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13 PROVIDENCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

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 MARTINA CORREIA 
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO (NCPC) 
PROCESSO CIVIL 
Curso de Direito Processual Civil de Fredie Didier (2016) 
 
 SANEAMENTO DO PROCESSO 
 
- Embora existam atos de saneamento ao longo de todo procedimento, há uma fase em que eles se 
concentram. Em regra, ela inicia-se APÓS O ESCOAMENTO DO PRAZO DE RESPOSTA DO RÉU 
(apresentada ou não) e tem como finalidade preparar o processo para que possa ser proferida uma 
decisão (julgamento conforme o estado do processo). ‘Em regra’ porque, às vezes, a fase postulatória 
(definição do objeto litigioso do processo) pode se alongar. Exemplo: o réu, em sua resposta, reconveio 
ou denunciou a lide. 
- O rol das providências preliminares é um rol infinito: as providências variam conforme a resposta do 
réu. Alguns exemplos de providências preliminares: 
 
O RÉU ALEGOU FATO IMPEDITIVO, 
MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO 
DIREITO DO AUTOR 
 O autor será ouvido no prazo de 15 dias, permitindo-lhe o juiz 
a produção de prova (art. 350). 
O RÉU ALEGOU QUALQUER DAS 
MATÉRIAS ENUMERADAS NO ART. 337 
 
 O juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 dias, 
permitindo-lhe a produção de prova (art. 351). 
O RÉU APRESENTOU DEFESA DIRETA E 
TROUXE DOCUMENTOS 
 O autor deve ser intimado para manifestar-se sobre os 
documentos no prazo de 15 dias (art. 437, §1º). 
O JUIZ VERIFICOU A EXISTÊNCIA DE 
IRREGULARIDADES OU DE VÍCIOS 
SANÁVEIS 
 O juiz determinará sua correção em prazo nunca superior a 30 
dias (art. 352). 
HOUVE REVELIA  O juiz deve verificar a regularidade da citação. 
HOUVE REVELIA, MAS NÃO OPEROU-SE 
A CONFISSÃO FICTA 
 O juiz ordenará que o autor especifique as provas que pretenda 
produzir, se ainda não as tiver indicado (art. 348). O prazo é de 5 
dias (regra supletiva do art. 218, §3º). 
Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às 
alegações do autor, desde que se faça representar nos autos a 
tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa 
produção (art. 349). 
REVELIA DECORRENTE DE CITAÇÃO 
FICTA OU RÉU PRESO 
 O juiz deve designar curador especial (art. 72, II). 
HOUVE RECONVENÇÃO  O juiz deve intimar o autor para contestar a reconvenção, em 
15 dias. 
O RÉU PROMOVEU DENUNCIAÇÃO DA 
LIDE OU CHAMAMENTO AO PROCESSO 
 O juiz tomará providências inerentes a essas intervenções. 
O RÉU REQUEREU A REVOGAÇÃO DA 
JUSTIÇA GRATUITA DO AUTOR 
 O juiz decidirá a respeito. Se revogar, caberá agravo de 
instrumento (art. 101 e 1.015, V). 
HOUVE ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA  O juiz decidirá sobre sua competência. Se entender que é 
incompetente, remeterá os autos ao juízo competente. 
O RÉU IMPUGNOU O VALOR DA CAUSA  O juiz decidirá sobre a impugnação. 
 
 
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Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz 
proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe o Capítulo X. 
 
 JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 
 
- Após a fase de saneamento, o juiz tomará uma dessas decisões: 
 a) Extinção do processo sem resolução do mérito*; 
 b) Extinção do processo com resolução do mérito (autocomposição total)*; 
 c) Extinção do processo com resolução do mérito (decadência ou prescrição)*; 
 d) Julgamento antecipado do mérito da causa; 
e) Decisão de saneamento ou organização do processo, com ou sem audiência para produzi-
la em cooperação com as partes. 
* Serão estudadas no próximo capítulo (extinção do processo). 
 
 JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO 
 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de 
mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, 
na forma do art. 349. 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
 
- Importante: a decisão judicial com base no art. 487, I pode ocorrer em improcedência liminar do 
pedido, julgamento antecipado do mérito ou após a realização da audiência de instrução ou 
julgamento. 
- O julgamento antecipado do mérito é fundado em cognição exauriente. O juiz reconhece a 
desnecessidade de produção de mais provas em audiência de instrução e julgamento (provas orais, 
perícia e inspeção judicial), abreviando o processo. Em regra, isso ocorre nos casos em que a prova 
exclusivamente documental é suficiente para o julgamento do mérito. 
- O princípio da cooperação impõe que o juiz intime previamente as partes para comunicar a intenção 
de realizar o julgamento antecipado. Uma parte pode discordar da decisão por entender que há 
cerceamento do direito à prova, momento em que deverá fazer a alegação. 
- Deve haver muita cautela quanto ao julgamento antecipado, pois sem a audiência de instrução e 
julgamento os autos podem subir ao Tribunal com um conjunto probatório fraco. 
- Nem sempre a revelia gera a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor. Contudo, se 
isso ocorrer, e se não houver mais necessidade de produção de mais provas, é possível o julgamento 
antecipado. Isso não significa que o autor sairá vitorioso. Pode ser que, mesmo assim, os fatos 
deduzidos não tenham aptidão para conferir o direito afirmado. 
 
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- O juiz não pode julgar improcedente sob o fundamento de que o autor não provou o alegado. Se o 
juiz entende que deve realizar o julgamento antecipado, é porque entendeu que não há necessidade 
de produzir mais prova. 
- Julgamento antecipado não é faculdade, é dever que a lei impõe ao julgador em homenagem aos 
princípios da duração razoável do processo e da eficiência. 
- Admite-se o julgamento antecipado parcial (a decisão é impugnável por agravo de instrumento): 
 
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou 
parcela deles: 
I - mostrar-se incontroverso; 
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. 
§1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação 
líquida ou ilíquida. 
§2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que 
julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra 
essa interposto. 
§3º Na hipótese do §2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva. 
§4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser 
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. 
§5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento. 
 
 DA DECISÃO DE SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
 
- Se não for o caso de extinção do processo (com ou sem resolução do mérito), o juiz deve proferir uma 
decisão de saneamento e organização do processo. Significa que o objeto litigioso deverá ser 
resolvido, mas, naquele momento, ainda não há elementos probatórios suficientes. Prepara-se, 
então, para a fase instrutória. 
 
PROVIDÊNCIAS (ART. 357) 
I - Resolver as questões processuais 
pendentes, se houver; 
O intuito é deixar o processo pronto para a audiência de instrução. 
II - Delimitará as questões de fato 
sobre as quais recairá a atividade 
probatória, especificando os meios 
de prova admitidos; 
O juiz identifica os fatos controvertidos e determina qual meio de 
prova serve a cada um deles. 
Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz 
fixará prazo comum não superior a 15 dias para que as partes 
apresentem ROL DE TESTEMUNHAS (§4º). 
O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10, 
sendo 3, nomáximo, para a prova de cada fato (§6º). 
O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a 
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados 
(§7º). O juiz também pode ampliar o número de testemunhas, tendo 
em vista as particularidades da causa. 
Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz 
deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde 
logo, calendário para sua realização (§8º). 
 
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III - Definir a distribuição do ônus da 
prova, observado o art. 373; 
Regra geral: o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato 
constitutivo de seu direito e ao réu, quanto à existência de fato 
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 373). 
Se for o momento de aplicação de convenção sobre o ônus da prova, 
esse é o momento de esclarecimentos. 
Dessa decisão (redistribuição do ônus da prova) cabe agravo de 
instrumento. 
IV - Delimitar as questões de direito 
relevantes para a decisão do mérito; 
Além das questões fáticas controvertidas, o juiz definirá as questões 
de direito relevantes. Essa delimitação expõe às partes o que o órgão 
jurisdicional entende como questão jurídica relevante para a 
solução do objeto litigioso. O juiz decidirá apenas com base nessas 
questões (a limitação vincula). Se, posteriormente, o órgão 
jurisdicional vislumbrar outra questão jurídica relevante, deverá 
intimar as partes para que se manifestem. 
O juiz também deve se manifestar sobre questão prejudicial 
incidental relevante para a solução do caso. 
V - Designar, se necessário, audiência 
de instrução e julgamento. 
Entre uma audiência de instrução e outra, haverá intervalo mínimo 
de 1 hora (§9º). 
 
§1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar 
ajustes, no prazo comum de 5 dias, findo o qual a decisão se torna estável. 
 
- Vale lembrar que o saneamento do processo é o limite para o aditamento ou a alteração do pedido 
e da causa de pedir, com consentimento do réu (art. 329, II). 
 
 AUDIÊNCIA DE SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO EM COOPERAÇÃO COM AS PARTES 
 
Art. 357, §3º. Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o 
juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, 
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas 
alegações. 
§5º Na hipótese do §3º, as partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo rol de 
testemunhas. 
 
- Consagração do princípio da cooperação: com a delimitação tão precisa quanto possível do cerne da 
controvérsia, evitam-se provas inúteis ou desnecessárias, aumenta-se a chance de autocomposição e 
diminuem as possibilidades de interposição de recurso fundado em equívoco na apreciação pelo juiz 
ou invalidade por ofensa ao contraditório. 
 
 O ACORDO DE ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
 
§2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das 
questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula 
as partes e o juiz. 
 
 
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- Negócio bilateral: as partes concordam que controvertem sobre tais ou quais pontos de fato e 
delimitam consensualmente as questões jurídicas que reputam fundamentais para a solução do 
mérito. 
- Podem ser encartados outros negócios processuais, típicos ou atípicos (art. 190). 
- Essa delimitação, além de vincular o juiz, limita a profundidade do efeito devolutivo de futura 
apelação: somente as questões ali referidas serão devolvidas ao tribunal, caso seja interposta 
apelação. 
- A homologação não impede a alegação de fatos supervenientes. 
 
 O CALENDÁRIO PROCESSUAL 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos 
processuais, quando for o caso. 
§1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão 
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. 
§2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de 
audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
- Trata-se um negócio jurídico plurilateral típico (autor, réu e juiz). O juiz pode até mesmo marcar 
uma audiência apenas para negociar com as partes a fixação do calendário, mas não pode impor um. 
Deve haver acordo entre as partes. 
- Pode ser fixado em qualquer etapa do procedimento, mas a fase de saneamento é mais propícia. 
- O desrespeito ao calendário é hipótese de cabimento de representação contra o juiz por excesso de 
prazo (art. 235). 
- Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência 
cujas datas tiverem sido designadas no calendário. Essa é a sua principal utilidade. 
 
 EFICÁCIA PRECLUSIVA DA DECISÃO DE SANEAMENTO E DE ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO EM 
RELAÇÃO AO REEXAME DAS QUESTÕES QUE PODEM SER DECIDIDAS A QUALQUER TEMPO 
PELO ÓRGÃO JURISDICIONAL 
 
- Prevalece na doutrina o entendimento de que a decisão de saneamento, pela qual o juiz declara a 
regularidade do processo, não se submete à preclusão: enquanto pendente o processo, será sempre 
possível o controle ex officio dos requisitos de admissibilidade. Fundamento: o art. 485, §3º lista 
matérias (questões de admissibilidade) que podem ser conhecidas em qualquer tempo e grau de 
jurisdição, enquanto não houver o trânsito em julgado. Didier discorda. O fato de uma matéria poder 
ser conhecida ex officio em qualquer tempo e grau de jurisdição não significa que não exista preclusão 
quanto às matérias que já foram decididas. São dois fatos que não se excluem. Tais matérias podem 
ser decididas ex officio a qualquer tempo, isto é inegável, mas desde que não tenha se operado a 
preclusão. Didier ressalva os fatos supervenientes.

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