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Universidade dos Açores / Universidade Católica Portuguesa Curso de Mestrado em “Ética da Vida” A emergência de um profissional para a Bioética Nelson de Jesus Martins Lourenço Mestrando Ponta Delgada 2008 2 Resumo: Desde 1970 que a Bioética vem fazendo um percurso invejável de afirmação no «mundo» dos conflitos humanos. Este processo tem, até hoje, dois momentos cruciais de afirmação. A Institucionalização que se dá, por exemplo com o surgimento das comissões de ética e a Formação na área da Bioética que vive o seu auge de afirmação nas universidades. As Instituições tiveram uma importância extraordinária na emergência da Bioética em 1970. Os factos denunciados após a 2ª Guerra Mundial, têm nas Instituições a possibilidade efectiva de enunciar códigos de princípios fundamentais, importantes para a gestação da Bioética. O Segundo momento de afirmação acontece por volta de 1990 com o enfoque que é dado à Formação na área da Bioética. Esta é estruturante de um saber que se afirma determinante na solidificação de uma prática tão caracterizadora e constituinte da Bioética. Mas emerge no seio da Bioética um terceiro momento de afirmação. Este é uma promessa que anuncia a sua sedimentação no futuro. Trata-se da perspectiva profissionalizante da Bioética que terá no profissional um pilar estruturante do seu edifício. A ideia de que a humanidade, de acordo com o desenvolvimento a que está exposta, não pode prescindir de uma Bioética que responda aos renovados dilemas da vida, val ida a necessidade de correlacionar, em prol da prática, estes três pilares estruturantes que oferecem à Bioética uma presença eficaz no mundo, capaz de apontar caminhos efectivos. A tese aqui apresentada indica a necessidade, cada vez mais evidente, de uma Bioética capacitada para a intervenção na vida. Esta actuação resulta sob a forma de uma prática que permite conduzir os comportamentos humanos. Este “ajudar” que a Bioética oferece ao Homem é também estruturante dela própria, porquanto o seu papel de o rientadora a consolida como um saber capaz de permanecer protector da humanidade. Palavras-chave: Ética; Bioética; Institucionalização; Formação; Profissional Abstract: Since 1970 that Bioethics comes doing an enviable journey of assertion in the "world" of Human conflicts. This process has, until today, two crucial moments of assertion. The institutionalization, which happens with the emergent of ethics commissions and with the creation of a bioethics academic area, which is currently showing its affirmation peak among academic world. Institutions had extraordinary importance in the emergence of bioethics in 1970. The facts denounced after 2ª World War, have in the Institutions the effective possibility of enunciate codes of important and fundamental values for the gestation of bioethics. The second moment of assertion happens during the '90s with the importance given to the creation of an academic area in Bioethics. This is the structural base of knowledge, which is determinant in the consolidation and confirmation of a representative and personifying practice of Bioethics. Nevertheless, a third moment of affirmation emerges from Bioethics. This is a promise that announces its consolidation in the future. This is characterized by the profess ionalizing perspective of bioethics that have in the professional one structural pike of its building. The idea which says that Humanity, according to the development to that is displayed, cannot ignore a bioethics that could answer to the renew dilemmas of life, which validates the necessity to correlate, in behalf of practice, this three structural pikes that offered an effective presence to bioethics in the world, capable of aim to effective ways. The theory herein presented indicates the need, even more evident, of a qualified bioethics for intervention in life. This actuation results under the form of a practice that is going to drive the human behaviours. This "helping" which bioethics offers to Humankind is also base of it own given that its status of adviser strengthen it as a capable knowledge of remaining protector of the humanity. Keywords: Ethics; Bioethics; Institutionalization; Formation; Professional 3 Um saber capaz de conduzir o Homem O surgimento da Bioética data de 1970. No entanto, para alguns especialistas, o seu aparecimento pode colocar-se aquando do surgimento do código de Nuremberga em 1947, após o termo conturbado da 2ª Guerra Mundial. É ai que se encontram os primeiros acontecimentos problemáticos que a Bioética irá reflec tir e que perdurarão no percurso desta como âmbito de estudo privilegiado das questões que envolvem o percurso evolutivo do homem, porquanto esta permanece devota a questões relacionadas com a experimentação humana. Em 1962, com a fundação da God’s Committee, a Bioética encontra a sua primeira operacionalização e a necessidade de uma intervenção fundada numa reflexão ética efectiva. A este aspecto juntamos a sua apetência para a intervenção concreta nos assuntos da vida humana quando está posta em causa a sua perdurabilidade natural. Se Hellegers, obstetra holandês da universidade de Georgetown, em Washington, quis dar à Bioética um rumo orientado para uma ética biomédica, Van Ronsselaer Potter, oncologista da Universidade de Wisconsin, já a pensava como uma disciplina preocupada com a sobrevivência humana. Potter designa a Bioética como uma ciência complementar das ciências biológicas, ciência dos sistemas vivos, capaz de, pelo conhecimento dos sistemas de valores humanos, melhorar e promover a qualidade de vida do homem. Esta, com Potter, é já uma Bioética global pelo facto de estar atenta a questões que não só se restringiam ao homem na sua individualidade e como ser solitário, mas o pensavam, também, numa perspectiva de relacionamento com o meio ambiente envolvente que posto em causa pela evolução da ciência colocava em risco a própria preservação da vida humana. A Salvaguardar da dignidade da pessoa humana não pode ser entendida sem o seu comprometimento com o contexto ambiental em que cada Ser Humano se encontra inscrito. Só com uma preocupação abrangente do Homem e do ambiente que o rodeia está efectivamente protegida a sua integridade e singularidade e desta forma protegida toda a humanidade. A preocupação interventiva da Bioética, nas questões da vida, torna-a eficaz na actuação que tem nas diferentes perspectivas em que se expressa a humanidade, quer seja individualmente ou colectivamente. É necessário fazer uma reflexão que esclareça a necessidade, ou não, de uma Bioética que, com a sua capacidade analítica e reflexiva, possa vir a justificar a necessidade de técnicos que estejam ao serviço de uma Bioética com capacidade temporal e espacial sem limites, que hoje se verifica pelo facto de os que trabalham a Bioética não serem permanentemente dedicados às questões a que a mesma empresta o seu empenho. Esta reflexão levar-nos-á para a tarefa de fundamentação de uma 4 nova área de actuações, associadas a personalidades concretas com conhecimento específico. Estes novos profissionais terão a seu cargo a capacidade prática de uma aplicação da ética na vida, nos âmbitos dos múltiplos espaços em que a Bioética cada vez mais encontra um lugar onde permanecer, se desenvolver e actuar. Urge assumir a construção de um novo apoio para a Bioética, colocando-se esta sobre uma tríade que se completa com a profissionalização que no futuro, conjuntamente com a institucionalização iniciada nos seus primórdios e com a formação que hoje acontece, a vaisolidificar como uma disciplina interventiva e eficaz no seu campo de actuação. Os seus momentos de maior afirmação: a institucionalização e a formação são aliados a um terceiro pilar que emerge, a profissionalização. A Bioética assumiu-se como uma reflexão que inclui pensar-se a si mesma, olhando-se criticamente, além de se preocupar com a definição dos conceitos que lhe servem de base, quer à sua fundação, distinguindo-a da Ética, quer naquilo em que procurar nesta como reforço certo, consistente e fundamental para a sua estruturação. A Bioética assume-se como uma «filha» da Ética nos fundamentos e nos princípios, mas distancia-se dela na visão prática que sugere quanto coloca esses princípios ao serviço de uma praxis concreta com aplicação na vida. A distinção entre a Ética e a Bioética, que não deve divorciar ambas do denominador comum que possuem - os princípios fundamentais -, evidencia uma aplicação dos fundamentos originários para uma Bioética capaz de fazer erguer um edifício sólido, onde as pistas para uma orientação dos que procuram nos alicerces da filosofia, uma validade e verdade lógicas que corroborem as condutas humanas, não deixem a Ética fora deste percurso de decisões da nova disciplina, tal como afirma M. Patrão Neves: “A Bioética poderá ser no futuro a verdadeira ciência da preservação da identidade do Homem e da sobrevivência da vida, se persistir em ser uma ética, um aprofundamento do sentido do bem ou do dever na acção humana”.1 A fundamentação da Bioética como uma disciplina autónoma, com critérios específicos que a distinguem das outras reflexões, passa pe la ideia de que existem valores como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, a integridade da pessoa e o seu direito à liberdade e segurança, que devem ser preservados e defendidos pela actuação atenta e constante de uma Bioética exigente e sentinela. Esta inspecciona, não no sentido de obrigar à acção, mas no sentido de orientar, pelo conselho, em cada homem, e nestes em toda a 1 Patrão Neves, Maria, “A bioética de ontem, hoje e amanhã. Interpretação de um percurso”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora, p. 30. 5 humanidade, a protecção da vida. A Bioética é a possibilidade de uma observância sobre a humanidade, que reclama a si a capacidade de colocar na prática a verificação dos princípios que, pela sua força e significado prático, melhoram a vida humana. Assim, a Bioética é, tal como a Ética, uma Ética fundada nos princípios, mas mais do que isso, ela é uma Ética que se completa na resolução efectiva dos conflitos que se lhe colocam no percurso de uma preservação da existência humana. Este é o fundamento e a verdadeira razão de ser da Bioética. Um saber com aplicação prática na preservação da vida artificializável. Precisamos de uma Bioética autónoma e livre na sua capacidade de decisão, livre da influência, por vezes inoportuna, das outras ciências. Estas devem envolver-se apenas no cumprimento de uma multidisciplinaridade, como conselheiras, na fase da construção das soluções e orientações da Ética da Vida. Falamos aqui de uma autonomia da Bioética com ênfase para a necessidade de uma disciplina que deve ser autónoma tanto quanto ela é a verdadeira guardiã dos instrumentos teóricos e práticos, porquanto visiona em si mesma uma conduta metodológica que exige um percurso orientado e baseado nos originais fundamentos da disciplina. Esta é possuidora de uma metodologia inerente que não pode ser influenciada na sua intimidade pelos outros saberes, ouvindo-os apenas no cumprimento da multidisciplinaridade que a enriquece e completa. A Bioética para se afirmar como saber tem de ser independente nos seus fundamentos e ter no seu percurso existencial um conjunto de pilares que a sustenham e estruturem como um edifício seguro de conhecimentos. A imagem heterónima da Bioética está na sua face universalista. Esta universalidade é conseguida com a ajuda das outras disciplinas como a Biologia ou a Medicina, entre outras, com especial relevo para o Direito que permite à Bioética acertar as liberdades individuais numa melodia de necessidades que exercem o seu ruído em prol de um bem comum que se vai construindo constantemente, como refere o texto de M. Patrão Neves: “referimo-nos à «Bioética global» como diálogo entre todos os «linguajares» de uma mesma língua que, acolhendo uma variedade de regionalismos, se mantém dinâmica e se enriquece; referimo-nos à «Bioética global», afinal, como a harmonia perfeita de uma exuberância de sons, como uma Bioética polifónica”.2 A Bioética hoje é tão global quanto local. No cumprimento da sua característica prática ela é essencialmente local, porquanto é nos espaços restritos que ela se assume com uma capacidade interventiva em situações concretas que se lhe colocam. Chamemos- lhe Bioética «Glocal». Ela reflecte a acção localizada do homem, oferecendo- lhe a possibilidade 2 Patrão Neves, Maria, “Bioética e Bioéticas”, in Maria do Céu patrão Neves e Manuela Lima (Coord.), Bioética ou Bioéticas. Na Evolução das Sociedades, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2005, p. 308. 6 de uma manifestação em consonância com o todo humano universal. Hoje, fruto de uma evolução natural, a Bioética assume-se como glocal porque parte da experiência dos casos concretos e localizados nos homens individualmente inseridos numa dada comunidade para a abrangência de um conjunto de condutas uniformizadas que devem ser estendidas a toda a humanidade. Ela é a imagem da nova universalidade, tentando responder com a sua capacidade de deliberação nos conflitos humanos à falta de um universal ético que, após o fracasso da razão prática, deixou o homem órfão de um fundamento capaz de estruturar a vida na sua completude. Ela não tem, nem é desejável que tenha, o monopólio das soluções para os problemas como saber solitário, mas na pluralidade ela consegue assumir-se como um novo universal ético que é tridimensional e que se funda na relação trina dos seus valores. Aqui a dinâmica criada entre os valores como um agregado e fundamento da prática Bioética, a confiança que deve existir entre os que discutem os problemas e procuram as soluções e a comunicação que deve ser procurada como enfoque de entendimento dos intervenientes do diálogo Bioético, são fundamentais na construção dos consensos que dão consistência e corpo à própria Bioética. Este processo é plural na medida em que faz passar as suas decisões por um tribunal multi-disciplinar que lhe dá credibilidade, porquanto esses saberes implicados podem trazer «luz» e eficácia à decisão e permitem na relação dos vértices referidos atingir o consenso que é conteúdo estruturante da Bioética. 1. A Institucionalização A Bioética tem um dos seus maiores momentos de afirmação nas instituições. Estas são o primeiro momento de consolidação da Bioética. Este facto co loca-nos na senda de uma pequena reflexão sobre estes organismos fundadores que nos ajudam a perceber a sua importância como alicerce seguro da Bioética. As instituições dão-nos a imagem da Bioética no mundo, dos espaços que ocupa e dos seus níveis de actuação. As instituições vieram mostrar, de uma forma evidente, que a Bioética vem assumindo uma intervenção consequente, pela tentativa sempre evidenciada de se mostrar interventiva no mundo, para além do exclusivamente humano, projectando-nos para múltiplas áreas de acção e actuação. As instituições impedem a visão por vezes redutora de que a Bioética se circunscreve unicamente à reflexão de questõescentradas no ser humano tanto quanto elas são o melhor exemplo de que o objectivo da bioética suplanta a reflexão quando orientada para a resolução de um problema concreto e nos testemunham uma ambição de uniformização que só as instituições foram capazes de oferecer e permitir á Bioética. São 7 as instituições que nos possibilitam um contacto com uma Bioética que se ocupa dos problemas referentes às grandes questões da vida, na sua cada vez mais evidente condição universalizante das condutas humanas. No momento da sua Institucionalização a Bioética torna-se um saber com sedes próprias, com capacidades reforçadas de intervenção que o poder institucional lhe imprime e que podem ser de cariz local, regional, nacional ou internacional, porquanto actuam em campos de dimensão diferentes, mas sempre com os olhos postos numa uniformização de procedimentos que vai caminhando da experiência do particular para o global. Elas são o momento fulcral de uma Bioética que ganha força e capacidade para intervir nos mais diversos campos da condição humana quando estão postos em causa aspectos referentes à preservação da vida. A institucionalização da Bioética permite que esta fale a língua das diversas nações, pois não sendo as organizações apenas de cariz local, regional ou nacional permite globalizar os procedimentos com maior amplitude. Desta forma, caminha-se para a universalidade das normas e dos princípios. Porém, não podemos esquecer que a linguagem da Bioética pode encontrar na diversidade uma dificuldade de comunicação em virtude da multiplicidade de línguas que é tão característica da Bioética, mas é ai que ela ganha o valor plural que lhe imprime a possibilidade de realização do seu objectivo de excelência, a universalidade. As instituições permitem à Bioética a fundação do seu primeiro pilar de afirmação. Elas são o arquivo de consensos que mundializam e globalizam os procedimentos. As instituições, quer as nacionais que zelam pela implementação da Bioética local e regional, quer as internacionais que têm a missão de universalizar os procedimentos, são as únicas formas de conseguir uma partilha global de valores, porquanto na sua força crescente levam a um maior número de homens o mesmo conjunto de fundamentos. Vejamos o pensamento de M. Patrão Neves sobre esta perspectiva universalista que retirei de um artigo da autora sobre a importância e pertinência de uma Bioética que se afirma, no seu percurso, cada vez mais, como uma Bioética Global. “A Bioética é a “voz”, por excelência, do cuidado e da solicitude de cunho humanista face aos progressos biotecnológicos, cujos efeitos se exercem sobre o homem, individual e socialmente considerado, como sobre os demais seres e habitats. Esta “voz”, no seu “linguajar”, soa diferentemente em diferentes comunidades culturais, em afastadas regiões geográficas, ecoa com um distinto sotaque ou até segundo um dialecto local. É uma mesma língua que se vai falando de modo diverso”.3 3 Patrão Neves, Maria, “Bioética e Bioéticas”, in Maria do Céu patrão Neves e Manuela Lima (Coord.), Bioética ou Bioéticas. Na Evolução das Sociedades, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2005, p. 286. 8 As instituições são o primeiro momento de afirmação da Bioética no seu percurso. Estas trazem consigo um formato de actuação que, permitindo um enquadramento das questões e facultando instrumentos, vão possibilitar o a lcance do objectivo tão perseguido pela Bioética que é a universalização. As instituições são consensuais nos seus procedimentos e na realização dos seus objectivos e este é um instrumento de que a Bioética não deve prescindir. O pensamento Bioético tem, nas instituições, a forma de fazer valer um conjunto de procedimentos sob a forma de normas, fruto de uma reflexão que, sem estas, não se uniformizariam. Exemplos são as organizações não governamentais que exercem um papel determinante na afirmação da Bioética dos dias de hoje. A Bioética tem a sua primeira afirmação em instituições que promovem a elaboração de declarações consensuais, capazes de avaliar, orientar e corrigir procedimentos. Não podemos esquecer a importância que teve a declaração de Helsínquia (1964) na afirmação da Bioética. Porém esta não teria causado efeito na humanidade se não tivesse sido lançada como uma instituição que obriga a comportamentos de respeito pela condição humana. As instituições são tão importantes quanto são capazes de afirmar os grandes princípios, como o fez a Declaração de Helsínquia. Esta, assumida pela Associação Médica Mundial ou a Declaração de Manila de 1981 do Conselho das Organizações Internacionais das Ciências Médicas, são dois exemplos de princípios condutores das condutas que influenciam a forma de promover a investigação em seres humanos e que, como resultado da reflexão Bioética, resultam numa afirmação evidente de que as instituições são um dos melhores caminhos para «levar a bom porto» os destinos a que a Bioética se propõe. Construir um projecto fundado em valores universais que vislumbram no seu horizonte um prisma de unanimidade, levando um núcleo forte de princípios indispensáveis à maioria crescente das sociedades é um dos primeiros objectivos da Bioética. A Bioética tem nas instituições uma competência reforçada para decidir e avaliar as decisões tomadas. Estas dão à reflexão o seu momento mais crucial de afirmação. As decisões são momentos cruciais para os quais se constituem as instituições. São de uma importância afirmativa da Bioética, além de que uma decisão é sempre uma forma de intervenção concreta quando aplicada. Diz-nos M. Patrão Neves que “o processo de institucionalização da Bioética é, pois, fundamental não apenas pelo seu contributo para a estruturação da Bioética, mas sobretudo pela sua promoção de espaços de discussão de dimensão comunitária em que se atende à 9 peculiaridade que os problemas assumem nessa unidade social e em que se privilegiam e preservam os valores dessa mesma comunidade”4. 2. A Formação A necessidade de uma reflexão Bioética cada vez mais especializada e organizada, capaz de congregar os elementos adequados a um entendimento que, no seu términus, se pretende seja aplicada na prática de uma solução efectiva, lança a Bioética na aventura de uma formação e informação que sejam capazes de reunir os elementos certos de um saber que se orienta para a indicação dos comportamentos humanos, quando estão em causa questões relacionadas com o percurso da vida e o homem é chamado a tomar decisões sobre eventuais alterações no seu processo de evolução. A formação tem a seu cargo a reflexão sobre as questões inerentes ao processo bioético e as respectivas respostas, dando-lhes uma consistência e uma riqueza de fundamentos que antes a Bioética não tinha sistematizado. A importância da Bioética nos contextos em que a mesma se inscreve exigiu uma qualidade de actuações cada vez mais exigentes nos desafios que se lhe colocam, levando-a a procurar uma qualidade que apenas a formação lhe pode imprimir. A exigência de respostas difíceis, complexas e múltiplas, fez carecer a Bioética de um conjunto de elementos que têm de ser compreendidos e interiorizados. Estes aspectos vão lançar a Bioética na construção do seu novo pilar estruturante, a Formação. Na página de apresentação do curso de mestrado em Bioética da Universidade dos Açores e Universidade Católica Portuguesa pode ler-se que “ao mesmo tempo importa considerar que a Ética da Vida é um domínio da reflexão e da prática relativamente recente em que a formação superior só há escassos anos se iniciou em algumas universidades portuguesas, pelo que se verificauma notória escassez de recursos humanos com competência neste domínio. Estes dois factores têm contribuído para a proliferação de algum amadorismo que importa contrariar com formação específica a nível pós-graduado.”5 Até hoje, fruto de uma falta evidente de formação na área da Bioética, as instituições fazem valer um conjunto de opções e de orientações que, sendo fruto de uma articulação de saberes múltiplos, ficam aquém do desejável por falta de reflexões rigorosas que sejam capazes de fornecer ao Homem um conjunto completo de elementos que justifique as suas decisões. Só um conhecimento correctamente formado de argumentos devidamente 4 Patrão Neves, Maria e Serrão, Daniel, “A institucionalização da Bioética”, in Maria do Céu Patrão Neves (Coord.), Comissões de Ética. Das bases teóricas à actividade quotidiana, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2002, 2ª edição, p. 65. 5 Disponível em http://www.dhfcs.uac.pt/cursos.php e acedido a 20 de Janeiro de 2008 10 solidificados num saber organizado é capaz de fornecer ao discurso multidisciplinar os argumentos que este necessita para relacionar a sua reflexão e práticas éticas. Este é, afinal, o facto que lança a Bioética na procura de um aprofundamento dos seus fundamentos como uma aprendizagem. Não há dúvidas que, fruto de uma aplicação de um saber penetrante, as soluções são gradualmente mais adequadas. A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, documento da Unesco que foi recentemente sancionado, faz recomendações específicas acerca e sobre a relevância da formação em Bioética. Efectivamente só com uma formação coesa e alicerçada que permita a utilização dos fundamentos da Bioética, se poderá facilitar a actividade "profissional" da mesma de forma estável. A Bioética afirma-se, numa segunda fase da sua história, através da formação. Esta começa por ser uma formação de teor ético-profissional. Ainda antes de surgirem os cursos aprofundados de Bioética, já se sabia da sua importância como disciplina capaz de motivar uma reflexão crítica dos alunos, facilitando-lhes uma prática mais consistente e coerente. Junta-se, depois, um segundo nível de formação que inclui todas as áreas profissionais, formando os mesmos nos princípios capitais da Bioética. Hoje, tomou-se como inadiável colocar a Bioética nos currículos das diversas áreas das academias e não apenas nos cursos das áreas da saúde como vinha acontecendo. Muitas escolas profissionais e universidades têm à disposição dos académicos a disciplina de Bioética, de forma que a mesma pode aparecer incluída na estrutura de diversos cursos. A Bioética afirma-se pela formação ocupando, cada vez mais, um lugar de relevo nas academias como um saber novo e prometedor. Hoje, a formação de qualquer agente ou "profissional" deve incluir uma capacidade interventiva que lhe é dada pelas competências técnicas, mas também éticas que lhe facultam uma habilidade no agir de acordo com condutas adequadas que a Bioética assumiu como uma missão desde o seu início e que uma boa formação ajudam a consolidar como uma mais-valia para a sociedade cada vez mais impregnada de questões sobre a condição humana. A Bioética é um saber que toca todas as regiões da ciência e pode oferecer instrumentos valiosíssimos de actuação. São poucas as profissões que não necessitam de orientações para a sua actuação em virtude dos contactos derivados e relacionados das relações humanas. Mas se o lugar por excelência da Bioética está nas universidades onde o contacto com o exercício da reflexão e da crítica é fomentado a todos os níveis, não é menos importante que a mesma venha a ocupar um lugar nas escolas do ensino médio e secundário no qual os cidadãos começam a despertar para a consciência de uma responsabilidade social humana que 11 obriga, desde ai, a uma tomada de decisões para as quais muitos cidadãos não estão preparados. Além disso muitos não ultrapassam esta fase de instrução o que justifica uma presença da Bioética neste percurso educativo das suas vidas. A Bioética tem vindo a ganhar uma importância muito expressiva que a lançou na aventura indeclinável do novo empreendimento que é a formação. Se os princípios da Bioética são basilares para a formação do homem concreto, porque lhe fornece uma possibilidade de compreender a realidade numa perspectiva inter-disciplinar e multi-disciplinar, então o contacto com este novo saber, prepara, sem dúvida alguma, os homens para a capacidade de serem intervenientes na sociedade das relações humanas. 2. O "Profissional" A Bioética traz ao campo da filosofia a mais valia da capacidade reflexiva que passa da teoria à prática. Ela é uma prática que mostra a necessidade de um "profissional" que a saiba, com profundeza, pôr em prática em prol dos homens as soluções aos problemas que estes colocam à Bioética. Esta precisa de alguém a quem se reconheça a competência singular para resolver problemas e conflitos. A defesa deste facto coloca-nos, desde logo, perante a necessidade de responder com clareza à questão: Que conflitos solicitam a presença de um "profissional" como o Bioeticista, com o seu saber? Sem que tenhamos dúvidas sobre a existência de grandes questões, podemos partir para a procura das soluções e tentar perceber que tipo de respostas pode um Bioeticista oferecer que validem a sua actuação e atestem que ele é necessário. Não é difícil responder a qualquer das duas questões. Verdadeiramente o Bioeticista pode oferecer uma resposta. Os que têm assumido esta postura até hoje têm sido gradualmente, e fruto de uma cada vez melhor formação na área da Bioética, capazes de dar excelentes respostas. Feita esta pequena reflexão sobre os principais preceitos e aludida a fundação da disciplina, partimos para a tentativa de justificação da personalidade da Bioética na pessoa do “profissional”, inventariando alguns dos motivos da sua justificação. A Bioética deve oferecer a explicação do novo conceito introduzido (do Bioeticista), tentando encontrar a sua justificação como defensor de um novo âmbito de saber reflexivo e prático, assim como da determinação do carácter de quem tem a missão de promover e trabalhar a Bioética. É muito visível a falta de um "profissional" capaz de reflectir e estudar com uma competência para actuar equivalente à das ciências humanas: de prever e evitar conflitos, promover estudos e doutrinar no sentido da construção de um saber capaz de ajudar o homem 12 a viver melhor. O Bioeticista é capaz de analisar os problemas com vista a uma prática que apresenta hipóteses e alternativas reais de resolução dos mesmos. Este é capaz de mergulhar nos aspectos palpáveis da vida, entendê- los e estudá- los, fomentando uma prática efectiva e concreta com aplicação rigorosa em cada situação particular. Quem é este “profissional” que tem a seu cargo a missão específica de trabalhar a Bioética promovendo o conhecimento e, sobretudo, implementar a reflexão e prática Bioéticas? Caber-lhe-á a difícil, mas aliciante, missão de, com uma metodologia efectiva, pôr em prática a acção concernente a uma resolução dos problemas, mais ainda, de conjugar os saberes intervenientes nessa mesma tarefa de reflexão e prática filosófica. O Bioeticista deve ser entendido como um "profissional" no qual se encontram os instrumentos necessários a uma prática justificada pela necessidade efectiva de resolver conflitos, mas também a missão de conciliar os saberes que são necessários a cada situação para o exercício efectivo da prática Bioética. Este terá a missão de ligar e relacionar a consciência de cada homem com a ideia de uma percepção global que se universalizano homem concreto e o torna próximo dos outros nas condutas e nas acções. Podemos concluir da necessidade de um Bioeticista, tanto quanto somos convencidos de que há uma necessidade da sua actuação e de que apenas este, com os utensílios próprios da Bioética é capaz de empreender as tarefas relativas à resolução dos conflitos que se colocam a cada um de nós em concreto e individualmente. Há efectivamente uma forte ligação entre a Bioética e o homem, e este pela sua interferência gera conflitos que precisam de ser orientados, o Bioeticista ganha um espaço de actuação na criação de consensos de uma forma premente e durável. Esta consciência de problemáticas conflituosas exige a presença efectiva e permanente de um "profissional" disponível para a promoção de convergências entre os interesses comuns do homem concreto com os seus grupos e destes com toda a humanidade. A Bioética é desejável na medida em que ela possui a dupla capacidade de reflexão e de prática que permite uma intervenção consistente na resolução dos problemas éticos que perturbam o homem, mas se a sua força depende da sua aplicação, não dependerá menos da forma como se aplica. Nesta medida podemos aceitar a constatação de que falta à Bioética um consignatário dos princípios e dos instrumentos que devem ser aplicados com o rigor e o método que vem sendo exigido e que culminará numa nova profissão. Da institucionalização e formação da Bioética somos lançados na aventura da sua "profissionalização”. A existência das Instituições e da Formação na área da Bioética exercem uma pressão “natural” sobre a necessidade de um "profissional" que seja capaz de lançar a 13 reflexão sobre aquilo que os homens individualmente, e em grupo, vão perguntando sobre o percurso do seu desenvolvimento em estratégias de intervenção na vida. O Bioeticista, deverá ser um "profissional", não pode esquecer os seus fundamentos teóricos. São estes que vão ser colocados na prática ao serviço da resolução de problemas. A Bioética é capaz de dar respostas a algumas inquietações humanas, individuais e colectivas. O Bioeticista é capaz de colocar, com uma visão mais adequada, a Bioética nos contextos dos diálogos que têm sido fomentados. Este “profissional” é o detentor de um saber que sabe jogar na discussão os princípios de uma Ética aplicada na prática quotidiana. Os profissionais das diversas áreas, que hoje são chamados a intervir no processo de reflexão bioético demonstram, na maioria das vezes, falta de compreensão das questões que lhes são colocadas. Este facto dá força à ideia de que urge fundar a «profissionalização da Bioética», porquanto embora esta seja definitivamente um saber multi-disciplinar, precisa de um rigor de actuação que não se verga à ignorância sobre os princípios que tantas vezes se encontram ausentes da reflexão. Há um espaço para todos os profissionais das diversas áreas de actuação na vida, mas esta não pode ficar à mercê da falta de capacidade que muitas vezes se tem notado nas reuniões das comissões que são constituídas. Até hoje as decisões das comissões de ética, instituições por excelência da área, são tomadas por diversos indivíduos de áreas profissionais diferentes e distintas. Não haverá, com toda a certeza, uma norma que defina com exactidão as áreas de que devem ser oriundos esses profissionais, mas verifica-se que os mesmos são das áreas intervenientes no contexto das acções em estudo. Não discutindo a eficiência que se tem vindo a demonstrar pela actuação destas comissões, é claro que faz falta uma formação concreta que tem dificultado, muitas vezes, a tomada de decisões. Este aspecto é dos que mais força imprime ao facto de cada vez ser mais evidente a necessidade de “profissionais” que, mais do que substituir, sejam uma valia indispensável a adicionar a estes grupos de trabalho que se devem manter multi- disciplinares, como é privilégio da Bioética. Estes devem levar para a discussão o saber da Bioética como fazem os outros profissionais nas suas respectivas áreas de actividade "profissional". O Bioeticista é detentor de uma sabedoria prática capaz de “colocar cada caso concreto sob a luz dos princípios e das regras da ética”6 Se as decisões éticas são tomadas em reuniões onde estão vários profissionais de distintas áreas, é importante que no futuro os “profissionais” da Bioética sejam exigidos na constituição destes grupos de reflexão. O 6 Renaud, Michel, “Novas perspectivas sobre a ética e a moral”, in Maria do Céu Patrão Neves (Coord.), Comissões de Ética. Das bases teóricas à actividade quotidiana, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2002, 2ª edição, p. 18. 14 Bioeticista afirma-se num saber que é motivador e construtor de juízos pela sua capacidade de conciliar os outros saberes no sentido de uma coerência que seja capaz de gerar unanimidade e prescrever consensos. O Bioeticista é aquele que é capaz de transformar a ética numa prática com aplicação efectiva. Se profissionais de outras áreas do saber são capazes de conferir resposta às nossas questões originais e têm capacidade de o fazer quanto maior a sua formação, não é difícil vislumbrar o quanto seriam mais seguras e acertadas as respostas, se fruto de uma reflexão por parte de quem detém o conhecimento próprio na área da Bioética e lhe vai juntado o treino da sua experiência crescente. A inevitabilidade dos novos espaços de actuação A Bioética é um núcleo forte, reduto depositário de princípios e de instrumentos, só ela pode procurar os consensos que inspiram a confiança numa universalidade desejável. É a Bioética, cada vez mais, a assumir a função de orientadora de acções que ligam o Homem real ao seu colectivo, capaz de actuar com uma consciência de grupo. A Bioética é essencial como reflexão que antecede a capacidade legislativa do ser humano. Empresta-lhe os valores reflectidos que lhe permite construir um edifício verdadeiramente coeso e sólido de normas que, embora representando os mínimos éticos exigíveis, são representativos de uma possibilidade prática de orientar as condutas humanas individuais, mas em sintonia com a humanidade completa. Não estão longe, no tempo e no espaço, as novas formas de actuação da Bioética. Os três pilares aqui descritos dão-nos uma imagem de evolução ininterrupta que caminha a passos largos para novos modelos de instalação da Bioética no mundo. Referimo-nos à constituição de Gabinetes de Apoio Bioético, Comissões de Consultadoria, Escritórios de profissionais habilitados, embora oriundos de áreas académicas distintas, todos capazes e aptos a oferecer à comunidade a credenciação e certificação dos seus serviços. Estão já no nosso imaginário as empresas, talvez inicialmente públicas, mas no futuro mais longínquo também privadas, de consultadoria na área da prática Bioética. As empresas públicas e privadas relacionadas com a área médica, do ambiente ou sector de alimentação (clínicas privadas, laboratórios, empresas de higiene e produtos alimentares, entre outras), demonstram, já hoje, uma grande necessidade de credenciação dos seus serviços, porquanto lhes encontramos falhas de actuação, nomeadamente no comportamento com os seus clientes, 15 que precisam de ser urgentemente resolvidas. Mas outros âmbitos virão no futuro a aderir à inevitabilidade de uma Bioética que cada vez mais se assume como global e globalizante. Este princípio está expresso no pensamento de M. Patrão Neves quando nos diz que “a Bioética designa hoje uma realidade em transformação que não se prende mais unicamente a questões do foro subjectivo (individual) ou relacional (intersubjectivo), mas incide igualmentenas que se reportam á articulação do homem singular e da comunidade a que pertence (do pessoal para o social e o institucional), e se vai abrindo á consideração de todas as formas de vida (do humano à biosfera), não apenas do ponto de vista médico ou mesmo ambiental, mas também do ponto de vista jurídico, político e económico (da Bioética para o biodireito e para a biopolítica)”.7 A humanidade não poderá viver no futuro sem a Bioética e sem as instituições que lhe dão força, mas também sem o Bioeticista que fruto de uma formação consistente seja capaz de servir os desígnios de uma humanidade que evolui e precisa de uma voz sonante capaz de conduzir as suas acções. 7Patrão Neves, Maria, “A bioética de ontem, hoje e amanhã. Interpretação de um percurso”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora, p. 29. 16 Bibliografia: CARDOSO, Augusto Lopes, “Biodireito”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora: 323-327. MELO, Helena Pereira de, “A influencia das comissões de ética na feitura das leis. O exemplo português”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora: 333-348. PATRÃO NEVES, Maria e Serrão, Daniel, “A institucionalização da Bioética”, in Maria do Céu Patrão Neves (Coord.), Comissões de Ética. Das bases teóricas à actividade quotidiana, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2002, 2ª edição: 65-72. PATRÃO NEVES, Maria, “A bioética de ontem, hoje e amanhã. Interpretação de um percurso”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora: 20-30. PATRÃO NEVES, Maria, “Bioética e Bioéticas”, in Maria do Céu patrão Neves e Manuela Lima (Coord.), Bioética ou Bioéticas. Na Evolução das Sociedades, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2005: 285-308. RENAUD, Michel, “Novas perspectivas sobre a ética e a moral”, in Maria do Céu Patrão Neves (Coord.), Comissões de Ética. Das bases teóricas à actividade quotidiana, Coimbra, Gráfica de Coimbra, 2002, 2ª edição: 15-26. SILVA, paula Martinho da, “Bioética e organizações internacionais”, in Luís Archer, Jorge Biscaia, Walter Osswald e Michel Renaud (Coord.), Novos Desafios à Bioética, Porto, Porto editora: 328-332. Universidade dos Açores, Mestrado em “Ética da Vida”, “apresentação”, disponível em http://www.dhfcs.uac.pt/cursos.php e acedido a 20 de Janeiro de 2008.
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