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Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 1 Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento Professor Carlos Favoreto Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 2 SUMÁRIO Introdução 3 Conceitos e Definições 3 Objetivos da Avaliação de Impactos Ambientais 3 Histórico 4 Legislação Pertinente ao processo de AIA 4 Principais Leis 4 Licenciamento Ambiental 5 Diferentes papéis dos agentes sociais no processo de AIA 11 Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais 11 Principais técnicas de apoio à realização do AIA 11 Síntese e comparação dos Principais Tipos de Métodos de AIA 11 Exemplos de Instrumentos de Gestão Ambiental onde se aplicam a AIA 17 Estudo de Impacto Ambiental 18 Introdução 19 Etapas Básicas na elaboração de um EIA 19 Audiência Pública ( Resolução CONAMA 09/87) 20 RCA 21 PRAD 21 Plano de Manejo Ambiental Introdução 21 Fases de Realização 22 Organização do Trabalho 22 Auditoria Ambiental 23 Análise de Risco Ambiental 25 Recomendações práticas para uma Avaliação de Impactos ambientais de sucesso 26 Bibliografia Recomendada 26 Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 3 INTRODUÇÃO Conceitos e Definições Impacto Ambiental: “Considera-se Impacto Ambiental toda alteração nas propriedades físicas, químicas e biológicas do meio am- biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indire- tamente, afetem a segurança e o bem-estar da popula- ção; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condi- ções estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais” (artigo 1º. Resolução CONAMA 001/86). Fator Ambiental: Todo e qualquer elemento constituinte do ecossistema capaz de transacionar matéria e energia com outros com- ponentes do ecossistema como um todo. Área de Influência: Consiste no conjunto de áreas que sofrerão impactos diretos e indiretos decorrentes da manifestação de ativida- des transformadoras existentes e previstas, sobre as quais serão desenvolvidos os estudos. Objetivos da Avaliação de Impactos Ambientais Objetivo: A Avaliação Ambiental é um instrumento de Política Nacional do Meio Ambiente, cuja implementação, sem dúvida, implica livre acesso às informações sobre o empreendimento em estudo, quanto ao envolvimento e à participação da comunidade nas decisões governamentais. Assim sendo, basicamente a AIA tem por objetivo: - Subsidiar a decisão do órgão público como instrumento de gestão ambiental, visando a racionalização das ações antrópicas sobre o meio ambiente; - Acompanhar e monitorar os efeitos dos impactos ambientais decorrentes da construção e/ou operação de uma atividade antrópica, conforme diretrizes estabelecidas nos estudos ambientais utilizados. Para obter tais objetivos, a AIA se apóia em suas funções específicas: → Conhecimento – possibilita o pleno e profundo co- nhecimento dos dados sobre os sistemas naturais. → Racionalização – com caráter interativo e multidis- ciplinar, fornece uma análise global do assunto es- tudado. → Flexibilidade – a diversidade de seus meios e mé- todos faz com que as medidas de controle (preven- tivas e corretivas) sejam ajustadas a cada assunto estudado. Restrições hoje enfretada pela implementação da AIA Em nível técnico: - Ausência de técnica específica para a análise dos im- pactos ambientais; - Pouca ênfase na abordagem evolutiva dos ecossiste- mas; - Estudo fortemente baseado em dados secundários - Excessiva importação de valores e normas; - Pequena divulgação da AIA nos setores educacionais; - Informação altamente técnica e dirigida a um público seleto; - Pouca ênfase na prevenção e análise de risco dos processos; - Falta de entrosamento entre os componentes da equi- pe técnica. - Em nível de conscientização: - Audiências Públicas burocráticas; - Pouca divulgação de informações para os grupos afetados; - Falta de alternativas ao projeto proposto; - Falta de conhecimento para interpretar informações técnicas. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 4 Em nível de Instituição: - Forte burocracia que retarda o andamento dos tra- balhos; - Quadro reduzido de técnicos para analisar os proces- sos; - Falta de integração da AIA com o Planejamento Am- biental; - Deficiência de recursos financeiros dos órgãos fisca- lizadores. Histórico - AIA no Mundo AIA começou no Mundo em 1969 no EUA, quando pres- sões da sociedade civil (população) o governo americano estabeleceu uma política ambiental que obrigava a todos (Poder Público e Privado) a realizarem Avaliações Am- bientais nas áreas onde fossem instalados os novos em- preendimentos além das Avaliações Técnicas Financeiras tradicionais. Tal política se chamou NEPA (National Envi- ronmental Policy Act). Os conceitos da NEPA se difundiram para todos os países desenvolvidos, principalmente da Europa, culminando em 1972 na 1ª. Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, passando o mundo todo a ter conhecimentos dos preceitos sobre desenvolvimento e meio ambiente. A ONU criou o PNUMA (Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente) que teve como uma das obrigações difundirem os conceitos sobre a proteção ambiental versus desenvolvimento para países subdesenvolvidos ou do 3º. Mundo como na época eram chamados, como Brasil, Índia, China, etc. - AIA no Brasil AIA no Brasil começou na década de 70, quando Bancos Internacionais (BID) para emprestar dinheiro para os países em desenvolvimento exigiram que tais países fizessem a AIA para os empreendimentos que fossem ser instalados. • 1974 – Hidrelétrica de Sobradinho – BA e Hidrelé- trica de Tucuruí – PA, foram os primeiros projetos nacionais realizados com AIA por meio de EIA-RI- MA; • 1977 – Criação pela FEEMA do SLAP (Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras) sendo a 1ª. Norma Descentralizada do País a tratar de AIA no Brasil; • 1981 – Lei 6938/81, que estabeleceu a PNMA (Po- lítica Nacional do Meio Ambiente) onde descreveu AIA como um dos instrumentos dessa Política; • 1986 – Resolução CONAMA 001/86, fornece o es- copo básico da AIA transcrito na forma de EIA-RI- MA; • 1992 – 2ª. Conferência Mundial sobre o Meio Am- biente denominada RIO ECO 92; • A partir dessa data estabeleceu o Conceito Mundial sobre o Meio Ambiente denominado Desenvolvi- mento Sustentável. Legislação Pertinente ao processo de AIA Principais Leis - Lei 6938/81 - Lei 9605/98 - CONAMA 001/86 - CONAMA 09/87 - CONAMA 237/97 - Constituição Federal – art. 225 - Outras: Leis Orgânicas Municipais; Código de Obras; Código Florestal; Instruções e Normas Técnicas Estaduais; ABNT; Resolução do CONAMA (Padrões de Qualidade); etc. - Lei 6938/81 – Estabelece como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente a avaliação de impacto ambiental de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, em seu artigo 9º. - Resolução CONAMA 001/86 – Estabelece a exigência de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para atividades poluidoras selecionadas. Essa resolução fornece o escopo básico de um EIA/RIMA. - Resolução CONAMA 009/87 – Dispõe sobre audiência pública nos projetos submetidos à avaliação de impacto ambiental. A audiência pública é o instrumento formal de participação pública no processo de AIA. - Constituição Federal/88 art. 225– No parágrafo 1º, inciso IV, estabelece como exigência para instalação de Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 5 obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, a elaboração do estudo prévio de impacto ambiental. Licenciamento Ambiental Atividades ou Empreendimentos Sujeitos ao Licencia- mento Ambiental Extração e Tratamento de Minerais n pesquisa mineral com guia de utilização; n lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento; n lavra subterrânea com ou sem beneficiamento; n lavra garimpeira; n perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural. Indústria de Produtos Minerais não-metálicos n beneficiamento de minerais não metálicos, não as- sociados à extração; n fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros. Indústria Metalúrgica n fabricação de aço e de produtos siderúrgicos; n produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; n metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas pri- márias e secundárias, inclusive ouro; n produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; n relaminação de metais não-ferrosos , inclusive ligas; n produção de soldas e anodos. n metalurgia de metais preciosos; n metalurgia do pó, inclusive peças moldadas; n fabricação de estruturas metálicas com ou sem tra- tamento de superfície, inclusive galvanoplastia; n fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia; n têmpera e cementação de aço, recozimento de ara- mes, tratamento de superfície. Indústria mecânica n fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico e/ou de superfície. Indústria de material elétrico, eletrônico e co- municações n fabricação de pilhas, baterias e outros acumulado- res; n fabricação de material elétrico, eletrônico e equipa- mentos para telecomunicação e informática; n fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos. Indústria de material de transporte n fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios; n fabricação e montagem de aeronaves; n fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes. Indústria de madeira n serraria e desdobramento de madeira; n preservação de madeira; n fabricação de chapas, placas de madeira aglomera- da, prensada e compensada; n fabricação de estruturas de madeira e de móveis. Indústria de papel e celulose n fabricação de celulose e pasta mecânica; n fabricação de papel e papelão; n fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada. Indústria de borracha n beneficiamento de borracha natural; n fabricação de câmara de ar e fabricação e recondi- cionamento de pneumáticos; n fabricação de laminados e fios de borracha; Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 6 n fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha , inclusive látex. Indústria de couros e peles n secagem e salga de couros e peles; n curtimento e outras preparações de couros e peles; n fabricação de artefatos diversos de couros e peles; n fabricação de cola animal. Indústria química n produção de substâncias e fabricação de produtos químicos; n fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira; n fabricação de combustíveis não derivados de petró- leo; n produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-ani- mais/ óleos essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira; Indústria química n fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos; n fabricação de pólvora/ explosivos/ detonantes/ mu- nição para caça-desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos; n recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais; n fabricação de concentrados aromáticos naturais, ar- tificiais e sintéticos. n fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas; n fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes, im- permeabilizantes, solventes e secantes; n fabricação de fertilizantes e agroquímicos; n fabricação de produtos farmacêuticos e veteriná- rios; n fabricação de sabões, detergentes e velas; n fabricação de perfumarias e cosméticos; n produção de álcool etílico, metanol e similares. Indústria de produtos de matéria plástica n fabricação de laminados plásticos; n fabricação de artefatos de material plástico. Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefa- tos de tecidos n beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de ori- gem animal e sintéticos n fabricação e acabamento de fios e tecidos n tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos n fabricação de calçados e componentes p/ calçados Indústria de produtos alimentares e bebidas n beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares; n matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal; n fabricação de conservas; n preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados; n preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados; n fabricação e refinação de açúcar; Indústria de produtos alimentares e bebidas n refino / preparação de óleo e gorduras vegetais; n produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação; n fabricação de fermentos e leveduras; n fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais; n fabricação de vinhos e vinagre; n fabricação de cervejas, chopes e maltes; n fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação de águas minerais; n fabricação de bebidas alcoólicas. Indústria de fumo n fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 7 Indústrias diversas n usinas de produção de concreto; n usinas de asfalto; n serviços de galvanoplastia. Obras civis n rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos; n barragens e diques; n canais para drenagem; n retificação de curso de água; n abertura de barras, embocaduras e canais; n transposição de bacias hidrográficas; n outras obras de arte. Serviços de utilidade n produção de energia termoelétrica; n transmissão de energia elétrica; n estações de tratamento de água; n interceptores, emissários, estação elevatória e tra- tamento de esgoto sanitário; n tratamento e destinação de resíduos industriais (lí- quidos e sólidos); Serviços de utilidade n tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros; n tratamento e destinação de resíduos sólidos urba- nos, inclusive aqueles provenientes de fossas; n dragagem e derrocamentos em corpos d’água; n recuperação de áreas contaminadas ou degradadas. Transporte, terminais e depósitos n transporte de cargas perigosas; n transporte por dutos; n marinas, portos e aeroportos; n terminais de minério, petróleo e derivados e pro- dutos químicos; n depósitos de produtos químicos e produtos perigo- sos. Turismo n complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos.Atividades diversas n parcelamento do solo; n distrito e pólo industrial. Atividades agropecuárias n projeto agrícola; n criação de animais; n projetos de assentamentos e de colonização. Uso de recursos naturais n silvicultura; n exploração econômica da madeira ou lenha e sub- produtos florestais; n atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre; n utilização do patrimônio genético natural; n manejo de recursos aquáticos vivos; n introdução de espécies exóticas e/ou genetica- mente modificadas; n uso da diversidade biológica pela biotecnologia. Por que devo licenciar minha atividade? 1 – O Licenciamento Ambiental é a base estrutural do tratamento das questões ambientais pela empresa. É através da Licença que o empreendedor inicia seu contato com o órgão ambiental e passa a conhecer suas obrigações quanto ao adequado controle ambiental de sua atividade. A Licença possui uma lista de restrições ambientais que devem ser seguidas pela empresa. 2 – Desde 1981, de acordo com a Lei Federal 6.938/81, o Licenciamento Ambiental tornou-se obrigatório em todo o território nacional e as atividades efetiva ou potencial- Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 8 mente poluidoras não podem funcionar sem o devido li- cenciamento. Desde então, empresas que funcionam sem a Licença Ambiental estão sujeitas às sanções previstas em lei, incluin- do as punições relacionadas na Lei de Crimes Ambientais, instituída em 1998: advertências, multas, embargos, parali- sação temporária ou definitiva das atividades. 3 – O mercado cada vez mais exige empresas licenciadas e que cumpram a legislação ambiental. Além disso os órgãos de financiamento e de incentivos governamentais, como o BNDES, condicionam a aprovação dos projetos à apresentação da Licença Ambiental. A quem compete conceder o Licenciamento Am- biental da minha empresa Atuam os três órgãos ambientais ao lado com diferentes responsabilidades nos níveis Federal, Estadual e Municipal. Na esfera federal, o IBAMA é o responsável pelo licen- ciamento de atividades desenvolvidas em mais de um es- tado e daquelas cujos impactos ambientais ultrapassem os limites territoriais. Se este não é o caso de sua empresa, é importante saber que a Lei federal 6.938/81 atribuiu aos ESTADOS a competência de licenciar as atividades localizadas em seus limites regionais. No entanto, os órgãos estaduais, de acordo com a Resolução CONAMA 237/97, podem delegar esta competência para os MUNICÍPIOS, em casos de atividades com impactos ambientais locais. IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis órgão federal Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 9 EXEMPLO ÓRGÀO ESTADUAL INEA Instituto Estadual do Ambiente órgão estadual EXEMPLO ÓRGÃO MUNICIPAL SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE órgão municipal A Lei Federal 6.938/81 institui a Política Nacional de Meio Ambiente ao município. É importante ressaltar que a Resolução CONAMA 237/97 determina que o licenciamento deva ser solicitado em uma única esfera de ação. Entretanto, o licenciamento ambiental exige as manifestações do município, representado pelas Secretarias Municipais de Meio Ambiente. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 10 A Licença Ambiental: Conceito e Particularidades A licença ambiental é o documento, com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Entre as principais características avaliadas no processo podemos ressaltar: o potencial de geração de líquidos poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de riscos de explosões e de incêndios. Ao receber a Licença Ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que se instala. Tipos de Licenças Ambientais O processo de licenciamento ambiental é constituído de três tipos de licenças. Cada uma é exigida em uma etapa específica do licenciamento. Assim, temos: n Licença Prévia (LP) n Licença de Instalação (LI) n Licença de Operação (LO) Licença Prévia – LP É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a localização e a concepção do empreen- dimento, atestando a sua viabilidade ambiental e estabele- cendo os requisitos básicos para as próximas fases. A LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento. Nesta etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental da empresa. De início, o órgão licenciador determina se a área sugerida para a instalação da empresa é tecnicamente adequada. Este estudo de viabilidade é baseado no Zoneamento Municipal. Nesta etapa podem ser requeridos estudos ambientais complementares, tais como EIA/RIMA e RCA, quando es- tes forem necessários. O órgão licenciador, com base nes- tes estudos, define as condições nas quais a atividade de- verá se enquadrar a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. O anexo I apresenta uma relação de atividades que devem realizar Estudo de Impacto Ambiental durante o licenciamento. Licença de Instalação – LI Uma vez detalhado o projeto inicial e definidas as medidas de proteção ambiental, deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o mode- lo apresentado. Qualquer alteração na planta ou nos sis- temas instalados deve ser formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação. Licença de Operação – LO A Licença de Operação autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa deve ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nas restrições da LO, estão determinados os métodos de controle e as condições de operação. Prazos → Licença Prévia: o prazo mínimo é estabelecido no cronograma de execução dos projetos apresentados, não podendo ultrapassar 5 anos. → Licença de Instalação: o prazo é o da data da própria instalação, não podendo exceder 6 anos. → Licença de Operação: o prazo varia de 4 a 10 anos, podendo ser fixados prazos específicos. Acompanhamento das Licenças O acompanhamento pelos órgãos ambientais das Li- cenças se dá através de relatórios periódicos (mensais, trimestrais ou semestrais) entregues pelas empresas com documentação fotográfica, demonstrando a evolução das intervenções civis no empreendimento e os resultados dos Programas de Monitoramento Ambiental. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 11 Diferentes papéis dos agentes sociais no processo de AIA Órgãos Ambientais Públicos → Cadastro Técnico Federal; → Propor a criação de Conselhos Estaduais de Meio Am- biente e/ou Conselhos Municipais de Meio Ambiente; → Organizar Audiências Públicas. Empreendedor → Estabelecer uma relação de parceria com o órgão do meio ambiente; → Alocar recursos financeiros e materiais para conferir qualidade e avaliação de impactos ambientais e implementar as medidas mitigadoras. Equipe Multidisciplinar → Fornecer a base conceitual do método adotado na avaliação de impactos ambientais; → Fornecer as análises e conclusões da AIA; → Fornecer possibilidades reais de operacionalização dos programas propostos para o acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais geradospelo empreendimento. Comunidade Técnica e Científica → Assessorar o órgão de meio ambiente e o empreende- dor em questões técnico-científicas, desenvolvendo, permanentemente, métodos para o aprimoramento do processo de AIA; → Participar dos grupos de orientação e assessoramento coordenados pelo órgão de meio ambiente. Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais Principais técnicas de apoio à realização do AIA Listagem de checagem (“Check List”) Matrizes de Interação Rede de Impactos (“Network”) Superposição de Mapas (“Overlay”) Modelos de Simulação Síntese e comparação dos Principais Tipos de Métodos de AIA Método Descrição Aplicação Vantagens Desvantagens Matrizes de interação Listagens de controle bidimensionais, dispondo as ações do projeto e os fatores ambientais Identificação dos impactos ambientais diretos Boa disposição visual do conjunto de impactos diretos - Baixo custo Não identificam impactos indiretos. Redes de impactos Gráfico ou digrama representado cadeias de impactos gerados pelas ações do projeto Identificação dos impactos ambientais diretos e indiretos Abordagem integrada na análise dos impactos e suas interações (troca de informações) Não consideram aspectos temporais e espaciais dos impactos Modelos de simulação Modelos matemáticos que representam o funcionamento dos sistemas ambientais Diagnósticos e prognósticos da qualidade ambiental da área de influência Tratamento organizado de grande nº de variáveis qualitativas e quantitativas Custo elevado Superposição de mapas Síntese das interações dos fatores ambientais por superposição das cartas ou mapas Escolha de alternativas de menor impacto Boa disposição visual Não identifica os impactos indiretos Listagem de Checagem Lista de fatores ambientais e de ações do projeto Diagnóstico ambiental Ajuda a lembrar de todos os fatores ambientais que podem ser afetados. Não analisa as interações dos fatores ou dos impactos ambientais Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 12 Exemplo de Listagem de Checagem Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 13 Exemplo de Matriz de Interação Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 14 Exemplo de Rede de Interação de Impactos Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 15 Exemplo de Método Superposição de Mapas Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 16 Exemplo de Modelo de Simulação Metodo de AIA (AMARAL, F.P. e FAVORETO, C.J.R.) Atributos dos Impactos Ambientais Grau Abrangência Espacial Magnitude Relação Ocorrência Intensidade Efetividade Duração Importância Reversibilidade - - → Grau: O grau indica que se um impacto é positivo, quando leva a melhoria da situação ambiental, ou negativo, quando causa a degradação do ambiente ou piora a qualidade de vida, assumindo os valores: Critério Pontos Impacto Positivo +1 Impacto Negativo -1 → Relação: Tradicionalmente, os impactos são considerados di- retos (primários) ou indiretos (derivados). O estabe- lecimento de pontos para esse parâmetro é de difícil mensuração, pois a intensidade e a importância desse parâmetro, podem variar, caso a caso. → Abrangência Espacial: Indica a área geométrica que será afetada por um determinado impacto ambiental. Critério Pontos Terreno do empreendimento + parte da zona de influência direta 1 Toda a zona de influência direta 2 Toda a zona de influência direta + parte da zona de influência indireta 3 Toda a zona de influência indireta 4 → Ocorrência: A ocorrência é definida como o intervalo de tempo existente entre o início de uma atividade modificadora e o aparecimento de um impacto ambiental. Manifestação do impacto Pontos Longo prazo 1 Médio prazo 2 Curto prazo 3 Imediata 4 → Duração Temporal: A duração temporal representa o espaço de tempo no qual o impacto ambiental continuará atuando. Tempo de ocorrência do impacto Pontos Fase de Instalação 1 Fase de Operação 2 Ocorrência além da Fase de Operação 3 Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 17 → Reversibilidade: A reversibilidade indica a possibilidade de um impacto ambiental ter seus efeitos revertidos por medidas mitiga- doras ou não. Critério Pontos Impacto facilmente revertido, seja com medidas mitigadoras, seja naturalmente 1 Impacto que pode ser facilmente revertido com medidas mitigadoras, ou naturalmente com intervalo de tempo longo 2 Impacto que somente pode ser revertido com a utilização de técnicas muito dispendiosas ou situações onde a reversão será apenas parcial 3 Impacto irreversível 4 → Efetividade: A efetividade indica a força de modificação que um im- pacto exerce ou pode exercer sobre um determinado am- biente. Quanto mais efetivo é um determinado impacto, maior será sua intensidade e, por conseguinte, sua impor- tância. Grau de modificações possíveis Pontos Menos que 30% de modificação de uma característica ambiental 1 Entre 30% e 60% de modificação de uma característica ambiental 2 Entre 60% e 90% de modificação de uma característica ambiental 3 Mais de 90% de modificação de uma característica ambiental 4 → Magnitude: A magnitude indica a manifestação do impacto ambiental no espaço e tempo da análise, dentro da área de influência determinada no estudo: MAGNITUDE = ABRANGÊNCIA X OCORRÊNCIA X DURAÇÃO → Intensidade: A intensidade é a medida da força modificadora do impacto, sendo determinada da seguinte forma: INTENSIDADE = EFETIVIDADE X GRAU X REVERSIBILIDADE → Importância: A importância de um impacto é o seu potencial de transformar o ambiente, em relação aos demais impactos considerados. É determinado da seguinte maneira: IMPORTÂNCIA = MAGNITUDE x INTENSIDADE Quanto maior o módulo da importância, maior será a hierarquia do impacto entre a totalidade dos impactos ambientais existentes, e maior o grau de transformação que poderá causar no ambiente, em relação às transformações possíveis. Exemplos de Instrumentos de Gestão Ambiental onde se aplicam a AIA - Estudo de Impacto Ambiental – EIA/RIMA - Plano de Controle Ambiental – PCA/RCA - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD - Plano de Manejo - Auditoria Ambiental - Análise de Risco Ambiental Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 18 Estudo de Impacto Ambiental Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 19 Definição (Resolução CONAMA 001, de 23/01/86, art. 1º) “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer for- ma de matéria ou energia resultante das atividades huma- nas que, direta ou indiretamente afetam: I- a saúde, a segurança e o bem estar da população; II- as atividades sociais e econômicas; III- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV- a qualidade dos recursos ambientais”. Exigência Constitucional (CF/88, art. 225, §1º, IV) “Exigir, na forma da lei, para instalações de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”. Hipóteses Legais - Resolução CONAMA 001/86 - Resolução CONAMA 011/86 - Resolução CONAMA 237/97 Introdução A metodologia para a realização de estudos de impacto ambiental vem sendo aperfeiçoada nos últimos 20 anos, com a evolução a partir de simples listas de checagem, até chegar às tabelas complexas, cadeias e métodos de simu- lação por computador. A principal conclusão da evoluçãodos métodos de avaliação diz respeito a própria limitação de todos eles, já que se tem claro que nenhum deles pode responder plenamente as questões básicas de uma AIA, nem garantir, via métodos científicos, o entendimento dos problemas causados por um empreendimento e determi- nar suas soluções. Etapas Básicas na elaboração de um EIA A própria legislação brasileira, através da Resolução CONAMA nº 001/86, estabelece uma metodologia básica para a elaboração de EIA-RIMA’s, devendo necessariamente ser contempladas no estudo: Leitura do projeto: Avaliação do projeto em estudo, com a descrição de suas características, localização, alter- nativas tecnológicas e locacionais, mão-de-obra na fase de instalação e operação, insumos construtivos e operacionais, descartes, atividades transformadoras, bem como uma ava- liação inicial da área impactada direta e indiretamente. Diagnóstico Ambiental: É exigido da equipe técnica uma descrição do ambiente atual, tendo em vista seus compartimentos básicos – meios físico, biótico e antrópico - incluindo-se, nesta etapa, um prognóstico (tendências) da situação ambiental futura sem o empreendimento. Meio Físico: agrupa as características físico-químicas regidas pela dinâmica natural terrestre. Meio Biótico: diz respeito às características e processos de manutenção da vida e dos ecossistemas dentro de um ambiente. Meio Sócio-Econômico: neste meio estão agrupados os processos inerentes à sociedade humana, incluídos os vetores e principais tipos de doenças existentes. Meio Legal: Apesar de fazer parte da sociedade como um todo, é fundamental a inclusão, no EIA, dos impactos sobre a legislação vigente, para que este aspecto fique ressaltado. Planos e Projetos Co-Localizados: esta etapa é dedi- cada à descrição dos projetos governamentais existentes, nas várias esferas, e dos projetos particulares, que estão sendo desenvolvidos na mesma região de influência do empreendimento, com especial atenção para as modifica- ções provocadas por estes projetos. Avaliação Ambiental: Este é o escopo central de um EIA, onde são avaliados os impactos positivos e negativos do empreendimento, a dimensão dos impactos negativos, e a viabilidade das alternativas. Cenários Ambientais (Prognóstico): Nestes são monta- dos diferentes cenários ambientais, onde são analisados os elementos ambientais. Avaliação por Cenários: Este tipo de avaliação, baseada na comparação dos fatores ambientais, permite visualizar de maneira clara os ganhos e perdas ambientais decor- rentes da implantação do empreendimento. Este tipo de avaliação possibilita uma resposta segura à questão da viabilidade do empreendimento. 1- Cenário Atual: é o próprio diagnóstico ambiental 2- Cenário Tendencial: representa a configuração futura do ambiente sem o empreendimento. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 20 3- Cenário Futuro com o Empreendimento Medidas Mitigadoras: Nesta fase do trabalho são consi- deradas as medidas mitigadoras para cada um dos impac- tos determinados, com ênfase maior naqueles considera- dos de maior importância ambiental. Plano de Monitoramento: Para aqueles impactos cujas medidas não sejam de grande eficiência e/ou possam trazer danos ambientais consideráveis em caso de acidentes, deverão ser propos- tos planos de monitoramento, visando manter esses im- pactos dentro dos níveis aceitáveis. Viabilidade Ambiental: Nas conclusões são consolidados os resultados parciais dos diversos procedimentos adotados durante o EIA, buscando-se as respostas para as perguntas básicas listadas nos objetivos do trabalho (viabilidade am- biental do empreendimento, impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, abrangência dos impactos, das medidas mitigadoras e dos planos de monitoramentos). Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente – RIMA Reflete as conclusões do EIA, de forma clara e objetiva, em linguagem que possa ser compreendido pelos interessados. Deverá conter: - Curriculum vitae dos profissionais responsáveis pelos elementos técnicos do projeto; - Dados gerais, Objetivos e justificativas da atividade; - Indicação e análise da compatibilidade do projeto com as políticas setoriais, os planos e programas gover- namentais; - Indicação e análise da legislação aplicável; - Síntese da descrição dos projetos e alternativas; - Descrição do diagnóstico ambiental da área de influ- ência; - Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência; - Recomendação e justificativa quanto a alternativa a ser adotada; - Descrição das medidas mitigadoras; - Descrição do programa de monitoramento. Audiência Pública ( Resolução CONAMA 09/87) Solicitada pelo: - Ministério Público; - Entidade Civil; - Cinqüenta ou mais cidadãos. → Considerações - A Audiência Pública deverá ocorrer em local acessível ao público. - Pode haver mais de uma Audiência Pública sobre o mesmo projeto, em função de sua complexidade, localiza- ção e dimensão do empreendimento. - Não havendo Audiência Pública, apesar da solicitação de quaisquer dos legitimados, a licença não terá validade. - Após o término da Audiência Pública será lavrado um Termo refletindo as conclusões discutidas. Este documen- to ficará a disposição de interessados para possível impug- nação. Não havendo impugnação, a licença será deferida. Plano de Controle Ambiental – PCA O Plano de Controle Ambiental (PCA) é exigido pela Resolução CONAMA 009/90 para concessão de licença de instalação e Operação de uma atividade mineral definida no Código de Mineração (Lei nº 9.314/96). Em Alguns estados, esse instrumento tem sido exigido também para o financiamento de outros tipos de atividades. A edição de um PCA completo (RCA + PRAD) é realizada em seis estágios distintos, descritos a seguir. 1º Estágio: Revisão bibliográfica, com a finalidade de adquirir dados e informações para um conhecimento prévio da área de influência da atividade; 2º Estágio: Levantamento topográfico da área lavrada e o corpo mineral cubado em uma planta planialmétrica em escala compatível, com caracterização da atividade minerária (tipo e quantidade do mineral, método de desmonte, insumos e descartes, equipamentos utilizados, etc.); 3º Estágio: Identificação e avaliação qualitativa dos impactos ambientais gerados por esta empresa, bem como a delimitação da área de influência exercida pela mesma sobre suas vizinhanças; 4º Estágio: Análise e discussão dos dados obtidos nas fases precedentes; 5º Estágio: Estudo de medidas mitigadoras e projetos de controle ambiental (Drenagem, Saneamento Básico, Contenção de Sedimentos, Reflorestamento, dentre outros); 6º Estágio: Elaboração do plano de recuperação am- biental final (PRAD) e Plano de Monitoramento (ar, água, solo, cobertura vegetal, fauna, segurança do trabalho, etc). Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 21 RCA O Relatório de Controle Ambiental é exigido pela Resolução CONAMA 010/90, na hipótese de dispensa do EIA/RIMA, para obtenção de uma Licença Prévia (LP) para atividades de extração mineral. Esse instrumento consiste na descrição da atividade minerária, avaliação de impactos ambientais e indicação de medidas mitigadoras, sem detalhamento de projetos ambientais. PRAD O Plano de recuperação de Áreas Degradadas tem sido utilizado para a recomposição de áreas degradadas pelas atividades minerárias (NBR 13.030) e aterros sanitários. Consiste na elaboração de projetos ambientais (basicamente recomposição florestal, drenagem, saneamento básico, terraplanagem) concebidos de acordo com as diretrizes de utili- zação futura do local degradado. Plano de Manejo Ambiental IntroduçãoAvaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 22 Existem várias formas de realização de um Plano de Manejo Ambiental, cada uma adaptada a uma situação ambiental local, cabendo ao grupo de pesquisa escolher a mais adequada para a situação em estudo. No entanto de uma forma geral, a metodologia básica utilizada resulta da análise das condições básicas para a elaboração de um Plano de Manejo: as características pró- prias da Unidade de Conservação; o uso pretendido; e a legislação que regulariza o uso da área. O Trabalho parte do estudo das condicionantes físicas, biológicas e antrópicas da área, possibilitando a definição de projetos de caráter urgente (visando salvaguardar os bens e usuários da Unidade de Conservação) e, juntamen- te com a análise da legislação vigente, definir as diretrizes de utilização da área. Essas diretrizes serão contrapostas à análise das várias propostas de utilização da área, resul- tando disso o zoneamento para o uso do local. A partir deste zoneamento, são propostos os projetos de médio e longo prazo, que depois de aprovados pela comunidade e órgãos competentes, serão transformados em propostas formais. Fases de Realização A seguir apresentamos uma metodologia básica de ela- boração de um PMA Fase I: Nesta fase, a mais trabalhosa, são realizados os levantamentos de informações, podendo ser dividida em três itens: - Diagnóstico Ambiental: levantamentos das carac- terísticas dos meios físico, biológico e sócio-cultural da área e de seu entorno imediato. - Avaliação das Propostas de Uso da Área: tra- balho realizado com todas as instituições, públicas e pri- vadas, que atuam na Área da UC, bem como com os fre- qüentadores da área, visando estabelecer o uso que cada grupo deseja para o mesmo. - Revisão da Legislação: esse tópico visa esclarecer os problemas quanto à tomada de decisão na UC, bem como revisar as condicionantes legais para a implantação de projetos e atividades na mesma. Fase II – Diretrizes Básicas para o Plano de Ma- nejo: As diretrizes básicas para o Plano de Manejo são descrições detalhadas das limitações ao uso da área, com especial atenção às áreas não utilizáveis e as limitações a usos previstos. Estas diretrizes levam em conta as con- dicionantes físicas, biológicas e antrópicas, bem como as limitações da legislação específica aplicável à UC. Fase III – Zoneamento: Uma vez definidas as diretrizes básicas de uso do espaço, é proposto um zoneamento de atividades dentro da UC, de forma que os vários usos pretendidos pelos vários agentes envolvidos não interfiram entre si. Fase IV – Plano de Manejo Ambiental: O Plano de Manejo possui o detalhamento do uso da área, bem como das infra-estruturas necessárias a esse uso, além de uma proposta de sistemas de monitoramento dos impactos das atividades propostas sobre a flora e a fauna. Uma vez formalizado, o Plano deve ser aprovado pelas entidades envolvidas na manutenção e proteção da UC, e, só então, passar à fase de implantação do Plano de Manejo. Organização do Trabalho Visando expor as idéias geradas durante a produção do PMA, o trabalho deve ser dividido da seguinte forma: Parte I: Levantamento e Avaliação das condições atuais e futuras da Unidade de Conservação: Neste capítulo são expostos os resultados dos traba- lhos de campo, escritórios e bibliográfico, realizados pela equipe técnica responsável pela elaboração do PMA visan- do subsidiar a tomada de decisões e a planificação de pro- jetos de utilização da área. Nestes levantamentos estão incluídos os seguintes: Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 23 Geólogicos, Geomorfológicos, Geotécnicos, de Condi- ções Atmosféricas, Hidrográficos, Faunísticos, Florísticos, Histórico, Arqueológico de Peças Ornamentais, de Uso e Ocupação, de Perfil dos Usuários e da Legislação. Parte II: Diretrizes para a utilização da Unidade de Conservação: Nesta parte são descritos os tipos de usos possíveis na UC, a contradição entre eles, bem como suas limitações, necessidades, possíveis benefícios e eventuais problemas. Parte III: Zoneamento: Nesta parte são descritas as propostas de utilização da área, determinando os locais onde deverão ser implantadas, bem como os cuidados que devem ser tomados para o funcionamento destas atividades. Parte IV: Medidas e Projetos: Nesta Parte são formalizadas as medidas para que os planos propostos possam funcionar de forma adequada, bem como determinados os projetos para mitigar os pro- blemas da UC, além dos planos de monitoramento. Auditoria Ambiental → Definição: A Auditoria Ambiental é uma ferramenta de gerência que compreende uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva do desempenho ambiental de uma organização. Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 24 → Objetivo: A Auditoria Ambiental que inclui um exame detalhado de todos os aspectos da interação da empresa com o seu ambiente, destina cumprir objetivos, tais como: - Facilitar a gerência a controlar suas práticas ambien- tais, melhorando o seu desempenho interno quanto às questões ambientais; - Avaliar o cumprimento de políticas ambientais da companhia, incluindo a observância da legislação ambien- tal existente, de modo a prevenir processos e ações judi- ciais reparatórias; - Melhorar o controle operacional e de custos dos siste- mas de gerenciamento ambiental; - Estimular a capacitação dos responsáveis pela ope- ração e manutenção dos sistemas, rotinas e instalações. → Escopo: Para garantir um exame completo das uni- dades auditadas, recomenda-se que no escopo da Auditoria Ambiental separe as áreas funcionais e fun- ções gerenciais da empresa: Áreas Funcionais: Efluentes líquidos; Efluentes gaso- sos; Ruídos; Gerenciamento de resíduos tóxicos; Docu- mentação; Saúde; Relações com a vizinhança. Funções Gerenciais: Licenças ambientais exigidas; Padrões e normas ambientais exigidas; Planejamento ambiental da empresa; Práticas operacionais utilizadas; Sistemas de gerenciamento adotados; Monitoramento; Programas de treinamento em meio ambiente; Manuten- ção praticada pela empresa; Nível de informação do pes- soal interno. → Metodologia: Para realização dos processos de co- leta e processamento de informações, são utilizados os seguintes meios para obtenção das informações: Observação, Indagação e Medição. As técnicas utili- zadas para a coleta dos dados são: “checklist”; ques- tionários; entrevistas; análise; inspeção de equipa- mentos e sistemas. → Plano de Ação: O Plano de Ação contempla todas as constatações da Auditoria Ambiental (conclusões e recomendações), bem como o estabelecimento das responsabilidades das ações corretivas e, também, o cronograma para a implantação das mesmas e o monitoramento das medidas indicadas. → Relatório da Auditoria: O relatório deve ser com- posto basicamente pelos seguintes itens: - Sumário; - Histórico da Empresa; - Diagnóstico Ambiental; - Metodologia; - Avaliação Ambiental; - Plano de Ação; - Equipe Técnica. Benefícios da Auditoria Ambiental - Promove a proteção do meio ambiente - Identifica e documenta o cumprimento de leis - Auxilia a gerência da instalação auditada a melhorar o seu desempenho ambiental - Protege a companhia de potenciais penalidades dos órgãos ambientais - Avalia a administração superior da companhia, se a mesma está gerenciando adequadamente suas responsa- bilidades ambientais - Aumenta a conscientização ambiental dos emprega- dos no tocante à políticas e responsabilidades ambientais; - Acelera o desenvolvimento globaldo sistema de ge- renciamento ambiental - Facilita a identificação prévia dos problemas Recomendações práticas para uma Avaliação de Impactos Ambientais de Sucesso 1 - Use a linguagem adequada 2 - Busque as causas primárias 3 - Registre documentos importantes 4 - Organize-se diariamente 5 - Para cada observação, fazer uma recomendação 6 - Evite expressões radicais 7 - Evite conclusões baseadas em hipóteses 8 - Obedeça o planejamento feito 9 - Não acuse os auditados 10 - Comunique as observações positivas e negativas Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 25 Análise de Risco Ambiental Conceitos: Perigo: é o potencial ou a possibilidade de um acidente provocar danos a pessoas, ao meio ambiente ou a bens materiais. Risco: é a probabilidade de danos a pessoas, ao meio ambiente ou a bens materiais, em decorrência de um acidente. Análise de risco: é a avaliação qualitativa ou quantitativa dos riscos apresentados por uma instalação ou atividade e de suas conseqüências. Por isso, a Análise de Riscos busca responder a: - O que pode acontecer de errado? - De quanto em quanto tempo esses acidentes podem ocorrer? - Quais as conseqüências desses acidentes? - A freqüência ou a probabilidade prevista para a ocorrência desses danos é aceitável ou tolerável pelas pessoas envolvidas? - Quais as medidas necessárias para tornar os riscos aceitáveis ou toleráveis? Objetivos da Análise de Riscos Ambientais -Identificar riscos e cenários acidentais potenciais (in- cêndios, explosões, vazamentos tóxicos) bem como as suas possíveis causas; -Prever qualitativamente os danos aos trabalhadores, comunidade, meio ambiente e patrimônio da empresa, causados por eventuais acidentes; -Sugerir medidas preventivas e mitigadoras para au- mentar o nível de segurança das instalações. Análise preliminar de perigos – APP: Análise Preliminar de Perigos (APP) tem o intuito de caracterizar todos os cenários acidentais possíveis de ocorrer, nas condições operação e manutenção normais, e nas condições de partida e parada, independentemente da freqüência esperada para os cenários e, independente- mente, dos potenciais efeitos danosos se darem interna ou externamente à instalação. APP culmina em uma planilha de dupla entrada, levando em consideração um mínimo de quatro categorias de freqüência e quatro categorias de severidade. Para auxiliar tal análise, faz-se necessário a coleta das seguintes informações: - Caracterização Climática – Variação de temperatura, umidade relativa, pressão, índices pluviométricos, veloci- dades e direções dos ventos. - Localização do Empreendimento – densidades popu- lacionais, mapas e plantas de situação indicando frontei- ras do empreendimento, áreas povoadas vizinhas, uso da terra, etc. - Caracterização das instalações industriais – lay-outs, folha de dados de equipamentos, fluxogramas de proces- so, engenharia e instrumentação, rotinas de operação e manutenção, normas internas de segurança, lista de pro- dutos envolvidos (incluindo quantidades estocadas). - Levantamento da Ficha de Segurança (Material Sa- fety Data Sheets- MSDS) de todas as substâncias tóxicas e inflamáveis, relacionadas nas diversas sub-áreas: Nome e marca comercial, composição do produto, propriedades (massa molecular, estado físico, aparência, etc), reativida- de, riscos toxicológicos e seus efeitos. - Histórico de Acidentes – Informações relativas ao his- tórico da causa de explosões, incêndios e/ou vazamentos, recolhidos em bancos de dados internos à empresa. Alcance dos Efeitos Físicos Danosos Os cenários identificados na APP como pertencentes às categorias de severidades mais elevadas, deverão ter o alcance dos efeitos físicos danosos determinado por meio de modelagens matemáticas conceituadas, utilizando-se as condições meteorológicas mais prováveis da região. Exigibilidade da Análise de Risco São sujeitos ao Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP): - os empreendimentos em que há a obrigatoriedade legal de realização de Estudos de Impacto Ambiental; - as atividades industriais e outras que armazenam ou operam com substâncias tóxicas, inflamáveis ou explosivas Avaliação de Impactos Ambientais e Licenciamento 26 em quantidade superior a um determinado limite estabele- cido para cada substância, e também o transporte dessas substâncias por dutos. Recomendações práticas para uma Avaliação de Impactos ambientais de sucesso 1 - Use a linguagem adequada 2 - Busque as causas primárias 3 - Registre documentos importantes 4 - Organize-se diariamente 5 - Para cada observação, fazer uma recomendação 6 - Evite expressões radicais 7 - Evite conclusões baseadas em hipóteses 8 - Obedeça o planejamento feito 9 - Não acuse os auditados 10 - Comunique as observações positivas e negativas BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA - FAVORETO, C.J.R. Descrição, análise e medidas de controle dos impactos ambientais em minerações voltadas para a construção civil. Monografia do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Ciências Ambientais, Rio de Janeiro: UGF. 1996. - FAVORETO, C.J.J. ET ALL. Apostila sobre questões ambientais: SEMAM. Rio de Janeiro Ed. Forense, 1995. - BERNADO, C. e FAVORETO, C.O.R. Coletânea de Legislação Básica Federal. 2.ª Edição. Ed. Lumem Juris, 2002 -ROHDE, G.M. Estudo de Impacto Ambiental. Porto Alegre: CIENTEC, 1988. -SANCHEZ, L.H. Os Papéis da avaliação de Impacto Ambiental. Anais do Seminário sobre Avaliação de Impacto Ambiental – Situação Atual e Perspectiva. São Paulo: EDUSP, 1991. -SEMA- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE – PARANÁ, IAP – INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, Manual de Avaliação de Impactos Ambientais. Curitiba. 1993. -TAUK, S.M. GOBBI, N e FOWLER, H.G. Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar São Paulo: UNESP, 1991. -VEROCAI MOREIRA, I.M. Avaliação de impacto ambiental: instrumento de gestão. São Paulo: Cadernos FUNDAP, v.9 nº16, 1989.
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