Buscar

Carcinoma de células escamosas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE 
CONCENTRAÇÃO EM CLINICA E REPRODUÇÃO ANIMAL 
 
 
 
 
 
SIMONE CARVALHO DOS SANTOS CUNHA 
 
 
 
 
 
 
RADIOTERAPIA EM GATOS DOMÉSTICOS COM CARCINOMA DE CÉLULAS 
ESCAMOSAS CUTÂNEO: AVALIAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE 
HIPOFRACIONAMENTO E FRACIONAMENTO PADRÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói 
2013 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA NA ÁREA DE 
CONCENTRAÇÃO EM CLINICA E REPRODUÇÃO ANIMAL 
 
 
 
SIMONE CARVALHO DOS SANTOS CUNHA 
 
 
 
 
RADIOTERAPIA EM GATOS DOMÉSTICOS COM CARCINOMA DE CÉLULAS 
ESCAMOSAS CUTÂNEO: AVALIAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE 
HIPOFRACIONAMENTO E FRACIONAMENTO PADRÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientação: Profa. Dra. Ana Maria Reis Ferreira 
Co-orientação: Profa. Dra. Heloisa Justen Moreira de Souza 
 
 
 
 
Niterói 
2013 
 
Dissertação de doutorado apresentada ao 
Programa de Pós-graduação em Medicina 
Veterinária da Universidade Federal 
Fluminense. Área de concentração: 
Clínica e Reprodução Animal 
 
 
SIMONE CARVALHO DOS SANTOS CUNHA 
 
 
RADIOTERAPIA EM GATOS DOMÉSTICOS COM CARCINOMA DE CÉLULAS 
ESCAMOSAS CUTÂNEO: AVALIAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE 
HIPOFRACIONAMENTO E FRACIONAMENTO PADRÃO 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_____________________________________________________________ 
Profa. Dra. ANA MARIA REIS FERREIRA – ORIENTADORA 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
 
______________________________________________________________ 
Dr. MARCIO LEMBERG REISNER 
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
____________________________________________________________ 
Prof. Dr. RICARDO SIQUEIRA DA SILVA 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
 
______________________________________________________________ 
Profa. Dra MARIA DE LOURDES GONÇALVES FERREIRA 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
 
______________________________________________________________ 
 Profa. Dra NOEME SOUSA ROCHA 
 FMVZ UNESP/ BOTUCATU 
 
 
 Niterói 
 2013 
 
 
À minha família, Lucia Helena, Paulo Cesar e Marcelo, pelo apoio 
incondicional, educação e incentivo na minha formação profissional. 
Ao meu namorado, Daniel Marques, por estar sempre do meu lado. 
Aos meus gatos, Léo, Nico, Thunder, Cheetara, Chicão e Lacan, por 
despertarem em mim a enorme paixão pelos felinos domésticos e por me 
estimularem a zelar pelo bem-estar e saúde de todos eles. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Ana Maria Reis Ferreira, minha orientadora, que sempre me incentivou nas 
áreas profissionais e da pesquisa científica. 
À Heloisa Justen Moreira de Souza, minha co-orientadora, responsável pela 
realização de um grande sonho profissional. Por ter me apoiado desde o meu 
período de graduação, pela confiança e por todos os ensinamentos nestes anos de 
convivência. 
 Ao Luis Alfredo Vidal de Carvalho, professor da COPPE, pela realização 
deste projeto, pelo apoio profissional, e também por sua amizade e ensinamentos 
profissionais e de vida. 
À Clínica Veterinária Gatos & Gatos, todas as veterinárias, estagiários e 
funcionários, pelo carinho, amizade e convivência de todos os dias, por ter me 
acolhido e feito nascer em mim a escolha pela medicina de felinos. 
À Clínica Veterinária Oncopet, às veterinárias Paula Gazé e Adriana Neves, e 
funcionário Jacson, pela ajuda no projeto. 
Ao Paulo Cesar Canary e Marcio Reisner, médicos radioterapeutas da UFRJ, 
por abrirem as portas do hospital para este projeto, e pela dedicação, competência e 
carinho dedicados aos animais. 
 Ao Gerson, técnico de radioterapia, pela atenção e pelos sábados dedicados 
ao tratamento dos felinos do primeiro grupo do estudo. 
 À toda a equipe do Hospital Clementino Fraga Filho, incluindo técnicos, 
médicos e funcionários, por tornar este projeto uma realidade. 
 Ao Pedro Paulo Pereira, físico médico responsável pela clínica veterinária 
Oncopet, por tornar possível o tratamento do segundo grupo do estudo. 
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e 
CAPES, pelo apoio financeiro a este projeto. 
 
 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................8 
LISTA DE TABELAS E QUADROS..........................................................................12 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS..............................................14 
RESUMO...................................................................................................................15 
ABSTRACT................................................................................................................16 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 19 
2.1 Radioterapia ................................................................................................ 19 
2.1.1 Fracionamento radioterápico ................................................................... 20 
2.1.2 Radiobiologia ........................................................................................... 23 
2.1.3 Tempo de tratamento radioterápico ......................................................... 24 
2.1.4 Dose total de radiação ............................................................................. 25 
2.1.5 Volume alvo ............................................................................................. 26 
2.1.6 Reação dos tecidos / Efeitos colaterais ................................................... 26 
2.1.7 Tipos de radioterapia ............................................................................... 27 
2.1.8 Radioproteção ......................................................................................... 29 
2.2 Carcinoma de células escamosas felino ..................................................... 30 
2.2.1 Histologia da pele de felinos sadios ........................................................ 30 
2.2.2 Definição de carcinoma de células escamosas felino ............................. 32 
2.2.3 Etiopatogenia .......................................................................................... 32 
2.2.4 Manifestações clínicas ............................................................................ 34 
2.2.5 Estadiamento clínico ............................................................................... 36 
2.2.6 Diagnóstico .............................................................................................. 37 
2.2.7 Tratamento .............................................................................................. 39 
2.2.8 Prevenção ............................................................................................... 48 
3 Objetivos ........................................................................................................... 49 
3.1 Geral ........................................................................................................... 49 
3.2 Específicos .................................................................................................. 49 
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 51 
4.1Animais ....................................................................................................... 51 
4.2 Exame clínico .............................................................................................. 52 
4.3 Estadiamento clínico e mensuração das medidas da lesão neoplásica...... 52 
4.4 Biópsia da lesão e processamento histopatológico .................................... 54 
4.5 Protocolos radioterápicos ............................................................................ 55 
4.6 Acompanhamento clínico dos animais ........................................................ 60 
4.7 Avaliação da resposta neoplásica, tempo de sobrevida e tempo livre da 
doença ................................................................................................................... 62 
4.8 Análises estatísticas .................................................................................... 63 
 
 
5 RESULTADOS .................................................................................................. 64 
5.1 Resenha, histórico e anamnese dos animais .............................................. 64 
5.2 Localização neoplásica ............................................................................... 68 
5.3 Estadiamento clínico das lesões ................................................................. 69 
5.4 Exames complementares ............................................................................ 74 
5.5 Avaliação anatomo-histopatológica............................................................. 78 
5.6 Anestesia .................................................................................................... 81 
5.7 Radioterapia ................................................................................................ 81 
5.8 Resposta ao tratamento radioterápico, tempo livre da doença e tempo de 
sobrevida. .............................................................................................................. 82 
5.9 Efeitos colaterais ......................................................................................... 95 
5.10 Análises estatísticas .................................................................................... 99 
6 DISCUSSÃO .................................................................................................... 106 
7 CONCLUSÕES ................................................................................................ 117 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 119 
9 ANEXOS .......................................................................................................... 133 
9.1 Aprovação da Comissão de Ética do Uso de Animais (CEUA)......................135 
9.2 EXAME HISTOPATOLÓGICO DAS CINQUENTA E DUAS LESÕES 
CUTÂNEAS DE CCE SUBMETIDAS AO TRATAMENTO RADIOTERÁPICO. ... 135 
 
 9.3 VALORES LABORATORIAIS DE REFERÊNCIA PARA FELINOS............ 136 
10 APÊNDICES .................................................................................................... 137 
10.1 APÊNDICE 1 – FICHA DE ATENDIMENTO CLÍNICO GERAL ................ 138 
10.2 APÊNDICE 2- FICHA ONCOLÓGICA ....................................................... 139 
10.3 APÊNDICE 3 – FICHA DE AUTORIZAÇÃO DO PROPRIETÁRIO ........... 140 
10.4 APÊNDICE 4 – FICHA DE RADIOTERAPIA ............................................ 141 
10.5 APÊNDICE 5 – FICHA ANESTÉSICA ...................................................... 142 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Esquema mostrando a melhor atuação da radioterapia em determinadas 
fases do ciclo celular. As células em mitose, especialmente aquelas na fase M e G2, 
são sensíveis à radiação, enquanto aquelas na fase S e G1 são resistentes. Durante 
o tratamento radioterápico fracionado, as células nas fases radioresistentes 
progridem para as fases radiosensíveis (redistribuição). .......................................... 22 
 
Figura 2 – Medidas de radioproteção em um estabelecimento de radioterapia. A – 
Porta de entrada da sala de radioterapia, contendo aviso de entrada restrita, 
radiação ionizante e trava de segurança que desliga o feixe de radiação em caso de 
abertura acidental da porta. B – Monitoramento do paciente durante o tratamento 
radioterápico através de terminal de vídeo................................................................ 30 
 
Figura 3 – Diferenciação entre as lesões de dermatite actínica/carcinoma “in situ” e 
da doença de Bowen/carcinoma “in situ” multicêntrico. A - Dermatite actínica e 
carcinoma “in situ” em têmpora de felino com pelagem sólida branca. Notar lesão 
eritematosa e crostosa. B - Doença de Bowen em têmpora e face interna do pavilhão 
auricular de felino com pelagem torbie vermelha e agouti. Notar placa melanótica e 
hiperqueratótica. ........................................................................................................ 36 
 
Figura 4 - Planejamento radioterápico de felinos com carcinoma de células 
escamosas cutâneo. A – Utilização de caneta de feltro para delimitação do volume 
alvo a ser irradiado. B - Esquema mostrando o volume neoplásico e o volume alvo.
 .................................................................................................................................. 56 
 
Figura 5 - Equipamentos de radioterapia. A - Acelerador linear Clinac 2100 C do 
Hospital Clementino Fraga Filho. B – Equipamento de ortovoltagem Stabilipan I de 
uma clínica particular de radioterapia veterinária. ..................................................... 59 
 
Figura 6 - Posicionamento dos felinos portadores de CCE para o tratamento 
radioterápico. A - O felino foi posicionado em decúbito esternal, um suporte foi 
colocado embaixo da cabeça para permitir a correta posição do campo a ser 
irradiado. B – O felino foi posicionado em decúbito dorsal, e uma máscara feita de 
lençol de chumbo de 1 mm de espessura foi utilizada na face do animal, de maneira 
que apenas o volume alvo fosse irradiado. ............................................................... 60 
 
Figura 7 – Box plot representativo da mediana, primeiro e terceiro quartil da idade 
dos gatos portadores de CCE cutâneo submetidos à radioterapia. .......................... 65 
 
Figura 8 - Distribuição dos trinta e cinco felinos portadores de carcinoma de células 
escamosas cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico segundo a cor da 
pelagem..................................................................................................................... 66 
 
Figura 9 - Distribuição das cinquenta e duas lesões cutâneas de carcinoma de 
células escamosas submetidas ao tratamento radioterápico segundo a localização 
da lesão neoplásica. .................................................................................................. 68 
 
 
Figura 10 - Distribuição das cinquenta e duas lesões cutâneas de carcinoma de 
células escamosas submetidas ao tratamento radioterápico segundo o estadiamento 
clínico para tumores epidermais de felinos da Organização Mundial de Saúde, 
adaptado por Owen (OWEN, 1980). ......................................................................... 69 
 
Figura 11 - Estadiamento clínico do carcinoma de células escamosas cutâneo em 
felinos submetidos ao tratamento radioterápico. A – Lesão neoplásica estadiada 
como T1. B – Lesão neoplásica avançada, estadiada como T4 . ............................... 70 
 
Figura 12 - Radiografias torácicas de felino portador de CCE cutâneo evidenciando 
presença de consolidação lobar sugestiva de metástase pulmonar. ........................ 71 
 
Figura 13 - Distribuição das cinquenta e duas lesões cutâneas de carcinoma de 
células escamosas submetidas ao tratamento radioterápico segundo a área tumoral.
 ..................................................................................................................................71 
 
Figura 14 – Distribuição das cinquenta e duas lesões cutâneas de carcinoma de 
células escamosas divididas em grupo 1 (trinta lesões) e grupo 2 (vinte e duas 
lesões) submetidas ao tratamento radioterápico segundo a área tumoral. ............... 72 
 
Figura 15 - Aspectos macroscópicos do carcinoma de células escamosas cutâneo 
em felinos submetidos à radioterapia, antes do início do tratamento. A – Nódulo no 
plano nasal. B – Ulceração no plano nasal. C - Ulceração e necrose no pavilhão 
auricular. D – Massa, ulceração e necrose no pavilhão auricular. ............................ 79 
 
Figura 16 - Fotos das lâminas de histopatologia das lesões cutâneas de carcinoma 
de células escamosas de felinos submetidos ao tratamento radioterápico. A – 
Formações trabeculares de células epiteliais neoplásicas e formação de pérola 
córnea (asterisco), B – Acantose da epiderme, formações trabeculares (seta azul) e 
ilhas de células epiteliais neoplásicas. C – Figuras de mitose (seta branca) e 
nucléolos proeminentes e por vezes duplo (seta preta). D – Células epiteliais 
neoplásicas com pleomorfismo celular acentuado, hipercromatismo nuclear, 
nucléolos evidentes e áreas de anaplasia. (HE, 100x A e B; 400x C; 200x D - 
original). .................................................................................................................... 80 
 
Figura 17 - Resposta das cinquenta e duas lesões neoplásicas dos felinos 
portadores de CCE cutâneo submetidas ao tratamento radioterápico conforme 
estadiamento clínico. ................................................................................................. 83 
 
Figura 18 - Resposta das cinquenta e duas lesões neoplásicas de felinos portadores 
dos CCE cutâneo submetidas ao tratamento radioterápico conforme área tumoral . 83 
 
Figura 19 – Box plot representativo da mediana, primeiro e terceiro quartil do tempo 
de sobrevida dos felinos portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento 
radioterápico. ............................................................................................................. 84 
 
Figura 20 - Box plot representativo da mediana, primeiro e terceiro quartil do tempo 
livre da doença das lesões cutâneas de CCE submetidas ao tratamento 
radioterápico. ............................................................................................................. 84 
 
 
Figura 21 - Box plot representativo do tempo livre da doença de lesões de gatos 
portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico segundo 
estadiamento clínico. ................................................................................................. 85 
 
Figura 22 - Box plot representativo do tempo de sobrevida dos gatos portadores de 
CCE cutâneo submetidos à radioterapia de acordo com o tamanho tumoral em área.
 .................................................................................................................................. 86 
 
Figura 23 - Resposta das cinquenta e duas lesões neoplásicas dos felinos 
portadores de CCE cutâneo submetidas ao tratamento radioterápico conforme a 
realização de tratamento anterior. ............................................................................. 87 
 
Figura 24 – Resposta das cinquenta e duas lesões neoplásicas dos felinos 
portadores de CCE cutâneo submetidas ao tratamento radioterápico conforme a 
localização neoplásica. ............................................................................................. 87 
 
Figura 25 – Box plots representativos do tempo livre da doença e tempo de 
sobrevida dos gatos portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento 
radioterápico de acordo com a presença de metástases regionais. .......................... 88 
 
Figura 26 - Distribuição das lesões cutâneas de CCE submetidas ao tratamento 
radioterápico, de acordo com a resposta neoplásica, do grupo 1. ............................ 89 
 
Figura 27 - Distribuição das lesões cutâneas de CCE submetidas ao tratamento 
radioterápico, de acordo com a resposta neoplásica, do grupo 2. ............................ 90 
 
Figura 28 – Resposta das cinquenta e duas lesões neoplásicas dos gatos 
portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento de radioterapia de acordo 
com o grupo de tratamento. ...................................................................................... 93 
 
Figura 29 - Evolução de algumas lesões cutâneas de gatos portadores de 
carcinoma de células escamosas submetidas à radioterapia. A e B – Lesão 
neoplásica antes e após tratamento radioterápico, evidenciando remissão parcial. C 
e D – Lesão neoplásica antes e após tratamento radioterápico, evidenciando 
remissão completa. E e F – Lesão neoplásica antes e após tratamento 
radioterápico, evidenciando remissão completa. G e H – Lesão neoplásica antes e 
após tratamento radioterápico, evidenciando doença estável. .................................. 94 
 
Figura 30 - Reações agudas de toxicidade ao tratamento radioterápico observadas 
nos animais portadores de CCE cutâneo. A – Conjuntivite. B – Epilação e eritema. C 
– Dermatite úmida. D – Epilação e eritema. .............................................................. 97 
 
Figura 31 - Evolução da epilação, principal reação aguda da radioterapia, ao longo e 
após o tratamento do felino portador de CCE nasal (animal 28). A – Aparência do 
campo radioterápico antes do início do tratamento, evidenciando lesão eritematosa e 
ulcerativa em plano nasal. B - Aparência do campo na quarta semana de tratamento, 
apresentando ainda lesão neoplásica remanescente, já sendo possível observar 
início da epilação. C - Aparência do campo duas semanas após o término do 
tratamento, evidenciando epilação e eritema. D - Aparência do campo radioterápico 
 
 
quatro meses após o tratamento, evidenciando crescimento parcial e irregular dos 
pêlos, e remissão completa da lesão neoplásica. ..................................................... 98 
 
Figura 32 – Curva de sobrevida Kaplan-Meier dos trinta e cinco felinos portadores 
de CCE cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico. ..................................... 105 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
 
 
Quadro 1 - Estadiamento clínico de neoplasias epidermais dos felinos segundo a 
Organização Mundial de Saúde e adaptado por Owen. ............................................ 53 
 
Quadro 2 - Critérios de toxicidade aguda à radiação do ”Veterinary Radiation 
Therapy Oncology Group” modificada. ...................................................................... 61 
 
Tabela 1 – Classificação das lesões neoplásicas de CCE cutâneo submetidas ao 
tratamento radioterápico segundo a área tumoral. .................................................... 54 
 
Tabela 2 – Tabela de percentual de profundidade (%DD) do Stabilipan I. ............... 59 
 
Tabela 3 - Resultados da resenha, procedência e tratamentos prévios dos trinta e 
cinco felinos portadores de carcinoma de células escamosas cutâneo submetidos ao 
tratamento radioterápico............................................................................................ 67 
 
Tabela 4 - Localização neoplásica, tamanho e estadiamento clínico das cinquenta e 
duas lesões cutâneas neoplásicas de carcinoma de células escamosas submetidas 
ao tratamento radioterápico....................................................................................... 73 
 
Tabela 5 - Resultados dos exames hematológicos dos trinta e cinco felinos 
portadores de carcinoma de células escamosas cutâneo submetidos ao tratamento 
radioterápico. ............................................................................................................. 74 
 
Tabela 6 - Resultados da dosagem bioquímica sérica e de outros exames dos trinta 
e cinco felinos portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico.
 ..................................................................................................................................76 
 
Tabela 7 - Doenças sistêmicas concomitantes dos trinta e cinco felinos portadores 
de CCE cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico. ....................................... 77 
 
Tabela 8 – Exames hematológicos e bioquímicos dos dezoito animais do grupo 2 
antes e após o tratamento radioterápico. .................................................................. 78 
 
Tabela 9 - Dose total de radiação, energia utilizada, resposta neoplásica, tempo de 
sobrevida, tempo livre da doença e evolução das cinquenta e duas lesões cutâneas 
de carcinoma de células escamosas submetidas ao tratamento radioterápico. ........ 92 
 
Tabela 10 – Frequência do aparecimento da epilação no campo irradiado dos trinta 
e cinco gatos portadores de CCE cutâneo submetidos ao tratamento radioterápico 
conforme o grupo de tratamento. .............................................................................. 95 
 
Tabela 11 - Reações agudas de toxicidade à radiação observadas nas cinquenta e 
duas lesões de gatos portadores de carcinoma de células escamosas cutâneo 
submetidas ao tratamento radioterápico, de acordo com a tabela de critérios de 
toxicidade da VRTOG (LADUE; KLEIN, 2001). ......................................................... 96 
 
 
 
Tabela 12 - Comparação entre o estadiamento clínico e a resposta tumoral ao 
tratamento radioterápico em felinos portadores de CCE cutâneo. ............................ 99 
 
Tabela 13 – Comparação entre o tamanho tumoral e a resposta ao tratamento 
radioterápico em felinos portadores de CCE cutâneo. ............................................ 100 
 
Tabela 14 - Comparação entre a realização de tratamentos prévios e a resposta 
tumoral ao tratamento radioterápico em felinos portadores de CCE cutâneo. ........ 100 
 
Tabela 15 - Comparação entre a localização neoplásica e a resposta tumoral ao 
tratamento radioterápico em felinos portadores de CCE cutâneo. .......................... 101 
 
Tabela 16 - Comparação entre o sexo do animal e a resposta tumoral ao tratamento 
radioterápico em felinos portadores de CCE cutâneo. ............................................ 101 
Tabela 17 - Comparação entre a presença de metástases para linfonodos regionais 
no momento do diagnóstico e a resposta tumoral ao tratamento radioterápico em 
felinos portadores de CCE cutâneo. ........................................................................ 102 
 
Tabela 18 - Comparação entre a resposta tumoral ao tratamento radioterápico em 
felinos portadores de CCE cutâneo de acordo com o grupo. .................................. 103 
 
Tabela 19 – Comparação entre o tempo de sobrevida em felinos portadores de CCE 
cutâneo que obtiveram remissão completa e remissão parcial após tratamento 
radioterápico. ........................................................................................................... 103 
 
Tabela 20 – Comparação entre o tempo de sobrevida em felinos portadores de CCE 
cutâneo que obtiveram remissão completa e doença estável após tratamento 
radioterápico. ........................................................................................................... 104 
 
Tabela 21 – Comparação entre o tempo de sobrevida em felinos portadores de CCE 
cutâneo que obtiveram remissão completa e doença em progressão após tratamento 
radioterápico. ........................................................................................................... 104 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 
 
 
ALT......................................................................................Alanina Amino Transferase 
BNCT .........................................................................Boron Nêutron Capture Therapy 
BSF……………………………...………….Backscatter factor (Fator de retro-dispersão) 
CCE .........................................................................Carcinoma de células escamosas 
Cgy..................................................................................................................Centigray 
CEUA ................................................................... Comitê de Ética no Uso de Animais 
dL ......................................................................................................................Decilitro 
DNA ......................................................................................Ácido Desoxirribonucléico 
DTPA ................................................................ Diethylene Triamine Pentaacetic Acid 
EtNBS .......................5-ethylamino -9-diethylaminobenzo(a)phenothiazinium chloride 
EV ........................................................................................................Via endovenosa 
FeLV .....................................................................................Vírus da Leucemia Felina 
FIV .............................................................................Vírus da Imunodeficiência Felina 
GTV ...........................................................................................Gross Tumour Volume 
gy ..........................................................................................................................Gray 
HPPH-23............................................................. Pyropheophorbide-alpha-hexyl-ether 
IM .......................................................................................................Via Intramuscular 
J ............................................................................................................................Joule 
kV .......................................................................................................................Kilovolt 
LED ............................................................................................... Light-emitting Diode 
mA.................................................................................................................Miliampere 
mEq …………………………………………………………….……………. Miliequivalente 
MeV ..........................................................................................Milhão de elétrons-volt 
mg ................................................................................................................ Miligrama 
mm...................................................................................................................Milímetro 
mV ......................................................................................................................Milivolt 
mW ....................................................................................................................Miliwatt 
Nd:Yag ..............................Neodymium-doped yttrium aluminium garnet; Nd:Y3Al5O12 
nm ............................................................................................................... Nanômetro 
OH- ..................................................................................................................Hidroxila 
PPT ......................................................................................Proteína Plasmática Total 
PTV .........................................................................................Planned Target Volume 
SSD.............................................................Source skin distance (Distância foco-pele) 
TFD .............................................................................................Terapia Fotodinâmica 
UFRJ ..............................................................Universidade Federal do Rio de Janeiro 
UI ................................................................................................Unidade Internacional 
UV ................................................................................................................Ultravioleta 
VG .......................................................................................................Volume GlobularVRTOG ................................................Veterinary Radiation Therapy Oncology Group 
WHO ..............................World Health Organization (Organização Mundial de Saúde) 
60Co ............................................................................................................Cobalto-60 
µL ...................................................................................................................Microlitro 
%DD...................................................................................Percentual de profundidade 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A radioterapia é uma das modalidades de tratamento do câncer. Os 
protocolos rotineiramente utilizados em humanos são diários, porém a necessidade 
da anestesia em cada fração é um fator limitante na veterinária. Este trabalho teve 
como objetivo avaliar a efetividade de dois protocolos radioterápicos 
(hipofracionamento e fracionamento padrão) no tratamento de felinos portadores de 
carcinoma de células escamosas (CCE) cutâneo. Cinquenta e duas lesões 
neoplásicas de 35 felinos com CCE cutâneo foram tratadas e divididas em 2 grupos. 
O grupo 1 (G1 - 30 lesões) recebeu um protocolo hipofracionado (4-5 frações 
semanais de 7,6 a 12gy) através de um acelerador linear Clinac 2100, e a energia 
utilizada foi de 4 MeV nas lesões superficiais e 6 MeV nas lesões mais profundas. A 
distância foco-pele foi de 100 cm, e um bolus foi utilizado sobre a neoplasia para 
superficializar a dose. O grupo 2 (G2 - 22 lesões) recebeu o protocolo de 
fracionamento padrão (12 frações de 4 gy realizadas três vezes por semana) através 
de um equipamento de ortovoltagem Stabilipan, e foram utilizados energia de 120 kV 
para lesões com profundidade menor que 2 cm, e 140 kV em lesões com 
profundidade maior que 2 cm. A distância foco-pele foi de 30 cm. O campo incluiu o 
a lesão neoplásica mais uma margem de 2 cm, e os animais foram anestesiados em 
cada fração. Para o diagnóstico, foi realizada uma biópsia incisional da lesão, e a 
amostra foi fixada em formol tamponado a 10% e processada pela rotina 
histopatológica. Foram excluídos animais com metástases distantes ou recebendo 
outros tratamentos concomitantemente com a radioterapia. O estadiamento clínico 
dos animais foi realizado de acordo com o sistema da OMS para felinos. A maioria 
dos animais tinha pelagem total ou parcialmente branca, a idade teve média de 13 
anos, sendo 23 fêmeas e 12 machos. O plano nasal e pavilhões auriculares foram 
as regiões mais acometidas no estudo, seguida pelas pálpebras, têmporas e lábios. 
De acordo com o estadiamento clínico, 56% (29/52) das lesões foram classificadas 
como T4, 15% (8/52) como T3, 12% (6/52) como T2 e 17% (9/52) como T1. A taxa de 
resposta foi de 50% no G1 e 95% no G2. Os tempos médios livre da doença e de 
sobrevida do G1 foram de 273 e 262 dias, e no G2, até o momento, foram de 152 e 
157 dias. O protocolo de fracionamento padrão (G2) levou a melhores resultados do 
que o protocolo de hipofracionamento (G1). Os efeitos colaterais foram 
leves/moderados e incluíram eritema cutâneo, epilação, dermatite úmida, rinite e 
conjuntivite. A radioterapia pode representar uma boa opção terapêutica para o CCE 
cutâneo em felinos, mesmo em casos avançados. 
 
Palavras-chave: Gatos, neoplasia, radioterapia, fracionamento, carcinoma 
epidermóide. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Radiation therapy is a cancer treatment modality. In medicine, routine protocols are 
applied daily. However, anesthesia is required in each radiation fraction in veterinary 
medicine, which limits treatment. The objective of this paper was to evaluate the 
effectiveness of two different radiation therapy protocols (standard fractionation and 
hypofractionation) in the treatment of cats with cutaneous SCC. Fifty two lesions of 
35 cats with cutaneous SCC were treated and divided into two groups. Group 1 (G1 - 
30 lesions) received a hypofractionated protocol (4-5 weekly fractions of 7.6 to 12 gy) 
delivered by a linear accelerator Clinac 2100 and energy used was 4 MeV in 
superficial tumors and 6 MeV in deep lesions. The focus-skin distance was 100cm, 
and a bolus was used with the objective of allowing absorption of part of the dose 
more superficially. Group 2 (G2 - 22 lesions) received a full course radiation protocol 
(Twelve fractions of 4 gy three times per week) delivered by an orthovoltage unit 
Stabilipan, and energy was 120 kV for lesions less than 2 cm depth and 140 kV for 
more than 2 cm depth. Focus-skin distance was 30 cm. Determination of target 
volume was made by adding a 2 cm margin around the macroscopic lesion. In each 
radiation fraction, anesthesia was performed. For diagnosis, an incisional biopsy of 
the lesion was performed and samples were put in 10% formalin and routinely 
processed for histopathology. Clinical staging was performed according to World 
Health Organization. Animals with distant metastasis or receiving other treatment 
modalities concurrently with radiation therapy were excluded from experiment. Most 
animals were totally or partially white, with mean age of 13 years, and there were 23 
females and 12 males. The nasal planum and pinnae were mostly affected, followed 
by eyelids, temporal region and lips. According to clinical staging system, 56% of 
lesions were staged as T4, 15% as T3, 12% as T2 and 17% as T1. The response rate 
was 50% in G1 and 95% in G2. Mean survival time and free disease interval were 
262 and 273 days in G1 and 152 and 157 days in G2. Standard fractionation (G2) 
lead to better results than hypofractionation (G1). Radiation side effects were 
considered mild/moderate and included erythema, epilation, moist desquamation, 
rhinitis and conjunctivitis. Radiation therapy may be considered an effective 
treatment for feline cutaneous SCC, even for advanced lesions. 
 
Key words: Cats, neoplasm, radiation therapy, fractionation, squamous cell 
carcinoma.
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O carcinoma de células escamosas (CCE) é a principal neoplasia cutânea de 
felinos, e está intimamente ligado à exposição aos raios solares. É mais comum na 
face, nas áreas despigmentadas e com poucos pêlos, incluindo plano nasal, 
pavilhões auriculares, pálpebras e têmporas. Esta neoplasia tem comportamento 
altamente infiltrativo, porém apresenta baixas taxas de metástases, e seu principal 
tratamento é a cirurgia com amplas margens (cerca de 2 cm). 
No entanto, em muitos casos, o CCE é diagnosticado tardiamente, tornando a 
cirurgia impossível ou inaceitável pelos donos devido a questões estéticas e/ou 
funcionais. A radioterapia é uma boa opção nesses casos, pois consegue tratar 
tumores mais avançados com poucos efeitos estéticos para o animal. 
Os protocolos radioterápicos que são comprovadamente eficazes na cura de 
neoplasias em seres humanos requerem tratamentos constantes, geralmente 
diários, com pequenas doses de radiação (BARYSCH et al., 2012). Na medicina 
veterinária, ao contrário da medicina humana, a anestesia geral é necessária em 
cada fração radioterápica, já que o animal precisa ficar imóvel durante todo o 
tratamento radioterápico. 
Isto é um fator limitante, já que a maioria dos animais é geriátrica e muitas 
vezes portadora de enfermidades concomitantes, como cardiopatias e nefropatias, 
por exemplo, o que implica em um maior risco anestésico. Além disso, o custo com 
as frequentes anestesias se soma ao já dispendioso custo do tratamento 
radioterápico, o que onera o tratamento. E finalmente, a intensa manipulação 
necessária para o tratamento radioterápico de um felino, como frequentes 
transportes para a clínica veterinária e procedimentos de cateterização venosa em 
 18 
 
cada fração, são fatores de preocupação para os proprietários, já que gatos em 
geral são animais de temperamento difícil e se estressamcom muita facilidade. 
Todos os fatores anteriormente descritos sugerem que há necessidade em se 
buscar protocolos de tratamento mais práticos e seguros na medicina veterinária, 
mas ao mesmo tempo efetivos. Protocolos que utilizam aplicações semanais de 
radioterapia (hipofracionamento) seriam interessantes porque são mais práticos, 
requerem menor número de anestesias gerais e têm menor custo para o 
proprietário. No entanto, esses protocolos são, em teoria, menos efetivos, pois 
permitem a repopulação tumoral. 
Protocolos que utilizam aplicações de radioterapia três vezes por semana 
(fracionamento padrão) são interessantes, sendo uma alternativa ao tratamento 
diário, que é mais dispendioso e requer maior frequência de anestesias gerais. Em 
teoria, é mais eficaz em relação ao protocolo de hipofracionamento, pois o curto 
intervalo entre frações diminui a repopulação tumoral. 
Este trabalho teve como objetivo pesquisar um protocolo radioterápico prático, 
viável e seguro para os felinos domésticos portadores de CCE cutâneo. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
A medicina veterinária vem se aperfeiçoando cada vez mais nos últimos anos 
no Brasil e no mundo, em destaque a oncologia. O câncer é uma das principais 
causas de morte natural em cães e gatos geriátricos, e cada vez mais, há 
proprietários buscando novas opções de tratamento, visando garantir não apenas 
quantidade, mas também qualidade de vida para seus animais de estimação 
(LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE; OGILVIE, 2001; WITHROW, 2007). 
A radioterapia é amplamente utilizada na medicina humana como parte do 
tratamento oncológico, e na medicina veterinária ela também vem se tornando cada 
vez mais comum, principalmente após a chegada de novas tecnologias de 
diagnóstico por imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância 
magnética (GILLETTE, 1997; MOORE; OGILVIE, 2001). 
 
 
2.1 Radioterapia 
 
 
A radioterapia, uma modalidade de tratamento do câncer, tem como finalidade 
causar a morte das células neoplásicas, porém poupando as células sadias vizinhas. 
É considerada uma terapia localizada, e não sistêmica (GARRETT, 2012; KENT, 
2006; LARUE; GILLETTE, 2007). Por esse motivo, ela é comumente associada a 
outras modalidades de tratamento, como por exemplo cirurgia e/ou quimioterapia. 
No entanto, a radioterapia também pode ser utilizada como tratamento único em 
determinados casos, principalmente nas neoplasias localizadas e de baixo potencial 
 20 
 
metastático, ou como tratamento paliativo, para controlar a dor e melhorar a 
qualidade de vida do paciente (GARRETT, 2012; KENT, 2006; LARUE; GILLETTE, 
2007). 
A radioterapia tem como princípio básico a morte celular através do efeito da 
radiação ionizante sobre as células (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 
1987; COLLEEN; MAYER, 2006; GARRETT, 2012; LARUE; GILLETTE, 2007; 
MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE, 2002). A radiação ionizante atua diretamente 
sobre o núcleo, quebrando as pontes dissulfeto do DNA, ou indiretamente através da 
dissociação das moléculas de H2O do citoplasma que formam radicais livres tóxicos 
para a célula (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; LARUE; GILLETTE, 
2007; MCNIEL; LARUE, 1998). 
A grande limitação do tratamento radioterápico é a atuação da radiação 
ionizante em todas as células em proliferação, tanto normais quanto neoplásicas, 
presentes no campo radioterápico (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; 
LARUE; GILLETTE, 2007; MCNIEL; LARUE, 1998). Portanto, o tecido normal 
adjacente à neoplasia limita a dose de radiação que pode ser utilizada, e é um dos 
fatores de preocupação no planejamento do tratamento radioterápico (CARPENTER; 
ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; COLLEEN; MAYER, 2006; GARRETT, 2012; 
LARUE; GILLETTE, 2007; MCNIEL; LARUE, 1998). 
O fracionamento radioterápico, ou seja, a aplicação de pequenas doses de 
radiação em um determinado período de tempo, diminui os efeitos colaterais agudos 
e tardios da radioterapia (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; 
GARRETT, 2012; LARUE; GILLETTE, 2007). 
 
 
2.1.1 Fracionamento radioterápico 
 
 
O fracionamento da dose total de radiação é importante por diversos motivos. 
Os efeitos da radioterapia nos tecidos seguem quatro critérios básicos denominados 
“4 R´s da radioterapia”, sendo estes a redistribuição, reoxigenação, reparo e 
repopulação (BALCER-KUBICZEK, 2012; GARRETT, 2012; LARUE; GILLETTE, 
2007; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006,). 
 21 
 
O ciclo celular é a sequência de eventos que ocorrem em uma célula viva 
entre duas divisões celulares (denominadas mitoses), e é dividido em fases: G1, S, 
G2 e M. A fase G0 é aquela em que as células estão funcionais, mas não estão 
programadas para a mitose. A fase G1 é o período anterior à duplicação ou síntese 
de DNA no núcleo. A fase S é o período em que o DNA nuclear é sintetizado e os 
cromossomos são duplicados. A fase G2 se inicia quando a síntese do DNA está 
completa e se estende até o início da divisão celular, e a fase M corresponde à 
divisão celular propriamente dita (GARRETT, 2012; GIORDANO, 2004; LARUE; 
GILLETTE, 2007). 
A presença de células nessas diversas fases do ciclo celular (M, S, G1, G2, 
G0) é um fator importante na sensibilidade destas à radiação (BLANK, 1996; 
GIORDANO, 2004; LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE, 2002; RUDOLTZ; KAO; 
RUSLANDER, 2006). As células nas fases M e G2 são mais sensíveis à radiação, 
enquanto aquelas nas fases S e G1 são mais resistentes (LARUE; GILLETTE, 2007; 
MOORE; OGILVIE, 2001; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). Durante o intervalo 
entre frações radioterápicas, as células que estão nas fases radioresistentes 
progridem para as fases radiosensíveis, em um processo conhecido como 
redistribuição (LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006) 
(Figura 1). Portanto, o fracionamento do tratamento radioterápico essencial para 
que a radiação atinja o maior numero possível de células nas fases radiosensíveis, 
evitando a repopulação tumoral (BALCER-KUBICZEK, 2012; LARUE; GILLETTE, 
2007; MOORE; OGILVIE, 2001; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
Figura 1 – Esquema mostrando a melhor 
atuação da radioterapia em determinadas fases 
do ciclo celular. As células em mitose, 
especialmente aquelas na fase M e G2, são 
sensíveis à radiação, enquanto aquelas na fase 
S e G1 são resistentes. Durante o tratamento 
radioterápico fracionado, as células nas fases 
radioresistentes progridem para as fases 
radiosensíveis (redistribuição). 
 
 
Muitas neoplasias crescem de forma acelerada e descontrolada, que leva a 
uma vascularização deficiente, tendo parte das células em condição de hipóxia 
(GARRETT, 2012; LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE, 2002; ORLETH et al.,2010; 
RUSLANDER, 2006). O oxigênio é necessário para fixar os radicais livres causados 
pela dissociação da água do citoplasma após a radiação. Consequentemente, as 
células tumorais que vivem em condição de hipóxia são consideradas mais 
resistentes à radioterapia. Durante o intervalo entre frações, muitas células em 
hipóxia entram em aerobiose, e se tornam, portanto, mais sensíveis à radiação, em 
um processo conhecido como reoxigenação (BALCER-KUBICZEK, 2012; LARUE; 
GILLETTE, 2007; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). 
 Um dano subletal leva à reparação tanto das células neoplásicas quanto das 
células normais poucas horas após a radiação (GARRETT, 2012; LARUE; 
GILLETTE, 2007; MOORE; OGILVIE, 2001). A reparação dos tecidos sadios é 
benéfica e desejada durante o fracionamento radioterápico. No entanto, como este 
fenômeno é dependente de oxigênio, e devido ao fato de parte das células 
neoplásicas estarem em hipóxia, a reparação é deficiente nascélulas neoplásicas, o 
que é favorável ao tratamento. Assim, o fracionamento ajuda na reparação do tecido 
 23 
 
normal adjacente à neoplasia, porém prejudica as células neoplásicas (GIORDANO, 
2004; LARUE; GILLETTE, 2007). 
A repopulação é o fenômeno da multiplicação das células sobreviventes após 
a radiação, sejam normais ou neoplásicas. Apenas a repopulação dos tecidos 
normais é favorável e desejada. Este processo depende do tecido de origem, o que 
explica por que algumas neoplasias são mais radiosensíveis do que outras 
(GARRETT, 2012; HAND; KIM; WALDOW, 2004). 
 
 
2.1.2 Radiobiologia 
 
 
 A radiação ionizante provoca basicamente dois tipos de danos ao 
penetrar nas células. O efeito direto consiste na quebra das pontes de dissulfeto e 
consequente abertura das fitas de DNA, levando à morte celular (HAND; KIM; 
WALDOW, 2004; RUSLANDER, 2006). No entanto, caso a dose de radiação seja 
insuficiente, a célula é capaz de se reparar e continuar dentro do ciclo celular 
(HAND; KIM; WALDOW, 2004; LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE; OGILVIE, 2001). 
O efeito indireto ocorre pela dissociação da água do citoplasma em íons H+ e OH-, 
que são tóxicos à célula e levam à sua morte (HAND; KIM; WALDOW, 2004; 
RUSLANDER, 2006). Outras estruturas na célula que sofrem danos com a radiação 
são as membranas celulares, mitocondriais e lisossômicas (que têm sua 
permeabilidade alterada), e componentes celulares, como proteínas, enzimas, 
carboidratos e lipídios (HAND; KIM; WALDOW, 2004; RUSLANDER, 2006). 
Uma célula viva pode responder de formas diferentes aos efeitos da radiação 
ionizante, como morte mitótica, divisão anômala, morte celular direta, atraso mitótico, 
apoptose ou ainda ausência de resposta à radiação (COLEMAN, 1996; HAND; KIM; 
WALDOW, 2004; MOORE, 2002). 
A morte mitótica ou incapacidade reprodutiva das células irradiadas é a 
resposta mais frequente à radiação. Ela é definida como a diminuição da integridade 
reprodutiva celular, que diminui a habilidade das células de se dividirem após a 
irradiação (COLEMAN, 1996; HAND; KIM; WALDOW, 2004). 
 24 
 
A radioterapia que atinge as células durante as fases G1, S ou G2 pode 
resultar em morte celular direta antes destas células atingirem a mitose. Este tipo de 
resposta pode ocorrer tanto em células que não se dividem, como células nervosas 
por exemplo, quanto naquelas com divisões frequentes (COLEMAN, 1996; HAND; 
KIM; WALDOW, 2004). 
As células que estão em interfase no momento da radioterapia se atrasam 
para a fase G2, em um fenômeno denominado atraso mitótico. Consequentemente, 
uma menor proporção de células daquela população entrará em mitose. Este 
fenômeno é dose-dependente, sendo que quanto maior a dose da radiação, maior 
será o atraso mitótico (COLEMAN, 1996; HAND; KIM; WALDOW, 2004). 
A apoptose também tem sido associada aos efeitos da radiação, apesar de 
não ter relação com a mitose. Neste caso, a célula sofre fragmentação nuclear, lise 
celular, e é fagocitada pelas células vizinhas (BALCER-KUBICZEK, 2012; 
COLEMAN, 1996; HAND; KIM; WALDOW, 2004). 
 
 
2.1.3 Tempo de tratamento radioterápico 
 
 
O período de tempo total do tratamento radioterápico é importante porque as 
células neoplásicas e sadias, principalmente aquelas de proliferação rápida, como 
mucosas e pele, irão se repopular (LARUE; GILLETTE, 2007). Quando doses 
maiores de radiação por fração são utilizadas em um tempo curto de tratamento 
(hipofracionamento), reações agudas e tardias mais graves podem ocorrer. As 
reações agudas ocorrem principalmente em tecidos de alta proliferação celular, 
como por exemplo, pele, mucosas e trato gastrointestinal. No entanto, apesar de 
causarem desconforto ao paciente, tais efeitos são geralmente auto-limitantes e são 
facilmente controlados com tratamento de suporte. 
Já as reações tardias ocorrem devido à maior radiossensibilidade dos tecidos 
de baixa proliferação celular ou tecidos perenes ao aumento da dose por fração 
(CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; COLLEEN; MAYER, 2006; 
LARUE; GILLETTE, 2007; MELEO, 1997; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). 
 25 
 
Por outro lado, protocolos de radioterapia muito longos também não são 
recomendados, porque ocorre uma repopulação acelerada, onde as células 
neoplásicas irradiadas que não foram destruídas criam um mecanismo de 
resistência ao tratamento e se replicam mais rapidamente (BESE; HENDRY; 
JEREMIC, 2007; LARUE; GILLETTE, 2007; WANG; LI, 2005). Este fenômeno ainda 
não foi totalmente esclarecido, mas pesquisadores sugerem que, após quatro 
semanas de tratamento, as células neoplásicas remanescentes “aprendem” a se 
multiplicar mais rápido, reduzindo o tempo do ciclo celular, aumentando o número de 
células que entram em divisão celular, e reduzindo o número de células que 
normalmente morrem (fator de perda celular) (BESE; HENDRY; JEREMIC, 2007; 
LARUE; GILLETTE, 2007; WANG; LI, 2005). 
 
 
2.1.4 Dose total de radiação 
 
 
 A unidade de radiação utilizada universalmente é o Gray (Gy), que é 
equivalente a 1 Joule/kg. Outra unidade mais antiga e ainda utilizada é o rad, que 
equivale a 0,01 gy (LARUE; GILLETTE, 2007; MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE, 
2002). 
 As reações teciduais tardias na região irradiada devem ser evitadas ao 
máximo, e essas reações dependem da dose utilizada em cada fração (LARUE; 
GILLETTE, 2007; WANG; LI, 2005). Protocolos que utilizam pequenas doses por 
fração permitem que uma alta dose total seja administrada sem aumentar a 
probabilidade de reações teciduais tardias. No entanto, esse período de tratamento 
também não deve ser muito longo, pois leva ao fenômeno da repopulação acelerada 
(BESE; HENDRY; JEREMIC, 2007; LARUE; GILLETTE, 2007; WANG; LI, 2005). 
 Não há protocolo radioterápico perfeito, e todos os protocolos utilizados na 
medicina humana e veterinária apresentam vantagens e desvantagens 
(GIORDANO, 2004; LARUE; GILLETTE, 2007). 
 
 
 26 
 
2.1.5 Volume alvo 
 
 
A localização exata da neoplasia e a delimitação precisa do campo a ser 
irradiado são extremamente importantes para o sucesso do tratamento 
radioterápico. Também, é essencial que o paciente esteja imóvel e bem posicionado, 
de forma a aumentar a precisão do campo (MCENTEE, 2001; MOORE, 2002). O 
volume neoplásico pode ser definido por meio de inspeção, palpação, ou técnicas de 
diagnóstico por imagem, como ultrassonografia, radiografia, tomografia 
computadorizada e ressonância magnética (CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; MCENTEE, 2001; MOORE, 2002). 
O volume neoplásico (Gross tumor volume – GTV) é a neoplasia 
macroscópica e evidenciada clinicamente ou por exames de imagem. O volume alvo 
(Clinical target volume – CTV) adiciona uma margem de segurança ao GTV, 
considerando a existência de uma extensão microscópica da neoplasia. Já o volume 
alvo planejado (Planned target volume – PTV) considera uma margem adicional ao 
CTV, devido a erros de posicionamento do paciente e movimentação interna de 
órgãos (MOORE, 2002). Este último é o campo a ser irradiado. 
As estruturas normais e tecidos sadios devem ser poupados da radiação o 
máximo possível. Blocos de chumbo podem ser posicionados entre o colimador do 
aparelho e o paciente (LARUE; GILLETTE, 2007; SCHARBELE; SILVA, 2000). 
Outra opção consiste na utilização de lâminas que estão localizadas dentro do 
colimador (colimador multifolhas), que são capazes de modificar o campo de 
tratamento de forma que este adquira a forma do alvo, protegendo as estruturas 
normais adjacentes, sem a necessidade de confecção de blocos (LARUE; 
GILLETTE, 2007; SCHARBELE; SILVA, 2000). 
 
 
2.1.6 Reação dos tecidos / Efeitos colateraisA tabela de critérios de toxicidade da “Veterinary Radiation Therapy Oncology 
Group - VRTOG” foi criada em 2001 com a finalidade de padronizar a classificação 
 27 
 
das reações agudas e tardias dos animais ao tratamento radioterápico (LADUE; 
KLEIN, 2001). 
Os tecidos de alta proliferação, como pele, mucosas nasal, oral e ocular 
desenvolvem reações agudas que incluem dermatite, rinite, estomatite, glossite e 
conjuntivite (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; COLLEEN; MAYER, 
2006; MELEO, 1997; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). As manifestações 
clínicas cutâneas progridem desde epilação e eritema até descamação (seca ou 
úmida), e em casos severos ulceração e necrose (CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; COLLEEN; MAYER, 2006; MCNIEL; LARUE, 1998; MELEO, 
1997; MOORE, 2002; RUSLANDER, 2006). 
O dano tecidual máximo ocorre em sete a catorze dias após o tratamento. O 
tratamento recomendado neste período é sintomático, além de evitar a 
automutilação gerada pelo prurido dos locais afetados (CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; COLLEEN; MAYER, 2006; MCNIEL; LARUE, 1998; MELEO, 
1997). 
As reações tardias da radiação ocorrem meses ou anos após o tratamento 
radioterápico, e suas manifestações clínicas incluem, entre outras, despigmentação, 
alopecia, fibrose, necrose, formação de fistulas, baixa resistência a infecções, 
conjuntivite crônica, catarata, ceratoconjuntivite seca, estomatite crônica, cáries 
dentarias, formação de cálculo dentário, e halitose (estas últimas em casos de 
irradiação das glândulas salivares) (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 
1987; COLLEEN; MAYER, 2006; MCNIEL; LARUE, 1998; MELEO, 1997; MOORE, 
2002; RUSLANDER, 2006). 
 
 
2.1.7 Tipos de radioterapia 
 
 
Em geral, a radioterapia utiliza uma fonte de fótons. As fontes conhecidas de 
fótons incluem isótopos radioativos, como por exemplo, o cobalto (60Co), que libera 
um fóton do núcleo do átomo, conhecido como raio gama (LEAVER; ALFRED, 2004; 
MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE, 2002). Há fótons, como os raios-x, que se 
 28 
 
originam fora do núcleo atômico, oriundos da interação entre elétrons e um alvo 
(LEAVER; ALFRED, 2004; MCNIEL; LARUE, 1998). 
A teleterapia, modalidade em que a radiação ionizante é administrada por 
uma fonte externa, é a modalidade mais comum de radioterapia na medicina 
veterinária (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; LARUE; GILLETTE, 
2007; MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE; OGILVIE, 2001). Há quatro tipos de 
equipamentos de teleterapia em uso no mundo: (1) Máquina de ortovoltagem; (2) 
Máquina de Cobalto 60; (3) Máquina de Césio 137; e (4) acelerador linear 
(CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; LARUE; GILLETTE, 2007; 
LEAVER; ALFRED, 2004; MCENTEE, 2001; MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE; 
OGILVIE, 2001). As máquinas de ortovoltagem produzem raios-x com energia de 
100 a 500 kV (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; LARUE; GILLETTE, 
2007; LEAVER; ALFRED, 2004; MCENTEE, 2001; MCNIEL; LARUE, 1998; 
MOORE; OGILVIE, 2001). Já os aparelhos de megavoltagem (Máquinas de cobalto, 
césio e aceleradores lineares) emitem fótons de energia superior a um milhão de 
volts (1 mV) (LARUE; GILLETTE, 2007; MOORE; OGILVIE, 2001; MCNIEL; LARUE, 
1998). 
A máquina de ortovoltagem deposita fótons de baixa energia na superfície da 
pele, não atingindo tumores mais profundos e causando maiores efeitos cutâneos. 
Já a megavoltagem deposita fótons de alta energia abaixo da superfície da pele, 
podendo ser utilizados para tumores profundos e poupando a pele (LARUE; 
GILLETTE, 2007; MCENTEE, 2001; MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE, 2002). 
Quando a megavoltagem é utilizada, os aceleradores lineares têm vantagens 
em relação às máquinas de cobalto, pois utilizam feixe de elétrons além de fótons 
(LEAVER; ALFRED, 2004; MCENTEE, 2001; MCNIEL; LARUE, 1998). No caso de 
tumores cutâneos, a megavoltagem pode ser utilizada com sucesso, colocando-se 
uma camada de material de densidade semelhante aos tecidos do organismo, 
denominado bolus, sobre a lesão neoplásica. Isto permite que parte da dose seja 
absorvida antes de alcançar a pele, sendo assim a dose máxima de radiação 
depositada muito mais superficialmente (COLEMAN, 1996; LARUE; GILLETTE, 
2007). 
Outros tipos de radioterapia incluem a braquiterapia (implante local de 
isótopos no tumor) e a terapia sistêmica (administração sistêmica de radioisótopos, 
como por exemplo no tratamento do hipertireoidismo) (CARPENTER; ANDREWS; 
 29 
 
HOLZWORTH, 1987; LARUE; GILLETTE, 2007; LEAVER; ALFRED, 2004; 
MCENTEE, 2001; MCNIEL; LARUE, 1998; MOORE; OGILVIE, 2001). 
 
 
2.1.8 Radioproteção 
 
 
A radiação ionizante tem efeitos nocivos à saúde, podendo induzir a 
mutações genéticas ou carcinogênese. Assim, os procedimentos de radioproteção 
devem ser rigorosamente adotados (BLINICK; QUATE, 2004; HARDING, 1998; 
HEAD, 2002; WIDMER; SHAW; THRALL, 1996). Existem normas específicas de 
radioproteção estipuladas para um serviço de radioterapia. O plano de radioproteção 
de cada instituição é elaborado por um físico responsável, e inclui diversas medidas 
(BLINICK; QUATE, 2004; HARDING, 1998; HEAD, 2002; SCHARBELE; SILVA, 
2000). 
O paciente precisa ser monitorado durante o tratamento radioterápico do lado 
de fora da sala, porque o feixe precisa ser interrompido em casos de movimentação 
acidental ou emergência anestésica. Geralmente, isso é possível através de um 
sistema de câmeras e terminais de vídeo (BLINICK; QUATE, 2004). 
Devido ao alto nível de radiação dentro da sala de radioterapia quando o 
equipamento está em uso, ninguém exceto o paciente pode ficar dentro da sala 
durante o tratamento. As portas de entrada da sala devem conter avisos de 
proibição de entrada e radioatividade (BLINICK; QUATE, 2004). Lâmpadas que 
indicam quando o feixe de radiação está ligado são obrigatórias acima das portas de 
entrada da sala. 
As portas de entrada devem ser equipadas com travas que desligam 
automaticamente o feixe de radiação caso alguém acidentalmente entre na sala. 
Chaves de emergência devem estar disponíveis em vários pontos dentro e fora da 
sala, possibilitando que o feixe de radiação seja desligado em qualquer emergência 
(BLINICK; QUATE, 2004) (Figura 2). 
 
 
 30 
 
 
Figura 2 – Medidas de radioproteção em um estabelecimento 
de radioterapia. A – Porta de entrada da sala de radioterapia, 
contendo aviso de entrada restrita, radiação ionizante e trava 
de segurança que desliga o feixe de radiação em caso de 
abertura acidental da porta (seta). B – Monitoramento do 
paciente durante o tratamento radioterápico por um terminal de 
vídeo. 
 
 
2.2 Carcinoma de células escamosas felino 
 
 
2.2.1 Histologia da pele de felinos sadios 
 
 
A espessura da pele do gato pode variar de 0,4 mm a 2,0 mm, de acordo com 
a região do corpo. Nas regiões dorsal, lombar e sacral e nas superfícies laterais dos 
membros, a pele é mais espessa, enquanto na região ventral e nas superfícies 
mediais dos membros, é menos espessa (CALHOUN; STINSON, 1982; MORIELLO, 
1994). Também, há porções cobertas ou desprovidas de pêlos, dependendo da 
região do corpo (HARGIS, 1995). 
A epiderme, a camada mais externa, é composta por diferentes estratos. 
Nessa camada, há quatro tipos de células: queratinócitos (que correspondem a 85% 
das células), melanócitos (correspondem a cerca de 5%), células de Langerhans (3 
a 8%) e células de Merkel (presentes nos coxins plantares e palmares) (SCOTT; 
MILLER; GRIFFIN, 1996). A epiderme dos gatos é delgada nas áreas com pêlos 
A B 
 31 
 
(variando de 0,1 a 0,5 mm em espessura) e mais espessa nos coxins e no plano 
nasal (podendo medir 1,5 mm) (SCOTT; MILLER; GRIFFIN,1996). 
O estrato córneo, mais externo, é completamente queratinizado e composto 
por células achatadas, anucleadas e eosinofílicas. A queratina, que reveste o 
tegumento, é proveniente da transformação da diferenciação das células basais, e 
consiste de uma mistura de proteínas de baixo teor de enxofre a uma matriz amorfa 
rica em proteínas de alto teor de enxofre (BANKS, 1991; HARGIS, 1995; SCOTT; 
MILLER; GRIFFIN, 1996). 
O estrato lúcido é formado por uma fina camada de células compactadas e 
completamente queratinizadas. Esta zona está presente apenas em regiões 
epidérmicas muito espessas do corpo, como coxins, plano nasal e plano nasolabial 
(BANKS, 1991; HARGIS, 1995; SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 1996). 
O estrato granuloso é formado por células achatadas pavimentosas que 
possuem grânulos de queratohialina e ricos em histidina, e formam a substância 
interfibrilar da queratina mole (BANKS, 1991). 
O estrato espinhoso é formado por células poliédricas unidas por 
desmossomos. Possui uma ou duas células de espessura nas regiões cobertas por 
pêlos, mas torna-se muito mais espessa nos coxins, plano nasal e junções 
mucocutâneas. As células variam de basofílicas a eosinofílicas, e mudam 
gradualmente seu formato de poliédricas a pavimentosas (BANKS, 1991; SCOTT; 
MILLER; GRIFFIN, 1996). 
O estrato basal é a camada germinativa e mais interna, formada por uma 
única camada de células cúbicas ou cilíndricas (BANKS, 1991; HARGIS, 1995). Os 
queratinócitos se reproduzem e empurram as células epidérmicas das camadas 
acima, até se tornarem células córneas mortas (SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 1996). 
Os melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel estão presentes na 
camada de células basais. 
Os melanócitos produzem grânulos de melanina e os transferem aos 
queratinócitos, ajudando-os na proteção da luz ultravioleta (HARGIS, 1995). Essa 
melanina, nos animais, é responsável pela coloração da pele e dos pêlos, 
fotoproteção e inativação de radicais livres (GREEN et al., 1999; SCOTT; MILLER; 
GRIFFIN, 1996). 
As células de Langerhans são células claras, que atuam modulando as 
respostas imunológicas (HARGIS, 1995; SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 1996). 
 32 
 
As células de Merkel regulam a função das estruturas da epiderme e das 
estruturas anexais pela sua ação parácrina, funcionando como mecanorreceptores 
(HARGIS, 1995; SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 1996). 
A derme é constituída por fibras colágenas e poucas elásticas imersas em 
uma matriz de sustentação formada por glicosaminoglicanos. É responsável pela 
sustentação dos folículos pilosos, glândulas, vasos e nervos. Nesta região, há duas 
zonas: papilar e reticular (HARGIS, 1995). 
A zona papilar é composta de uma malha de fibras colágenas finas e 
elásticas, fibroblastos, macrófagos, plasmócitos e mastócitos (CALHOUN; 
STINSON, 1982; HARGIS, 1995). A zona reticular, bem mais grossa e densa, é 
constituída por tecido conjuntivo frouxo, cujas fibras formam um retículo (BANKS, 
1991; CALHOUN; STINSON, 1982; MORIELLO, 1994). 
 
 
2.2.2 Definição de carcinoma de células escamosas felino 
 
 
O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia maligna de 
queratinócitos. É a neoplasia cutânea mais frequente, e a segunda mais comum 
dentre todos os tumores em felinos, perdendo apenas para o linfoma. É uma 
neoplasia com caráter localmente agressivo, porém com baixos índices de 
metástases (MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; PETERSON; COUTO, 
2000). 
 
 
2.2.3 Etiopatogenia 
 
 
A radiação ultravioleta é a principal causa da dermatite actínica e do CCE 
cutâneo (DORN; TAYLOR; SCNEIDER, 1971; CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; PETERSON; 
COUTO, 2000). As queimaduras solares repetidas levam à dermatite actínica, que 
 33 
 
por sua vez pode evoluir para o CCE cutâneo caso a exposição solar persista. A 
doença ocorre mais comumente em regiões de clima quente e ensolarado 
(MULLER; KIRK; SCOTT, 1985). 
A radiação ultravioleta (A e B) tem potencial oncogênico e localmente 
imunossupressor (TOWNSEND; GORRELL; MAYER, 1997). As células de 
langerhans, que são muito importantes para o sistema imune, são afetadas pela luz 
UV. Townsend, Gorrell e Mayer (1997) estudaram a distribuição destas células em 
epitélios normal, acantótico e neoplásico de ovinos. Enquanto na pele normal, elas 
estavam regularmente distribuídas, na dermatite actínica elas se apresentavam em 
menor número, irregulares, com distribuição mais suprabasal, e ocasionalmente 
intumescidas e indistintas. No CCE, estas células estavam deformadas, com poucos 
grânulos e concentradas em áreas periféricas do epitélio neoplásico (TOWNSEND; 
GORRELL; MAYER, 1997). 
Segundo Hargis (1995), o desenvolvimento do CCE cutâneo é multifatorial. 
Quando a luz UV é absorvida, uma lesão tissular ocorre, resultando na geração de 
radicais livres que podem lesionar os ácidos nucléicos e proteínas. A lesão pode 
ocorrer em núcleos, membranas ou organelas, podendo alterar enzimas, causar 
mutações ou levar ao desenvolvimento neoplásico. Assim, a célula entra em mitose 
sem se reparar, deixando uma lacuna no DNA que pode conduzir a mutações e à 
neoplasia. 
O gene p53 já foi estudado em casos de carcinomas cutâneos, oftálmicos e 
orais, e pode ser inativado pela radiação ultravioleta. O gene p53 codifica a 
fosfoproteína nuclear 53kd, que tem como função regular o crescimento e 
proliferação celular. Células cujo gene p53 é mutante ou ausente são incapazes de 
manter o ciclo celular. Elas acumulam mutações em uma taxa crescente liderando 
uma rápida formação de clones neoplásicos e desenvolvimento do tecido neoplásico 
(MAYR et al, 2000; SNYDER; BERTONE, 2004). 
A imunohistoquímica vem sendo utilizada nas medicinas humana e veterinária 
para avaliar o prognóstico dos CCE e buscar novas terapias (BARDAGI; 
FONDEVILA; FERRER, 2012; SABATINI et al., 2010; YOSHIKAWA et al., 2012). 
Em humanos, já foi demonstrado que a ceratose actínica e a carcinogênese 
epidermal têm relação com a superexpressão da ciclooxigenase-2 (COX-2). Esta 
associação vem sendo estudada em CCE cutâneos de cães e gatos, mas ainda sem 
resultados conclusivos (BARDAGI; FONDEVILA; FERRER, 2012). A expressão do 
 34 
 
receptor de fator de crescimento epidermal, detectado pela imunohistoquímica, foi 
associada a um pior prognóstico do CCE cutâneo felino (SABATINI et al., 2010). 
Os fatores de riscos para o desenvolvimento do CCE cutâneo em gatos são a 
pelagem branca e despigmentação em determinadas áreas do corpo, especialmente 
naquelas com poucos pêlos, como por exemplo plano nasal, pavilhões auriculares, 
pálpebras e têmporas (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; COX, 1991; 
MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; MURPHY, 2013; PETERSON; COUTO, 
2000; RUSLANDER, 2006). 
O primeiro estágio da doença surge como uma área de eritema cutâneo, que 
pode persistir durante meses ou anos e progredir lentamente para lesões 
hiperqueratóticas, eritematosas e descamativas. À medida que a doença evolui, 
pode haver prurido, contração dos pavilhões auriculares, crostas hemorrágicas e 
sangramento por traumatismo. A necrose dos queratinócitos pode levar a lesões 
ulcerativas, e caso a exposição solar persista, à mutagênese e neoplasia, incluindo o 
CCE cutâneo (MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; PETERSON; COUTO, 
2000). 
 
 
2.2.4 Manifestações clínicas 
 
 
O carcinoma de células escamosas cutâneo ocorre principalmente na face e 
nas regiões com poucos pêlos. O plano nasal é a região mais afetada, seguida pelos 
pavilhões auriculares e pálpebras, e raramente, dígitos, cauda e períneo 
(CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH,1987; COX, 1991; LANA et al.,1997; 
MILLER et al, 1991; MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; MURPHY, 2013; 
PETERSON; COUTO, 2000). Geralmente, a doença acomete animais geriátricos, já 
que a carcinogênese actínica é de evolução lenta (CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; MILLER et al, 1991; MOORE; OGILVIE, 2001). Não há 
predisposição sexual, e os gatos da raça siamesa são menos afetados, devido à sua 
maior pigmentação (MILLER et al, 1991; MOORE; OGILVIE, 2001). Gatos brancos 
apresentam maior propensão do que gatos de outras cores (CARPENTER; 
ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; MILLER et al, 1991; MOORE; OGILVIE, 2001; 
 35 
 
MORIELLO, 1994; PETERSON; COUTO, 2000). Não há correlação da doença com 
os vírus da Leucemia (FeLV) e Imunodeficiência (FIV) felinas (CARPENTER; 
ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; MOORE; OGILVIE, 2001; THEON et al., 1995). 
A lesão pode se iniciar como uma displasia epidermal e progredir para o 
carcinoma “in situ”, até a forma invasiva. Nos dois primeiros estágios, a lesão se 
apresenta como uma área eritematosa, levemente ulcerada e exsudativa, que não 
sangra. Em casos avançados, há destruição do tecido normal pela neoplasia 
(CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; MILLER et al, 1991; MOORE; 
OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; PETERSON; COUTO, 2000). O CCE pode ser 
ulcerativo ou proliferativo. 
Os tipos proliferativos são massas papilares, que se assemelham a couve-
flor, e com superfície ulcerada. Os tipos ulcerativos aparecem inicialmente como 
úlceras rasas e crostosas, que se tornam mais tarde úlceras tenebrantes 
(CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 1987; MILLER et al, 1991; MOORE; 
OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994; PETERSON; COUTO, 2000). 
A evolução é lenta, podendo durar de meses a anos (MOORE; OGILVIE, 
2001). Esta neoplasia tem caráter altamente invasivo, mas metástases são 
incomuns, podendo ocorrer nos estágios mais avançados para os linfonodos 
submandibulares, e mais raramente pulmões (CARPENTER; ANDREWS; 
HOLZWORTH, 1987; MILLER et al, 1991; MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 
1994; PETERSON; COUTO, 2000). 
O termo “carcinoma in situ” se refere à lesão neoplásica superficial, que se 
restringe à epiderme. No entanto, é importante a diferenciação do termo “Doença de 
Bowen”, ou carcinoma “in situ multicêntrico”, que é utilizado para felinos 
pigmentados com doença multifocal (Figura 3) (MILLER et al., 1992). Ela ocorre 
predominantemente em felinos sem raça definida, fêmeas de pêlos curtos de 
diversas colorações, e com idade variando entre 11,5 e 12 anos (MILLER et 
al.,1992). 
A doença de Bowen ocorre em áreas com pele e pêlos pigmentados no 
tronco, membros, face e região cervical expostos ao sol (BAER; HELTON, 1993; 
MILLER et al.,1992; MUNDAY; GIBSON; FRENCH, 2011). As lesões são bem 
circunscritas, melanóticas, formam pápulas e placas hiperqueratóticas com 0,5 a 3 
cm de diâmetro. Com a evolução, elas se tornam grossas, crostosas, formando 
placas ulceradas que sangram com facilidade (MILLER et al.,1992). O Papilomavírus 
 36 
 
foi isolado em muitas dessas lesões pelo método de imunohistoquímica, o que 
sugere que a doença de Bowen pode surgir de uma transformação maligna dos 
papilomas virais (MILLER et al.,1992; MUNDAY et al., 2007; MUNDAY; 
DUNOWSKA; DE GREY, 2009; MUNDAY; GIBSON; FRENCH, 2011; WILHELM et 
al., 2006). 
Guaguere e colaboradores (1999) identificaram o ácaro Demodex cati e seus 
ovos em amostras de biópsia de cinco felinos com Doença de Bowen. Os autores 
citam a hipótese de que o papilomavírus e o CCE desenvolvem uma 
imunodeficiência local permitindo que a sarna demodécica se multiplique de maneira 
excessiva, ou que a infecção por FIV associada à imunodeficiência local gerada pelo 
CCE predispõe ao desenvolvimento do papilomavírus e Demodex cati. 
 
 
 
Figura 3 – Diferenciação entre as lesões de dermatite 
actínica/carcinoma “in situ” e da doença de Bowen/carcinoma “in situ” 
multicêntrico. A - Dermatite actínica e carcinoma “in situ” em têmpora 
de felino com pelagem sólida branca. Notar lesão eritematosa e 
crostosa. B - Doença de Bowen em têmpora e face interna do pavilhão 
auricular de felino com pelagem torbie vermelha e agouti. Notar placa 
melanótica e hiperqueratótica. 
 
 
2.2.5 Estadiamento clínico 
 
 
O estadiamento mais amplamente utilizado é a tabela da Organização 
Mundial de Saúde adaptada para tumores epidermais de felinos, onde o tamanho e 
A B 
Cunha, S.C.S. Cunha, S.C.S. 
 37 
 
grau de invasão correspondem à categoria T, o acometimento dos linfonodos à 
categoria N, e as metástases distantes à categoria M (OWEN, 1980). 
As metástases são raras, mas não devem ser negligenciadas. A citologia por 
punção aspirativa ou biópsia dos linfonodos são recomendadas caso haja aumento 
dos mesmos, e radiografias torácicas são recomendadas para o estadiamento 
clínico (MOORE; OGILVIE, 2001; MURPHY, 2013). 
 
 
2.2.6 Diagnóstico 
 
 
O diagnóstico do CCE pode ser realizado através do exame citológico ou 
histopatológico. No entanto, o diagnóstico definitivo bem como avaliação do estágio 
da lesão (desde dermatite actínica até o CCE cutâneo) só pode ser obtido através 
da histopatologia (MOORE; OGILVIE, 2001; MORIELLO, 1994). Várias amostras de 
diferentes localizações das lesões cutâneas devem ser coletadas, já que pode haver 
áreas em diferentes estágios da doença (queratose actínica, carcinoma “in situ” e 
CCE) (MURPHY, 2013). Os diagnósticos diferenciais do CCE cutâneo incluem a 
esporotricose, criptococose, hipersensibilidade alimentar, atopia e complexo pênfigo. 
 
 
2.2.6.1 Aspectos citológicos 
 
 
A citologia é inconclusiva na maioria dos casos de CCE cutâneos. Tem um 
maior valor diagnóstico quando utilizada na avaliação de metástase em linfonodos 
regionais, coletando-se o material por aspirado com agulha fina. No exame 
citológico, são observadas células epiteliais agrupadas, poligonais, com citoplasma 
basofílico e núcleo picnótico, além de infiltrado inflamatório (PETERSON; COUTO, 
2000). 
 
 38 
 
2.2.6.2 Aspectos histopatológicos 
 
 
 Nos estágios iniciais da dermatite solar, há presença de células 
disqueratóticas na epiderme, além de edema intercelular, vacuolização de 
queratinócitos e perda da camada das células granulares. A hiperqueratose, 
paraqueratose e acantose também ocorrem. Com o avanço da doença, há dermatite 
perivascular superficial (esponjosa e hiperplásica) e em alguns animais, há elastose 
solar (degeneração basofílica do colágeno superficial) (HARGIS, 1995; MULLER; 
KIRK; SCOTT, 1985). 
 Segundo a literatura, o CCE pode se apresentar histopatologicamente de 
várias formas, dependendo do grau de diferenciação celular: bem diferenciado, 
moderadamente diferenciado e pouco diferenciado (GOLDSCHMIDT; SHOFER, 
1992). As neoplasias pouco diferenciadas ainda apresentam variantes, como a 
forma acantolítica e o carcinoma de células fusiformes (WALDER, 1995). 
 No CCE bem diferenciado, a superfície da epiderme torna-se ulcerada, e há 
invasão de células neoplásicas originárias da epiderme para o interior da derme, por 
meio de formações trabeculares e de ilhas celulares. Seus núcleos variam 
moderadamente em tamanho, e tem nucléolos proeminentes. A atividade mitótica é 
baixa a moderada. Estas células podem estar circundadas por tecido conjuntivo, 
além de linfócitos, plasmócitos, macrófagos e neutrófilos. Frequentemente, há 
“pérolas córneas”, estruturas em que células queratinizadas formam uma ilha e 
acumulam queratina em seu interior (CARPENTER; ANDREWS; HOLZWORTH, 
1987; MULLER; KIRK; SCOTT, 1985, WALDER, 1995). 
 No CCE pouco diferenciado, a arquitetura do tecido é similar à forma bem 
diferenciada.

Continue navegando