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08 Módulo VIII Fases do Processo Diciplinar (Rito Ordinário)

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Módulo VIII - Fases do Processo Disciplinar (Rito Ordinário) 
 
 
Objetivos 
 
Ao final do Módulo VIII, o aluno deverá ser capaz de Conhecer as fases do 
processo administrativo disciplinar ordinário. 
 
Contexto 
De acordo com o art. 151 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, as fases do processo 
administrativo disciplinar são: 
1- instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; 
2- inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório e o 
3- julgamento. 
 
Unidade 1 - 1ª FASE: Instauração e Designação da Comissão 
Antecipando, muito sinteticamente, tudo o que se verá adiante, na 
regulamentação infraconstitucional da repercussão dos princípios da ampla 
defesa e do contraditório no processo administrativo disciplinar, por um lado, no 
art. 143, a Lei nº 8.112, de 11/12/90, prevê a garantia do direito à ampla defesa 
no curso de todo o processo. Mas, por outro lado, o art. 153 da mesma Lei 
garante o direito ao contraditório apenas na segunda fase do processo, 
chamada de inquérito administrativo (que compreende a instrução, defesa e 
relatório). 
 
Assim, a primeira fase (da instauração), a cargo da autoridade instauradora, 
após o exame de admissibilidade, na verdade, é pontual e não comporta 
contraditório. A segunda fase (do inquérito) tem vedada a participação da 
autoridade instauradora, sendo conduzida autonomamente pela comissão, e, a 
rigor, é a única fase contraditória, marcada pela dialética entre a condução 
imposta pelo colegiado e as contestações do acusado (inovação do atual 
ordenamento constitucional e legal, visto que, no antigo regramento, 
assegurava-se tão-somente ampla defesa, por ocasião da entrega de defesa 
escrita). Por fim, na terceira e última fase (do julgamento), já dissolvida a 
comissão, não há rito contraditório e atua apenas a autoridade julgadora (que, 
em regra, é a mesma autoridade que instaurou). 
Parecer-AGU nº GQ-55, vinculante: “6. O comando constitucional para que 
se observem o contraditório e a ampla defesa, no processo administrativo, é 
silente quanto à fase processual em que isto deve ocorrer (cfr. o art. 5º, LV). 
É tema disciplinado em norma infraconstitucional: a Lei nº 8.112, de 1990, 
assegura a ampla defesa no curso do processo disciplinar e, o contraditório, 
no inquérito administrativo (v. os arts. 143 e 153), que corresponde à 2ª fase 
do apuratório (art. 151, II).” 
 
 
Quanto à competência para instaurar, deve-se observar o regramento interno 
do órgão, de forma que o ato seja realizado pela autoridade expressamente 
competente para instauração do processo administrativo disciplinar. Nos casos 
de incidentes após o cometimento da infração, tais como remoção para outra 
unidade, investidura em outro cargo, pena capital em processo administrativo 
disciplinar anterior, aposentadoria, exoneração, licenças ou afastamentos a 
competência para apreciar a representação ou denúncia e para instaurar 
reporta-se à autoridade jurisdicionante à época do cometimento. 
 
Participe do Fórum da Comunidade, clicando no seguinte tópico “Ampla 
Defesa e do Contraditório no Processo Administrativo Disciplinar” e faça 
seus comentários, fomentando trocas de conteúdos e vivências entre 
seus colegas de curso. 
 
 
 
 Publicação da Portaria 
Após o juízo de admissibilidade, inaugurando a sede disciplinar propriamente 
dita, a primeira fase do processo é chamada de instauração. 
 
A autoridade competente, diante de indícios de irregularidade, designa 
comissão (de sindicância ou de inquérito), por meio de portaria de instauração. 
Definindo esta que é a primeira fase do processo, o art. 151, I da Lei nº 8.112, 
de 11/12/90, diz que a instauração se dá simplesmente com a publicação da 
portaria. A instauração, portanto, a rigor, não compreende uma fase 
processual, mas sim se condensa em um único ato formal, não comportando 
contraditório, que se estabelecerá somente na segunda fase, do inquérito. 
 
STJ, Mandado de Segurança nº 8.102: 
“Ementa: 4. O fato da impetrante encontrar-se em licença para tratamento de 
saúde, quando da instauração do processo administrativo disciplinar, por si 
só, não enseja a sua nulidade, por ofensa ao princípio do contraditório e da 
ampla defesa.” 
 
Embora deva se cuidar para que a instauração emane sempre de ato de 
autoridade competente, a instauração por autoridade incompetente pode ser 
objeto de convalidação. 
 
A instauração do processo administrativo disciplinar se dá, pontualmente, com 
a necessária publicação da portaria no boletim de serviço (ou no boletim de 
pessoal) do órgão responsável por publicação interna na jurisdição da unidade 
instauradora. Recomenda-se juntar aos autos cópia do boletim. Neste rumo, 
em atendimento ao Decreto nº 4.520, de 16/12/02, que disciplina a publicação 
de atos oficiais no DOU, a Imprensa Nacional editou a Portaria-PR/IN nº 310, 
de 16/12/02, vedando expressamente a publicação de portarias de instauração 
de feitos disciplinares delimitados a apenas um órgão. A publicação da portaria 
em DOU somente é exigível nas hipóteses de se ter apuratório transcorrendo 
fora do órgão instaurador ou envolvendo servidores de diferentes órgãos ou 
Ministérios, quando a portaria será ministerial ou interministerial, nesse último 
caso como ato conjunto de mais de uma autoridade. 
 
 Portaria-PR/IN nº 310, de 16/12/02, Art. 17 
 
Ademais, a eventual falta de publicação da portaria, sequer internamente, não 
necessariamente inquina de nulidade o processo se restar comprovado nos 
autos que a parte interessada, de qualquer outra forma válida (pela notificação 
para acompanhar como acusado, por exemplo) teve conhecimento do feito, de 
forma a não se configurar prejuízo à defesa. 
 
 Parecer-AGU nº GQ-87 
 
 
 
Unidade 2 - 2ª FASE: Inquérito Administrativo (instrução, defesa e relatório) 
Após a instauração, dá-se início à segunda fase do processo, chamada 
inquérito administrativo. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve 
nas seguintes fases: 
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; 
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; 
III - julgamento. 
 
 
 
Em síntese, o inquérito administrativo (ou, simplesmente, inquérito), que é a 
parte contraditória do processo, conduzida autonomamente pela comissão, 
comporta os seguintes atos, na ordem: atos iniciais do inquérito (instalação da 
comissão processante; comunicação da instalação; designação do secretário); 
atos de instrução (notificação do servidor, depoimentos, perícias, diligências, 
interrogatório, indiciação e citação para apresentar defesa escrita); defesa 
escrita; e relatório. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao 
princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a 
utilização dos meios e recursos admitidos em direito. 
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de 
depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivando a 
coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de 
modo a permitir a completa elucidação dos fatos. 
Parecer-AGU nº GQ-55, vinculante: “6. O comando constitucional para que 
se observem o contraditório e a ampla defesa, no processo administrativo, é 
silente quanto à fase processual em que isto deve ocorrer (cfr. o art. 5º, LV). 
É tema disciplinado em norma infraconstitucional: a Lei nº 8.112, de 1990, 
assegura a ampla defesa no curso do processo disciplinar e, o contraditório, 
noinquérito administrativo (v. os arts. 143 e 153), que corresponde à 2ª fase 
do apuratório (art. 151, II).” 
 
 
A indiciação, como último ato da instrução, é o instrumento de acusação formal 
do servidor inicialmente notificado para acompanhar o processo administrativo 
disciplinar, refletindo convicção preliminar da comissão de que ele cometeu 
irregularidade. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será 
formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele 
imputados e das respectivas provas. 
 
Figurativamente, é como se, a partir deste momento, após a instrução 
contraditória, a comissão deixasse de se referir à “suposta” irregularidade e 
“possível” autoria (ou concorrência) para afirmar estar convicta do cometimento 
do fato por parte do indiciado (sem prejuízo de tal convicção poder ser alterada 
com a defesa). Deve-se sempre atentar que a responsabilização disciplinar 
pode não atingir apenas quem comete o ato ilícito, mas, em determinados 
casos, pode recair sobre quem, embora não o tenha cometido, tenha 
propiciado, com sua ação ou omissão, que outro o cometesse, concorrendo 
para a ocorrência. Assim, a “autoria” deve ser lida tanto no sentido estrito 
referente a “autor do ato” quanto no sentido amplo de “responsável pelo ato, 
por concorrência”. 
 
Com a indiciação, o servidor passa da qualidade de acusado para indiciado. Os 
termos da Lei nº 8.112, de 11/12/90, são impróprios: no momento em que se 
chama o servidor aos autos por haver indícios contra ele, chama-o de 
“acusado”; no momento em que, após a instrução contraditória, formaliza-se a 
acusação contra ele, chama-o de “indiciado”. 
 
STJ, Mandado de Segurança nº 7.074: “Ementa: (...) 2. Na fase instrutória do 
inquérito administrativo, o servidor figura como acusado e, nessa situação, 
terá o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de 
procurador, produzir contraprovas, reinquirir testemunhas, devendo, logo 
após, ser interrogado (artigos 156 a 159 da Lei 8.112/90). 
3. Somente depois de concluída a fase instrutória, onde o acusado terá 
direito à ampla defesa, é que, se for o caso, será tipificada a infração 
disciplinar, formulando-se a indiciação do servidor, com a especificação dos 
fatos e das respectivas provas, sendo, então, na condição de indiciado, 
citado para apresentar defesa (artigo 161 da Lei 8.112/90).” 
Idem: STF, Mandado de Segurança nº 21.721; e STJ, Recurso Ordinário em 
Mandado de Segurança nº 11.625. 
 
Esta convicção é momentânea, antes de se analisarem os argumentos da 
defesa escrita, em relação aos quais a comissão não deve ser refratária, 
podendo vir a alterar seu entendimento. A indiciação deve ser precedida de ata 
de deliberação, considerando encerrada a busca de elementos de convicção e 
decidindo indiciar o acusado. 
 
Havendo mais de um servidor a ser indiciado, pode ser redigido um termo de 
indiciação para cada quando os servidores têm diferentes situações, 
enquadramentos, provas (sobretudo se forem provas sob garantia de 
inviolabilidade, como sigilos fiscal ou bancário). Por outro lado, sendo idênticas 
as condições, também pode-se redigir apenas um termo de indiciação e, em 
seu curso, especificar, de forma individualizada, as acusações contra cada um. 
Decerto é que não se aceita que, na ausência de prova da autoria de 
irregularidade (ou da concorrência para o fato), a comissão dilua a 
responsabilidade por todos os servidores arrolados no processo por estarem de 
alguma forma envolvidos com o fato. 
 
 
 
 Art. 5º, XLV 
 
 
 
 
Pág. 2 
A indiciação delimita a acusação e dentro deste limite o servidor deverá 
apresentar sua defesa escrita. Portanto, o termo de indiciação (além da 
notificação como acusado e da intimação para interrogar) é peça essencial no 
processo em que se cogita de responsabilização funcional. 
 
Em seguida à indiciação, a comissão, por meio do presidente, deve elaborar a 
citação para que o indiciado apresente defesa escrita. Trata-se de peça 
extraída em duas vias, para que seja entregue pessoalmente ao indiciado (a 
menos que o procurador tenha poder expresso para receber), coletando-se 
recibo datado em uma via que fará parte do processo. Por não haver previsão 
na Lei n° 8.112, de 11/12/90, e por se tratar de ato de relevância especial 
dentro do processo administrativo disciplinar, não se recomenda o emprego de 
via postal com Aviso de Recebimento (AR) para citar o servidor, para 
intimações e atos de comunicação em geral no curso da instrução. A 
interpretação de que a citação deve, a princípio, ser pessoalmente entregue ao 
indiciado advém do § 4º do art. 161 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, quando 
expressa a possibilidade de este recusar a receber. 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 161 
 
A citação deve conter: o prazo e local para apresentar a defesa; o registro do 
direito à vista do processo na repartição; e o registro de que tem como anexo 
cópia da indiciação (convém complementar a cópia integral do processo, 
deduzindo-se o que já foi entregue desde a notificação como acusado ou 
desde o interrogatório, caso este tenha sido o último momento em que se 
entregou cópia dos autos, preferencialmente, digitalizada em mídia eletrônica). 
Havendo mais de um indiciado, elaboram-se citações individuais (ainda que o 
termo de indiciação seja único). 
 
Após a instrução (que vai desde os atos iniciais da comissão, passando pela 
busca de prova e fechando com a indiciação), a segunda fase do processo, 
chamada inquérito administrativo, prossegue com a defesa. 
 
Em função do princípio do formalismo moderado que vigora no processo 
administrativo disciplinar, o único requisito de forma que se impõe sobre a 
defesa é que seja escrita. A defesa pode ser feita pelo próprio indiciado ou por 
seu procurador já devidamente qualificado no curso do processo ou 
apresentado, com o devido mandato, apenas para efetuar este ato. Tampouco 
se exige do próprio servidor ou do seu procurador que possua formação 
jurídica e que seja advogado. Mas, em atenção à tipificação do crime de 
advocacia administrativa, a defesa não pode ser feita por outro servidor (a 
menos da exceção da defesa dativa, em que o servidor designado formaliza a 
defesa de outro com a excludente de ilicitude do cumprimento do dever legal). 
 
Obviamente, a citação e a defesa (além da notificação como acusado, da 
intimação para interrogar e da indiciação) são peças essenciais no processo 
em que se cogita de responsabilização funcional. É inadmissível passar direto 
da instrução probatória para a conclusão contrária ao servidor sem formalizar 
acusação e sem apreciar defesa. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 161. 
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da 
comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, 
assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. 
Formulação-Dasp nº 47. Direito de defesa Com base em processo 
disciplinar, não se pode punir por infração, embora leve, de que o acusado 
não se tenha defendido. 
 
 
Pode ocorrer de, no prazo para apresentar defesa, o indiciado solicitar a 
realização de algum ato de instrução probatória, seja a seu próprio encargo, 
seja a encargo da comissão. Tanto no caso de ato a ser realizado pelo próprio 
acusado, sem participação da comissão e para o quê a defesa entende ser 
necessário prorrogar o prazo, e sobretudo no caso em que o acusado solicita a 
realização de ato a ser conduzido pela comissão, antes de apreciar o pedido, 
pode ocolegiado intimar o acusado a justificar a sua pertinência. Com isso, a 
comissão adquire maior respaldo para, se for o caso, indeferir ou acatar o 
pedido, à luz do art. 156, § 1º da Lei nº 8.112, de 11/12/90. 
 
Destaque-se que, independentemente de quem tenha partido a realização ou 
juntada de provas no prazo de defesa, à vista do princípio do prejuízo, 
analogamente ao que se abordou em 4.4.16.6, somente se justificam a coleta 
de novo interrogatório (acerca apenas do novo elemento) e, se for caso, o 
refazimento da indiciação se esta nova prova tem o condão de agravar a 
convicção originalmente esposada pela comissão. Se o fato novo não altera ou 
abranda a convicção, não se faz necessário reinterrogar e reindiciar o servidor. 
 
Por fim, no caso de prova solicitada pela parte, sendo indeferido o pedido, 
convém notificar o requerente da decisão, não postergando a resposta apenas 
para a redação do relatório, quando não mais poderá ser contestada. 
 
STJ, Mandado de Segurança nº 7.464: “Ementa: IV -A comunicação do 
indeferimento da prova requerida deve operar-se ainda na frase probatória, 
exatamente para oportunizar ao servidor a interposição de eventual recurso 
contra a decisão do colegiado disciplinar, sendo defeso à comissão indeferi-lo 
quando da prolação do relatório final.” 
 
 
 
 
 
Pág. 3 
Após a instrução probatória sem indiciação de servidor ou após análise da 
defesa escrita apresentada, deve a comissão apresentar relatório à autoridade 
instauradora, encerrando a segunda fase do processo, chamada de inquérito 
administrativo. Não obstante, não há impedimento de a comissão, ao longo da 
instrução probatória, já ir antecipando trechos iniciais do relatório, tais como 
resumos dos fatos antecedentes à instauração do processo e dos atos de 
busca de prova realizados -limitando-se à descrição fática dos atos, sem lhes 
agregar nenhum juízo de valor ou mérito, como forma de preservar a vedação 
de prévia formação e sobretudo manifestação de convicção por parte do 
colegiado. 
 
A Lei nº 8.112, de 11/12/90, dispõe ao servidor a instrução e a defesa como 
momentos do processo para que ele exerça seu direito de intervir a fim de 
fornecer à comissão e à autoridade julgadora elementos a seu favor na 
formação da convicção acerca dos fatos. Assim, não há previsão legal para 
que o indiciado intervenha na fase de elaboração do relatório e tampouco para 
que a comissão lhe ofereça a oportunidade de apresentar alegações finais, 
entre a defesa e o relatório e muito menos após estar concluído o relatório. 
 
 
 
 STJ, Mandado de Segurança nº 7.985 
 
Este relatório deve ser minucioso, detalhando todas as provas em que se 
baseia a convicção final, e conclusivo quanto à responsabilização do indiciado 
(inclusive se houve falta capitulada como crime ou dano aos cofres públicos) ou 
quanto à inocência ou insuficiência de provas para responsabilizá-lo. O 
relatório não pode ser meramente opinativo e muito menos pode apresentar 
mais de uma opção de conclusão e deixar a critério da autoridade julgadora 
escolher a mais justa. 
 
Por um lado, não estando convicta da responsabilização do indiciado, à luz das 
provas coletadas, recomenda-se que a comissão altere a postura inicialmente 
adotada acerca de benefício da dúvida, passando a adotar a máxima do in 
dubio pro reo, em detrimento do in dubio pro societate. Por exemplo, milita a 
favor da defesa a dúvida reinante em processo cuja instrução se resume tão-
somente a um testemunho contrário ao acusado e seu interrogatório não 
reconhecendo a acusação. Com as cautelas devidas, pode, delimitadamente, a 
comissão atentar para o princípio da insignificância. 
 
 
 
 Parecer-AGU nº GM-3, não vinculante 
 
Por outro lado, destaque-se que, quando se cogita de imputação contrária ao 
servidor, tanto pode se cogitar de o servidor ter sido efetivamente o executor do 
fato em si quanto pode se cogitar de ter sido responsável por sua ocorrência, 
de ter propiciado com sua conduta concorrente que o fato ocorresse ou que 
terceiro o praticasse. 
 
Em qualquer caso, havendo divergência de mérito ou de convicção entre os 
integrantes da comissão acerca da decisão de absolver o servidor ou de propor 
sua responsabilização. 
 
 
 
Descrição Fática, Enquadramento e Proposta de Pena 
 
Formalmente, extrai-se da leitura sistemática da Lei nº 8.112, de 11/12/90, ao 
amparo de manifestações da Advocacia-Geral da União (seus Pareceres-AGU 
nº GQ-12, GQ-35, GQ-55 e GQ-121) e da jurisprudência, que existe uma 
coerente linha evolutiva a se seguir em caso de responsabilização. 
Primeiramente, a portaria instauradora apenas se reporta ao nº do processo, 
sem indicar fato irregular, enquadramento e autor. Em seguida, a notificação 
para acompanhar o processo como acusado é o primeiro momento em que se 
identifica o possível autor ou responsável nos autos, ainda sem descrever a 
irregularidade e enquadrá-la. Somente após a instrução contraditória, com toda 
a riqueza de verdade que lhe é inerente, eis então que a comissão, na 
indiciação, pela primeira vez ao longo do processo, tem autorização legal para 
formalizar acusação do fato apurado. Todavia, neste momento, a rigor, a 
comissão ainda não é expressamente obrigada na Lei a enquadrar (embora se 
defenda a conveniência de já poder fazê-lo). Por fim, no relatório, seu último 
ato, é que a comissão é legalmente obrigada a enquadrar o fato. 
 
A indiciação delimita faticamente a acusação, sendo vedado à comissão 
acrescentar à acusação fatos não incluídos naquela peça, pois sobre eles não 
terá sido ofertado o contraditório. A indiciação, a defesa e o relatório reportam-
se a fatos. Assim, não há nulidade pelo simples fato de a comissão, 
motivadamente, alterar, no relatório, o enquadramento legal acaso incluído na 
indiciação. Até porque, a rigor, sequer é obrigatório que a comissão indique o 
enquadramento legal na indiciação (o art. 161 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
exige apenas a descrição dos fatos). Mas não se pode alterar a descrição 
fática, acrescentando novos detalhes não incluídos na indiciação. 
 
 Parecer-AGU nº GQ-121 
 
Quanto à apresentação, por parte da comissão, de proposta de pena no 
relatório, é de se reconhecer que a matéria comporta polêmica. De um lado, 
pode-se interpretar que, no art. 165 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, o legislador 
cuidou de elencar todos os elementos essenciais ao relatório e não incluiu 
proposta de pena por parte da comissão. Essa interpretação vem a favor da 
visão estanque de que a segunda fase do processo, o inquérito administrativo, 
funda-se em diálogo entre comissão e acusado acerca tão-somente do fato, 
não devendo o colegiado se reportar à pena. Nessa corrente, se entende que a 
comissão, ao abordar a pena, antecipa a terceira fase, do julgamento, 
invadindo a competência do julgador e criando-lhe maiores dificuldades caso 
este tenha entendimento diverso. 
 
Por outro lado, pode-se adotar o entendimento de que a interpretação extraída 
do art. 165 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, acima reproduzido, é meramente 
literal e não pode prosperar sobre a interpretação sistemática da Lei, obtida 
quando se lê o seu art. 168. Nessa linha, se compreende que, além da 
descrição do fato e de seu enquadramento, a comissão deve apresentar a 
proposta de penalidade a ser aplicada. O caput do art. 168 do Estatuto 
estabelece que o julgamento, como regra, acata o relatório. Se não se discute 
que o ato de julgar inclui a aplicação da pena, defende-se entãoque o relatório, 
que a priori é de ser acatado, deve abordar a pena. Além disso, se o parágrafo 
único do mesmo artigo menciona que a autoridade pode abrandar ou agravar a 
“pena proposta”, é porque a Lei prevê que algum agente proporá pena ao 
julgador, restando óbvio, nessa linha, que tal agente só pode ser a comissão. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 168. O julgamento acatará o relatório da 
comissão, salvo quando contrário às provas dos autos. 
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos 
autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade 
proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. 
 
 
 
Pág. 5 
Diante de duas formas aceitáveis de se interpretar, parece mais recomendável 
a segunda linha. Afinal, ninguém mais habilitado que a comissão para se 
manifestar sobre o objeto de apuração e sobre a conduta do acusado. Por este 
fato, é de se defender que pode a comissão destacar, para o julgador 
distanciado do fato, qual a exata dosimetria da pena que, na visão qualificada 
de quem apurou, melhor atende às condicionantes de atenuação ou de 
agravamento. Ademais, a recomendação de proposta de pena no relatório 
contribui para incutir no integrante da comissão maior senso de 
responsabilidade ao indiciar e enquadrar, ao fazê-lo ver a repercussão do 
enquadramento proposto. 
 
“(...) apresentação, pela Comissão Processante, de um relatório, no qual 
apreciará, em relação ao indiciado ou indiciados, as irregularidades 
apontadas, as provas colhidas, as razões de defesa apresentadas, propondo 
ou indicando absolvição ou punição, inocência ou responsabilidade, 
mencionando, no caso positivo, a pena cabível e sua fundamentação legal.” 
Edmir Netto de Araújo, “O Ilícito Administrativo e seu Processo”, pg. 148, 
Editora Revista dos Tribunais, 1ª edição, 1994. 
“Apesar da Lei não ser clara, deverá ser sugerida a penalidade a ser 
aplicada. Porém, a ausência de indicação de pena não é causa de 
deficiência no relatório.” Simone Baccarini Nogueira, “Manual de Sindicância 
Investigatória, Sindicância Punitiva e Processo Administrativo Disciplinar do 
Servidor Público Federal”, pg. 46, Universidade Federal de Minas Gerais, 1ª 
edição, 2004 
 “(...) a indicação da penalidade é procedida pela comissão à autoridade 
superior. De acordo com o apurado no processo, e a gravidade dos fatos 
acontecidos segundo ficou demonstrado, irá a comissão indicar uma pena ao 
indiciado (...).” Ivan Barbosa Rigolin, “Comentários ao Regime Único dos 
Servidores Públicos Civis”, pgs. 276 e 277, Editora Saraiva, 4ª edição, 1995. 
 
Mas, a rigor, a discussão parece ser apenas teórica, diante da vinculação 
reinante na sede disciplinar para a pena legalmente prevista para cada 
infração. Configurado o ato, a Lei prevê exatamente qual pena é cabível. A 
única margem de relativa discricionariedade na matéria disciplinar é entre 
aplicação de advertência ou suspensão. E, nesses casos, reforça-se a tese de 
que pode a comissão, como melhor conhecedora do fato, opinar ao julgador 
qual das duas penas melhor se aplica (registrando-se que, caso se adote a 
postura de a comissão propor a pena, na hipótese de ela entender cabível 
suspensão, deve apenas se manifestar pela pena, sem adentrar na quantidade 
de dias a suspender). Já nas hipóteses graves, puníveis com pena capital, tal 
discricionariedade não se aplica, sendo inafastável a aplicação da pena 
expulsiva. 
 
Por fim, diante da inconclusividade do tema, por um lado, não se configura 
qualquer nulidade se a comissão acatar a recomendação de apresentar a 
proposta de pena no relatório (que não vincula o julgador) e tampouco caso se 
restrinja a descrever o fato e a enquadrá-lo, deixando a matéria punitiva a 
cargo apenas da autoridade julgadora. 
 
Decerto, não cabe à comissão se manifestar subjetivamente acerca da justeza 
ou não da penalidade cabível; todos os itens que se exige constar do relatório 
são de natureza objetiva, para subsidiar a decisão da autoridade competente. 
 
Caso a comissão tenha, por dúvida, no momento da indiciação, optado por 
provocar a defesa - em atitude de in dubio pro societat aceitável até aquele 
momento -, no relatório, após sopesar as teses de defesa, ela deve concentrar 
sua convicção (se for o caso de responsabilização), em termos de 
enquadramentos, atentando-se para a necessária inversão da postura, agora a 
favor do in dubio pro reo. 
 
O relatório é o último ato da comissão, que se dissolve com sua entrega, junto 
com todo o processo, à autoridade instauradora, para julgamento. Concluído o 
relatório, nada mais a comissão pode apurar ou aditar, pois juridicamente 
sequer ela não mais existe. 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório 
da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, 
para julgamento. 
STJ, Mandado de Segurança nº 8.259: “Ementa: 6. Inexiste qualquer 
determinação legal no sentido de que o indiciado seja intimado pessoalmente 
do relatório final elaborado pela comissão processante, não havendo falar, 
assim, em violação do princípio do devido processo legal”. 
 
Convém que a comissão, juntamente com os autos originais, entregue cópia do 
processo (preferencialmente, digitalizada em mídia eletrônica), a ser arquivada 
no órgão ou unidade onde tramita o processo. 
 
Não há previsão legal para que a comissão forneça cópia do relatório ao 
servidor. Por se inserir na garantia à ampla defesa e ao contraditório, caso seja 
solicitada, a cópia deve ser fornecida, mas pela autoridade instauradora (até 
porque, juridicamente, não mais existe comissão desde a entrega do relatório). 
 
STJ, Mandado de Segurança nº 8.249: “Ementa: O procedimento 
administrativo disciplinar detém norma reguladora específica, qual seja a Lei 
8.112/90, que em seu Título V trata exaustivamente da matéria, inexistindo 
em seu âmbito norma que determine a intimação pessoal do acusado do 
conteúdo do relatório final da comissão disciplinar.” 
 
 
 
 
Unidade 3 - 3ª FASE: Julgamento 
Após o inquérito, terminada a participação da comissão, o rito se encerra com a 
terceira fase do processo, chamada julgamento. 
 
É comum o processo administrativo disciplinar chegar a esta fase bastante 
volumoso, podendo atingir alguns milhares de folhas, em vários volumes e 
anexos. Nesses casos, como mera recomendação prática para a autoridade 
iniciar o julgamento, convém que se altere a ordem de leitura, começando do 
relatório. Presume-se que um relatório bem feito contenha uma síntese do fato 
concreto objeto da apuração e um resumo do rito processual (quais os atos de 
instrução realizados, a indiciação e a defesa). Prosseguindo, convém ler a 
indiciação e a defesa, confrontando um com o outro e cotejando com as 
conclusões constantes do relatório. Assim, ao se fazer a leitura dos atos de 
instrução propriamente ditos, na seqüência de realização no processo, a 
autoridade já possui uma relativa noção do todo e um certo senso crítico, tanto 
em aspectos formais quanto de mérito, que lhe permitirão enfatizar a análise 
nos atos de instrução mais relevantes. 
 
Antes, porém, de se adentrar sobre as nuances do julgamento, convém 
informar que essa fase se desdobra em duas análises, consecutivas. 
Primeiramente, a autoridade instauradora (ou qualquer autoridade 
hierarquicamente superior) é competente para analisar o processo sob 
aspectos formais, vícios e nulidades. Superadas as questões formais, aprecia-
se o mérito da questão. Nessa análise, grosso modo, pode haver proposta de 
arquivamento ou de responsabilização e aplicação de apenação(abstraindo-
se, por ora, da prescrição). 
 
Nesse segundo momento, da análise de mérito, é de se esclarecer que o 
julgamento se debruça sobre a análise se estão configuradas ou não no 
processo a materialidade e a autoria do ato ilícito; manifesta como o Direito 
enxerga o fato configurado nos autos, ou seja, aplica ao fato concreto a 
legislação de regência; e, por fim, conclui pela inocência do servidor ou por sua 
responsabilização. Nessa última hipótese, quando o julgador, após ponderar os 
fatos autuados e aplicar a legislação de regência, decide pela 
responsabilização do servidor, o julgamento encerra a aplicação da penalidade 
prevista em norma, já considerando os parâmetros de dosimetria de pena 
especificamente válidos para o caso concreto (natureza e gravidade da 
infração, existência de dano, agravantes, atenuantes e antecedentes). 
 
O que aqui se quer destacar é que, nesse caso, o julgamento e a aplicação da 
pena não são atos dissociáveis e produzidos em momentos distintos e muito 
menos por autoridades diferentes; ao contrário, o julgamento contém a 
aplicação da penalidade, sendo ele todo um ato único da autoridade que 
valorou os fatos autuados à luz do Direito. O que pode sofrer diferimento no 
tempo e até ser atribuída a outra autoridade é tão-somente a execução (a 
efetividade) da pena e o melhor exemplo disso é a pena de suspensão, que 
pode ser executada em momento posterior à sua aplicação (à publicação da 
portaria punitiva) e a cargo da autoridade local, enquanto que a advertência e 
as penas expulsivas têm a execução no exato momento da aplicação (que é a 
publicação da portaria punitiva). Então, assevera-se que, em um ato único e 
indissociável, a autoridade julgadora julga pela inocência (ou insuficiência de 
provas acusatórias) e decide pelo arquivamento; ou julga pela 
responsabilização e aplica a pena vinculada, exigindo tal ato a publicação 
como elemento essencial de sua validade. Quando se concretiza o julgamento 
com sua publicação, a pena já resta aplicada (podendo apenas, no caso de 
suspensão, ter sua efetividade postergada), com todos os seus efeitos.

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