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Endometriose Definição: Endometriose é definida pela presença de tecido endometrial (glândulas e estroma), em localização extrauterina (fora da cavidade endometrial e da musculatura uterina). Esses sítios ectópicos localizam-se usualmente na pelve, mas podem ser encontrados em qualquer lugar do corpo. Os locais mais frequentes de implantação são as vísceras pélvicas e o peritônio. Epidemiologia: É encontrada predominantemente em mulheres em idade reprodutiva, mas já foi relatada em adolescentes e mulheres na pós-menopausa em uso de terapia hormonal. A idade média de diagnóstico varia de 25 a 30 anos. Etiologia: Várias teorias. 1)Teoria da implantação da menstruação retrógrada: a regurgitação transtubária durante a menstruação promove a disseminação de células endometriais viáveis na cavidade peritoneal. Entretanto, como a menstruação retrógrada é um evento fisiológico comum em mais de 90% das mulheres, o desenvolvimento da endometriose deve estar relacionado a fatores adicionais. 2)Teoria imunológica: em pct com endometriose, as células endometriais ou fragmentos escapariam de ser eliminados pela resposta imune\inflamatória, devido a uma alteração da imunidade celular. Ao invés de agirem eficientemente na remoção das células endometriais da cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese local. 3)Metaplasia celômica ou teorias mullerianas e serosa: aventa-se que células mesoteliais localizadas no peritônio e na serosa ovariana poderiam sofrer processo de metaplasia, transformando-se em células endometriais. Essa teoria baseia-se na capacidade do epitélio peritoneal de originar outros tipos de tecido. 4)Teoria da indução: a princípio, corresponde a uma extensão da metaplasia celômica. Propõe que um fator bioquímico endógeno pode induzir o desenvolvimento das células indiferenciadas em tecido endometrial. 5)Teoria iatrogênica: evidências sugerem que o endométrio ectópico pode ser induzido de forma iatrogênica por um transplante mecânico. Como por exemplo, após uma videolaparoscopia. 6)Disseminação linfática: a disseminação de células endometriais, por meio de linfáticos, pode explicar a rara presença de endometriose em sítios distantes da pelve. Patologia: Fatores genéticos: observações de estudos recentes sugerem que a endometriose possui uma base genética. A predisposição à doença é herdada como traço genético complexo. Fatores imunológicos: existem evidências de que alterações na imunidade humoral e na imunidade celular estão implicadas na patogênese da endometriose. -Deficiência na imunidade celular: que resultaria em uma inabilidade de reconhecer a presença do tecido endometrial em localizações atípicas. -A atividade das células NK pode estar reduzida. -Aumento na concentração de leucócitos e macrófagos na cavidade peritoneal e no endométrio ectópico. RESUMO: Uma grande variedade de anormalidades imunológicas foi descrita em mulheres com endometriose. O fluido peritoneal das pacientes acometidas contêm um grande número de células imunes (macrófagos e leucócitos). Contudo, ao invés de agirem eficientemente na remoção das células endometriais na cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese local. OBS: não está definido se estas anormalidades imunológicas representam causa ou a consequência da doença. Fatores hormonais: O desenvolvimento e o crescimento da endometriose são estrogênio-dependentes. Atualmente, existe evidência de que tanto a produção quanto o metabolismo do estrogênio estão alterados na endometriose, atuando na promoção da doença. A atividade da aromatase endometrial está alterada, sendo potencializada pela PGE2, que estimula a produção contínua de estrogênio no endométrio. A ausência da enzima 17betaHSD tipo 2 endometrial, combinada com altas concentrações de estrogênio, pode ajudar a estabelecer e a estimular a doença. Fatores ambientais: Dioxina - substância cancerígena. Fatores de risco: História familiar. Malformações uterinas Menarca precoce Ciclos menstruais curtos Duração do fluxo menstrual aumentada Fluxo menstrual aumentado Estenoses cervicais Baixos índices de massa corporal Gestação tardia Nuliparidade Raça branca e asiática Consumo exagerado de café e álcool *Estenoses iatrogênicas do colo uterino, tais como conização e cauterização do colo uterino, também podem favorecer o surgimento da enfermidade. Formas clínicas: São várias formas de apresentação que incluem implantes peritoneais superficiais e profundos, aderências e cistos ovarianos. Aspectos macroscópicos das lesões: A endometriose peritoneal pode ser reconhecida por meio de lesões típicas e atípicas. As lesões atípicas se apresentam através de vesículas, lesões vermelhas em chama de vela, defeitos peritoneais (janela peritoneal) e finas aderências (em véu de noiva) no hilo ovariano ou no fundo de saco posterior. As lesões típicas são consideradas de acordo com sua evolução e idade, a saber: Vermelhas: são muito ativas. Podem se apresentar como petéquias. Pretas: são menos ativas. Descritas como “queimadura por pólvora”. Podem se apresentar como nódulos pretos, castanho-escuros (café-com-leite) ou azulados ou como pequenos cistos contendo hemorragia antiga circundada por grau variável de fibrose. Brancas: são consideradas resquícios cicatriciais. A evolução natural de uma lesão translúcida, passando pelas fases vermelha até preta e cicatricial, ocorre num período aproximado de de 7 a 10 anos. Com a progressão da idade ocorre uma diminuição do número de lesões avermelhadas e um incremento das lesões escuras e cicatriciais (entretanto nem todas as lesões seguem esse curso natural). Aspectos microscópicos das lesões: Na microscopia, são observadas glândulas e estroma endometriais com ou sem macrófagos repletos de hemossiderina. Sítios de envolvimento: Os sítios mais comuns de endometriose, em ordem decrescente de frequência são:1)Ovários (65%); 2)Ligamentos uterossacros (28 a 60%); 3)Fundo de saco posterior (30 a 34%); 4)Folheto posterior do ligamento largo (16 a 35%); 5)Fundo de saco anterior (15 a 35%). Outros sítios menos comuns encontrados envolvem a vagina, cérvice, septo retovaginal, ceco, íleo, canal inguinal, cicatrizes abdominais ou peritoneais, ureteres, bexiga e umbigo. Endometriose genital e extragenital: A endometriose pélvica incide nos ovários, ligamentos uterossacros, fundo de saco posterior, folheto posterior do ligamento largo, fundo de saco anterior, vagina, cérvice e septo retovaginal. A endometriose extrapélvica, embora seja assintomática, deve ser suspeitada quando há dor e\ou massa palpável fora da pelve com um padrão cíclico de aparecimento. O local mais comum de doença extrapélvica é o intestino, principalmente o cólon e o reto. Endometriose ovariana: No ovário, a lesão característica é o endometrioma (cisto endometrioide), que se apresenta como estrutura cística com conteúdo líquido espesso e achocolatado cercado de áreas de fibrose. Endometriose profunda: É um termo usado para descrever as formas infiltrativas da doença que envolvem os ligamentos uterossacros, septo retovaginal, intestino, ureteres e\ou bexiga. Alguns autores a definem como a endometriose que penetra mais de 5 mm da superfície peritoneal. Endometriose do TGI: Incidência: entre 25% e 37%. O acometimento do TGI se faz, em maior frequência, no retossigmoide (85%), apêndice cecal (10%) e delgado (5%). O acometimento pode ser superficial, limitado à serosa, ou profundo, quando atinge a muscular. Nesse último caso, raramente perfura a mucosa. Além dos sintomas, como desconforto e distensão abdominal, constipação ou diarreia (+ frequente), náuseas e vômitos, dores em hipo ou mesogástrio, apresenta sangramento recorrente cíclico (hematoquezia). Tenesmo, diminuição do calibre das fezes, urgência para defecar e dor baixa posterior, principalmente no período menstrual podem se manifestar. A dispareunia profunda está frequentemente presente quando há acometimento retal. Endometriose do trato urinário: É um achado menos frequente do que a endometriose do trato digestivo. Incidência: 0.5% a 16%. O maior acometimento é vesical (90%), contra 10% do ureter. A endometriose das vias urinárias raramente acomete a mucosa. O acometimento vesical superficial (serosa peritoneal e tecido subjacente) é mais comum que o profundo. O acometimento das vias urinárias pela endometriose pode cursar com disúria cíclica, hematúria e, até mesmo, obstrução com retenção urinária. Endometriose torácica: Condição incomum. A explicação mais plausível é a da teoria da menstruação retrógrada + deficiência imunológica, com o tecido endometrial ectópico atingindo a cavidade torácica tanto por defeitos diafragmáticos (que são mais comuns à D) e\ou via microembolização através das veias pélvicas. Ordem decrescente de frequência: -Pneumotórax; -Hemotórax; -Hemoptise; -Nódulos pulmonares. Os sintomas de endometriose torácica ocorrem tipicamente dentro de 24 a 48h do aparecimento da menstruação. O sintoma mais comum é a dor torácica (90% dos casos). Já a dispneia é encontrada em aproximadamente 1\3 dos casos. O tt consiste na supressão ou erradicação do implante endometriótico e prevenção de recidiva de endometriose pélvica, pela terapia hormonal. Diagnóstico: Anamnese: a endometriose caracteriza-se principalmente por dor (dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica) e infertilidade. *O tecido endometrial ectópico também responde às alterações hormonais cíclicas da mulher, resultando em reação inflamatória e clínica de dismenorreia progressiva, dor pélvica, dispareunia e infertilidade. Dismenorreia: é a queixa mais comum das pacientes com endometriose e, geralmente, se inicia a partir da terceira década de vida (20-30a). Possui caráter progressivo, ou seja, aumento de intensidade com o passar do tempo. A intensidade progressiva e o seu aparecimento após longo tempo de menstruações indolores são altamente sugestivos de endometriose. A dor é difusa, referida profundamente na pelve e intensa. Dispareunia: a dispareunia associada à endometriose caracteriza-se pelo início recente (ou seja, não está presente desde o primeiro ato sexual), pela maior intensidade com a penetração profunda, por anteceder a menstruação e correlaciona-se com o envolvimento do fundo de saco e do septo retovaginal. Dor pélvica crônica: a dor da endometriose parece resultar da ação de citocinas inflamatórias na cavidade peritoneal, dos efeitos diretos e indiretos do sangramento nos implantes e da irritação ou infiltração direta de nervos pélvicos. Infertilidade: a endometriose é intimamente relacionada à infertilidade. A infertilidade é atribuída a 3 mecanismos primários: 1)distorção da anatomia anexial dificultando a capacitação oocitária,2) interferência no desenvolvimento oocitário e na embriogênese precoce, 3)redução da receptividade endometrial. *Possíveis mecanismos também aventados na ocorrência de infertilidade: Alterações da função tubária; Alterações da função ovariana; Alteração da função espermática; Defeitos no embrião ou fertilização; Alterações na função endometrial; Falhas precoces na gravidez; Alteração da cavidade peritoneal (inflamação); Fator imunológico. LEMBRE-SE: o fluido peritoneal de pacientes com endometriose apresenta vários fatores de crescimento e citocinas, aptos a estimular o crescimento de implantes endometriais. Tais substâncias podem gerar um ambiente hostil aos espermatozoides ou embriões e justificar a bem documentada associação entre endometriose e infertilidade. IMPORTANTE: apesar de a endometriose diminuir a fecundação, caso a gravidez ocorra, é possível observar a regressão e até resolução completa da endometriose. Exame físico: Fundamental na propedêutica da endometriose, principalmente profunda. ela se fundamenta na identificação por visão direta de nódulos azulados ou marrons da vagina e do colo do útero pelo exame especular ou vaginoscopia nas pct virgens. Na palpação abdominal, grandes endometriomas podem estar presentes em fossas ilíacas, assim como a queixa de dor à palpação profunda. Entretanto, geralmente não existem achados anormaisno exame físico. O mais comum dos achados corresponde à sensibilidade ao toque do fórnice posterior. Outros achados frequentes incluem: -Sensibilidade localizada no fundo de saco vaginal; -Nódulos palpáveis sensíveis no fundo de saco, ligamentos uterossacros ou septo retovaginal; -Dor à mobilização uterina; -Sensibilidade e massas anexiais que aumentam de volume durante o período menstrual; -Fixação dos anexos ou do útero em posição retrovertida. Exames laboratoriais: CA 125: não é um marcador sensível para a doença, especialmente nos casos mínimos e leves. Estudos de imagem: USGTV: é útil no diagnóstico de endometrioma e pode auxiliar no diagnóstico de doença vesical ou retovaginal. Os endometriomas são bem visualizados pelo USG, pelas suas características ecogênicas típicas. Visando a diferenciação com cistos hemorrágicos ou do corpo lúteo, idealmente a USG deve ser realizada na primeira fase do ciclo menstrual. USGTV com preparo intestinal: tem a finalidade de reduzir os resíduos fecais e a aerocolia e melhorar a acurácia do método. RM de abdome e pelve: tem menor capacidade de identificar a camada intestinal acometida quando comparado com a USGTV com preparo intestinal e com a ecoendoscopia baixa. Em caso de dúvida na USGTV inconclusiva, a RM pode ser utilizada, pois representa um ótimo exame na avaliação de massas pélvicas. Caso exista suspeita de endometriose profunda infiltrativa, deve ser aventada a possibilidade de acometimento ureteral, vesical e intestinal. Cistoscopia, urografia excretora e urorressonância: os exames para avaliação do aparelho urinário são muito importantes nessas pct. Retossigmoidoscopia e colonoscopia: esses exames oferecem pouco ganho na avaliação da endometriose intestinal, visto que raramente a doença compromete a mucosa. É capaz de avaliar a presença de compressões extrínsecas, comprometimento da luz intestinal e, em algumas situações, realizar biópsias das lesões. Videolaparoscopia: é o método diagnóstico de escolha já que permite a visualização direta dos implantes e a biópsia das lesões suspeitas. Idealmente, caso a cirurgia seja praticada para fins de diagnóstico, o consenso é ressecar ou cauterizar os focos de endometriose no mesmo tempo cirúrgico. A acurácia da VLSC diagnóstica depende da localização e do tipo de lesão, da experiência do cirurgião e da extensão da doença (leve ou profunda). É de fundamental importância a biópsia para confirmação das lesões suspeitas. Por outro lado, uma videolaparoscopia branca (sem anormalidades) é altamente confiável para a exclusão de endometriose. O estadiamento da doença é estabelecido de acordo com a localização do implante e a severidade do acometimento. A tendência atual, em termos de diagnóstico, é indicar a cirurgia nas pct com quadros álgicos típicos, nas pct que não responderam ao tt conservador ou nas portadoras de infertilidade. Diagnóstico diferencial: Uma grande variedade de desordens compartilha um ou mais aspectos clínicos de endometriose: -Doença inflamatória pélvica; -Síndrome do cólon irritável; -Cistite intersticial; -Adenomiose; -Tu ovarianos; -Doença diverticular; -CA de cólon. Tratamento: Generalidades: Independente do quadro clínico apresentado, a endometriose costuma progredir em 2\3 das pct após um ano do diagnóstico. Por esse motivo, o tt é necessário. Existe uma grande variedade de opções de tt para pct com endometriose. Esas incluem: conduta expectante, analgesia com AINEs, contraceptivos orais; terapia com progestagênios, danazol, análogos do GnRH; tt cirúrgico com videolaparoscopia ou laparotomia; tt combinados. A cd expectante é considerada para dois grupos de pct: mulheres com doença mínima ou na perimenopausa. Abordagem clínica: O hormonal tem como objetivo a inibição da produção de estrogênio, que é um indutor de crescimento do tecido endometrioide. A terapia medicamentosa não cura a doença na maioria das vezes. Estudos disponíveis até o momento identificaram uma eficácia semelhante entre o danazol, os análogos do GnRH e a gestrinona, no que diz respeito ao alívio dos sintomas e redução do tamanho dos focos endometrióticos. VANTAGENS: -Evita o risco de lesão iatrogênica de órgãos pélvicos; -Evita o risco de aderências pélvicas pós-operatórias; -Trata os implantes não identificados durante a cirurgia. DESVANTAGENS: -Efeitos colaterais das medicações; -Ausência de efeitos nas aderências pélvicas; -Ausência de efeitos nos endometriomas; -Infertilidade durante o tt pela supressão da ovulação. Anticoncepcionais combinados (ACO): Os hormônios contidos na sua fórmula, especialmente o estrogênio, diminuem a secreção hipofisária de FSH e LH, resultando na supressão da esteroidogênese e gametogênese ovariana. Qualquer pílula de baixa dosagem pode ser eficaz no tt, que deve ser efetuado de forma ininterrupta, ou seja, sem pausa para sangramento de supressão. Idealmente, devem ser utilizadas pílulas que contenham em sua formulações noresteroides, ou seja, com maior ação androgênica. A amenorreia deve ser induzida por cerca de 6 a 12 meses. *Os ACO representam boa escolha para as mulheres com doença mínima ou leve, uma vez que apresentam poucos efeitos colaterais e fornecem anticoncepção adequada. Progestogênios: Representam uma boa opção devido ao seu custo baixo, alta eficácia e baixo índice de efeitos colaterais. Promovem uma inibição do crescimento do tecido endometriótico, com decidualização e atrofia, além de também inibir a secreção de gonadotrofinas e produção hormonal ovariana. Pode ser empregado o acetato de medroxiprogesterona na dose de 30 mg ao dia VO ou 150mg IM, a cada 3 meses.Os efeitos colaterais incluem retenção hídrica, aumento de peso, sensibilidade mamária, sangramento irregular, náuseas, depressão e ganho de peso. Opção: Mirena. Danazol: Corresponde a um derivado sintético da 19-nortestosterona com propriedades androgênicas e progestagênicas. Promove inibição da secreção de GnRH e da estereoidogênese, além de efeito direto sobre o crescimento do tecido endometriótico. Liga-se aos receptores androgênicos e à globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG),aumentando a fração livre de testosterona. Apresentam grande número de efeitos colaterais secundários devido à sua ação androgênica e ao hipoestrogenismo que advém de seu uso. Efeitos colaterais mais comuns: ganho ponderal, retenção hídrica, acne, pele oleosa, hirsutismo, fogachos, vaginite atrófica, redução do tamanho mamário, redução da libido, câimbras, alteração da voz, náuseas, instabilidade emocional e alteração da função hepática e do perfil lipídico. O Danazol é efetivo em regredir implantes nos casos de dor considerados leves a moderados. Dose: 400 a 800 mg ao dia, VO, geralmente mantida por 6 meses. Gestrinona: É um agente antiprogestacional de longa duração com efeitos androgênicos, antiestrogênicos e antiprogestogênicos. Seu mecanismo de ação e efeitos colaterais são semelhantes aos do danazol (porém menos intensos). Dose: 2.5 a 10 mg, VO, duas vezes por semana. Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas -GnRH (leuprolide, busserelina, nafarelina, histrelina, gosserelina, etc): Normalmente, a secreção de GnRH que ocorre de maneira pulsátil mantém os receptores hipofisários sensíveis ao seu estímulo. Quando se administra o GnRH de forma contínua, estes receptores se desensibilizam. Em um primeiro momento, devido à atividade agonista, há estímulo do eixo hipotálamo-hipófise-ovário (efeito flare-up). O agonista do GnRH, de meia-vida longa, cria uma espécie de pseudomenopausa, que é útil no tt da endometriose. Não possui os efeitos colaterais androgênicos encontrados, p.ex, com o danazol. Entretanto, desencadeia sintomas semelhantes à menopausa: fogachos, ressecamento vaginal, diminuição da libido, insônia, depressão e alteração do humor. Pode ser realizada a “add-back-therapy”, que corresponde à terapia combinada de estrogênio e progesterona ou somente de progesterona em baixas doses. Está geralmente indicada quando o uso do análogo do GnRH possui duração maior que 6 meses. Essa prática protege o osso, previne fogachos e o desenvolvimento de atrofia urinária. Inibidores da aromatase: Consiste em uma das mais novas e promissoras opções de tt para a endometriose. Parecem regular a formação local de estrogênio nos tecidos endometrióticos, além de inibir a produção ovariana e periférica (tecido adiposo) de estrógenos. Os inibidores da aromatase causam perda óssea significativa, portanto não devem ser utilizados como agentes únicos em mulheres na pré-menopausa. Abordagem cirúrgica: A cirurgia está indicada quando os sintomas da endometriose são graves, incapacitantes ou agudos, quando os sintomas não apresentaram melhora ou pioraram com o tt conservador ou quando a doença é avançada. -Abordagem cirúrgica conservadora: é tipicamente representada pela videolaparoscopia. Oferece a vantagem de cauterizar os implantes e de realizar a lise das aderências, o que evita a progressão da doença. A cirurgia conservadora engloba excisão, fulguração ou vaporização a laser de implantes endometrióticos e remoção de aderências. O retorno da fertilidade após cirurgia se correlaciona diretamente com a gravidade a doença. OBS: nas mulheres com endometriose severa, a melhor opção terapêutica visando a fertilidade consiste na fertilização in vitro. -Abordagem cirúrgica definitiva: está indicada quando a doença significativa está presente e o futuro reprodutivo não é desejado; quando sintomas incapacitantes persistem após cirurgia conservadora ou tt clínico; ou quando afecções pélvicas coexistentes possam ser beneficiadas pela histerectomia. Os ovários podem ser conservados em pct jovens para evitar a necessidade de terapia de reposição estrogênica. Análogos do GnRH no pré e pós-operatório: -Pré-operatório: não há evidências de que o tt com GnRH antes da realização do procedimento cirúrgico (visando diminuir a extensão das lesões) traga algum benefício. Entretanto, nos casos de endometriose profunda envolvendo fundo de saco ou o septo retovaginal, o GnRH no pré-op pode melhorar os resultados da cirurgia. -Pós-op: quando o obj primário da cirurgia para tt da endometriose é o controle dos sintomas álgicos e a gravidez não é um obj imediato (as medicações têm efeito anovulatório), o uso pós-op de análogos pode ter algum valor em retardar o surgimento de sintomas.
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