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Assuntos da Rodada 
 
 Dinâmica do curso 
 Do micro para o macro: Escrevendo Frases 
 Fundamentos 
 Ordem direta x ordem inversa 
 Voz ativa x voz passiva 
 Elementos de coesão interna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rodada #1 
Redação 
 
Professor Ricardo Wermelinger 
 
 
 
 
 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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Dinâmica do curso 
Nosso curso é voltado para aqueles alunos que já participaram da Turma Elite, 
quando ela ainda não incluía o curso de redação, e também para aqueles que 
não têm como contratar o produto completo atual, mas precisam melhorar sua 
escrita para essa prova. 
Irei corrigir pessoalmente duas redações de cada um de vocês. Uma no 
meio do curso, outra no fim. Vocês receberão instruções detalhadas de quando 
e como proceder para enviá-las e receber o feedback, fiquem tranquilos. 
As redações serão manuscritas, como em uma folha de prova. Vocês receberão 
um arquivo pautado em pdf para imprimir e usar como modelo. Se não 
tiverem como imprimir, há outras alternativas, não se preocupem. 
Vocês receberão uma pontuação e um espelho de prova, com nota, para 
poderem participar do ranking junto com o simulado das objetivas. Legal, né? 
Além disso, escreverei uma crítica qualitativa ao seu texto, apontando os 
pontos fortes e fracos, frisando especialmente o que precisa melhorar. 
Tudo de forma 100% individualizada. E sou eu, prof. Ricardo, pessoalmente, 
que corrijo todas. 
Para fechar: costumo trazer nas aulas trechos reais escritos por alunos, para 
estudarmos como exemplos. Tudo de forma anônima, claro. Depois que vocês 
fizerem a primeira redação, as aulas passarão a trazer seus próprios exemplos. 
Então, além de ter sua redação corrigida, você ainda “corre o risco” de ver um 
trecho dela dissecado em uma aula, reforçando ainda mais seu feedback. O 
curso é muito dinâmico, vai sendo construído conforme os resultados da 
turma. 
Além desses trechos nas aulas, trabalho com redações integrais em algumas 
rodadas, como em um estudo de caso. O pessoal tem gostado bastante. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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Teoria 
Do micro para o macro – escrevendo frases 
1. Nós estudaremos a organização do texto desde a formação de cada frase 
até a divisão dos assuntos por parágrafos. A chamada técnica de escrita se 
revela em cada etapa. É como uma empresa que, ao mesmo tempo, atua 
para obter resultados no curto e no longo prazo. 
2. Acho que a melhor forma de começar o estudo é pelo micro: como 
transformar ideias em frases. 
3. Uma das principais falhas em redação para concursos é a construção de 
frases longas. Eu poderia dizer para vocês simplesmente: evitem frases 
longas. Porém, elas muitas vezes são sintoma de algo pior. Costumam 
indicar falta de planejamento das ideias. 
4. Cada frase deve transmitir uma mensagem. Essa mensagem deve ser 
curta, direta. É uma ideia pontual, parte de uma ideia maior. Antes de 
redigir uma frase, é importante saber qual mensagem se quer transmitir. 
5. Vamos ver um exemplo. Digamos que eu esteja querendo escrever um 
parágrafo transmitindo justamente essa ideia: as frases muito longas 
costumam ser fruto da falta de planejamento, pois a pessoa começa a 
escrever sem saber como fechará o texto. 
6. Sem planejamento algum, começo: 
Muitas vezes o uso de frases imensas 
7. Esse foi um típico começo de redação de vestibular, que a gente escreve 
por impulso. Prosseguindo, resolvo conceituar e exemplificar frases 
imensas: 
Muitas vezes o uso de frases imensas, que, contendo digressões, 
exemplos, ou outras formas de poluição textual 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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8. Já ficou um pouco difícil seguir escrevendo. O uso daquele “que” me obriga 
a inserir mais um período sobre as frases imensas. Elas são frases que..... 
que o quê? 
Muitas vezes o uso de frases imensas, que, contendo digressões, 
exemplos, ou outras formas de poluição textual, tornam-se intermináveis, 
9. Hora de retomar o sujeito. Ele é “o uso”. Nossa, ficou longe, não é? 
Muitas vezes o uso de frases imensas, que, contendo digressões, 
exemplos, ou outras formas de poluição textual, tornam-se intermináveis, 
é fruto da falta de planejamento do autor. 
10. Nem ficou tão ruim esse exemplo, mas está muito longe de ser um bom 
texto. O ritmo está muito quebrado. Vamos reescrever essa frase, agora 
com planejamento. 
11. Primeiro, qual mensagem principal quero passar? Que o uso de frases 
imensas é fruto de falta de planejamento. O que mais preciso transmitir? 
Exemplificar frases imensas para vocês saberem do que estou falando. 
12. Duas mensagens, duas frases. 
O uso de frases imensas costuma ser fruto da falta de planejamento do 
autor. Essas frases são pontuadas por digressões, exemplos excessivos ou 
outras formas de poluição textual, afetando a transmissão da mensagem. 
13. Não ficou bem melhor esse segundo trecho? 
14. Vimos assim como é importante planejar as frases, pensá-las antes de 
começar a redigir. 
15. Ao colocar uma palavra no papel, você traça os caminhos da sua frase. No 
exemplo acima, o uso do “que” entre vírgulas depois de “imensas” amarrou 
o resto da frase. Se a pessoa escreve isso sem saber o que fazer com o 
“que”, fica sem saída. O texto começa a girar em espiral até conseguir 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
5 
achar um fechamento. Sem contar que, nesse tipo de frase, é muito 
comum que a concordância se perca no meio do caminho. 
16. Sabendo da importância de planejar, vamos passar para as ferramentas de 
planejamento. A primeira delas é: conhecer os tipos de construção textual, 
para poder escolher o mais adequado para cada caso. 
Fundamentos 
17. Nos esportes, costumamos chamar de fundamentos as habilidades básicas 
do jogo. No futebol seria o chute, o passe, o drible, a cabeçada. No vôlei 
teríamos o saque, a manchete, a cortada, o bloqueio, etc. 
18. Não irei aqui estudar pontuação, acentuação e uso do hífen com vocês. 
Porém, alguns fundamentos de gramática são muito úteis para que vocês 
consigam aproveitar esse curso de redação. São aqueles que dizem 
respeito à estrutura da frase e à colocação da ideia central em cada 
período. Coisa simples. 
Ordem direta x ordem inversa 
19. A ordem direta é a tradicional, a frase vai do sujeito para o predicado. Por 
mais “penduricalhos” que haja na frase, a mensagem é passada nessa 
sequência. 
20. Já a ordem inversa, naturalmente, é o contrário. O predicado vem antes do 
sujeito. Exemplos: 
Ordem direta Ordem inversa 
Nós queremos comer o bolo. Comer o bolo nós queremos. 
A delegacia estava deserta. Estava deserta a delegacia. 
Eu vou te amar. Te amar eu vou. 
 
Caso anômalo 
 
O importante é vencer. Vencer é o importante. 
 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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21. A ordem inversa parece o estilo de falar do Yoda, de Guerra nas Estrelas, 
para quem conhece. 
22. Qualquer frase, praticamente, pode ser construída na ordem direta ou na 
ordem inversa. A exceção é esse último caso na tabela, em que a inversão 
de termos mantém a frase na ordem direta, invertendo quem é o sujeito e 
quem é o predicado (na primeira, o sujeito é “o importante”; na segunda, é 
“vencer”). 
23. A ordem inversa é um recurso que deve ser usado com muita cautela. A 
grande maioria das frases da sua redação deve estar na ordem direta. 
Sabendo disso, vejamos algumas aplicações. 
24. Ao utilizar a ordem inversa, a ação é trazida para o início, recebendo 
ênfase. Existem ideias em que o mais importante não é o sujeito, mas o 
predicado. Nesses casos, usa-se ordem inversa. 
25. Digamos que você esteja escrevendo um parágrafo sobre a chegada dogoverno em uma comunidade: 
A delegacia foi instalada logo na entrada da comunidade. O corpo de 
bombeiros passou a patrulhar a região, em conjunto com a defesa civil. 
Água e luz foram instaladas onde antes mal havia coleta de esgoto. 
26. Por outro lado, vamos descrever a cena de um terremoto: 
Correram para onde puderam todos que estavam na rua. Abrigavam-se em 
locais planos, longe de prédios, aqueles que estavam na área rural. Os 
bombeiros faziam o caminho oposto. Para o meio da confusão eles 
rumavam. 
27. Reparem que, no primeiro trecho, cada unidade do Estado é a ideia central 
de cada frase. São os sujeitos. Já no segundo, as atitudes diante da 
tragédia são o mais importante. Os verbos, os predicados. Fora na citação 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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aos bombeiros. Ali, o que importava era o sujeito. Por ser bombeiro, o 
sujeito agia diferente. Usei, então, ordem direta. 
28. Cada frase começa pela sua ideia central, seja sujeito ou predicado. Vejam 
como isso é verdade: isolando os primeiros termos de cada uma, ainda é 
possível captar algum sentido: 
Tema é presença do Estado: 
Delegacia. Corpo de bombeiros. Água e luz. 
Tema é terremoto: 
Correram. Abrigaram-se. Bombeiros para o meio da confusão. 
29. Por outro lado, o “resto” de cada frase não faz sentido algum: 
Foi instalada na entrada. Passou a patrulhar junto com defesa civil. Foram 
instaladas onde mal havia esgoto. 
Todas as pessoas. Aqueles na área rural. Faziam o caminho oposto. Eles 
rumavam. 
30. É claro que a frase começar pela ideia central não é uma regra absoluta. 
Naturalmente, conforme evoluirmos nas questões de estilo, veremos 
situações em que se deseja colocar a ideia central no fim da frase. Nesses 
casos, as frases antes e depois indicarão essa mudança de ênfase ao leitor. 
31. Mas isso é papo para outra aula. 
32. 
Aplicações práticas para guardar: 
- Via de regra, a ideia central vem primeiro em uma 
frase. 
- Se tal ideia é o sujeito, usa-se ordem direta. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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- Usa-se ordem inversa, se é o predicado. 
- Ordem inversa é um recuso delicado, importante usar 
com cautela. Escreva quase sempre na ordem direta. 
- É possível que a ideia central venha no fim da frase, 
especialmente no fechamento de um parágrafo. É um 
recurso de estilo que estudaremos. 
 
Voz ativa x voz passiva 
33. As vozes ativa e passiva dizem respeito à relação entre o sujeito e a ação. 
O sujeito faz a ação, ou sofre a ação? Reparem que, na ordem direta ou 
inversa, vimos a posição entre sujeito e predicado, não importando se o 
sujeito fazia o predicado ou se sofria o predicado. Aqui é outro 
questionamento. 
34. Na voz ativa, mais comum, o sujeito é autor da ação. Na voz passiva, é o 
que se chama de paciente. É quem sofre a ação. Vejamos: 
Voz ativa Voz passiva 
Eu comi o bolo. O bolo foi comido por mim. 
A equipe inventariou cada um dos 
processos. 
Cada um dos processos foi 
inventariado pela equipe. 
Os torcedores invadiram o campo. O campo foi invadido pelos torcedores. 
 
35. Na voz ativa, percebe-se uma atitude de execução, de controle da ação, 
por parte do sujeito. Na voz passiva, ao contrário, o sujeito é colocado em 
alguma circunstância. 
36. Isso traz a primeira aplicação prática: os sujeitos inanimados são bons 
para voz passiva. As pessoas são boas para voz ativa, apesar de também 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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poderem figurar na voz passiva tranquilamente. Reveja os exemplos do 
quadro para perceber nossos objetos inanimados pacientes. 
37. Além disso, a voz ativa denota controle, iniciativa. A voz passiva indica o 
oposto. Se o sujeito é uma pessoa, mas está sem controle, ou 
especialmente, se ele discorda do que está sofrendo, se é uma consequência 
indesejada: voz passiva. Além desse caso, quando o foco não é o sujeito, a 
voz passiva pode ser útil. Vamos a alguns exemplos. 
Dagoberto foi submetido a muitos sofrimentos na prisão. 
38. O sujeito está encarcerado, não tem controle do que sofre. Repare que, 
se trocarmos para voz ativa, teremos uma sutil alteração de sentido. 
Dagoberto submeteu-se a muitos sofrimentos na prisão. Parece que foi de 
propósito, por exemplo, para expiar seus pecados, ou talvez conseguir algum 
favor dos guardas ou de outros detentos. 
Armando submeteu-se aos piores martírios por amor. 
39. Aqui temos um romântico, que se joga de corpo e alma nas relações. Ele 
faz de tudo pela pessoa amada, mesmo que isso envolva sacrifício. Vamos 
inverter: Armando foi submetido aos piores martírios por amor. Sentiram a 
variação? Parece que estamos falando de um “capacho”. Armando amava 
uma pessoa abusiva, que lhe fazia sofrer. 
Godofredo assumiu o cargo de diretor. Ele é economista formado na UFRJ. 
Godofredo foi indicado para o cargo de diretor. Ele é sobrinho do deputado 
Aristóteles Sobral. 
40. Repararam como o uso da voz correta no primeiro trecho ajuda a 
enfatizar a ideia que se quer transmitir em seguida? No primeiro caso, 
Godofredo tem méritos, conseguiu o cargo por uma postura ativa. O texto 
poderia seguir falando de seu currículo ou projetos futuros. No segundo, 
Godofredo é um apadrinhado político, conseguiu o cargo vítima (paciente) 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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das circunstâncias. O texto pode seguir questionando o fisiologismo ou o 
nepotismo na política. 
41. A frase padrão, aquela que deve dominar sua redação, é escrita na 
ordem direta e na voz ativa. Quando usar alguma coisa diferente, use 
com consciência. 
42. Ao tirar uma frase da ordem direta ou da voz ativa, você deve ter 
uma intenção clara para fazê-lo. Quer mesmo enfatizar o predicado? 
Quer mesmo enfatizar a passividade do sujeito? Caso não queira, 
não faça. 
43. A voz passiva, além de ser boa para uso com sujeitos inanimados, e com 
ações indesejadas, também é um recurso útil para tratar de consequências. 
Algumas construções são clássicas: 
Se o aquecimento global não for reduzido, várias cidades poderão ser 
alagadas por causa da elevação do nível nos oceanos. 
Sem um planejamento bem feito, o projeto será mal executado. 
Apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás (aqui, um trecho de 
música, nem é exatamente consequência, mas algo próximo). 
44. Importante não confundir voz passiva com ordem inversa ok? Cada 
fenômeno é próprio, sendo possível juntar os dois na mesma frase. 
45. Apesar de ser possível, entretanto, voz passiva não combina com ordem 
inversa de jeito nenhum. Fica uma coisa MUITO Yoda. Vejam: 
Por mim o bolo foi comido. 
Inventariado pela equipe cada um dos processo foi. 
Pelos torcedores o campo foi invadido. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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46. Para fechar: pense antes de escrever. Pense na mensagem, na ideia. Ela 
é focada em sujeito ou verbo? É uma ação, ou uma sofrência (ação sofrida)? 
Rsrs. 
 
Aplicações práticas para guardar: 
- A voz ativa indica uma execução, combina com pessoas. A 
voz passiva indica alguém que sofre uma ação, útil para 
objetos inanimados. 
- Voz ativa dá ideia de controle. Se na sua ideia a pessoa 
não tem controle do que está acontecendo, especialmente 
se não concorda com o que sofre, a voz passiva vai bem. 
- Voz passiva também é útil para consequências. 
- Voz passiva não vai bem na ordem inversa, use ordem 
direta. 
 
Elementos de coesão interna. 
47. Até agora estamos estudando os períodos simples, formados por apenas 
uma oração. Um sujeito, um verbo, podendo ter ou não complementos. 
Essas frases são ótimas, dificilmente ficam longas, a concordância é 
mantida, a leitura é simples. Porém, um texto composto inteiramente por 
elas pode ter um aspecto “Tarzan”. MimTarzan. Você Jane. Sabem? Como 
as dublagens estereotipadas dos índios americanos também. Esses períodos 
simples seguidos prejudicam a coesão textual. O texto deve ser fluido, cada 
ideia deve impulsionar a seguinte, conectando-se sucessivamente, rumo à 
conclusão. 
48. Como o Tarzan, saltando de cipó em cipó. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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49. O fundamento a estudar aqui fará todos vocês torcerem o nariz: orações 
coordenadas e orações subordinadas. Lembram-se disso? 
50. Fiquemos apenas com o que é prático, por favor. Orações coordenadas 
são aquelas que possuem sentido de maneira independente, mas também 
possuem uma conexão. Alguns exemplos: 
Relação 
 
Exemplo de construção Conjunções mais comuns 
Ideia de 
adição 
Eles se cumprimentaram e 
trocaram telefones. 
E, nem, mas também. 
Ideia de 
adversidade 
Ele estudou muito, mas não foi 
aprovado. 
Mas, contudo, todavia, no 
entanto, entretanto. 
Ideia de 
alternância 
Ou arrume um emprego, ou 
passe no vestibular. 
Ou...ou, quer...quer, 
ora...ora. 
Ideia de 
explicação 
Ele foi aprovado, pois estudou 
muito. 
Pois, porque, que. 
Ideia de 
conclusão 
Ele estudou muito, logo foi 
aprovado. 
Logo, então, portanto, por 
isso. 
 
51. Nas orações subordinadas, uma depende da outra, não tendo sentido 
sozinha. Exemplo: “ela gosta que lhe façam cafuné”. Isoladamente “ela 
gosta que” não diz nada, e muito menos “lhe façam cafuné”. Não 
trabalharemos com orações subordinadas hoje. 
52. As orações coordenadas devem ser as favoritas por vocês ao usar 
períodos compostos. Essas ideias são ferramentas de convencimento, de 
retórica, de argumentação. É preciso ter isso em mente, pois as provas de 
concurso são dissertações argumentativas. 
53. Em uma dissertação desse tipo, os argumentos devem ser expostos 
claramente, concluindo-se de maneira propositiva. O candidato precisa dar 
opinião, dar solução para um problema. Isso pode ser feito de algumas 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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formas. Uma delas é usando argumentos vencedores e perdedores. A 
famosa tese, antítese, síntese, mas com um viés de que não pode haver 
empate. Começamos por um argumento, trabalhamos um contraponto, e 
concluímos dando preferência a um deles. Às vezes são três argumentos, 
dois em um mesmo sentido e outro no sentido contrário. 
54. Para isso, usamos as ferramentas de retórica. Ao escrever um parágrafo 
com um argumento que, na conclusão, será retomado como “vencedor”, é 
natural usar orações coordenadas aditivas. Os motivos vão se somando, 
convencendo o leitor. Na última frase, pode-se dar uma ideia alternância, 
algo como “ou esse argumento é posto em prática, ou as consequências 
serão ruins”. E no parágrafo seguinte, trata-se dessas consequências ruins 
como um argumento “perdedor”. 
55. Ao escrever um argumento perdedor, por outro lado, o uso da ideia de 
adversidade já deixa contradições plantadas, fragilizando propositalmente a 
argumentação. Um parágrafo perdedor com idas e vindas, certa indecisão 
(bem medida), expõe sua própria fragilidade, fazendo que com a conclusão 
surja mais naturalmente em favor do argumento oposto. Não fica parecendo 
que o autor sorteou um argumento pra ganhar, ele demonstra que esse 
argumento era mais fraco que o outro mesmo. 
56. Veremos detalhadamente cada uma dessas estruturas mais à frente. Eu 
não podia deixar de adiantar esse conteúdo, entretanto, porque vocês 
precisam saber qual a aplicação prática de cada coisa que estudam, para 
estudar de maneira objetiva, focada no resultado. 
57. Vamos voltar o foco, então, para o agora. Construção de orações 
coordenadas. 
58. Uma coisa que não pode acontecer na sua prova é a tentativa de conectar 
duas ideias opostas por uma conjunção aditiva, Ou então ligar causa e 
consequência por conjunção alternativa. A relação lógica entre as ideias deve 
ser respeitada. É um importante critério de coesão textual, ao trabalhar com 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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recursos vejo aos montes perda de pontos por falhas nítidas nessas relações. 
Vamos ver alguns exemplos de usos corretos, errados, e outros delicados. 
Frase inadequada Motivo Versão correta 
 
Estudou muito e não 
passou. 
A consequência não era 
a esperada, mas o 
oposto. 
Estudou muito, mas não 
passou. 
Fez a prova correndo, 
porque estava muito 
inseguro. 
O contexto pode 
justificar, mas a 
conclusão também não é 
natural. 
Fez a prova correndo, 
apesar de estar muito 
inseguro. 
 
Não sabia o que queria, 
mas pediu orientação. 
Essa, na literatura, é um 
bom recurso. Em provas, 
porém, também não é 
uma combinação 
esperada. 
Não sabia o que queria, 
então, pediu orientação. 
 
Ou ele trabalhará mais, 
ou ganhará mais 
dinheiro. 
Pode ser um recurso de 
estilo, dependendo do 
contexto, para 
demonstrar o absurdo da 
situação. Porém, se isso 
não for bem indicado, a 
frase soará mal. 
Ele trabalhará mais, mas 
perderá dinheiro. 
(essa é a versão que 
parece mais próxima da 
ideia ambígua que se 
quer passar. Abaixo 
outras opções mais 
claras) 
Apesar de trabalhar 
mais, ele não ganhará 
mais dinheiro. 
Ele trabalhará mais, 
contudo, não ganhará 
mais dinheiro. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
15 
59. Deu pra pegar a ideia geral do uso das ideias coordenadas, correto? 
Vamos, porém, dar uma esmiuçada e exemplificada em cada uma, apesar de 
os nomes serem autoexplicativos. 
 
Ideia de adição 
60. Super útil em construções de paralelismo, ações semelhantes, feitas em 
sequência ou simultaneamente. 
Ele fez a barba e cortou o cabelo. 
Correu na praia e fez abdominais. 
O desafio é reduzir a pobreza e combater a desigualdade. 
61. Por ser a ideia mais pobre, deve ser usada residualmente. Caso não caiba 
nenhuma das outras, usa-se essa. Deixo essa dica porque o erro mais 
comum dos candidatos é o oposto, usar “e” toda hora, no lugar das outras 
ideias, como o exemplo da primeira linha do quadro anterior. 
 
Ideia de adversidade 
62. Aqui o óbvio é: a segunda oração é o oposto da primeira. Também pode 
ser o oposto do que se esperava que ela mesma fosse, como numa 
consequência inesperada. Existe uma inversão de sentido, uma surpresa. No 
mínimo, se mostra um efeito colateral. Também pode ser uma exceção da 
primeira oração. 
O país trabalhou para universalizar o acesso à educação, mas os resultados 
quantitativos não foram acompanhados pelo incremento da qualidade. 
Ele trabalhou corretamente, entretanto, o pagamento não foi o combinado. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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A obesidade é fruto de um estilo de vida descuidado, contudo, também 
decorre da predisposição genética de alguns indivíduos. 
63. Deve-se usar com cautela, pois tem potencial para enfraquecer o 
argumento, ou indicar uma contradição. 
64. Por outro lado, é uma construção interessante para fechar certos 
parágrafos já fazendo a ponte para o seguinte: 
[....] o Brasil precisa crescer para reduzir a pobreza de sua população, 
porém, não pode descuidar do meio ambiente. 
Com efeito, os recursos naturais não renováveis são finitos, e sua exploração 
desordenada traz sérias consequências presentes e para as futuras gerações. 
 
Ideia de alternância 
65. A ideia de alternância se decompõe em algumas possibilidades. As 
alternativas podem ser excludentes, em que se escolhe necessariamente 
uma delas (conjunção ou). Podem ser irrelevantes, digamos assim, quando 
se demonstra que não há escolha (conjunção quer). Podem ser aditivas 
negativas, em que nenhuma opção é válida (nem). 
Nãosei se caso, ou se compro uma bicicleta. 
O Brasil precisa crescer, ou então não conseguirá reduzir a pobreza da 
população. (dois caminhos, ou crescer, ou não reduzir a pobreza) 
Quer beba vinho, quer beba cerveja, ele sempre termina a noite passando 
mal. 
O aquecimento global nem é uma catástrofe apocalíptica, nem uma mera 
ilusão criada por cientistas alarmistas. 
66. Essa ideia possui uso especial em parágrafos de introdução e conclusão. 
Na introdução, demonstra a alternância de argumentos num e noutro 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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sentido. Na conclusão, serve para a clássica conclusão condicional, que 
exemplifiquei na frase: o Brasil precisa crescer, ou... Ou faz isso, ou terá 
consequências ruins. É um dos estilos possíveis. Em linhas gerais: o autor, 
em vez de dizer apenas que “o caminho é x”, tem uma postura mais 
“ranzinza”, falando “ou segue o caminho x, ou vai ser ruim”. Quase que 
deixando plantada a sementinha pra, no futuro, poder dizer “eu não falei?”. 
Rsrs. 
67. Tal como a ideia de adversidade, também é útil em frases finais de 
parágrafos, quando uma das alternativas expostas será o tema do seguinte. 
 
Ideias de explicação e de conclusão 
68. Ao trabalhar a ideia de explicação, a primeira oração é consequência, e a 
segunda é causa. Foi aprovado, pois estudou. 
69. Ao trabalhar a conclusão, temos o oposto. Primeiro a causa, depois a 
consequência. Estudou, logo, foi aprovado. 
70. A primeira coisa a dizer é que essas relações precisam ser 
verdadeiras, lógicas e necessárias. Um fato realmente tem que ser 
diretamente motivo do outro. Um erro comum nas provas é suprimir etapas. 
Exemplo: 
A corrupção precisa de rígido combate, pois a população sofre com a 
carência de serviços públicos. 
71. Beleza, as duas orações são verdadeiras, e uma decorre da outra, mas 
não diretamente. Faltou uma ideia de ligação. 
A corrupção precisa de rígido combate, pois os recursos desviados seriam 
usados na prestação de serviços públicos. A carência de tais serviços leva 
sofrimento à população. 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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72. O segundo ponto é: o que tem mais importância, a causa ou a 
consequência? Para o texto, qual merece ênfase? 
73. A opção natural é começar pelo mais importante, assim não tem erro. 
Estudo porque foi aprovado ou foi aprovado porque estudou? Seu texto foca 
na preparação para o concurso, ou no momento da aprovação? É um texto 
sobre luta, ou glória? Desculpem-me, muito drama, mas quando se fala em 
concurso, mexe comigo. 
74. Escrever bem exige pensar bem. Expor suas ideias, não sair “falando 
qualquer coisa”. Reparem que, nesse tópico, o uso da língua está 
diretamente relacionado ao conteúdo. 
75. No exemplo da frase sobre corrupção e serviços públicos, o problema 
estava na ideia, na mensagem, mas causava danos diretamente à estrutura 
do texto. 
76. E aí vem o pulo do gato. 
77. Ao analisar com cuidado a formação do texto, o candidato consegue 
identificar esses danos, e diagnosticar suas falhas de ideias. Por exemplo: ao 
escrever duas orações ligadas por “pois”, o candidato esperto vai se 
perguntar: “opa, haverá realmente uma relação de causa e consequência 
aqui, ou escrevi bobagem?”. Caso tenha escrito bobagem, corrigirá seu 
texto, recuperando pontos preciosos. 
78. Não pare agora! Vá direto para os exercícios. O curso é de RE–DA–ÇÃO, 
não de leitura. Rsrs. 
 
 
REDAÇÃO 
 
 
 
 
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Exercícios 
 
O objetivo desse exercício é praticar o relacionamento entre ideias. Pegar duas 
ideias e ver se elas são aditivas, adversativas, alternativas, etc. Claro que não 
existe uma única resposta; dentro de um contexto, relações que naturalmente não 
caberiam tornam-se possíveis. 
Nós queremos, porém, relações expressas somente pela própria frase, sem 
depender de contexto. Vocês não podem, portanto, deduzir que o examinador 
conhece algo que não é senso comum. 
Vale pegar duas ideias e tentar relacionar de mais de uma maneira, para ver qual 
encaixa melhor. Algumas delas possuem mais de uma opção válida. 
 
A habilidade que quero que vocês desenvolvam é a de avaliar as relações 
lógicas entre orações coordenadas, ver quais são adequadas e quais “soam mal”. 
Isso se ganha com a prática. Talvez algumas conexões que soaram naturais no 
início pareçam estranhas ao final do exercício, quando você estiver com a perícia 
mais apurada. 
A frase “estudou muito e não passou” soa natural para muitas pessoas. Para quem 
está mais acostumado com a escrita, é estranha. Para professores de português, é 
um absurdo. 
 
A missão é, na prova, avaliar com sucesso suas próprias frases, corrigindo 
aquelas cujas relações podem ser questionadas pelo examinador. 
 
 
 
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Associe as orações com a conjunção adequada, expressando as relações 
possíveis:
 
1. Não duvide de nada. Neste mundo tudo é possível. 
Não duvide de nada, pois nesse mundo tudo é possível. 
Conjunção explicativa. 
2. Vocês estudam. Deverão passar. 
3. Carlota não vai à praia. Carlota não vai ao cinema. 
4. Plante. O governo garante. 
5. O lavrador semeia. A lavradeira, tempos depois, colhe. 
6. O espetáculo foi bom. Não agradou ao público. 
7. Todos falam em eleições. Ninguém faz eleições. 
8. Nadando, ele é grande atleta. Jogando futebol, ele é grande atleta. 
9. Está fazendo frio. Levarei uma blusa. 
10.As crianças brincam. As crianças brigam. 
11.Ela ia viajar. Desistiu. 
12.Pague-me hoje. Irei cobrá-lo amanhã. 
13.O rapaz bebia. O rapaz comia. 
14.Ninguém queria falar. Poderia vir castigo. 
15.Não o queremos mais aqui. Dê o fora! 
16.Alguns inventam a moda. O povo os segue 
17.Trovejou. Não choveu. 
 
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18.A luz aparecia. A luz desaparecia. 
19.O lago está na minha fazenda. O lago me pertence. 
20.A máquina lava. A máquina enxuga as roupas. 
 
Dê a ideia que a conjunção coordenativa estabelece ao associar as orações: 
1. Você está preparado para o vestibular, por isso não se preocupe! 
 Por isso = relação de conclusão 
2. A garotinha não chorava nem reclamava. 
3. “Em briga de marido e mulher não se mete a colher, pois o demônio já lá andou 
metendo o garfo.” 
5. Não recebi nenhum presente dela, mas ganhei dois beijos. 
7. Não corra, que é pior! 
9. Quer queira, quer não queira, viajarei amanhã. 
10.“Penso, logo, existo.” 
12.“Não case com mulher rica, porque seus filhos seriam inimigos natos do 
trabalho.” 
13.“O homem veio do barro; por isso é que alguns deles se sentem muito bem na 
lama.” 
15.Consulte o mapa ou peça informações aos patrulheiros. 
16.O bom aluno não só aprende, mas também ensina. 
17.Tínhamos juventude, no entanto não tínhamos dinheiro. 
Gabaritos na próxima aula.

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