Autoridade Competente 
art. 136, I, art. 148, III, e 
parágrafo único art. 148, I 
 
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22 
 
Dessa forma, podemos estabelecer que as medidas de proteção previstas no artigo 
101 podem ser aplicadas a qualquer criança ou adolescente que se encontreem 
situação de risco, sendo, em regra, o Conselho Tutelar a autoridade competente 
para sua aplicação, com exceção da colocação em família substituta e do 
acolhimento familiar. 
As regras relacionadas ao Conselho Tutelar sofreram algumas alterações pela Lei 
12.696/12. 
 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
Medidas socioeducativas (art.112 do CP) 
Apenas o adolescente poderá receber medida socioeducativa, quando praticar ato 
infracional. 
Rol taxativo – o juiz não pode aplicar medidas sócioeducativas fora do rol do art.112. 
Autoridade competente para aplicar medidas socioeducativas – juiz da infância e 
juventude. 
 
 
As medidas socioeducativas são elencadas taxativamente no artigo 112. São elas: 
1. Advertência; 
2. Obrigação de reparar o dano; 
3. Prestação de serviços à comunidade; 
4. Liberdade assistida; 
5. Inserção em regime de semiliberdade; 
6. Internação em estabelecimento educacional; 
A mais importante delas, por ser a mais objeto dos julgamentos pelos nossos 
Tribunais, é a medida de internação. 
A internação é a medida socioeducativa que consome mais disposições do ECA, sendo 
tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida é privativa de liberdade e não comporta 
prazo determinado, mas comporta prazo máximo, ficando o adolescente internado em 
estabelecimento próprio para esse fim, não podendo permanecer internado em sede policial 
ou em estabelecimento prisional. 
A medida de internação é regida, consoante artigo 121, pelos princípios da brevidade, 
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Passemos a 
analisar as disposições do ECA que buscam garantir a eficácia de tais princípios. 
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Em apreço ao princípio da brevidade, a medida de internação, embora não tenha prazo 
determinado na sentença pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra, por um prazo máximo 
de três anos. Dizemos em regra porque o ECA prevê alguns outros prazos de grande 
importância. Dessa forma, existe a previsão no ECA dos seguintes prazos máximos: 
a) Três anos: prazo estabelecido pelo art. 121, par. 3º; 
b) 45 dias: prazo estabelecido no art. 108 para a internação provisória; 
c) Três meses: prazo estabelecido no par. 1º do art. 122, relativo à medida de 
internação sanção, pelo descumprimento de medida anteriormente imposta de forma 
injustificada e reiterada; 
d) Seis meses: prazo máximo estabelecido para a reavaliação da medida de internação. 
Com isso, podemos afirmar que a internação é medida privativa de liberdade que 
não comporta prazo determinado na sentença, mas que comporta prazo máximo 
de três anos para que o adolescente permaneça internado, desde que tenha sido 
reavaliada mediante decisão fundamentada no máximo a cada seis meses. A 
reavaliação é direito subjetivo do adolescente, sendo cabível a impetração de mandado de 
segurança para que ela seja realizada, pois possibilitará que o adolescente seja 
desinternado assim que a medida não se mostre mais necessária. Também tem sido aceita 
a impetração de habeas corpus e deferida a ordem para realização da reavaliação. 
Atingido o prazo máximo de três anos, o adolescente será liberado ou passará a 
cumprir medida de semiliberdade ou de liberdade assistida, caso a medida 
socioeducativa não tenha atingido sua finalidade. 
O prazo máximo de três anos deve ser analisado conjuntamente com a idade 
máxima permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante 
disposto no parágrafo 5º do artigo 121. Tal limite máximo de idade foi estabelecido 
pelo legislador justamente levando em conta o prazo máximo de três anos. Se não 
houvesse a possibilidade de aplicação da internação até os 21 anos, o adolescente que 
praticasse o ato próximo à data de completar a maioridade provavelmente não receberia a 
medida. O legislador pensou em atingir até mesmo o adolescente que deixasse para praticar 
o ato infracional no último momento antes de completar a maioridade. 
 
Criança pratica ato infracional? 
Art.105 do ECA – criança pratica ato infracional e a diferença será em relação as medidas 
aplicáveis. Criança não passa pelo procedimento estudado acima, deve ser encaminhada ao 
Conselho Tutelar, e só recebe medidas de proteção. 
 
INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA 
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Infrações praticadas contra a criança e adolescente - se dividem em infrações penais 
e infrações administrativas. Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública 
incondicionada. 
Infrações penais (art.228 até at.244-B); 
Infrações administrativas (art.245 em diante); 
Vejamos alguns dos crimes previstos no ECA: 
Crimes (alterados pela lei 11829/08) – art.240, 241–A/B/C/D/E. Quase todas as 
condutas descritas no art.240 e art.241 utilizam a expressão “cena de sexo explicito ou 
pornográfica”. Para ter crime tem que ter a elementar cena de sexo explicito ou 
pornográfica. Essa elementar é descrita pelo art. 241 E do ECA. 
Art.241-E – conceito restritivo e se não se encaixa no conceito não pode ter nenhum dos 
outros crimes acima. Foto de uma criança de lingerie em pose sensual não é crime, pois não 
se encaixa no conceito do art. 241E. Os crimes dos arts. 240 até 241D são tipos penais em 
branco, a serem necessariamente complementados pelo art. 241E. 
O legislador trouxe no art.241-E o conceito de cena de sexo explicito e de cena pornográfica 
definindo esta última como aquela em que aparecem os órgãos genitais da criança ou 
adolescente. Com isso, o legislador restringiu a aplicação de todos os tipos penais que 
mencionam tais expressões. 
Vender, expor a venda, oferecer, divulgar, publicar, adquirir, armazenar – qualquer conduta 
dessas está descrita no art.241, A/B/C/D do ECA, mas deverá ser complementada pelo 
artigo 241E. 
Atenção: O Art.241-D – só prevê criança e não adolescente. Aliciar é só criança. Se aliciar 
e praticar o ato é estupro de vulnerável (art. 217A do Código Penal) 
Art.244-B do ECA – modalidade de corrupção de menores. Prática de ato infracional. Este 
artigo possui conduta que antes era prevista na Lei 2252/54, que foi revogada pela Lei 
12015/09, tendo o crime passado a ter previsão no ECA. 
Crime de tortura contra criança e adolescente – está previsto na lei de tortura. A lei 
9455/97 revogou o art.233 que falava em tortura no ECA. 
Art.243 do ECA – causar dependência ≠ art.33 da lei 11343/06. Se esse produto que 
causa dependência for droga, o crime não está no ECA e sim na lei de drogas. O STJ 
entendia que a venda de bebida alcoólica caracterizava a contravenção penal do artigo 63 
da LCP (Lei de Contravenções Penais), isso porque nos casos em que quis mencionar a 
bebida alcoólica, o legislador o fez expressamente, a exemplo do artigo 81 do ECA, tendo 
separado a bebida alcoólica dos demais produtos que causam dependência, não tendo 
mencionado expressamente a bebida alcoólica no artigo 243. 
No entanto, a lei 13106/15 entrou em vigor no dia 18 de março de 2015, revogando a 
contravenção penal do artigo 63, I da LCP e dando nova redação ao artigo 243 do ECA: 
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Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer 
forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos 
cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais 
grave 
A referida lei também incluiu no ECA o artigo 258 C: 
Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: 
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); 
Medida Administrativa - interdição do estabelecimentocomercial até o recolhimento da 
multa aplicada. 
Desta forma, sendo a conduta praticada a partir do dia 18 de março de 2016, haverá a 
prática de crime. A lei penal não poderá retroagir, pois é maléfica. Desta forma, para 
condutas praticadas antes da entrada em vigor da lei, haverá mera contravenção penal. 
 
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