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PROMOFITNESS UNIPESSOAL, LDA Rua Padre Himalaya, 50 E, 4100-553 Porto | Telf. 222081418 E-mail info@promofitness.com | http: www.promofitness.com “Reconhecimento e Experiência desde 1990” MANUAL DE FORMAÇÃO HIDROGINÁSTICA Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness Índice Introdução ..................................................................................................................... 4 ANATOMIA ................................................................................................................... 5 1.1 Ossos e Músculos .................................................................................................. 5 1.2 Posições Anatómicas e Planos de Orientação ....................................................... 7 1.2.1 Possibilidades de Movimentos Articulares ........................................................... 8 1.3 Coordenação Intermuscular ................................................................................ 10 1.4 Contracções Muscular ........................................................................................... 11 COMPONENTES DO CONDICIONAMENTO FÍSICO ................................................. 12 HIDROGINÁSTICA ..................................................................................................... 13 3.1 Abordagem Histórica ........................................................................................... 13 3.2 Definição de Hidroginástica ................................................................................. 15 3.3 Propriedades Físicas da Água ............................................................................ 16 3.3.1. Densidade ......................................................................................................... 16 3.3.2. Pressão hidrostática .......................................................................................... 17 3.3.3. Pressão Hidrostática ......................................................................................... 17 3.3.4. Viscosidade ....................................................................................................... 17 3.3.5. Resistência........................................................................................................ 18 3.3.6. Temperatura ...................................................................................................... 18 3.4. Leis do Movimento de Newton ............................................................................. 19 3.4.1. Primeira Lei de Newton (Inércia) ....................................................................... 19 3.4.2. Segunda Lei de Newton (Aceleração) ............................................................... 20 3.4.3. Terceira Lei de Newton (acção-reacção) ........................................................... 20 3.5 As vantagens da Hidroginástica ............................................................................ 21 3.6 Características da Piscina ..................................................................................... 22 3.7 Estrutura da Aula de Hidroginástica e Objectivos de cada parte da Aula .............. 23 3.7.1.Aquecimento Térmico: ....................................................................................... 23 3.7.2. Condicionamento Cardio-respiratório: ............................................................... 24 3.8 Programas Aquáticos ............................................................................................ 24 3.9 Tipos de Aulas ...................................................................................................... 28 3.10 Controlo da Intensidade ...................................................................................... 29 3.11 Métodos Coreográficos AEA ............................................................................... 31 3.12 Música ................................................................................................................. 38 3.13 Timing ................................................................................................................. 40 3.14. Movimentos mais utilizados no Fitness .............................................................. 42 3.15. Feedbacks ......................................................................................................... 45 Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 3.16 Princípios Básicos de Segurança e Escolha dos Exercícios ................................ 47 3.17 Postura ................................................................................................................ 48 3.18 Exercícios de Alto Risco ...................................................................................... 48 3.19 Materiais da Hidro ............................................................................................... 51 3.20 Como Optimizar o Exercício na Água .................................................................. 52 3.21 Público-Alvo ........................................................................................................ 56 3.22 Jogging Aquático ................................................................................................. 58 3.23 Alavancas ........................................................................................................... 60 3.24 Exercícios ........................................................................................................... 64 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 68 Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 4 Introdução O Programa dos módulos a seguir apresentados tem por base colmatar necessidades directamente ligadas às actividades aquáticas de maior ênfase no actual cenário das actividades físicas em geral e também o relembrar de alguns aspectos de anatómia importantes. Tendo como ponto de partida um enriquecimento individual ao nível das diferentes áreas de actuação neste meio, pretendemos dotar os nossos formandos de ferramentas objectivas e concretas para que o profissionalismo e o rigor sejam uma característica fundamental no seu dia-a-dia. Assim, começando com uma abordagem sobre anatomia, nomeadamente no relembrar dos principais ossos e músculos do nosso corpo, as suas articulações e que movimentos ajudam a realizar. Abordaremos também os planos e eixos onde o nosso corpo se pode movimentar. No segundo módulo faremos uma abordagem geral à Hidroginástica, abordando temas como a história da hidro, as características do meio aquático, postura e técnica do professor, uso apropriado da música, etc., os desportos adaptados ao meio aquático, a coreografia, pretendemos que, com todos estes conteúdos, os nossos alunos enriqueçam toda a sua bagagem técnica, para que as aulas sejam de excelência e a sua abordagem teórica e prática seja verdadeira e sustentada. Tendo como principio que a prática e o treino de qualquer actividade é uma das formas mais objectivas de adquirir mecanismos de ensino e conteúdos didácticos, proporcionamos aos nossos formandos uma experiência prática com vivências técnicas efectivas e extremamente importantes para o seu processo de ensino/aprendizagem. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 5 1 Anatomia 1.1 Ossos e Músculos O professor de Hidroginástica, alémde saber dar uma aula, tem que ter conhecimentos a nível de anatomia e fisiologia. Deverá ter o conhecimento dos principais ossos e músculos que compõem o nosso corpo humano. Na figura 1 podemos ver os ossos de que são compostos o nosso corpo humano. Estes estão classificados segundo quatro tipos: ossos longos (rádio, fémur, tíbia, úmero, fíbula, e ulna); ossos curtos (ossos encontrados no punho e tornozelo); ossos planos (ossos que protegem o cérebro e escápula) e por fim ossos irregulares (vértebras). O esqueleto possui 206 ossos e está dividido em 2 partes: esqueleto axial e esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado pelos ossos encontrados à volta dos “eixos” ou linhas imaginárias do corpo e incluem o crânio, a coluna vertebral, o esterno e as costelas. O esqueleto apendicular refere-se aos ossos associados aos membros, que são os braços, ombros, pernas e do quadril. No nosso corpo existem mais de 600 músculos. Os músculos mais interessantes para o profissional de fitness são os músculos esqueléticos. Na figura que a seguir é apresentada estão esses músculos. Figura 1 - O Esqueleto Humano Figura 2 - Músculos do corpo Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 6 Este sistema é responsável para dar sustentação ao corpo e para poder ajudar os ossos a movimentarem o nosso corpo. Estes músculos são controlados conscientemente. No quadro 1, podemos ver os músculos, bem como a sua localização, a articulação que o faz mover e o movimento que pode ser realizado. NOME LOCALIZAÇÃO ARTICULAÇÃO MOVIMENTO Estenocleidomastóideo Anterior à nuca Intervertebral cervical Flexão e rotação da cabeça Peitorais Peito Ombro Externoclavicular Flexão e adução horizontal do ombro Trapézio superior(S), medial(M) e inferior(I) Pescoço e região dorsal Escápula, Esternoclavicular e coluna cervical Elevação da escápula(S); retracção(M) e depressão(I) da escápula Grande dorsal Região dorsal média e inferior Ombro Extensão e adução do braço e do ombro Deltóide anterior(A), medial(M) e posterior(P) Sobre o ombro Ombro Adução horizontal(A), abdução(M) e abdução horizontal(P) Bíceps braquial Anterior ao braço Cotovelo e Ombro Flexão do cotovelo e ombro Tríceps braquial Posterior ao braço Cotovelo e Ombro Extensão do cotovelo e ombro Flexores do punho Parte anterior do antebraço Punho Flexão do punho Extensores do punho Parte posterior do antebraço Punho Extensores do punho Erectores da coluna Ao longo da coluna Articulações intervertebrais Extensão do tronco Quadrado lombar Coluna lombar Coluna lombar Flexão lateral do tronco Recto abdominal Abdómen Coluna lombar Flexão do tronco Oblíquos interno e externo Abdómen Coluna lombar Flexão e rotação do tronco Tranverso do abdómen Baixo Abdómen Coluna lombar Compressão abdominal e anteversão pélvica Psoas-ilíaco Anterior à anca Anca Flexão da anca Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 7 1.2 Posições Anatómicas e Planos de Orientação Existem três planos onde o corpo humano se pode movimentar, são eles: � Eixo Sagital está no Plano Sagital – Divide o corpo em parte direita e esquerda. Os Movimentos de adução e abdução tomam lugar neste eixo num Plano Frontal. � Eixo Frontal está no Plano Frontal - Divide o corpo em parte anterior e posterior. Os movimentos de flexão e extensão tomam lugar neste eixo num plano sagital � Eixo Logitudinal está no Plano Transversal - Divide o corpo em parte superior e inferior. Os movimentos de rotação medial e lateral e adução horizontal e abdução horizontal, tomam lugar neste eixo num plano transverso. Grande glúteo Nádegas Anca Extensão da anca Abdutores Parte externa da coxa Anca Abdução da perna Adutores Perna interna da coxa Anca Adução da perna Quadríceps Região anterior da coxa Joelho e anca Extensão do joelho e flexão da anca Istquiotibiais Região posterior da coxa Joelho e anca Flexão do joelho e extensão da anca Gémeos Parte posterior da perna (“barriga” da perna) Tornozelo e joelho Flexão plantar Tibial Anterior Parte anterior da perna (tíbia) Tornozelo Dorsi-flexão Quadro 1 - Principais movimentos e articulações dos músculos do nosso corpo Plano Frontal (ant/post) Eixo Frontal (dir/esq) Plano Sagital (esq/dir.) Eixo Sagital (Frente/tras) Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 8 1.2.1 Possibilidades de Movimentos Articulares A terminologia dos movimentos utiliza como referência as articulações envolvidas. Definições dos movimentos articulares das articulações Sinoviais Flexão - Um movimento na direcção anterior, na direcção da cabeça, pelas articulações dos braços e quadril. A flexão do joelho e dos dedos dos pés referem-se ao movimento na direcção posterior. Extensão - O oposto da flexão; movimento na direcção posterior pelos braços ou quadril. Extensão dos joelhos ou dos dedos do pé referem-se ao movimento na direcção anterior. Extensão Anatómica - Quando o segmento corporal retorna à posição anatómica. Abdução - Movimento na direcção contrária à linha mediana do corpo Adução - Movimento na direcção da linha mediana do corpo. Plano Transversal (sup/inf)-mesa EixoLongitudinal ou vertical (cabeça/pés) Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 9 Flexão lateral - Movimento lateral da coluna (por exemplo, da esquerda para a direita). Rotação - Um movimento rotatório sobre o eixo longitudinal. Circundação - Um movimento que combina flexão, abdução, extensão e adução, em que o traçado da parte em movimento assemelha-se a um cone. Hiper-extensão - Uma extensão excessiva, ultrapassando a amplitude normal. Abdução horizontal - Movimento com os braços estendidos na altura dos ombros, em que os braços se movimentam posteriormente na direcção oposta à linha mediana do corpo. Supinação - Um movimento rotacional do antebraço em que a palma da mão é voltada para cima (anteriormente). Pronação - O oposto da Supinação; um movimento do antebraço onde a palma da mão é voltada para baixo (posteriormente). Deflexão (desvio) radial - Um movimento lateral do punho em direcção ao lado radial do antebraço. Deflexão (desvio) Cubital - O oposto à deflexão radial; um movimento lateral do punho em direcção ao lado cubital do antebraço. Flexão dorsal - Um movimento do tornozelo em que a superfície dorsal do pé (peito do pé) é trazida em direcção à cabeça. Flexão plantar - O oposto de flexão dorsal; um movimento do tornozelo em que a superfície plantar do pé (planta) é levada em direcção ao chão. Inversão - Um movimento em que o pé é voltado para dentro (supinado e aduzido). Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 10 Eversão - O oposto à inversão; um movimento em que o pé é voltado para fora (pronado e abduzido). Retroversão - Uma inclinação da pélvis para trás. Anteversão - Uma inclinação da pélvis para a frente. Rotação interna (medial) - A rotação de um segmento em direcção à linha mediana do corpo. Rotaçãoexterna (lateral) - A rotação de um segmento em direcção contrária à linha mediana do corpo. Protração - Um movimento para a frente do pescoço ou da cintura escapular. Retracção - Um movimento para trás do pescoço ou da cintura escapular. Elevação - Um movimento superior ou para cima da cintura escapular. Depressão - Um movimento inferior ou para baixo da cintura escapular. 1.3 Coordenação Intermuscular Dependendo da carga, direcção da resistência, posição do corpo e do movimento que se está a realizar os músculos participam como: � Agonistas – Principais músculos responsáveis pelo movimento – motorprimário. � Antagonistas – O seu potencial de acção é contrário ao desempenhado pelos agonistas. � Sinergistas – Auxiliam o motor primário durante o movimento. � Estabilizadores ou fixadores – suportam ou estabilizam o corpo enquanto os agonistas realizam a sua acção. � Neutralizadores – São músculos que anulam ou reduzem uma acção indesejada de outro músculo Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 11 1.4 Contracções Muscular Contracção Concêntrica: Uma acção é concêntrica quando a tensão muscular resulta num encurtamento muscular, isto é, existe uma aproximação dos ossos nos quais estão inseridos. A força exercida é superior á resistência. Contracção excêntrica: Uma acção é excêntrica quando existe o desenvolvimento de tensão muscular em que se promove um alongamento muscular, sendo que os ossos onde estão inseridos se afastam. A força exercida é menor que a resistência. Contracção isométrica: Uma acção é isométrica quando se verifica uma tensão muscular sem que no entanto ocorra mudança no comprimento muscular. A força exercida é igual á resistência. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 12 2 Componentes do Condicionamento Físico O Condicionamento Físico é definido no sentido amplo, como a habilidade que as partes integrantes do corpo possuem para funcionar e pode ser avaliado do nível de funcionamento atingido por essas partes. Um indivíduo com nível de condicionamento baixo provavelmente tem limitações físicas que afectam a capacidade do corpo para funcionar em níveis óptimos. O condicionamento físico é alcançado através do exercício regular. Ao desenvolver um programa de exercícios, ou dele participar, é essencial considerar todos os componentes necessários para um condicionamento físico óptimo. Existem cinco componentes do condicionamento físico, no entanto falaremos apenas em quatro, sendo elas: � Condicionamento/Resistência cardiorrespiratória: é capacidade de executar uma actividade durante um prolongado período de tempo, sem perder a eficiência na sua execução. Deve-se fazer um treino 3 a 5 vezes por semana, com duração no mínimo 20 minutos e máximo 60 minutos. A intensidade deste treino deve ser entre os 60% e 90% do VO2máx; � Força Muscular: é definida como a força máxima que pode ser exercida por um músculo, ou grupo muscular, contra uma resistência. Deve-se fazer um treino todos os dias, 2 a 5 séries de 2 a 10 repetições de esforço máximo, os intervalos longos que permitam a recuperação; � Resistência Muscular: é a capacidade que um músculo tem para se contrair repetidamente, ou para realizar uma contracção fixa ou estática, por determinado tempo. Deve-se fazer um treino de baixa intensidade 3 a 5 vezes por semana, 3 a 5 séries de 15 a 20 repetições com intervalo curtos entre séries. O músculo deve entrar em fadiga mas nunca fica exausto; � Flexibilidade: capacidade de se executarem movimentos com grande amplitude angular em torno de uma articulação, sozinho ou com o auxilio de uma força externa. Deve dar-se preferência ao trabalho estático em detrimento do dinâmico, devido a este aumentar a probabilidade da ocorrência de lesões). É importante para um professor de fitness compreender todos os componentes que afectam o nível de condicionamento individual e reunir condições para elaborar um programa que desenvolva esses componentes. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 13 3 Hidroginástica 3.1 Abordagem Histórica A Hidroginástica deriva da hidroterapia, que usa a água pelo factor activo no emprego terapêutico da mesma, e o estímulo de calor e frio que provoca nas suas três formas: sólida, líquida e gasosa, actuando no tratamento de doenças ou traumatismos, sendo empregue tanto interna como externamente no corpo a ser tratado. A imersão tem sido utilizada no tratamento e relaxamento há pelo menos dois mil anos. Na Europa, a terapia em estações de água vem sendo praticada, periodicamente, desde os tempos de Roma até hoje. Na Grécia, qualquer cidade possuía balneário público e os gregos chegaram a ter onze termas públicas, além de quase duas mil privadas. Foram os percursores da hidroginástica, e entre eles estavam Heródoto (446 a.C.), médico grego que escreveu um tratado sobre as águas quentes e sobre a saúde; Hipócrites (460 a 375 a.C.), que escreveu sobre quatro tipos de banho. Os romanos utilizavam a água com finalidade recreativa e curativa, e nas termas mais amplas, havia dependências bem aquecidas como: � SUDATORIUM – Local onde se procurava intensificar ainda mais a transpiração do corpo após jogos ou lutas, através dos banhos a vapor; � CALDARIUM – Era o local mais importante de toda a terma, e os frequentadores, depois de terem praticado uma actividade física, dirigiam-se para lá, limpavam o óleo que haviam passado anteriormente no corpo; � TEPIDARIUM – Estava localizada junto ao caldarium, possuía também fontes e piscinas, entretanto, as suas águas eram menos aquecidas. A função do tepidarium era receber os banhistas vindos das águas escaldantes e proporcionar- lhes, na água morna, uma transição de temperatura, antes de entrarem na água fria; � FRIGIDARIUM – Aqui chegava o romano com os poros bem dilatados, e entrava numa piscina de água fria. O contacto do corpo quente com a água fria provocava uma reacção circulatória sanguínea proporcionando uma vasoconstrição dos poros e um bem-estar físico vigoroso. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 14 Na primeira e segunda guerra mundial, os alemães e os ingleses, principalmente no hospital de Stockmandeville utilizaram-nas para socorrer os lesionados que, na água, tinham amenizadas as lesões, e para reintegrá-los no seu ambiente de vida. Logo após, passou-se a usar essa técnica com as pessoas da terceira idade que obtinham alívio em dores generalizadas pelo corpo. Daí, estabeleceram-se bases fisiológicas aceites, nascendo, então a hidroterapia como alternativa de uma recomendada pela medicina e que se alastrou pela Alemanha, Inglaterra, E.U.A, e foi ganhando o seu espaço pelo mundo. Como todos sabem o nosso primeiro ano de vida é um ano bastante aquoso, com principal referência para os primeiros nove meses que são vividos entre o líquido amniótico. A água sempre exerceu um forte atractivo no ser humano e está provado que, exercitar neste meio, é uma actividade física eficiente e segura para qualquer pessoa, inclusive para quem não sabe nadar. Na verdade, a hidro usada, a princípio, para a cura de lesões, nada mais é, na versão moderna, que a união da ginástica com técnicas de relaxamento. A hidroginástica consiste numa modalidade recente em termos deDesporto Lazer, tendo surgido no final da década de 80 com o objectivo de utilizar exercícios aquáticos na posição vertical. Com o passar do tempo a hidro criou identidade própria e evoluiu para um sistema de preparação física que pode ser praticado pelo público em geral. Figura 3 - Termas de Caracala Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 15 3.2 Definição de Hidroginástica Como diz o nome, hidroginástica é a ginástica na água, a qual se diferencia das outras actividades, realçando alguns benefícios, devido às propriedades que o meio oferece. Bettendorf usa o termo “ginástica na água” e define-a como sendo um treino complexo, eficaz e ao mesmo tempo leve para todo o corpo, que, segundo o tipo e a intensidade do movimento, pode ser introduzido no campo da reabilitação e da prevenção, na terapia do movimento ou no campo da obtenção e manutenção da boa forma física. Adami, utiliza o termo “Aquafitness” e relata que é uma forma de exercício muito agradável, faz uso criativo da resistência natural e impulsão da água para promover um treino de baixo impacto, que é simultaneamente divertido e eficaz. É apropriado para todas as idades e para todos os níveis de capacidade motora. Os exercícios de aquafitness pretendem melhorar todos os componentes do fitness: resistência muscular e força, composição corporal, capacidade aeróbia, flexibilidade ou mobilidade articular, bem como reforçar a coordenação. Aquaeróbica é um sistema de exercícios com música na água; são exercícios promotores de saúde, naturais e agradáveis. A maioria deles é realizada na posição vertical, com água até à altura do tórax. Os movimentos são tão funcionais quanto possível e planeados para abranger todo o corpo, embora num contexto terapêutico haja maior ênfase na parte lesionada. São considerados e incorporados os diversos componentes relacionados com a capacidade física. A hidroginástica constitui um meio muito importante para a maioria das pessoas que desejam estar em forma ao realizar esta actividade como meio preventivo-terapêutico. A variedade e qualidade dos exercícios que se realizam na piscina, têm um valor incalculável para aquelas pessoas que necessitam de uma actividade menos agressiva. Devido ao princípio de Arquimedes, o nosso corpo perde, na água, aproximadamente 90% do peso corporal, esta libertação da força da gravidade faz com que diminua consideravelmente a pressão sobre: articulações em geral, coluna vertebral, etc. Entre os efeitos terapêuticos que oferece a temperatura da água da piscina, a pessoa que está imersa experimenta uma sensação de alívio nas articulações afectadas, permitindo um melhor relaxamento. Quem trabalha com esta modalidade tem que ter noção das propriedades físicas da água para tirar o maior proveito dos programas que aplica. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 16 3.3 Propriedades Físicas da Água Para compreender as possibilidades de trabalho no meio aquático é fundamental conhecer as propriedades físicas da água, particularmente na sua relação com os conceitos da matéria, (densidade, pressão hidrostática, flutuação, viscosidade, resistência, temperatura). 3.3.1. Densidade A densidade de uma substância é a relação entre a sua massa e o seu volume. Exemplos de densidade: Água pura: 1000Kg/m3 Água do mar: 1024Kg/m3 Corpo humano: 950Kg/m3 Auxilia no posicionamento adequado quando da execução dos exercícios e facilita a determinação da carga a ser utilizada. Figura 2. Percentagens médias do peso corporal em relação às diferenças de profundidade. As mulheres flutuam mais que os homens, em virtude do facto, dos homens terem uma maior densidade óssea, menor percentagem de gordura e maior percentagem de massa magra. Quando o corpo está submerso com água até à Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 17 cintura, pesa cerca de 50% a 80% do seu peso, quando está pelas axilas pesa cerca de 30%, ao nível do pescoço pesa apenas 10% do seu peso corporal. 3.3.2. Pressão hidrostática A pressão hidrostática é exercida igualmente em todas as partes do corpo. A contribuição do exercício aquático será de aumento da circulação periférica, aumento da ventilação pulmonar e fortalecimento da musculatura. De acordo com a profundidade a pressão hidrostática passa a actuar em maior grau, auxiliando até no retorno venoso do sangue. Como a pressão aumenta de acordo com a profundidade, o edema será reduzido mais facilmente se os exercícios forem feitos bem abaixo da superfície da água. A água causa uma resistência natural de sobrecarga. A pressão hidrostática auxilia também na realização respiratória e no aumento do conhecimento táctil do corpo. Há autores que afirmam que a circulação sanguínea é estimulada, pois a pressão da água transfere-se, entre outras coisas, às veias e vasos linfáticos. Isso promove um múltiplo refluxo de sangue ao coração, o corpo é irrigado de forma óptima e os resíduos são eliminados de uma forma mais eficaz. A respiração intensifica-se, a expiração fortalece, beneficiada pela pressão externa sobre o tórax, e a inspiração torna-se mais profunda devido à resistência entre a caixa torácica. 3.3.3. Flutuação Baseia-se no princípio de Arquimedes: a perda de peso de um corpo submerso é igual ao peso do fluido deslocado. Se o peso do corpo foi maior que o peso da água deslocada a pessoa afunda. Se o peso do corpo for menor que o peso da água a pessoa flutua. Quando uma pessoa está de pé dentro de água, sofre a acção de duas forças opostas: da gravidade e da flutuação. Oferece benefícios para quem se exercita na água. Diminui os efeitos da gravidade e reduz o peso suportado pelo corpo, ou a compressão nas articulações. 3.3.4. Viscosidade Viscosidade é o tipo de atrito (fricção) que ocorre entre as moléculas de um líquido e que causa resistência ao fluxo do líquido. Esta fricção exprime a viscosidade ou a facilidade com a qual o líquido flui, e por essa razão apenas é observável quando o líquido está em movimento. A viscosidade actua como resistência ao movimento, uma vez que as moléculas de um líquido tendem a aderir à superfície de um corpo Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 18 movendo-se através dele. Se a temperatura do líquido for elevada, a sua viscosidade é reduzida porque as moléculas estão mais separadas. A viscosidade do sangue é maior do que a da água e depende do seu conteúdo. Este é um factor que influencia a pressão arterial. O ar é menos viscoso que a água, portanto, há mais resistência ao movimento na piscina do que em terra. A viscosidade da água quente na piscina é menor do que na água fria do mar. 3.3.5. Resistência Resistência é a sobrecarga natural exercida pela água, dependendo da velocidade e amplitude do movimento: quanto mais veloz e maior a amplitude do movimento, maior a resistência. Quanto maior for a superfície de um corpo deslocado na água, maior será a resistência que a água irá oferecer. Quanto maior for a temperatura da água, menor é a resistência. O posicionamento do corpo, o vestuário ou o uso de materiais, faz com que aumente ou diminua o arrasto hidrodinâmico devido ao aumento da superfície frontal o que implica um aumento da resistência. Para aumentarmos a intensidade do exercício, deve-se aumentar a velocidade de execução do movimento. 3.3.6. Temperatura Quanto maior a temperatura, maior a frequência cardíaca e menor a tensão arterial. A temperatura maisindicada para as aulas de hidro situa-se entre os 27º e os 31º. Alguns autores defendem que a captação de oxigénio durante o exercício na água pode ser aumentada na água fria por causa do efeito do tremor. A magnitude do efeito é uma função do grau de adiposidade dos pacientes, da intensidade e duração do exercício, e da temperatura da água. Em repouso o tremor ocorre quando a temperatura da água está entre aproximadamente, 28ºC e 34ºC, dependendo da duração da imersão e do grau de adiposidade do corpo. A água fria provoca vasoconstrição na periferia para diminuir a perda de calor, concentrando mais sangue na região central, aumentando assim o retorno venoso e o débito cardíaco. Há diminuição das funções metabólicas e uma diminuição dos níveis de flexibilidade. Baum, considera que a pele, por conter uma extensa rede vascular, é o principal órgão do corpo relacionado à termorregulação. Portanto, pessoas mais idosas têm uma tendência para sentir mais frio, devido à falta de isolamento e redução da rede vascular. É por isso que as pessoas idosas são mais sensíveis à água fria das Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 19 piscinas. Elas não sentem apenas frio, mas também perdem calor com maior rapidez. A água numa piscina está a uma temperatura consideravelmente abaixo da temperatura do corpo, e a estrutura de uma sessão de exercícios deve reflectir a necessidade de actividades que gerem calor por meio de momentos breves e intensos de exercício ao longo de toda a sessão. O aquecimento deve ser prolongado e o relaxamento abreviado. A turbulência acelera o processo de perda de calor ao aumentar o volume de água que entra em contacto com o corpo (no qual, à temperatura do sangue, é muito mais quente do que a água numa piscina normal). Esse calor é perdido para a água principalmente pelo processo de condução. Correntes de convecção podem-se formar em águas paradas, o que ajudam na dispersão do calor, mas a água turbulenta acelera o processo. 3.4. Leis do Movimento de Newton 3.4.1. Primeira Lei de Newton (Inércia) "Qualquer corpo permanece no estado de repouso ou de movimento rectilíneo uniforme se a resultante das forças que actuam sobre esse corpo for nula". Assim, se o corpo estiver em repouso continuará em repouso; se estiver em movimento, continuará o seu movimento em linha recta e com velocidade constante. Veja alguns exemplos: Ao puxar bruscamente, a cartolina acelera Quando o cavalo para subitamente, a moeda cai dentro do copo. o cavaleiro é projectado. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 20 3.4.2. Segunda Lei de Newton (Aceleração) A aceleração adquirida por um corpo é directamente proporcional à intensidade da resultante das forças que actuam sobre o corpo, tem direcção e sentido dessa força resultante e é inversamente proporcional à sua massa. A segunda lei de Newton também conhecida por Lei Fundamental da Dinâmica pode ser expressa matematicamente por: Veja as seguintes ilustrações: 3.4.3. Terceira Lei de Newton (acção-reacção) A 3ª Lei de Newton (acção-reacção) pode enunciar-se do seguinte modo: Se um corpo A produz sobre um corpo B uma determinada força, então o corpo B também produzirá sobre o corpo A uma força com a mesma intensidade, mas de direcção contrária. Ex: 1. A força da mão acelera a caixa; 1. A força da mão acelera a caixa; 2. Duas vezes a força produz uma aceleração duas vezes maior; 2. A mesma força sobre uma massa duas vezes maior, causa metade da aceleração; 3. Duas vezes a força sobre uma massa duas vezes maior, produz a mesma aceleração original. 3. Sobre uma massa três vezes maior, causa um terço da aceleração original. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 21 3.5 As vantagens da Hidroginástica Há algum tempo que a hidroginástica vem conquistando um número cada vez maior de adeptos, pela eficiência e como resposta às diversas situações e diferenças das pessoas que a procuram. Esta actividade apresenta-se como uma alternativa de grande valia, tendo resultados expressivos independentes do grupo de destino (idosos, obesos, hipertensos, grávidas, etc.). As suas inúmeras vantagens fazem com que o corpo saia sempre a ganhar. Sova, afirma que a prática regular de hidroginástica pode: � Reduzir dores causadas por artrite; � Reduzir dores nas costas; � Reduzir dores crónicas; � Melhorar a regularidade das funções do organismo; � Aumentar a capacidade pulmonar; � Melhorar a flexibilidade; � Aumentar a perspectiva de vida; � Regular os níveis de açúcar no sangue; � Melhorar as funções cardíacas; � Controlar a pressão sanguínea; � Regular o colesterol; � Manter bons padrões de sono; � Aumentar a energia; � Manter uma boa composição corporal; � Manter a densidade óssea; � Melhorar a força e o tónus muscular; � Melhorar algumas funções mentais; � Reduzir a raiva, a ansiedade e a impulsividade; � Melhorar a qualidade de vida e até melhora o interesse e a satisfação sexuais. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 22 Adami, faz abordagem aos benefícios do aquafitness: � Proporciona exercícios de baixo impacto e que não pressionam nem as articulações que suportam o peso do corpo, nem as costas; � A resistência da água assegura que o praticante não trabalhe para além das suas capacidades; � A frequência cardíaca durante os exercícios na água é mais baixa do que quando se treina com uma intensidade similar fora desta; � Aumenta, ou pelo menos mantém, a densidade óssea; � Trabalha músculos que raramente são usados fora da água e que, consequentemente, são flácidos; � Força o praticante a manter a estabilidade abdominal durante todos os movimentos na água; � A pressão hidrostática melhora a circulação sanguínea e ajuda a diminuir a retenção de líquidos; � Não há dores musculares no dia seguinte aos exercícios; � O exercício na água é saudável e está na moda; � O praticante está “escondido” pela água, o que pode atrair aqueles a quem falta autoconfiança. 3.6 Características da Piscina Em primeiro lugar devemo-nos preocupar com as condições existentes a nível material e espaço e também com as condições de higiene. É muito importante que os nossos utentes se sintam seguros ao entrar num espaço que lhes trará benefícios a nível físico e psicológico, mas o aspecto material, ao nível da segurança, acessos e sinalização, é muito significativo. No que diz respeito ao piso da piscina (tanque) este deve ser aderente, para proporcionar ao praticante maior segurança e estabilidade na execução dos exercícios. A profundidade da água deverá localizar-se na linha mamilar. A temperatura do ar deverá estar 2ºC acima da temperatura da água da piscina (28ºC a 30ºC). No ambiente deverá existir equipamento de renovação e de aquecimento do ar, adequado à área da piscina. A humidade relativa deve estar entre 55% e 75%. A iluminação deve ser de preferência natural e a acústica ajustada ao espaço. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 23 3.7 Estrutura da Aula de Hidroginástica e Objectivos de cada parte da Aula O conteúdo da aula visa atingir as diferentes capacidades físicas do aluno, desenvolvendo o bem-estar físico,psico e fisiológico. A dosagem dos exercícios dependerá da turma, dos objectivos a serem atingidos, seguindo-se um processo evolutivo de acordo com o nível, procurando sempre melhorar o desempenho físico e o desenvolvimento dos aspectos orgânicos e neuro-musculares. O esquema seguinte apresenta as diversas fases que constituem uma aula de Hidroginástica e a duração aproximada de cada uma, para uma duração total a rondar os 55 minutos. Plano da Aula (Duração) Minutos 1. Aquecimento Térmico 3-5 2. Condicionamento Cardio-respiratório 20-30 3. Condicionamento Muscular 5-15 4. Alongamentos Finais 5-10 3.7.1.Aquecimento Térmico: O aquecimento térmico tem como objectivos fundamentais: Aumentar o metabolismo e, portanto, a temperatura do corpo adaptando-o a um esforço maior; Aumentar o fluxo da corrente sanguínea nos músculos; Facilitar a lubrificação das articulações; Preparar o aluno psicologicamente para executar um trabalho mais forte nas próximas fases; Manter os alunos sob seu controle, em movimentos através de corridas, saltitos, exercícios combinados, braços e pernas. Existem 3 tipos de aquecimento; - Aquecimento músculo-esquelético – movimentos suaves, realizados de forma controlada, de pequena amplitude que irá aumentando gradualmente. Nesta fase Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 24 produz-se o aumento do fluxo sanguíneo para os músculos e liberta-se o liquido sinuvial das articulações. - Alongamentos – a principal função deste tipo de trabalho é de reduzir o aparecimento de lesões durante as sessões mais intensas. Durante esta fase é normal a temperatura do corpo descer, por isso deve-se manter uma parte do corpo em movimento, ou alternar movimentos de alongamento com exercícios aeróbios. - Aquecimento cardio-respiratório – faz uso de exercícios de maior amplitude e intensidade e tem como objectivo aumentar gradualmente o mecanismo cardio- respiratório e vascular, preparando eficazmente o corpo para a actividade seguinte. 3.7.2. Condicionamento Cardio-respiratório: Os objectivos fundamentais do condicionamento cardio-respiratório são: Aprender habilidades motoras específicas; Desenvolver o sistema cardio-respiratório; Diminuir a percentagem de massa gorda. 3.8 Programas Aquáticos Caminhar na água - Esta actividade resume-se ao caminhar na água vigorosamente com a mesma à altura da cintura ou do peito (rimo elevado). Deve-se variar o tipo de passada para trabalhar diferentes grupos musculares. O pé deve assentar totalmente no chão. O caminhar na água permite, à mesma velocidade, ter mais benefícios do que caminhar em terra. Ao nível dos benefícios, esta actividade permite melhorar a resistência cardio- respiratórias, a resistência muscular, a flexibilidade e a melhoria da composição corporal. Não deve inclinar-se para a frente nem caminhar sempre com a mesma passada. Deve manter uma boa postura, manter a cabeça neutra, com o olhar dirigido para a frente, os ombros deverão manter-se relaxados e para trás, o peito deve estar elevado e os abdominais contraídos. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 25 Deve-se optar por efectuar deslocamentos em várias direcções. O caminhar para a frente trabalha os flexores da anca, andar para trás trabalha os glúteos e os extensores da anca, caminhar de lado trabalha os adutores e abdutores bem como os isquiotibiais e quadricipedes. O trabalho de braços e tronco também são muito importantes, peitoral, trapézio e os rombóides. Os triceps também terão de ser trabalhados para compensar os bíceps. Jogging em água pouco profunda - Programa idêntico ao caminhar na água mas com pessoa saltados. Deve-se utilizar também vários tipos de passadas em várias direcções e os membros superiores. A água deverá estar entre o apêndice xifóide e os ombros. Os cintos flutuadores podem ser utilizados neste programa. Num estudo realizado verificou-se que um indivíduo que corra 500m na água corresponde a correr 1800m em terra. Os principais benefícios são a nível cardio- respiratório, ao nível da resistência muscular, flexibilidade e melhoria da composição corporal. Programa Aeróbio na água - Neste tipo de programa podemos incluir uma vasta gama de movimentos. Podemos aplicar repetições extensas de pontapés, diferentes tipos de corrida, elevações de joelhos, coreografia, etc. A água deve encontrar-se entre o apêndice xifóide e os ombros. O trabalho na água quando feito com boa técnica é mais seguro do que o trabalho em terra, devido ao menor impacto encontrado na água. A água oferece também maior resistência e permite uma maior tonificação muscular. Ao nível dos benefícios podemos notar uma melhoria ao nível cardio-respiratório, perda de peso, melhoria da flexibilidade (grandes amplitudes articulares), a composição corporal torna-se mais magra. Evitar os movimentos violentos, saltos exagerados, rotações sem controle, etc. Programa de tonificação na água - Este programa é mais utilizado para melhorar a resistência muscular. Um grupo muscular é exercitado entre 15 a 60 repetições, com ou sem materiais. A sessão poderá ter a duração entre 20 a 40 min. A intensidade é determinada pela resistência utilizada e a velocidade de execução dos movimentos. A tonificação na água é mais efectiva do que em terra. Os grandes benefícios deste trabalho são ao nível da resistência e da massa muscular, o aumento da massa muscular tem um efeito directo sobre a melhoria da composição corporal. Quando se utiliza movimentos articulares completos também obtemos melhorias ao Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 26 nível da flexibilidade. Os movimentos devem ser controlados e executados com a técnica correcta, o professor deve estar muito atento à sua turma. Treino da flexibilidade - Os músculos mais utilizados no quotidiano precisam de uma atenção especial. Deve-se alongar um grupo muscular durante 30 a 60´´, de seguida alongar o grupo muscular oposto. A água deverá estar entre o apêndice xifóide e os ombros. Este trabalho na água permite que os graus de amplitude sejam mais facilitados. Nunca devemos alongar um grupo muscular frio. Programa de potência aeróbia - Trabalho que combina treino aeróbio, treino de força e tonificação muscular. Tem o formato aeróbio, utilizam-se exercícios que fortalecem os músculos contra a resistência da água enquanto se aumenta o VO2 máx. Todos os materiais são utilizados neste tipo de trabalho. Os principiantes devem ser bem orientados em água rasa e os alunos avançados podem trabalhar em água profunda. Obtemos melhorias ao nível da resistência, da força muscular e uma melhoria da resistência muscular. Ter muita atenção à técnica de execução. Step aeróbio - O step caracteriza-se pela utilização de uma plataforma elevada, que se encontra no fundo da piscina, para onde se sobe e desce alternadamente, com exercícios soltos ou uma coreografia. A altura do step deve ser tal, que permita que, ao subir, o aluno não faça uma flexão do MI não superior a 90º. A água deve estar pela cintura no momento em que o aluno se encontra em cima do step e pelas axilas quando está em baixo. Treino intervalado - A aula é composta por vários ciclos que alternam exercícios de alta e baixa intensidade. Os ciclosapresentados variam de acordo com o nível dos alunos. Para alunos do nível avançado, a intensidade pode ser alterada para treino anaeróbio durante os ciclos de curta duração. Este formato de aula é indicado para alunos bem treinados, bem como para treinos desportivos específicos, pois possui condições semelhantes a muitas actividades atléticas. Este tipo de exercício utiliza a via metabólica anaeróbia, sendo o combustível principal, o glicogénio muscular. A baixa intensidade situa-se entre 60-75% de FC a alta intensidade situa-se entre 75-80% de FC. 1´intenso x 2´de recuperação: 2´intenso x 2´de recuperação: 2´intenso x 1´de recuperação; 3´intenso x 1´de recuperação. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 27 Exercícios em água profunda - Tipo de programa de exercícios aquáticos realizados numa zona em que o praticante fica coberto totalmente pela água. Nas aulas de deep water o peso corporal é quase nulo. Há 3 categorias: corrida, exercícios livres e coreografia. São utilizados materiais de flutuação e resistência. Este tipo de programa traz benefícios ao nível da resistência, da composição corporal, uma melhoria da resistência muscular e flexibilidade. Estes programas são mais utilizados com alunos do nível avançado, também funcionam bem para a recuperação de lesões, bem como para pessoas com excesso de peso para evitar o impacto. É necessário um bom alinhamento corporal e uma constante contracção abdominal. Treino em circuito - As etapas de treino muscular e aeróbio são combinados alternadamente. Em geral, um segmento cardio-respiratório, de 3 a 5 min, seguido por uma estação de treino de força, de 1 a 2 min, funciona bem, no ambiente aquático. Duas metodologias podem ser utilizadas: o método de auto-orientação e o circuito guiado pelo instrutor. Esse tipo de treino é muito bem aceite por alunos do sexo masculino, atletas e por alunos com muita motivação. Podemos utilizar uma variedade muito grande de materiais. É um trabalho realizado na parte aeróbia da aula, cabe ao instrutor determinar o tempo de exercitação em cada parte do circuito. Este tipo de programa traz benefícios ao nível da resistência, da composição corporal, uma melhoria da resistência muscular e flexibilidade, assim como, coordenação, potência, agilidade e equilíbrio. Deve-se incutir um ritmo elevado durante toda a aula. Treino pliométrico - Este tipo de programa inclui uma série de saltos e ressaltos. É considerado um programa de treino anaeróbio. Pode ser incorporado na parte aeróbia. Os alunos começam com 12 repetições de cada salto, progredindo até aos 20 por sessão, uma média de 100 saltos para principiantes e cerca de 300 para mais avançados. Deve-se aplicar máxima força em cada movimento e pode-se descansar entre 1 a 2 ´ entre exercícios. Pode-se utilizar materiais. Programa Coreografia - Os exercícios são encadeados e dentro do ritmo da música. As transições são programadas para que não haja quebra. Hidrosport - Melhorar ou manter a performance através do treino aquático para reduzir o volume de treino em terra e prevenir o aparecimento da fadiga e de lesões. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 28 Programa recreativo - Centrada na estrutura básica desta aula tem uma forte componente social. Pode-se aproveitar um evento ou uma data festiva ou simplesmente fazê-la uma vez por mês. 3.9 Tipos de Aulas Água rasa - Water walking ou water jogging – caminhar, correr, trote, com ou sem trabalho de braços, com ou sem materiais. - Trabalho localizado – Estático, (no lugar ou próximo). Exercícios de ginástica aeróbia, step, localizada, etc. - Exercícios em grupos – pares, trios, grupos, colunas, círculos. Com ou sem utilização de materiais (esparguetes, bolas, halteres, balões, etc). - Treino intervalado – 1´intenso – 2´lento; 1:3; 2:4; 3:1; 4:2. - Treino em circuito, com estações – Com ou sem utilização de materiais, intensidade constante entre as estações (4 a 8) sem descanso entre elas, pode-se repetir o circuito 3 a 4 vezes, com uma pausa de 1´. As estações podem ser programadas com tempo fixo (cardiovascular) ou com repetições fixas (resistência muscular). - Na parede trabalho localizado; - Exercícios de flexibilidade, individual ou com pares; - Treino localizado para desportos específicos; - Step; - Treino terapêutico; - Técnicas de relaxamento; - Formas jogadas. Ex: Estafetas, velocidade, o rei manda, etc. - Séries – resistência muscular (12-16rpt, 15 a 30´´de pausa) - Força muscular (8-12rpt, 30´´ a 1´de pausa). Água profunda - Água jogging, correr e caminhar com ou sem trabalho de membros superiores; - Trabalho localizado com utilização de materiais; - Treino intervalado, 1´intenso e 2´lento; - Treino em circuito com estações e uso de materiais; - Treino terapêutico. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 29 3.10 Controlo da Intensidade No decurso da aula é importante controlar a intensidade do exercício de forma a este se manter dentro da zona alvo. A zona alvo é a nível óptimo de intensidade do exercício, para promover o desenvolvimento do sistema cardio-respiratório. Caso se trabalhe abaixo do limite inferior da zona alvo, a carga será insuficiente e, portanto, não produzirá o efeito desejado. Se a intensidade do exercício se encontra acima do limite superior da zona alvo, o aluno estará sujeito a uma carga excessiva, o que poderá aumentar a probabilidade de lesões e também não terá os efeitos desejados a nível fisiológico. Teste da fala – O teste da fala é um método subjectivo de controlo da intensidade. Se o aluno fala fluidamente e tem a respiração ritmada, então poderá estar abaixo ou dentro da zona alvo. Se o aluno não consegue falar e a ventilação está substancialmente elevada, então estará acima da zona alvo. Tabela de Borg – Dosear a intensidade através do índice de percepção do esforço, o aluno aprende a ouvir o próprio corpo e passa a controlar o esforço baseado na tabela e na indicação do instrutor. Normalmente deverá trabalhar-se no nível moderado a forte (12 a 16). Apesar da subjectividade, estudos realizados têm demonstrado que a percepção do esforço e a frequência cardíaca estão relacionados. . . 6 7 Muito, muito fraco 8 9 Muito fraco 10 11 leve 12 13 Moderado 14 15 Forte 16 17 Muito forte 18 19 Muito, muito forte 20 Zona De Intervenção Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 30 Frequência Cardíaca – Frequência cardíaca é o número de vezes que o coração bate por minuto. Até aos 35 anos o coração de uma pessoa sedentária costuma bater 72 a 80 por minuto quando em repouso. A partir dessa idade, a tendência é que a frequência cardíaca aumente chegando a 84 batimentos por minuto. Numa pessoa que pratica desporto regularmente sobretudo actividades físicas aeróbias, o coração é maior, aumenta e passa a bombear sangue com mais facilidade. Assim os batimentos tornam-se mais lentos e a frequência cardíaca mais baixa. Quem pratica uma actividade física pelo menos 3 vezes por semana geralmente apresenta de 64 a 68 batimentos por minuto. A Frequência cardíaca aumenta, porque os músculos pedem mais oxigénio e o coração precisa trabalhar bem mais para manter esse "combustível" extra. Mas tudo tem limite, até os desportistas profissionais não podem exigir demais do coração, pois correm riscos de fazer estemúsculo tão importante entrarem em processo de fibrilação (contracção exagerada). Isso, por sua vez, pode até levar a um ataque cardíaco. Então deverá se respeitar os seus limites. A medição da FC pode ser feita por telemetria ou por palpação, embora se utilize mais este último método, uma vez que o primeiro é mais dispendioso. No método da palpação, a medição da FC pode fazer-se na artéria carótida por um período de 10´´. De seguida multiplica-se o valor obtido por 6 e determina-se assim a FC do treino. Para determinar a Frequência Cardíaca Máxima (FCM) existem mais de 70 formas para o fazer, no entanto, estas não são fidedignas. Assim para determinar a FCM deverá ser feito um teste específico de esforço máximo. E Assim consegue-se determinar de forma exacta a FCM. Limiar de Treino (76% a 89% e 91% a 100%) Sub-Limiar Zona + Lipolitica Resistência Potência Supra Limiar Zona Glicolitica Potência 76 80 85 89 90 91 100 (% da FC) Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 31 Como exemplo: Um individuo que tenha FCM=200bpm Se quisermos que ele queime o máximo de gorduras terá que trabalhar entre 85 a 90% da FCM ou seja, o indivíduo terá que ter uma FC (170 e 180 bpm). O treino intervalado é uma boa forma de atingir os objectivos. (1´15” – 1´30”) com uma recuperação de (30” - 45”) Fórmula de Karvonem A forma de Karvonem tem em conta as características individuais de cada sujeito, a idade e a FC de repouso, para determinar a zona alvo. 1º Determinar a FCmáx. e a FCrepouso A melhor forma para determinar a FCrep. é medir a FC logo ao acordar, durante 3 dias consecutivos e determinar a média. A frequência cardíaca máxima é 220-idade. 2ºdeterminar os limites da zona alvo através da expressão: FC treino = FC repouso + Intensidade x (FC máxima – FC repouso) Ou escrita de outra forma: FC Treino = % FC a aplicar no treino (FC máxima – FC repouso) + FC respouso. 3.11 Métodos Coreográficos AEA Termos e definições comuns de Coreografia Embora o termo “coreografia” possa sugerir uma variedade de imagens, o seu significado real é simplesmente um conjunto, ou uma série escrita, de movimentos. A coreografia, quando bem planeada, torna as aulas aquáticas bastante interessantes; ao mesmo tempo, possibilita um trabalho equilibrado seguro e eficaz. Componente ou movimento – É a menor parte ou segmento da coreografia. Como exemplo poderemos ter, uma elevação do joelho, um chute, ou um movimento de polichinelo que é considerado um “movimento” ou uma componente básica da coreografia. Padrão ou combinação: é a combinação de dois ou mais movimentos para formar uma sequência de repetição da coreografia. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 32 Estilos ou tipos de coreografia: são maneiras diferentes de interligar os movimentos ou padrões numa sequência durante um determinado número de repetições, ou ambos. Batidas: São pulsações regulares com ritmo estável. As batidas podem ser provenientes de músicas, criadas por um metrónomo ou outro aparelho, ou marcadas pelo instrutor. Ritmo: Diz respeito à velocidade em que as batidas ocorrem. Tempo de água: a velocidade apropriada ao ambiente aquático, que tem em conta o tempo de reacção mais lento característico deste ambiente e os movimentos completos da coreografia aquática. Na água, o ritmo recomendado é de 125 a 150 batidas por minuto. Transição: ocorre no momento em que se passa de um movimento para outro. Passar de um movimento de elevação do joelho para a caminhada, é uma transição. Também ocorre, quando se muda de um padrão para outro, as transições de direcção ocorrem quando se altera a linha de movimentação, dentro de uma combinação ou de um padrão. Pular quatro vezes à direita, virar, e pular quatro vezes para a esquerda é um exemplo de transição de direcção. Alinhamento: postura adequada. O instrutor deve criar a coreografia, de forma a estimular o melhorar o alinhamento adequado dos alunos Habilidades motoras de liderança: Quando estamos a preparar uma coreografia temos que ter muita atenção às transições entre exercícios, para que estes sejam fluidos ao longo da aula. Existem exercícios que é preciso termos atenção à perna de liderança e à transição dos mesmos, tal facto existem vários tipos de liderança: simples, em que os alunos apesar de tocarem alternadamente com os pés no solo podem trocar a liderança sem perder o controlo do exercício, ex. passo em V; alternada, são exercícios em que as pernas nunca se cruzam, como o próprio nome diz, os apoios estão alternados, ex. esqui; por fim temos a neutra, ou seja, nenhuma perna lidera, podendo prosseguir o movimento seguinte com qualquer dos apoios, ex. polichinelo. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 33 Estilos ou Tipos de Coreografia Da mesma forma que nos exercícios de solo, os programas de Fitness aquático utilizam uma variedade de estilos ou tipos de coreografia, com o objectivo de criar um trabalho seguro, eficaz, e divertido. Embora muitos instrutores tenham a tendência de usar somente um ou dois estilos de coreografia, é interessante experimentar novos estilos; a aula torna-se mais variada e divertida e o instrutor aprimora suas habilidades de liderança. Progressão Linear ou Estilo Livre A progressão linear é um estilo de coreografia em que uma série de movimentos é executada sem um padrão definido (daí o termo “estilo livre”, o instrutor vai passando normalmente de um movimento para outro, até que a aula termine, possivelmente, sem repetir nenhum dos movimentos. Mesmo sem planear um conjunto definido de movimentos, é fundamental que o instrutor compreenda como fazer as transições de forma segura e eficaz. A B C D E B A C Exemplo: 8 cavalos marinhos à direita , 8 cavalos marinhos à esquerda 16 passos com elevação dos joelhos 16 giros de perna. 16 movimentos de esqui 16 polichinelos 16 pêndulos Etc. Pirâmide Na coreografia de pirâmide, o número de repetições para cada movimento de uma combinação é gradualmente diminuído e/ou aumentado. O instrutor pode repetir 16 vezes cada quatro, movimentos diferentes e, então, repetir os mesmos movimentos 8 vezes, 4 vezes, e 2 vezes. É possível, também, voltar ao padrão original, fazendo as repetições em séries de 4vezes, 8 vezes, e finalmente 16 vezes. Esse estilo funciona bem por ensinar aos poucos, urna combinação mais complexa, que seria confusa, se mostrada inicialmente em seu formato real. Ao construir uma ampla base de repetições para cada movimento, os alunos aprendem”o Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 34 padrão com a técnica correcta. Então, com a diminuição gradual do número de repetições, enquanto se mantém a sequência, o trabalho torna-se mais interessante — tanto fisicamente, quanto mentalmente. Exemplo: 16 chutos para frente 16 elevações laterais da perna 16 chutos para trás 8 saltos no lugar 8 saltos com agachamento próximo.,. 8 chutos para frente 8 elevações laterais da perna 8 chutos para trás 4 saltos no lugar 4 saltos com agachamento próximo... 4 chutos para frente 4 elevações lateraisda perna 4 chutos para trás 2 saltos no lugar 2 saltos com agachamento finalmente... 2 chutos para frente 2 elevações laterais da perna 2 chutos para trás 1 salto no lugar 1 salto com agachamento AAAAAAAA + BBBBBBBB + CCCCCCCCC + DDDDDDDD AAAA + BBBB + CCCC + DDDD AA + BB + CC + DD A + B + C + D Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 35 Pirâmide Pares Vem na sequência da anteriormente falada. Constrói-se a coreografia através de duas pirâmides separadas e treinadas separadamente. Inclusão ou Adição A coreografia de inclusão é uma forma de construir padrões gradualmente, ao mesmo tempo em que há o reforço da aprendizagem, através da repetição das sequências aprendidas. Às vezes é chamado de método de “memória” ou ‘de construção”. Depois que um movimento é estabelecido (‘A”), um outro movimento é ensinado (‘B”) e então acrescentado ao primeiro ( A”-B”). Mais movimentos vão sendo acrescentados, um por vez, para desenvolver uma combinação simples ou até mesmo complexa. Este estilo permite que os alunos “se exercitem enquanto aprendem não sendo necessário interromper o fluxo da aula, para ensinar uma nova combinação. AAAA AAAA ABBB ABBB ABCC ABCC ABCD ABCD Exemplo: ensine e pratique “A”... 8 passos de corrida para frente com elevação dos calcanhares 8 passos de corrida para trás com elevação dos joelhos ensine e pratique “B”... movimentos de esqui 3 vzs ABAB + CDCD ABCD Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 36 junte “A” e “B” e pratique... 8 passos de corrida para frente com elevação dos calcanhares 8 passos de corrida para trás com elevação dos joelhos 8 séries de esqui 3 vzs cada ensine e pratique “C”... chute tipo jazz (ou chute em ponta) junte “A”, “B” e “C” e pratique... 8 passos de corrida para frente com elevação dos calcanhares 8 passos de corrida para trás com elevação dos joelhos 8 séries de esqui 3 vzs cada 16 chutes tipo jazz (ou chute em ponta) Pura Repetição ou Padronizada Nesse tipo de coreografia, ensina-se um padrão completo de movimentos, logo de início. Os alunos aprendem através da repetição constante da sequência total de movimentos. O número suficiente de repetições para aprender o padrão desejado vai depender da complexidade da coreografia. Esse estilo funciona bem com combinações de exercícios não muito complexas e/ ou com alunos de níveis mais avançados, Exemplo: 4 pulos para a direita 7 cavalos marinhos para a direita , virar para frente 8 pêndulos 4 pulos para a esquerda 7 cavalos marinhos para a esquerda, virar para frente 8 pêndulos repetir o padrão várias vezes. Técnica de Sobreposição A técnica de sobreposição começa com um padrão que pode ser repetido; inicialmente, o padrão é ensinado através das coreografias de pura repetição inclusão ou pirâmide. Quando os alunos se sentem confortáveis em relação ao padrão, o Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 37 instrutor sobrepõe as alterações gradualmente; alguns movimentos são substituídos por outros, um de cada vez. Se desejar, o instrutor depois pode “retirar” o que foi acrescentado e retornar ao padrão original. Exemplo: (* significa mudança): Começar com... 4 passos largos para a direita, 4 passos largos para a esquerda 4 séries, de polichinelo com 3 movimentos 8 toques no tornozelo para frente 8 passos largos de corrida mude para... 4 passos largos para a direita, 4 passos largos para a esquerda 4 séries, de polichinelo com 3 movimentos 8 toques no tornozelo para frente * 4 séries de corrida para fora e para dentro mude para... 4 passos ‘largos para a direita, 4 passos largos para a esquerda 4 séries de polichinelo com 3 movimentos * 8 giros de perna 4 séries de corrida para fora e para dentro mude para 4 passos largos à direita, 4 passos largos à esquerda * 8 polichinelos com cruzamento de tornozelo 8 giros de perna 4 séries de corrida para fora e para dentro finalmente termine com... * 8. deslizamentos para a direita, 8 deslizamentos para a esquerda 8 polichinelos com cruzamento de tornozelo 8 giros de perna 4 séries de corrida para fora e para dentro Como instrutor, não é necessário limitar a estes cinco estilos de coreografia apresentados; outros estilos ou métodos também podem ser utilizados. Contudo os estilos mostrados acima são relativamente simples e funcionam bem na água. O Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 38 simples fato de incluir novas coreografias às aulas de fitness aquático faz com que alguns movimentos, já velhos conhecidos, pareçam inéditos. Método Progressivo - Baseia-se na modificação de uma habilidade motora, no sentido de progressivamente aumentar a sua complexidade. As transformações deverão ser feitas uma de cada vez, até ser atingido o produto final. Este método tem a vantagem de uma classe bastante heterogenia os alunos poderem ficar a realizar a sequência de movimentos mais adequada ao seu nível. Método Misto - Consiste na utilização de mais de um método de montagem. 3.12 Música A música pode ser usada para motivar, manter o ritmo ou alcançar a intensidade desejada. Embora a actividade de Fitness aquático não exija obrigatoriamente a existência de música, Normalmente é usada para motivar os alunos e o professor, para manter a cadência ou alcançar determinada intensidade. Não é um requisito essencial para as aulas, no entanto, o instrutor pode obter algumas vantagens ao utilizar esta ferramenta. De acordo com o artigo “Os Efeitos da Música sobre a Actividade Física”, (Kravitz, 1994), a música pode oferecer muitos benefícios aos exercícios. Os alunos têm uma percepção melhor do desempenho, quando a música faz parte do programa de Fitness não importa se o desempenho real tenha ou não melhorado. A música pode influenciar positivamente a atitude mental dos alunos, durante os exercícios, por isso, é importante uma selecção de música apropriada, pois elas podem estabelecer associações agradáveis com o programa de Fitness. Em ambientes em que a acústica é extremamente deficiente, a música pode dificultar a comunicação entre instrutor e alunos. Por exemplo, os grupos com a capacidade de audição limitada podem descobrir que a música os impede de compreender as instruções verbais do instrutor. No caso de utilização de música nas aulas de Fitness aquático, a AEA sugere aproximadamente 125 a 150 batimentos por minuto (bpm), em meio tempo, para as A B C D A´ B C D A´ B´ C D A´ B´ C´ D A´ B´ C´ D´ Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 39 tradicionais actividades aeróbicas de água rasa. Alguns instrutores escolhem ritmos de música alternados, porém a coreografia deve ser apropriada. O meio tempo significa contar cada batida e, neste ritmo, a música é estimulante e própria para movimentos completos e de alavancas longas. Além disso, permite que os alunos se beneficiem inteiramente das propriedades específicas da água. A velocidade de execução está directamente ligada à escolha da música, no entanto é preciso adequar a música à população com a qual se está a trabalhar. O som deverá estar a um nível adequado que seja agradável. Deve-se procurar ter música adequada às diferentes datas festivas (natal, Carnaval,santos populares, etc. Variações de B.P.M. recomendada pela A.E.A. B.P.M. Objectivos 125/150 Treino CR e Intervalado (com variação de intensidade) em piscina rasa e treino em circuito 100/130 Treino CR e intervalado em “Deep” 115/130 Treino Local (tonificação e Flexibilidade) 120/130 Treino adultos “master” 110/160 SPEEDO 120/140 SPEEDO Uma música é composta por oitavas, ou seja, batidas de oito tempos. E em algumas músicas elas são bem marcadas pelos sons fortes e de fácil identificação do ritmo, como as músicas para dançar, electrónicas, Apesar de existirem músicas que não são bem marcadas. Os cd's com objectivos pedagógicos de aulas, têm 4 frases musicais com 8 tempos correctos formando blocos de 32 tempos (8x4), para se conduzir os exercícios de forma harmoniosa Para se contar os batimentos de uma música basta contar os batimentos, começando com o som mais forte da música (geralmente vem acompanhada de mudança de ritmo ou estrofe), a cada batida, por um minuto. Isto é colocar a música, marcar o tempo no momento exacto que esta começar a tocar, e contar as batidas até alcançar 1 minuto. Também se poderá fazer a contagem em 10 segundos e em seguida multiplicar por 6, como se faz com a frequência cardíaca. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 40 Se em 10 seg. der por exemplo 14 batimentos na música, multiplicando por 6 obterá 84 bpms, mas se contar 26 batimentos a música será de 156 bpms. Onde Conseguir a Música: * Comprar CD´s *Construir os próprios CD´s 3.13 Timing Movimentos A velocidade de execução dos movimentos dentro de água é mais lenta que no meio terrestre, assim há que distinguir dois ritmos de exercitação. Há dois métodos de movimentos utilizados durante os exercícios aquáticos, que têm como objectivo manter a intensidade adequada ao longo da parte aeróbica da actividade e permitir movimentos amplos e completos: o tempo de água e o meio tempo de água. O uso dos dois ritmos possibilita variações para cada movimento; podem também ser combinados de forma criativa, por exemplo, polichinelo em três. Quando nos movimentamos no tempo de água, a tendência é focalizar somente uma direcção de movimento — no chute para frente, damos ênfase, normalmente, ao movimento para cima ou à flexão do quadril. É evidente que o instrutor deve dar instruções específicas para alterar o foco. No mesmo exemplo, enfatize o movimento da perna para baixo, ou a extensão do quadril, para focalizar o trabalho de sobrecarga dos glúteos, Este ritmo é seguro e permite que se alcance os níveis de intensidade exigidos, para desenvolver o treino cardio-respiratório O exercício realizado em meio tempo permite uma concentração maior de força muscular em toda e estimula movimentos mais amplos Dependendo de como o aluno “use” a água, o meio tempo pode proporcionar bons níveis de intensidade para o treino cardiovascular. É mais uma opção diferente de movimento do que de ritmo — não significa apenas se movimentar numa velocidade diferente. Esse ritmo pode ser conseguido através do acréscimo de um salto central entre uma transição de pernas ou de uma repetição dupla sobre os únicos movimentos dos pés, como uma “elevação do joelho” ou um “chute”. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 41 Exemplo: Tempo de Água — Um Tempo H2O – Equivale a 2 tempos no meio terrestre, é a variação mais utilizada no tempo total de água. A instrução para o chute é feita da seguinte forma: “direita, esquerda, direita, esquerda”. Meio Tempo de Água — Meio Tempo H2O – Equivale a 4 tempos no meio terrestre, Ainda mais lento utiliza o “Bounce”. A instrução para o chuto é feita da seguinte forma: “direita, direita, esquerda, esquerda” ou “direita, salto, esquerda, salto”. Nos movimentos que incluem os dois pés como no polichinelo ou esqui o ritmo em meio tempo é alcançado através do acréscimo de um salto central ou duplo entre a transição das pernas. Há dois métodos de movimento utilizados durante os exercícios aquáticos, que têm como objectivo manter a intensidade adequada ao longo da parte aeróbica da actividade e permitir movimentos amplos e completos Exemplo: Tempo de água de polichinelo sugerido: fora, dentro, fora, dentro. Meio tempo de água de polichinelo sugerido: fora, fora, dentro, dentro. Exemplo: Tempo de água de esqui sugerido: direita, esquerda, direita, esquerda. Meio tempo de água de esqui sugerido: direita, direita, esquerda, esquerda ou direita, salto, esquerda, salto. Às vezes fazemos referência ao “tempo de terra”. Este termo descreve um ritmo que é muito rápido para o ambiente aquático e é mais conveniente para as actividades realizadas no solo. Os curtos intervalos do “ritmo de solo” ou “ritmo duplo” são aceitáveis para diversificar um pouco movimentos na água, porém este ritmo deve ficar restrito aos movimentos que utilizam pequenas alavancas. O “ritmo de solo”, quando usado na água, não permite o aproveitamento da resistência da água de forma eficaz, Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 42 A seguir, uma tabela de comparação entre o tempo de terra, o tempo de água e o meio tempo de água para dois movimentos comuns: Contagem* (*125-150 bpm no ritmo) 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo de Terra Polichinelo Elev. Joelho (corrida) Fora Dentro Fora Dentro Fora Dentro Fora Dentro Dir. Esq. Dir. Esq. Dir. Esq. Dir. Esq. Tempo de água Polichinelo Elev. Joelho Fora Dentro Fora Dentro Dir. Esq. Dir. Esq. Meio Tempo de água com Salto Polichinelo Elev. Joelho Fora Salto Dentro Salto Dir. Salto Esq. Salto - Tempo Terra –(1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8....) - Tempo Água – (Metade do tempo terra 1,2; 3,4; 5,6; 7,8; ...) - Metade do tempo água – (1,2,3,4; 5,6,7,8; ...) 3.14. Movimentos mais utilizados no Fitness Movimentos Cardio-respiratórios Salto - Pulo com os dois, pés; pode ser realizado com o indivíduo em: 1. Para frente e para trás - Saltar e impulsionar o corpo alternadamente para frente e para trás. 2. Para os lados - Saltar e impulsionar o corpo alternadamente para a direita e para a esquerda. 3. Twist - Saltar e girar o corpo de um lado para o outro. Certifique-se de manter o alinhamento dos pés e dos joelhos; os joelhos devem ficar ligeiramente flexionados e os pés devem ser levantados no momento do giro do corpo. 4. Com flexão dos joelhos - Pular e flexionar os joelhos para frente, em direcção ao peito (ou para trás, em direcção as nádegas), antes de retornar ao fundo da piscina. Elevação do joelho no tempo de água - Suspender os joelhos alternadamente na frente do corpo, de modo que um dos pés esteja sempre totalmente fora do fundo da piscina; lembra o movimento de corrida. Manual de Hidroginástica Curso de Instrutores de Fitness 43 1.Elevação do joelho no meio tempo de água — Suspender o joelho direito na frente do corpo / retornar, mantendo as duas pernas juntas no fundo da piscina /suspender o joelho esquerdo na frente do corpo / retornar, mantendo as duas pernas juntas no fundo da piscina. Chute frontal no tempo de água — Chutar para frente alternando as pernas, de modo que um dos pés esteja sempre totalmente fora do fundo da piscina. 1.Chuto frontal no meio tempo de água - Chutar para frente com a perna direita / retornar, mantendo as duas pernas juntas no fundo da piscina / Chutar para frente com perna esquerda / retornar, mantendo as duas
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