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O problema de Guthrie como metodologia no ensino da Análise Combinatória e Probabilidade Neuza Pinto Especialista em Educação Matemática – UEL – PR neuzapin@seed.pr.gov.br Orientador: Professor Mestre Daniel de Lima profdalima@hotmail.com Resumo: Este artigo procura mostrar que a resolução de problemas em aulas de matemática é uma metodologia de ensino criativa que estimula o interesse e o gosto pela matemática. Esta pesquisa apresenta uma construção metodológica eficiente na prática do ensinar com compreensão, contribuindo na melhoria da qualidade e do rendimento escolar. A resolução de problemas constitui uma metodologia de trabalho importante para a comunidade da educação matemática em todo mundo, a investigação educacional tem dedicado atenção particular ao tema. Este trabalho foi desenvolvido a partir da história dos jogos de azar popularizado pelos gregos e divulgado através das cartas trocadas entre Pascal e o Cavaleiro De Meré de onde surgiu a Teoria das Probabilidades, conteúdo este retratado neste artigo, servindo como apoio ao ensino de análise combinatória começando pelo princípio multiplicativo delineando o desenvolvimento do Teorema das Quatro Cores onde afirma que “todo mapa pode ser colorido com quatro cores” respeitando-se a condição de que países com alguma fronteira em comum tenham cores diferentes. Palavras-chave: resolução de problemas, análise combinatória, interdisciplinaridade, teorema das quatro cores. Abstract: This article seeks to show that problem solution in math classes is a creative teaching methodology that stimulates the interest and the pleasure for mathematics. This research presents an efficient methodology construction in the practice of teaching with understanding, contributing to the improvement of quality and school performance. Problem solution constitutes an important job methodology for the community of mathematics education around the world, the educational research has dedicated a particular attention to the subject. This work was developed from the history of gambling popularized by the Greeks and disseminated through the exchange of letters between Pascal and the rider De Mere through which appeared the Theory of Probability, content retracted in this article, serving as a teaching support of combinatory analysis and starting for the multiplicative principle by outlining the development of the Four Color Theorem which declares that "any map can be colored with four colors" respecting the condition that some countries with common border have different colors. 1-INTRODUÇÃO Por que o rendimento escolar na disciplina de matemática é tão baixo? Será mesmo que a matemática é o “bicho papão” dos estudantes? Vale mencionar que o ensino da matemática sempre seguiu padrões e normas convencionais dentro de uma pedagogia tradicionalista nos moldes dos livros didáticos e ainda segue esta proposta, apesar do mundo moderno informatizado e interligado exigir um aluno mais crítico, capaz de enfrentar desafios e estar sempre aprendendo. “Ninguém está contente com a escola que está aí, mas todo mundo sonha com uma outra escola, uma escola que funcione bem e que cumpra seu papel, que é de dar instrução a todos. Todo mundo quer que a escola seja essa espécie de escada que conduz a um andar superior, a uma melhoria de vida, a um melhor emprego com um melhor salário”. (CECCON, 1982, p.18) Para preparar um cidadão dentro desse modelo com muitas responsabilidades, professores e pedagogos necessitam de adaptar-se aos atuais padrões da sociedade contemporânea, sugerindo sempre uma nova forma de ensinar, como declarou recentemente o Secretário da Educação José Fernandes de Lima: “Muitas coisas estão sendo ensinadas em sala de aula sem uma sistematização”. “O maior desafio do universo acadêmico, hoje, consiste em responder quais são os resultados efetivos da educação oportunizada pelas escolas. Na verdade, esse desafio se confunde com uma exigência social que não pode ser postergada. Para isso, seria indispensável examinar, sem idealismo, romantismo, ou partidarismo, com objetividade, os dados estatísticos, entre outros, sobre o ensino fundamental, médio e superior”. (Lizia Helena Nagel) Em virtude disso, os educadores precisam inovar suas práticas pedagógicas, desenvolvendo nos alunos a capacidade de resolver problemas. No livro “Na vida dez, na escola zero” (1991) revela uma realidade bem cruel em relação a escolaridade das pessoas, na vida sabem muito bem lidar com as “contas”, isto é, com os números e na escola nos resultados de testes formais não conseguem se sobressair. Então: Escola Pra quê? É sabido que no Brasil as pessoas tidas inteligentes são aquelas que sabem manipular os números ou que sabem raciocinar e as menos inteligentes são as que não sabem raciocinar. Quando 2 se depara com uma pessoa ou criança que faz conta rápida e de “cabeça” diz logo que ele é “bom em matemática”. Será que é verdade? Não é difícil nos depararmos com alunos que tem uma verdadeira aversão a matemática, construindo uma imagem negativa, deixando revelar a sua não aplicabilidade e utilidade. Há muitos anos estudiosos se detém na expectativa de mudanças na educação e que estas reformas educacionais não sejam apenas nas propostas curriculares, material didático, livro didático, mas que estas mudanças sejam em nível organizacional e funcional. Não basta equipar as escolas com DVD, TVS, Biblioteca do Professor, se não mudar a concepção do educador, mudar os métodos de ensino e da avaliação. Será que está sempre para o futuro, a escola onde o aluno encontre sua identificação, que desenvolva suas aptidões, que consiga interagir a aprendizagem dos conteúdos específicos com seus projetos de vida, consagrando assim a sua vida pessoal e profissional? Para compreendermos melhor este desinteresse da escola em especial a disciplina de matemática por parte dos alunos, deve-se inteirar de como se processa o raciocínio da criança e do adolescente. Como suporte a este trabalho alicerça-se nas concepções e contribuições pedagógicas de Piaget e Vigotski, no que concede a construção do número. Para aprofundar-se neste tema e propor-se soluções à ele, desenvolve- se aqui uma abordagem diferente as tradicionais no ensino da Análise Combinatória. Espera-se com isso mostrar que é possível resgatar este prazer pelo aprender quando o tema proposto está ligado à situações reais e práticas do vivenciar do discente. 3 2-DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA Por Piaget a aprendizagem é dada através da aquisição de conhecimentos adquiridos pela criança definindo duas formas: físico e lógico matemático. O físico é formado por um mecanismo funcional que vem de uma experiência própria. O lógico matemático é formado pela reflexão do abstrato. “É apenas em torno de sete anos, portanto que a discordância é compreendida ou manipulada, não sob sua forma explicita, correspondente ao “embora”, mas sob sua forma implícita, marcada pelo “apesar de” (quand même) tomado adverbialmente, ou por certos “mas”, [...]. A que fatores devemos recorrer para explicar esta idade de 7 anos? Por ora, nada podemos afirmar. Entretanto, uma hipótese vem logo à mente. Vimos que a discordância, ou pelo menos a discordância explicita, resulta do sentimento de exceção a uma regra geral. Mas através de que operações a mente chega estabelecertais regras e, sobretudo, a sentir as exceções? Através daquilo que os lógicos chamam adição e multiplicação lógicas. (PIAGET, 1967, p. 61) “As funções psicológicas superiores, típicas do ser humano, são, por um lado, apoiadas nas características biológicas da espécie humana e, por outro lado, construídas ao longo de sua história social”. Como a relação do indivíduo com o mundo é medida pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos no interior da vida social, é enquanto ser social que o homem cria suas formas de ação no mundo e as relações complexas entre suas funções psicológicas. Para desenvolver-se plenamente como ser humano o homem necessita assim de mecanismos de aprendizado que movimentarão seus processos de desenvolvimentos. (VYGOTSKY por Oliveira, 2005, p. 78) Ora, se Piaget menciona que é a partir dos sete anos que a criança pode fazer correspondência ao objeto de forma abstrata, para Vigotski, contemporâneo a Piaget, o homem precisa de uma organização de material para se desenvolver culturalmente. Vigotski defende que a inteligência, o raciocínio são capazes de entender e compreender conceitos, embora não aceite que o ensino seja automático 4 (mecânico), submetendo as crianças e adolescentes a rotinas e stressantes e desmotivadora. Na verdade destaca o processo intelectual da aprendizagem. Cabe então ao professor, criar formas e mecanismos desafiadores para contemplar as diferenças individuais tão presente em nossas salas de aulas. Fica determinado o espaço escolar o lugar onde ocorrerão as intervenções pedagógicas propostas no “Plano de Intervenção”, o professor será um provocador do processo ensino- aprendizagem. Como ressalta Piaget referindo-se ao professor coma uma peça importante do ensino, devendo: estar atento de forma a presenciar todas as situações da sala de aula, não deixar de desenvolver problemas difíceis, não temer a perda de tempo e incentivar os alunos a pensar e relacionar objetos. O papel do professor não é meramente um transmissor de conhecimentos científicos prontos e acabados, mas o de auxiliar, ajudar nas tarefas proposta, levando o aluno a construir seus próprios conhecimentos. Outro fato, resultante das interpretações teóricas de Vigotski é a fundamental participação da sociedade na escola, visto que o aluno é um sujeito com capacidade de aprender para modificar o meio em que vive construindo valores como: moral, social, religioso, cívico, preservação do meio ambiente, cultural,... Desde o início do século XX que discussões entre professores de Matemática vêm se intensificando e apontando para uma necessidade de compreensão no ensino da Matemática, nas diretrizes curriculares descrevem a possibilidade dos estudantes realizarem análises, discussões, apropriação de conceitos e formulação de idéias. Nesses estudos, professores procuram trazer para a educação matemática escolar um ensino diferenciado dos nossos pais/ou avós, que receberam de forma tradicionalista, com métodos puramente sintéticos e com rígidas demonstrações. É um processo lento e difícil, pois, os professores que atuam em sala, em sua maioria, também receberam uma educação matemática tradicional, baseada em teoremas, regras e exercícios sem muita aplicação e pouca ligação com seu cotidiano. Cabe ao docente empenhar-se neste processo de transformação, partindo da necessidade que ele venha a encontrar em seus alunos de entender os porquês dos conteúdos propostos. 5 No Brasil, apesar de estudo da Educação Matemática estar em desenvolvimento, dando muita ênfase a mudança da prática pedagógica dos professores, em muito se tem avançado em relação ao ensino, a aprendizagem, conhecimento matemático e a melhoria da qualidade de ensino. A mudança dos métodos de ensinar matemática tem como objetivo principal fazer com que os estudantes se apropriem dos conceitos matemáticos de forma crítica, capaz de agir com autonomia nas suas relações sociais. Para tanto as práticas pedagógicas dos educadores não devem ser impostas e sim, dar a possibilidade do educando construir seus conhecimentos sob uma visão histórico- critíca, de forma que os conteúdos sejam apresentados, construídos e reconstruídos influenciando na formação do pensamento e na produção de conceitos por meio de idéias e das tecnologias. Portanto, é importante que o processo pedagógico em Matemática contribua para que o estudante tenha condições de constatar regularidades, generalizar, apropriar-se da linguagem matemática e poder descrever e interpretar fenômenos físicos e de outras áreas do conhecimento científico. Este estudo propõe uma mudança na prática de ensinar matemática com compreensão às crianças e jovens do mundo contemporâneo. A matemática que está presente em todas as séries da Educação Básica deve promover a reflexão sobre suas finalidades e aplicabilidade no cotidiano dos estudantes, devendo relacioná-la com sua vivência. Desta forma este estudo tem por finalidade organizar um material didático eficiente aplicado ao Ensino Médio, criando espaço dentro da escola para uma reflexão e discussão das práticas metodologicas adotadas pelo professor, visando uma superação das deficiências e defasagem da Educação Matemática. Finalizando, espera-se criar condições necessárias ao professor em ousar, sair da mesmice, ultrapassar limites no que se refere ao ato de ensinar e aprender, permitindo que realize sua função de educador com prazer e determinação. 6 “O Tratamento da Informação é instituído conteúdo estruturante diante da necessidade do estudante dominar um conhecimento que lhe dê condições de realizar leituras críticas dos fatos que ocorrem em seu entorno, interpretando informações que se expressam por meio de tabelas, gráficos, dados percentuais, indicadores e conhecimentos das possibilidades e chances de ocorrências de eventos. Isso se revela necessário, pois vivemos um momento histórico caracterizado pela facilidade e rapidez no acesso às informações e que exigem o desenvolvimento do espírito crítico e a capacidade de analisar e tomar decisões, diante de diversas situações da vida em sociedade.” (Diretrizes Curriculares da Educação Básico do Paraná – 2006). Há muito tempo o homem vem transformando a natureza com objetivo único e exclusivo de sobrevivência. Será este de fato o seu propósito? Mas para isto ele criou ferramentas adequando-as às suas necessidades. Das necessidades e curiosidades surgiram às ciências, dentre tantas a MATEMÁTICA. A matemática é uma ferramenta desenvolvida pelo homem que auxilia nas mais variadas tarefas do seu cotidiano. Perguntas como: • Qual a quantidade máxima de números de telefone de uma cidade que podem ser formados com prefixo 3322, utilizando além do prefixo, quatro outros algarismos? • Quais as chances de se acertar as seis dezenas da MEGASENA, apostando com um único cartão com seis dezenas? • No lançamento de dois dados equilibrados, quantos são os resultados possíveis? Destes resultados, quantos apresentam soma igual a nove? • Quais são as possibilidades possíveis no lançamento sucessivo de três moedas comuns? De perguntas como estas, surgiu a necessidade do estudo de problemas de contagem. Estas perguntas podem ser respondidas usando conceitos de AnáliseCombinatória e Probabilidade, porém este trabalho procura responder as tais, instigando a pesquisa e o raciocínio lógico. Livros didáticos em sua maioria priorizam o estudo de fórmulas, tais como arranjos, combinações e permutações. Procura-se 7 aqui além dessas discussões, principalmente mostrar aplicabilidade destes conceitos levando-se em conta o uso do princípio fundamental de contagem.. Tal como Francis Guthrie (Londres, 22 de Janeiro de 1831 - Claremont, Cape Town, 19 de outubro de 1899 ) foi um matemático e botânico sul-africano, quando estudante entrou para a história da matemática por ter formulado uma boa questão, quando em 1852 concluiu seus estudos no University College, em Londres, tornando-se mais tarde professor de matemática na África do Sul, ao colorir o mapa dos condados da Inglaterra, tomando certo cuidado de não pintar com a mesma cor países vizinhos, isto é, países que possuem alguma linha, ou seja, fronteiras em comum. Percebeu que quatro cores seriam suficientes para colorir o mapa. Partindo disto, experimentou e conseguiu pintar vários outros mapas, utilizando apenas quatro cores. Matemático que era, procurou logo demonstrar que quatro cores eram suficientes para pintar qualquer mapa. Sabemos, pois que menos de quatro cores são insuficientes para pintar certos mapas, dependendo dos mapas são necessárias pelo menos quatro cores. Utilizando-se desta idéia, foi introduzido o conceito de Raciocínio Multiplicativo. Vejamos alguns exemplos, tomando como base os esboços de algumas bandeiras dos estados brasileiros. Na figura 1 duas cores são mais que suficientes para pintar, escolhendo ao acaso qualquer cor, sendo azul e vermelha tem-se: Fig. 1 Traçado da bandeira do Acre Portanto, temos duas possibilidades. 8 Na figura 2 , escolhendo as cores: azul, vermelho e verde tem-se: Fig. 2 Traçado da bandeira do Paraná Portanto, temos seis possibilidades. No mapa traçado da bandeira do Estado do Amazonas, como no traçado do mapa do Paraná, existe uma única região que não faz fronteiras com as demais, portanto três cores também são suficientes para colorir. Também teremos seis possibilidades Diferentemente da figura 3 (traçado da bandeira do Estado da Bahia) e da figura 4 (Projeção de um tetraedro num plano) que para pintá-las são necessárias quatro cores diferentes, convém mencionar que em agrupamentos de cinco países, pelo menos dois deles não são vizinhos. 9 Fig. 3 Fig. 4 Bandeira do Estado da Bahia Projeção de um tetraedro em um plano Após estudos relativos ao Teorema das Quatro Cores proposto por Guthrie, montou-se um projeto de implementação que utilizando-se deste teorema procura-se abordar conceitos de Análise Combinatória. As atividades confeccionadas contendo traçado das bandeiras dos estados do Acre, Alagoas, Paraná, Amazonas e da Bahia e ainda os traçados da projeção de um tetraedro no plano, foram entregues aos alunos, distribuídos lápis de cor com o objetivo de que cada um deles tivesse as suas conclusões. Para o fechamento das atividades foi entregue aos educandos o esboço do quadro “O Pescador” de Tarsila do Amaral, para que fosse colorido como preferirem, independente do número de cores, sem que os alunos soubessem exatamente como a pintora o fez”. Após a atividade pronta e recolhida, foi apresentado em um grande painel com todas as pinturas e uma cópia do quadro original em tamanho real. Como desafio, foi também entregue separadamente, o modelo da figura 5, que é a representação das vincas feitas a partir da dobradura de um cubo, para esta atividade foram dadas as mesmas instruções de colorir o mosaico utilizando apenas quatro cores de sua preferência, obedecendo ao critério de que espaços que possuem segmentos de retas comuns tivessem cores diferentes, a partir destas pinturas foi feito um grande mural, para que todos pudessem visualizar as diferentes formas de se colorir um mapa, utilizando apenas quatro cores. 10 Fig. 5 Mosaico feito a partir da dobradura do Cubo 2-1 – PROBLEMATIZAÇÃO: Fig.6 Fonte: http://www.o-parana.com/diretorio/catimages/mapa-estado-parana.gif Acesso em: 04/12/2008 A figura 6 mostra o mapa do estado do Paraná dividido em regiões: Noroeste, Norte Central, Norte Pioneiro, Centro Ocidental, Centro Oriental, Centro Sul, Oeste, Sudoeste, Sudeste e Mesorregião Metropolitana de Curitiba. 11 I) É possível colorir estas regiões do mapa, utilizando apenas quatro cores, mas respeitando a condição de que regiões que possuem linhas de fronteiras comuns tenham cores diferentes? II) O conceito usado para este caso pode ser estendido a outros mapas? III) De quantas maneiras pode-se colorir o mapa das regiões do estado do Paraná, usando apenas quatro cores, de forma que municípios com fronteira comum tenham cores diferentes? Para responder à estas perguntas e fazer a interdisciplinaridade, procurou-se interagir arte com matemática. Desta forma necessitou-se o conhecimento de algumas características relativas às cores, onde apresentou-se alguns quadros de “Persil” – Roberto Pereira da Silva pintor paranavaiense já expôs seus trabalhos em inúmeras exposições por várias cidades brasileiras. Em 2006 foi reconhecido internacionalmente com o projeto Arte na Escola. Persil foi também professor da rede pública de ensino, recentemente homenageado com a Comanda da Ordem Estadual do Pinheiro no Grau de Cavaleiro, troféu este destinado aqueles que se destacaram por serviços relevantes prestados ao Estado do Paraná. Neste ínterim procurou-se falar da COLORIMETRIA e a ESPECTROSCOPIA, esta última, é uma nova ciência desenvolvida através de trabalhos e experiências realizadas por Isaac Newton, falou-se um pouco dos tipos de cores e de sua simbologia. Com o objetivo de demonstrar a importância e fazer com que os alunos percebam as conexões entre os temas matemáticos e entre a matemática e as outras disciplinas, procurou-se falar da Genética, um ramo da Biologia que estuda as leis da transmissão dos caracteres hereditários e as propriedades das partículas que asseguram essa transmissão. É na genética que mais se utiliza uma parte da matemática, a Probabilidade, sendo isto foi feito através de situações problemas cuidadosamente selecionados, com exemplos do tipo: para saber quais casais terão filhos com cabelos crespos fazendo uma análise da Combinação dos seus genes, e ainda o gene que codifica a cor dos olhos. A característica principal deste artigo é a objetividade, facilitando o dia- a-dia do professor, não descuidando do rigor conceitual que exige a Análise Combinatória. A unidade didática que foi formulada, no seu final dispõe de uma relação de situações problemas bem diversificados, fazendo com que o aluno possa 12 aprofundar e ampliar os conhecimentos recém adquiridos em prosa e verso, situações desafiadoras, esta por sua vez como requer diferentes estratégias na resolução. Foram oportunizadas as discussões em grupo e comentadas num seminário geral, desta forma o educando pode avaliar seus conhecimentos e apropriando-se deles, favorecidos pela interação com os colegas.Nesta etapa coube ao professor observar os alunos durante o momento de resolução, socializando as estratégias e as fórmulas. Um outro recurso oportunizado na Produção da Unidade Didática, com o objetivo do desenvolvimento do raciocínio matemático, foi apresentação de jogos como: Jogos dos Sapinhos, Rio e Teste de Q.I. Estes jogos sugeridos potencializou diferentes maneiras de resolução de problemas, favorecendo a formação de comunidades multiculturais. 3-CONCLUSÃO: A Produção Didática Pedagógica que foi elaborada, não é somente mais uma lista de exercícios estruturados relacionando a matemática com arte e biologia e sim um documento importante que apresenta fatos essenciais dentro da nova proposta curricular de melhoria e qualidade de ensino da rede pública do estado do Paraná. Esta, mostra aos demais professores uma opção de trabalho possível de ser desenvolvida nas salas de aula, e ao mesmo tempo servindo de reflexão para a prática pedagógica dos docentes. Os conteúdos de Análise Combinatória e Probabilidade devem ser apresentados aos alunos de forma desafiadora, para que se possam desenvolver vários aspectos do raciocínio lógico-matemático como: o combinatório, a percepção de padrões, as regularidades e por fim fazendo um elo com generalização nos estudos dos conceitos e das fórmulas. Para que não haja falha na seqüência dos temas que abrange a Análise Combinatória e Probabilidade, recomenda-se a elaboração dos materiais manipuláveis necessários às práticas descritas, bem como um roteiro prévio seguindo ou não, ao livro didático adotado pela instituição de ensino ou a do próprio professor que apropriar-se desta idéia. Na seqüência, promoveu-se uma aula de resolução de problemas em grupo, favorecendo entre os educando as discussões, troca de idéias e a busca de 13 soluções, sempre chamando a atenção dos alunos à presença da matemática em vários ramos do nosso cotidiano como: senha de banco, código de barra, números de telefone, placas de carros, etc.. Foram atendidas seis turmas, sendo 3 turmas no período matutino, uma no vespertino e duas turmas no noturno, num total de 212 alunos, perfazendo nove aulas por turma, das quais duas delas destinadas para colorir as bandeiras e o mosaico, uma hora/aula para a apresentação e discussão do Problema das Quatro Cores na Tv Pen Drive, destacando a parte histórica das probabilidades uso e aplicação, quatro horas/aula para a exposição e dedução das fórmulas da Análise Combinatória: Arranjo com repetição, Arranjo sem repetição, Permutação simples e Combinação simples a partir de resolução de exercícios proposto no projeto de intervenção pedagógica e duas horas/aula para a definição e aplicação das Probabilidades. A abordagem dos detalhes mais complexos desse conteúdo foi desenvolvida em momentos adequados, no decorrer do trimestre, mantendo a organização dos conceitos do livro didático adotado pela instituição de ensino, relacionando-os com a vivência e com outras áreas do conhecimento em especial a Biologia. Com a proposta quis-se que os alunos pudessem cada vez mais aproximar os conceitos trabalhado com a realidade e através de problemas progressivos construírem noções básicas da Análise Combinatória e Probabilidade sem memorização de fórmulas, tão tradicionalmente repassados nos dias atuais. “A Matemática não é exclusivamente o instrumento destinado à explicação dos fenômenos da natureza, isto é, das leis naturais. Não. Ela possui também um valor filosófico de que, aliás, ninguém duvida; um valor artístico, ou melhor, estético, capaz de lhe conferir o direito de ser cultivada por si mesma, tais as numerosas satisfações e júbilos que essa ciência nos proporciona.” (SOUZA, 2008, p.43). 3.1-RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na primeira ação que foi a Produção do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola “Produção Didático-Pedagógica” de mesmo título. Juntamente com o Professor Mestre Orientador Daniel de Lima (FAFIPA) foi produzido uma Unidade Didática, direcionada aos alunos do 2º. Ano do Ensino 14 Médio dentro do Conteúdo Estruturante “Tratamento da Informação” e do Conteúdo Específico “Análise Combinatória e Probabilidade”. Tomou-se o cuidado de apresentar os conceitos de forma inovadora não muito convencional, mas com uma criação de contextos significativos interdisciplinar com Artes. E no desenvolver da produção didática deixou-se claro que este conteúdo é de grande relevância em aplicações de outras áreas do conhecimento humano, em especial a Biologia, garantindo a aquisição dos conceitos pelos alunos não só pela memorização de fórmulas, mas também na reelaboração dos conhecimentos. Na segunda ação, houve a formação de um grupo de apoio com os professores de Matemática da escola onde foi implementado o projeto, com objetivo de aplicar e vivenciar a proposta. A colaboração destes professores fez a diferença, pois as técnicas e práticas sugeridas puderam ser aperfeiçoadas e ampliando a clientela assistida, atingindo assim um número maior de alunos, notando-se inclusive alguns avanços interessantes na metodologia de trabalho dos docentes envolvidos. Na terceira ação, aplicação da implementação pelo professor PDE na sala de aula de sua atuação, pode-se verificar, conforme indica o gráfico na sequência, que todos os alunos conseguiram colorir com êxito as figuras 1 e 2, já a figura 3, 98% obtiveram sucesso na pintura, na figura 4, 96% e 95% pintaram corretamente o mosaico da figura 5. Com estes percentuais nota-se um bom desempenho por parte dos alunos, o fato de a maioria ter conseguido pintar com sucesso as figuras, pode se atribuir á facilidade da proposta. O clima de boa aceitação pelas pinturas, mesmo sendo alunos de faixa etária que varia de 16 a 21 anos, não houve rejeição ao trabalho, todos fizeram sem reclamar, aceitando de bom grado a iniciativa. Nestas duas primeiras aulas, destinadas a colorir os mapas ocorreu num clima harmonioso, festivo e cordial, ao contrário do que se imaginava. Além disso, foi constatado que o erro cometido foi prontamente percebido pelo aluno, logo após ter cometido, indagando ao professor da possibilidade de pintar um outro corretamente. Em relação a montagem do mural com todos os mapas coloridos da figura 5, pode-se observar a satisfação dos educandos ao encontrar o seu trabalho exposto e o espanto pela grandiosidade das possibilidades de se colorir um mesmo mapa, utilizando somente quatro cores. Considera-se esta atividade uma prática integrante das aulas de matemática para o ensino da Análise Combinatória e Probabilidade, e esta 15 experiência indica que, quando usada de modo planejada e com regularidade descobre que os riscos que corremos revertem em resultados positivos e que professores e alunos encontram prazeres e realizações com a MATEMÁTICA. 0% 20% 40% 60% 80% 100% fig.1 e 2 fig.3 fig.4 fig.5 Fig. 7 Distribuição percentual do desempenho dos alunos em cinco situações propostas. 3.2-ALGUNS DEPOIMENTOS DE PROFESSORES INTEGRANTES DO GTR (Grupo de Trabalho em Rede) “– O projeto é muito interessante, pois sai do abstrato envolvendo o ensinar matemática dentro da realidade atual. Deve-se levarem consideração o conhecimento prévio do aluno diante da representação matemática sobre o assunto, pois as atividades práticas possibilitam a compreensão de conteúdos. Inclusive da matemática com outras disciplinas”. Vera Lucia Ferreira Pinelli – NRE Maringá “– Achei muito interessante a sua Produção Didática Pedagógica, pois enfatiza a resolução de situações problemas, que querer do aluno a utilização de competências e habilidades que adquiriu durante sua escolarização e em experiências de vida. Cabe ressaltar que um aspecto importante na representação matemática de um problema é o conhecimento prévio que o aluno tem sobre o assunto. Pois, ao formar uma representação do problema, o aluno recupera na 16 memória os procedimentos adequados á situação. É essa representação que orienta a recordação de tais procedimentos. Ao deparar com um problema, o indivíduo recorre aos esquemas que já assimilou e que lhe permitem formar uma representação apropriada a situação”. Andréa Rubia Ferreira – NRE Maringá “– Fiquei encantada com a riqueza de problemas apresentados no trabalho. Também foi excelente a relação do conteúdo de Analise Combinatória e Probabilidade com Biologia e Arte. E as atividades mostraram de fato que a matemática contribui em outros ramos do ensino. E que ela contribui para o estudo e compreensão de outras ciências, que ela está presente no dia-a-dia das pessoas. Gostaria na verdade de saber em quantas aulas esse trabalho será desenvolvido, pois são vários tópicos a serem abordados: cores, genética e o próprio problema apresentado em Um pouco de História. E fica a minha pergunta: ao abordarmos outros tópicos (mais de um), darmos ênfase a essas atividades, o aluno acaba se distanciando da matemática? Acredito sim, que devemos trabalhar a matemática relacionando-a com todas as áreas de conhecimento e sua aplicabilidade, mas quanto as teorias acredito que cabe a cada área de ensino desenvolve-las. Rosemeire Gomes – NRE Goioere “– De acordo com a leitura e como co-autora do seu projeto, vale afirmar que este está muito bem desenvolvido. Através da fundamentação teórica percebe-se que não é suficiente oferecer computadores e laboratórios de informática aos educandos, pois nem sempre as máquinas bastam. O professor precisa planejar uma nova maneira de dar aulas, um novo jeito de ensinar, despertando o espírito crítico e o raciocínio lógico , isso é a chave fundamental para a competição no mundo atual. As atividades contempladas na problematização está muito bem articulada com os conteúdos das disciplinas citadas, de forma significativa e integrada. É muito importante a indicação de textos e sites. Ângela Maria Gonçalves Esperandio – NRE Ivaiporã “– Relato de alguns alunos das salas de aula em que a professora atua: A professora explica bem, mas precisa ser mais enérgica com a indisciplina. Muito boa professora e conteúdos de fácil compreensão devido à explicação da professora.” 17 4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CECCON, Claudius.; OLIVEIRA, Miguel Darcy de.; OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. A vida na escola e a escola da vida. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes, 1982. NAGEL, Lizia Helena. Educação & Ensino: Por quê? Para Quê?, OLIVEIRA, Marta Kohl de. VYGOTSKY Aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 4ª. ed. São Paulo: Editora Scipione. 2005 PIAGET, Jean. O raciocínio na criança. Rio de Janeiro: Record, 1967. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da Educação Básica no Paraná: Matemática. Curitiba: SEED, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Livro Didático Público: Matemática Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Orientações Curriculares: Matemática. Curitiba: SEED, 2006 5-REFERÊNCIAS CONSULTADAS AGOSTINI, Cristina D’ “et al”. Utilizando a Análise Combinatória para Resolução de Problemas da Geometria Euclidiana. Trabalho Acadêmico. Universidade de Caxias do Sul. Disponível em: http://ccet.ucs.br acesso em 28/08/2008 AZEVEDO, Heloiza de Aquino. 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