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Caros alunos, segue todos os tópicos pertinentes ao conteúdo a ser estudado para a 2ª. AP. Ressalte-se o estudo exclusivo por este material não supre a doutrina indicada para leitura. Os slides servem de orientação, mas não absorvem toda a abordagem e profundidade necessária à matéria. Espero que ajude nesta caminhada rumo ao conhecimento. Bons estudos! Osvânia Pinto Professora de Direito Civil I Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Fato é o evento, episódio, acontecimento. A norma irá qualificar os fatos cotidianos, juridicizando-os, o que for importante, tiver relevância para as relações intersubjetivas será elevado à categoria de fatos jurídicos. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Fato jurídico é aquele evento, seja qual for a natureza e origem, que repercutir na esfera jurídica.” Chaves “São fatos jurídicos todos os acontecimentos que de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Nesse contexto, admitimos a existência de fatos jurídicos em geral, em sentido amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana.” Venosa Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Fatos Jurídicos (lato sensu) Fatos Jurídicos Stricto sensu (naturais) Ordinários (previsíveis) Extraordinários (excepcionais, imprevisíveis, inevitáveis) Atos Jurídicos Lato sensu (atividade humana) * Ilícitos (efeitos desconforme à ordem jurídica) Lícitos Ato Jurídico (stricto sensu) Ato-fato jurídico NEGÓCIO JURÍDICO Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Ato Jurídico (em sentido estrito): Os efeitos da manifestação de vontade estão predeterminados na lei, sem interferência da autonomia privada. Ex: reconhecimento de filiação, percepção de frutos, tradição, fixação de domicílio, e outros. Ato-fato jurídico: É um fato jurídico qualificado por uma atuação humana, por uma vontade não relevante juridicamente. Para a produção dos efeitos a vontade humana é irrelevante, independe do elemento anímico. Nesta espécie é irrelevante para o direito se a pessoa teve ou não a intenção de praticá-lo, o que se leva em consideração é o efeito resultante do ato. Ex: ocupação (que é uma forma de aquisição da propriedade) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Os atos-fatos jurídicos são atos ou comportamentos humanos em que não houve vontade, ou, se houve, o direito não as considerou. Nos atos-fatos jurídicos a vontade não integra o suporte fático. É a lei que os faz jurídicos e atribui consequências ou efeitos, independentemente de estes terem sido queridos ou não. O ato ou a vontade é esvaziada e é apenas levada para juridicização como fato; o ato dissolve-se no fato.” Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto NEGÓCIO JURÍDICO: É o acordo de vontades que surge da participação humana e projeta efeitos desejados e criados por ela, tendo por fim a aquisição, modificação, transferência ou extinção de direitos (potencialidade para gerar estes efeitos, não obrigatoriamente produzi-los). É uma composição de interesses, tendo a declaração de vontades um fim negocial. Ex: contratos em geral, casamento (civil), testamento Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Plano da Eficácia Efeitos do negócio (podem ser desde logo, ou ficar submetidos a determinados elementos acidentais) Elementos acidentais: condição, termo e encargo Plano da Validade Art. 104, CC Plano da Existência Agente Vontade Objeto * Forma Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 104, CC: A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei; Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Capacidade: capacidade de exercício e capacidade específica para a realização do negócio (legitimação); Objeto lícito: dentro dos limites impostos pela lei Objeto possível: fisicamente (emana da leis físicas ou naturais) e juridicamente (a lei não vedar o seu conteúdo, ex: art.426, bens fora do comércio); Objeto determinado ou determinável: pode ser indeterminado no início da celebração do negócio, mas suscetível de determinação no momento da execução. Forma: a regra é a forma livre, qualquer exigência de forma especial, depende de previsão normativa, mas existindo essa deverá ser cumprida sob pena de a falta dela tornar o negócio nulo. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto CRITÉRIO CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO 1. Declaração de vontade das partes: 1.1 unilaterais 1.2 bilaterais 1.3 plurilaterais 1.1 testamento, promessa de compra e venda 1.2 contratos em geral (contrato de locação) 1.3 contrato de sociedade, contrato de consórcio 2. Momento de produção dos efeitos: 2.1 inter vivos 2.2 causa mortis 2.1 contratos em geral 2.2 testamento 3. Benefícios patrimoniais: 3.1 onerosos 3.1.1 comutativos 3.1.2 aleatórios 3.2 gratuitos 3.3 bifrontes 3.1.1 contrato de compra e venda, contrato de aluguel 3.1.2 cessão de herança 3.2 doação (sem encargo) 3.3 contrato de depósito, contrato de mandato 4. Forma: 4.1 Formal (solene) 4.2 Informal (não solene) 4.1 testamento, casamentp 4.2 aquisição de bem móvel 5. Importância: 5.1 Principal 5.2 Acessócio 5.1 contrato de empréstimo, contrato de locação 5.2 contrato de fiança Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 105, CC: Incapacidade (relativa) é exceção pessoal não beneficia os outros co-interessados, salvo se o objeto da obrigação for indivisível. “Desse modo, não poderão os credores ou os devedores solidários ser privilegiados por suas alegações. Isso porque, como se sabe, a alegação de incapacidade constitui exceção pessoal, uma defesa que somente pode ser alegada por determinada pessoa.” TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil:volume único. 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014, p.205 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Em suma somente a invalidade absoluta é que tem o condão de nulificar o negócio. Se o negócio ainda puder ser cumprido ou executado, não há que se falar em invalidade. O comando legal traz em seu conteúdo o princípio da conservação negocial ou contratual, segundo o qual se deve sempre buscar a manutenção da vontade dos envolvidos, a preservação da autonomia privada. A ideia mantém relação direta com o princípio da função social do contrato.... Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A título de exemplo de incidência do art.106 do CC, cite-se a hipótese de um negócio envolvendo uma companhia que ainda será constituída por uma das partes envolvidas. Ou, ainda, como quer Álvaro Villaça de Azevedo, a ilustração da venda de um automóvel que não pode ser fabricado em um primeiro momento, diante de uma greve dos metalúrgicos; surgindo a possibilidade posterior do objeto negocial pela cessação do movimento de paralisação.” TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil:volume único. 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014, p. 209 e 210. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 107, CC: Princípioda liberdade das formas Art. 108, CC: Princípio da Função Social dos Contratos Art.109, CC: as partes preveem as solenidades Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A manifestação de vontade subsiste ainda que o autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Reserva Mental é a emissão de uma declaração não querida em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, tendo por único objetivo enganar o declaratário ou terceiro. É uma declaração sem a vontade correspondente. No negócio celebrado com reserva mental o declarante afirma determinada intenção que sabe, previamente, não pretender cumprir. Pressupõe os seguintes elementos: a) declaração não desejada em seu conteúdo e resultado; b) ânimo de iludir a parte contrária ou terceiro Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Neste caso bifurca-se a reserva mental em duas modalidades: 1) sem o conhecimento do destinatário, e nesta hipótese o negócio subsiste, sendo irrelevante a reserva mental desconhecida da parte contrária; 2) com o conhecimento (prévio à realização do negócio) do destinatário, neste caso sendo conhecida a reserva mental pela parte adversa, o negócio será inexistente (dada a ausência de manifestação de vontade) ou se houver intenção de prejudicar terceiros ou violar a lei, estará eivado de nulidade, caracterizando verdadeira simulação (art. 167, CC). Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “O art. 111 do CC trata do silêncio, determinando que seja interpretado como caracterizador de concordância com o negócio, desde que as circunstâncias e os usos locais autorizem e não seja necessário declaração de vontade expressa. Em regra, não se deve considerar o silêncio como uma espécie de declaração de vontade, ele é a inércia do agente, porém poderá provocar efeitos de manifestação volitiva, segundo dispõe o art.111, e é o juiz quem deve apurar, consideradas as circunstâncias objetivas e subjetivas do caso, se o silêncio traduziu, ou não, declaração de vontade no caso concreto.” Cristiano Chaves de Farias Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Representação Legal: poder conferido por lei para agir em nome de outrem. Representação Voluntária (ou convencional): ocorre quando o poder de atuação em nome de outra pessoa é concedido por ato próprio do interessado, da outra pessoa cujos interesses estarão em pauta. Princípio da Notoriedade ou Aparência. Mandato: É um contrato, por intermédio do qual alguém, se incumbe de praticar negócios no interesse de outro. Procuração: Documento que materializa o poder de representação da parte. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “É aquele em que alguém, como representante de outrem, contrata consigo mesmo, ou, como representante de duas pessoas (dupla representação), estabelece com seu ato vínculo contratual entre as duas pessoas por ele representadas.” Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Arts. 121 a 137, CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Conceito: Segundo o art.121 do CC, considera-se condição a cláusula que derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 2. Elementos nodais: futuridade e incerteza 3. Espécies: Suspensiva e Resolutiva Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Impede a produção de qualquer efeito até que se realize o evento que se subordinou a eficácia negocial. Antes do implemento da condição suspensiva, não se opera a aquisição, nem o exercício do direito a que se subordina (art.125, CC), tem-se mera expectativa de direito, uma vez que trata-se de evento futuro e incerto. Ex: Sílvio promete a Orlando doar-lhe um filhote se a cadela Pompom ficar prenha. Essa doação está sujeita a uma condição suspensiva: evento futuro e incerto de Pompom ter filhotes. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O art. 126 do Código estabelece que, se a coisa for disposta sob condição suspensiva, novas disposições sobre o bem serão inválidas, caso a condição se implemente, se com ela forem incompatíveis. Tal regra impede que uma nova condição se sobreponha a uma anterior, caso sejam elas incompatíveis entre si. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Uma vez implementada faz cessar os efeitos que estão se produzindo, extinguindo-se o direito a que ela se opõe. Logo, se o negócio se encontra sujeito a uma condição resolutiva, a aquisição do direito se opera desde logo. (art. 127, CC) Ex: Caio empresta a Clóvis seu cavalo até que a égua Veloz venha a parir. Tal empréstimo se sujeita a uma condição resolutiva: Clóvis poderá usar o animal até que nasça um filhote da égua, se isso ocorrer. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “A condição é definida como sendo uma cláusula acessória típica dos negócios jurídicos em virtude da qual a eficácia de um negócio (o conjunto dos efeitos que ele pretende desencadear) é posta na dependência dum acontecimento futuro e incerto por maneira que ou só verificado tal acontecimento é que o negócio produzirá efeitos (condição suspensiva), ou então nessa eventualidade é que o negócio deixará de os produzir (condição resolutiva).” Manuel de Andrade, Relações Jurídicas, v.2, p.356. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ Por fim, cabe esclarecer que fica fácil a identificação da condição no negócio jurídico pelas conjunções utilizadas para caracterizá-la. Na maioria das vezes aparecem as condições se (v.g., dou- lhe um carro se você cantar no show amanhã) e enquanto (v.g., dou-lhe uma renda enquanto você estudar). A expressão se é utilizada para a condição suspensiva; a expressão enquanto para a condição resolutiva.” Tartuce, Flávio. P. 346 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo o efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das parte. 1. Contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes (ex: A condição do sujeito matar alguém é ilícita porquanto contrária à lei (art. 121, CP). Já a condição de o sujeito realizar “buzinaço” em área residencial em plena madrugada é ilícita porque contraria a ordem pública. A condição de o sujeito praticar ato sexual com a irmã, por sua vez, reputa- se ilícita em razão do incesto ser repudiado pela sociedade, donde ser considerado um “mau costume”. (Por Donizetti & Quintella, p.115)) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2. Privarem de todo o efeito o negócio jurídico: também chamadas de condições perplexas, incompreensíveis ou contraditórias, tratam-se de condições que não fazem nenhum sentido (ex: Clóvis vende a Sílvio um bem sob condição de que Sílvio não queira comprá- lo.) 3.Sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes (puramente potestativas): neste caso o evento futuro e incerto previsto é um ato de vontade do sujeito que impõe a condição. (ex: Caio estipula que emprestará dinheiro a Orlando, e cobrará juros, se quiser. Veja- se que a condição – evento futuroe incerto – que suspende a cobrança de juros, nesse caso, é mera vontade do mutuante (quem emprestou o dinheiro). Por se tratar de condição puramente potestativa, reputa-se ilícita e invalida o ato. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Condições física ou juridicamente impossíveis: (Ex: a condição de que o sujeito voe, ou seque a água dos oceanos – fisicamente impossível, a própria natureza impede de se implementar; condição de o sujeito casar com sua irmã, que é proibido pelo ordenamento jurídico, art. 1.521, II, CC – juridicamente impossível, prática vedada em lei) Atenção: “As condições física ou juridicamente impossíveis, se suspensivas, reputam-se inválidas e invalidam o ato jurídico a ela sujeito (art. 123, I). Se resolutivas, são tidas por inexistentes (art.124, 1ª. Parte), devendo-se tratar do ato a elas subordinado como se fosse puro e simples.” Donizetti & Quintella, p.116 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2. Condições ilícitas (art. 122), ou de fazer coisa ilícita 3. Condições incompreensíveis ou contraditórias Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Considera-se inexistente a condição de não fazer coisa impossível (art. 124, 2ª. Parte). A impossibilidade da abstenção, seja condição suspensiva ou resolutiva, macula apenas a condição, mas não o ato jurídico, o qual é considerado puro e simples. Clóvis doa a Manuel uma casa de campo contanto que Manuel não morra. Ora, a ninguém é dado não morrer. Essa condição é de não fazer coisa impossível, e, por conseguinte, reputa-se inexistente. Caio se compromete a dar uma renda mensal a Orlando até que a Terra pare de girar. A condição, aqui resolutiva, também tem por objeto uma abstenção impossível, e é também ignorada pelo Direito.” Donizetti & Quintella, ob. Cit, p.116 e 117. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto CONDIÇÃO IMPOSSÍVEL RESOLUTIVA Inexiste a condição, negócio válido art.124, CC SUSPENSIVA Negócio inválido, art. 123,I, CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Resolutivas São consideradas não escritas (inexistentes), mas o negócio válido. Art. 124, , CC Suspensivas Invalidam tanto a condição como o contrato, assim como as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita, e as condições incompreensíveis ou contraditórias. Art. 123, CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ Imagine-se o exemplo de uma venda de vinhos, celebrada a contento ou ad gustum. A não aprovação, a negação do vinho representa uma condição resolutiva. Logicamente, se o comprador já adquiriu outras garrafas de vinho (negócio de execução periódica ou trato sucessivo), a não aprovação de uma última garrafa não irá influenciar nas vendas anteriores. Desse modo, não pode o comprador alegar que não irá pagar as outras bebidas, muito menos o jantar, o que inclusive denota a sua má-fé. Como se percebe, trata- se de mais uma regra que tende à preservação da autonomia privada, à conservação do negócio jurídico e do contrato, reconhecida a sua importante função social.” Tartuce, Flávio. Ob. Cit., p.346. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Se o sujeito desfavorecido por uma condição voluntariamente obstaculizar o seu implemento ou se o sujeito por ela favorecido voluntariamente forçar-lhe a realização, agindo objetivamente de forma maliciosa – violando, por conseguinte, a boa-fé -, a condição obstaculizada será considerada implementada, e a condição cujo implemento foi forçado será considerada não verificada.” Donizetti & Quintella, ob.cit, p. 118. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O negócio ineficaz, porque ainda não implementada a condição, gera para a parte o direito de poder conservar aquele seu direito futuro e eventual (expectativa de direito), quer por meio de medidas privadas, extrajudiciais, quer por meio de ação judicial. Essa situação é eficácia natural da expectativa de direito. Não é, contudo, efeito próprio e final da causa do negócio, que somente se verificará quando implementada a condição. Titular de direito eventual é quem aguarda o implemento da condição. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Conceito: É o acontecimento futuro e certo que suspende a eficácia do ato negocial, sem prejudicar a aquisição de direitos, fazendo cessar os efeitos decorrentes do próprio negócio. (art. 131, CC) 2. Espécies: 2.1 determinado (certo): quando a data já for preestabelecida, isto é, uma data do calendário. 2.2 indeterminado (incerto): quando o acontecimento futuro não tiver data fixada para se verificar. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2.3 inicial: quando se refere a evento futuro e inevitável (certo) que suspende o início do ato; 2.4 final: caracterizado quando a eficácia do negócio se expira com advento daquela data. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Embora o art.135 CC, disponha que dada a similitude aplica-se ao termo inicial e final, no que couber, as disposições relativas à condição, é importante ressaltar que o termo por ser evento futuro e certo (inevitável), o termo inicial não suspende a aquisição, mas apenas o exercício do direito a ele subordinado. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto CONDIÇÃO SUSPENSIVA -Suspende o exercício e a aquisição do direito; - subordina a eficácia do negócio a evento futuro e incerto; TERMO INICIAL -Suspende o exercício, mas não a aquisição do direito; -Subordina a eficácia do negócio a evento futuro e certo; Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Conceito: Também chamado de modo, é a cláusula acidental que cria obrigação ao beneficiário de uma liberalidade (restrição ao beneficiário de um ato gratuito). Ex: “O encargo ou modo é a restrição imposta ao beneficiário da liberalidade. Assim, faço doação à instituição, impondo-lhe o encargo de prestar determinada assistência aos necessitados; doo casa a alguém, impondo ao donatário obrigação de residir no imóvel; faço legado de determinada quantia a alguém, impondo-lhe o dever de construir monumento em minha homenagem; faço doação de área determinada à Prefeitura, com o encargo de ela colocar, em uma das via públicas, meu nome etc.” Sílvio de Salvo VENOSA Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Ao revés do termo e da condição, o encargo não suspende a eficácia do negócio jurídico celebrado entre as partes, salvo se veio expresso como condição suspensiva (art.136). Nesse caso suspenderá a aquisição do direito não por ser encargo, mas sim por ter se revestido de condição suspensiva. Ex: Helena doa um filhote da cadela Pompom a Clóvis, contanto que (se) ele construa para o animal um canil. O ônus de construir um canil, imposto ao beneficiado pela doação, que, a princípio, constituiria um encargo, veio, aqui, na forma de condição suspensiva. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Não suspendendo os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo não gera, portanto, a invalidade da avença, mas sim apenas a possibilidade de sua cobrança judicial, ou posterior revogação do negócio, como no caso de ser instituído doação (art.562 do CC- 02) ou legado (art.1.938 do CC-02).” GAGLIANO, Pablo Stolze. Ob.cit., p.460 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. OsvâniaPinto Segundo o art.137, a ilicitude ou impossibilidade do encargo que constituir motivo determinante do negócio jurídico importa na invalidade do ato (2ª. Parte). Já o encargo ilícito ou impossível que não se confunda com o propósito negocial do ato – o qual consiste no motivo determinante, como vimos anteriormente -, é simplesmente tido como inexistente (1ª. Parte). Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Interessante, ainda, é a previsão normativa do art. 137 do CC-02, segundo a qual o encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito (inexistente), remanescendo o ato na sua forma pura. Seria o caso, por exemplo, de uma doação, em que se estabelecesse para o donatário a obrigação de fazer uma viagem turística a Saturno, encargo (ainda) impossível no atual estágio de pesquisas espaciais. A mesma norma legal, por outro lado, ressalva a hipótese de tal encargo haver sido imposto como motivo determinante da liberalidade (causa do ato negocial), caso que invalida todo o negócio. Assim, se o ato de liberalidade (doação de um valioso imóvel) é feito com a finalidade específica (motivação típica) de o donatário empregá-la na implantação de uma casa de prostituição (encargo ilícito), deverá ser invalidado todo o negócio jurídico.” GAGLIANO, Pablo Stolze. p. 460 e 461 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Augusto doa a Manuel uma casa, mas lhe impõe o encargo de permitir que um quartinho na garagem seja mantido desocupado, para que lá Augusto, ocasionalmente, guarde as coisas que rouba. Nesse caso, vê-se que o encargo não se confunde com o motivo determinante. Embora não esteja expresso, o propósito negocial do ato provavelmente será a residência de Manuel no imóvel. A situação seria diferente se Augusto doasse a Manuel um terreno e determinasse que lá Manuel construísse uma casa de prostituição. Nesse caso, é nítido que a razão jurídica da doação foi a construção do bordel, a qual é ilícita. Nesta hipótese, a doação é nula; na hipótese anterior, o ato é válido e o encargo é considerado inexistente.” Donizetti & Quintella, p. 120 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto CONDIÇÃO TERMO ENCARGO (OU MODO) Evento FUTURO e INCERTO Evento FUTURO e CERTO LIBERALIDADE + ÔNUS „Se” (suspensiva), ou „enquanto‟ (resolutiva) „quando‟ „para que‟ , „com o fim de que‟ Suspende (cond. Suspensiva) ou resolve (cond. Resolutiva), os efeitos do negócio jurídico Suspende (termo inicial) o exercício ou resolve (termo final) os efeitos do negócio jurídico Não suspende, nem resolve a eficácia do negócio. Não cumprindo o encargo cabe revogação da liberalidade. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Arts. 138 a 165, CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A vontade é a mola propulsora dos atos e dos negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifestada de forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Nesta medida a vontade espontânea é o elemento principal dos negócios jurídicos, e tal vontade deve corresponder ao desejo da pessoa (art. 112 CC); porém tal vontade pode ser perturbada por algum vício, por algum defeito, capaz de ensejar a anulação ou até a nulidade do negócio jurídico. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Quando, porém, a vontade é manifestada, mas com vício ou defeito que a torna mal dirigida, mal externada, estamos, na maioria das vezes, no campo do ato ou negócio jurídico anulável, isto é, o negócio terá vida jurídica somente até que, por iniciativa de qualquer prejudicado, seja pedida sua anulação. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Conceito “Quando o agente por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação, diz-se que procedeu em erro.” Caio Mário da Silva Pereira O agente se engana sozinho. 2. Erro e Ignorância Tanto o erro, que é a representação falsa da realidade, como, também, a ignorância que é o completo desconhecimento da realidade, são considerados como vício de consentimento, e se equiparam em seus efeitos jurídicos, por isso tanto para o erro quanto para ignorância, aplicar-se-ão as regras do erro descritas nos artigos 138 a 144 do CC. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 3. Erro que leva à anulação do negócio jurídico (art. 138 CC) 3.1 Substancial (essencial, recai sobre circunstâncias e aspectos determinantes do negócio jurídico) 3.2 Real (importa verdadeiro prejuízo) 3.3 Escusável * (erro justificável) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto * Erro justificável, desculpável, não pode ser um erro grosseiro, pois somente será passível de anulação aquele erro que somente o homem médio, com diligência normal, pudesse cometer. Será o trabalho do juiz diante do caso concreto que dirá se o erro, nas condições em enfoque, é passível de anular o negócio jurídico ou não. Para quem defende que o CC/02 adotou este critério para anulação do negócio jurídico o que se levará em conta é a diligência normal da pessoa para reconhecer o erro, em face das circunstâncias do negócio. Alguns doutrinadores não aceitam o critério da escusabilidade, entre ele, Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald, Sílvio Venosa, Flávio Tartuce e outros. Esta parte da doutrina se posiciona contrária ao requisito da escusabilidade para a caracterização do erro, entendendo que a sistemática do CC 2002 ao adotar o princípio da confiança, corolário da boa-fé nas relações jurídicas (proclamada no art. 113 CC), traduz que basta que o agente tenha se comportado eticamente, acreditando na situação fática que acobertou a sua declaração de vontade. Enunciado 12, Jornada de Direito Civil: “Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não ser escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança.” Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 4.1SUBSTANCIAL O erro essencial ou substancial é de tal importância que, sem ele, o negócio jurídico não se realizaria, ou seja, se a parte conhecesse a verdade, certamente não realizaria o negócio jurídico. - Características do Erro Substancial O Código Civil a fim de não deixar vago o conceito de erro determinante (substancial) capaz de causar a anulação do negócio jurídico, acabou por enunciá-los no artigo 139 do Código Civil: Artigo 139. O erro é substancial quando: I – Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a algumas das qualidades a ele essenciais; II – concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando a recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Erro sobre a natureza do negócio (categoria – error in negotio): é o declarado no inciso I, 1ª. Parte, do artigo 139, do CC, ou seja, é aquele que ocorre quando a pessoa pretende celebrar um negócio jurídico, quando na verdade, celebra outro diferente daquilo que queria. Quando pretende o agente praticar um ato a acaba praticando outro. Ex: Pensar estar alugando o imóvel para alguém, quando na verdade está vendendo o bem para esta pessoa; ou ainda, quando a pessoa pensa estar recebendo uma coisa em doação e na verdade está recebendo a coisa por empréstimo; ou ainda da pessoa que vende o bem a outra, que a recebe pensando estar recebendoem doação; etc. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Erro sobre o objeto principal da declaração(identidade do objeto – error in ipso corpore rei): é também descrito pelo inciso I, 2ª. Parte, do artigo 139, do CC, é aquele que ocorre quando a manifestação de vontade recai sobre objeto diverso daquele que o agente tinha em mente. Exemplo: o de um comprador que acredita estar adquirindo um terreno que supõe valorizado, pois situado em uma rua importante, mas que, na verdade, tem pouco valor, porque localizado em rua do mesmo nome, porém de um pequeno vilarejo; ou ainda, o da pessoa que adquire um quadro de um aprendiz, supondo tratar-se de tela de um pintor famoso, etc. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal (error in substantia): é também o descrito no inciso I, 3ª. Parte, do artigo 139, do CC, é aquele que ocorre quando há a suposição por uma das partes de que o objeto do negócio jurídico possui qualidades que posteriormente se verifica não existirem. Ex: o de um comprador que acredita estar adquirindo uma máquina nova, quando na verdade está adquirindo uma máquina usada e com defeito.; quando se adquire um cavalo pensando ser uma cavalo de corrida; quando se adquire um quadro pensando ser original pelo auto preço, mas na verdade se tratava de cópia; quando se adquire uma estatueta pensando ser de marfim, mas na verdade feita de osso. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Erro quanto à identidade ou qualidade da pessoa:(art. 139, II) quando afeta a identidade física ou moral da pessoa ou suas qualidades essenciais, no caso em que a consideração relativa à pessoa tenha sido principal e determinante. Para que seja possível anular um negócio jurídico que haja erro com relação à identidade ou qualidade da pessoa, é necessário que este erro tenha influenciado diretamente e de modo relevante a declaração de vontade do autor do erro. (pertinente aos negócios intuito personae) Ex: testamento deixando bens a alguém que o testador pensa ser seu filho Atenção: ressalva feita pelo art. 142 CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto É o falso conhecimento, interpretação incorreta ou ignorância do que dispõe a lei no caso em concreto. Nestes casos o agente pensa que está atuando de acordo com a lei, mas não está, seja porque a lei mudou, seja porque foi revogada, seja porque a interpretação feita foi incorreta, seja porque não existe lei regulamentando tal situação. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Desta feita apesar da ignorância da lei não poder ser alegada por qualquer pessoa para justificar seu descumprimento (art. 3º. LICC), não se pode confundir com o erro de direito, uma vez que tal erro pode ser argüido quando a pessoa tinha o propósito de cumprir com a lei, mas achando que a conhecia realizou negócio jurídico por ele vedado, não autorizado, ou em desacordo com a norma (seja pela falsa interpretação que fez da lei, seja pela ignorância das normas constantes no ordenamento jurídico). O erro de direito está previsto pelo artigo 139 do Código Civil, que dispõe que é possível anular negócio jurídico viciado pelo erro, quando ele, o erro, for o motivo determinante do negócio, e quando não implicar em recusa à aplicação da lei. Exemplo: pessoa que contrata a importação de determinada mercadoria ignorando que existe lei que proíbe tal importação. Como tal ignorância foi causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato, sem com isto pretender que a lei seja descumprida. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Se refere às circunstâncias menos importantes, as quais não acarretam efetivo prejuízo para quem padeceu do erro uma vez que, mesmo que soubesse a realidade, ainda assim a parte realizaria o negócio jurídico. Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Se as partes, porém, erigem um dos motivos em razão determinante do negócio, ele se integra ao próprio, passa a fazer-lhe parte, gerando a anulabilidade se for inverídico ou falso. Importa aqui mencionar que o motivo deve ser de conhecimento do declaratário; caso contrário, não pode ser alegado como fundamento de anulação do ato. Ex: No caso de alguém fazer uma doação em testamento a outra porque acredita que ela salvou sua vida, contudo, na verdade tal pessoa que ele se refere no testamento não salvou sua vida. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Segundo o nosso direito, equipara-se ao erro a transmissão defeituosa da vontade, seja quando o agente se serve de mensageiro, e este comunica com infidelidade a sua intenção; seja quando o instrumento de que se vale lhe trunca a declaração, como se dá com a mensagem telegráfica transmitida com defeito. Se aplica, portanto, àqueles casos em que o declarante não se encontra na presença do declaratário, e se vale de interposta pessoa ou de meio de comunicação para realizar a transmissão da vontade, entretanto somente pode ser anulável se a declaração emitida e a comunicada forem diferentes por mero equívoco ou acaso, não incidindo na hipótese em que o intermediário intencionalmente comunica à outra parte uma declaração diversa da que lhe foi confiada, uma vez que neste caso a pessoa terá de responder por ter escolhido mal o seu emissário. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 7. Convalescimento do erro : art. 144 8. Interesse Negativo Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2.1 Conceito: “Expediente ou estratégia astuciosa direcionada no sentido de induzir alguém na prática de um ato que lhe pode causar prejuízos, em benefício de quem realiza a ação intencional de engodo ou em benefício de terceiro a quem o ato viciado possa interessar.” (Nery Jr., Nelson. Código Civil Comentado, 6ª. Edição, Editora Revista dos Tribunais, p. 333) IMPORTANTE: No dolo o agente é induzido a equivocar-se em virtude de manobras ardilosas e maliciosas perpetradas por outrem (ao contrário do erro, em que há uma espontânea falsa cognição das circunstâncias do negócio). Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2.2 Elementos caracterizadores do dolo (Cristiano Chaves): 1) finalidade de conduzir a prática do ato; 2) gravidade dos artifícios utilizados; 3) ser a causa determinante da declaração de vontade, viciando-a; 4) ser realizado pela outra parte do negócio ou seu procurador e, se realizado por terceiro, que a parte contrária, a quem o dolo aproveite, tenha ciência dele ou devesse ter. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 2.3 Espécies de dolo: a) Dolo essencial, substancial ou principal (dolus causam): art. 145 CC b) Dolo acidental (dolus incidens): art. 146 CC c) Omissão dolosa (dolo negativo, reticência acidental): art. 147 CC d) Dolo de terceiro: art.148 CC “Terceiro é aquele que não intervém direta ou indiretamente no negócio.” (Chaves, Cristiano. pg. 473) Ressalte-se que não se considera o representante terceiro, uma vez que este atuando nos limites de seus poderes tem-se como o ato praticado pelo próprio representado. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto DOLO DE TERCEIRO: 1. Beneficiado com o dolo tinha ciência = negócio anulável 2. Beneficiado com o dolo não tinha ciência = negócio válido, mas o lesado pode pedir perdas e danos ao autor do dolo Direito Civil I - Parte Geral - FLF- Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto e) Dolo do representante: art. 149 CC - Representante legal: - Representante convencional: f) Dolo bilateral (ou recíproco): art. 150 CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto g) Dolus bonus (dolo bom) “É o dolo tolerável, aceito inclusive nos meios comerciais. São os exageros feitos pelo comerciante ou vendedor em relação às qualidades de um bem que está sendo vendido, mas que não tem a finalidade de prejudicar o comprador. O negócio em que está presente esta modalidade de dolo não é passível de anulação, desde que não venha a enganar o consumidor, mediante publicidade enganosa, prática abusiva vedada pelo art.37, § 1º. , Código do Consumidor.” TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, volume único,3ª. Ed, Método, 2013, p. 225 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 3.1 Conceito: “A coação pode ser conceituada como sendo uma pressão física ou moral exercida sobre o negociante, visando a obrigá-lo a assumir uma obrigação que não lhe interessa. Aquele que exerce a coação é denominado coator e o que sofre, coato, coagido ou paciente.” Tartuce, ob.cit., p. 226 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 3.2 Espécies a) Coação física (vis absoluta): constrangimento corporal que venha a retirar toda a capacidade de querer de uma das partes, implicando ausência total de consentimento. Nesta hipótese o negócio é inexistente. b) Coação moral ou psicológica (vis compulsiva): Coação efetiva e presente, causa fundado temor de dano iminente, gerando a anulabilidade do negócio (art. 151, CC) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 3.3 Diferenças: No erro o declarante se engana sozinho (espontaneamente), no dolo é levado a se equivocar, em razão de manobras ardilosas, e na coação o agente sofre intimidação moral: ou pratica o ato ou sofrerá as consequências decorrentes da ameaça que lhe é imposta. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 3.4 Requisitos: 1) que a violência psicológica seja a causa determinante do ato, ensejando uma declaração de vontade viciada; 2) gravidade da ameaça (ameaça de dano sério ao corpo, à vida, à liberdade, à honra, da vítima, de pessoas de sua família, ou pessoas próximas que tenham com ela vínculo afetivo); 3) seriedade (ameaça capaz de assustar a vítima – circunstância subjetiva, art. 152) 4) iminência (presente, atual e inevitável) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO: “Se a ordem jurídica reconhece o legítimo e regular exercício de um direito, não se poderá considerar abusiva a ameaça de seu exercício. Exemplo: o locatário, tornando-se inadimplente, não poderá afirmar haver sido coagido pelo fato de o locador adverti-lo de que se não pagar os aluguéis, recorrerá à Justiça”. (Stolze & Gagliano, p. 359) Ao apreciar o exemplo dado não se pode deixar de fazer menção que se esse exercício for abusivo ou se houver constrangimento estará configurada a coação. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto TEMOR REVERENCIAL: Quanto ao temor reverencial, em princípio, este também não se caracteriza como violência psicológica apta a anular o negócio, pois se trata apenas de respeito à autoridade de outra pessoa (paterna, eclesiástica, militar), contudo se esta força moral se fizer acompanhar de ameaça ou intimidação, o vício poderá se configurar. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ ...os exemplos esclarecem: se o pai usa de sua situação de pai, ameaçando o filho de lhe cortar as relações de família, se ele não testar em favor do próprio pai ou dos irmãos, aquele „cortar relações‟ é um exemplo positivo, um plus, que se soma ao temor reverencial, e se, por si só, este não anularia o ato jurídico, aquele, por si só, bastará. O temor reverencial é face bigúmea: pode tornar-se agravante de ameaça. Sozinho não constitui coação...” Pontes de Miranda Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Só se admite a anulação do negócio se o beneficiário soube ou devesse saber da coação, respondendo solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos. Se a parte não coagida de nada sabia, subsiste o negócio jurídico, respondendo o autor da coação pelas perdas e danos que houver causado ao coacto, nos termos do art. 155 CC. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 4.1 Conceito “Inovação do ordenamento civilista, o estado de perigo caracteriza-se pela necessidade iminente que uma das partes tem de salvar-se, ou salvar pessoa de sua família de grave dano (art. 156).” Nicolau, Gustavo René. V.3, p. 156 Caracteriza-se pelo não aniquilamento da vontade, mas pela diminuição da liberdade de determinação diante da situação aflitiva. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O motivo do negócio deve ser a obtenção de determinado bem para que a vítima se salve (ou salve alguém de sua família, ou terceiro), sendo mister que a outra parte contratante conheça o estado de desespero e aproveite-se dele para realizar negócio demasiadamente vantajoso para si e oneroso para a outra parte, ferindo, assim, a comutatividade dos contratos. Ex: o genitor que para salvar seu filho das chamas de um incêndio oferece toda a sua fortuna para quem salvá-lo; o pai que tendo o filho sequestrado, para pagar vultosa quantia a título de resgate, aliena joias valiosas a preço vil. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 4.2 Requisitos a) situação de extrema necessidade; b) iminência de dano atual e grave; c) nexo causal entre a declaração e o perigo de dano; d) ameaça de dano; e) conhecimento, pelo outro sujeito, dessa situação; f) obrigação excessivamente onerosa; g) intenção do declarante de salvar a si ou a pessoa de sua família, ou terceiro (pessoa não pertencente à família do declarante, ocorrendo um juízo de equidade que será exercido pelo magistrado no caso concreto) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto IMPORTANTE: Diferencia-se da coação uma vez que nesta o perigo é criado pelo agente interessado na prática do ato ou terceiro, enquanto no estado de perigo a situação aflitiva apresenta-se espontaneamente. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 4.3 Possibilidade de conservação do negócio “que, apesar da legislação não contemplar regra similar à do §2º. do art. 157, que autoriza a não decretação da invalidade se a parte favorecida concordar com a redução do seu proveito, afigura-se, sem dúvida, perfeitamente aplicável ao estado de perigo, uma vez que as partes poderão acordar de tal forma, conservando o negócio.” Cristiano Chaves Essa conservação do negócio se dá com a redução do excesso contido na obrigação, reequilibrando a situação jurídica das partes. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Situação de perigo conhecido da outra parte (ciência da situação de perigo e dolo de aproveitamento – elemento subjetivo) onerosidade excessiva (elemento objetivo) ESTADO DE PERIGO Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 5.1 Conceito “Prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração, determinada pela premente necessidade ou inexperiência de uma das partes.” Gonçalves, Carlos Roberto. Direito CivilI - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A lesão é objetiva, ao contrário do estado de perigo, a outra parte não precisa saber, caracteriza-se independente da vontade da parte que se beneficia com o lucro exagerado. Como leciona o Prof. Cristiano Chaves “é fácil perceber a lesão como o prejuízo sofrido por uma das partes na conclusão do negócio, decorrente da desproporção existente entre as prestações dos contraentes, sendo que um dos negociantes, valendo-se da premente necessidade (conhecida ou não) ou da inexperiência do outro, obtém lucro exorbitante ou desproporcional ao proveito resultante da prestação.” P. 480 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto IMPORTANTE: A lesão só atinge contratos bilaterais e onerosos, uma vez ocorrendo quebra a comutatividade do negócio jurídico oneroso. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Para o negócio ser invalidado o juiz examina no caso concreto o desnível das prestações quando da celebração do negócio, pois é este o momento em que deve ser apreciado se houve ou não lesão. Trata-se de instrumento para a realização de justiça contratual, ao promover uma igualdade substancial entre os contratantes. Trazemos à colação o exemplo dado pela Profa. Maria Helena Diniz: a situação da pessoa que, na iminência de ser despejada do imóvel onde reside, necessitando achar outro lugar para abrigar sua família, aceita pagar valor exorbitante a título de aluguel, em outro imóvel. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 5.2 Requisitos a) desproporção entre as prestações estabelecidas no negócio; b) agir sobre premente necessidade (de ordem material ou espiritual) c) ou, por inexperiência; Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 5.3 Manutenção do negócio jurídico: Em atenção ao princípio da conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá sempre conduzir, se possível, a revisão judicial do negócio jurídico e, não a sua anulação, sendo dever do magistrado promover que os contratantes sigam as regras do art. 157, § 2º do CC. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 5.4 Lesão ≠ Resolução do contrato por onerosidade excessiva (art. 478 a 480 CC) Importante diferenciar a lesão da resolução do contrato por onerosidade excessiva (art. 478 a 480 CC), pois na primeira o prejuízo nasce junto com o contrato no momento da declaração de vontade, é um vício na formação do contrato, enquanto que na segunda ela surge posteriormente, em razão de fatos supervenientes, imprevistos e imprevisíveis. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Premente necessidade ou inexperiência onerosidade excessiva LESÃO Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Estado de Perigo Art.156, CC Lesão Art. 157, CC Elemento subjetivo: perigo que acomete o próprio negociante, de sua família ou amigo íntimo, sendo esse perigo de conhecimento do outro contratante Elemento subjetivo: premente necessidade ou inexperiência Elemento objetivo: obrigação excessivamente onerosa Elemento objetivo: prestação manifestamente desproporcional (lesão objetiva) Há entendimento doutrinário de aplicação analógica do art.157, § 2º., do CC, visando a conservação negocial. Aplica-se a revisão negocial pela regra expressa do art. 157, § 2º., do CC. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 6.1 Conceito : 6.1.1 “Consiste no ato de alienação ou oneração de bens, assim como de remissão de dívida, praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da insolvência, com o propósito de prejudicar credor preexistente, em virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio.” Stolze, p.375 6.1.2 “A fraude contra credores é o artifício malicioso empregado pelo devedor com o fito de impor prejuízo ao credor, impossibilitando-o de receber o crédito, pelo seu esvaziamento ou diminuição do patrimônio daquele. Exige- se, pois, que o passivo do devedor tenha se tornado superior ao ativo, por conta de atos praticados pelo titular com o propósito de lesar o seu credor.” Chaves, p. 488. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 6.1.3 “Constitui fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência ou na iminência de assim tornar-se que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento anterior à transmissão.” Tartuce Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Dois são os elementos que compõem a fraude: 1) consilium fraudis (conluio fraudulento – elemento subjetivo), se caracteriza pela má-fé; 2) eventus damni (o prejuízo causado ao credor – elemento objetivo), ocorre quando a diminuição do patrimônio do devedor compromete o direito do credor. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto a) negócios de transmissão gratuita de bens (art. 158, caput); b) remissão (perdão) de dívidas (art. 158, caput); c) contratos onerosos do devedor insolvente, quando: - a insolvência for notória, - houver motivo para ser conhecida do outro contratante, exemplo no caso de títulos protestados, ou o negócio tinha preço vil, ou havia parentesco entre os contratantes (se o terceiro ignorava a insolvência do alienante, nem tinha motivos para conhecê-la, conservará o bem, não se anulando o negócio) d) antecipação de pagamento feita a um dos credores, em detrimento dos demais, quebrando a igualdade entre eles (art. 162 – neste caso a ação é proposta também contra o beneficiário do pagamento da dívida na vencida, que fica obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu); e) outorga de garantia de dívida dada a um dos credores, em detrimento dos demais, com a instituição de hipoteca ou penhor – art. 163 CC. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A ação anulatória para desfazer o ato contaminado pela fraude contra credores é a denominada Ação Pauliana ou Revocatória (que possui prazo decadencial de quatro anos, art. 178, II), e quem tem legitimidade ativa é o credor quirografário preexistente (que já o era antes do ato fraudulento que tornou o devedor insolvente). Julgada a ação procedente e anulado o ato, o bem retorna ao patrimônio do devedor, podendo ser alcançado por qualquer credor (e não apenas o da referida ação), para que ocorra o concurso de credores. Ressalte-se que somente o ato que pode levar o credor à impossibilidade de pagar o seu débito é reputado fraudulento. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Arts. 166 a 184, CC Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “O negócio é inexistente quando lhe falta algum elemento estrutural, como o consentimento (manifestação de vontade). Se não houve qualquer manifestação de vontade, o negócio não chegou a se formar; inexiste, portanto. Por se constituir em um nada no mundo jurídico, não reclama ação própria para combatê-lo, nem há necessidade de o legislador mencionar os requisitos de existência, visto que o seu conceito encontra-se na base do sistema dos fatos jurídicos. Às vezes, no entanto, a aparência material do ato apresenta evidências que enganam, justificando-se a propositura de ação para discutir e declarar a sua inexistência. Para efeitos práticos, tal declaração terá as mesmas conseqüências da declaração de nulidade.” (Gonçalves, Carlos Roberto.Direito Civil: parte geral, volume 1 – 9ª ed – SP: Saraiva, 2002 – Coleção Sinopses Jurídicas) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Ensina o Prof. Venosa que “Não devemos dar maiores dimensões à teoria dos atos inexistentes, pois, na grande maioria das vezes, estaremos perante ato ou negócio nulo. O ato inexistente deve ser visto como simples fato sem existência legal.” Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Ao estudar as invalidades dos negócios jurídicos tenha atenção as alterações advindas com a entrada em vigor da Lei Brasileira de Inclusão, que alterou o regime das incapacidades dos artigos 3º. e 4º. do CCB. Verifiquem com cuidado a legislação e os livros com edição anterior a 2016. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A nulidade (absoluta) retira completamente do negócio jurídico o seu efeito. Interessa à ordem pública e não pode ser suprida pelo juiz. A nulidade culmina o ato desde o início. Deve ser conhecida de ofício pelo juiz ou alegada pela parte contrária, ou pelo MP (quando lhe couber intervir) – art.168, caput, §2º. - em qualquer tempo (imprescritível) e grau de jurisdição. A declaração judicial de nulidade se opera ex tunc, isto é, seus efeitos retroagem. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto a) Incapacidade do sujeito (art.166, I): incapacidade geral e específica b) Impossibilidade jurídica do objeto (art.166,II): impossibilidade física, ilicitude e indeterminabilidade c) Ilicitude do motivo determinante (art.166, III); d) Forma em desacordo com a lei (art.166,IV); e) Não observância de alguma solenidade legal (art.166, V); f) Objetivo de fraudar lei imperativa (art.166, VI); g) Previsão legal (art.166, VII); arts.548, 426, 1.863, CC. h) Simulação (art.167). Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “A simulação revela-se como o intencional e propositado desacordo entre a vontade declarada (tornada exterior) e a vontade interna (pretendida concretamente pelo declarante), fazendo com que seja almejado um fim diverso daquele firmado.” * Simular: fazer parecer real, imitar, fingir, aparentar Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto a) Negócio jurídico bilateral; b) Acordada entre as partes; c) Declaração deliberadamente desconforme com a intenção; d) Realizada com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei; Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Simulação Absoluta: O ato negocial é praticado para não ter eficácia, na realidade não há nenhum negócio, mas, mera aparência. Ex: compromisso de compra e venda de imóvel fictício Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Simulação Relativa: Emite-se uma declaração de vontade ou confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa (simulação relativa objetiva), cujos efeitos queridos pelo agente são proibidos por lei; ou, também, quando é emitida declaração aparentando conferir direitos a uma pessoa, mas transferindo-os, em verdade, para terceiro, não integrante da relação jurídica (simulação relativa subjetiva) Oculta um outro negócio que fica dissimulado. Existem dois negócios, simulado (aparente) e o dissimulado (oculto, real) Ex: celebra contrato de comodato (aparente), mas há pagamento de aluguel (dissimulado, real é o contrato de locação) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto As duas espécies de simulação, absoluta e relativa, geram a nulidade do negócio jurídico, mas nos termos do art. 167, 2ª. Parte, se a simulação for relativa, declara-se a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado, e subsistirá o negócio dissimulado se for válido na susbstância e forma. “ Exemplificando-se, ilustre-se com o caso em que um proprietário cede um imóvel a outrem celebrando, na aparência, um contrato de comodato. Mas, „por detrás dos panos‟ é cobrado aluguel, havendo locação. Aplicando a regra comentada e o teor do enunciado, o comodato é inválido, mas a locação é válida, desde que não ofenda a lei ou os direitos de terceiros e tenha todos os requisitos de validade (art.104 do CC). Mais uma vez, com esse entendimento, há a busca pela conservação negocial, pela manutenção da autonomia privada.” (TARTUCE) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art.116, parágrafo único, CTN: a autoridade administrativa desconsidera atos e negócios praticados com o fito de lesar obrigação fiscal. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Não foi recepcionada pelo CC de 2002. Enunciado 152: “Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante”. (concordam Tartuce, Zeno Veloso) Simulação Inocente não nulifica o ato (Venosa, Rosenvald e Chaves) Apesar de divergências na doutrina, os tribunais tem aceitado a tese da simulação inocente, não sendo o caso de burlar o fisco. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O nulo absoluto é insanável. Uma vez ocorrida à violação do preceito de ordem pública, o negócio jurídico está irremediavelmente contaminado e não pode ser convalidado. Ressalte-se, ainda que o tempo não tem o condão de sanar o negócio considerado nulo pela lei, logo a ação judicial é imprescritível, isto é, a qualquer tempo pode ser declarada a nulidade do negócio. Legitimidade para arguir o ato nulo: art. 168 CC (O interessado mencionado no artigo não precisa alegar prejuízo decorrente do ato que considera nulo, estando também legitimado o MP e o próprio Juiz do feito – ex oficio – que poderá pronunciar a nulidade que encontrar, negando a produção dos efeitos do ato). Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Não se sujeita ao prazo prescricional a pretensão de reconhecimento de nulidade absoluta de negócio jurídico. REsp 1.353.864-GO, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 7/3/2013. (INFO 517) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art.170,CC: Recategorização (ou requalificação) do negócio jurídico, baseado no Princípio da Conservação. “ Conversão substancial é o meio jurídico, através do qual, respeitados certos requisitos, transforma-se um negócio jurídico inválido absolutamente (nulo) em outro, com o intuito de preservar a intenção das partes que declaram vontade.” FARIAS, Cristiano Chaves. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “O instituto é baseado no princípio da conservação e possui dois requisitos. O primeiro (requisito imaterial) é a intenção da partes em celebrar o negócio que se pretende agora criar pela conversão. O segundo requisito é de que o negócio nulo preencha os requisitos formais e materiais do negócio que se pretende criar (requisito material).” (Nicolau, Gustavo René. Direito Civil. Parte Geral. Volume 3, São Paulo, Editora Atlas, 2005. p.174) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto a. Imaterial: intenção das partes em celebrar o negócio que se pretende agora criar pela conversão (se não houver não há conversão, não se cria novo suporte fático, senão estará criando outra relação jurídica) b. Material: o negócio nulo preencha os requisitos formais e materiais do negócio que se pretende criar Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Compra e venda compromisso de compra e venda Nota promissória confissão de dívida Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto 1. Esteaproveitamento da vontade manifestada no negócio sujeito à recategorização se dá apenas através de declaração dada pelo juiz quando presente na nova espécie a finalidade perseguida pelas partes. A legitimidade para reclamar a sua admissibilidade tanto é das partes, quanto dos terceiros interessados, contudo não pode ser invocada por quem deu causa à nulidade, nem pode ser reconhecida ex officio. 2. “A conversão pertine, com exclusividade, aos negócios jurídicos nulos, uma vez que os anuláveis podem ser convalidados pela simples manifestação de vontade das partes interessadas, sendo desnecessária a aplicação da teoria do aproveitamento.” Chaves Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Exemplo do artigo disposto acima é o das partes desatentas, que, embora em negócio imobiliário de valor superior ao limite legal, celebram a compra e venda por meio de instrumento particular. O negócio – nada obstante não questionado pelos interessados – seria nulo e não produziria qualquer efeito. Entretanto, seria possível salvá-lo, aplicando a teoria da conservação, mediante atividade de requalificação (e não interpretação): bastaria considerá-lo, ao invés de compra e venda uma promessa de compra e venda. A intenção das partes estaria preservada, o negócio requalificado seria válido (o compromisso não exige forma pública).” (Souza Neto, João Baptista de Mello. Direito Civil: parte geral – 5ª ed. – SP: Atlas, 2004) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ Importante destacar que não se trata de medida de sanação de invalidade absoluta do negócio jurídico (até porque a nulidade é insanável). Na verdade, não se convalida a nulidade do negócio. Apenas aproveita-se a vontade declarada para a formação de um ato, a princípio nulo, transformando-o em outro, para qual concorrem os requisitos formais e substanciais, sendo perfeitamente válido e eficaz. Também não se vincula a vontade das partes, nem fica presumida a existência de outra figura negocial. Tão- somente autoriza-se o aproveitamento (pelo juiz) da vontade emitida para a celebração de um negócio, que é nulo, para que produza efeitos em outra espécie negocial, dês que a finalidade perseguida esteja respeitada.” Cristiano CHAVES de Farias, 2016, p. 620 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A anulabilidade é a invalidade menos gravosa dos atos jurídicos. Em sede de processo, a anulabilidade (ou nulidade relativa) deve ser alegada pela parte para que o juiz, se procedente a alegação, desconstitua o ato. Frise-se que não se admite o conhecimento ex officio da causa ensejadora da anulabilidade. Admite-se a confirmação, salvo direitos de terceiros. A declaração judicial de anulabilidade se opera ex nunc (para a doutrina tradicional) isto é, produz efeitos para o futuro. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto a) Incapacidade relativa de um dos sujeitos (art.171, I) b) Defeitos dos negócios jurídicos (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores – art.171, II) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Convalidação, portanto, é a sanação do defeito que inquina o ato. Pode ocorrer de duas maneiras: (a) pela ratificação, denominada “confirmação” pelo Ccivil/2002, e (b) pelo decurso do tempo (decadência da ação anulatória).” (Souza Neto, João Baptista de Mello. Direito Civil: parte geral – 5ª ed. – SP: Atlas, 2004) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art.178, CC: prazo de 4 anos, nos casos de defeito do negócio jurídico e de incapacidade relativa; Art.179, CC: prazo geral de 2 anos; Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 172: convalidação livre da anulabilidade Art. 174: conservação do contrato Art. 175: irrevogabilidade da confirmação “Não caberá mais, portanto, qualquer requerimento posterior de anulabilidade do negócio anterior, o que está de acordo com a máxima que veda o comportamento contraditório e que tem relação com a boa-fé objetiva”. (TARTUCE, 2016, p. 441) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ O menor que agiu com má-fé, ocultando sua verdadeira idade e passando-se por plenamente capaz, não pode se prevalecer de sua própria torpeza para requerer a anulação do negócio jurídico, que em razão desse fato, será considerado válido. A malícia do menor relativamente incapaz torna válido o negócio jurídico e as obrigações que assumiu. Trata- se da vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium). A lei refere-se apenas ao menor relativamente incapaz, não se aplicando a regra do art. 180 aos outros relativamente incapazes, que ocultarem esse fato, porque para estes a proteção deve ser maior, em virtude do comprometimento da vontade.” Paulo Lôbo Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “No artigo 181 o legislador exige o dever de diligência ordinária das pessoas pois ninguém poderá pedir de volta o que pagou a um menor relativamente incapaz, se o negócio for anulado, a não ser se provar que o pagamento foi feito em proveito exclusivo do menor, em virtude da vedação do enriquecimento sem causa.” Paulo Lôbo Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “Mesmo sendo nulo ou anulável o negócio jurídico, é imprescindível a manifestação do Judiciário a esse respeito, porque a nulidade não opera ipso jure. A nulidade absoluta ou relativa só repercute se for decretada judicialmente; caso contrário surtirá efeitos aparentemente queridos pelas partes; assim o ato negocial praticado por um incapaz terá, muitas vezes, efeitos até que o órgão judicante declare sua invalidade.” DINIZ, Maria Helena. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art.182, CC: a sentença anulatória é constitutiva negativa, mas os efeitos podem se operar ex tunc. Parte da doutrina (Stolze, Chaves, Gonçalves, Tartuce, Zeno Veloso) defende os efeitos ex tunc da sentença anulatória por força do art. 182, como também a jurisprudência. Em posição contrária está a doutrina mais clássica, onde prevalece o entendimento quanto aos efeitos ex nunc da ação anulatória. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O disposto no art. 182 do CC/2002, de acordo com o qual, anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente,quanto aos seus efeitos práticos, também tem aplicabilidade nos casos de nulidade absoluta, não tendo incidência restrita às hipóteses de nulidade relativa. REsp 1.353.864-GO, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 7/3/2013. (INFO 517) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto NULIDADE ANULABILIDADE Fundamenta-se em razões de ordem pública Fundamenta-se em razões de ordem privada Pode ser declarada de ofício pelo juiz, a requerimento do MP, ou de qualquer interessado Somente poderá ser invocada por aquele a quem aproveite, não podendo ser reconhecida de ofício Não é suscetível de confirmação. Não convalesce pelo passar do tempo É suscetível de confirmação. Prazo decadencial de 4 anos ( prazo geral: 2 anos) Não produz efeitos Produz efeitos, enquanto não for anulado Reconhecida através de ação meramente declaratória Reconhecida através de ação desconstitutiva sujeita a prazo decadencial Admite conversão substancial Admite sanação pela própria parte Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. OsvâniaPinto O Ato ilícito é o ato contrário ao direito. Refere-se a uma conduta de ação ou omissão que implica em prejuízo a outra pessoa, dando-lhe, por conseguinte, legitimidade jurídica para pedir indenização a quem lhe lesou. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Voluntariedade: para a caracterização do ato ilícito é necessário que haja ação ou omissão voluntária. Ilicitude: no ato ilícito é necessário que o agente tenha conhecimento da ilicitude do ato, isto é, que ele saiba que aquilo que está fazendo é errado; este o faz no intuito de lesar alguém (age com dolo) ou sabendo que eventualmente aquela determinada ação possa causar prejuízos aos demais. Concluindo, para ocorrer ato ilícito devem estar presentes; a consciência de ilicitude por parte do agente, bem como voluntariedade. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O ato lesivo voluntário pode ser: doloso – quando o agente teve a intenção de agir prejudicando ou fraudando; culposo – quando o agente atua com imprudência, imperícia ou negligência. Imprudência é o ato cujas conseqüências não são medidas. Imperícia é a falta da habilidade para se fazer algo. Negligência é um descuido, o contrário de algo bem realizado. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Os atos ilícitos são praticados diretamente em afronta ao ordenamento jurídico e- por isso mesmo- geram um efeito jurídico imediato e não coincidente com o querer do agente: o dever de reparação. A responsabilidade civil possui quatro requisitos bem definidos pelo art. 186 do CC. São eles: ação ou omissão; dano; culpa ou dolo; nexo causal entre a ação e o dano. O ato assim praticado gera o dever de indenizar, previsto no art. 927 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “O decurso do tempo é um fenômeno inexorável.” Cristiano Chaves Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto A prescrição é um fenômeno produzido pelo tempo levando a consolidação de direitos (aquisição – prescrição aquisitiva – usucapião) ou a extinção (perda). A prescrição extintiva atinge a pretensão que surge do direito material violado, portanto surge ante a inércia do titular deste direito. “É a perda da pretensão de reparação de um direito violado, em razão da inércia do seu titular, durante o lapso temporal estipulado pela lei.” Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Direitos imprescritíveis: direitos da personalidade (direito à vida, à liberdade, à imagem, ao nome, etc.) direitos quanto ao estado das pessoas (estado de filiação, condição conjugal, interdição) referentes à bens públicos Ações declaratórias de nulidade absoluta e outros. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto - Os prazos prescricionais são os dos artigos 205 e 206 do CC, todos os demais são decadenciais, tanto da parte geral quanto da parte especial do CCB. - O CC/02 estabelece como prazo único de prescrição, geral, o de 10 anos. Assim se a hipótese sob exame não estiver disciplinada como possuindo um específico prazo de prescrição, aplicar-se-á a regra geral: dez anos. Independentemente da natureza da ação, ou se movida entre presentes ou ausentes. O art. 206 veicula os prazos especiais da prescrição. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto ATENÇÃO: Os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto É vedada qualquer alteração do prazo prescricional, o qual é sempre fixado pela lei (art.192). Todavia, admite-se a renúncia posterior à prescrição, a qual pode ser expressa ou tácita – por meio da prática de atos incompatíveis com o instituto, como o reconhecimento de dívida (art.191). Veja-se que não se admite a renúncia prévia. Somente é válida a renúncia operada após a consumação do prazo prescricional. Ademais, não pode a renúncia prejudicar direito de terceiros. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto “ Para ilustrar uma hipótese de prejuízo de terceiro, imaginemos que Rui tem uma dívida prescrita com Pontes, de R$ 10.000,00, e outra, não prescrita, com César, também de R$ 10.000,00. Suponhamos que o patrimônio de Rui seja apenas de R$ 10.000,00, ou seja, Rui não tem como solver as duas dívidas. Não obstante, renuncia à prescrição do direito de Pontes. Ora, nesse caso, César sofrerá prejuízo, pois seu crédito não poderá ser saldado se Rui pagar a Pontes os R$ 10.000,00 referentes à dívida prescrita. Nesse caso, a renúncia se considera inválida – nula.” Donizetti & Quintella, ob. cit., p.181 Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Consumada a prescrição, qualquer ato de reconhecimento da dívida por parte do devedor, como o pagamento parcial ou a composição visando à solução futura do débito, será interpretada como renúncia. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art.193, CC: A prescrição pode ser alegada a qualquer tempo e nos dois graus de jurisdição, perante o órgão monocrático de justiça ou no tribunal respectivo, somente sendo discutível em sede excepcional (recurso extraordinário, especial ou de revista) quando houver o necessário prequestionamento, exigido constitucionalmente para a admissibilidade de tais recursos de fundamentação vinculada. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto Art. 194, CC revogado pela Lei 11.280\2006 (art.219, §5º., CPC) Fundamento: maior celeridade processual Crítica: prescrição não é matéria de ordem pública Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto SUSPENSÃO: Decorre de certos fatos previstos na lei. Tratando-se de penalidade civil pelo decurso de tempo com inação do interessado, é preciso analisar a contagem do prazo. É possível obstar do início de sua fluência (impedimento), a suspensão de prazo em curso (com eventual recomeço, somado ao segundo período o lapso anteriormente transcorrido). Na suspensão do prazo prescricional, é computado o prazo anteriormente transcorrido. INTERRUPÇÃO: Decorre de um comportamento ativo do credor. Quando ocorre fato ou situação que a lei dispõe ser causa de interrupção da prescrição, o efeito jurídico respectivo é a desconsideração do prazo já decorrido, reiniciando-se a contagem do princípio. (em tese só acontece uma única vez) Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto PRESCRIÇÃO Relativamente Incapaz Corre contra ou a favor Absolutamente Incapaz Se contra: a prescrição não corre Se a favor: a prescrição corre Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa. Osvânia Pinto O art. 201 do CC dispõe que em havendo solidariedade ativa (dos credores), suspenso o fluxo do prazo prescricional em favor de um dos credores, aos demais não aproveita a suspensão (por exemplo, dentre os credores solidários há um menor de 16 anos, contra quem não flui a prescrição; para os demais permanece o ônus de propor a ação). Entretanto, tendo a obrigação objeto indivisível (isto é, objeto que não admite prestação fracionada ou parcial, em virtude da lei, do acordo das partes ou da natureza da prestação), afigurar-se-ia impossível exigir dos co-credores que agissem, o que significaria forçá-los a cobrar fracionadamente (descontada a cota do credor contra quem não corre prescrição) algo que, juridicamente, não importa cumprimento parcelado. Direito Civil I - Parte Geral - FLF - Semestre 2017.1 Profa.
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