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23 Nutrição no Esporte Número 23 Julho/Agosto/Setembro - 1999 SPORTS SCIENCE EXCHANGE EXERCÍCIO, BALANÇO DOS MACRONUTRIENTES E REGULAÇÃO DO PESO CORPORAL Christopher L. Melby, Dr.P.H. Professor Associado Nutrition and Fitness Laboratory Department of Food Science and Human Nutrition Colorado State University Fort Collins, Colorado Dr. James O. Hill, Ph.D. Professor – Center for Human Nutrition University of Colorado Health Sciences Center Denver, Colorado PRINCIPAIS TÓPICOS Nos últimos 20 anos tem sido observado um aumento significativo da obesidade na América do Norte e em outros países desenvolvidos, embora não tenha ocorrido nenhuma alteração a nível genético. Esse fenômeno reforça o argumento da importância do hábito alimentar e da atividade física, interagindo com o polimorfismo genético como sendo a única explicação para o acúmulo excessivo de gordura no organismo em uma grande maioria da população norte-americana. A velocidade de oxidação dos carboidratos e das proteínas é muito bem regulada pela quantidade ingerida, porém, a oxidação das gorduras não é proporcional à quantidade ingerida. Portanto, o acúmulo excessivo de gordura no organismo, parece ser resultante da sua ingestão elevada, em relação à quantidade metabolizada. Se a ingestão de energia é superior à utilizada, a obesidade pode se instalar, mesmo quando a ingestão de gordura é pequena – este fato não é devido ao aumento da síntese de gordura originária dos carboidratos ingeridos, mas sim, porque o organismo está adaptado a oxidar mais rapidamente carboidratos e proteínas para atender às necessidades de energia, em detrimento da utilização de gorduras. Os seres humanos ingerem uma alimentação com excesso de gordura e apresentam um balanço positivo desse nutriente. Os efeitos do exercício no total de energia gasta diariamente são devidos, principalmente, ao aumento da energia utilizada durante o exercício. Portanto maiores do que seu efeito no metabolismo em repouso ou do efeito termogênico da ingestão de alimentos. Devido ao fato dos exercícios aumentarem os gastos energéticos diários e a gordura oxidada, a prática constante de exercícios resulta na diminuição da massa de tecido adiposo, levando os indivíduos fisicamente ativos a um equilíbrio no metabolismo dos lipídios e a manter uma massa adiposa pequena. INTRODUÇÃO A obesidade, especialmente aquela caracterizada pela presença excessiva de gordura abdominal, é um fator de conseqüências indesejáveis, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes melitus do tipo 2. Muito embora a população norte-americana tenha um conhecimento bastante grande sobre as conseqüências indesejáveis para a saúde do excesso de peso, a incidência de obesidade em adultos, crianças e adolescentes tem aumentado (Kuczmarski et al., 1994). Obviamente, o aumento da incidência da obesidade associado aos seus efeitos deleteriosos aparecem, e existe um interesse considerável na sua prevenção e tratamento, estando o efeito das dietas e da atividade física entre os dois fatores mais importantes. Este trabalho de revisão, procurará apresentar os efeitos da atividade física no balanço energético e dos macronutrientes na regulação metabólica do peso corporal. FATORES QUE CONTRIBUEM PARA AUMENTAR O RISCO DA OBESIDADE Segundo as leis da termodinâmica, o excesso de energia é a principal causa da obesidade. É evidente que, se a ingestão de energia (EIN) excede a demanda (EEX), ocorre o seu armazenamento. Embora esse fato pareça ser óbvio, é importante enfatizá-lo desde o princípio. Atualmente, as atenções estão voltadas para a redução de peso, resultante principalmente da variação da composição dos macronutrientes nas dietas (ou seja: dietas com alto ou baixo teor de carboidratos, alto teor de proteínas/alto teor de gorduras). Nunca deve ser esquecido que a composição da dieta somente vai afetar a composição corporal a longo prazo, quando ocorrer um imbalanço entre EIN e EEX. Influência genética e ambiental Alguns fatores de risco específicos associados ao aumento do peso corporal, foram identificados em populações como os Caucasianos e os Indus Pima (Ravussin & Swinburn, 1993). Um fator de risco óbvio é a ingestão de uma quantidade de energia superior àquela que é gasta, e um dos fatores determinantes do elevado índice de obesidade observado na população norte- americana se deve à palatabilidade dos alimentos com alto teor de energia. Outros fatores de risco também foram identificados e incluem: 1) uma baixa taxa de consumo de energia em repouso, em comparação com a taxa prevista em função das dimensões corporais; 2) um quociente respiratório (Q.R.) alto durante as 24 horas, indicando uma alta taxa de oxidação de carboidratos e baixa em gorduras; e 3) baixa atividade física espontânea. Até o momento, não existem dados que possam confirmar que esses fatores de risco para o aumento de peso corporal sejam os mesmos para outros grupos populacionais. Nos últimos anos, houve um aumento substancial no interesse de pesquisar o papel dos fatores genéticos na etiologia da obesidade. A identificação da seqüência e codificação do gene ob, que é um peptídio (leptina), e a descoberta de que um defeito nesse gene, parece ser a única causa da obesidade em camundongos ob/ob (Zhang et al., 1994), e tem gerado um considerável interesse sobre os aspectos genéticos relacionados com a obesidade. Entretanto, este fato não parece ser merecedor de crédito como fator responsável pelo excesso de peso e obesidade que está acontecendo nos últimos 20 anos entre os norte- americanos, considerando-se que nesse período não ocorreram modificações genéticas. Estes fatos conduzem a se dar uma maior importância aos fatores ambientais no fenômeno, como os hábitos alimentares e os padrões de atividade física, que estariam interagindo com os fatores genéticos, pois somente assim pode ser explicado o excesso de gordura corporal em uma grande parte da população norte americana. Inatividade Física e Obesidade É lógico esperar que indivíduos sedentários apresentem uma possibilidade muito maior de terem um acúmulo excessivo de gordura corporal, quando comparados com aqueles fisicamente ativos. Tem sido observado, nos Estados Unidos, uma relação inversa entre a atividade física (dados obtidos por comunicação pessoal) e os índices de obesidade com dados obtidos através do índice de massa corporal ou IMC (Eck et al., 1992). Entre os afro-americanos, Melby et al.(1991), observaram que os adultos que se exercitavam duas ou mais vezes por semana, apresentavam valores significativamente menores para o IMC (peso/altura2) e circunferência da cintura, quando comparados com adultos que se exercitavam uma vez ou nenhuma vez por semana. Em uma publicação recente, feita na Finlândia, quando foram estudados cerca de 5 000 pessoas (homens e mulheres), durante 10 anos, a diminuição do tempo de recreação destinado a atividade física, estava diretamente relacionado com o aumento da massa corporal, enquanto que aqueles indivíduos que aumentaram seu tempo de atividade física, apresentaram uma diminuição da massa corporal (Haapanen et al., 1997). Embora exista uma associação muito estreita entre a inatividade e a obesidade, não existem dados suficientes que comprovem que o baixo nível de atividade física seja a causa da obesidade. É igualmente possível, que a atividade física diminuída seja consequência da obesidade. Também, é possível que os baixos gastos de energia com a atividade física, quando acompanhados por uma ingestão energética baixa, de tal maneira que o balanço energético seja mantido e a obesidade não se instale. Nota-se, entretanto, que o acesso a alimentos com boa palatabilidade e alta densidade energética consumida pelos norte-americanos, e em muitos outros países do mundo, seja responsável por um balanço positivo de energia e gordura, muito mais que o baixo gasto de energia que estaria associado com a atividade física. Dieta e oxidação de macronutrientes Massa gordurosa corporal e balanço de lipídios. Flatt (1995) e Schutz (1995) sugeriram quea obesidade é basicamente um problema ocasionado pela menor oxidação das gorduras em relação à ingestão, sendo o principal responsável pelo aumento da massa gordurosa. Eles teorizaram que o aumento da adiposidade, que pode ou não ocorrer com o aumento da resistência das células gordurosas à ação da insulina, aumenta o teor de ácidos graxos livres plasmáticos que, por sua vez, aumentam a oxidação lipídica celular. Quando ocorre um aumento significativo na massa lipídica corporal, ocorre um aumento na oxidação, suficiente para que o balanço lipídico seja restabelecido e a massa gordurosa se estabilize em níveis mais altos (Figura1). Essas modificações determinam um novo ponto de equilíbrio, ponto esse no qual a razão entre a oxidação e a ingestão de lipídeos são iguais, embora isto custe o aumento da massa gordurosa, aumentando consequentemente a obesidade. Semelhantemente, quando a ingestão de gordura é menor que a sua oxidação, a massa gordurosa diminue ao nível da oxidação. Ingestão de macronutrientes e balanço lipídico. Embora o enfoque principal deste trabalho esteja voltado primeiramente aos efeitos do exercício na oxidação de macronutrientes e não à dieta, é importante, no contexto metabólico da regulação do peso corporal, também apresentar, embora com brevidade, o impacto da ingestão de energia e dos macronutrientes presentes na dieta no balanço nutricional. Como já foi previamente demonstrado, a oxidação dos carboidratos é influenciada de uma maneira muito intensa pela quantidade ingerida, como pode ser verificado na condição pós- prandial, quando ocorre um aumento significativo na oxidação dos mesmos (Acheson et al., 1988). A ingestão elevada de carboidratos por um período prolongado resulta no aumento da sua oxidação em detrimento da oxidação das gorduras. De uma maneira semelhante, a elevação na ingestão de proteínas resulta no aumento da oxidação dos aminoácidos, diminuindo a sua retenção. As pequenas modificações no aumento ou diminuição das proteínas corporais, é resultante de um processo Oxidação das Gorduras Ingestão de Gorduras QR/QA>1 QR/QA=1 (“normalização”) Oxidação das Gorduras Ingestão de Gorduras Estabilização do peso corporal a um nível de obeso (+balanço lipídico)>1 Quantidade de Gordura ingerida normalmente Quantidade de Gordura oxidada normalmente Oxidação dos AGL AGL do plasma Depósito de Gordura Figura 1. Basicamente, a obesidade parece ser um problema causado pelo balanço lipídico positivo que leva a uma expansão da massa de tecido adiposo. O aumento da obesidade leva a uma elevação na concentração plasmática de ácidos graxos livres, que aumenta a oxidação lipídica. Quando ocorre um aumento significativo na massa gordurosa, o balanço lipídico é reestabelecido e a massa gordurosa se estabiliza quando a relação entre a oxidação de gordura e a ingestão de lipídios se equivalem, mesmo que isto custe a instalação da obesidade. corretivo nas alterações da oxidação dos aminoácidos. Assim, o organismo mantém o balanço metabólico das suas proteínas, oxidando-as em função da quantidade ingerida, de maneira semelhante àquela observada com os carboidratos. Devido ao fato da contribuição das proteínas na produção de energia ser bastante pequena durante os exercícios, comparativamente com os carboidratos e gorduras, não daremos grande atenção, neste trabalho, às proteínas. A adição de gordura a uma dieta mista, não aumenta significativamente a velocidade de oxidação dos lipídios durante o período pós-prandial (Schultz et al., 1989). Parece que quando a quantidade de gordura em uma refeição mista é da ordem de 40 a 50g, esta é direcionada para os depósitos e não para a oxidação. De fato, o consumo de uma refeição mista contendo gordura e carboidratos, tem como resultado uma diminuição na oxidação das gorduras, comparativamente com as condições pré prandiais. Torna-se evidente então, que as modificações na ingestão de carboidratos produz rápidas e substanciais modificações na oxidação dos mesmos, as quais servem para manter o balanço de carboidratos. Entretanto, alterações na ingestão de gorduras produzem um efeito muito pequeno, ou mesmo nenhum efeito de imediato na oxidação das mesmas. Desta maneira, os esforços para manter as alterações metabólicas são muito pequenos para manter o balanço das gorduras na fase aguda. Desta forma, as modificações no peso corporal, que se seguem às agressões no balanço energético, são devidas em primeiro plano às alterações no balanço metabólico das gorduras, o qual é responsável pela maior parte do imbalanço que ocorre no total de energia. Mesmo quando as reservas de carboidratos do organismo estão duplicadas, a massa corporal não tem um aumento superior a 1 ou 2 kg. Devido ao fato do balanço de carboidratos e proteínas ser mantido por um período de tempo curto, qualquer aumento no fornecimento de energia acima do normal, por um período de alguns dias, deve necessariamente ser acomodado no aumento das reservas gordurosas. É importante salientar que a maior parte do acúmulo de gordura pelo organismo de pessoas que estão ingerindo uma dieta mista, não é determinada pela transformação de carboidratos em gordura (Horton et al., 1995). Até certo ponto, o balanço lipídico positivo que ocorre com uma superalimentação, parece resultar em um maior acúmulo de gordura devido à menor oxidação das gorduras pelo organismo. Se a ingestão de energia é superior aos gastos, pode ocorrer a obesidade mesmo quando a ingestão de gorduras é baixa – fato este que não pode ser atribuído exclusivamente à síntese de gordura originária de carboidratos, mas principalmente pelo fato do organismo se adaptar rapidamente, ajustando a oxidação de carboidratos e proteínas para fornecer a energia necessária ao organismo em detrimento da utilização das gorduras. Integração entre ingestão e oxidação de macronutrientes. Devido ao fato do organismo rapidamente adaptar a velocidade de oxidação dos carboidratos e proteínas com a ingestão destes, a quantidade de gordura oxidada durante um determinado tempo, será função da diferença entre o total de energia gasta e a quantidade de energia fornecida pelos carboidratos e proteínas. Quando a composição corporal e o balanço energético estão estabilizados, a mistura de nutrientes oxidados (representados pelo quociente respiratório, ou QR) é igual à composição em macronutrientes da dieta, portanto, reflete o quociente alimentar (QA), o qual é calculado como a relação entre o dióxido de carbono e o oxigênio consumido durante o processo de oxidação dos alimentos normalmente presentes na dieta habitual. Durante os dias em que ocorre uma maior ingestão de energia, os carboidratos serão oxidados prioritariamente, e a oxidação das gorduras ficará diminuída (QR>QA). Assim, o excesso de energia se acumula na forma de gordura. Quando a ingestão de alimentos não é suficiente para atender a demanda de energia do organismo, o quociente respiratório médio (QR) será menor que o quociente alimentar (QA), o que representa uma maior oxidação da gordura endógena e alimentar. Para perder gordura corporal, a média entre a relação QR/QA deve ser sempre inferior a 1. A restrição dietética faz com que isto aconteça. Quando ocorre um aumento na demanda de energia devido ao aumento na oxidação das gorduras, ocasionada pela prática regular de exercícios, teremos uma relação QR/QA < 1,0. O papel dos exercícios na perda de peso e na manutenção do balanço lipídico a uma baixa percentagem de gordura corporal, será discutido nas seções subseqüentes. Estudando a composição das dietas e a ingestão de alimentos, Flatt (1995), sugeriu que o balanço dos carboidratos regula o comportamento alimentar e a seleção dos macronutrientes. Essa teoria foi elaborada após observações com camundongos, com os quais um balanço negativo com carboidratos por um dia foi seguido por um aumento na ingestão de carboidratos no dia seguinte, provavelmente para restaurar os depósitos hepáticos de glicogenio até um determinado nível. De acordo com o que se convencionou já há muito tempo,a estabilidade do peso corporal está na dependência da relação QR/QA =1,0 e, esta relação, está diretamente relacionada com a modulação na ingestão de alimentos. Se isso é verdade para os seres humanos, que apresentam uma alta capacidade metabólica de oxidação para os carboidratos e uma baixa capacidade de oxidar as gorduras, o caminho para ajustar o organismo a manter uma relação correta entre a ingestão e a oxidação dos carboidratos só acontecerá após vários dias, fato este que, por sua vez, resultará em uma superalimentação, que será a resultante da ingestão excessiva de gordura. Em outras palavras, o balanço metabólico dos carboidratos está diretamente relacionado com a sua ingestão, portanto, o aumento da ingestão de gorduras ocasiona um balanço positivo nesse macronutriente. Esse conceito está baseado em alguns resultados obtidos com seres humanos, quando os carboidratos da dieta foram substituídos por gordura (Tremblay et al., 1989), porém, esses resultados não foram corroborados por outros pesquisadores (Stubbs et al., 1993). Nos dois últimos estudos, a manipulação dietética teve um pequeno efeito nas reservas de glicogênio, quando foi oferecida uma alimentação “ad libitum”. Entretanto, o balanço energético e de gorduras foi muito pronunciado no aspecto positivo, quando foi oferecida uma alimentação “ad libitum” com alto teor de gordura e de energia por 7 dias. Por outro lado, o balanço energético foi ligeiramente negativo quando aos mesmos indivíduos foi oferecida uma dieta com baixo teor de gordura e rica em carboidratos (Stubbs et al., 1993). Esses autores, sugerem que o balanço dos carboidratos é mantido, não pela modulação na ingestão de carboidratos mas, principalmente pelos ajustes dos quocientes QR e QA. Em estudos recentes sobre superalimentação e subalimentação por um período de 12 dias consecutivos em uma câmara calorimétrica, esse mesmo grupo de pesquisadores (Jebb et al., 1996) concluiu que a seleção metabólica dos combustíveis é feita no sentido de manter o balanço dos carboidratos que, por sua vez, pode resultar em alterações impróprias na oxidação das gorduras, quando ocorre um fornecimento excessivo de energia. Um achado importante nesses estudos e em outros (Tremblay et al., 1989) que não podem ser relegados, é de que os seres humanos tendem a comer em excesso e apresentar um balanço gorduroso positivo quando tem a chance de se alimentar “ad libitum”, com alimentos com boas qualidades organolépticas e ricos em gordura. Apesar do balanço de carboidratos regular intimamente a ingestão, parece que a super- alimentação ocorre com uma freqüência muito maior quando a dieta é rica em gordura. Como esse tipo de dieta aumenta comprovadamente o risco da obesidade, especialmente entre indivíduos que apresentam um baixo índice de oxidação das gorduras. Uma ingestão excessiva de energia e gordura, não aumenta a capacidade do organismo em metabolizar os lipídios, portanto ocorre um balanço gorduroso positivo, aumentando os depósitos desta no organismo. Por conseguinte, o baixo coeficiente de oxidação das gorduras pode ser um fator de predisposição do organismo ao acúmulo de lipídios quando a gordura alimentar está fartamente disponível, por outro lado, o aumento no potencial de oxidação das gorduras pode ser uma proteção à instalação da obesidade. Entretanto, a base para o entendimento do acúmulo ou diminuição da massa lipídica do corpo, está na dependência do balanço lipídico e não na oxidação ou ingestão de gorduras individualmente. Por exemplo, um atleta de resistência, que apresenta um peso corporal estável e que ingere uma alimentação contendo 70% de energia oriunda de carboidratos e somente 15% fornecida pela gordura, apresentará um QR relativamente elevado nas 24h. Este fato é necessário pois, o atleta para ter um peso corporal estável, deve ter também um balanço QR/QA=1, durante todo o tempo. Um QR elevado mantido durante as 24h, reflete um baixo índice de oxidação lipídica comparativamente com os carboidratos, porém, esse fato não significa que o atleta tenha o risco de acumular gordura. Neste caso, um baixo índice de oxidação de lipídios é equilibrado por uma baixa ingestão do mesmo, só assim, não ocorre a deposição lipídica. O inverso também é verdadeiro. Um indivíduo que ingere 40% do total de energia na forma lipídica, não estará destinado a ser um obeso se o balanço lipídico for mantido proporcionalmente alto pela oxidação de gorduras. Esta situação só pode ser compreendida, se entendermos que a análise do processo de oxidação lipídica ou a sua ingestão não podem ser considerados como situações isoladas, pois desta maneira os dados não caracterizam o balanço lipídico. EXERCÍCIOS E GASTOS ENERGÉTICOS A despeito dos dados relativos à importância da atividade física como elemento preventivo da obesidade, existem diversas maneiras pelas quais a atividade física pode agir no balanço energético. Dos três componentes dos gastos energéticos diários: gasto metabólico em repouso (GMR), efeito térmico dos alimentos (ETA), e a termogênese devida a atividade física (TAF), o principal componente nos gastos energéticos diários é sem dúvida alguma a TAF. A energia gasta durante a atividade física, varia de acordo com as características do exercício (i. e., freqüência, intensidade e duração) e do praticante (peso corporal, capacidade aeróbia, etc). Os gastos energéticos não retornam aos níveis normais imediatamente após a atividade física. A amplitude e duração dos gastos energéticos pós-exercícios é controverso (Poehlman et al., 1991). A intensidade dos exercícios tem um efeito muito maior na elevação do metabolismo que a duração do mesmo (Sedlock et al., 1989). A intensidade e duração das sessões de exercícios praticadas por indivíduos que não são atletas (40 a 70% do VO2 máx por 15 a 40 min), promove um retorno às condições basais em 5 a 40 min. após a atividade física; isto significa um gasto energético adicional de 21 – 125 kJ de energia consumida devido ao exercício (Freedman-Akabas et al., 1985). Nos indivíduos com capacidade de desenvolver exercícios de alta intensidade e longa duração, os gastos energéticos pós- exercícios são elevados e contribuem significativamente para o aumento dos gastos diários destes. Pouco se sabe a respeito dos gastos energéticos pós- exercícios de resistência, porém dados recentes sugerem que a prática de levantamento de peso em alta intensidade eleva os gastos energéticos acima da linha de base por várias horas (Melby et al., 1993). Entretanto, parece duvidoso que indivíduos sem treinamento em exercícios resistidos, sejam capazes de sustentar a intensidade necessária para produzir uma elevação prolongada nos gastos energéticos pós exercícios. As modificações crônicas na atividade física podem influenciar outros componentes dos gastos energéticos como o ETA e GMR. O efeito térmico dos alimentos é devido à digestão, absorção e assimilação dos macronutrientes (termogênese obrigatória), assim como por um gasto adicional de energia devido, provavelmente ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático; ETA é geralmente considerada como responsável por cerca de 10% dos gastos energéticos diários. Isto significa que os efeitos do exercício na ETA é bem pequeno, os efeitos benéficos do exercício no controle do peso corporal é resultante mais do aumento dos gastos energéticos durante a prática dos mesmos, do que seu impacto como componente nos gastos energéticos durante as 24 h. O gasto metabólico em repouso (GMR), se traduz no custo energético para a manutenção dos sistemas vitais em indivíduos no estado de alerta, e corresponde a cerca de 65 a 75% do total dos gastos energéticos diários. Ainda não está claro onde a atividade física atua para alterar o GMR, independentemente das modificações na massa magra. A literatura apresenta dados conflitantes. Em diversas investigações cruzadas, uma elevação nos GMR foi observada em indivíduos que treinavam resistência, comparativamente com indivíduos sedentários, sem treinamento, independentemente da composiçãocorporal (Poehlman, 1989). Arciero et al. (1993), coletaram dados de 500 homens e mulheres saudáveis, e observaram que o pico do VO2 era um predictor significativo do GMR, independentemente do peso e da composição corporal. Outros estudos demonstraram que indivíduos treinados, que apresentam um bom preparo fisico, apresentam um GMR semelhante ao observado com sedentários utilizados como controle (Broeder et al., 1992). A razão para esses valores discrepantes não são conhecidas, porém podem estar relacionadas com a diferença de tempo entre a determinação do GMR e o término da ultima sessão de exercícios, assim como com a ingestão energética nos dias que precederam as determinações do GMR. Por outro lado, é praticamente impossível determinar a relação entre causa e efeito na análise de estudos cruzados. Estudos recentes, tem sugerido que a combinação entre o gasto energético elevado e a ingestão de energia (elevado fluxo energético ou trocas), pode ser a causa da elevação do GMR em atletas de resistência, mesmo quando eles estão com um balanço energético equilibrado (Poehlman et al., 1989). Os resultados obtidos em nosso laboratório confirmam essa hipótese (Bullough et al., 1995). Comparando-se indivíduos treinados com aqueles não-treinados, observou-se um GMR elevado quando as condições de exercício eram agudas e de elevado gasto de energia e uma elevada ingestão energética, porém, essa elevação foi atenuada quando o intervalo de tempo entre as sessões de exercício era aumentada para a medida do GMR. Esses dados sugerem que o GMR pode ser elevado cronicamente em indivíduos que estão engajados em programas de treinamento diário de alta intensidade e de longa duração, e que a causa principal é o efeito do exercício agudo e não uma adaptação crônica ao exercício. Pode ser observado que a quantidade de exercícios executados por não-atletas, com a intenção de controlar o peso, é de baixa intensidade e de curta duração, portanto, deve ter um pequeno ou mesmo nenhum efeito no GMR. Sumariando, o efeito térmico da atividade física se modifica quando ocorrem modificações na atividade física. Se outro componente pode afetar os gastos energéticos, pela mudança do tipo de atividade física é controverso. O maior impacto nos gastos energéticos com a atividade física ocorre durante a sua prática. Observa-se que o maior efeito da atividade física para pessoas com risco de obesidade, resulta no efeito sobre o total de energia gasta e no balanço energético, mais que a proporção de gordura e carboidratos oxidados durante as sessões de exercício. EXERCÍCIO E OXIDAÇÃO DE MACRONUTRIENTES Possivelmente, o aumento na atividade física é a melhor maneira para pessoas que desejam aumentar seus gastos energéticos e a oxidação das gorduras com o intuito de diminuir sua massa gordurosa. Existem duas fontes de lipídeos para serem oxidadas durante a atividade física – os ácidos graxos livres plasmáticos mobilizados do tecido adiposo e as reservas de ácidos graxos intramuscular na forma de triacil glicerol. O tecido adiposo é muito rico em triacil glicerol, representa uma reserva de energia que permite um homem, mesmo magro, caminhar 800 km. Logicamente, para ser usado durante os exercícios, os triacil glicerol dos adipócitos, devem sofrer uma lipólise e serem transportados até a mitocondria do músculo esquelético, onde ocorre a oxidação. Exercício agudo A maior parte das informações que dispomos atualmente sobre a mobilização e oxidação durante a prática de exercícios foram obtidas através da utilização de isótopos traçadores, combinado com a calorimetria indireta. Durante a prática de exercícios de baixa intensidade ( p.e., andando a 25% do VO2 máx), pode ocorrer um aumento de até cinco vezes no teor de ácidos graxos livres no plasma (Ra AGL), comparativamente com o seu teor em condições de repouso (Klein et al., 1994). Para um indivíduo que se exercita em jejum, nessa intensidade, a oxidação dos AGL plasmático representa a principal fonte de energia necessária para a prática de exercícios, com uma pequena contribuição da glicose sangüínea e do triacil glicerol intramuscular. Quando a intensidade do exercício aumenta de 25 para cerca de 65% do VO2 máx ( como “jogging”ou corrida de laser que pode ser mantida por duas ou mais horas), o glicogênio muscular contribui de forma substancial para atender a demanda de energia. Os trabalhos feitos com isótopos, demonstram que a quantidade de AGL no plasma diminui a medida que ocorre um aumento na intensidade do exercício, porém o total de gordura oxidada, medida através da calorimetria indireta (i.e. VO2 e RER) aumenta (Romijn et al., 1993). A explicação mais lógica para esse acontecimento é que ocorre um aumento na oxidação dos ácidos graxos oriundos do triacil glicerol intramuscular, para atender à demanda da oxidação das gorduras (Martin, 1997). Quando a intensidade do exercício aumenta para cerca de 85% do VO2 máx, as reservas de glicogênio muscular funcionam como principal fonte de energia. A concentração plasmática de AGL diminui, assim como a velocidade de aparecimento de AGL (Ra AGL) diminui, mesmo o adicional (Romijn et al., 1993). A explicação para o decréscimo do Ra AGL não está claro. O aumento bastante significativo da concentração de catecolaminas plasmática, devido ao exercício de alta intensidade provoca um aumento na velocidade da lipólise, ocasionando um aumento nos Ra AGL. Estudos utilizando o glicerol marcado sugerem que, a despeito da velocidade da lipólise ser muito elevada durante a prática de exercícios de alta intensidade (Klein et al., 1996), por alguma razão, ainda sem explicação, a maior parte dos AGL liberados pelos adipócitos não entram no plasma (i.e. o Ra do glicerol é elevado, porém o Ra dos AGL é baixo). Coyle em 1995, sugeriu que a redução do fluxo sangüíneo ao tecido adiposo durante a prática de exercícios de alta intensidade, tem como resultado uma diminuição no teor plasmático de albumina, a qual é responsável pelo transporte dos AGL dos adipócitos. Está claro que durante os exercícios de alta intensidade, ambos, AGL plasmático e triacil glicerol intramuscular, contribuem em menor escala para a produção de energia que o glicogênio muscular. É interessante salientar que os estudos utilizando glicerol marcado a 25, 65 e 85% do VO2 máx, foram feitos com indivíduos treinados em exercícios de resistência. Provavelmente, nas mesmas condições de atividade física, indivíduos não treinados, podem apresentar maior dependência dos carboidratos e menor dependência das gorduras, quando comparados com indivíduos treinados. Já estão bem estabelecidas as diferenças que ocorrem entre a prática de exercícios de alta e baixa intensidade, Uma grande parte do oxigênio consumido é utilizado para a oxidação dos carboidratos e uma pequena parte para os lipídeos, durante as sessões de exercícios. Devido a esse fato, é comum entre os supervisores de uma preparação física, a afirmativa que os exercícios de baixa intensidade são melhores que os de alta intensidade, quando o objetivo consiste na redução do peso corporal e melhorar a sua composição, porque essa prática aumenta a queima de gorduras. Entretanto, essa afirmativa falha ao desconsiderar a quantidade de energia gasta com a prática de exercícios de alta intensidade, assim como pelo fato de não levar em conta a energia gasta no período pós-exercício. Por exemplo, Phelan et al. (1997) estudaram os efeitos dos exercícios de alta e baixa intensidade, nos quais a quantidade de energia produzida e a utilizada fossem iguais, o estudo foi feito com oito mulheres eumenorreicas. Eles encontraram, como era esperado, que a oxidação dos carboidratos foi significativamente maior quando o protocolo utilizado preconizava um exercício de alta intensidade (75% VO2 máx), quando comparado com a atividade de baixa intensidade (50% VO2 máx). O total de gordura oxidada (exercício mais 3h de recuperação) foi maior durante os exercícios de baixa intensidade. Porém, a velocidade de oxidação das gorduras foi 23,8% maior nas 3h subseqüentesaos exercícios de alta intensidade, quando comparado com os de baixa intensidade. Outros estudos, também recentes, fornecem maiores evidências que os exercícios que promovem uma depleção aguda no glicogênio muscular, aumenta a oxidação das gorduras no período pós-exercícios. Schrauwen et al. (1997) estudaram os efeitos dos exercícios condicionadores de uma diminuição do glicogênio, comparando com uma situação de repouso na oxidação das gorduras por um período de 36h após os exercícios. Durante todo o tempo, os participantes da experiência, foram alimentados com uma dieta com alto teor de lipídios (60% da energia na forma de gordura). Eles observaram que os indivíduos eram capazes de equilibrar rapidamente a ingestão de gorduras com a sua oxidação, quando as reservas de glicogênio estavam depletadas devido ao exercício de alta intensidade, o balanço lipídico foi altamente positivo. Também, Tuominen et al. (1997) determinaram em 14 homens a velocidade de oxidação dos lipídios em condições basais e durante a euglicemia atrelada a uma hiperinsulinemia, 44h após uma sessão de exercícios depletores de glicogênio, e comparando com um controle sem exercícios. Ocorreu um aumento de duas vezes na oxidação das gorduras em condições basais e de cerca de três vezes durante a hiperinsulinemia seguida de exercício comparativamente com as condições de repouso. Os dados desse estudo demonstram que a diminuição do glicogênio ocasionada pelo exercício aumenta a oxidação dos lipídios até 44h após a sua prática, fato este que tem importante implicação no balanço lipídico. Esses dados indicam que o período de recuperação deve ser considerado quando se quer determinar o efeito de diversas intensidades de exercício no total de energia produzida e na utilização de carboidratos e de gorduras como substrato. Exercício de Treinamento Os exercícios utilizados como treinamento, aumentam a capacidade de utilização tanto da carboidratos como de gorduras, com predominância da oxidação de gorduras quando os exercícios são de baixa e moderada intensidade, e a utilização de carboidratos é predominante quando os exercícios são de alta intensidade. Brooks e Mercier (1994), fizeram uma revisão sobre a utilização de macronutrientes baseados na inter-relação entre intensidade do exercício- indução da resposta e exercícios de treinamento-indução das adaptações. Eles descrevem um ponto de cruzamento no qual a força produzida, cuja energia é derivada de carboidratos, predomina sobre aquela energia fornecida pelos lipídios, com o aumento da intensidade dos exercícios, ocorre um aumento na utilização dos carboidratos em detrimento da utilização das gorduras. Os treinamentos produzem um desvio para a direita do ponto de cruzamento, portanto, quando os exercícios são de baixa ou moderada intensidade, as adaptações ao treinamento capacitam o indivíduo a oxidar mais gorduras que aqueles não-treinados. Durante os exercícios de alta intensidade, as adaptações relativas aos carboidratos conduzem o organismo a utilizar grandes quantidades de glicose necessária para a produção de força. Após o exercício de treinamento, a mesma quantidade de trabalho submáximo pode ser executada com uma grande quantidade de energia fornecida pela oxidação dos lipídios para atender às necessidades de energia (Gollnick, 1985). O aumento da oxidação das gorduras em indivíduos treinados é facilitada pela morfologia e adaptações enzimáticas do músculo esquelético que ocorre após o treinamento, combinado com o aumento da disponibilidade de substrato lipídico. Exercícios de Resistência Poucos estudos estão relatados na literatura visando analisar o efeito dos exercícios de resistência praticados de forma aguda na oxidação dos lipídios. Já são bem conhecidos os efeitos que ocorrem durante os exercícios de levantamento de pesos, quando a fosfocreatina e o glicogênio muscular são as principais fontes de energia para a síntese do ATP. Entretanto, permanece uma dúvida sobre o que ocorre entre uma sessão de exercícios e outra, assim como no período de recuperação pós- exercício, quando os lipídios podem ser a principal fonte de energia. Melby et al. (1993), encontraram um QR baixo nas 15h que se seguiram a uma sessão extenuante de levantamento de pesos, fato que parece refletir uma grande contribuição das gorduras para o fornecimento de energia durante esse período. Esse fato parece demonstrar que a oxidação das gorduras é aumentada durante o período de recuperação de exercícios de resistência, assim como após outros tipos de exercícios de alta intensidade; as gorduras ficam disponíveis para a resíntese do glicogênio. Exercício e Massa Gordurosa A oxidação das gorduras associada com exercícios (tanto durante, como no período de recuperação), parece ter significativas implicações com a regulação do peso corporal. Flatt (1995) sugere que os exercícios diminuem a expansão da massa de tecido adiposo, considerando que a atividade física leva o organismo a alterar o balanço lipídico para um nível de uma massa gordurosa baixa. Em outras palavras, o exercício aumenta a oxidação lipídica diária aos níveis diminuição na ingestão de energia através da alimentação, seja mesmo eficiente na redução do peso corporal. É irreal supor que um indivíduo sedentário, que inicia um programa de exercícios consiga aumentar o gasto energético na mesma magnitude que uma dieta baixa em calorias consegue. Assim sendo, a ocorrência de uma redução de peso corporal ocorre com maior rapidez e quantidade pela dieta quando comparado com os exercícios. Entretanto, isto não significa que os exercícios tenham apenas um efeito marginal no processo de redução do peso corporal a longo prazo. Um indivíduo treinado tem condições de se exercitar intensamente por um período de tempo longo, fato este que aumenta o gasto energético, também a pessoa treinada tem uma maior capacidade de oxidar as gorduras. Essas adaptações que ocorrem durante o treinamento, levam, a longo prazo, a uma maior perda de massa gordurosa e a manter o peso do indivíduo treinado , nos mesmos níveis que o obtido com a dieta. RESUMO O aparecimento de um excesso de gordura no organismo parece ser o problema fundamental, resultante de uma menor oxidação de lipídios em função do ingerido. O aumento da massa gordurosa promove uma elevação dos ácidos graxos livres no sangue, e este fato promove um aumento na disponibilidade de lipídios como fonte de energia, podendo estar associado ao aumento da oxidação das gorduras. O aumento da adiposidade que acompanha a obesidade, ajuda a reestabelecer um novo equilíbrio entre a ingestão de gordura e a sua oxidação, que serve para estabilizar o peso corporal, embora o seu custo seja a obesidade. Pelo fato do exercício aumentar o total de gastos energéticos e a oxidação das gorduras, a prática constante de exercícios ajuda a prevenir a expansão da massa de tecido adiposo, permitindo a manutenção de um balanço gorduroso mesmo com baixa massa gordurosa. AGRADECIMENTOS Partes desta revisão foram publicadas em: Melby, C.L., Commerford, S.R., & Hill, J.O. (1998). Exercise Macronutrients Balance and Weight Regulation. In: D.R. Lamb and R. Murray (eds) Perspectives in Exercise and Sports Medicine. Vol. 11.Rxercise, Nutrition, and Weight Control, Carmel, IN: Cooper Publishing Group. REFERÊNCIAS Acheson, K.J., Y. Schutz, T. Bessard, K. Anantharaman, J.P. Flatt, and E. Jequier (1988). 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