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Ficha Técnica Título: Qualidade no Atendimento ao Público Propriedade: Associação Diogo de Azambuja Editor: Associação Diogo de Azambuja Autor: Elsa Maria dos Santos Marinho Consultor: Maria Margarida Santos Silva Pinto d’Almeida Coordenação: Ana Maria Figueiredo Catarino 1ª Edição Design e Produção Gráfica: Tiragem 700 exemplares Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu Página 1 Área de Formação: 346—Secretariado e Trabalho Administrativo Curso: Qualidade no Atendimento ao Público Nível de Formação: Nível III Componente de Formação: Sócio-Cultural, Científico-Tecnológica e Prática Simulada Unidades de Formação: Módulo 1 – Função Atendimento Módulo 2 – Qualidade no Atendimento Módulo 3 – Pontos Essenciais no Atendimento Módulo 4 – Comunicação Interpessoal Módulo 5 – Atendimento de Reclamações Módulo 6 – Técnicas de Atendimento ao Público Duração: 39 horas Página 3 Página 4 Introdução 7 Capítulo 1—Função Atendimento 15 Capítulo 2—Qualidade no Atendimento ao Público 27 Capítulo 3—Pontos Essenciais no Atendimento ao Público 37 Capítulo 4—Comunicação Interpessoal 49 Capítulo 5—Atendimento de Reclamações 65 Capítulo 6—Técnicas de Atendimento ao Público 79 Exercícios e Actividades 91 Materiais de Apoio 123 Avaliação 131 Resolução dos Exercícios e Actividades 135 Índice Bibliografia 142 Página 5 Introdução Página 9 Introdução I.1 Enquadramento O presente Manual representa o trabalho desenvolvido pela Associação Diogo de Azam- buja no âmbito do Projecto ADA-DC-TIC—Desenvolvimento de Competências e Tecnologias da Informação e Comunicação, financiado através da Acção-tipo 4.2.2.2. – Recursos Didácticos, Tipologia de Projecto 4.2.2.—Desenvolvimento de Estudos e Recursos Didácticos, Medida 4.2— Desenvolvimento e Modernização das Estruturas e Serviços de Apoio ao Emprego e Formação do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS). O nosso ponto de partida para este projecto foi o reconhecimento de que o enfoque no mercado ainda é a chave do sucesso para muitas empresas que o utilizam para sobreviver num ambiente competitivo e globalizado. Esta estratégia visa obter não só “clientes fiéis”, mas sobretudo “clientes leais”, ou seja, se a fidelidade é o consumo exclusivo e efectivo de um pro- duto, a lealdade é a preferência de consumo obtida pela efectiva satisfação e identificação do consumidor com o serviço ou produto. É imperioso que as empresas acompanhem o ritmo de mudança, e para tal, é necessário um processo de comunicação que seja ágil e efectivo. Ouvir o que os clientes e funcionários têm a dizer é o segredo desse processo. Quanto aos clientes, existem cinco questões que as empresas devem fazer para chegar a uma estratégia de quali- dade que produza resultados excepcionais: Quais são as necessidades e expectativas dos clientes? O que é mais importante nessas necessidades? Como os clientes avaliam o serviço? Como a empresa é avaliada pelos concorrentes? O que pode a empresa fazer para superar as expectativas? Muitas das mudanças ocorridas ultimamente alteraram o contexto económico para sempre, nomeadamente: o crescimento económico mais lento; a intensificação da concorrên- cia; a estrutura demográfica em rápida transformação e o avanço da tecnologia e da globaliza- ção. Estudos feitos em empresas consideradas vencedoras neste ambiente inconstante, per- mitiram identificar sete pontos comuns, que ao agirem conjuntamente, possibilitam gerar uma organização bem integrada, capaz de proporcionar uma alta qualidade de produto e serviços. Esse sete pontos em comum são: criar uma visão que preserve o cliente; saturar a empresa com a voz do cliente; aprender com os vitoriosos; defender os clientes; derrubar as barreiras ao desempenho conquistador de clientes; medir constantemente; cumprir com o dito. Os recursos didácticos desenvolvidos – Manual Técnico do Formador, Manual de Apoio à Formação (Manual do Formando) tencionam promover simultaneamente e de forma acessível a todos os interessados o acesso a conhecimentos específicos no domínio da Qualidade no Página 10 Introdução Atendimento ao Público, podendo complementar outros recursos já existentes no mercado nacional. A temática abordada no presente recurso técnico-didáctico é a da Qualidade: muitas vezes deparamo-nos com situações de Qualidade nos diversos serviços muito aquém do desejável, visto que continuamos num nível inferior ao dos nossos parceiros e concorrentes europeus. Esta situação deve-se ao facto da não consciencialização e assumpção de um comportamento diário de exigência e melhoria da qualidade nos serviços. Hoje em dia, o impacto da qualidade é global e os clientes procuram cada vez mais cumulativamente, produtos e serviços de elevada qualidade técnica, a preços competitivos e excelência de serviço. Neste contexto, a concepção deste Manual de Apoio à Formação tem como objectivo apoiar o desenvolvimento de intervenções formativas destinadas a profissionais cujas funções compreendam o contacto directo com o público, fornecendo elementos válidos para a transmissão de conhecimentos essenciais ao processo de atendimento no contexto do tecido empresarial e dos organismos da administração pública. Este manual, em conjunto com o Manual Técnico do Formador, deverá constituir-se como guia de referência durante sessões de formação de profissionais desta área ou como instrumento de desenvolvimento de competências para responsáveis das empresas e organismos da administração pública. I. 2 Público-Alvo Este Manual tem como destinatários finais indivíduos intervenientes em acções de formação, com habilitações literárias mínimas equivalentes à escolaridade obrigatória, activos empregados a cujas funções seja inerente o contacto directo com o público. O nível de qualificação, tanto de entrada como de saída é o III, de acordo com a Estrutura dos níveis de Formação da União Europeia. As áreas temáticas abrangidas por este manual poderão ainda constituir-se como um valioso instrumento de apoio para entidades/ indivíduos na construção de soluções formativas dirigidas a outros públicos, mediante os respectivos ajustamentos visando dar resposta às suas necessidades específicas. Página 11 Introdução I. 3 Objectivos do Manual O presente manual tem como principais objectivos: • Reforçar as competências no domínio do contacto/ atendimento ao público; • Promover a reflexão em torno de práticas de atendimento • Disponibilizar informação sistematizada sob um conjunto de áreas temáticas de interesse actual, tendo em vista uma maior especialização e compreensão dos assuntos abordados; • Apoiar as sessões de formação direccionadas para (potenciais) profissionais a cujas funções seja inerente o atendimento ao público I. 4 Opções Metodológicas A metodologia a privilegiar é de natureza activa sendo preocupação dominante que os formandos participem na procura e constituição do “saber”, procurando-se, simultaneamente, atingir a dimensão do “saber-fazer”. O presente manual deverá ser encarado como um guia, em termos de organização sequencial e lógica dos assuntos, um apoio, como forma de complementar a informação veiculada na sessão de formação, e um instrumento também complementar de aplicação e aferição de conhecimentos e competências pela realização das actividadesnele propostas. Como instrumento de apoio didáctico-pedagógico, o Manual Técnico— Qualidade no Atendimento ao Público, do Formando, enformará uma série de actividades que permitirão operacionalizar dois grandes grupos dos métodos pedagógicos: os intuitivos e os activos. Assim, o utilizador poderá: • Explorar e aprofundar os conteúdos ministrados durante a formação • Desenvolver actividades em grupo • Preparar e apresentar situações de dramatização e simulação Página 12 Introdução I. 5 Percurso Formativo UNIDADE CONTEÚDOS OBJECTIVOS Função Atendimento Aspectos Gerais dos Serviços Função Atendimento como Dife- rencial Competitivo Atendimento como Veículo de Imagem e Profissionalismo Papel dos Clientes Perfil de Serviço • Determinar quais os aspectos gerais que interfe- rem na prestação de um serviço • Encarar a função atendimento como um instru- mento para o diferencial competitivo entre empre- sas e instituições • Determinar qual o papel dos clientes na função atendimento • Identificar as características que enformam um perfil de serviço Qualidade no Atendimento ao Público Diferentes Perspectivas da Quali- dade Características Qualitativas de um Serviço Tipos de Serviço Plano de Qualidade no Atendimen- to • Definir qualidade mediante diferentes perspecti- vas • Caracterizar qualitativamente um serviço • Identificar os quatro tipos de serviços • Definir as fases de implementação de um plano de qualidade Pontos Essenciais no Atendimento ao Público Quatro Pontos Essenciais no Aten- dimento ao Público Medir a Satisfação do Cliente Instrumentos de Recolha de Dados Análise de Resultados e Acompa- nhamento • Identificar os quatro pontos essenciais no atendi- mento ao público • Reconhecer a importância de medir a satisfação dos clientes • Apreender técnicas de construção de instrumentos de recolha de dados Comunicação Interpessoal Processo Comunicativo A Comunicação Interpessal Formas de Melhorar a Comunica- ção Interpessoal Escuta Activa Comunicação Assertiva • Identificar os elementos do processo comunicativo • Determinar os factores que influenciam a comuni- cação • Identificar elementos do processo comunicativo que podem constituir barreira uma a esse proces- so • Distinguir comunicação verbal de não verbal • Determinar de que forma a percepção influencia o processo comunicativo • Apreender técnicas escuta activa e de comunica- ção assertiva Atendimento de Reclamações Lidar com clientes difíceis Argumentar em termos de benefí- cios Reclamações Atender Reclamações • Apreender as técnicas de atendimento de clientes difíceis • Apreender as técnicas de atendimento de recla- mações Técnicas de Atendimento ao Público Atendimento Directo ao Público: Acolhimento Proporcionar informação Filtar clientes Fazer esperar clientes Despedir-se de clientes Atendimento Telefónico: Atendimento de chamadas telefó- nicas Realização de chamadas telefóni- cas • Apreender as técnicas de atendimento directo ao público • Apreender as técnicas de atendimento telefónico Capítulo 1 A Função Atendimento OBJECTIVOS DESTE CAPÍTULO A Função Atendimento Este capítulo foi concebido com o intuito de levar os participantes a: • Determinar quais os aspectos gerais que interferem na prestação de um serviço • Encarar a função atendimento como um instrumento para o diferencial competitivo entre empresas e instituições • Determinar qual o papel dos clientes na função atendimento • Identificar as características que enformam um perfil de serviço Página 17 A Função Atendimento 1.1 Aspectos Gerais dos Serviços As empresas criam valor oferecendo diferentes tipos de serviços de que os clientes necessitam, apresentando as suas capacidades e entregando-as de uma forma agradável e conveniente a um preço justo. Em troca, as empresas recebem valor dos seus clientes. As empresas que mais triunfam são as que conseguem proporcionar maior valor aos clientes. O que é um serviço? Acto ou performance oferecido por uma parte (empresa) a outra (cliente). Alguns dos factores que influenciam os serviços são: • Alterações legislativas. • Privatizações. • Inovações Tecnológicas • Internacionalização e globalização • Pressões para aumentar a produtividade • Melhoria da Qualidade. • Aumento dos negócios de leasing e de aluguer. • Fabricantes fornecedores de serviços. • Diversificação das fontes de financiamento nas organizações públicas e não lucrativas. • Aparecimento de novos gestores (inovadores). Na prestação de um serviço há alguns aspectos essenciais a ter em conta: • Equilíbrio entre oferta e procura: Uma vez que os serviços não se podem armazenar, há sempre o risco de surgir um desajustamento relativamente à procura, isto é, de haver uma oferta insuficiente nos “momentos de ponta” ou sobrecarga de custos fixos importantes na época baixa. • Gestão do pessoal: Nas empresas de serviços, o pessoal que assegura as diferentes prestações é essencial para a avaliação que o cliente faz da sua qualidade e para a satisfação pelo seu consumo, especialmente o que está em contacto directo com os clientes. Página 18 A Função Atendimento • Relacionamento com os clientes: A participação do cliente no processo produtivo leva a que este assuma um conjunto de tarefas que, de outra forma, estariam a cargo da empresa produtora: colabora no diagnóstico de necessidades, contribui para o aumento de produtividade da empresa, controla a qualidade, dá sugestões de melhoria/inovação, divulga o produto junto dos potenciais clientes, etc... • A comunicação: a participação do pessoal em contacto e a participação do cliente na execução dos serviços coloca dificuldades na garantia de uma qualidade de serviço igual para cada cliente. 1.2 Função Atendimento como Diferencial Competitivo O atendimento é o acto ou efeito de atender; a maneira como habitualmente são atendidos os clientes ou utentes de determinado serviço. O atendimento é uma função específica em muitas empresas. Os seguranças, as recepcionistas, os contínuos, os porteiros ocupam-se do acolhimento dos clientes e estão, no geral, num local específico de atendimento e devem ouvir, informar, guiar, explicar e orientar os clientes. No entanto, o atendimento não é só função da recepcionista ou da telefonista, é função de todos e não há pormenores de menor importância nesta função. Através do atendimento transitam não só a comunicação, a informação, como também a acção comercial e a imagem da empresa para a qual trabalhamos. O cliente era na antiga Roma o indivíduo que estava sob a protecção de um patrono (cidadão rico e poderoso); hoje em dia, o cliente é cada um dos indivíduos socioeconomicamente dependentes que fazem parte de uma clientela (conjunto de indivíduos dependentes). O que motiva o comportamento do cliente? Em psicologia, costuma-se afirmar que nenhum comportamento humano é gratuito, isto é, que toda atitude é meramente fruto da busca da satisfação de uma necessidade. Praticamente, vive-se para satisfazer necessidades e a própria dinâmica da vida é consequência disso. Mas as necessidades não são as mesmas nem ocorrem no mesmo período para todos os indivíduos. Página 19 A Função Atendimento Abraham Maslow (1908–1970) sugeriu uma teoria sobre a ordem específica de desenvolvimento das necessidades humanas, em função da história da sua satisfação. Propôs que as necessidades se desenvolvem numa ordem, das “inferiores” às “superiores”. É o que se denomina PIRÂMIDE de MASLOW. Enquantonão encontra satisfação de uma necessidade, o homem irá fixar-se nesse nível e todo o seu esquema perceptivo só se preocupará com as possibilidades de satisfazê-la. Quer dizer, uma pessoa que vive com fome, não concebe bem-estar nem valores antes de satisfazer a necessidade básica. De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança constituem a busca de protecção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As necessidades sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afecto e amor. As necessidades de estima envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. A necessidade de auto- realização é a mais elevada, de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente. Então como garantir a satisfação dos clientes? Leve as coisas pelo lado profissional, não pessoal. Detecte o stress prematuramente e previna-o. Trate cada pessoa como única para conseguir mais cooperação. Trabalhe para satisfação do cliente e não apenas para despachar o serviço. Solucione problemas sem se culpar a si próprio ou aos outros. Pratique técnicas comprovadas. Estimule o feedback contínuo. Figura n.º 1—Pirâmide de Maslow Página 20 A Função Atendimento A excelência no atendimento é muito importante em termos económicos e porquê? Um cliente bem tratado volta sempre. O profissional de atendimento tem 70% da responsabilidade sobre a satisfação do cliente. Nem sempre se tem uma segunda oportunidade de causar boa impressão. O atendimento eficaz dos clientes, aliado à qualidade técnica e preço justo, fortalecem a opinião pública favorável à Empresa. A opinião pública favorável suscita lucros e as boas relações profissionais geram produtividade. Recuperar o cliente custará pelo menos 10 vezes mais do que mantê-lo. Cada cliente insatisfeito conta a sua má experiência a aproximadamente 20 pessoas, enquanto que os satisfeitos contam apenas a 5. A excelência no serviço de atendimento, para que ele se destaque das empresas concorrentes, passa também pela pessoa que faz o atendimento. Esta deve: • Desenvolver a confiança e fidelidade dos clientes • Colocar-se no lugar do cliente (criar empatia) • Saber comunicar • Dominar a tensão • Prestar atenção • Estar sempre atento • Trabalhar bem em equipa • Demonstrar confiança e lealdade • Demonstrar motivação pessoal • Resolver problemas • Manter o profissionalismo • Entender a empresa e o sector • Aplicar conhecimentos e habilidades técnicas • Organizar as actividades de trabalho Página 21 A Função Atendimento 1.3 Atendimento como Veículo de Imagem e Profissionalismo Face ao clima de constante mudança e competição que caracterizam a actividade económica, as empresas e organizações têm que construir uma imagem sólida e credível junto dos clientes. Uma empresa que passe uma imagem positiva dos seus produtos e serviços, do seu modo de organização, dos seus recursos humanos, é procurada por mais clientes e tem tendência a mantê-los fiéis. Mas com o aumento do nível de escolaridade, da oferta e evolução cultural, o público em geral está cada vez mais exigente e ciente dos seus direitos enquanto consumidor, logo, a qualidade do serviço prestado é um factor chave na construção e manutenção de uma imagem positiva. A função de atendimento é uma posição privilegiada para corresponder de forma positiva e com qualidade às expectativas dos clientes, por exemplo, pela transmissão de uma imagem positiva. O profissional de atendimento é a pessoa que tem como funções representar a empresa ou organização onde trabalha junto dos clientes, logo, além da imagem positiva, quem procede ao atendimento deve ser capaz de aplicar as técnicas específicas da actividade que exerce, as técnicas de comunicação e as técnicas de relação interpessoal. Para isso, além da preparação em termos de aprendizagem e formação, o profissional de atendimento deve conhecer a empresa ou organização que representa e criar uma relação especial com o cliente. 1.4 Papel dos Clientes Dentro da actividade geral da empresa, os recursos humanos “elaboram”: produtos, serviços e processos. Os clientes são todos os receptores finais desses produtos, serviços e processos. Podem ser internos: chefe, colegas, ou externos: clientes. Página 22 A Função Atendimento Os clientes possuem uma série de necessidades que deverão ser satisfeitas não só de uma forma correcta, mas também tentando corresponder àquilo que eles esperam receber (expectativas). Enquanto que o cliente externo deseja receber um produto ou serviço como resultado do trabalho conjunto da sua empresa, o cliente interno espera que cumpra a parte desse produto global que lhe incumbe. O cliente externo deve ser tratado como um convidado, logo quem faz o atendimento deve ter um papel de anfitrião. Deve convidá-lo a sentar-se, caso o atendimento não seja feito em balcão, e encarregar-se do seu pedido: “Em que é que lhe posso ser útil?”. Exemplo de um pedido simples: “Tenho uma entrevista com o Sr. João Marques, às 16 horas.” Quem atende deve olhar para a pessoa com um sorriso, tranquilizá-la e tratá-la pelo seu nome: “Sra. D. Maria Teresa, o Sr. João Marques vai recebê-la dentro de dez minutos. Aguarde um pouco por favor.” Exemplo de um pedido que obriga a fazer algumas pesquisas: “Trago-lhe a certidão de nascimento que me esqueci de juntar aos papéis e quero saber se falta mais alguma coisa.” Quem atende deve mostrar ao cliente que está a ouvir, que compreende o pedido, dizendo o que ouviu por outras palavras e com um sorriso. “Quer que verifique se o seu processo está completo, agora que temos a sua certidão de nascimento, não é isso?” O Atendimento ao cliente externo é eficaz quando o cliente sente que o seu pedido está a ser satisfeito, quando tem a certeza de ser tratado com respeito, a garantia de ser compreendido, a convicção de ser ouvido. Seja qual for o motivo do cliente, ele tem necessidade de saber que alguém se ocupa dele, de ser tranquilizado, reconhecido e valorizado. Isto não é simples porque muitas vezes os clientes apresentam os seus pedidos de uma maneira pouco clara e nem sempre empregam bons termos, partem de ideias erradas, são exigentes, apressados. Quem atende deve por isso assumir atitudes que favoreçam o diálogo e fazer com que o outro se exprima mais: ouvir globalmente; reformular o pedido do cliente; fazer perguntas para saber mais; tranquilizar o cliente. Página 23 A Função Atendimento Ainda alguns conselhos a ter em conta no atendimento a clientes externos: evitar as palavras muito técnicas; explicar o que está ou irá fazer para atender ao pedido; simplificar a vida do cliente explicando quais os procedimentos a seguir. Os clientes internos também têm necessidades que devem ser satisfeitas. A seguir apresenta-se uma enumeração das atitudes, comportamentos e acções a ter em conta relativamente ao atendimento a estes clientes: mostra-se disponível; ouvir o pedido; reformular o que se compreendeu; fazer as perguntas certas; evitar as interpretações; tranquilizar (“Estou a ocupar-me disso…”). 1.5 Perfil de um Serviço Um perfeito conhecimento das características do serviço permite avaliar de que forma ele é visto pelos clientes. Analisemos as dez seguintes características de serviços e respectivas considerações: 1. ORIENTAÇÃO PessoalMaterial O serviço prestado é orientado para as pessoas, ou para as coisas (máquinas, equipamentos, tecnologias)? 2. TECNOLOGIA Avançada Menos Avançada O serviço prestado utiliza as novas tecnologias ou ferramentas e sistemas tradicionais? 3. INTERACÇÃO PESSOAL Física Mental Emocional As partes envolvidas no serviço têm umas a ver com as outras? É necessário pensar, analisar e compreender? A interacção comporta reacções ou situações emocionais? 4. LONGEVIDADE Durante quanto tempo é feita a prestação do serviço? Com que frequência? 5. LOCALIZAÇÃO A prestação do serviço tem lugar na empresa? Ou nas instalações do cliente? 6. COMPLEXIDADE Real Aparente O serviço prestado é complexo? Os sistemas e métodos são compli- cados? O cliente apercebe-se dessa complexidade? Para o cliente os sistemas e métodos parecem complexos? 7. ADAPTAÇÃO Há facilidade de ajustar o serviço às necessidades dos clientes? 8. COBERTURA Quantos clientes são atendidos duma só vez? 9. FORMAÇÃO É necessária formação ou aprendizagem para prestar o serviço? 10. SUPERVISÃO É necessária a intervenção de um supervisor? CARACTERÍSTICA CONSIDERAÇÕES Quadro n.º 1— Características de um Perfil de Serviço Capítulo 2 Qualidade no Atendimento ao Público OBJECTIVOS DESTE CAPÍTULO Qualidade no Atendimento ao Público Este capítulo foi concebido com o intuito de levar os participantes a: • Definir qualidade mediante diferentes perspectivas • Caracterizar qualitativamente um serviço • Identificar os quatro tipos de serviços • Definir as fases de implementação de um plano de qualidade Página 29 Qualidade no Atendimento ao Público 2.1 Diferentes Perspectivas da Qualidade Qualidade pode-se definir como a propriedade de um produto ou serviço que diz respeito aos seguintes aspectos: • Grau em que esse produto ou serviço satisfaz as necessidades dos clientes; • A sua idoneidade para a utilização a que está destinado • A inexistência de defeitos, deficiências ou incorrecções; • O nível de agrado com que for recebido pelo cliente. Actualmente todas as organizações, sejam de tipo empresarial, institucional, ou outro, têm como objectivo básico a procura da chamada “qualidade total”, que não é mais do que o alcance, a manutenção e a melhoria da qualidade, controlando-a. O que é melhor? Um CD, LP ou DVD? O CD revolucionou o mundo da música, mas alguns artistas reclamam que o som de um LP é melhor. A tecnologia do CD é agora suplantada pela tecnologia do DVD, que tem uma capacidade de armazenagem 17 vezes maior do que o CD. Se perguntar a 10 pessoas o que é a qualidade, terá dez respostas diferentes. A percepção da qualidade sobre a prestação de um serviço varia de acordo com: A pessoa que presta o serviço Aquele que recebe o serviço prestado O momento e lugar em que esse serviço for prestado Todas estas circunstâncias fazem com que seja muito complicado estabelecer parâmetros que permitam medir a qualidade do serviço prestado. No serviço de atendimento gera-se uma interacção: em todo o serviço há sempre uma relação simultânea entre o agente produtor do serviço e o cliente destinatário desse mesmo serviço. Da mesma forma, a prestação desse serviço será avaliada quase imediatamente pelo cliente. O conjunto das experiências do serviço que os clientes tiveram será constituído pelos seguintes factores: • As atitudes • A comunicação • A relação • O trabalho realizado • Aquilo que for satisfeito Página 30 Qualidade no Atendimento ao Público 2.2 Características Qualitativas de um Serviço É do confronto entre o serviço esperado e o recebido que resulta a qualidade verificada entre o serviço. No meio desta relação encontram-se uma série de factores que é necessário rever, administrar, optimizar e demonstrar que são cumpridos: • Elementos materiais: instalações, aspecto exterior do pessoal, brochuras informativas, recursos informáticos, comunicações escritas, chamadas telefónicas, gestão dos visitantes • Fiabilidade: coerência entre o que você promete que vai fazer e aquilo que realmente faz • Precisão: ausência de erros na sua tarefa • Exactidão: dispor de todos os elementos de resposta • Capacidade de resposta: responder com rapidez, sem problemas nem incómodos para o cliente • Profissionalismo: dispor da preparação e dos conhecimentos necessários para executar o serviço • Cortesia; Atenção; Respeito; Consideração; Amabilidade • Credibilidade, confiança e honestidade: é importante para a empresa e para a sua imagem • Segurança: não deve haver extravios de documentos ou dúvidas na forma de trabalhar; • Acessibilidade: dos meios necessários • Comunicação e Compreensão: poder averiguar o que é que o cliente lhe vai pedir, o que é que o cliente precisa 2.3 Tipos de Serviços O serviço ao cliente comporta duas componentes essenciais: 1. Aspecto processual: consiste nos sistemas e métodos implementados para fornecer produtos e, ou serviços. 2. Aspecto pessoal: é a forma de atendimento dos clientes (atitudes, comportamento e expressão verbal). Página 31 Qualidade no Atendimento ao Público Segundo MARTIN (1999) os serviços classificam-se em quatro tipos: 1) O Frigorífico: este tipo de serviço reflecte uma actuação fraca tanto do plano pessoal como no processual. Esta forma “gélida” de prestar serviços, transmite ao cliente a ideia de “Estamo-nos nas tintas”. 2) A Máquina: representa uma metodologia de serviço eficiente, mas débil na dimensão humana. Esta forma mecânica de prestar serviços transmite ao cliente a ideia de “O Senhor é um número. Estamos aqui para o processar”. 3) O Clube da Simpatia: esta forma amistosa de prestar serviços caracteriza-se por ter um atendimento esforçado, mas falha em termos de processo. Transmite ao cliente a ideia de “Fazemos todo o possível mas não sabemos rigorosamente o quê”. 4) Q.S.C.: representa o SERVIÇO AO CLIENTE, caracteriza-se pelo facto de ter bom método e bom atendimento. Transmite ao cliente a ideia de “Empenhamo-nos no que fazemos e fazemos bem”. 2.4 Plano de Qualidade no Atendimento Melhorar a qualidade de um serviço trata-se de levar a cabo um conjunto de acções que irão trazer benefícios tanto à empresa ou instituição em geral, como ao cliente em particular. Por exemplo a proposta de um novo processo de arquivo mais eficiente e moderno que inclua suportes informáticos. A criação de novos parâmetros que permitam obter mais qualidade é um processo que exige mais recursos técnicos e humanos para ser levado a cabo. Como implementar um plano de qualidade no seu serviço? • Recolha informação sobre o modo como as tarefas são realizadas. Para estabelecer um diagnóstico prévio da situação, reunindo toda a informação necessária. • Decida quais os objectivos a alcançar. • Realize uma planificação estratégica do processo para cumprir esses objectivos. Página 32 Qualidade no Atendimento ao Público • Controle o processo: voltar a recolher informação sobre o modo como as tarefas vão sendo realizadas. Existem algumas orientações para elaborar uma planificação estratégica para cumprir esses objectivos: • Defina quem são os seus clientes; • Identifique as necessidades dos seus clientes; • Identifique o número de pessoas afectas ao atendimento e descreva as funções de cada um; • Liste os aspectos positivos e os negativos da situação de atendimento actual; • Enumere as necessidades detectadas; • Defina medidas/ acções/ estratégias para remediar essas necessidades; • Estabeleça uma data de inícioe fim, uma previsão de custos e um responsável por cada uma dessas medidas/ acções/ estratégias; • Identifique ou elimine funções não desejadas nos produtos ou serviços, mesmo que possuam algumas funções requeridas; • Imponha-se objectivos de desafio: são os mais rigorosos e exigentes, aqueles que correspondem à ideia de melhoria contínua. São aqueles que ultrapassam em grande medida as expectativas do cliente. Capítulo 3 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público OBJECTIVOS DESTE CAPÍTULO Pontos Essenciais no Atendimento ao Público Este capítulo foi concebido com o intuito de levar os participantes a: • Identificar os quatro pontos essenciais no atendimento ao públi- co • Reconhecer a importância de medir a satisfação dos clientes • Apreender técnicas de construção de instrumentos de recolha de dados Página 37 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público 3.1 Os quatro pontos essenciais no Atendimento ao Público Como referido anteriormente, a importância da qualidade no serviço prestado, neste caso no serviço de atendimento ao público, advém do desenvolvimento da indústria de serviços, do aumento da concorrência, do maior esclarecimento por parte dos consumidores e tem um propósito económico, pois além de cativar novos clientes é um meio de fidelizar os actuais. A qualidade no serviço ao cliente enforma quatro pontos: 1º Ponto: Transmitir uma mensagem positiva 2º Ponto: Identificar as necessidades dos clientes 3º Ponto: Satisfazer essas necessidades 4º Ponto: Fidelizar os clientes. Para a garantia e controlo da qualidade é igualmente importante medir a satisfação dos clientes. Veremos mais adiante neste manual como o fazer. Uma atitude é um estado de espírito influenciado por sentimentos, pensamentos e propensões, sendo que a atitude que transmitir ser-lhe-á retribuída. Muitas pessoas falham no atendimento ao público porque não atingem o primeiro ponto essencial: transmitir uma atitude positiva. Esta depende em primeiro lugar da forma como o profissional de atendimento encara a sua função. A imagem pessoal também contribui para transmitir uma atitude positiva. Criar uma primeira impressão boa é essencial, pois existe uma relação directa entre o que pensamos e as nossas atitudes, logo, quanto melhor for a ideia que temos de nós próprios, mais positivos seremos. A sua aparência reflecte o seu profissionalismo? A expressão corporal transmite metade da mensagem que cada pessoa pretende transmitir. Em atendimento, a expressão corporal, movimentos, atitudes, expressões faciais, devem contribuir para transmitir uma mensagem positiva. A cabeça deve-se manter erguida, os braços devem ser movimentados sem afectação, os músculos faciais devem estar relaxados e sorrir naturalmente, os movimentos devem ser controlados e é essencial manter o contacto visual com o cliente. Também o tom de voz, a forma como se diz qualquer coisa, é muitas vezes tão importante como as palavras que se empregam. O tom de voz utilizado no atendimento pode significar a diferença entre o Página 38 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público sucesso e o fracasso. No capítulo 1 referimos as necessidades humanas segundo o esquema de Maslow. Quem faz o atendimento deve conhecer ou saber quais são os anseios, as necessidades, as opiniões e os sentimentos dos clientes. É também importante conhecer o grau de urgência do cliente, por um lado, e saber antecipar-se a essas necessidades, por outro, para que possamos dizer que o serviço é prestado dentro dos padrões de qualidade. Assim, estar atento é a capacidade de perceber aquilo que os clientes querem ou podem querer, mas para isso é necessário ter sensibilidade e ser compreensivo. E o que os clientes pretendem é: • Serem compreendidos • Serem bem recebidos • Sentirem-se importantes • Estarem confortáveis Para satisfazer as necessidades dos clientes, a primeira etapa é identificar e conhecer bem todos os serviços que a empresa ou organização prestam. Reveja… Além do ponto anterior, deve dar assistência e apoio ao cliente, já que são uma forma de mostrar um tratamento diferenciado ao cliente. Ao satisfazer as necessidades dos clientes, o profissional de atendimento deve transmitir mensagens claras, ou seja, deve primeiro repetir a mensagem transmitida pelo cliente para ajudar a eliminar mal entendidos e ao transmitir a sua mensagem fazê-lo com palavras que se percebam com facilidade, tendo em atenção o tom de voz, a postura e a expressão corporal. Claro, que é essencial dizer as coisas certas, isto é, mesmo que a sua expressão corporal tenha transmitido uma boa impressão, é importante seleccionar as palavras certas e adequá-las ao contexto e cliente em questão. Anteriormente, referimos o tratamento diferenciado ao cliente, tratando cada um deles como um caso único, fazendo-o sentir-se importante. Mas os imprevistos muitas vezes podem ser uma forma de pôr à prova a capacidade de atendimento, logo, convém antecipar o que fazer quando há: faltas de energia; falhas do sistema informático; avarias de máquinas; um grande número de clientes e poucos funcionários; faltas de material, etc. Página 39 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público No capítulo 1 foram referidos os motivos pelos quais é importante satisfazer as necessidades dos clientes e um deles refere que, segundo as estatísticas, a atracção de um novo cliente custa seis vezes mais do que assegurar a fidelidade de um habitual. E como se fidelizam os clientes? • Procurando dar resposta às reclamações dos clientes • Estando preparado para dar resposta às suas reclamações mais frequentes • Aprendendo a cativar clientes difíceis • Percebendo as razões porque certos clientes são mais difíceis que outros • Prestando um serviço diferenciado ao cliente 3.2 Medir a Satisfação dos Clientes O ponto de partida para medir a satisfação dos clientes deve ser o estabelecimento de padrões de desempenho e critérios quantificáveis segundo os quais se pode avaliar a satisfação do cliente, utilizando números e informações estabelecidas. A medição da satisfação dos clientes tem como objectivo primeiro aprender a melhorar a qualidade e a aumentar a satisfação do cliente. 1ª Razão: Aprender acerca das percepções dos clientes Os clientes são indivíduos e cada pessoa interioriza as coisas de modo diferente numa mesma situação. As percepções que pode tentar identificar em relação aos seus clientes poderão incluir: o que um cliente procura num negócio como o nosso porque faz negócios na nossa empresa o que pode levá-lo a mudar no futuro quais os seus critérios para um desempenho aceitável da qualidade no serviço o que precisa de receber para se sentir minimamente satisfeito o que podemos fazer pelo cliente para que continue a fazer negócio connosco 2ª Razão: Determinar as necessidades, desejos, exigências e expectativas do cliente As medidas de satisfação do cliente não só devem determinar o que este acha do produto ou serviço, como também identificar o que este necessita e quer de si. É vital que apreenda as necessidades actuais e futuras dos clientes. Página 40 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público 3ª Razão: Diminuir as distâncias Existem muitas distâncias entre os clientes e quem lhes presta um serviço, neste caso os atende, e a única maneira de dilui-las é medindo-as. As mais importantes distâncias verificadas são: • A diferença entre a qualidade do serviço que quem atende pensa estar a prestar e o que o cliente pensa estar a receber. • O diferencial entre a expectativa do cliente em relação à qualidade de serviço e o desempenho real. • A distância entre as promessas e a realidade.4ª Razão: Inspeccionar o que espera poder melhorar a qualidade do serviço e a satisfação do cliente Deve estabelecer padrões de desempenho, um plano de controlo da qualidade. 5ª Razão: Melhores desempenhos levam ao aumento de produtividade 3.3 Instrumentos de Recolha de Dados A medição dá a quem a efectua um sentido de cumprimento, um sentimento de realização. Os benefícios da medição da satisfação dos clientes podem-se resumir em cinco tópicos: • Fornecer a quem atende um sentido de realização e atendimento, que se traduz numa melhoria no atendimento ao cliente. • Dar um padrão de desempenho em relação a um padrão óptimo ou a alcançar. • Oferecer um feedback imediato. • Fornecer indicadores para melhorar a qualidade e a satisfação do cliente. • Motivar as pessoas a desempenharem e alcançarem melhores níveis de produtividade. Para medir a satisfação dos seus clientes pode fazê-lo através de uma série de métodos de investigação e técnicas de armazenamento de dados. Página 41 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público Antes da recolha de dados deverá ser elaborado o respectivo plano e seleccionado o instrumento ou meio de recolha de dados: questionário, entrevista, sondagem escrita ou telefónica. A maioria das medições de satisfação dos clientes é obtida por questionário ou sondagem: questionários verbais ou escritos, entrevistas telefónicas ou presenciais e grupos de análise. Alguns dos tópicos a ter em consideração aquando da construção de um questionário são: 1—Formato e esquema do questionário O formato e esquema do questionário devem ser de fácil resposta e compreensão. Não deve ser muito extenso para que o cliente não perca o interesse. Os aspectos a serem questionados devem ser predeterminados, agrupados por temas e ordenadas numa sequência lógica. 2—Construção das questões do questionário As questões devem ser simples e directas, com só uma ideia ou tópico. Quanto ao tipo podem ser abertas ou fechadas. As abertas pedem uma resposta subjectiva do inquirido; as fechadas solicitam uma resposta de sim/ não ou é apresentada uma escala ao inquirido para que avalie a ideia ou tópico. 3- Resposta às questões Se a questão começar por Quem, O Quê, Onde, Porquê, Descreva, Diga é uma questão aberta que requer uma resposta descritiva ou subjectiva. Se pretender respostas limitadas: • faça questões cuja alternativa de resposta seja sim ou não; • use escalas para medir a opinião do cliente. As escalas devem sempre conter um número ímpar de possibilidades (3, 5, 7). Se trabalhar com percentagens deve utilizar escalas de 10 ou 100. Num inquérito deve utilizar sempre a mesma escala. Página 42 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público 3.4 Análise de Resultados e Acompanhamento Após ter medido os níveis de satisfação dos clientes, deve agora analisar os resultados, de modo a que possa implementar as melhorias sugeridas nas sondagens ou realizar o acompanhamento ou follow up directamente com os clientes. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS A maior parte das empresas utiliza procedimentos estatísticos muito simples para analisar os dados sobre a satisfação do cliente. Há pelo menos cinco medidas que deve ter em consideração ao analisar os dados: • Média: a média de todos os resultados ou respostas a uma questão, para uma sondagem completa. • Mediana: o resultado que está exactamente a meio das respostas. • Moda: o resultado que mais aparece nas respostas dos clientes. • Desvio-padrão: quanto pode um resultado desviar-se ou variar em relação à média? Utiliza-se para calcular os limites superior e inferior dos gráficos de controlo, quando se mede a qualidade. • Amplitude: a diferença entre os mais altos e os mais baixos resultados de uma questão. RÁCIOS E PERCENTAGENS Muitas empresas acham mais fácil utilizar rácios e percentagens para classificarem e analisarem os seus dados. Alguns deles podem ser obtidos através da classificação numa escala de Mau a Muito Bom para depois serem convertidos em números. O objectivo é obter um resultado quantificável ou percentual, para que se possa relacionar com o desempenho. A percentagem serve também como marca de referência para futuros esforços. As percentagens são simples de calcular e utilizar: SOME OS RESULTADOS E DIVIDA PELO MÁXIMO RESULTADO POSSÍVEL DE UMA QUESTÃO OU CATEGORIA. Isso dar-lhe-á uma classificação percentual. Por exemplo, se uma questão for respondida por 10 pessoas e a cotação mais alta da pergunta for 5 (Muito Bom), o máximo total possível será 50. Página 43 Pontos Essenciais no Atendimento ao Público Agora, se estas pessoas responderem todas 4 (Bom), o total das respostas será 40. Portanto, o resultado percentual seria 80% (40/50=80). Dependendo dos seus requisitos, talvez necessite de entrar em análises estatísticas mais sofisticadas. O que é medido é analisado e o que é analisado é acompanhado. Mantenha simples o seu sistema de medição e programas de análise, de modo a que todos o possam entender e trabalhar com ele. Quadro n.º 2—Exemplo de Planificação de Inquérito CATEGORIA DESCRIÇÃO OBJECTIVO Determinar os níveis de satisfação do cliente em relação ao atendi- mento PERÍODO Julho – Dezembro de 2005 AMOSTRAGEM Todos os clientes, de ambos os sexos, mínimo de 100 pessoas FORMATO Questionário ANÁLISE Percentagens RECOLHA DE DADOS Janeiro de 2006 RELATÓRIO Distribuído a todos os funcionários de departamento de secretariado FOLLOW-UP Melhorar os aspectos que precisam de atenção, conforme os resulta- dos do questionário Capítulo 4 Comunicação Interpessoal OBJECTIVOS DESTE CAPÍTULO Comunicação Interpessoal Este capítulo foi concebido com o intuito de levar os participantes a: • Identificar os elementos do processo comunicativo • Determinar os factores que influenciam a comunicação • Identificar elementos do processo comunicativo que podem constituir uma barreira a esse processo • Distinguir comunicação verbal de não verbal • Determinar de que forma a percepção influencia o processo comunicativo • Apreender técnicas de escuta activa e de comunicação assertiva Página 49 Comunicação Interpessoal 4.1 O Processo Comunicativo A comunicação é o processo de transmitir uma informação de um indivíduo para outro que ambos entendam. Os processos de comunicação são essenciais ao homem. Permitem e são o principal veículo, na vida em sociedade, de trocas constantes, de compromissos e negociações entre as pessoas. A comunicação pressupõe dois ou mais participantes, e um dos modos de se sintetizar as suas componentes é através do esquema de Lasswell (1948), baseado em cinco questões fundamentais: Quem diz? (emissor) O quê? (mensagem) Através de que meio? (canal) A quem? (receptor) Com que efeito? (impacto) Ou do esquema de comunicação de Roman Jakobson (1963): Um novo conceito que foi introduzido foi o de feedback (COHEN, 1985) – informação de volta ou de retorno, que se pode esquematizar da seguinte forma: Remetente ou Emissor Mensagem Destinatário ou Receptor Contexto Remetente ou Emissor Mensagem Destinatário ou Receptor Contacto (canal) Código feedback Página 50 Comunicação Interpessoal 4.2 A Comunicação Interpessoal A comunicação interpessoal é um método de comunicação que promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas. Cada pessoa, que passamos a considerar interlocutor, troca informações baseadas no seu repertório cultural, na sua formação educacional, vivências,emoções, toda a "bagagem" que traz consigo. O processo de comunicação prevê, obrigatoriamente, a existência mínima de um emissor e de um receptor. Cada qual tem o seu repertório cultural exclusivo e, portanto, transmitirá a informação segundo o seu conjunto de particularidades e o receptor agirá da mesma maneira, segundo o seu próprio filtro cultural. A fim de minimizar estes choques culturais, convencionaram-se ferramentas e meios de múltiplas utilizações que passam a ser usados pelas pessoas na comunicação interpessoal. Como exemplo de ferramenta podemos considerar a fala, a mímica, os computadores, a escrita, a língua, os telefones e a rádio. A escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis deve ser observada de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de ruídos possível. Os recursos usados para anular ruídos são: a) redundância: é todo o elemento da mensagem que não traz nenhuma informação nova. É um recurso utilizado para chamar à atenção e eliminar possíveis ruídos. Nesse sentido, deve-se repetir frases e informações julgadas essenciais à compreensão do receptor; b) feedback: conjunto de sinais que permitem conhecer o resultado da mensagem; é o processo de se dizer a uma pessoa como você se sente em função do que ela fez ou disse. Para isso, deve fazer perguntas para obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou não. Uma vez transmitida a informação, o receptor processa-a e, segundo os seus objectivos transforma-a em conhecimento. O importante na comunicação interpessoal é o cuidado e a preocupação dos interlocutores na transmissão dos dados ou das informações em questão para que se obtenha o sucesso no processo desejado. Página 51 Comunicação Interpessoal Como o simples acto de receber a mensagem não garante que o receptor vá interpretá-la correctamente (ou seja, como se pretendia), convém considerar: 1. quem comunica a quem, em termos de papéis que essas pessoas desempenham (por exemplo, administração e funcionários, gerente e subordinado). 2. a linguagem ou o(s) símbolo(s) usados para a comunicação, e a respectiva capacidade de levar a informação e esta ser entendida por ambas as partes. 3. o canal de comunicação, ou o meio empregado e como as informações são recebidas através dos diversos canais (tais como comunicação falada ou escrita). 4. o conteúdo da comunicação (boas ou más notícias, relevantes ou irrelevantes, familiares ou estranhas) 5. as características interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre transmissor e o receptor (em termos de confiança, influência etc.). 6. o contexto no qual o comunicação ocorre, em termos de estrutura organizacional (por exemplo, dentro de ou entre departamentos, níveis e assim por diante). 4.3 Barreiras à Comunicação Eficaz Na comunicação interpessoal há que eliminar barreiras para que o processo se desenrole eficazmente e com qualidade. Assim, constituem algumas barreiras à comunicação eficaz: 1. Sobrecarga de Informações: quando temos mais informações do que somos capazes de ordenar e utilizar. 2. Tipos de informações: as informações que se encaixarem com o nosso autoconceito tendem a ser recebidas e aceites muito mais prontamente do que dados que venham a contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos aquelas que contrariam nossas crenças e valores. 3. Fonte de informações: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do que outras (status), temos tendência a acreditar nessas pessoas e descontar de informações recebidas de outras. Página 52 Comunicação Interpessoal 4. Localização física: a localização física e a proximidade entre transmissor e receptor também influenciam a eficácia da comunicação. Resultados de pesquisas têm sugerido que a probabilidade de duas pessoas comunicarem decresce proporcionalmente ao quadrado da distância entre elas. 5. Defensidade: uma das principais causas de muitas falhas de comunicação ocorre quando um ou mais dos participantes assume a defensiva. Indivíduos que se sintam ameaçados ou sob ataque tenderão a reagir de maneiras que diminuem a probabilidade de entendimento mútuo. 4.4 Formas de Melhorar a Comunicação Interpessoal A) HABILIDADES DE TRANSMISSÃO 1. Usar linguagem apropriada e directa (evitando o uso de jargão e termos eruditos quando palavras simples forem suficientes). 2. Fornecer informações tão claras e completas quanto for possível. 3. Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do receptor (audição, visão etc.). 4. Usar comunicação face a face sempre que for possível. B) HABILIDADES AUDITIVAS 1. Escuta activa. A chave para essa escuta activa ou eficaz é a vontade e a capacidade de escutar a mensagem inteira (verbal, simbólica e não-verbal), e responder apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos, emoções etc.) da mensagem. Como administrador, é importante criar situações que ajudem as pessoas a falarem o que realmente querem dizer. 2. Empatia. A escuta activa exige uma certa sensibilidade às pessoas com quem estamos tentando nos comunicar. Em sua essência, empatia significa colocar-se na posição ou situação da outra pessoa, num esforço para entendê-la. 3. Reflexão. Uma das formas de se aplicar a escuta activa é reformular sempre a mensagem que tenha recebido. A chave é reflectir sobre o que foi dito sem incluir um julgamento, apenas para testar o seu entendimento da mensagem. Página 53 Comunicação Interpessoal 4. Feedback. Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidireccional, o uso de feedback é mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções. C) HABILIDADES DE FEEDBACK 1. Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior). 2. No caso de feedback negativo, vá directo ao assunto; começar uma discussão com questões periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá- las. 3. Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor. 4. Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou críticas). 5. Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode contribuir para o comportamento do receptor. 6. Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflicta sobre a sessão, para que tanto você como o receptor tenham mesmo entendimento sobre o que foi decidido. 4.6 A Escuta Activa A escuta activa aplicada ao Atendimento ao Público encoraja o cliente/ utente a explicitar as suas necessidades, ao mesmo tempo que dá a quem atende a certeza de estar a compreender o que ele está a dizer. De facto, temos a tendência para ouvir o que queremos ouvir e ver o que queremos ver. Devido a este facto, a mensagem recebida por nós é muitas vezes completamente diferente daquela que o emissor desejava transmitir. As melhores ocasiões para recorrer à escuta activa são quando não estamos certos de ter compreendido o emissor ou quando é transmitida uma mensagem fortemente emocional (uma reclamação, por exemplo). Quando usamos a escuta activa, estamos a enviar um sinal ao cliente de que confiamos nele, de que damos importância às suas palavras e de que o estamos a ouvir. Isto faz com que em troca, o cliente se sinta mais confiante e tenha prazer em estar com quem o atende. Página 54 Comunicação Interpessoal No que consiste então a escuta activa? Quais as atitudes e acções a tomar para escutar activamente? 1. Gostar de escutar quando alguém está a falar. 2. Incentivar os outros para que falem. 3. Ouvir mesmo que não simpatize com a pessoa. 4. Escutar com a mesma atenção quer seja homem, mulher, criança ou velho. 5. Escutar com a mesma atençãoquer seja amigo, conhecido ou desconhecido. 6. Deixar tudo o que se está a fazer enquanto alguém fala. 7. Olhar para a pessoa que fala. 8. Concentra-se no que ouve, ignorando todas as distracções em seu redor. 9. Sorrir ou mostrar que está a compreender o que ouve. 10. Reflectir sobre o que a outra pessoa está a dizer. 11. Tratar de compreender o que dizem. 12. Tentar descortinar porque o dizem. 13. Não interromper quem fala. 14. Quando alguém que está a falar hesita em dizer algo, encorajá-lo para que prossiga. 15. Abster-se de julgar as ideias até que o interlocutor as termine de expor. 16. Fazer um resumo do que foi dito e perguntar se foi isso que o interlocutor pretendeu comunicar. 17. Escutar o interlocutor sem se deixar influenciar demasiado pela sua maneira de falar, voz, vocabulário, gestos e aparência física. 18. Escutar mesmo que consiga antecipar o que vai ser dito. 19. Fazer perguntas para ajudar o outro a exprimir-se melhor. 20. Pedir, se necessário, que o interlocutor explique em que contexto está a utilizar determinada (s) palavra (s). Página 55 Comunicação Interpessoal 4.7 Comunicação Assertiva A palavra assertividade vem de “assero”, afirmar. Diferente de acertar, afirmar não tem relação com o certo ou errado e sim com a exposição positiva do que se deseja transmitir. Uma pessoa assertiva é capaz de expressar o mais directamente possível o que pensa, o que deseja, escolhendo um conjunto de atitudes adequadas para cada situação, de acordo com o local e o momento. A assertividade permite uma comunicação directa por meio de um comportamento que habilita o indivíduo a agir no seu interesse, defender-se sem ansiedade excessiva, expressar os seus sentimentos de forma honesta e adequada, fazendo valer os seus direitos sem negar os dos outros. Portanto, a assertividade pode ser entendida como uma forma comportamental de comunicar que significa afirmar o que eu quero, sinto e penso, dando simultaneamente espaço de afirmação ao outro. Frequentemente adoptamos diferentes formas de comunicação que variam de acordo com o local, a situação e os interlocutores, porém uma forma relativamente constante e característica se torna o nosso estilo predominante de comportamento comunicacional. A assertividade é um treino sistemático, em que o indivíduo tem de reaprender a autenticidade através de uma prática gradual e regular. Ser verdadeiro não consiste em "dizer tudo o que me vem à cabeça", mas sim em exprimir-me eficazmente, tendo como objectivo a evolução satisfatória e realista da situação. É necessário, então, saber que tipo de comportamento provoca esta reacção; evitar a mímica e a entoação contrária às palavras; tentar descrever as próprias reacções, em vez de avaliar as acções dos outros; exprimir-me de forma positiva em vez de desvalorizar, julgar, criticar, ridicularizar ou fazer interpretações, facilitando a expressão dos sentimentos dos outros. O comportamento assertivo resulta na fusão de quatro factores: • bom contacto visual • tom de voz neutro • atenção à linguagem e • postura aberta Página 56 Comunicação Interpessoal Segundo GILLEN (2001) existem quatro estilos de comportamentos comunicacionais que se traduzem em: passivo, agressivo, assertivo e uma forma conjunta de passividade/agressividade que também é conhecida por outros autores como manipulação. No quadro abaixo é possível diferenciar umas da outras: Tipo de Comportamento Expressão Corporal Acção Passivo Ansioso por evitar o confronto, mesmo às custas de si próprio – espera que as pessoas com- preendam o que ele/ela deseja; muito preocupado com a opinião dos outros a seu respeito. Mínimo contacto visual. Quieto, voz hesitante. Fala confusa. Atitude defensiva, postura enco- lhida. Mexendo as mãos, inquieto. Culpa-se de tudo. Odeia o assunto; evita a aborda- gem directa. Justificação excessiva; solicita aprovação. Cede facilmente. Gera simpatia; faz com que as pessoas se sintam culpadas em pedir-lhe as coisas. Agressivo Ansioso por vencer, mesmo às custas dos outros; mais preocu- pado com os próprios desejos do que com os dos outros. Máximo contacto visual. Voz alta; seco. Postura evasiva. Aperta os dedos e aponta. Imediatamente põe a culpa nos outros. Critica as pessoas, e não o seu comportamento. Interrompe com frequência. Autoritário. Usa de sarcasmo, críticas, escár- nio para ganhar a questão. Solicitações parecem-lhe ordens. Passivo/ Agressivo (ou Manipulador) a p r e s e n t a comportamento misto, com elementos de agres- sividade e passividade. Ansioso em acertar contas sem correr riscos de c o n f r o n t o. C o m p o r t a m e n t o frequen- temente encontrado em pessoas que se querem afirmar sem terem poder para tanto. Mínimo contacto visual, mas olha para frente mais que para o chão. Lacónico, suspira de impaciência. Exasperado, usa expressões como “não acredito no que estou a ouvir”. Postura fechada. Dá respostas indirectas, faz alu- sões sarcásticas, tem senso de humor irritante. Faz “acertos de contas” indirecta- mente. Assertivo Ansioso por defender seus direi- tos mas, ao mesmo tempo, capaz de aceitar que as outras pessoas também tenham os seus. Contacto visual suficiente para dar a entender que ele/ela está a ser sincero (a). Tom de voz moderado, neutro. Postura comedida e segura. Expressão corporal condizente com as suas palavras. Ouve bastante, procura entender. Trata as pessoas com respeito. Aceita acordos; soluções. Aceita declarar ou explicar suas intenções. Vai directo ao assunto, sem ser áspero. Insiste na busca do seu objectivo. Quadro n.º 3—Comportamentos comunicacionais segundo Gillen Página 57 Comunicação Interpessoal A) COMPORTAMENTOS NÃO VERBAIS ASSERTIVOS • Contacto visual. O olhar deve estar direccionado para o interlocutor enquanto este fala. Recomenda-se que mantenha o contacto visual pelo menos durante 50% da conversação. Mas atenção, um olhar demasiado fixo pode ser interpretado como hostil. • Afecto. O tom deve ser firme e convincente, mas nunca hostil. Deve ser adaptado à situação do momento. • Voz. O volume deve ser audível, nem demasiado elevado nem baixo. A articulação das palavras deve ser clara, sem hesitações. O ritmo deve ser tranquilo. • Pausas. Deve fazer-se uma pausa maior para dar entender ao interlocutor que é a sua vez de falar. • Gestos. Podem fazer-se gestos com a cabeça , a cara, os braços e as mãos que enfatizem o discurso. Deve ter em atenção que estes gestos devem ser naturais, sem forçar a mensagem. Devem evitar-se gestos como apontar o dedo indicador que pode ser entendido como uma ameaça, e em geral qualquer outro que possa transmitir hostilidade. • Postura corporal. O corpo deve estar direito mas relaxado. A cabeça erguida, olhando para o interlocutor. B) COMPORTAMENTOS VERBAIS ASSERTIVOS • Expressão que indique compreensão pelo outro. Compreender o outro não significa estar de acordo. Neste ponto temos que fazer um esforço para entender os motivos e ponto de vista do interlocutor. Se necessário, devem- se pedir informações mais claras para depois poder formular uma frase síntese que seja objectiva e sem formular juízos de valor. Suponhamos que um cliente lhe faz uma exigência em tom hostil: “Amanhã passo por cá novamente quero que me tratem deste assunto. Ando a pagar para não trabalharem.” A sua resposta poderá ser: “Entendo que provavelmente esteja aborrecido e que necessite disto com urgência..." Página 58 Comunicação Interpessoal • Expressão do problema. De seguida deveexpor o problema de forma clara e concisa. Continuando o exemplo anterior, podia dizer o seguinte: "porém, incomoda-me exija que exija o assunto resolvido numa margem tão curta de tempo e que insinue que perdemos tempo sem trabalhar” • Desacordo verbal. Aconselha-se a utilizar uma fórmula breve com "não estou de acordo com...", ou "não estou disposto a fazê-lo...". Para o exemplo que estamos a seguir bastaria: "não posso aceitar esse prazo...". • Pedido de mudança de conduta. Este ponto é essencial em termos de comunicação assertiva. Deve oferecer ao receptor uma informação de como espera que ele se comporte no futuro. No nosso exemplo poderíamos apresentar a seguinte solução: "peço-lhe que de agora em diante nos peça para tratar deste tipo de assuntos com a antecedência mínima de uma semana para que possamos ter tudo pronto atempadamente” • Proposta de Solução. Suponhamos que no exemplo anterior o cliente insiste que na sua empresa os assuntos não são tratados atempadamente porque perdem muito tempo sem trabalhar. Neste ponto seria importante oferecer uma solução alternativa que o fizesse mudar essa opinião. Uma delas poderia ser: "creio que se nos pedir para tratar do assunto com a antecedência que lhe referi, nos dará o tempo suficiente para termos tudo pronto e o senhor não ter que se incomodar em voltar cá mais vezes para tratar do mesmo assunto" Capítulo 5 Atender Reclamações OBJECTIVOS DESTE CAPÍTULO Atender Reclamações Este capítulo foi concebido com o intuito de levar os participantes a: • Apreender as técnicas de atendimento de clientes difíceis • Apreender as técnicas de atendimento de reclamações Página 63 Atendimento de Reclamações 5.1 Lidar com Clientes Difíceis Só faz sentido agradar ao cliente se soubermos o que ele valoriza. Em termos de serviço oferecido, tem-se verificado constantemente que, do ponto de vista do cliente, há quatro aspectos fundamentais que terão de ser cumpridos, sob pena de afectar a sua satisfação. I – Confiança Para o Cliente é importante saber que pode confiar nas expectativas que lhe criaram. Nesse sentido, tenha sempre em mente o seguinte: Deixe bem claro aquilo que pode oferecer. Nunca prometa o que não pode cumprir. Cumpra sempre o que promete. II – Rapidez de resposta A resposta a um problema é definida como rápida se for ao encontro de, ou exceder as expectativas e necessidades do cliente. Informe-se sobre o prazo adequado para responder ao cliente. Quantifique o tempo de espera. Assuma a regar do pôr-do-sol: informe o cliente no próprio dia sobre o desenvolvimento da resolução do seu problema. III – Competência O cliente apercebe-se da sua competência com base nos conhecimentos que possui, conhecimentos esses relevantes para a resolução do problema e na capacidade real de resposta demonstrada para obter resultados satisfatórios. Mantenha-se bem informado sobre os serviços que presta, procurando activamente informação actualizada. Faça questão de conhecer bem o funcionamento da sua organização, a sua política face aos clientes e a sua capacidade de resposta. Escute atentamente o cliente, para saber o que ele pretende, o que espera de si, como o pode ajudar. Página 64 Atendimento de Reclamações IV – Atenção Individual Só os aspectos processuais não chegam; para cumprir com os pontos anteriormente mencionados talvez bastasse uma máquina. O cliente espera também reconhecimento como ser único que é. • Trate os clientes como seres únicos que são. • Seja agradável. • Preste muita atenção a tudo aquilo que diferencia um cliente do outro. • Escute atentamente os clientes. • Atenda a centésima chamada do dia como se fosse a primeira. As atitudes do profissional de atendimento devem ser orientadas conforme o tipo de cliente e de acordo com a sua postura (manifestação). Analise o seguinte quadro: Cliente Atitude O que fazer? Céptico Predominantemente negativa, reagin- do com descrédito aos seus argumen- tos. Pode rejeitar e ridicularizar factos apresentados. Evite exagerar, pois perderá credibili- dade. Revele os factos e proceda logica- mente, sem esconder nada sobre o produto/ serviço. Pessimista Constantemente descontente Faça perguntas com muito tacto para conhecer a verdadeira objecção Represente o papel de optimista, mantendo um ar tranquilo, diplomáti- co e tranquilizador, oferecendo-lhe ideias construtivas. Impulsivo Conversador rápido, por vezes abrup- to no discurso. Muda facilmente de atitude/ opinião. Excessivamente afirmativo. Elevada necessidade de realização e de dominação. Responda rapidamente e acompanhe o ritmo dele, omitindo detalhes. Página 65 Atendimento de Reclamações Indeciso Não assertivo. Tímido. Parece inseguro e procura conselho antes de decidir. Pode ter necessidade de protecção, subjacente a uma eventual falta de autoconfiança Transmita segurança com explicações simples e sinceras, a fim de conquistar a confiança dele. Proporciona-lhe tranquilidade, recorrendo ocasionalmente a evidências e factos concre- tos. Teimoso Parece saber todas as respostas. Pode pretender controlar a conversa. Considera que só as suas opiniões e juízos são correctos e quaisquer sugestões são mal rece- bidas. Tem forte necessidade de dominar qualquer situação. Faça o cliente sentir-se importante. Não lhe dê ideias conclusivas, pelo contrário, peça-lhe sugestões e opiniões. Apresente factos para controlar a situação. Adopte uma atitude tolerante. Efusivo Tenta inverter os papéis. Falador. Esteja alerta para direccionar a conversa e seja breve Metódico Lento a reagir, porque efectua mentalmente malabarismos com um conjunto complexo de variáveis, antes de se decidir. Pode ter necessidade de autonomia e controlo, necessidade de um processo lógico e ordena- do, ou ainda de se questionar, olhar, ouvir e Permita que o cliente estabeleça o ritmo, ajustando o seu ao dele e explique-lhe o que pretende com detalhe, sem contudo mostrar- se exasperado ou condescendente. Pratique uma escuta activa. Silencioso É difícil conseguir-se um comportamento fir- me. Evidencia confiança ou personalidade do tipo desligado ou analítico. Solicitar as opiniões ou especificar certos pontos, de forma a provocar um envolvimento no diálogo. Utilize uma abordagem mais pessoal: discuta tópicos irrelevantes face ao objectivo preten- dido, mas de interesse para o cliente para “quebrar o gelo”. Seja paciente. Protelador Adia a tomada de decisão, porque a mudança é difícil para ele. Muito cauteloso, examina todas as alternativas antes de decidir. Seja positivo(a), autoconfiante e enfático(a). Realce as vantagens de um adiamento da decisão, sem que o cliente se sinta ameaçado. Conquiste a confiança dele, conduzindo-o subtilmente para a obtenção de um resultado. Conflituoso Tendência para discordar. Pode mostrar-se sarcástico e tentar humilhá- lo(a). Percepciona-o(a) como pertencendo a um sta- tus inferior, de quem se pode abusar. Assume posições, tendo em vista a discussão destrutiva. Nunca discuta com ele. Seja afirmativo(a). Quadro n.º 4— Tipos de Clientes Página 66 Atendimento de Reclamações 5.2 Argumentar em termos de benefícios As palavras e expressões provocam reacções no cliente, logo a linguagem de quem atende o público dever se adaptada ao nível de conhecimentos do interlocutor, evitando palavras que possam provocarreflexos negativos (medo, inquietação, problema, custo, preocupação), que exprimam dúvida ou desvalorização (“não sei”, “não acha que”, “não lhe podemos dar essa informação…”). Assim, a linguagem deve ser positiva: Quadro n.º 5 —Tipologia de Questões 5.3 As Reclamações A reclamação é uma enorme oportunidade para corrigir os erros da empresa/ instituição/ serviço e evitar que os mesmos problemas ocorram com outros clientes. Se você não tem recebido muitas reclamações dos seus clientes, não pense que isso quer dizer que o serviço prestado não tem falhas. Pesquisas mostram que apenas 4 % dos clientes insatisfeitos reclamam, restando uma percentagem de 96% que não. Além disso, cada cliente insatisfeito fala da sua má experiência com outras 9 ou 10 pessoas, também para cada cliente que reclama, existem em média outros 26 clientes com problemas. Normalmente, 6 deles são graves. Mas porque é que a maioria dos clientes não reclama? Os clientes não reclamam porque não acreditam que a reclamação vá resolver o problema, pois julgam que a empresa/ instituição/ serviço não se importa. Infelizmente, isto é muitas vezes o que acontece. FÓRMULA NEGATIVA FÓRMULA POSITIVA Não percebo a sua pergunta… Por favor seja mais claro… È uma situação muito complicada. È uma situação que vamos resolver Se continua a interromper-me não me con- segue perceber. Por favor, deve estar em silêncio para me ouvir. Assim é difícil tratar do problema porque se esqueceu do requerimento Deverá tratar do requerimento para darmos seguimento a este assunto Percebeu o que eu disse ou não percebeu nada? Vou ser mais claro(a). Página 67 Atendimento de Reclamações Geralmente, o cliente é recebido com má vontade, com cara feia e por uma pessoa que fica na defensiva, tentando definir quem é o culpado pelo problema em vez de agir para solucioná-lo. Geralmente, o cliente é forçado a gastar o seu tempo, escrevendo cartas ou juntando provas para solicitar a solução de um problema e, na maioria das vezes, não recebe uma resposta adequada. As reclamações são oportunidades valiosas. Em média, custa 5 vezes mais atrair um novo cliente do que para manter um cliente actual. Sem dúvida que manter um cliente satisfeito é muito mais vantajoso para a empresa/ instituição/ serviço do que perdê-lo, pois se mantivermos os nossos clientes satisfeitos, eles farão uma publicidade positiva gratuita para empresa/ instituição/ serviço junto de potenciais clientes. Ao reclamar o cliente dá-nos a oportunidade de satisfazê-lo e mantê-lo como cliente. Cerca de 54 % a 70 % dos clientes que reclamam voltarão a fazer negócios com a nossa empresa, se suas reclamações forem atendidas, e 95 % dos clientes que reclamam voltarão a fazer negócios com a nossa empresa/ instituição/ serviço, se suas reclamações forem atendidas com rapidez. Coloque-se no lugar do seu cliente e imagine-se insatisfeito e com vontade de reclamar: O que fazer? A quem deve dirigir a reclamação? Quanto tempo iria gastar para reclamar? A empresa/ instituição/ serviço tem demonstrado interesse pelas reclamações recebidas? Existem orientações claras e específicas em o cliente deve proceder para levar sua reclamação até a empresa/ instituição/ serviço? Se realmente deseja ouvir as reclamações dos seus clientes, a empresa/ instituição/ serviço deve ter um processo de atendimento de reclamações que estimule os clientes a reclamar, de forma a corrigir falhas e encantar seus clientes de forma a torná-los realmente fiéis. Aqueles que atendem os clientes directamente devem fazer perguntas que possam revelar possíveis reclamações ou insatisfações quanto aos diversos produtos ou serviços que a empresa oferece. Outro meio de facilitar a reclamação por parte do cliente é disponibilizar um cartão de reclamação, que pode ser pré-formatado, pedindo ao cliente para indicar qual o aspecto do produto ou serviço que não o agradou. O cartão deve ser simples, com um espaço reservado para o cliente Página 68 Atendimento de Reclamações descrever o problema e também o que ele gostaria que fosse feito para corrigi-lo. Devem ser incluídos campos para o nome, morada e telefone do cliente, para que você possa entrar em contacto e apresentar possíveis soluções ou simplesmente para agradecer a contribuição. O livro de reclamações é um dos meios mais práticos e comuns para o cliente apresentar queixa. Quando algo não corre bem na prestação de um serviço ou na compra de um produto, o cliente pode solicitar este livro e reclamar logo nesse local, sem nenhum encargo. Mesmo que a entidade a quem a queixa é enviada já não possa solucionar o problema, esta forma de reclamar pode ajudar a evitar que outros clientes sejam prejudicados pelas mesmas razões. Até agora, o livro de reclamações estava à disposição, entre outros, nos seguintes estabelecimentos: • Empreendimentos turísticos, restaurantes e bares, agências de viagens, turismo rural, espaços de jogo e lazer, campos de férias e termas; • Escolas e centros de exames de condução e centros de inspecção automóvel; • Clínicas, laboratórios, hospitais e centros de reabilitação privados; • Mediadoras imobiliárias e agências funerárias; • Instituições privadas de solidariedade social e serviços de apoio social e domiciliário. A partir de 2006, as alterações à lei obrigam a que o livro de reclamações seja apresentado ao cliente, sempre que for pedido nos seguintes locais: • Jardins-de-infância e creches, centros de actividades de tempos livres, lares e instituições com acordos de cooperação com os centros distritais de segurança social (como cantinas sociais, por exemplo); • Cabeleireiros, institutos de beleza, estabelecimentos de tatuagens e colocação de pircingues e ginásios; • Prestadores de serviços de transporte, telefone, água, gás, electricidade, acesso à Internet e correios; • Lojas de venda a retalho e estabelecimentos de comercialização ou reparação de automóveis; • Postos de abastecimento de combustíveis, parques de estacionamento; Página 69 Atendimento de Reclamações • Recintos de espectáculos; • Seguradoras, mediadores e corretores de seguros, instituições de crédito e estabelecimentos do ensino particular e cooperativo. A reclamação é registada no livro em triplicado. O responsável do estabelecimento entrega ao cliente o duplicado da queixa e tem cinco dias úteis para enviar a sua cópia à entidade competente para a apreciar. O cliente pode proceder também ao envio da queixa para aquela entidade, para se assegurar de que esta chega ao destino. Uma terceira cópia da reclamação permanece no livro, não podendo dele ser retirada. Depois de analisar o que foi escrito, o organismo competente decide se deve ou não penalizar o estabelecimento ou instituição. Se os dados não forem suficientes para avançar com o processo de contra-ordenação, o estabelecimento tem um prazo de 10 dias para apresentar alegações em sua defesa. 5.4 Atender Reclamações Como vimos no ponto anterior, existem inúmeras maneiras de solicitar reclamações, basta ter vontade e pensar em formas de facilitar o processo para os clientes. Mas apenas incentivar os clientes a reclamarem não é suficiente. Precisamos de saber lidar com as reclamações que recebemos. Muitas vezes, os clientes tomam a iniciativa de reclamar porque estão insatisfeitos com alguma coisa, estão nervosos e ansiosos por uma resposta imediata. Isso pode tornar as coisas difíceis para quem faz o atendimento, se não souber lidar com a situação. Como lidar com um cliente zangado? Existem três passos básicos para lidar com um cliente que está zangado ou nervoso por causa de algum problema com a nossa empresa/ instituição/ serviço: • Não personalize as questões: esta
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