Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 Sumário 1. Fitoterápicos nos ciclos da vida ............................................................................ 3 1.1. Fitoterápicos e usos em Pediatria .............................................................. 3 1.2. Fitoterápicos e usos em Gestantes e Lactantes....................................... 10 1.3. Fitoterápicos e usos em Adulto ............................................................... 19 1.4. Fitoterápicos e usos em Geriatria ............................................................ 26 2. Suplementação nos Ciclos da Vida ..................................................................... 31 2.1. Suplementação na Gestação e Lactação ................................................. 31 2.2. Suplementação em Pediatria ................................................................... 41 2.3. Suplementação no Adulto ....................................................................... 44 2.4. Suplementação no Idoso ......................................................................... 47 Referências Bibliográficas ............................................................................................... 51 3 1. Fitoterápicos nos Ciclos da Vida. 1.1. Fitoterápicos e usos em Pediatria No uso de fitoterápicos, é importante que sejam respeitadas as indicações, dosagens e formas de administração sugeridas para que a utilização do fitoterápico seja segura e eficaz seja ela em qual faixa etária for. Porém na criança há necessidade redobrada, pois, a criança é distinta do adulto e as indicações são diferentes conforme a faixa etária. A idade permitida para utilização das plantas medicinais varia com relação a cada espécie e forma de utilização. A maioria das plantas usadas e relatadas na literatura para pediatria, tratam-se de distúrbios gastrointestinais, afecções respiratórias, inflamações laríngeas e lesões cutâneas e são indicadas para crianças acima de 2 anos de idade. A utilização é feita geralmente sob forma de chás, gargarejos, inalações, cataplasmas e banhos, de acordo com a queixa. De acordo com a RDC 02/2014, a indicação geral de fitoterápicos na pediatria segue a seguinte dosagem: 1/3 da dose do adulto: crianças de 2 a 6 anos; 1/2 da dose do adulto: crianças de 6 a 12 anos. Estudos são realizados em diversas regiões do país, com finalidade de averiguar o uso de fitoterápicos em crianças e o conhecimento dos pais em relação a estes, a exemplo de um estudo realizado no Piauí, com mães de crianças de até cinco anos de idade, para comparar saberes científicos e populares no uso de plantas medicinais em condições de saúde-doença. Essas mães tinham pouco contato com médicos, mas muito contato com farmácias vivas, criadas pela Universidade Federal do Ceará, a fim de viabilizar a utilização de plantas medicinais àqueles que não tinham acesso a alopatia. Em outro estudo, realizado em SP, 66% de mães de crianças de até cinco anos de idade que frequentam dois Centros de Saúde da cidade de São Paulo (região central e outro na região periférica) utilizavam a fitoterapia para o cuidado de seus filhos na cólica intestinal, sintomas de gripe e para tranquilizá-los (sedativo leve). Algumas ervas como a camomila, a erva-doce e a hortelã são tradicionalmente usadas em crianças, sendo seu conhecimento passado de geração para geração, independente da própria indicação que o profissional de saúde faça no atendimento da criança. Outro estudo no Sul do Rio Grande do Sul, visando identificar as plantas medicinais utilizadas na saúde da criança, por famílias de agricultores, foram citadas seis plantas (Chrysanthemun cinerariifolium, Foeniculum vulgare, Accasellowiana, Citrus sp., Origanun sp., Sambucus spp.), sendo que apenas 4 para uma (Foeniculum vulgare) encontramos estudos farmacológicos comprovando o que os sujeitos da pesquisa referiram. As regras básicas para utilização de fitoterápicos em pediatria são citadas por Schilcher, 2005 – uma das poucas referências especializadas em fitoterápicos e usos em pediatria. Esta referência Alemã tornou-se padrão, em conjunto com a IN2, que possui algumas indicações para esta faixa etária, indicando dosagens e idades mínimas para uso. Nesta literatura de Shilcher, 2005, verificamos apontamentos importantes para o uso de fitoterápicos em pediatria, como: As doses terapêuticas prescritas para recém-nascidos e crianças deve-se levar em consideração, que a proporção de curas espontâneas de muitas condições agudas é maior do que em adultos. Em infecções causadas por vírus comuns, desaparecem em poucos dias, mesmo sem a aplicação de medicamentos. A farmacodinâmica da maioria dos medicamentos, desencadeia a mesma ação em pessoas de diferentes idades. A dosagem necessária e os possíveis efeitos colaterais, em geral são bem diferentes. Há necessidade de conhecimento da farmacodinâmica relacionada à idade e dar atenção particular a esta e aos prováveis efeitos colaterais. Questões relacionadas a automedicação ou medicação que os pais fornecem aos filhos, sem prescrição profissional: o Necessidade de detecção do problema/causa antes da medicação; o Evitar o uso de diversos medicamentos em conjunto; o Tratar os problemas com baixa dosagem; o Usado somente a curto prazo; o Sempre consultar um profissional habilitado; o Sintomas diversos (que aparecem com o uso do fitoterápico/medicamento) que ultrapassam 1 x ao dia, devem ser avaliados como efeitos adversos por um profissional habilitado; É necessário avaliar as formas farmacêuticas de emprego, para que o objetivo seja alcançado e avaliando-se os riscos do consumo desta forma empregada e a concentração de fitoquímicos e marcadores em cada tipo de forma empregada. Em relação ao consumo de óleos essenciais via oral, citados nesta referência, observamos que os Alemães possuem alguns usos documentados e relatados como seguros, porém no Brasil o uso restringe-se a maioria dos óleos essenciais via externa (tópica, inalatória etc.) e poucos relatos de segurança de uso destes em via oral. Em pesquisas de diversos autores e profissionais da área, avaliamos que o uso é pontual e deve ser pesquisado cada óleo essencial de cada fitoterápico em específico, avaliando-se a concentração de fitoquímicos, 5 grau de pureza, potencial efeito e principalmente risco de intoxicação conforme seus componentes – uma vez que os óleos essenciais concentram os compostos e podem potencializar os efeitos tóxicos e hepatotóxicos. Nesta literatura Alemã há estes relatos de uso e ele será comentado neste material, porém há necessidade de estudo profundo de cada óleo essencial individualmente, bem como composição e teor de pureza para que o mesmo possa ser empregado com segurança, principalmente em crianças e idosos (que possuem absorção e metabolização diferenciadas em relação aos adultos, expondo estes a maior risco de consumo). Um Exemplo clássico de emprego do óleo essencial em pediatria é citado por Alexandrovitch et al, 2003 onde avalia-se como seguro e eficaz o óleo essencial de Foenicum vulgare, em forma de uma emulsão (comercializada em outros países) para tratamento de cólicas infantis. As orientações acerca dos óleos essenciais em emprego via oral são de pesquisas individualizadas, antes de sua utilização para que haja segurança científica deseu emprego. Alguns dos fitoterápicos mais citados para uso em pediatria são: Salvia officinallis (Sálvia): Inflamações da mucosa oral e faríngea. Gargarejo e lavagens - Infusão 10 minutos - (2-3x/dia) – 1 colher de chá da folha - 150ml de agua Tintura: 1 colher de chá - 1 copo de água Óleo Essencial: 1 ou 2 gotas do Óleo essencial para 100ml de agua Malva silvestris L (Malva) e Verbascum densiflorum (Verbasco): Tosse improdutiva e seca Malva silvestris L (Malva) Infusão flores e folhas 1,5g (1/ dose) 2,5g (1/2 dose) Segundo critérios de doses da IN2 Verbascum densiflorum (Verbasco): Tosse Improdutiva e seca, Ótimo como base, adocicado. Infusão: 1 colher de sopa das flores para 200ml de água Glycyrrhiza glabra L (Alcaçuz) e Hedera helix L (Hera): Tosse produtiva Glycyrrhiza glabra L (Alcaçuz) – raiz descascada • Xarope (0,5-1g – 1-5x/dia) 6 • Infusão (1 colher de chá - 150ml de agua) Hedera helix L (Hera): Tosse produtiva • Extrato padronizado das folhas manufaturado (1g do extrato – 10mg de papaverina) não utilizar a casca. As folhas de Hedera helix são pouco indicadas em preparações caseiras, pois a dose média diária de 0,3g é excedida em chás e também por conterem diferentes misturas de saponinas. Mas o extrato padronizado (manufaturado) é bem documentado e observado como seguro – sendo comercializado comumente em forma de xaropes. Atenção: ANVISA indica não utilizar em crianças menores de 2 anos Salix alba (Salgueiro): Febre, Gripes e Resfriados Infusão Até 4 anos – 10mg de salicina (1g) 4 anos ou mais – 15-20mg de salicina (2 a 2,5g) Padronização do Marcador: Adulto: 6-12g de droga vegetal 60-120mg de salicina (dosagem em adultos) Crianças: até 4 anos = 10mg salicina total, >4 anos=15 a 20mg salicina total. Associação: plantas sudoríferas: tilia (flores), camomila (flores), laranja (casca); Dose: 3 a 4 x ao dia, 1 xícara de chá (150ml) – infusão à 10min. Equinacea purpúrea (Equinacea): Imunomodulação – até 4 dias para prevenção. Tintura: 1-10 anos: 10-30 gotas/dia 10 anos: 50-80 gotas/dia 7 Associações: Eupatorium cannabinum (Agrimonia), Eupatorium perfoliatum (Eupatorio), Thuja occidentalis (Tuia), Phytolacca americana (Fitolaca) Administrar 2 x ao dia: Manha e Noite, no Máximo por 4 dias, como profilaxia Imunomoduladora Astragalus membranaceus (Astragalus): Infecções respiratórias do trato superior, regula imunidade, reduz Incidência de crises, pode diminuir a dose de glicocorticoide utilizada, aumenta IgA, IgM e IgG, Inibe vírus e bactérias comuns, como influenza e Streptococcus aureus Doses: 2-7 anos 100-300mg ES/dia 7-11 anos 200-500mg ES/dia Melissa officinalis (Melissa): Queixas gástricas do dia a dia, como má digestão, fatores psicológicos que afetam o sistema digestório (ansiedade, medo, euforia etc.) e segundo pediatras muito comum em crianças em idade escolar – sem ligação com diagnósticos fechados de alguma patologia digestiva. Infusão: 1 colher de chá das folhas – 150 ml de agua (15 min) Bebês: suco fresco macerado das folhas (Maceração) – há falta de estudos que comprovem a eficácia e segurança e o mesmo é relatado na literatura Alemã como inconclusivo. Pimpinela anisium (Erva doce): Foenicum vulgare (Funcho): Carum carvi (Cominho): Todos com usos em flatulência e meteorismo, com ação carminativa, devido à pertencerem a família das apiáceas aromáticas. A mistura do chá é bem aceito e de fácil consumo devido ao sabor. 2 colheres de chá das ervas misturadas – 50 à 100ml de agua Importante saber que a Erva-doce pode provocar alergia, devido a sensibilidade ao anetol. Frutos da erva-doce, funcho e cominho devem ser triturados para que os óleos essenciais sejam liberados e possuam eficácia. 8 Linum usitatissimum (Linhaça) e Plantago psyllium (Psillium): Em casos de diarreia aguda. Porém caso a mesma permaneça por período entre 3 a 4 dias ou superior, o médico deve ser consultado para avaliação de doenças crônicas. Podem ser usados como reguladores intestinais tanto em caso de diarreias quanto em casos de obstipação – sempre sem diagnóstico de doenças associadas. Linum usitatissimum (Linhaca) – semente Ingerir com muito líquido 1-4 anos 1 colher de chá 4-10 anos 1,5 colher de chá > 10 anos 1 colher de sopa (6-10g) 2-3x/dia Plantago psyllium (Psilium) – semente 1-4 anos 4-6g 4-10 anos 6-10g > 10 anos 10-20g Não nos esquecendo da importância do aporte hídrico tanto pelo sintoma, quanto pelo aumento de fibras na dieta – sendo que as fibras só passam a fazer eficácia em diarreia e obstipação em conjunto com a correta hidratação para que a goma/mucilagem seja formada. Arctostaphylos ursi (Uva-ursi) – folhas: Infecção Urinaria Somente em crianças > 2 anos = < 5g da droga vegetal Cucurbita pepo (Abobora) – semente: Enurese Noturna e Diurna < 4 anos 10g > 4 anos 20g Crambery: Produtos à base de cranberry podem ser efetivos na prevenção de ITU recorrentes Suco (2-5ml/kg/dia) Estudos maiores – necessários Atenção a industrializados e a quantidade presente de suco da fruta, pois a grande maioria trata-se de néctar e possuem quantidade ínfima da polpa. 9 Lavandula angustifolia (Lavanda) – flor: Agitação, Distúrbios do Sono e Ansiedade Infusão – 1 colher de chá da flor em 150ml de agua (10min) Passiflora incarnata (Passiflora) – folha: Agitação, distúrbios do sono e Ansiedade Decocção – 1 colher de sopa em 150-200ml de agua (5min) < 3 anos 1 copo/dia > 3 anos 3 copos/dia Allium sativun L. – Alho: Expectorante e antisséptico DOSES ADULTO (Fazer as conversões conforme regra de IN2 para dosagem em pediatria) IN 2 de 2014: derivados com 3 a 5 mg de alicina Tintura (1:5): 50 a 70 gotas – 200ml água. De 12/12horas (preferência sem alimentos) Mikania glomerata Spreng – Guaco: Gripes e resfriados, bronquite alérgica e infecciosa, expectorante. Broncodilatador, antitussígeno, anti- inflamatório, antibacteriano. DOSES em adultos - (Fazer as conversões conforme regra de IN2 para dosagem em pediatria) Infusão: 3g – 150ml de água. Tomar 1 dose, 3x/dia Tintura (1:5): 2 a 7 ml diluída 75 ml água, 3x/dia Xaropes (15 a 20%): 10 a 40ml ao dia (Farmacopeia Brasileira) Eucalyptus globus – ação antisséptica e Altheaea officinallis (Malva) – possuem sinergia no efeito expectorante e podem ser combinadas para potencialização da ação. Própolis: Antimicrobiano, Imunoestimulante, Anti-inflamatório, Antioxidante. Doses observadas em literatura para crianças – Extrato Alcoólico/Aquoso a 20% (Tintura 20% - ou 1:5) - Metade do peso corporal x gotas 10 Doses observacionais: 3 a 5 gotas ao dia. 1.2. Fitoterápicos e usos em Gestantes e Lactantes A falta de conhecimento por parte da população evidencia a falta de preocupação a respeito dos possíveis efeitos colaterais que determinadas ervas podem causar no organismo. As gestantes estão expostas a muitas destas ervas, e por entenderem que os chás são de origem natural, não os relacionam a implicações negativas à saúde. Diante disso muitas gestantes se expõem, sem saber dos riscos que correm ao usar determinado tipo de planta. O uso sistêmico e indiscriminado de algumas espécies de plantas medicinais é contraindicado no primeiro trimestregestacional por causarem abortamento ou malformações fetais, enquanto outras plantas favorecem o alívio de alguns sintomas. Sendo assim, torna- se imprescindível o conhecimento dos profissionais de saúde, dos riscos e benefícios do uso fitoterápicos suas implicações. Pode-se notar na maioria dos estudos que, grande parte dos chás usados pelas gestantes está relacionada a efeitos abortivos ou a más formações fetais, o que vem a ratificar a importância dessa questão. Nessa ótica, autores destacam que os chás de plantas da família Lauraceae (como o chá de canela), em altas doses provocam irritação das mucosas e hematúria; e da família Curcubiaceae (como o chá de buchinha), que, dentre suas aplicações, destaca- se no tratamento da amenorreia, estão diretamente relacionadas a ocorrência de aborto. Visualiza-se ainda, a necessidade de passar esse conhecimento para as mulheres e seus familiares durante as consultas de pré-natal, orientando-as quanto aos riscos que determinadas ervas representam para a saúde do binômio mãe-filho. Dessa forma, faz-se necessário compreender quais os chás as gestantes utilizam, a fim de qualificar a atenção à saúde. Em um dos estudos mais recentes e mais consistentes que temos até hoje de Kennedy et al 2016, sendo este multinacional transversal, sobre como as mulheres tratam doenças e doenças relacionadas à gravidez, foi realizado entre outubro de 2011 e fevereiro de 2012 na Europa, América do Norte e Austrália. O objetivo era avaliar e classificar os medicamentos à base de plantas utilizados de acordo com sua segurança na gravidez e, em segundo lugar, investigar os fatores de risco associados ao uso de medicamentos à base de plantas contraindicados durante a gravidez. No total, 29,3% das mulheres relataram o uso de ervas medicinais na gravidez - destas foram identificados 126 medicamentos à base de plantas utilizados por 89,0%. Vinte e sete de 126 medicamentos à base de plantas. Foram classificados como contraindicados na gravidez e foram utilizados por 20,0% das mulheres. Vinte e oito foram classificados como seguro para uso na gravidez e usado pelo maior número de 11 mulheres 47,4%. O maior número foi classificado como uso com cautela na gravidez - esses sessenta medicamentos à base de plantas foram utilizados por 31,6%. O estudo mostrou, com base na literatura atual, que a maioria das mulheres neste estudo usou uma medicina herbal que classificada como seguro para uso na gravidez. Neste estudo, os autores elaboraram 4 tabelas de fitoterápicos e usos na gestação, bem como as comparações entre estudos diversos com o mesmo fitoterápico e sua segurança, sendo estes fitoterápicos classificados em 4 níveis de indicações na gestação - conforme abaixo. Contraindicados Seguros Segurança desconhecida Cautela no uso Apesar desta percepção comum de segurança, medicamentos à base de plantas podem conter potentes ações farmacológicas, e foram, de fato, usados há séculos, por exemplo como emenagogas, para promover o aborto. Além disso, pouco é conhecido sobre a medida em que o fitoterápico torna-se potencialmente prejudicial. Vários fatores maternos importantes foram encontrados como associados com o uso de medicamentos à base de plantas contraindicadas na gravidez. Com respeito ao uso de Vaccinium oxycoccus / macrocarpon (Cranberry), seu uso foi classificado como "seguro para uso" na gravidez. A Cranberry é frequentemente usada para a profilaxia da infecção do trato urinário (ITU) e tratamento. Há evidências de estudos com Pacientes não grávidas que sugerem que o Cranberry pode ser útil para reduzir a recorrência de ITU. Contudo, a evidência para apoiar a sua eficácia no tratamento de ITU na gravidez é fraca, 12 mas sem resultado negativo. Os resultados foram identificados em uma grande coorte retrospectiva Estudo envolvendo 68.522 mulheres, das quais 919 usavam cranberry na gravidez. No entanto, como ITU´s podem oferecer riscos na gestação, é essencial que haja a utilização dos antibióticos para controle e efeito curativo da infecção. No caso, o Cramberry pode ser usado como tratamento coadjuvante/complementar e em casos de prevenção. Discutiremos os fitoterápicos considerados seguros, bem como sua finalidade e alguma informação importante dos estudos observados (Estudo e Tabelas na íntegra nos artigos anexos) Fitoterápicos Classificados como Seguros, segundo Kennedy et al, 2016: Aesculus hippocastanum: Venotônico, anti-inflamatório. Evidência limitada; um estudo na gravidez relacionado ao edema das pernas não encontrou efeitos adversos. Allium sativum: Antimicrobiano, anti-hipertensivo, anti-aterosclerótico, redução de lipídios. Alho administrado durante o terceiro trimestre para mulheres grávidas com alto risco de pré-eclâmpsia, foi encontrado para reduzir a hipertensão em um estudo RCT, um segundo estudo em mulheres com alto risco de pré-eclâmpsia não encontrou impacto nos resultados da gravidez, E em um estudo de coorte, o consumo de alho foi associado a uma redução de 50% no parto prematuro. Aloe vera: Antiviral, anti-inflamatório. Gel: uso tópico apenas. Avena sativa: sedativo leve Camelia sinensis: Antiviral, antioxidante, anti-dislipidêmico. Como chá em quantidades limitadas, caso contrário, é contraindicado em altas doses devido ao teor de cafeína. Cassia acutifólia: Laxativo 13 Chamomilla recutita/ Matricaria recutita: anti-inflamatório, antiespasmódico, carminativo, sedativo leve. Como chá em quantidades limitadas. O uso em longos períodos, tem sido associado à constrição prematura do ducto arterial fetal. Citrus sp (limão): Usado como alimento. Curcumae longa: Anti-inflamatório. Echinacea sp: Imunomodulador, anti-inflamatório, antimicrobiano, não houve nenhuma associação com um aumento da má-formação encontrada em um estudo prospectivo. Eleutherococcus senticosus (Ginseng siberiano): Adaptógeno, imunomodulador. Eucalyptus sp: Anti-inflamatório, expectorante - apenas uso externo. Hypericum perforatum: Antidepressivo, antiviral. Um estudo prospectivo mostrou não haver diferenças entre má-formações importantes e parto prematuro com o uso deste fitoterápico na gestação. Mentha piperita: Antiemético, espasmolítico, carminativo. Uso em forma de Chá (infusão/decocção). Panax ginseng: Adaptógeno, Imunomodulador. Passiflora incarnata: Ansiolítico, espasmolítico. Pimpinella anisum: Antiespasmódico, carminativo, lactogogo. Uso em forma de chá (infusão/decocção). Evitar o extrato alcoólico e o óleo devido à potencial atividade anti-implantação do óvulo. Prunus domestica: laxativo. Usado como alimento. Plantago ovata: Laxativo. Possíveis efeitos colaterais de distensão abdominal caso aporte hídrico seja insuficiente. Silybum marianum: Hepatoprotetora, antioxidante. Ulmus fulva: Demulcente. Urtica dioica / urens: Nutritivo, tônico vascular, antialérgico, diurético. Vaccinium myrtillus: Vasoprotetor, queixas urinárias. 14 Vaccinium oxycoccus / macrocarpon: Antisséptico urinário, adstringente. Um estudo de coorte investigou o consumo de cranberry na gravidez em malformações e resultados não encontraram impactos negativos. Vitex agnus-castus: Inibidor da prolactina, agonista dopaminérgico. Apenas para o uso no primeiro trimestre da gestação. Zingiber officinale: Anti-emético, anti-inflamatório,antiespasmódico, carminativo, anti agregante plaquetário. Doses <1 g / dia. Um estudo de coorte investigou o consumo de gengibre na gravidez em malformações e resultados que não encontraram impacto negativo. Uma meta-análise de gengibre na gravidez não encontrou eventos adversos associados à sua utilização para náuseas e vômitos na gravidez. Em relação ao Zingiber officinale, diversos estudos e autores apontam seu uso como seguro e indicado na gestação. Estudos realizados na América do Norte e Europa variam as doses em 250mg até 4x ao dia (Pó). 11 estudos relataram a dose de 1g com significante redução nas náuseas e segurança, e outros estudos com dose mínima para eficácia de 500mg. Outro estudo comparou a sua eficácia com a Metroclopramida com segurança e com ponto positivo por não causar sonolência. Os efeitos se estendem na hiperemese gravídica. Também os efeitos foram comparados à Vitamina B6 com a mesma eficácia contra náuseas, porém com efeitos mais duradouros para o grupo que consumiu o Zingeber officinale. Não houveram relatos de efeitos adversos nos estudos citados. Desta forma o Gengibre é considerado seguro e parte das prescrições para as gestantes, em forma de alimento funcional, chás (infusões e decocções) e pó da planta. Estudo de Theot et al, 2013, com o objetivo de explorar o uso de ervas medicinais durante período da gestação e pós-parto entre mães, em um hospital terciário de uma cidade metropolitana de Malásia – estudo transversal com as pacientes sendo entrevistadas duas vezes após o parto. A prevalência de ingestão de ervas durante a gravidez foi de 13,9% - com metade dos usuários que o consumiram durante o primeiro trimestre. No total de 52,9% das mães ingeriram ervas durante a Período pós-parto. Bebês de mães que ingeriram ervas apresentaram maior taxa de icterícia neonatal, em comparação com lactentes de mães que não ingeriram ervas durante o período pós-parto (P = 0,001). 13,9% das mães tinham história de ingerir ervas durante a gravidez sendo que 53,3% dessas mães ingeriram ervas durante o primeiro trimestre da gestação, enquanto 31,1% consumiram durante a gestação. O mais comum das ervas tomadas durante a gravidez eram ervas tradicionais chinesas ou misturas 15 entre elas. No entanto, não houve diferença na proporção de bebês que exigiu tratamento para icterícia. Neste estudo, a razão mais comum citada para tomar ervas gestação foi para melhorar a saúde das mães, semelhante ao relatado por vários outros estudos. Um número significativo de mães também acreditavam que as ervas melhoram a saúde de seus bebês, semelhante à descoberta de um estudo realizado em Congella, África do Sul. Um estudo nigeriano, relatou que as mães tomaram ervas porque é percebida como inofensivo, de fácil acesso e acessível. Além disso, muitas das mães do estudo de Kennedy et al, 2016, admitiram que as opiniões dos profissionais de saúde não eram consultadas porque acreditavam que os médicos não tinham conhecimento sobre ervas tradicionais e podem desencorajá-las de consumir. Em conclusão, a ingestão de ervas foi comum entre as mães. Em uma publicação da revista Mothering de Fev/2008, trouxe a discussão de diversos artigos de autores variados, sobre o consumo de fitoterápicos na gestação, bem como sua segurança e eficácia. Enquanto Ervas delicadas e remédios caseiros simples, tem um histórico longo de segurança (uso tradicional), as gestantes estão cada vez mais buscando conselhos de fontes que nem sempre podem ser confiáveis - por exemplo, a Internet - e na maioria das vezes com o objetivo de tratamentos potencialmente crônicos, que podem surgir durante a gestação. Alguns acreditam que as ervas não devem ser usadas na gestação, porque a maioria das ervas não são provadas seguras durante a gestação. Enquanto outros veem certas ervas, como alimentos que podem fornecer fontes de nutrição durante a gestação ou como tônicos que podem encorajar e apoiar a saúde ideal da gravidez, bem como a função uterina. Talvez o mais razoável é que a abordagem da segurança das ervas é a de risco / benefício, levando em consideração a segurança individual de cada fitoterápico e a gravidade da abordagem médica. No entanto, certos sinais e sintomas que surgem durante a gestação, sempre garantem atenção médica e não devem ser tratadas com fitoterápicos. Chás de fitoterápicos que são conhecidos por sua segurança em quantidades moderada (por exemplo, framboesa vermelha, Hortelã, camomila etc.) e a ingestão de quantidades normais e de dose de ervas usadas, geralmente são consideradas seguras. Os constituintes de muitas ervas, tais como: Urtica dioica, Avena Sativa e folha de Rubus idaeus - São principalmente substâncias benignas e nutritivas. Neste estudo os fitoterápicos também foram divididos conforme as classificações (Seguros, A evitar, Usos comuns em queixas da gestação), e vão de encontro com a maioria dos fitoterápicos citados por Kennedy et al, 2016. 16 Tabatabaee, 2011 mostra que o aumento do uso de produtos à base de plantas é notado em todo o mundo. A segurança de drogas à base de plantas torna-se particularmente importante em mulheres grávidas e crianças. Apesar do fato que, os dados disponíveis são insuficientes para justificar o uso de ervas durante a gravidez. Algumas das razões mais complexas para a preferência de ervas, estão associados a crenças culturais e pessoais e visões filosóficas em relação à vida e saúde. Na maioria dos casos, as mulheres relataram ter sido recomendado o uso de drogas à base de plantas por família (87,3%). 17 Tieraona, 2009 mostra em seu estudo uma pesquisa de 578 gestantes Mulheres no leste dos Estados Unidos, e 45% dos entrevistados usaram medicamentos à base de plantas. Uma pesquisa de 588 Mulheres na Austrália revelou que 36% usaram pelo menos 1 fitoterápico durante a gestação. Dant et al, 2014 em uma revisão, avaliaram através de revisão e o objetivo de relatar a prevalência de produtos à base de plantas utilizadas na gestação e para avaliar a evidência de eficácia e segurança dos remédios mais populares. Achados recentes dos 671 artigos identificados, 15 ensaios controlados randomizados e 16 não randomizados foram elegíveis. O gengibre foi o remédio mais investigado e foi consistentemente relatado para melhorar a náusea e Vômito na gravidez. Dados sobre a segurança de Hypericum perforatum na gestação ou a lactação são tranquilizadoras, enquanto que a eficácia foi demonstrada apenas em não grávidas. Ainda há provas insuficientes quanto à eficácia e segurança de Echinacea, alho e Cranberry na gravidez. Resumo Estudos epidemiológicos relataram uma ampla gama de uso de remédios herbal na gravidez. 18 Smeriglio et al, 2014 mostraram um estudo com o objetivo de fornecer uma atualização a partir de uma visão geral da literatura de consumo mais frequente de fitoterápicos durante a gestação, sozinhos ou combinados com medicamentos prescritos, bem como efeitos colaterais. Em estudos experimentais: este estudo apresentou alta taxa de resposta e consequentemente pode ser considerado representativo para parteiras no Sul Austrália. Entre as mulheres matriculadas que responderam ao questionário, apenas 9% tomaram fitoterápicos e 69% destes pelo menos uma vez, simultaneamente com medicamentos prescritos. Matricaria recutita L. (flor) em forma de chá, Camellia sinensis L., (folhas) infusão, Mentha piperita L., Linum usitatissimum L. - Os autores concluíram que o uso foi comum. Nesse sentido, Langhammer e Nilsen (2013) publicaram um artigo interessantesobre inibição in vitro de várias isoformas humanas de CYP450 por seis ervas comumente usados durante a gravidez. Nele, foram investigados por seus potenciais inibitórios sobre estas importantes enzimas envolvidas no metabolismo de várias, sendo assim a interação na absorção e na metabolização no CYP450 uma importante avaliação a ser feita com os fitoterápicos. Em estudos clínicos: dados de segurança e eficácia: alguns trabalhos originais e principalmente revisões, pesquisas ou Estudos in vitro ou animais que examinam a segurança e / ou Eficácia de gengibre, cranberry, framboesa, camomila, Hortelã e equinácea (Echinacea sp., Asteraceae) Partes aéreas e extrato de raiz, o mais utilizado durante a gestação. Como outras plantas compostas, a camomila causa raros reações alérgicas (extremamente raras). 1.3. Fitoterapia e usos em Adultos Segundo a Organização Mundial da Saúde 80% da população mundial faz uso de medicamentos derivados de plantas medicinais. No Brasil pesquisas demonstram que 91,9% da população fizeram uso de alguma planta medicinal, sendo que 46% da mesma mantêm cultivo caseiro dessas plantas (ABIFISA, 2007). De acordo com Melo et al, 2007, existe no Brasil uma farmacopeia popular muito diversa baseada em plantas medicinais, resultado da miscigenação cultural envolvendo africanos, europeus e indígenas. O fitoterápico mais usado para a população adulta, segundo diversos estudos e literaturas, mostra que há uma procura por doenças de baixa gravidade (sintomas de baixa duração como gripes, resfriados, questões relacionadas a fertilidade e bem-estar geral (melhora da saúde em geral). Outra característica da população apresentada pelos estudiosos do assunto diz respeito ao uso indiscriminado de anti-inflamatórios e analgésicos. Esse coquetel de fármacos pode representar riscos para a saúde, que fica à mercê 19 dos efeitos colaterais e das interações medicamentosas. Neste contexto, a fitoterapia se insere como alternativa de minimização de efeitos adversos e de custo. É oportuno lembrar que as plantas medicinais fazem parte do cotidiano de vida comum do cliente; logo é preciso que se considere não somente a cientificidade desse recurso, mas a práxis cultural da clientela à qual se destina. As classes terapêuticas mais usadas por adultos e idosos são as que agem sobre o aparelho digestivo, sistemas nervosos central, aparelho cardiovascular e analgésicos como mostram vários estudos realizados em diferentes centros urbanos. A farmacopeia fitoterápica tem enorme contribuição a oferecer a este grupo consumidor. Dentre eles, podemos destacar os fitos abaixo, dentre outros muitos que estão presentes devido à tradicionalidade – uso tradicional de um povo ou região que perfazem grande porcentagem de uso dos fitoterápicos atualmente. Sendo os mais citados: Glycine max (Soja) Parte utilizada: Sementes Origem: Ásia Componentes: Sais minerais, Isoflavonas (genisteína, daidzeína, gliciteína), Proteínas, Lipídeos, Fitoesteróis (estigmasterol, campesterol e sitosterol), saponinas, Vitaminas do complexo B, Vitamina E e traços de vitamina D. Usos: Alimento Funcional, Transtornos associados à síndrome climatérica, Prevenção e tratamento da Osteopenia, Prevenção da Dislipidemia e aterogênese, Prevenção a neoplasias de mama e próstata. Via de Ação: As isoflavonas podem ser administradas principalmente como terapia de reposição hormonal durante a menopausa, como coadjuvante em processos osteoporóticos, hipertrofia benigna de próstata e no combate à sintomas do climatério. A lecitina de soja é usada como hipolipemiante. Contraindicações: Não administrar durante a gestação, uma vez que possuem efeitos tônicos uterinos. O auto teor de purinas, também contraindica o uso em pessoas com risco de cálculos de ácido úrico ou com pré-disposição à gota. O alto consumo ou prolongado, pode levar a distúrbios tireoidianos. Esse fitoterápico é contraindicado para menores de 12 anos. Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes do fitoterápico não devem fazer uso do mesmo. Dosagem: Isoflavonas: A dose diária deve estar entre 50 e 120 mg de 20 Isoflavonas. Trifolium pratense (Trevo vermelho) Parte utilizada: Inflorescências secas Origem: Europa, Ásia Central e Norte da África. Componentes: Rico em Isoflavonas (dadzeína, genisteína, biochanina A e formonetina), óleo essencial, comestanas, glicosídeos cianogênicos, flavonoides e saponinas. Usos: Alívio dos sintomas da menopausa (principalmente fogachos), mastalgia e síndrome pré-menstrual. Via de Ação: A atividade estrogênica é devida principalmente às isoflavonas, e em menor intensidade, às comestanas. A estrutura moleclar destes constituintes é semelhante molecularmente aos estrogênios. Contraindicações: Deverão ser observadas as condições que podem ser agravadas pelo aumento do nível de estrogênio, como a endometriose ou miomas uterinos. Produtos à base da inflorescência de Trifolium pratense são contraindicados em casos de hipersensibilidade ou alergia a droga vegetal ou a espécie in natura. Está também contraindicado durante a gravidez, na amamentação e para crianças menores de 12 anos, e em casos de doenças hormonais associadas, ao efeito potencial dos hormônios. Dosagem: Extrato bruto: 240-480 mg correspondendo a 40-80 mg/dia de isoflavonas Atenção: Prescrição exclusivamente médica. Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz) Parte utilizada: raiz Origem: Sul da Europa, Ásia Central e Ocidental 21 Componentes: Saponinas triterpenoídias pentacíclicas, saponinas diversas (principal glicirriza – 50 x mais doce que o açúcar). Isoflavonóides, flavonóides, chalconas, glicose e sacarose, dentre outros. Usos: O alcaçuz é amplamente utilizado em alimentos como agente aromatizante. Expectorante, demulcente, antiespasmódico, Propriedades anti- inflamatórias e laxantes. Também é relatado para afetar as glândulas suprarrenais. Coadjuvante no tratamento de úlceras gástricas e duodenais. Antioxidante. Hepatoprotetora. Via de Ação: Inibição da ativação de NF-kB. Efeitos anti-inflamatórios secundários à prevenção da indução de um mediador pró-inflamatório - Mecanismo de ação relativamente novo para nutracêuticos. Chalconas: Suprime secreção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6, iNOS) Inibe COX-2 secundária à ativação inibidora de AP-1 e NF-kB (in vitro e experimental). Semelhante aos corticosteroides, impedindo a formação de substâncias que induzem inflamação; Potencializa ação da hidrocortisona (sem lesão na mucosa gástrica) Inibe migração leucocitária até o local da inflamação. Polissacarídeos e saponinas – Efeito Imonoestimulante. Eleva atividade fagocitária das células. Defesa, aumenta síntese de Óxido Nítrico. Aumenta atividade macrófagos e Liberação de interferona. Flavonóides – inibem liberação da gastrina – cicatrização da mucosa gástrica (uso de aspirinas) Contraindicações: HAS, DM II, Insuficiência Respiratória, Hiper estrogenismo Hepatopapia colestática (por ser colerético), Glaucoma, ICC, ex-etilistas, Gestante (Atividade estrogênica), Lactação. Causa retenção de sódio e perda de potássio, o que leva ao aumento da pressão sanguínea. Dosagem: IN2/2014: 200 a 600 mg de ácido glicirrizínico Decocção: 2 a 3% (20 a 30g/litro) - 3 a 5 min – 2 a 3 doses ao dia Pó: 2 a 5g – 1 a 3x/dia ES (5:1): 0,2 a 1g/dia Tintura 1:5: 50 a 100 gotas – 1 a 3 x ao dia 22 Atenção: Usomáximo por 6 semanas. Após este período – Prescrição Exclusivamente Médica. Panax ginseng (Ginseng) Parte utilizada: Raiz Origem: China, Coréia Vietnã e Japão. Componentes: Ginsenosídeos, Óleo essencial, Glicídeos, Oligoelementos, Vitaminas B e C entre outros. Usos: Tonico geral do organismo, estimulante do apetite, aumenta a capacidade da memória e melhora a capacidade pulmonar. Adaptógeno. Via de Ação: Os Ginsenosídeos são os principais responsáveis pela maioria das ações. Muitos deles têm efeitos antagônicos entre si, daí a importância de padronização do extrato. Os polissacarídeos têm função imunomoduladora. Também com ações hipoglicemiante e antitumoral. Contraindicações: Doenças agudas, trombose coronária, doenças cardíacas graves, hipertensão e hemorragias. Pacientes com hipersensibilidade nervosa, esquizofrenia, histeria ou mania. A segurança na gestação e lactação não foi definida. Dosagem: Padronização: Ginsenosídeos - 8 a 16 mg – Extrato Seco. Decocção: 3 a 10g de raízes partidas em 500ml de água – utilizar 3 doses de 150ml cada ao dia. Pó da Planta: 1 a 4g/dia – em cápsulas. Atenção: Prescrição exclusivamente médica. Lepidium meyenii (Maca, Maca Peruana) Parte utilizada: Raiz Origem: Perú, Chile, Bolívia e Colômbia. Componentes: Glicosinolatos, Óleo essencial, Compostos fenólicos, Aminas, Taninos (galato de epigalocatequina, galato de epicatequina etc.), cumarinas, flavonóides, compostos fenólicos, macaenos (ácidos graxos). 23 Usos: energizantes, auxilio da fertilidade, rendimento esportivo em atletas, regulação hormonal na mulher, antianêmico, afrodisíaco, estimulante, e contra fadiga crônica. Via de Ação: Quanto a ação na fertilidade, os primeiros trabalhos em 1961 mostraram papel importante dos glicosinolatos, os quais estimulariam o desenvolvimento dos folículos de Graaf. Já em estudos mais novos de 2005, 2008 mostram aumento da atividade sexual, manutenção do peso e menor mortalidade nos partos – estudos experimentais. Em estudos clínicos, por período de 4 meses de uso de dosagem de Extrato Seco da Maca em indivíduos sadios (dose de 1500 a 3000mg/dia), proporciona um incremento no volume do sêmen, aumento da mobilidade de espermatozoides e sem alterações de níveis hormonais. Também são citados aumento do desejo sexual em homens em outros estudos. Estudos mostram também que pode reduzir a perda de cálcio femural, com mecanismo diferenciado da terapia de reposição hormonal durante a menopausa. No pós-menopausa reduz ansiedade e depressão, com redução dos níveis de lipídeos, melhorando a atividade sexual. Contraindicações: Não foram observados e não existem dados científicos suficientes. Em nível popular, alguns não recomendam usar em pacientes hipertensos – recomendação similar ocorre com o Panax ginseng. Dosagem: Farinha/pó: recomenda-se 3 a 4 colheres diárias por até 1 mês. Fazer whash- out de 1 semana e logo após reiniciar novo ciclo. Raiz rasurada 1,5 a 3 gramas Extrato Seco: Alonso, 2016 indica dosagem em forma de apresentações comerciais utilizam 500mg do Extrato, padronizados em glicosinolatos. Outros autores citam Extrato Seco 200 a 400mg/dia padronizados em macaenos. Mucuna pruriens (Mucuna) Parte utilizada: Sementes Origem: África tropical, Índia e Caribe. 24 Componentes: lL-di-hidroxifenilalanina, alcaloides (mucunina, prurienina etc.), alcaloides indólicos, glicosídeos cianogênicos, taninos, coenzima Q10 entre outros. Usos: Na medicina Ayurvédica, empregado por anos o pó da semente como energizante, afrodisíaco, hipoglicemiante, antianêmico, e recentemente usos em doença de Parkinson. Tradicional propriedade afrodisíaca - cientificamente analisada e provada em experimentos usando sementes de Mucuna pruriens. Demonstrou aumentar os níveis de testosterona levando a deposição de proteínas no músculo e aumentando a massa muscular e a força. A semente é um profilático contra oligosperma e é útil no aumento da contagem de esperma, ovulação em mulheres. Via de Ação: Em estudos relacionados a reprodução humana, a semente mostrou aumento da atividade sexual, mantida inclusive em animais diabéticos – estudos experimentais. Em estudos clínicos, de homens com infertilidade, o fornecimento do pó da semente evidenciou estímulo da espermatogênese e melhor motilidade espermática. Outro estudo com homens com problemas de fertilidade, melhora mecanismos de stress psicológicos, com redução dos peróxidos lipídicos em plasma seminal e incremento na recontagem e motilidade de espermatozoides. Contraindicações: Não se recomenda uso na gestação e lactação – apesar de não haver relatos de toxicidade em estudos experimentais com ratas gestantes, ainda são necessários melhores estudos e parâmetros. DOSE: Extrato Seco: a dosagem média citada é de 200 -400 mg do extrato seco, 1 ou 2x/dia. Alonso, 2016 indica produtos em forma de suplemento alimentar (pó da semente moída) – 350mg a 500g com padronização de 10 a 15% de L-dopa em 2 a 3 doses diárias. Estudos com infertilidade masculina citam 5g do pó da semente ao dia em forma de suplemento alimentar. 1.4. Fitoterápicos e usos em Geriatria 25 Os fitoterápicos são considerados uma modalidade de terapia complementar ou alternativa em saúde e seu uso tem sido crescente. Inquéritos de saúde realizados em vários países têm focalizado o uso desses medicamentos entre os idosos, sendo que alguns apontam uma maior utilização desses em comparação aos adultos jovens e que os principais fitoterápicos utilizados por idosos são ginkgo, equinacea e ginseng. Resultados do National Health Interview Survey (NHIS) revelaram que 12,9% dos idosos norte-americanos utilizaram ao menos um fitoterápico nos últimos 12 meses. Nos países tomados como comparação, os fitoterápicos são considerados suplemento alimentar, de forma que podem ser consumidos sem prescrição médica. Logo, a maior utilização pelos idosos desses países pode ser devida ao acesso facilitado a tais produtos. No Brasil, fitoterápicos são considerados medicamentos pelos órgãos sanitários. Ademais, alguns fitoterápicos utilizados pelos idosos do presente estudo, necessitam de prescrição médica para sua aquisição. Isso ocorre, por exemplo, com ginkgo, hamamelis e valeriana. Estudos demonstram a necessidade de ações educativas que aprimorem a prescrição e o uso desses produtos entre idosos no País. Uma maior divulgação e acesso à informação sobre esses medicamentos entre os prescritores e demais profissionais da área da saúde pode ser uma estratégia importante. Não podemos esquecer também da questão presente, até em maior prevalência do que na população adulta, que é a utilização dos fitoterápicos de uso tradicional, presente em populações ao longo de todo país e seguindo uma utilização regional também. A Caderneta do Idoso relacionado ao uso de plantas e fitoterápicos, dividida em itens e aborda dados referentes à identificação do idoso, problemas de saúde, medicamentos, fitoterápicos e plantas medicinais utilizadas, alergia ou intolerância a algum medicamento ou alimento, medicamentos já utilizados e que foram suspensos, registro do controle de pressão arterial, glicemia e peso e a sua agenda de consultas. A caderneta foi baseada na “Caderneta de saúde da pessoa idosa” que não aborda nenhum item em relação à fitoterapia. Em relação ao uso na qualidade de vida e saúde, destacamos nas literaturas alguns fitoterápicos mais utilizados pelapopulação geriátrica, e discutidos abaixo: Harphagophito procumbens – Garra do Diabo - (Devil-s claw) 26 Parte utilizada: raiz Origem: Originária dos lençóis de areia do deserto de Kalahari – entre a Namíbia, Bostwana e Transvaal (África do Sul). Componentes: Glicosídeos Iridóides (harpagosídeo e derivados (procumbina), Derivados fenólicos, Triterpenos, Fitoesteróides, Flavonóides, Óleos essenciais entre outros. Usos: Anti-Inflamatório e analgésico leve, Osteoartrite Artrite reumatoide, Artrose Gota úrica, Reumatismo, Contusões, entorses, lombalgias, mialgias e demais alterações ósteo-mioarticulares, estimulante do apetite – por conta de seus tônicos amargos digestivos. Quanto à ação Anti-Inflamatória, tem efeito comparado a cortisona e fenilbutazona. Via de Ação: Redução da síntese de prostaglandinas Cox1, Cox2, prostaglandina das séries E2, Redução da síntese de leucotrienos - LTB4, Inibição da liberação: TNF-alfa, IL-6, IL-1b, Inibição da síntese do óxido nítrico, Inibição da síntese de metaloproteinases. Os tratamentos com Harphagophytum procumbens permitem de alguma maneira substituir ou reduzir os tratamentos convencionais, nos quais o excesso de corticosteroides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) provoca reações adversas ou indesejadas que levam à sua interrupção. Seu benefício máximo é observado em processos inflamatórios crônicos, mas também em transtornos hepatobiliares. Em pacientes idosos as doses deverão ser ajustadas a ½ dose ou ¾ das sugeridas a adultos. Em processos crônicos o uso pode ser prolongado por até 3 meses. Contraindicações: Cautela a associar com antiarrítmicos, em casos de ulcera gástrica e duodenal. Em uso excessivo pode tornar-se laxativo. Na Gravidez e Lactação cautela no uso, devido à falta de dados seguros. Pode causar diarreia, vômito, dor abdominal e reações alérgicas na pele. Leve efeito hipoglicemiante e tônico cardíaco. DOSE: 27 RDC 10/2010 – infusão 1 colher de chá, 150ml água, 2 a 3 x/dia Tintura: 60 a 80 gotas em 150ml água, 8/8h Infusão: 1g à 3g em 150ml água, 2 a 3 x/dia ES: 2 a 3g/dia (divididos em 3 tomadas pós-prandiais) – 2 meses consecutivos – whash out 1 a 2 semanas OMS preconiza: artrose e tendinite=1,5 a 3g – decocção ou preparações equivalentes 50 -100mg de harpagosídeo/dia - uso em Cápsulas gastro- resistentes para evitar sensibilidade gástrica. Boswellia serrata – Boswelia Parte utilizada: Goma/Resina. Origem: Gomo-resina de origem indiana, com tradição milenar como anti- inflamatório - Origem na medicina Ayurvédica. Componentes: Constituintes Fitoquímicos: Monoterpenos e Sesqui-terpenos, Ácidos Boswélicos, limoneno, carvona, triterpenos pentacíclicos. Usos: Patologias anti-inflamatórias gerais, para doenças inflamatórias do intestino. Arsenal de tradicionalidade de cerca de 2 mil anos de uso. Via de Ação: Inibição do sistema complemento. Inibidor da enzima pró-inflamatória: 5-Lipoxigenase, Inibição de nF-kB Suprimir a dor e a imobilidade associadas à Osteoartrite com significância. Efeitos que levam apenas uma semana para ocorrer, geralmente usados quando paciente tem queixa de dor. Estudos são bem conduzidos, mas financiados pelos produtores dos suplementos testados, porém sua ação é clinicamente comprovada. Redução de dor e outros sintomas de osteoartrite são mais profundas do que outros suplementos, incluindo a da glucosamina (droga de referência utilizada para esta patologia). Contraindicações: Usar para patologias de baixa gravidade, até o tempo máximo de 30 dias. Podem ocorrer Dermatites de contato, queimação retroesternal, náuseas, 28 flatulência abdominal, dor epigástrica, Anorexia, dermatite. Cautela a utilizar em Gestante e Nutriz, devido falta de segurança nos dados. Gastrite e refluxo gastroesofágico exigem cautela. DOSE: Quantidade de extrato seco que forneça 7 a 21 mg dos triterpenos pentacíclicos padronizados em (11-ceto-beta-boswélicoe3-acetil-11-ceto-beta- boswélico) - 2 a 3 tomadas diárias – Dados de base de estudo utilizado como referência para a Boswelia serrata. Alguns outros estudos mostram 1.800 mg tomadas três vezes por dia (5,400mg diariamente). Porém os compilados de doses comumente observadas são de 800-1,200 mg - três vezes ao dia (dose diária de 2.400-2.600mg) Os benefícios parecem ser dependentes da dose (dose-dependente) conforme a gravidade dos mesmos. Curcuma longa (Cúrcuma) Parte utilizada: rizoma Origem: Índia e Sudeste Asiático e posteriormente foi introduzida na América (Antilhas) e regiões temperadas da Europa. Componentes: Curcuminóides (2 a 9%): curcumina (60%), Curcumina I, II e II, ciclocurcumina. Óleo essencial (1,5 a 5,5%): 60% lactona sesquiterpênicas, bisaboleno, cineol. Polissacarídeos, resina e amido. Usos: No oriente popularmente usada como hepatoprotetor, estimulante da secreção de vias biliares, antiflatulento, diurético, processos de secreções das vias aéreas, antiparasitário, circulatório, anti-inflamatório. Hipolipêmico, aterosclerose, gastro-protetor, em casos de intoxicação por substâncias tóxicas, Artrites, artroses, Osteoartrites, Estress Oxidativo. Via de Ação: o fitocomplexo presente na Curcuma longa apresenta as atividades em amplo perfil de utilização, e pode ser atribuído principalmente à curcumina, que demonstra alta afinidade por proteínas, que juntamente com terpenóides e polissacarídeos que fazem interações com os resíduos e aminoácidos (lisina, arginina, histidina) presentes nos receptores, influenciando a atividade de vários mediadores bioquímicos. 29 Assim como os bioativos, auxiliam no controle de diversas doenças de múltiplos alvos, como doenças degenerativas e inflamatórias, sendo a sua principal função a anti-inflamatória. A curcumina age no processo inflamatório em vários alvos biológicos, tais como citocinas pró-inflamatórias que englobam interleucinas IL-1ß, IL-6, IL-8, IL-17, IL- 18, fator de necrose tumoral, fator inibitório da leucemia, fatores de crescimento transcricionais, NF-kB e receptores, genes que regulam a ação de apoptose celular, enzimas envolvidas no metabolismo do ácido aracdônico (Ciclo- Oxigenase e Lipo-Oxifenase), óxido nítrico sintase induzida, e metaloproteinases de matriz. Desta forma, o mecanismo de ação da curcumina é multifacetado e atua como inibidor da síntese de prostaglandinas, estabilizador de membranas lipossomiais, inibidor da atividade de leucotrienos e do tromboxano B4. Sem afetar a síntese de prostaglandinas, incrementa a esteroidogênese da adrenal com ação antioxidante. Contraindicações: Portadoras de obstrução dos dutos biliares. Em caso de ulcera gastroduodenal. Em caso de cálculos biliares, utilizar somente sob prescrição Médica. Não utilizar junto com anticoagulantes. DOSE: Decocção 1% - 2 a 3 x ao dia Infusão: 20g/L – administrar 200 a 300ml/dia Tintura (1:10): 2,5 a 5 ml – 1 a 3 x/dia ES (5:1): 50 a 100mg -2 a 3 x ao dia ES padronizado: 95% curcuminóides (mais comum utilizado) OBS: há necessidade de administração de Piper Nigrum (capsaicina) para que a ação da curcumina seja potencializada, uma vez que sozinha, a biodisponibilidade é baixa. Caso haja administração da cúrcuma como alimento funcional, adicionar a cúrcuma e a pimenta, veículo oleoso para auxílio na potencialização do efeito (ex: Azeite aromatizado – cúrcuma, pimenta preta e azeite). 302. Suplementação nos Ciclos da Vida 2.1. Suplementação na Gestação e Lactação A suplementação da dieta de uma mãe durante a gestação pode assumir a forma de caloria adicional, proteína, vitaminas ou minerais que excedem sua rotina de consumo diário. Quanto mais comprometido o estado nutricional da mulher, maior será o benefício para o êxito da gravidez com dieta melhorada e suplementação nutricional. O uso contínuo de suplementos é necessário em gestações de alto risco em mulheres subnutridas, mulheres fazendo uso abusivo de substâncias, mães adolescentes, mulheres com curto intervalo entre gestações, mulheres com história de nascimento de um bebê BPN e em gestações múltiplas. Segundo Silva et al (2007): Vitamina A, ferro e zinco são considerados essenciais para as funções metabólicas e, durante a gestação, o requerimento destes são aumentados por conta do crescimento e proliferação celular potencializados durante este período. Durante a lactação o leite materno é que irá oferecer estes nutrientes ao recém- nascido, sendo eles considerados um grupo de risco para o desenvolvimento destas e de outras carências nutricionais. Ressaltado ainda que, o diagnóstico precoce e correto destas deficiências, são de suma importância para esta fase da vida. Sabe-se que a Vitamina A está envolvida em diversos processos metabólicos: diferenciação celular, o crescimento, a visão, a reprodução, nos funcionamento do sistema imunológico e ações antioxidantes, e principalmente em fases da vida quando há grande diferenciação celular, incluindo a gestação, e algumas fazes da infância. Também há necessidade de conhecermos a questão de que a Vitamina A está em reservas reduzidas no feto, e este fato é provavelmente esclarecido pela seletividade da barreira placentária, evitando assim efeitos teratogênicos na passagem desta vitamina para o feto. Sendo assim, os níveis séricos de Vitamina A dos recém-nascidos são reduzidos em torno de 50% dos níveis maternos. Atenção especial deve ser dada em casos de recém-nascidos prematuros devido à redução tanto do nível sérico quanto da reserva hepática desta vitamina. O ferro também desempenha papel importante, primeiro por ser o oligoelemento mais abundante no corpo humano e em segundo por participar de diversos processos metabólicos - como transporte de elétrons e síntese de DNA. A carência deste oligoelemento possui prevalência mundial e dados de autores mostram que, aproximadamente 60% das gestantes possuem anemia. Estes valores são mais acentuados ainda nos países em desenvolvimento e atenção 31 especial deve ser dada, devido ao fato de que as necessidades de ferro variam conforme a fase da gestação. Durante o primeiro trimestre não há alteração destas necessidades, pois o fato da ausência da menstruação neste período, acaba balanceando este oligoelemento no organismo mesmo com o aumento da vasodilatação do volume de plasma sanguíneo maternos. Já no segundo trimestre há aumento das necessidades, devido à maior demanda de oxigênio para a mãe e o feto – necessitando-se então de manter os níveis de hemoglobina, sendo esta situação perdurada até o final da gestação. Caso este correto fornecimento de ferro não ocorra, o recém-nascido terá mais chances de apresentar baixo peso ao nascer. Logo após o nascimento e durante os primeiros meses de vida do recém- nascido, há uma redução da concentração de hemoglobina e aumento proporcional das reservas de ferro. Nesta fase a absorção de ferro na alimentação é pequena, mas vai aumentando a medida que as reservas corporais se diminuem. Esta redução ocorre por volta de 4 a 6 meses de vida do bebê. Em crianças com aleitamento materno exclusivo é possível manter estas reservas corporais de ferro até o período de 4 a 6 meses e este é independente da quantidade de consumo de ferro que a lactante ingere. Após esta fase as reservas corporais do recém-nascido são reduzidas, a quantidade de ferro presente no leite materno diminui e em contrapartida as necessidades para processos metabólicos estão aumentadas (formação de novos tecidos e expansão do número de hemácias). Caso haja deficiência neste período citado acima, a anemia causa danos e prejuízos a memória, que não são irreversíveis mesmo após a correção desta carência. Mesmo não havendo anemia na gestação, a suplementação de ferro é recomendada, devido as necessidades aumentadas nos dois últimos trimestres de gestação. O Zinco também é de suma importância para esta fase, participando de processos como a reprodução, a diferenciação celular, imunidade, crescimento e reparação tecidual e participando ativamente de metaloenzimas que atuam nos processos de vias antioxidantes, metabolismo de macronutrientes e da síntese e degradação de ácidos nucléicos. A deficiência de zinco implica em anormalidades bioquímicas e de velocidade de crescimento entre outras. Somando-se a esta importância nos processos metabólicos, suas necessidades estão aumentadas em diversas fases da vida, como na gestação e lactação – onde a ocorrência de carências são maiores devido a demanda de utilização pelo organismo. Importante ressaltar que estas consequências podem ser corrigidas através da correta suplementação de zinco. Diversas são as repercussões da carência de zinco no período gestacional, sendo esta relacionada a: - Aborto espontâneo - Retardo do Crescimento intrauterino e nascimentos prematuros 32 - Pré-eclâmpsia - Anormalidades congênitas (retardo neural e alterações imunológicas fetais) - Alteração da função dos Linfócitos T - sistema de defesa imunológica. Na fase fetal (segunda metade da gestação), boa parte das reservas nutricionais da mãe é utilizada. Nesse período, o feto experimenta extraordinário crescimento: na 14ª semana, pesa cerca de 20 g; na 34ª, aproximadamente 2.500 g, ou seja, 125 vezes maior. É interessante salientar que, apesar da intensidade do crescimento fetal, as reservas nutricionais da mãe permanecem praticamente estáveis nos últimos meses da gravidez. Distribuição do ganho de peso materno durante a gestação 1. Produtos da concepção Feto 2,7 Kg a 3,6 Kg Líquido amniótico 0,9 Kg a 1,4 Kg Placenta 0,9 kg a 1,4 kg. 33 Total: 4,5 a 6,4 Kg 2. Aumento dos tecidos maternos Expansão do volume sanguíneo 1,6 kg a 1,8 kg. Expansão do líquido extracelular 0,9 kg a 1,4 kg. Crescimento do útero 1,4 kg a 1,8 kg. Aumento do volume de mamas 0,7 kg a 0,9 kg. Aumento dos depósitos maternos – tecido adiposo 3,6 kg a 4,5 kg. Total: 8,2Kg a 10,4 Kg SOMA: 12,7Kg a 16,8 Kg Parizzi e Fonseca (2010) descrevem que: Avaliando as necessidades de ingestão de kcal por uma mulher, não gestante, possuindo atividade física moderada, objetivando-se suprir as suas necessidades energéticas e manter o peso corporal, gira em torno de 25 a 30 Kcal/kg peso/dia. Uma gestação, normalmente consome cerca de 80.000 Kcal – durante os 280 dias de gestação – mostrando-se assim que as necessidades calóricas na gestante passam a ser em torno de 25 a 35Kcal/kg peso/dia. No raciocínio lógico desta diferença, chegamos a um valor aumentado para a gestante de apenas 300 Kcal/dia – sendo este valor considerado baixo quando o comparamos com a quantidade de alimentos incluídos para chegar neste total de calorias. As gestantes possuem a ideia de que a ingestão de alimentos está muito aumentada, o famoso “comer por dois”, quando na verdade a necessidade calórica está pouco alterada como vimos. O excesso de consumo de calorias é sabidamente prejudicial à gestantee ao feto, sendo assim o ritmo de ganho de peso na gestação o principal preditor de que há consumo adequado ou não de calorias (excessos refletem em ganho de peso excessivo). Em relação ao consumo de proteínas na gestação, a média de consumo durante toda a gestação gira em torno de 500g para o feto, 60g para a placenta e 440g no organismo da gestante, totalizando 1000g de proteína. Porém estes valores variam muito na literatura, não havendo consenso de valores específicos, mas sim de médias. Os estudos mais atuais sugerem que o aporte protéico seja de 1,1g proteína/kg peso/dia sendo: 2/3 de origem vegetal e 1/3 de origem animal) e as mesmas observações são encontradas para nutrizes. Comparando-se o consumo de proteínas por mulher não grávida e da gestante, a mulher adulta necessita de 0,8g proteína/kg peso/dia com a mesma proporção entre a origem vegetal e animal. Portanto a diferença do consumo da mulher adulta não gestante, e de uma gestante, em relação às proteínas é de aproximadamente duas porções de leite mais 1 unidade de ovo. 34 Quanto a avaliação nutricional da gestante, preconiza-se o acompanhamento através da Curva de Atalah, 1997, e parâmetros de ganho de peso segundo Institute of Medicine, 1990. 35 36 37 Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável - Alimentação e Nutrição na Gravidez, Portugal. 2015. 38 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 2013, a estimativa de gestantes anêmicas no mundo gira em torno de 41,8%, sendo no mínimo metade deste valor ocorrido pela deficiência de ferro. A OMS fornece aos estados e países orientações de ações para a correta suplementação de ferro e de ácido fólico, como medida de saúde pública e como meta para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A OMS publicou então uma Diretriz de Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes adotando passos como: evidências; avaliação e síntese das evidências, formulação de recomendações - prioridades de pesquisa e planejamento para disseminação, avaliação de impactos e atualização da diretriz. A metodologia de análise de recomendação foi utilizada com base em revisões sistemáticas atualizadas sendo portanto a recomendação de suplementação diária oral de ferro e ácido fólico parte da assistência pré-natal com o objetivo de redução de baixo peso ao nascer, anemia da gestante e deficiência de ferro, sendo estas de forte recomendação. Há também alguns pontos importantes destacados nesta diretriz, como a questão de prevalência de anemia em gestantes em regiões específicas, onde a anemia na gestação é considerada problema de saúde pública – sendo caracterizada com a prevalência de 40% ou mais – possuindo valores de recomendação para a suplementação diária de 60mg de ferro elementar. Outro ponto ressaltado é que de, a gestante que for diagnosticada com anemia em qualquer fase da gestação, deve receber administração diária de 120mg de ferro elementar + 400mcg de ácido fólico, até que a concentração de hemoglobina atinja os valores recomendados. Após estes valores normalizados, a gestante volt a receber a dose pré-natal padrão, evitando assim a recorrência da anemia. 39 OMS. Diretriz: Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2013 Em relação as necessidades nutricionais, as DRI´s são utilizadas para as Gestantes e Lactantes e estão disponíveis nos artigos anexos. Ômega 3 Os ácidos graxos são encontrados em todas as membranas celulares. Eles compõem, do peso seco do cérebro fetal, metade do qual é ω-6 e a outra metade é ω-3 (ácido araquidônico) e ácido docosahexaenoico [DHA], respectivamente. Pelo fato de o DHA ser importante para o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central e daretina, a dieta pré-natal deve incluir quantidades adequadas de DHA pré-formado. É recomendado 300 mg durante a gravidez e durante a lactação, segundo o Instituto de Medicina em 2002. A principal fonte alimentar de DHA é o peixe gorduroso de água fria, e duas a três refeições com peixes com baixo teor de mercúrio, por semana, 40 durante a gravidez, parece fornecer as quantidades adequadas de DHA. Um exemplo de peixe com baixo teor de mercúrio no DHA é a sardinha e também peixes pequenos. Outra estratégia proposta pelas organizações Européias de Nutrição são a de limitar o consumo de peixes a 2x/semana devido a contaminação destes peixes por mercúrio, que este sim pode ser prejudicial à saúde materna e do bebê. 2.2. Suplementação em Pediatria O leite humano é, sem dúvida, o melhor alimento para a criança. Sua composição fornece a energia e os nutrientes necessários em quantidades apropriadas. Contém, ainda, fatores imunes específicos e não específicos que fortalecem o sistema imune imaturo dos recém-nascidos, protegendo-os contra infecções. Adicionalmente, o leite humano ajuda a prevenir diarreia e otite média, segundo orientações da American Academy of Pediatrics em 2005. São raras as reações alérgicas às proteínas contidas no leite humano. Além disso, o contato da mãe com a criança durante o aleitamento materno promove a afeição e a união, e o leite humano possui vantagens nutricionais (p. ex., composição adequada, fácil digestão e melhor biodisponibilidade dos nutrientes), diminui a morbidade infantil, proporciona benefícios à saúde materna (p. ex., amenorreia da lactação, redução do peso corporal e alguma proteção contra o câncer) e oferece benefícios econômicos e ambientais. Como as crianças estão crescendo e desenvolvendo ossos, dentes, músculos e sangue, elas precisam de alimentos em proporção ao seu tamanho, mais nutritivos do que os adultos. Elas podem estar em risco de má nutrição quando têm diminuição de apetite por muito tempo, ingerem um número limitado de alimentos ou diluem suas dietas significativamente com alimentos pobres em nutrientes. As ingestões dietéticas de referência (DRI´s, do inglês dietary references intakes) são baseadas no conhecimento atual das ingestões de nutrientes necessários para a saúde ótima. Sugere-se uma avaliação cuidadosa de cada suplemento pediátrico, já que vários tipos estão disponíveis, mas são incompletos. Suplementos de vitaminas e minerais deveriam ser prescritos somente depois de cuidadosa avaliação das ingestões das crianças. As fórmulas infantis são fortificadas com todas as vitaminas e minerais necessários. Logo, crianças alimentadas com fórmulas raramente precisam de suplementos. Bebês amamentados necessitam de suplementação adicional de vitamina D logo após o nascimento, e de ferro aos 4 a 6 meses de idade. 41 As evidências mostram que o fluoreto pode ajudar a prevenir a cárie dentária. Se o suprimento de água de uma comunidade não for fluoretada, os suplementos de fluoreto são recomendados dos 6 meses até os 16 anos de idade. Entretanto, as práticas familiares individuais devem ser avaliadas, incluindo as fontes primárias de líquidos das crianças (p. ex., água, sucos ou outras bebidas) e fontes de fluoreto da creche, da escola, das pastas de dente e dos líquidos para higiene bucal. A American Academy of Pediatrics não apoia a suplementação de rotina de vitaminas e minerais para as crianças saudáveis, exceto para o flúor. Entretanto, crianças com risco de nutrição inadequada que devem se beneficiar da suplementação incluem aquelas (1) com anorexia, apetite inadequado ou que fazem dietas da moda; (2) com doença crônica(p. ex., fibrose cística, doença inflamatória do intestino, doença hepática); (3) de famílias carentes ou aquelas que são abusadas ou negligenciadas; (4) que fazem uso de um programa dietético para controlar a obesidade; (5) que não consomem quantidades adequadas de produtos lácteos; e (6) com dificuldade em se desenvolver. As crianças que rotineiramente tomam um suplemento multivitamínico ou de vitaminas ou de minerais não têm quaisquer efeitos negativos se o suplemento contiver nutrientes em quantidades que não excedam a DRI, especialmente o teor de ingestão superior tolerável. Entretanto, as crianças não devem tomar megadoses, particularmente de vitaminas lipossolúveis, pois grandes quantidades podem resultar em toxicidade. Em função de muitos suplementos de vitaminas e minerais terem aparência e sabor doce, os pais devem mantê-los fora do alcance das crianças para evitar a ingestão excessiva de nutrientes como o ferro. Já na adolescência, as ingestões dietéticas de referência (DRI, do inglês, dietary reference intakes) para adolescentes são listadas por idade cronológica e sexo. Embora as DRI forneçam uma estimativa das necessidades de energia e nutrientes para um adolescente individual, as necessidades reais variam muito entre adolescentes, como resultado de diferenças em composição corporal, grau de maturação física e grau de atividade física. Consequentemente, os profissionais de saúde devem utilizar as DRI como diretrizes durante a avaliação nutricional, mas devem se basear no julgamento clínico e em indicadores de crescimento e maturação física para fazer a determinação final das necessidades individuais de nutrientes e energia. O consumo de porções moderadas de uma grande variedade de alimentos é preferido para a suplementação nutricional como um método para obter a ingestão de nutrientes adequados. Apesar dessa recomendação, os estudos mostram que os adolescentes não consomem alimentos densos em nutrientes e geralmente têm ingestão inadequada de várias vitaminas e minerais; assim, os suplementos podem ser benéficos para muitos adolescentes. O levantamento nacional mostra que 30% a 40% dos adolescentes relatam a utilização de suplementos de vitaminas e minerais. 42 Quanto as necessidades nutricionais, utiliza-se as DRI´s, assim como nas gestantes e lactantes, e caso haja necessidade de suplementação, sempre avaliar a ingesta x Necessidade Diária. 43 2.3. Suplementação no Adulto A postura adotada pela ADA afirma que a melhor estratégia para promover a saúde e reduzir o risco de doenças crônicas consiste em escolher sabiamente uma grande variedade de alimentos ricos em nutrientes. Nutrientes adicionados aos alimentos fortificados ou suplementos alimentares podem ajudar algumas pessoas a alcançar as necessidades nutricionais especificadas pelos padrões baseados na ciência da nutrição, tais como as DRI´s. Com a afirmação anterior, a ADA coloca os alimentos em primeiro lugar, mas deixa a porta aberta para a suplementação para aquelas pessoas com necessidades nutricionais específicas identificadas por meio de avaliação feita por profissionais da saúde e nutrição. Tradicionalmente, pensa-se em vitaminas, minerais, fibras e proteínas como suplementos, administrados geralmente em pílulas, em cápsulas ou de forma líquida. As DRI são os padrões utilizados com a maioria dos adultos. Contudo, a fortificação dos alimentos constitui outra forma de suplementação nutricional. 44 O grau de fortificação dos alimentos (tais como “barrinhas energéticas” ou bebidas para desportistas) existentes no mercado acrescenta um novo tipo de possíveis fontes nutricionais, misturadas com os suplementos tradicionais. Suplementos menos nutricionais tais como fitossuplementos (herbais) e outros “ativadores” dietéticos naturais são também acrescentados à mistura suplementar comercial, estando à disposição dos consumidores Adultos interessados em alcançar e manter o bem-estar estão frequentemente interessados em alterar os padrões dietéticos ou em escolher alimentos que acrescentem benefícios à saúde. O desejo por menos calorias e múltiplos benefícios à saúde, especialmente quando há crianças na família, está fazendo crescer os mercados de alimentos funcionais nos Estados Unidos. Exemplos de alimentos funcionais são frutas, vegetais, sementes de linhaça, óleos de peixe, grãos integrais, certos temperos, iogurte, nozes, soja e legumes que estão associados a benefícios que vão além de seus valores nutritivos usuais. Alimentos funcionais podem incluir alimentos integrais e fortificados, enriquecidos, ou alimentos reforçados. O potencial benefício à saúde ocorre quando estes alimentos são consumidos como parte de uma alimentação variada, de forma regular. Fitoquímicos ou fitonutrientes (do termo grego phyto = planta) são componentes químicos naturais e biologicamente ativos dos alimentos vegetais. Nas plantas, os fitoquímicos atuam como sistemas naturais de defesa de seus hospedeiros e oferecem proteção contra as invasões microbianas ou infecções. Eles também proporcionam cor, aroma e sabor, havendo mais de 2.000 pigmentos vegetais identificados. Estes incluem flavonoides, antocianinas e carotenoides. Existe ainda mais interesse no resveratrol do suco de uva e vinhos tintos. Conforme estudos de consumo x adequação de nutrientes da população adulta do Brasil, as vitaminas E e D e os minerais sódio e cálcio possuem inadequação de consumo tanto na população masculina quanto na feminina. Em relação ao sódio o consumo mostra-se elevado em 89,3% nos homens e 70% nas mulheres. Quanto ao consumo de cálcio, a maior inadequação foi verificada em mulheres com faixa etária entre 51 a 59 anos, com valores de 96,4%. Avaliando-se ainda o consumo de magnésio e Vitamina A, a inadequação foi verificada em todos os grupos avaliados, com valores maiores que 70% de inadequação. Tanto no sexo masculino quanto no feminino, as maiores inadequações de ingestão de nutrientes foram na área rural, exceto sobre o consumo de sódio, magnésio e vitamina D. Um dado interessante da área rural foi a de que a inadequação da ingestão de fósforo e ferro das mulheres, sendo de 3 à 5 vezes maiores em relação aos homens também da área rural. 45 2.4. Suplementação no Idoso 46 Muitos adultos idosos têm necessidades nutricionais especiais porque o envelhecimento afeta a absorção, o uso e a excreção de nutrientes. As ingestões diárias recomendadas (DRI, do inglês, dietary reference intakes) separam o grupo de pessoas com 50 anos ou mais em dois grupos, com idades entre 50- 70 anos e com 71 anos e mais velhos. Com base no Índice de Alimentação Saudável, os americanos mais velhos precisam aumentar a ingestão de grãos integrais, vegetais verde-escuros e laranja, legumes e leite; escolher formas de alimentos mais ricos em nutrientes, isto é, alimentos pobres em gorduras sólidas e livres de adição de açúcares, e diminuir o consumo de sódio e gordura saturada. Outros estudos mostram que pessoas mais velhas têm baixa ingestão de calorias, gordura total, fibra, cálcio, magnésio, zinco, cobre, ácido fólico e vitaminas B12, C, E e D. Tabelas de DRI´s podem também ser utilizadas. Aqui no Brasil, DRI para a energia sugerem 3.067 kcal/dia para homens e 2.403/kcal dia para mulheres de 18 anos; subtrair 10 kcal/dia para homens e 7 kcal/dia para mulheres para cada ano de idade superior a 19 anos. As DRI não são específicas para proteínas em adultos idosos. Após 65 anos de idade, o
Compartilhar