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Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 39 PROTEÇÃO PATRIMONIAL: EVIDENCIAÇÃO NAS EMPRESAS DE NATUREZA JURÍDICA, HOLDING RESUMO Nas empresas constituídas em família, uma holding garante patrimônio e rendimentos a seus sucessores, evitando um moroso e dispendioso processo de inventário, haja vista que as principais decisões são tomadas ainda em vida. Esta pesquisa debate as utilidades e inconveniências de uma holding no processo sucessório de uma empresa familiar, bem como verifica sua função catalisadora nos processos de blindagem do patrimônio e planejamento tributário. Neste intuito de estudo aduzirá em sua análise bibliográfica o conceito de holding e suas divisões; questões relacionadas à empresa familiar e o processo de sucessão, proteção patrimonial e planejamento tributário. A metodologia adotada neste estudo é qualitativa quanto à abordagem e tem como fundamento a revisão da literatura, que nos transporta à conclusão de que a constituição de uma holding familiar é uma ferramenta de viabilidade considerável, uma vez que trará sistemática e instrumentos contratuais que objetivam dirimir litígios, afasta a dilapidação do patrimônio, bem como gera desoneração notória na tributação, viabilizando de modo prático e econômico a sucessão hereditária inter-vivos. Palavras-Chave: Patrimônio, Evidenciação e Holding. ABSTRACT In companies incorporated in family, a holding ensures equity and income by the owners, their successors, avoiding a lengthy and expensive process inventory, considering that major decisions are still taken in life. This research aims to discuss the utilities and inconveniences of a holding in the succession process of a family business as well as checking their catalytic role in the screening processes of equity and tax planning. In this study a literature review the concept of holding company and its divisions; issues related to family business and the process of succession, asset protection and tax planning. The methodology used in this study is qualitative as the approach and is based on the literature review, which takes us to the conclusion that the establishment of a familiar holding is a considerable viability tool as it will systematically and agreements that aim to settle disputes, squandering away the heritage and generates noticeable relief in taxation, enabling practical and economical way to hereditary succession inter-vivos, Keywords : Equity, Disclosure, Holding. Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015. 40 1 INTRODUÇÃO Vivemos num país onde é de costume instituir empresas a partir do seio familiar, isso se dá por motivos diversos, entre outros, os da confiança, da viabilidade de estabelecer modificações de negócios, sobre as empresas familiares segundo Mamede (2012, pág. 03) relata: “sua existência esta fortemente lastreada por uma família ou grupos de famílias”, ou seja, os membros que compõe alguns cargos principais da organização são os mesmos pertencentes do meio familiar e por questões até mesmo sucessórias, na possibilidade de permanecer maior tempo no mercado, no grau de confiança e é nesse sentido que cabem, no decorrer da pesquisar, pautarmos algumas situações que compõe a família ligada às empresas, e a proteção do patrimonial da organização empresária familiar - holding. Tendo em vista os riscos, muitas vezes de mensurabilidade bastante subjetiva, decorrentes das escolhas cotidianas das pessoas naturais envolvidas, direta ou indiretamente, com o ambiente empresarial, em especial das menos experientes, faz-se necessários lançar mão de ferramentas e artifícios legais venham a minimizar perdas possíveis de maneira a garantir a sobrevivências do patrimônio. Neste prisma o trabalha irá expor essa relação empresa - família e como muitas vezes a complexidade dessa relação pode alterar o andamento da empresa e consequentemente alterações patrimoniais, objetivando estabelecer por meio das pesquisas teórico-bibliográficas um grau de confiança nas holdings com intenção de proteção do patrimônio. A pesquisa é de natureza qualitativa, descritiva, sendo classificado como teórico exploratório que segundo Richardson (2007, p. 147): “[...] são realizadas com o propósito de fazer afirmações para descrever aspectos de uma população ou analisar a distribuição de determinadas características ou atributos”. 2 REVISÃO DA LITERATURA De acordo com Oliveira (1999, p. 19), a holding pode ser conceituada, em linguagem simples do seguinte modo: Empresa cuja finalidade básica é manter ações de outras empresas. A origem da expressão holding está no verbo do idioma inglês to hold, que significa manter, controlar ou guardar (OLIVEIRA, 1999, p.19). Fundamentalmente a expressão holding significa manter, guardar, segurar, e por fim controlar. Não representando exatamente a existência de um tipo de sociedade especificamente, considerado na legislação, todavia identifica a sociedade que tem por finalidade participar de outras sociedades controladas. A administração, ou a influência sobre esta, deve ser garantida à holding por meio do controle das cotas ou ações votantes das companhias controladas. Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 41 Nusdeo (2001, p. 276) ainda dispõe acerca do conceito da seguinte maneira: Holding é: (omissis) sociedade cuja totalidade ou parte de seu capital é aplicada em ações de outra sociedade gerando controle sobre a administração das mesmas. Por essa forma assegura-se uma concentração do poder decisório nas mãos da empresa mãe – holding (NUSDEO, 2001, p. 276). A holding representa instrumento inestimável de planejamento de sucessão, significativo para a proteção do patrimônio de um grupo, no que tange preservar as empresas sob a égide, de possíveis conflitos sucessórios e à continuidade e constância dos negócios. No que se refere ao escopo de uma holding, Oliveira (1999, p. 156) que: As empresas holdings podem facilitar o planejamento, a organização, o controle, bem como o processo diretivo de suas empresas afiliadas. E, no caso de holdings formadas por empresas familiares, também proporciona a seus proprietários a melhor distribuição em vida de seu patrimônio a seus herdeiros, sem ficar privado do efetivo e amplo processo administrativo. De modo mais sintético, a holding deve ter uma participação no capital das investidas de modo a lhe garantir a influência necessária sobre sua administração. Assim, de acordo com Oliveira (1999, p. 19), os propósitos do holding podem se enumerados da seguinte maneira a ilustrar definitivamente sua razão: a) resguardar os interesses de seus acionistas, através da interação em várias empresas e negócios; b) agir como acionista principal das empresas afiliadas, podendo, inclusive, ter a gestão administrativa dos negócios; c) administrar o portfólio (Portfólio é uma coleção de todo o trabalho em andamento na organização relacionado com o alcance dos objetivos do negócio) de investimentos do grupo empresarial; d) prestar serviços centralizados às empresas do grupo, atuando, neste caso, como o embrião de uma administração corporativa; e) representar o grupo empresarial de forma estruturada e homogênea, principalmente a partir da consolidação de um conjunto de políticas de atuação administrativa. Considerando a perspectiva fiscal, os investidores em geral interessam-se peladesoneração da carga tributária, através de planejamento tributário, bem como do planejamento sucessório, retorno positivo de investimento na pessoa jurídica sob a forma de lucros e dividendos com tributação reduzida, diferida, suspensa ou afastada em definitivo, conforme o caso. Tomando por base os aspectos societários, a finalidade é caracterizada pela expansão do grupo econômico, programação e gerenciamento administrativo, centralização da administração de todos os investimentos, ampliação do faturamento e gerenciamento de interesses societários. Como pode ser verificado nos parágrafos anteriores, vários são os aspectos que tornam a constituição em holdings uma prática interessantes para quem detém direitos de controle sobre pessoas jurídicas, que servem aos processos Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015. 42 desde a organização dos vários segmentos de atuação de um grupo; disposição de demonstrações contábeis centralizadas e consolidadas pode inclusive, facilita o acesso ao crédito, haja vista à transparência; foco nos negócios; até a minimização dos conflitos decorrentes de sucessão. Vale salientar que, na ocorrência de constituição de holding para auxiliar no processo sucessório, se bem aplicada pode se tornar importante ferramenta na gestão, controle e sucessão empresarial. Permite que mesmo em vida o executivo possa distribuir seu patrimônio, evitando um processo de inventário, muitas vezes exaustivo, sempre no sentido de preservar a administração no futuro, e não apenas a simples sucessão de bens. Após análise da conveniência da constituição da holding, faz-se necessário examinar e definir o tipo apropriado às necessidades da empresa. No que tange à tipificação, Oliveira (2003, p. 27) distribui as holdings em quatro modelos principais, os quais são: a) holding pura - praticada por grandes grupos e caracteriza, simplesmente, a participação acionária, mesmo minoritária, em outras empresas; b) holding operacional - que, basicamente, desenvolve atividades operacionais, tais como a produção e comercialização de produtos; c) holding mista - desenvolve atividades operacionais (industrial ou comercial) e também realiza serviços, principalmente para as afiliadas, tais como serviços de planejamento estratégico, marketing, informática, recursos humanos, relações púbicas, assistência jurídica, organização e métodos; d) holding híbrida - utilizada em casos específicos, tais como em situações de estruturação operacional ou fiscal. Todavia, a lista não se limita apenas aos tipos de holding indicados acima, pela doutrina podemos ter ainda vários outros modelos, tais como a holding administrativa, holding de controle, holding de participação, holding patrimonial, holding familiar, dentre algumas outras, cada uma com seus aspectos definidores e destinações específicos. Tendo em vista que o planejamento patrimonial e familiar são focos do presente estudo, serão verificados os planejamentos na execução da holding patrimonial ou familiar no capítulo seguinte. A holding patrimonial e familiar pode ser constituída puramente por participação societária nas empresas operacionais, todavia também poderá formar-se juntamente com os bens imóveis familiares, quando proposto como aplicação. Pode-se, por fim ainda, optar por constituir uma holding de participação societária, e outra holding exclusivamente para a meneio dos bens imóveis. Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 43 3 PLANEJAMENTO PATRIMONIAL E FAMILIAR Não havendo uma única pessoa jurídica, mas um conglomerado, a constituição de uma holding pode ser aconselhável para centralizar a gestão das diversas sociedades e as várias unidades produtivas. Mamede (2012, p. 55) estabelece que: A holding deixa de ser apenas a depositaria das participações societárias, as assume um papel primordial de governo de toda a organização, definindo parâmetros, estabelecendo metas, definindo processos funcionais uniformes ou autorizando a excepcional adoção de fórmulas alternativas nessa ou naquela unidade, entre tantas outras possibilidades vantajosas. A holding, por essa perspectiva, torna-se (e deve torna- se) um núcleo de proatividade, avaliando o desenrola dos fatos empresariais e trabalhando para oferecer diretivas que melhorem o desempenho dos atores produtivos. Inicialmente, trata-se do implemento da empresa holding como ferramenta de proteção patrimonial. A referida empresa toma para si todo o patrimônio de seus sócios, que então deverão passar a deter apenas quotas desta empresa, sendo ela mais frequentemente estruturada na forma de sociedade limitada (BERGAMINI, 2009 p.). O Planejamento Sucessório está ligado de modo intrínseco à proteção patrimonial. A função da holding nesta situação associasse com a precaução observada por muito executivos em conservar seus conglomerados sob a égide de sua descendência, concomitantemente reduzindo a ingerência de sócios ou familiares laterais ou ascendentes. Neste ponto, comumente utiliza-se o termo Holding Familiar para tratar da empresa cujos sócios possuem grau de parentescos em ascendência, descendência ou colateralmente e na maioria das vezes são descendentes do presidente do grupo. Todo o patrimônio do grupo fica centralizado na holding e existe transmissão de quotas ou ações aos sucessores, na maneira mais propícia. Existe, no entanto, a expectativa do realizador ficar com a fruição vitalícia das quotas ou ações, perpetuando a administração do seu patrimônio mobiliário e imobiliário. Vale salientar que a Holding Familiar elimina apenas em parte a problemática inerente à sucessão, uma vez que não há possibilidade de extinguir completamente questões relativas ao matrimônio dos sucessores em união parcial de bens, em casos de óbito de um dos acionistas ou quotistas. Nesta situação, por disposição do Novo Código Civil Brasileiro, publicado em 2002, não haverá como evitar que parte do patrimônio seja transferida a pessoas estranhas à família. 3.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL O termo blindagem patrimonial designa o ato de lançar mão de dispositivos legais para garantir a proteção patrimonial. Esta constitui-se outra vantagem da holding familiar. A referida proteção ocorre quando os bens pessoais migram para a sociedade instituída, Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015. 44 estabelecendo-se, deste modo, a blindagem ou proteção do patrimônio transferido. Conforme explanação de Fioranelli (2009, p. 24-25) o elo entre as três cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade funciona do seguinte modo: As cláusulas são autônomas em razão de seu interesse social, assim como seus efeitos diante de terceiros. Como dito antes, a cláusula de inalienabilidade tem por efeito negar o poder de disposição do titular do bem, não só nos atos de alienação como também nos de constituição dos direitos reais alinhados no art. 1.225 do atual Código, com as ressalvas anteriores feitas, em face do princípio de que só aquele que pode alienar poderá hipotecar dar em penhora ou anticrese. Por seu lado, a cláusula de impenhorabilidade visa subtrair o imóvel da garantia de credores, que não podem apreender o bem para satisfação de obrigações. Ainda que o proprietáriodetenha o poder de disposição, pela imposição isolada da mesma cláusula, não poderá oferecer o bem assim gravado em garantia “hipotecária” ou de “alienação fiduciária”, direitos reais de garantia típicos que têm como escopo assegurar a satisfação dos créditos concedidos. As consequências imediatas, quando promovidas à execução para cumprimento da obrigação contraída, são a penhora e a expropriação da coisa; e para a alienação fiduciária, a perda do domínio em favor do credor fiduciário, depois de purgada a mora. A cláusula de incomunicabilidade é bem mais restrita e com efeitos limitados à individualidade da pessoa. A cláusula de inalienabilidade, por ser mais ampla, “absorve as demais”, conforme se vê no art. 1.011 do atual Código. Destaque-se, ainda, a proteção erguida ante os fracassos matrimoniais. Não há disposição do sucessor, enquanto ligado por matrimônio, a aceitar a ideia de que instabilidades de qualquer natureza possam pôr termo ao relacionamento. Todavia, há de se considerar que estes eventos desagradáveis são lamentavelmente bastante corriqueiros, e que esperanças baseadas em fé pessoal não são suficientes para as pessoas que dependem do bom julgamento e senso da parte envolvida. Acautelar-se com interesses escusos que investem sobre herdeiros, e voltar suas atenções ao patrimônio são tópicos impossíveis de não serem abordados no estudo da blindagem patrimonial. Apesar de não haver novidade neste método de enriquecimento vil, lamentavelmente muito ainda ocorre dada a natureza humana, a que todo o direito se volta a auxiliar. A holding instituída como sociedade contratual, ainda que limitada, o próprio Novo Código Civil brasileiro, instituído pela Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, estabelece, por meio do artigo 1.027, óbice ao requerimento de qualquer cônjuge ou detentor de união estável, desde logo a sua parte em face da separação. Sendo assim, somente após a liquidação das quotas poderá ocorrer quitação das obrigações decorrentes do fim do matrimônio, o que possibilita aos demais sócios cumprir a decisão em pecúnia e não em participação societária, sendo que o (a) sócio (a) ex-cônjuge perderá um pedaço de sua participação: aquilo que a sociedade ou demais sócios indenizaram ao seu meeiro Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 45 será retirado de sua parte e transferido para a parte dos demais. (MAMEDE, 2012, p. 70) 3.2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO A constituição da holding familiar se estabelece num ponto de vista maior dos desafios no que diz respeito ao patrimônio, pondo sob lentes mais poderosas os impactos fiscais relativos a isso, e examinando as opções mais vantajosas aos sócios, e ainda, a conjuntura existente no sistema legal a que se sujeitam. Vale ressaltar que as referidas oportunidades não contam em pequeno número, dada a complexidade que finda por levar até o legislador fiscal à erro, no entanto, para mais ou menos. Por fim, não em poucos casos a legislação fiscal termina por abonar ou onerar o contribuinte com algumas situações que podem estabelecer cenários mais ou menos propícios aos ganhos, que dependerá da formação adotada pelo contribuinte. Para que se possa examinar corretamente se a constituição de uma holding é vantajoso, fiscalmente falando, não há caminho mais propicio ao acerto do que conhecer a realidade, além de se ter em mente que não há formula única e ideal, aplicável a toda e qualquer sociedade (MAMEDE, 2012, p. 83). No que pertence à área do imposto de renda, o planejamento em pauta está ligado de modo intrínseco aos métodos utilizados pelos países mais economicamente desenvolvidos, inclusive por meio de tratados internacionais, através dos quais são dirimidas no todo ou em partes a dupla tributação internacional pelo imposto sobre a renda. Oliveira (2010, p. 24) declara que dentre os métodos para evitar a dupla tributação de renda, podem ser citados como os mais comuns: Método da isenção integral: caracteriza- se, basicamente, pela isenção integral dos rendimentos auferidos no exterior, embora possa ser concedido pelos pais de origem da fonte de rendimento. A Holanda é os pais mais representativos na defesa desse método. A isenção integral nos pais de residência ou domicilio do beneficiário do rendimento convém aos países importadores de capital, constituindo-se em importante instrumento de captação de recursos no exterior, pois impede que qualquer beneficiemos fiscal concedido seja anulado pela legislação do pais de residência do investidor. Método da imputação ordinária: prevê a eliminação da dupla tributação internacional da renda, mediante o credito, concedido pelos pais de residência do beneficiário do rendimento, do imposto pago no país de origem do rendimento, até o limite percentual do Imposto de Renda incidente naquele país sobre rendimentos externos. Este é o método adotado, por exemplo, pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. Por este método, o rendimento não se sujeita à tributação, nem sequer é considerado na fixação da alíquota progressiva incidente sobre o rendimento total. Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015. 46 3.2.1 TRIBUTAÇÃO NA ATIVIDADE DA HOLDING Nesta etapa do estudo será apresentada a tributação a que se sujeita a pessoa natural e jurídica no que tange as operações com a locação de bens imóveis próprios, apresentado comparativos para que restem ilustradas as vantagens e desvantagens da constituição da holding para fins de desoneração tributária. Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Utiliza-se como exemplo uma holding optante pelo Regime de Tributação pelo Lucro Presumido, que detenha contrato trimestral de aluguel de um imóvel para três pessoas físicas denominadas arbitrariamente de ALPHA, BETA e GAMA, nos valores respectivos de R$ 50.000,00, R$ 75.000,00 e R$ 100.000,00. Saliente-se que os imóveis eram de propriedade das citadas pessoas naturais, todavia foram entregues à holding para integralização de capital. Seguem abaixo alíquotas estabelecidas pela legislação para a Pessoa jurídica optante pelo lucro presumido na situação em pauta são: 15% de IRPJ, nos termos do caput do art. 3º, da Lei Federal nº 9.249, de 26 de Dezembro de 1995; 10% de IRPJ adicional sobre o que exceder R$ 20.000,00(vinte mil reais) por mês de apuração, nos termos do art. 3º, §1º da Lei Federal nº 9.249, de 26 de Dezembro de 1995; e. 9% de CSLL, nos termos do caput do art. 3º, da Lei Federal nº 7.689, de 15 de Dezembro de 1988, com redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008; No que tange ao percentual estimado das receitas das holdings, presume-se em 32% para fins de incidência de IRPJ e CSLL, o que resulta em cargas líquida de 4,80% e 2,88% respectivamente, desconsiderando excessos de receita que venha à acrescer adicional de IRPJ. 3.2.2 CONTRIBUIÇÃO PARA O (PIS) PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E (COFINS) CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL Sobre as receitas de aluguel incidem mensalmente o PIS e a COFINS, sendo importante dizer que a locação de bens fazendo ou não parte objetivo social da holding, incidirá os tributos. Mas que no estudo elas são receitas de acordo com atividade da empresa que é atacadista, administração das empresas e receitas com aluguel, sendo receita preponderante a receita de comercio atacadista.Nos termos da Lei 9.718, de 27 de Novembro de 1998, Art. 4º, inciso IV, sobre empresas do lucro presumido, incidirão sobre a presunção às alíquotas de 0,65% e 3%, relativas às contribuições para o PIS e a COFINS, respectivamente. Salientamos ainda que tanto na Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, como a Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, não estabelecem incidência sobre rendimentos de pessoa física, deste modo, não á que se falar em comparativos nesta tributação. Segue tabela de alíquotas estabelecidas pela legislação para pessoa Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 47 física na situação em pauta. É popularmente conhecida por tabela progressiva de incidência, conforme disposição do art. 628 do Decreto nº 3.000, de 26 de Março de 1999: Quadro 1/ Tabela progressiva do imposto de renda – Pessoa Física Base de cálculo mensal em R$ Al íquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.787,77 De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08 De 2.679,30 até 3.572,43 15,0 335,03 De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96 Acima de 4.463,81 27,5 826,15 Fonte: Site da Receita Federal do Brasil. Segue abaixo quadro demonstrativo de tributação dos rendimentos de alugueis, quando tributados dentro do patrimônio da holding. Quadro 2/ Tributação incidente sobre aluguéis – holding Segue quadro comparativo de tributação dos rendimentos de aluguéis, quando tributados dentro do patrimônio da pessoa física: Quadro 3/ Tributação incidente sobre aluguéis – Pessoa Física PF ALPHA PF BETA PF GAMA SOMATÓRIO ALUGUEIS R$ 50.000,00 R$ 75.000,00 R$ 100.000,00 IRPF R$ 12.923,85 R$ 19.789,85 R$ 26.673,85 CSLL Não Incide Não Incide Não Incide PIS Não Incide Não Incide Não Incide COFINS Não Incide Não Incide Não Incide TOTAL R$ 12.923,85 R$ 19.789,85 R$ 26.673,85 R$ 59.387,55 Fonte: Elaborada pelos autores. É sensível a diferença na tributação dos rendimentos, quando comparamos a tributação da pessoa física com tributação incidente sobre a pessoa jurídica, houve uma diferença, em desvantagem da primeira, no valor de R$ 32.695,05 (trinta e dois mil seiscentos e noventa e cinco reais e cinco centavos). HOLDING ALUGUEIS R$ 225.000,00 IRPJ (4,8%+adicional) R$ 12.000,00 CSLL (2,88%) R$ 6.480,00 PIS R$ 1.462,50 COFINS R$ 6.750,00 TOTAL R$ 26.692,50 Fonte: Elaborada pelos autores Proteção Patrimonial: Evidenciação nas Empresas de Natureza Jurídica... Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 48 Quadro 4/ Tributação incidente sobre aluguéis – comparativo Atividade da holding: Locações de Imóveis – Tributação Holding Patrimonial : ~11,33% Pessoa Física: 27,5% Fonte: Elaborada pelos autores. Ainda no âmbito das obrigações tributárias decorrentes da transmissão dos bens e direitos a holding, a constituição federal afastou desta a incidência do ITBI, com a disposição do art. 156, §2º, I, da integralização ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital. 3.3.3 IMPOSTO DE RENDA SOBRE GANHO DE CAPITAL A Lei permite que a holding possa receber bens de pessoa física, como forma de integralização de capital, bens e/ou direitos ao valor constante em sua Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRPF) ou se preferir pelo valor de mercado, todavia em um ou outro caso deverão ser observadas as seguintes condições: Caso a pessoa física opte por efetuar a entrega pelo valor constante na sua declaração de bens, com isso a pessoa física na seguinte declaração deverá lançar na declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens. Se a transferência dos bens se fizer pelo valor de mercado e o mesmo for maior que o constante em sua declaração de bens, a diferença será tributável como ganho de capital a alíquota de 15%. Não deverá haver incidência de taxas judiciárias em razão da antecipação da sucessão, haja vista que foi evitado início de ação judicial de inventário. Saliente-se que além da desoneração tributária decorrente da criação de uma holding em relação às despesas destacadas anteriormente, se evitarão despesas com honorários advocatícios que em geral variam entre 10% e 20% sobre o montante do espólio, valor esse de bastante relevância dependendo dos valores dos bens. 4 CONCLUSÃO A holding Patrimonial será constituída por meio de integralização do capital social através de entrega de imóveis, ocorrendo em outro momento à partilha do patrimônio doação de quotas para os herdeiros. A geração fundadora, ou simplesmente anterior, atuará como parte administradora da sociedade e deterão controle absoluto sobre o patrimônio. Enquanto não vier a ocorrer o óbito dos administradores não existe legalmente qualquer doação de bens propriamente ditos, uma vez que os sucessores não serão detentores somente da propriedade plena das quotas sócias recebidas em doação. No que se refere à desoneração da carga tributária a holding familiar irá gerar redução considerável recolhimento do IRPJ, sobre as receitas auferidas pela locação e venda de imóveis, uma vez que Welynádia Rodrigues Pereira Teófilo e Fábio Lima Castro Capital Intelectual, Centro Universitário Estácio do Ceará, v.1, n.1, p.39-50, jul./set. 2015 49 suas alíquotas são consideravelmente mais vantajosas que a tributação incidente sobre os rendimentos das pessoas físicas, haja vista que na holding patrimonial a alíquota é de 11,33%, podendo variar positivamente com o excesso de receita (IRPJ adicional). Já para pessoas físicas a alíquota do IR é de 27,5%, em geral, para os volumes que costumeiramente são movimentados nestas operações. No que tange ao planejamento sucessório objetivado na constituição de uma holding familiar, este trará benefícios na seara familiar, todavia a mensuração dos impactos é bastante subjetiva, mas repercutirá reduzindo os custos tributários e processuais, afastando os litígios e os custos advocatícios, bem como a dilapidação do patrimônio e a morosidade de um processo de inventário, que conforme o montante do patrimônio inventariado poderá levar vários por anos para se resolva por decisão do Poder Judiciário. Por fim, posto tudo quanto foi exposto, a constituição de uma holding familiar é uma ferramenta de viabilidade considerável, uma vez que trará sistemática e instrumentos contratuais que objetivam dirimir litígios, afasta a dilapidação do patrimônio, bem como gera desoneração notória na tributação, finda por viabilizar de modo prático e econômico a sucessão hereditária inter vivos, apresentando alternativa às gastos e custos elevadíssimos decorrentes do vagarosos e complexos processo de inventário. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. P. de. Direito de empresa no código civil . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Curso avançado de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. BRASIL. Código Civil . 11 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária e societária para advogados. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008. FIORANELLI, A. Das cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade . 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J; colaboradores PERES, José Augusto de Souza et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
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