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U N I D A D E 5 D I R E I T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E DIREITO À IGUALDADE Filipe Martins de Oliveira AUTOR DIREITO À IGUALDADE A Lei 13.257/2016 (Estatuto da Primeira Infância) acrescentou o parágrafo único ao art. 3º do ECA, a fim de consagrar o princípio da igualdade no tratamento às crianças e aos adolescentes. Apenas consolidou algo que já era aplicado. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando- se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) O ECA garante, de uma só vez, a proteção integral à toda e qualquer criança e adolescente, avançando na construção de políticas públicas e da defesa de direitos dessa população, para que tenham desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social em condições de liberdade e de dignidade. DIREITO À VIDA E À SAÚDE O direito à vida está consagrado no art. 7º do ECA, in verbis: Art. 7º ECA. A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. De acordo com o ECA, a vida e a saúde são direitos fundamentais. Para isso, estabelece diversas formas de garantia desses direitos, que começam desde o acompanhamento da gestação, por meio das consultas de pré-natal, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O texto ainda prevê acolhimento no parto e no pós-parto. Esse é só um dos motivos que levou o país a reduzir os índices de mortalidade infantil UNIDADE 5 02 DIMENSÕES DO DIREITO À VIDA O direito à vida pode ser entendido em duas dimensões: a) Existência: é o direito de nascer e de permanecer vivo. b) Integridade: é dividida em integridade física e integridade moral. A visão de proteção integral do ECA possibilitou também o acesso a moradia, educação e saneamento, que também contribuíram para a redução da mortalidade. O ECA também prevê de mecanismos de proteção de crianças e adolescentes ao trabalho infantil e às várias formas de violência, como a sexual, física, psicológica, negligência e abandono. Além disso, atua na prevenção de doenças, ao estabelecer que o SUS promova assistência médica e odontológica, além de campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. Uma dessas medidas é a obrigatoriedade da vacinação. No que diz respeito ao direito a proteção à vida e à saúde, o ECA aborda, no capítulo I, nos artigos 7º a 14º, diversos preceitos, dentre eles, a garantia de acesso a todos os serviços de saúde, grupos de apoio à amamentação e assistência psicológica às gestantes no âmbito do Sistema Único de Saúde. Além disso, o atendimento será efetuado pelos profissionais de Atenção Primária, garantindo a sua vinculação, no último trimestre de gestação, ao estabelecimento onde for realizado o parto (§2º, art. 8º), tendo em vista que a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas ocorrerão apenas no caso de razões médicas (§8º, art. 8º), aliado ao direito de ter um acompanhante no pré-natal, no trabalho de parto e no pós-parto imediato (§6º, art. 8º). 03 D I R E I T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E Mais uma política relevante, instituída pelo ECA, foi a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência (art. 8º - A), buscando difundir informações que visem à redução da gravidez em tal período. São apresentadas, também, disposições relativas a ações obrigatórias, como documentos, cuidados, identificação e exames, que devem ser realizadas nos hospitais e nos demais estabelecimentos de atenção à saúde das gestantes (art. 10). Na mesma diretriz, é estabelecido o dever do Poder Público de prover medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as suas necessidades específicas (art. 11). O art. 12 do ECA prevê uma regra importante. Caso a criança ou adolescente necessitarem de internação médica, por exemplo, terá direito a permanecer internada acompanhada e aís ou responsável. Fique atento que essa regra não se aplica apenas à criança na primeira infância (nos primeiros 6 anos de vida), mas a todos os tutelados pelo ECA (ou seja, menores de 18 anos). O art. 13 confere um dever às entidades de atendimento a crianças e adolescentes. Caso encontrem crianças ou adolescentes em situação de castigo físico, tratamento cruel, degradante ou maus tratos, DEVEM comunicar o Conselho Tutelar. Há mais: as gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. 04 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Para encerrar a parte relativa ao direito à vida e à saúde, vamos analisar o art. 14, segundo o qual o SUS deve promover programas de assistência médica e odontológica à população infantil. De acordo com o Estatuto, é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. DIREITO À LIBERDADE A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Conforme o artigo 16 do ECA, o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. EXCEÇÃO AO DIREITO DE LIBERDADE- ATO INFRACIONAL PRATICADO POR ADOLESCENTE O adolescente que pratica ato infracional análogo a crime ou contravenção penal receberá uma medida socioeducativa e, também, poderão receber medida protetiva. A prioridade é que se aplique o que for melhor ao adolescente. Podem ser aplicadas medidas concomitantes, socioeducativas e de proteção, como podem ser aplicadas apenas medidas socioeducativas ou só de proteção. As medidas socioeducativas podem ser substituídas a qualquer tempo. O adolescente segundo o ECA só pode ser apreendido para ser apresentado a autoridade policial ou judicial. 05 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Não ser o adolescente encontrado para comparecimento à audiência de apresentação; Para cumprimento de MSE de internação com prazo indeterminado se o adolescente estava em liberdade; Para cumprimento de MSE de internação provisória se o adolescente estava em liberdade; Para o retorno ao cumprimento de MSE de internação após fuga. São hipóteses de encaminhamento à autoridade JUDICIAL: APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL Parte do conceito de tutela jurisdicional diferenciada. Possui procedimento próprio para a apuração do ato infracional, previsto no ECA (aplicando-se o CPP de forma subsidiária). Possui a finalidade de apuração do ato infracional, onde o juiz verifica a questão da autoria+ materialidade e se o fato foi praticado (ato infracional como conduta humana) pelo adolescente. Ele também verifica se o resultado + nexo de causalidade + tipicidade (esta delegada) + culpabilidade (exigência de conduta diversa + conhecimento da ilicitude) + ilicitude. No final da sentença o juiz dirá se aplicará a medida socioeducativa e/ou medida protetiva. Divide-se em duas fases: 1ª fase: administrativa ou pré-processual; 2ª fase: judicial ou processual. FASE POLICIAL Nenhuma criança ou adolescente pode ser apreendido se não estiver em flagrante de ato infracional ou se não houver ordem judicial de apreensão (mandado de busca e apreensão), nos termos do art. 106 c/c art. 101 do ECA. Ou seja, aplica-se ao adolescente o art. 5º, LXI da CF/88. CF Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; ECA Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: [...] 06 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Não ser o adolescente encontrado para comparecimento à audiência de apresentação; Para cumprimento de MSE de internação com prazo indeterminado se o adolescente estava em liberdade; Para cumprimento de MSE de internação provisória se o adolescente estava em liberdade; Para o retorno ao cumprimento de MSE de internação após fuga. São hipóteses de encaminhamento à autoridade JUDICIAL: APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL Parte do conceito de tutela jurisdicional diferenciada. Possui procedimento próprio para a apuração do ato infracional, previsto no ECA (aplicando-se o CPP de forma subsidiária). Possui a finalidade de apuração do ato infracional, onde o juiz verifica a questão da autoria + materialidade e se o fato foi praticado (ato infracional como conduta humana) pelo adolescente. Ele também verifica se o resultado + nexo de causalidade + tipicidade (esta delegada) + culpabilidade (exigência de conduta diversa + conhecimento da ilicitude) + ilicitude. No final da sentença o juiz dirá se aplicará a medida socioeducativa e/ou medida protetiva. Divide-se em duas fases: 1ª fase: administrativa ou pré-processual; 2ª fase: judicial ou processual. FASE POLICIAL Nenhuma criança ou adolescente pode ser apreendido se não estiver em flagrante de ato infracional ou se não houver ordem judicial de apreensão (mandado de busca e apreensão), nos termos do art. 106 c/c art. 101 do ECA. Ou seja, aplica-se ao adolescente o art. 5º, LXI da CF/88. CF Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; ECA Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: [...] 07 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O adolescente apreendido por ordem judicial deve ser apresentado ao juiz imediatamente (auto de busca e apreensão). Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. A apreensão de adolescente fora desses casos excepcionais configura o crime do art. 230 do ECA. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos. FLAGRANTE DE ATO INFRACIONAL 1º MOMENTO - O adolescente apreendido em flagrante deverá ser cientificado de seus direitos (art.106, par. único do ECA) e encaminhado à autoridade policial competente (art. 172 do ECA), com comunicação INCONTINENTI ao Juiz da Infância e da Juventude e sua família ou pessoa por ele indicada (art. 107 do ECA). Caso haja Defensoria Pública especializada para adolescentes, deverá o adolescente ser a esta encaminhado, mesmo quando o ato for praticado em companhia de imputável. Direitos subjacentes do adolescente: - Identificação dos responsáveis pela sua apreensão; - Não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física. - Direito de, se já for identificado civilmente, não ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. Exceção: a identificação compulsória será permitida em situações de confrontação, quando restar dúvida sobre sua identidade. 08 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos. Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente. Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. 2º MOMENTO - Formalização da apreensão. Se tratar-se de ato infracional com cometimento de violência ou grave ameaça à pessoa, deverá ser lavrado auto de apreensão do adolescente (art. 173, caput) Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, DEVERÁ: I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente; II - apreender o produto e os instrumentos da infração; III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração Se tratar-se de ato infracional sem violência ou grave ameaça, o delegado fará um boletim de ocorrência circunstanciada (art. 173, parágrafo único). 3º MOMENTO - Encerrada a formalização da apreensão, surgem DUAS opções para o delegado: 1) REGRA: Liberar o adolescente aos pais/responsáveis, sob o termo de compromisso de apresentá-lo no mesmo dia ou no primeiro dia útil seguinte ao MP (art. 174, 1ª parte e art. 176). Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. 09 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. 2) EXCEÇÃO: Manter o adolescente apreendido (mesmo que a formalização tenha se dadopor meio de BO), pela gravidade do ato infracional E sua repercussão social, seja recomendável a manutenção da apreensão para a garantia de sua própria segurança OU para garantia da ordem pública (art. 174, 2ª parte). Encerrada a fase investigatória, cabe ao MP dar prosseguimento ao feito. Primeira opção do MP: Propor arquivamento - Quando não houver elementos mínimos para responsabilizar o adolescente por ato infracional (ex: conduta atípica do adolescente; ato infracional prescrito; fato inexistente; autoria não é do adolescente; pessoa tem mais de 21 anos no momento da oitiva informal etc.) Segunda opção do MP: conceder remissão - A remissão concedida pelo MP é uma forma de EXCLUSÃO do processo (art. 126, caput). Existem dois tipos de remissão: -Remissão-perdão: Remissão desacompanhada de qualquer medida socioeducativa (art. 126 do ECA). Não pode ser considerada para efeitos de antecedentes, conforme art. 127 ECA Terceira opção do MP: oferecer representação contra o adolescente CONCEITO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a possibilidade de aplicação de medidas socioeducativas a jovens autores de atos infracionais. Essas medidas podem ser cumpridas em meio aberto (advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida) ou em meio privativo de liberdade (semiliberdade e internação). Apesar de não serem compreendidas como penas e apresentarem caráter predominantemente pedagógico, as medidas socioeducativas obrigam o adolescente infrator ao seu cumprimento, sujeitando-o, inclusive, às sanções previstas no ECA. São medidas aplicáveis a adolescentes envolvidos na prática de um ato infracional. Estão previstas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual apresenta, de forma gradativa, as medidas a serem aplicadas, desde a advertência até a privação de liberdade. Somente pessoas na faixa etária entre 12 e 18 anos que praticam ato infracional estão sujeitas às medidas socioeducativas. 10 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Excepcionalmente, a sua aplicação e o seu cumprimento poderão ser estendidos até os 21 anos. Caso uma criança se envolva na prática de alguma infração, receberá medidas protetivas previstas no artigo 101 do ECA. A partir da análise do processo judicial, o Juiz da Infância e da Juventude pode aplicar, por meio de sentença, uma das medidas socioeducativas, considerando o contexto pessoal do adolescente, sua capacidade para cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. As medidas socioeducativas estão pautadas principalmente em uma proposta pedagógica, que visa à reinserção social do jovem, partindo da ressignificação de valores e da reflexão interna. É importante lembrar que, mesmo não tendo a intenção de punir o adolescente, as medidas socioeducativas limitam alguns direitos individuais como, por exemplo, o direito à liberdade, pois ainda que não esteja submetido ao Código Penal, o adolescente está sujeito a uma legislação especial que acarreta consequências jurídicas para a sua conduta infratora. 1. Advertência (uma “bronca” judicial, com reflexão sobre o ato praticado). 2. Obrigação de reparar o dano (ressarcimento do prejuízo econômico à vítima pelo adolescente). 3. Prestação de serviços à comunidade (realização de tarefas gratuitas por parte do adolescente, em entidades públicas ou privadas, por período não excedente a seis meses). 4. Liberdade assistida (acompanhamento do adolescente nos âmbitos familiar, escolar e comunitário por período mínimo de seis meses). 5. Inserção em regime de semiliberdade (privação parcial de liberdade durante a qual o adolescente tem direito de se ausentar da unidade para estudar e trabalhar, devendo retornar no período noturno, além de passar os fins de semana com a família). 6. Internação em estabelecimento educacional (privação de liberdade durante a qual o adolescente se encontra segregado do convívio familiar e social por até três anos). Quando o juiz aplica a medida socioeducativa, o jovem e sua família são encaminhados aos órgãos executores, ou seja, àquelas instituições que vão viabilizar o cumprimento da sentença judicial, atendendo aos adolescentes vinculados. 1 1 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIREITO AO RESPEITO Conforme o artigo 17 do ECA, “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”. Consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Referente ao direito ao respeito (Art. 17), trata-se da inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Nesse sentido podemos encontrar condutas tipificadas como crime (art. 232), assim como infrações administrativas (art. 247). - Expor criança ou adolescente a vexame ou constrangimento (Art. 232) - Divulgar a imagem ou de informações de criança ou adolescente (Art. 247) O art. 17 dispõe que o direito ao respeito será garantido se observada a inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Portanto, o direito ao respeito compreende a preservação da integridade física e psíquica, que possui especial relevância tendo em vista a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, não representando a mera não agressão, além da integridade moral, entendida como a preservação dos valores morais da criança e do adolescente. O legislador elencou de forma expressa alguns bens (imagem, identidade, autonomia, valores, ideias e crenças, espaços e objetos pessoais) que compõem a noção de integridade física, psíquica e moral de modo a enfatizar a importância da preservação destes no sadio desenvolvimento da criança e do adolescente. 12 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Ato de violência física ou psíquica: a violência psíquica pode ocorrer, por exemplo, com o isolamento proposital da vítima; Intencional e repetitivo; Sem motivo evidente: a violência, geralmente, ocorre por ter a vítima um padrão comportamental ou características destoantes da maioria (excesso de peso, boas notas) Por indivíduo ou grupo; a violência psíquica, em regra, é feita por um grupo de pessoas. • Que causa dor ou angústia; Em relação de desequilíbrio de poder entre as partes. Importante salientar que para que o bullying seja considerado é necessária a prática de todos os elementos destacados acima. Destaca-se que em matérias jornalísticas, nem mesmo as iniciais do adolescente podem ser divulgadas. Ademais o STJ entende que não se pode vincular imagens de crianças e adolescentes em situações constrangedoras (como espancamento e tortura), ainda que não se mostre o rosto da vítima. Informativo 511 do STJ - É vedada a veiculação de material jornalístico com imagens que envolvam criança em situações vexatórias ou constrangedoras, ainda que não se mostre o rosto da vítima. O MP detém legitimidade para propor ação civil pública com o intuito de impedir a veiculação de vídeo, em matéria jornalística, com cenas de tortura contra uma criança, ainda que não se mostre o seu rosto. O direito constitucional à informação e à vedação a censura não é absoluto. Um tema importante, relacionados ao direito ao respeito, merece destaque é o bullying, que será tratado logo abaixo. BULLYING -(LEI 13.185/2015)BULLYING (LEI 13.185/2015) “Bullying” vem do inglês, e significa acossar, violentar, intimidar. A Lei 13.185/2015 institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, definiu como bullying as seguintes condutas: O bullying pode vir a ter repercussões em outras áreas do direito quando, por exemplo, causar uma lesão corporal, pode se configurar ato infracional se o praticante for menor de idade, levando à aplicação de uma medida socioeducativa. 13 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O objetivo da Lei foi trazer à luz essa prática para que, por meio de políticas públicas direcionadas, se consiga alcançar uma melhoria no combate ao bullying. Não visa a punição. 14 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE CYBERBULLYING Atualmente, é muito comum que o bullying seja praticado pela internet. É o chamado cyberbullying. Ocorre, por exemplo, quando são usadas redes sociais, e- mails, programas etc. para se depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial para a vítima. Atualmente, o bullying tem sido feito por meio das redes sociais de relacionamento. Tal atitude é denominada de cyberbullying, que quer dizer a mesma coisa que bullying, porém, praticado virtualmente, ou seja, por meio da internet. Em face da disseminação mundial dessas redes de relacionamento e da significativa e surpreendente adesão dos brasileiros, o cyberbullying tem sido cada vez mais comum e danoso. É importante ressaltar que, nos casos de cyberbullying, a responsabilidade dos pais é patente, pois os acessos aos computadores por meio dos quais é praticada a violência virtual são feitos normalmente de dentro do próprio lar. E mesmo que não o fossem, os pais têm o dever de controlar seus filhos e educá-los a fim de evitar comportamentos danosos, como esse tipo de agressão e intimidação. exposição de fotografias ou montagens constrangedoras; divulgação de fotografias íntimas; críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social de indivíduos repetitivamente. "Enquanto o bullying entre adolescentes é largamente praticado no ambiente escolar, o cyberbullying ultrapassa qualquer fronteira física, tirando da vítima qualquer possibilidade de escapar dos ataques, que acontecem o tempo todo por meio, principalmente, das redes sociais e dos aplicativos de mensagens. Podem ser consideradas cyberbullying ações como: Os agressores geralmente usam de perfis falsos (fakes), acreditando estarem totalmente protegidos quanto à sua identidade real, ou simplesmente se manifestam pelo meio virtual por não ter que encarar a sua vítima pessoalmente." Objetivos do programa contra o bullying criado pela Lei nº 13.185/2015: I - prevenir e combater a prática do bullying em toda a sociedade; II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; III - implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores; VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do problema e forma de preveni- lo e combatê-lo; VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua; VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil; IX - promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de bullying, ou constrangimento físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e de comunidade escolar. 15 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Apesar da sensação de segurança em que o agressor acredita estar, ele está cometendo crime e pode ser punido. O cyberbullying é passível de punição por meio do Código Penal quando configura os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria – Artigo 138 do Código Penal Brasileiro), crime de injúria racial (ataques racistas – Artigo 140 do Código Penal Brasileiro) e exposição de imagens de conteúdo íntimo, erótico ou sexual (Artigo 218-C do Código Penal Brasileiro incluído pela Lei 13.718, de 2018). DO DIREITO À DIGNIDADE A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. O artigo 15 do ECA vem justamente assegurar o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade das crianças e adolescentes, pondo-os a salvo de qualquer arbitrariedade por parte do Estado, da família ou da sociedade. Garante tais direitos, restringindo o poder destes atores sobre a infância, impedindo-o de possuir caráter discricionário. Vale dizer que apesar destes direitos já estarem garantidos constitucionalmente, o legislador buscou enfatizá-los, dada a sua relevância. Direito à liberdade O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; Obs: o direito de ir e vir do menor não se apresenta absoluto, há de se respeitar às restrições legais impostas a estes, como a proibição de entrada em casa de espetáculos. II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 16 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Dignidade É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. O artigo 18 assim refere-se ao direito à dignidade, Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Ainda relacionado ao direito à dignidade, sabemos que a criança e o adolescente devem ser educados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante (Art. 18-A), assim é válido conhecer essa definição apresentada no ECA. I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize. Logo, os responsáveis que utilizarem castigo físico e/ou tratamento cruel ou degradante estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, as medidas que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso pelo Conselho Tutelar (Art. 18-B). A partir desses conceitos, o ECA criou um sistema voltado para orientação e tratamento de situações de castigo físico e tratamento cruel ou degradantes. Caso seja identificada a prática de algumas das situações acima contra crianças ou adolescentes será determinado: - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família: Aqui teremos o encaminhamento dos próprios responsáveis pelas pelo castigo físico ou pelo tratamento cruel ou degradante. A finalidade é romper com a prática por intermédio de um processo de conscientização. 17 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE sofrimento físico; ou lesão - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico: esse encaminhamento poderá ser destinado tanto à criança/adolescente como aos responsáveis, a depender do caso de contexto dasviolações. Sobre o dever de velar pela dignidade das crianças e adolescentes, isso é dever de todos, pondo crianças e adolescentes a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO Trata da proteção da criança e do adolescente quanto ao exercício de uma profissão. Entretanto, alguns destes artigos não estão em conformidade com a CF/88, como por exemplo, o caso dos aprendizes, isto porque enquanto o art. 227, § 3º, I da CF/88 diz que o direito à proteção especial abrangerá a idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII, em contrapartida o art. 60 do ECA diz que é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz (abre uma exceção à regra). De acordo com a Convenção da OIT nº 182 e do Dec. 6481/08 existem vedações ao exercício de alguns trabalhos infantis, tais como: empregada doméstica, etc. Embora, algumas atividades sejam proibidas de serem exercidas, algumas em casos excepcionais podem ser realizadas, desde que tenha a expressa autorização do Ministério do Trabalho e que sejam exercidas por adolescentes maiores de 16 anos de idade. DIREITO À CONVIVÊNCIA Antes mesmo de se analisar o direito de crianças e adolescentes ao direito à convivência, como verdadeiro direito fundamental, é necessário uma explanação acerca do Princípio do Melhor Interesse da Criança. O Princípio do Melhor Interesse da Criança, teve seu surgimento no parens patriae inglês, como uma prerrogativa do Rei e da Coroa, posteriormente conferida ao Chanceler, “de proteger aqueles que não podiam fazê-lo por conta própria” (PEREIRA, 1999, p.1). Posteriormente, em julgamentos envolvendo questões relacionadas à custódia das crianças, começou-se a delinear o bem-estar das crianças, em detrimento aos direitos de cada um dos pais. 18 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A proposta de se reconhecer, em documentos internacionais, a proteção especial para a infância, surge pela primeira vez na Declaração de Genebra, em 1824, onde foi declarada a necessidade de proclamar à criança uma proteção especial (PEREIRA, 1999). Em 1824, a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, também destacou para a criança direito a cuidados e assistência especiais. Por fim, coube à Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1959, consagrar em seu artigo 7º o melhor interesse da criança, sendo este a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação. A doutrina jurídica da proteção integral, por sua vez, teve como origem os instrumentos de direito internacional oriundos principalmente das Nações Unidas, dos quais se destaca a convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada pela ONU, por unanimidade, na sessão de 20 de novembro de 1989, e ratificada pelo Brasil através do decreto 99.710, de 21.11.1990 (ISQUIERDO, 2002, p. 526). O Princípio do Melhor Interesse da Criança enquadra-se na contemporaneidade como um princípio consagrado na sistemática constitucional brasileira. Especialmente com relação à criança e ao adolescente, verificou-se a ruptura doutrinária da situação irregular prevista no Código de Menores de 1979, que denotava o caráter de vitimização dos mesmos, para sua elevação à condição de sujeitos de direitos, passando a desfrutar de proteção integral, pelo simples fato de serem crianças ou adolescentes, tendo assegurados todos os seus direitos e garantias. Consoante Teixeira (2006, p.105), o Princípio “obteve tamanha prioridade no âmbito do Direito de Família, quando o debate cingiu-se aos direitos do menor, que – ao lado e funcionalizado ao Princípio/ Valor Dignidade Humana – passou a ser vértice interpretativo do ordenamento [...]". Baseada na doutrina da proteção integral foi aprovada a Lei n.8.069 de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata especificamente dos direitos e garantias das crianças e adolescentes. Desta forma, questiona-se acerca de quais seriam os direitos fundamentais específicos do menor, sob a ótica de dignidade espelhada na Constituição. Consoante os ensinamentos de Teixeira (2006, p.108) 19 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Os direitos fundamentais, portanto, são o substrato axiológico e material do Direito contemporâneo, constituindo-se, por isso, em parâmetros hermenêuticos. Eles são parte indelével das diretrizes personalistas colocadas na Constituição, notadamente a cidadania e a dignidade humana. Canotilho (1999, p.380) remonta à ideia de “Direitos Fundamentais dispersos” na Constituição, afirmando seu caráter normativo e o seu reconhecimento como “Direitos Fundamentais” É cediço que a partir da Constituição de 1988, crianças e adolescentes passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos. Adotou-se, a partir de então, a Doutrina da Proteção Integral, que inicialmente foi desenvolvida na esfera internacional, destacando-se a Convenção das Organizações das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, no ano de 1989, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n. 99.710, de 21 de Novembro de 1990, que representou, dentro do panorama legal internacional, importante marco na legislação garantista de proteção à infância e juventude (MEIRA, 2008, p.282-283). Desta forma, pelos ensinamentos de Pereira (2006, p.132): Justifica-se a Doutrina da Proteção Integral, principalmente, na razão de se acharem em peculiar condição de pessoa humana em desenvolvimento, isto é, encontram-se em situação especial de maior fragilidade e vulnerabilidade, que autoriza atribuir-lhes um regime especial de proteção, para que consigam se estruturar enquanto pessoa humana e se autogovernar. Seguindo a Doutrina de Proteção Integral da Criança e do Adolescente, preconizada pela Constituição Federal, foi promulgada a Lei Federal nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, que garantiu a efetividade dos preceitos constitucionais de proteção. Os direitos fundamentais foram explicitados, já no contexto do artigo 3º do Estatuto, que assim dispõe: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990, art. 3º). 20 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Não restam dúvidas de que os artigos 3º, 4º,5º, e 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente também traduzem normas de direitos fundamentais. Isto porque os direitos fundamentais não se esgotam no catálogo constitucional, bem como em dispositivos esparsos, por força da norma aberta, esculpida no artigo 5º, parágrafo 2º da Carta Magna (TEIXEIRA, 2009). Teixeira (2009) desenvolve a importância dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes sem ignorar a concepção de deveres fundamentais, proposta por José Carlos Vieira de Andrade. Tais deveres não são, necessariamente, conexos com os direitos fundamentais, podendo formar, por isso, uma categoria autônoma dos deveres fundamentais. Entretanto, também podem estar associados a direitos fundamentais, atingindo a natureza dos direitos, que devem ser configurados como direitos-deveres ou poderes-deveres com dupla natureza (VIEIRA DE ANDRADE, 2001 apud TEIXEIRA, 2009, p.164-165). Tomando como exemplo o múnus conferido à autoridade parental, a criação, educação e assistência estariam incluídos nos deveres dos pais para com os filhos, no interesse destes últimos. A função da autoridade parental, neste contexto constitucional de dignidade humana da criança e do adolescente, é instrumentalizar os direitos fundamentais dos filhos (TEIXEIRA, 2009). O compartilhamento de direitos e deveres entre os genitores deve ser priorizado, a fim de que não haja um esvaziamento da relação parental. Neste sentido, o direito à convivência é, dentre as demais prerrogativasconferidas aos menores, como educação, alimentação e assistência, um direito fundamental, se se observar que o núcleo familiar atualmente corresponde ao ambiente de desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Entretanto, assegurar a continuidade da convivência com ambos os genitores, após o rompimento conjugal, vem sendo o grande desafio do Direito. E mais: vem sendo a grande celeuma do liame entre o denominado direito de visitas e do direito à convivência. Para Silva D. M. P (2009, p.134), o intervalo de tempo em que ocorrem as visitas do genitor não guardião, limitadas a encontros quinzenais, pode gerar no menor o medo do abandono do genitor ausente, acrescido do desapego a este, devido ao distanciamento. E complementa que todo afastamento compromete o contato, interrompe o convívio, reduz a intimidade e destrói vínculos. 21 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A designação de mero visitante contribui para a imagem de um genitor ausente, e apenas contribui para a reafirmação equivocada de que apenas um dos pais deve conduzir a autoridade parental após o rompimento conjugal. A sonegação da convivência familiar é, sem dúvida, um abuso de direito por parte do genitor que a nutre, no momento em que este exorbita o seu direito de exercê-la, em detrimento do outro genitor, que é colocado em manifesta desigualdade, quando lhe é retirada a possibilidade de acompanhamento presencial na vida do filho. Por óbvio, a ideia de que haja uma co-parentalidade, no tocante à divisão de responsabilidades em prol dos filhos, sugerindo um compartilhamento dos deveres da autoridade parental, seria, sem hesitar, a melhor forma para a efetivação de um crescimento psico-emocional salutar dos filhos, com vistas ao ideal desenvolvimento de sua personalidade. O compartilhamento e a co-participação dos pais na criação, educação e assistência dos filhos são deveres inerentes à autoridade parental. A companhia do filho de forma exclusiva, como ocorre com a denominada guarda unilateral, é questionada em especial quando se averigua os impedimentos colocados pelo genitor guardião ao outro, tolhendo-lhe o pleno exercício da convivência familiar. As visitas do genitor não guardião, sempre foram justificadas pela preservação da convivência parental. Entretanto, ainda que o menor permaneça sob a guarda unilateral de um dos genitores, o denominado ‘direito à visitação’, até então compreendido como episódios de encontros esporádicos entre genitor não guardião e filho, muito mais com a intenção fiscalizadora do que participativa, deve ser substituída pelo direito à convivência, com intervalos de convívio menores, em que possa haver uma maior participação do genitor não guardião no crescimento e desenvolvimento do filho. O sentido de visitar, encontra-se diametralmente oposto ao significado de conviver. A convivência pressupõe uma relação de intimidade, de confiança e de assistência diária, além da divisão de responsabilidades rotineiras dos filhos, não possuindo nenhuma relação com o tempo efetivo na companhia do menor. O denominado direito à convivência familiar não mais corresponde a um direito do genitor não guardião, mas a um direito fundamental do próprio menor à convivência, para que haja uma efetiva contribuição para o desenvolvimento físico e psíquico dos mesmos. 22 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Os impedimentos e as dificuldades para o exercício da autoridade parental impostos por um dos genitores, em especial ao direito de convivência, culmina num processo de deterioração da função parental, com o esvaziamento da relação afetiva entre pais e filhos. A este fenômeno, dá-se o nome de alienação parental, fenômeno este cada vez mais comum e visível nas relações paterno- filiais e que, pelo aspecto subjetivo de sua incidência, gera consequências desastrosas para o desenvolvimento saudável dos filhos envolvidos. CONSEQUÊNCIAS DO MAU EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR A Lei nº 12.010/2009, conhecida como Lei de Convivência Familiar, trouxe diversas alterações no ECA, tratando sobre o direito à convivência familiar e sobre a adoção. Essa lei parte do princípio de que a família é o lugar natural em que deve permanecer a criança. Ao assegurar a crianças e adolescentes o direito de serem criados e educados no seio de sua família (ECA 19), o ECA consagra a biologização do vínculo familiar. Chama de família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (ECA 25). Aliás, este é um dos princípios na aplicação das medidas de proteção: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural (ECA 100 parágrafo único X). Seja qual for o motivo que ensejou a intervenção estatal no âmbito familiar - maus-tratos, negligência ou abuso por parte dos pais —, ainda assim é priorizada a manutenção dos filhos junto a eles. Ou seja, é mais prestigiado o direito dos pais, a manutenção da família natural, do que preservado o melhor interesse das vítimas dos próprios pais. Quando reconhecida a impossibilidade de permanência dos filhos junto aos pais, a lei determina que se saia à caça de algum membro da chamada família extensa ou ampliada: aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (ECA, art. 25, parágrafo único e art. 50, § 13, II). Assim, a retirada da criança ou adolescente de sua família natural ocorrerá unicamente em situações excepcionais, por decisão judicial devidamente motivada, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa. A retirada se dá para entidade de acolhimento familiar ou institucional, e deve ter caráter provisório e com brevidade. 23 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O acolhimento institucional e a colocação em família acolhedora também são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta (ECA 101 S 1.º). Para isso deve haver agilidade operacional com vista à rápida reintegração na família de origem. Esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa, mostrando-se a solução comprovadamente inviável, cabe a colocação em família substituta (ECA 88 VI e 92 II). Nas situações de abrigamento, a cada três meses, deve o juiz decidir pela reintegração familiar “ou” pela colocação em família substituta (ECA 19 S 1.º). Ainda assim, a permanência em situação de acolhimento pode se perpetuar. Apesar de ser estabelecido o prazo máximo de 18 meses, há uma ressalva: salvo a necessidade de atender ao seu melhor interesse (ECA 19 § 2.º). Para ocorrer a colocação em família substituta, deve o juiz tomar por base relatório de equipe técnica que tenha concluído pela impossibilidade de reintegração familiar (ECA 19 § 1.º). Para tal deve haver gradativa preparação e acompanhamento posterior (ECA 28, § 5.º). O Juiz da Infância e da Juventude deve decidir sobre a situação com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar pela reintegração familiar ou pela colocação em família substituta, nas modalidades que veremos adiante. A retirada da criança ou adolescente da família natural decorre de medida protetiva aplicada pelo juiz, a qual ocorre por meio da emissão de uma guia de acolhimento (individualizada), diante da qual a entidade produzirá um plano individualizado de ações, com a indicação das necessidades da criança e das ações previstas para viabilizar o retorno da criança à família natural e enviará relatórios regulares, no prazo e três meses, relatando a evolução do acolhimento. Com base nesses relatórios interdisciplinares, o juiz decide se a criança deve continuar na entidade, retornar à família natural ou extensa. 24 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Além disso, caso verifique tratar-se de situação na qual o retorno é impossível procederá à colocação em família substituta.O acolhimento institucional, por sua vez, consiste em deixar as crianças sob o cuidado do Estado, nas unidades institucionais de acolhimento. A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 meses, exceto em caso de comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, por decisão fundamentada. A ideia é evitar, ao máximo, o prolongamento do acolhimento institucional, que é prejudicial ao exercício dos direitos de convivência familiar e comunitária. O acolhimento familiar consiste na colocação da criança ou adolescente em família acolhedora, que gratuitamente recebe a criança, podendo obter a sua guarda. Ele é preferível ao acolhimento institucional pela maior proximidade da convivência familiar ou comunitária e que poderá ser desenvolvida por entidades governamentais ou não. 25 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ADOÇÃO A colocação da criança ou do adolescente em família substituta pela modalidade de adoção somente ocorrerá após esgotamento das possibilidades de colocação perante a família natural, biológica ou extensa. Não havendo condições de deixar a criança sob os cuidados dos pais ou familiares, pode-se falar em adoção. Observe ainda que em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando. 26 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DA HABILITAÇÃO PARA A ADOÇÃO O procedimento de habilitação à adoção é de jurisdição voluntária. A competência é da Vara da Infância e da Juventude, onde deve o candidato à adoção comparecer. Não é necessário estar acompanhado de advogado. É necessária a apresentação de uma série de documentos (ECA 197-A): comprovante de renda e de domicílio; atestado de sanidade física e mental; certidão de antecedentes criminais e negativa de distribuição cível. Na oportunidade, os candidatos devem indicar o perfil de quem aceitam adotar. As pessoas casadas ou que vivem em união estável podem adotar em conjunto ou individualmente. Caso for o casal, ambos devem comparecer ao cartório. No entanto, se a habilitação é somente de um dos cônjuges ou companheiros, o outro deve manifestar sua concordância, que pode ser apresentada por escrito. Os candidatos devem se submeter a estudo psicossocial (ECA 197- C), bem como participarem de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, que inclui preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção interracial, de grupos de irmãos, de crianças ou de adolescentes com deficiência, doenças crônicas ou necessidades específicas de saúde (ECA 197-C § 1.º). Idade mínima de 18 anos para o adotante. Diferença de 16 anos entre adotante e adotado. Consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar. (Pode ser dispensado se os pais foram destituídos do poder familiar, mas se deve ter uma rigorosa observância do procedimento do contraditório. Quando os titulares do poder familiar não são localizados, devem ser citados por edital. Cumpridas todas as formalidades legais, “é decretada a destituição por sentença passada em julgado, a autoridade judiciária, ao deferir a adoção, suprirá o consentimento paterno”). Por mais contraditório que possa parecer, os candidatos devem ter contato com crianças e adolescentes institucionalizados (ECA 197-C S 2.º). No entanto, após a habilitação não podem frequentar abrigos, fazer trabalhos voluntários, se candidatarem aos programas de acolhimento familiar ou apadrinhamento. O Ministério Público pode requerer a designação de audiência para a ouvida de habilitantes e de testemunhas (ECA 197-B II). Deferida a habilitação, o postulante é inscrito no Cadastro Nacional de Adoção (ECA 50), cuja ordem cronológica é obedecida quase cegamente (ECA 197-E S 1.º). O prazo para conclusão do procedimento é de 120 dias, prorrogável por igual período (ECA 197-F). A habilitação deve ser renovada a cada três anos mediante avaliação de equipe interprofissional (ECA 197 $ 2.º). Esse mesmo procedimento é o que basta quando o adotante se candidatar a nova adoção (ECA 197 S 3.º). REQUISITOS PARA A ADOÇÃO Toda pessoa com mais de 18 anos de idade, seja ela casada, solteira ou em união estável, pode adotar uma criança ou um adolescente. O adotante deve ser pelo menos 16 anos mais velho que a criança ou o adolescente que pretende adotar. Podem ser adotadas crianças e adolescentes com idade até 18 anos, cujos pais são falecidos ou concordaram com a adoção e que tiverem sido destituídos do poder familiar. Crianças e adolescentes aptos para adoção são atendidos pela Justiça da Infância e da Juventude e vivem em unidades de acolhimento até que sejam colocadas em família substituta (que além da adoção, pode ocorrer por meio da tutela ou guarda) ou completem a maioridade. Maiores de 18 anos também podem ser adotados. No entanto, a adoção de adultos é regida pelo Código Civil e julgada pelo Juízo Cível. Os principais requisitos exigidos pelo ECA (BRASIL, 1990) para a adoção são: 27 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Concordância do adotado, se contar mais de 12 anos. Processo Judicial. (O ECA prevê procedimentos próprios aos menores de 18 anos, em que se necessita de outro requisito que é o estágio de convivência, a ser promovido obrigatoriamente, só podendo ser dispensado “se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a convivência da constituição do vínculo”. Em caso de adoção internacional o prazo mínimo é de 30 dias, independentemente da idade da criança ou adolescente). Efetivo benefício para o adotando. 28 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1) (FUNRIO - 2016) Na educação de crianças e adolescentes é proibido, segundo o ECA: I – castigos físicos que resultem em sofrimento físico ou lesão; II – tratamento cruel ou degradante, que faça uso da humilhação, ameaças graves ou ridicularização; III – participação na vida política, na forma da lei. Marque a alternativa que corresponde à resposta correta. a) Todas estão corretas. b) Todas estão erradas. c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas. e) I e II estão corretas. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 29 2) (FCC - 2018) De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o prazo máximo para reavaliação da situação da criança ou do adolescente que estiver em programa de acolhimento familiar ou institucional é de. a) 06 meses. b) 03 meses. c) 02 meses. d) 04 meses. e) 05 meses. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 30 3) O artigo 19-B do ECA aponta que __________ consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. Assinale a alternativa que preenche, corretamente, a lacuna do texto: a) adoção provisória. b) acolhimento. c) apadrinhamento. d) guarda. e) tutela. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 31 4) A Lei nº 8.069/1990, denominada Estatuto da Criança e Adolescente, prevê nas disposições preliminares quais os direitos da criança e do adolescente, sendo CORRETO afirmar que a criança e o adolescente a) têm direitos fundamentais restritivos. Por esse motivo, elabora-se uma legislação específica denominada Estatuto da Criança e Adolescente para regular quais os direitos e deveres a serem cumpridos e respeitados. b) gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata o Estatuto da Criança e Adolescente, sendo assegurado por lei, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. c) têm acesso parcial aos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, em que a criança e o adolescente, por estarem em fase de desenvolvimento, necessitam de legislação especial para acesso e proteção social. d) serão assim considerados,para os efeitos do Estatuto da Criança e Adolescente, se tiverem até treze anos e entre quatorze e dezoito anos, respectivamente. e) Nenhuma das alternativas. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 32 5) A Constituição Federal de 1988 impôs ao legislador infraconstitucional o dever de tratar a criança e o adolescente como sujeitos de direito – e não mais como mero objeto de intervenção do mundo adulto. Nessa linha, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Título II, especificou direitos denominados fundamentais de infantes e jovens. Em tal contexto, atribuiu às crianças e aos adolescentes direitos de defesa mesmo em face dos adultos a quem o ordenamento jurídico os subordina. Dentre tais direitos, encontra-se o de defesa da integridade físico-psíquica e moral, na sua faceta de proteção aos direitos de fruir e de desenvolver a própria personalidade, de defender-se de agressões comprometedoras de sua condição de pessoa em face de desenvolvimento, especificamente quando as iniciativas nefastas partam de pessoas a quem a lei impôs o dever de, direta e rotineiramente, protegê-los contra os ataques dos demais membros do grupo social, devendo ser-lhes prestado, para tanto, o suporte necessário. Tal contextualização correspondente ao direito de liberdade de a) buscar orientação. b) buscar refúgio. c) participar da vida familiar sem discriminação. d) opinião e de expressão. e) ser ouvido e de participar das decisões comuns ao núcleo familiar que integra. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 33 34 ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Patricia Freitas de. O Ministério Público no Estatuto da criança e do adolescente – implemento de políticas públicas por meio dos termos de ajustamento de conduta.Disponívelemhttp://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/1semestre2009 /trabalhos_12009/patriciaandrade.pdf. Acesso em 24 de Junho de 2022 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de dezembro de 1988. Texto constitucional de 5 de Outubro de 1988 com as alterações adotadas pelas emendas constitucionais nº 1/92 a 64/2010 e Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94. Disponível em: http://www.planalto.gov.br / ccivil_03 / Constituicao / Constituiçao67.htm. Acesso em: 10.fev.2022. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto no 99.710, de 21 de novembro de 1990. Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/Decreto/1990-1994/D99710.htm. Acesso em: 10.abr.2022. CUSTÓDIO, André Viana. “Teoria da proteção integral: pressuposto para compreensão do direito da criança e do adolescente”. Fonte: http://online.unisc.br/seer/index.php/direito/article/view/657/454. Acesso em 21 de Julho de 2022. FERRAZ, Antonio Augusto Mello de Camargo, na tese “o Delineamento Constitucional de um novo Ministério Público”, apresentada no Congresso Nacional do Ministério Público, realizado em Salbador-BA, no ano de 1992. DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim e Murillo José. Estatuto da Criança e do Adolescente Anotado e Interpretado. Publicação do Estado do Paraná. 5ª. Ed. Curitiba: Imprensa Oficial (SEDS), 2013. Também disponível em meio eletrônico: http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf; Acesso em 23 de Junho de 2022. ISQUIERDO, Renato Scalco. A tutela da criança e do adolescente como projeção dos princípios da dignidade da pessoa humana, da solidariedade e da autonomia: uma abordagem pela doutrina da proteção integral. In: MARTINS-COSTA, Judith. (Org.) A reconstrução do direito privado: reflexos dos princípios, diretrizes e direitos fundamentais constitucionais no direito privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. KAPLAN, Harold; SADOCK, Benjamin; GREBB, Jack. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. MACHADO, José Jefferson Cunha. Curso de direito de família. Sergipe: UNIT, 2000. MAZZILLI, Hugo Nigro. Artigo: “O MINISTÉRIO PÚBLICO NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE”, fonte: www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpnoeca.pdf. Acesso em 23 de Junho de 2022. 35 http://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/1semestre2009/trabalhos_12009/patriciaandrade.pdf http://www.planalto.gov.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_ https://www.google.com/url?q=http://online.unisc.br/seer/index.php/direito/article/view/657/454&sa=D&source=editors&ust=1663955860073347&usg=AOvVaw3vtZyQRsXuq17KJF6aKM4L https://www.google.com/url?q=http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/caopca/eca_anotado_2013_6ed.pdf&sa=D&source=editors&ust=1663955860073901&usg=AOvVaw10M_cTQWTp_HUHk1notOSr https://www.google.com/url?q=http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpnoeca.pdf&sa=D&source=editors&ust=1663955860074540&usg=AOvVaw1p0_AM8cEM0mhE_c5AJw51 GABARITO 1- Resposta: E Comentário: Vamos analisar cada um dos itens. Os itens I e II estão corretos. De acordo com o art. 18-A, da Lei nº 8.069/90, a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante. O item III está incorreto. Com base no art. 16, VI, do ECA, a criança e o adolescente tem o direito de participar da vida política. Desse modo, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão. 2- Resposta: B Comentário: Como vocês podem perceber, o examinador colocou bem na alternativa A a redação antiga do art. 19, § 1º, do ECA, mas, como nós sabemos, o prazo será de 3 (três) meses. Desse modo, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão. 3- Resposta: C Comentário: Art. 19-B, § 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. 4- Resposta: B Comentário: O Estatuto da Criança e do Adolescente tratou de implantar medidas protetivas, e fortalecer direitos fundamentais de crianças e adolescentes já mencionados na Constituição da República Federativa do Brasil, visando superar a cultura menorista e concretizar os princípios e diretrizes da teoria da proteção integral 5- Resposta B Comentário: A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. ... VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. 36
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