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PROTEÇÃO PATRIMONIAL EVIDENCIAÇÃO NAS EMPRESAS DE NATUREZA JURÍDICA HOLDING

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Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 39 
PROTEÇÃO PATRIMONIAL: EVIDENCIAÇÃO NAS EMPRESAS 
DE NATUREZA JURÍDICA, HOLDING 
 
RESUMO 
Nas empresas constituídas em família, uma holding garante 
patrimônio e rendimentos a seus sucessores, evitando um moroso e 
dispendioso processo de inventário, haja vista que as principais 
decisões são tomadas ainda em vida. Esta pesquisa debate as 
utilidades e inconveniências de uma holding no processo 
sucessório de uma empresa familiar, bem como verifica sua 
função catalisadora nos processos de blindagem do patrimônio e 
planejamento tributário. Neste intuito de estudo aduzirá em sua 
análise bibliográfica o conceito de holding e suas divisões; 
questões relacionadas à empresa familiar e o processo de sucessão, 
proteção patrimonial e planejamento tributário. A metodologia 
adotada neste estudo é qualitativa quanto à abordagem e tem 
como fundamento a revisão da literatura, que nos transporta à 
conclusão de que a constituição de uma holding familiar é uma 
ferramenta de viabilidade considerável, uma vez que trará 
sistemática e instrumentos contratuais que objetivam dirimir 
litígios, afasta a dilapidação do patrimônio, bem como gera 
desoneração notória na tributação, viabilizando de modo prático e 
econômico a sucessão hereditária inter-vivos. 
Palavras-Chave: Patrimônio, Evidenciação e Holding. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
In companies incorporated in family, a holding ensures equity and 
income by the owners, their successors, avoiding a lengthy and 
expensive process inventory, considering that major decisions are 
still taken in life. This research aims to discuss the utilities and 
inconveniences of a holding in the succession process of a family 
business as well as checking their catalytic role in the screening 
processes of equity and tax planning. In this study a literature 
review the concept of holding company and its divisions; issues 
related to family business and the process of succession, asset 
protection and tax planning. The methodology used in this study 
is qualitative as the approach and is based on the literature review, 
which takes us to the conclusion that the establishment of a 
familiar holding is a considerable viability tool as it will 
systematically and agreements that aim to settle disputes, 
squandering away the heritage and generates noticeable relief in 
taxation, enabling practical and economical way to hereditary 
succession inter-vivos, 
Keywords : Equity, Disclosure, Holding. 
 
 
 
Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... 
 
Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015. 40 
1 INTRODUÇÃO
Vivemos num país onde é de 
costume instituir empresas a partir do seio 
familiar, isso se dá por motivos diversos, 
entre outros, os da confiança, da 
viabilidade de estabelecer modificações de 
negócios, sobre as empresas familiares 
segundo Mamede (2012, pág. 03) relata: 
“sua existência esta fortemente lastreada 
por uma família ou grupos de famílias”, ou 
seja, os membros que compõe alguns 
cargos principais da organização são os 
mesmos pertencentes do meio familiar e 
por questões até mesmo sucessórias, na 
possibilidade de permanecer maior tempo 
no mercado, no grau de confiança e é 
nesse sentido que cabem, no decorrer da 
pesquisar, pautarmos algumas situações 
que compõe a família ligada às empresas, e 
a proteção do patrimonial da organização 
empresária familiar - holding. 
Tendo em vista os riscos, muitas 
vezes de mensurabilidade bastante 
subjetiva, decorrentes das escolhas 
cotidianas das pessoas naturais envolvidas, 
direta ou indiretamente, com o ambiente 
empresarial, em especial das menos 
experientes, faz-se necessários lançar mão 
de ferramentas e artifícios legais venham a 
minimizar perdas possíveis de maneira a 
garantir a sobrevivências do patrimônio. 
Neste prisma o trabalha irá expor 
essa relação empresa - família e como 
muitas vezes a complexidade dessa relação 
pode alterar o andamento da empresa e 
consequentemente alterações patrimoniais, 
objetivando estabelecer por meio das 
pesquisas teórico-bibliográficas um grau 
de confiança nas holdings com intenção de 
proteção do patrimônio. 
A pesquisa é de natureza qualitativa, 
descritiva, sendo classificado como teórico 
exploratório que segundo Richardson 
(2007, p. 147): “[...] são realizadas com o 
propósito de fazer afirmações para 
descrever aspectos de uma população ou 
analisar a distribuição de determinadas 
características ou atributos”. 
2 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Oliveira (1999, p. 
19), a holding pode ser conceituada, em 
linguagem simples do seguinte modo: 
 
Empresa cuja finalidade básica é manter 
ações de outras empresas. A origem da 
expressão holding está no verbo do 
idioma inglês to hold, que significa 
manter, controlar ou guardar 
(OLIVEIRA, 1999, p.19). 
Fundamentalmente a expressão 
holding significa manter, guardar, segurar, 
e por fim controlar. Não representando 
exatamente a existência de um tipo de 
sociedade especificamente, considerado na 
legislação, todavia identifica a sociedade 
que tem por finalidade participar de outras 
sociedades controladas. 
A administração, ou a influência 
sobre esta, deve ser garantida à holding 
por meio do controle das cotas ou ações 
votantes das companhias controladas. 
Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro 
 
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Nusdeo (2001, p. 276) ainda dispõe 
acerca do conceito da seguinte maneira: 
Holding é: (omissis) sociedade cuja 
totalidade ou parte de seu capital é 
aplicada em ações de outra sociedade 
gerando controle sobre a administração 
das mesmas. Por essa forma assegura-se 
uma concentração do poder decisório 
nas mãos da empresa mãe – holding 
(NUSDEO, 2001, p. 276). 
A holding representa instrumento 
inestimável de planejamento de sucessão, 
significativo para a proteção do patrimônio 
de um grupo, no que tange preservar as 
empresas sob a égide, de possíveis conflitos 
sucessórios e à continuidade e constância 
dos negócios. 
No que se refere ao escopo de uma 
holding, Oliveira (1999, p. 156) que: 
As empresas holdings podem facilitar o 
planejamento, a organização, o controle, 
bem como o processo diretivo de suas 
empresas afiliadas. E, no caso de 
holdings formadas por empresas 
familiares, também proporciona a seus 
proprietários a melhor distribuição em 
vida de seu patrimônio a seus herdeiros, 
sem ficar privado do efetivo e amplo 
processo administrativo. 
De modo mais sintético, a holding 
deve ter uma participação no capital das 
investidas de modo a lhe garantir a 
influência necessária sobre sua 
administração. 
Assim, de acordo com Oliveira 
(1999, p. 19), os propósitos do holding 
podem se enumerados da seguinte maneira 
a ilustrar definitivamente sua razão: 
a) resguardar os interesses de seus 
acionistas, através da interação em 
várias empresas e negócios; 
b) agir como acionista principal das 
empresas afiliadas, podendo, inclusive, 
ter a gestão administrativa dos 
negócios; 
c) administrar o portfólio (Portfólio é uma 
coleção de todo o trabalho em 
andamento na organização relacionado 
com o alcance dos objetivos do negócio) 
de investimentos do grupo empresarial; 
d) prestar serviços centralizados às 
empresas do grupo, atuando, neste caso, 
como o embrião de uma administração 
corporativa; 
e) representar o grupo empresarial de 
forma estruturada e homogênea, 
principalmente a partir da consolidação 
de um conjunto de políticas de atuação 
administrativa. 
Considerando a perspectiva fiscal, os 
investidores em geral interessam-se peladesoneração da carga tributária, através de 
planejamento tributário, bem como do 
planejamento sucessório, retorno positivo 
de investimento na pessoa jurídica sob a 
forma de lucros e dividendos com 
tributação reduzida, diferida, suspensa ou 
afastada em definitivo, conforme o caso. 
Tomando por base os aspectos 
societários, a finalidade é caracterizada 
pela expansão do grupo econômico, 
programação e gerenciamento 
administrativo, centralização da 
administração de todos os investimentos, 
ampliação do faturamento e 
gerenciamento de interesses societários. 
Como pode ser verificado nos 
parágrafos anteriores, vários são os 
aspectos que tornam a constituição em 
holdings uma prática interessantes para 
quem detém direitos de controle sobre 
pessoas jurídicas, que servem aos processos 
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desde a organização dos vários segmentos 
de atuação de um grupo; disposição de 
demonstrações contábeis centralizadas e 
consolidadas pode inclusive, facilita o 
acesso ao crédito, haja vista à 
transparência; foco nos negócios; até a 
minimização dos conflitos decorrentes de 
sucessão. 
Vale salientar que, na ocorrência de 
constituição de holding para auxiliar no 
processo sucessório, se bem aplicada pode 
se tornar importante ferramenta na gestão, 
controle e sucessão empresarial. Permite 
que mesmo em vida o executivo possa 
distribuir seu patrimônio, evitando um 
processo de inventário, muitas vezes 
exaustivo, sempre no sentido de preservar 
a administração no futuro, e não apenas a 
simples sucessão de bens. 
Após análise da conveniência da 
constituição da holding, faz-se necessário 
examinar e definir o tipo apropriado às 
necessidades da empresa. No que tange à 
tipificação, Oliveira (2003, p. 27) distribui 
as holdings em quatro modelos principais, 
os quais são: 
a) holding pura - praticada por grandes 
grupos e caracteriza, simplesmente, a 
participação acionária, mesmo 
minoritária, em outras empresas; 
b) holding operacional - que, basicamente, 
desenvolve atividades operacionais, tais 
como a produção e comercialização de 
produtos; 
c) holding mista - desenvolve atividades 
operacionais (industrial ou comercial) e 
também realiza serviços, 
principalmente para as afiliadas, tais 
como serviços de planejamento 
estratégico, marketing, informática, 
recursos humanos, relações púbicas, 
assistência jurídica, organização e 
métodos; 
d) holding híbrida - utilizada em casos 
específicos, tais como em situações de 
estruturação operacional ou fiscal. 
 
Todavia, a lista não se limita apenas 
aos tipos de holding indicados acima, pela 
doutrina podemos ter ainda vários outros 
modelos, tais como a holding 
administrativa, holding de controle, 
holding de participação, holding 
patrimonial, holding familiar, dentre 
algumas outras, cada uma com seus 
aspectos definidores e destinações 
específicos. 
Tendo em vista que o planejamento 
patrimonial e familiar são focos do 
presente estudo, serão verificados os 
planejamentos na execução da holding 
patrimonial ou familiar no capítulo 
seguinte. 
A holding patrimonial e familiar 
pode ser constituída puramente por 
participação societária nas empresas 
operacionais, todavia também poderá 
formar-se juntamente com os bens imóveis 
familiares, quando proposto como 
aplicação. Pode-se, por fim ainda, optar 
por constituir uma holding de participação 
societária, e outra holding exclusivamente 
para a meneio dos bens imóveis. 
 
 
 
 
 
 
Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro 
 
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3 PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E FAMILIAR
Não havendo uma única pessoa 
jurídica, mas um conglomerado, a 
constituição de uma holding pode ser 
aconselhável para centralizar a gestão das 
diversas sociedades e as várias unidades 
produtivas. 
Mamede (2012, p. 55) estabelece 
que: 
A holding deixa de ser apenas a 
depositaria das participações societárias, 
as assume um papel primordial de 
governo de toda a organização, 
definindo parâmetros, estabelecendo 
metas, definindo processos funcionais 
uniformes ou autorizando a excepcional 
adoção de fórmulas alternativas nessa 
ou naquela unidade, entre tantas outras 
possibilidades vantajosas. A holding, por 
essa perspectiva, torna-se (e deve torna-
se) um núcleo de proatividade, 
avaliando o desenrola dos fatos 
empresariais e trabalhando para 
oferecer diretivas que melhorem o 
desempenho dos atores produtivos. 
Inicialmente, trata-se do implemento da 
empresa holding como ferramenta de 
proteção patrimonial. A referida 
empresa toma para si todo o patrimônio 
de seus sócios, que então deverão passar 
a deter apenas quotas desta empresa, 
sendo ela mais frequentemente 
estruturada na forma de sociedade 
limitada (BERGAMINI, 2009 p.). 
O Planejamento Sucessório está 
ligado de modo intrínseco à proteção 
patrimonial. A função da holding nesta 
situação associasse com a precaução 
observada por muito executivos em 
conservar seus conglomerados sob a égide 
de sua descendência, concomitantemente 
reduzindo a ingerência de sócios ou 
familiares laterais ou ascendentes. 
Neste ponto, comumente utiliza-se o 
termo Holding Familiar para tratar da 
empresa cujos sócios possuem grau de 
parentescos em ascendência, descendência 
ou colateralmente e na maioria das vezes 
são descendentes do presidente do grupo. 
Todo o patrimônio do grupo fica 
centralizado na holding e existe 
transmissão de quotas ou ações aos 
sucessores, na maneira mais propícia. 
Existe, no entanto, a expectativa do 
realizador ficar com a fruição vitalícia das 
quotas ou ações, perpetuando a 
administração do seu patrimônio 
mobiliário e imobiliário. 
Vale salientar que a Holding 
Familiar elimina apenas em parte a 
problemática inerente à sucessão, uma vez 
que não há possibilidade de extinguir 
completamente questões relativas ao 
matrimônio dos sucessores em união 
parcial de bens, em casos de óbito de um 
dos acionistas ou quotistas. Nesta situação, 
por disposição do Novo Código Civil 
Brasileiro, publicado em 2002, não haverá 
como evitar que parte do patrimônio seja 
transferida a pessoas estranhas à família. 
3.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL 
O termo blindagem patrimonial 
designa o ato de lançar mão de dispositivos 
legais para garantir a proteção 
patrimonial. Esta constitui-se outra 
vantagem da holding familiar. A referida 
proteção ocorre quando os bens pessoais 
migram para a sociedade instituída, 
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estabelecendo-se, deste modo, a blindagem 
ou proteção do patrimônio transferido. 
Conforme explanação de Fioranelli 
(2009, p. 24-25) o elo entre as três 
cláusulas de inalienabilidade, 
impenhorabilidade e incomunicabilidade 
funciona do seguinte modo: 
As cláusulas são autônomas em razão de 
seu interesse social, assim como seus 
efeitos diante de terceiros. Como dito 
antes, a cláusula de inalienabilidade tem 
por efeito negar o poder de disposição 
do titular do bem, não só nos atos de 
alienação como também nos de 
constituição dos direitos reais alinhados 
no art. 1.225 do atual Código, com as 
ressalvas anteriores feitas, em face do 
princípio de que só aquele que pode 
alienar poderá hipotecar dar em 
penhora ou anticrese. Por seu lado, a 
cláusula de impenhorabilidade visa 
subtrair o imóvel da garantia de 
credores, que não podem apreender o 
bem para satisfação de obrigações. 
Ainda que o proprietáriodetenha o 
poder de disposição, pela imposição 
isolada da mesma cláusula, não poderá 
oferecer o bem assim gravado em 
garantia “hipotecária” ou de “alienação 
fiduciária”, direitos reais de garantia 
típicos que têm como escopo assegurar a 
satisfação dos créditos concedidos. As 
consequências imediatas, quando 
promovidas à execução para 
cumprimento da obrigação contraída, 
são a penhora e a expropriação da coisa; 
e para a alienação fiduciária, a perda do 
domínio em favor do credor fiduciário, 
depois de purgada a mora. A cláusula 
de incomunicabilidade é bem mais 
restrita e com efeitos limitados à 
individualidade da pessoa. A cláusula 
de inalienabilidade, por ser mais ampla, 
“absorve as demais”, conforme se vê no 
art. 1.011 do atual Código. 
Destaque-se, ainda, a proteção 
erguida ante os fracassos matrimoniais. 
Não há disposição do sucessor, enquanto 
ligado por matrimônio, a aceitar a ideia de 
que instabilidades de qualquer natureza 
possam pôr termo ao relacionamento. 
Todavia, há de se considerar que estes 
eventos desagradáveis são 
lamentavelmente bastante corriqueiros, e 
que esperanças baseadas em fé pessoal não 
são suficientes para as pessoas que 
dependem do bom julgamento e senso da 
parte envolvida. Acautelar-se com 
interesses escusos que investem sobre 
herdeiros, e voltar suas atenções ao 
patrimônio são tópicos impossíveis de não 
serem abordados no estudo da blindagem 
patrimonial. Apesar de não haver novidade 
neste método de enriquecimento vil, 
lamentavelmente muito ainda ocorre dada 
a natureza humana, a que todo o direito se 
volta a auxiliar. 
A holding instituída como sociedade 
contratual, ainda que limitada, o próprio 
Novo Código Civil brasileiro, instituído 
pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, estabelece, por meio do artigo 1.027, 
óbice ao requerimento de qualquer 
cônjuge ou detentor de união estável, desde 
logo a sua parte em face da separação. 
Sendo assim, somente após a liquidação 
das quotas poderá ocorrer quitação das 
obrigações decorrentes do fim do 
matrimônio, o que possibilita aos demais 
sócios cumprir a decisão em pecúnia e não 
em participação societária, sendo que o (a) 
sócio (a) ex-cônjuge perderá um pedaço de 
sua participação: aquilo que a sociedade ou 
demais sócios indenizaram ao seu meeiro 
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será retirado de sua parte e transferido 
para a parte dos demais. (MAMEDE, 2012, 
p. 70) 
3.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
A constituição da holding familiar se 
estabelece num ponto de vista maior dos 
desafios no que diz respeito ao patrimônio, 
pondo sob lentes mais poderosas os 
impactos fiscais relativos a isso, e 
examinando as opções mais vantajosas aos 
sócios, e ainda, a conjuntura existente no 
sistema legal a que se sujeitam. Vale 
ressaltar que as referidas oportunidades 
não contam em pequeno número, dada a 
complexidade que finda por levar até o 
legislador fiscal à erro, no entanto, para 
mais ou menos. Por fim, não em poucos 
casos a legislação fiscal termina por abonar 
ou onerar o contribuinte com algumas 
situações que podem estabelecer cenários 
mais ou menos propícios aos ganhos, que 
dependerá da formação adotada pelo 
contribuinte. 
Para que se possa examinar 
corretamente se a constituição de uma 
holding é vantajoso, fiscalmente falando, 
não há caminho mais propicio ao acerto do 
que conhecer a realidade, além de se ter 
em mente que não há formula única e 
ideal, aplicável a toda e qualquer sociedade 
(MAMEDE, 2012, p. 83). 
No que pertence à área do imposto 
de renda, o planejamento em pauta está 
ligado de modo intrínseco aos métodos 
utilizados pelos países mais 
economicamente desenvolvidos, inclusive 
por meio de tratados internacionais, 
através dos quais são dirimidas no todo ou 
em partes a dupla tributação internacional 
pelo imposto sobre a renda. 
Oliveira (2010, p. 24) declara que 
dentre os métodos para evitar a dupla 
tributação de renda, podem ser citados 
como os mais comuns: 
Método da isenção integral: caracteriza-
se, basicamente, pela isenção integral 
dos rendimentos auferidos no exterior, 
embora possa ser concedido pelos pais 
de origem da fonte de rendimento. A 
Holanda é os pais mais representativos 
na defesa desse método. A isenção 
integral nos pais de residência ou 
domicilio do beneficiário do rendimento 
convém aos países importadores de 
capital, constituindo-se em importante 
instrumento de captação de recursos no 
exterior, pois impede que qualquer 
beneficiemos fiscal concedido seja 
anulado pela legislação do pais de 
residência do investidor. Método da 
imputação ordinária: prevê a eliminação 
da dupla tributação internacional da 
renda, mediante o credito, concedido 
pelos pais de residência do beneficiário 
do rendimento, do imposto pago no país 
de origem do rendimento, até o limite 
percentual do Imposto de Renda 
incidente naquele país sobre 
rendimentos externos. Este é o método 
adotado, por exemplo, pelos Estados 
Unidos e pela Inglaterra. 
Por este método, o rendimento não 
se sujeita à tributação, nem sequer é 
considerado na fixação da alíquota 
progressiva incidente sobre o rendimento 
total. 
 
 
 
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3.2.1 TRIBUTAÇÃO NA ATIVIDADE 
DA HOLDING 
Nesta etapa do estudo será 
apresentada a tributação a que se sujeita a 
pessoa natural e jurídica no que tange as 
operações com a locação de bens imóveis 
próprios, apresentado comparativos para 
que restem ilustradas as vantagens e 
desvantagens da constituição da holding 
para fins de desoneração tributária. 
Imposto Sobre a Renda da Pessoa 
Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre 
o Lucro Líquido (CSLL). 
Utiliza-se como exemplo uma 
holding optante pelo Regime de Tributação 
pelo Lucro Presumido, que detenha 
contrato trimestral de aluguel de um 
imóvel para três pessoas físicas 
denominadas arbitrariamente de ALPHA, 
BETA e GAMA, nos valores respectivos de 
R$ 50.000,00, R$ 75.000,00 e R$ 
100.000,00. Saliente-se que os imóveis 
eram de propriedade das citadas pessoas 
naturais, todavia foram entregues à 
holding para integralização de capital. 
Seguem abaixo alíquotas 
estabelecidas pela legislação para a Pessoa 
jurídica optante pelo lucro presumido na 
situação em pauta são: 
 15% de IRPJ, nos termos do caput do art. 
3º, da Lei Federal nº 9.249, de 26 de 
Dezembro de 1995; 
 10% de IRPJ adicional sobre o que 
exceder R$ 20.000,00(vinte mil reais) 
por mês de apuração, nos termos do art. 
3º, §1º da Lei Federal nº 9.249, de 26 de 
Dezembro de 1995; e. 
 9% de CSLL, nos termos do caput do art. 
3º, da Lei Federal nº 7.689, de 15 de 
Dezembro de 1988, com redação dada 
pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 
2008; 
No que tange ao percentual estimado 
das receitas das holdings, presume-se em 
32% para fins de incidência de IRPJ e CSLL, 
o que resulta em cargas líquida de 4,80% e 
2,88% respectivamente, desconsiderando 
excessos de receita que venha à acrescer 
adicional de IRPJ. 
3.2.2 CONTRIBUIÇÃO PARA O (PIS) 
PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO 
SOCIAL E (COFINS) 
CONTRIBUIÇÃO PARA 
FINANCIAMENTO DA 
SEGURIDADE SOCIAL 
Sobre as receitas de aluguel incidem 
mensalmente o PIS e a COFINS, sendo 
importante dizer que a locação de bens 
fazendo ou não parte objetivo social da 
holding, incidirá os tributos. Mas que no 
estudo elas são receitas de acordo com 
atividade da empresa que é atacadista, 
administração das empresas e receitas com 
aluguel, sendo receita preponderante a 
receita de comercio atacadista.Nos termos da Lei 9.718, de 27 de 
Novembro de 1998, Art. 4º, inciso IV, sobre 
empresas do lucro presumido, incidirão 
sobre a presunção às alíquotas de 0,65% e 
3%, relativas às contribuições para o PIS e 
a COFINS, respectivamente. 
Salientamos ainda que tanto na Lei 
nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, 
como a Lei nº 10.833, de 29 de dezembro 
de 2003, não estabelecem incidência sobre 
rendimentos de pessoa física, deste modo, 
não á que se falar em comparativos nesta 
tributação. 
Segue tabela de alíquotas 
estabelecidas pela legislação para pessoa 
Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro 
 
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física na situação em pauta. É 
popularmente conhecida por tabela 
progressiva de incidência, conforme 
disposição do art. 628 do Decreto nº 3.000, 
de 26 de Março de 1999: 
 
Quadro 1/ Tabela progressiva do imposto de renda – Pessoa Física 
Base de cálculo mensal em R$ Al íquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ 
Até 1.787,77 
De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 
De 2.679,30 até 3.572,43 15,0 335,03 
De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 
Acima de 4.463,81 27,5 826,15 
Fonte: Site da Receita Federal do Brasil. 
 
Segue abaixo quadro demonstrativo 
de tributação dos rendimentos de alugueis, 
quando tributados dentro do patrimônio 
da holding. 
 
Quadro 2/ Tributação incidente sobre aluguéis – holding 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segue quadro comparativo de 
tributação dos rendimentos de aluguéis, 
 
quando tributados dentro do patrimônio 
da pessoa física: 
Quadro 3/ Tributação incidente sobre aluguéis – Pessoa Física 
 PF ALPHA PF BETA PF GAMA SOMATÓRIO 
ALUGUEIS R$ 50.000,00 R$ 75.000,00 R$ 100.000,00 
IRPF R$ 12.923,85 R$ 19.789,85 R$ 26.673,85 
CSLL Não Incide Não Incide Não Incide 
PIS Não Incide Não Incide Não Incide 
COFINS Não Incide Não Incide Não Incide 
TOTAL R$ 12.923,85 R$ 19.789,85 R$ 26.673,85 R$ 59.387,55 
Fonte: Elaborada pelos autores. 
 
É sensível a diferença na tributação 
dos rendimentos, quando comparamos a 
tributação da pessoa física com tributação 
incidente sobre a pessoa jurídica, houve 
uma diferença, em desvantagem da 
primeira, no valor de R$ 32.695,05 (trinta 
e dois mil seiscentos e noventa e cinco reais 
e cinco centavos). 
 HOLDING 
ALUGUEIS R$ 225.000,00 
IRPJ (4,8%+adicional) R$ 12.000,00 
CSLL (2,88%) R$ 6.480,00 
PIS R$ 1.462,50 
COFINS R$ 6.750,00 
TOTAL R$ 26.692,50 
Fonte: Elaborada pelos autores 
Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... 
 
Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 48 
Quadro 4/ Tributação incidente sobre aluguéis – comparativo 
Atividade da holding: Locações de Imóveis – Tributação 
Holding Patrimonial : ~11,33% Pessoa Física: 27,5% 
Fonte: Elaborada pelos autores. 
 
Ainda no âmbito das obrigações 
tributárias decorrentes da transmissão dos 
bens e direitos a holding, a constituição 
federal afastou desta a incidência do ITBI, 
com a disposição do art. 156, §2º, I, da 
integralização ao patrimônio de pessoa 
jurídica em realização de capital. 
3.3.3 IMPOSTO DE RENDA SOBRE 
GANHO DE CAPITAL 
A Lei permite que a holding possa 
receber bens de pessoa física, como forma 
de integralização de capital, bens e/ou 
direitos ao valor constante em sua 
Declaração do Imposto de Renda de Pessoa 
Física (DIRPF) ou se preferir pelo valor de 
mercado, todavia em um ou outro caso 
deverão ser observadas as seguintes 
condições: 
 Caso a pessoa física opte por efetuar a 
entrega pelo valor constante na sua 
declaração de bens, com isso a pessoa 
física na seguinte declaração deverá 
lançar na declaração as ações ou quotas 
subscritas pelo mesmo valor dos bens. 
 Se a transferência dos bens se fizer pelo 
valor de mercado e o mesmo for maior 
que o constante em sua declaração de 
bens, a diferença será tributável como 
ganho de capital a alíquota de 15%. 
Não deverá haver incidência de 
taxas judiciárias em razão da antecipação 
da sucessão, haja vista que foi evitado 
início de ação judicial de inventário. 
Saliente-se que além da desoneração 
tributária decorrente da criação de uma 
holding em relação às despesas destacadas 
anteriormente, se evitarão despesas com 
honorários advocatícios que em geral 
variam entre 10% e 20% sobre o montante 
do espólio, valor esse de bastante 
relevância dependendo dos valores dos 
bens. 
4 CONCLUSÃO
A holding Patrimonial será 
constituída por meio de integralização do 
capital social através de entrega de 
imóveis, ocorrendo em outro momento à 
partilha do patrimônio doação de quotas 
para os herdeiros. A geração fundadora, ou 
simplesmente anterior, atuará como parte 
administradora da sociedade e deterão 
controle absoluto sobre o patrimônio. 
Enquanto não vier a ocorrer o óbito dos 
administradores não existe legalmente 
qualquer doação de bens propriamente 
ditos, uma vez que os sucessores não serão 
detentores somente da propriedade plena 
das quotas sócias recebidas em doação. 
No que se refere à desoneração da 
carga tributária a holding familiar irá 
gerar redução considerável recolhimento 
do IRPJ, sobre as receitas auferidas pela 
locação e venda de imóveis, uma vez que 
Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro 
 
Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 49 
suas alíquotas são consideravelmente mais 
vantajosas que a tributação incidente sobre 
os rendimentos das pessoas físicas, haja 
vista que na holding patrimonial a alíquota 
é de 11,33%, podendo variar positivamente 
com o excesso de receita (IRPJ adicional). Já 
para pessoas físicas a alíquota do IR é de 
27,5%, em geral, para os volumes que 
costumeiramente são movimentados nestas 
operações. 
No que tange ao planejamento 
sucessório objetivado na constituição de 
uma holding familiar, este trará benefícios 
na seara familiar, todavia a mensuração 
dos impactos é bastante subjetiva, mas 
repercutirá reduzindo os custos tributários 
e processuais, afastando os litígios e os 
custos advocatícios, bem como a 
dilapidação do patrimônio e a morosidade 
de um processo de inventário, que 
conforme o montante do patrimônio 
inventariado poderá levar vários por anos 
para se resolva por decisão do Poder 
Judiciário. 
Por fim, posto tudo quanto foi 
exposto, a constituição de uma holding 
familiar é uma ferramenta de viabilidade 
considerável, uma vez que trará 
sistemática e instrumentos contratuais que 
objetivam dirimir litígios, afasta a 
dilapidação do patrimônio, bem como gera 
desoneração notória na tributação, finda 
por viabilizar de modo prático e 
econômico a sucessão hereditária inter 
vivos, apresentando alternativa às gastos e 
custos elevadíssimos decorrentes do 
vagarosos e complexos processo de 
inventário. 
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RICHARDSON, R. J; colaboradores PERES, José Augusto de Souza et al. Pesquisa social: métodos 
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