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Anestesia local aplicada à odontologia veterinária

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Anestesia local aplicada à 
odontologia veterinária
Local anesthesia applied to veterinary dentistry
Fernanda M. Lopes*
Marco A. Gioso**
Lopes FN, Gioso MA. Anestesia local aplicada à odontologia veterinária. MEDVEP 
- Rev Cientif Vet Pequenos Anim Esti 2007;5(14);32-39.
A anestesia local vem sendo cada vez mais empregada durante procedimen-
tos odontológicos na área médica veterinária. Qualquer procedimento odontológico 
que promova estímulo doloroso seja periodôntico, endodôntico, restaurador, cirúr-
gico ou ortodôntico, é passível de utilização de técnicas de anestesia local nos ani-
mais. O emprego de tais técnicas em associação à anestesia geral promove inúmeros 
benefícios ao paciente e ao profissional médico veterinário durante os períodos trans 
e pós-operatório. Dentre as técnicas de anestesia local existentes, os bloqueios regio-
nais de nervo são as mais empregadas na odontologia veterinária, principalmente os 
bloqueios dos nervos infra-orbitário, maxilar, mentoniano e alveolar inferior.
Palavras-chave: Anestesia, odontologia, bloqueio.
*Mestranda do Departamento de Cirurgia da FMVZ-USP
**Prof. Dr. Do Departamento de Cirurgia da FMVZ-USP
32 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
Introdução
O controle da dor tem sido ao longo das últimas dé-
cadas, um tópico importante tanto na medicina humana 
quanto na veterinária. Dessa maneira, a anestesia local vem 
sendo cada vez mais empregada como adjunto às técnicas 
de anestesia geral durante procedimentos odontológicos 
em animais.
A anestesia local realizada previamente ao estímulo 
da dor promove a chamada analgesia profilática ou pre-
emptiva, impedindo, assim, sensibilização dos neurônios 
da medula espinhal e evitando a hiperalgesia pós-operató-
ria (1,2). Vale lembrar que o procedimento anestésico, por 
si só, não é capaz de produzir essa dessensibilização (3).
Dentre os benefícios promovidos pela analgesia pre-
emptiva, destacam-se a diminuição da sensibilização cen-
tral à dor, a minimização da reação tissular inflamatória, a 
redução da quantidade de anestésico geral requerida du-
rante o procedimento cirúrgico, e diminuição da dose ou 
freqüência dos analgésicos empregados no período pós-ci-
rúrgico. A redução da dose de anestésico geral empregado 
durante o procedimento cirúrgico, por sua vez, permite 
que o paciente seja mantido em plano anestésico mais su-
perficial e estável durante o período trans-operatório, mi-
nimizando o grau de depressão cardiopulmonar anestési-
co-induzida, promovendo maior segurança e recuperação 
anestésica mais rápida (4,5,6).
Dentre as diversas técnicas de anestesia local exis-
tentes, o bloqueio regional de nervo consiste na técnica 
mais comumente empregada na prática odontológica em 
animais. Os principais bloqueios realizados são: bloqueio 
infra-orbitário e bloqueio maxilar, na maxila, e bloqueio 
mentoniano e bloqueio alveolar inferior, na mandíbula, e 
são capazes de oferecer adequada analgesia de diferentes 
regiões da cavidade oral (6). 
Dessa forma, o conhecimento anatômico da inerva-
ção da cavidade oral e estruturas adjacentes é fundamental 
para a realização das técnicas de anestesia local em proce-
dimentos odontológicos, buscando a administração efetiva 
do fármaco e a minimização de complicações (7). As defici-
ências de técnica e falta de conhecimento anatômico, além 
dos riscos às estruturas anatômicas, dificultam a obtenção 
de anestesia devido à deposição da solução anestésica em 
áreas impróprias. Isso pode implicar em uso de quantida-
des maiores de anestésico que o necessário e, assim, maior 
risco de toxicidade (8).
O quinto par de nervos cranianos (nervo trigêmeo) é 
o responsável pela maior parte da inervação sensitiva dos 
dentes, ossos e tecidos moles da cavidade oral. A raiz sen-
sitiva do nervo trigêmeo origina três grandes troncos ner-
vosos: o nervo maxilar, o nervo oftálmico e o nervo man-
dibular. As fibras nervosas sensoriais que inervam ossos, 
dentes e tecidos moles da cavidade oral originam-se dos 
ramos mandibular e maxilar do nervo trigêmeo (9).
A Figura 1 representa as principais inervações da ca-
vidade oral, com o enfoque anestésico-cirúrgico.
As indicações e a escolha da técnica e tipo de bloqueio 
empregado estão relacionadas principalmente a: procedi-
mento cirúrgico efetuado, região a ser dessensibilizada, 
tempo cirúrgico e anestésico necessário, presença de infla-
mação local, anestésico local escolhido, necessidade de he-
mostasia, idade e estado geral do paciente (10, 11). 
Anestésicos locais
Os anestésicos locais são substâncias químicas capa-
zes de impedir a geração e a condução de um impulso ner-
voso de maneira reversível, por ação direta na membrana 
da fibra nervosa (2,12).
Dentre os diversos anestésicos locais disponíveis no 
mercado, a lidocaína e a bupivacaína são os mais utilizados 
na odontologia veterinária, com período de ação curto e 
longo, respectivamente. A bupivacaína tem se tornado hoje 
em dia um grande aliado dos antinflamatórios e opióides 
no controle da dor no pós-cirúrgico imediato (13,14).
Outros anestésicos locais, como a mepivacaína, a pri-
locaína e a articaína, amplamente utilizados na odontologia 
humana, vêm sendo empregados na prática odontológica 
veterinária. Esses anestésicos possuem duração de ação 
moderada, ou seja, maior que a da lidocaína, e são mais 
Lopes, F.M, 2006.
Figura 1
Principais inervações envolvidas nos bloqueios 
anestésicos em procedimentos odontológicos.
Anestesia local aplicada à odontologia veterinária
33Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
seguros, apresentando menor toxicidade sistêmica quando 
comparados à lidocaína (11,12,15). A ropivacaína, por sua 
vez, possui período hábil e de latência semelhantes ao da 
bupivacaína, e menor toxicidade, tanto cardíaca quanto no 
SNC. Além disso, possui efeito vasoconstritor, dispensan-
do associação com agentes vasoconstritores (11,12,16).
Os vasoconstritores são adicionados a determinadas 
soluções anestésicas para equilibrar as ações vasodilatado-
ras dos anestésicos locais. Tornam a absorção do anestésico 
local para o sistema cardiovascular mais lenta, resultando 
em níveis sanguíneos menores do anestésico, minimizan-
do, assim, o risco de toxicidade anestésica (18). Além disso, 
maior quantidade de anestésico permanece no nervo e ao 
seu redor por tempo mais longo, aumentando a duração de 
ação do anestésico local; além de prevenir ou minimizar a 
hemorragia durante procedimentos cirúrgicos (4).
Dessa maneira, a duração clínica da ação dos anesté-
sicos locais, bem como o período de latência e a potência 
anestésica variam consideravelmente entre os fármacos e 
também entre as diferentes preparações do mesmo agente. 
O conhecimento dessas características, dentre outros fato-
res, são determinantes na seleção de um anestésico local 
(19). A escolha do agente anestésico deve ser baseada em 
diversos fatores, especialmente: procedimento cirúrgico a 
ser realizado, período hábil de analgesia e necessidade de 
controle da dor após o procedimento, contra-indicação ao 
paciente em questão e interação medicamentosa com ou-
tros fármacos (11).
A dose para dessensibilizar os nervos da mandíbula e 
maxila dependem, em geral, do porte do animal, mas pro-
cura-se utilizar volumes pequenos de anestésicos, injetados 
lentamente, a fim de evitar lesões em pequenos ramos ner-
vosos adjacentes e respeitar as doses máximas sistêmicas 
do anestésico utilizado (6,20)
As doses máximas permitidas, período de latência 
(tempo entre a injeção e o início da analgesia), e o tempo 
hábil dos anestésicos mais utilizados são apresentados noQuadro 1. 
Técnica anestésica
Os materiais e o preparo do paciente para realização 
do bloqueio anestésico são relativamente simples e baratos.
A anti-sepsia tópica deve ser realizada previamente 
à injeção do anestésico local, e tem como função diminuir 
transitoriamente a microbiota bacteriana no local da aplica-
ção, minimizando, assim, o risco de infecção das estruturas 
anatômicas internas (11). O anti-séptico mais utilizado na 
Agente
anestésico
Dose/ volume
recomendados
Dose
máxima
Período de 
latência
Período hábil
Pulpar Tecidos moles
Lidocaína 2%
Cão ND 5mg/kg
1,5 a 2 minutos < 30 min 1 a 2 horas
Gato ND 1mg/kg
Mepivacaína 
3 %
ND 0,5 a 2 mg/kg 9mg/kg 1,5 a 2 minutos 40 min 2 a 3 horas
Articaína 3 
– 4%
ND ND 7mg/kg* 2 a 3 minutos 45-75 min 3 a 5 horas
Bupivacaína 
0,5%
Cão 0,1 a 0,5ml
2mg/kg 6 a 10 minutos 1,5 a 2 horas
4 a 6 horas (até 
12 horas)Gato 0,1 a 0,3ml
Ropivacaína a 
0,5%
ND 0,5 a 2mg/kg ND 8 a 10 minutos
Similar à
bupivacaína
Quadro 1
Principais agentes anestésicos locais utilizados em odontologia veterinária, e respectivas doses, período de latência e 
período hábil.
ND = não disponível
*Em humanos
Fontes: Milken, V.M.F. et al.: Ciência Rural, 36:2, p.550-554, 2006.
Malamed, S.F.: Manual de Anestesia Local, Rio de Janeiro, 2005, Elsevier;
De Negri, P. et al.: Curr Opin Anaesthesiol, 18:3, p.289-92, 2005.
De Negri, P. et al.: Minerva Anestesiol, 68, p.420-7, 2002.
Holmstrom, S.E. et al.: Veterinary Dental Techniques for the Small Animal Practioner, Philadelphia, 1998, Elsevier.
Anestesia local aplicada à odontologia veterinária
34 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
cavidade oral na prática odontológica veterinária é o glu-
conato de clorhexidina a 0,12% (10).
Os materiais necessários consistem de: seringa (por 
exemplo, insulina de 1ml), agulha (por exemplo, calibre 
23 ou 25) e o agente anestésico. Os dentistas humanos e 
também os veterinários utilizam seringas metálicas do tipo 
Carpule, agulhas odontológicas e tubetes anestésicos. As 
seringas desse tipo apresentam como vantagens serem au-
toclaváveis, resistentes à ferrugem e de longa duração, po-
rém são discretamente pesadas e mais onerosas (7,14).
A agulha deve ser inserida na mucosa oral com o bisel 
orientado para o osso, em direção ao local desejado, a fim de 
evitar a perfuração do periósteo, o que é doloroso e dificulta 
a difusão do anestésico para os tecidos moles. A injeção len-
ta do anestésico local é importante em qualquer técnica de 
anestesia local, não apenas como medida de segurança, mas 
também como forma de promover uma injeção atraumática, 
pois os tecidos moles não são distendidos à medida que a 
solução é infiltrada. Além da injeção lenta da solução anes-
tésica, é importante que seja realizada aspiração do conteú-
do, evitando a deposição do agente em vasos sanguíneos. 
Deve-se, também, efetuar pressão digital durante e após a 
injeção, durante 60 segundos, garantindo penetração e difu-
são adequada do anestésico local (7,10,14).
Alguns fatores influenciam a efetividade do bloqueio 
anestésico, como, por exemplo, a presença de inflamação ou 
infecção tecidual no local de deposição do anestésico. Tais 
situações alteram o pH local (mais ácido), dificultando a 
ação do agente anestésico, e, assim, a utilização de técnicas 
infiltrativas é contra-indicada ou mesmo ineficaz (10,11,21). 
Principais bloqueios regionais
O bloqueio regional pode ser considerado o método 
mais efetivo de anestesia local, capaz de promover a des-
sensibilização de uma área extensa, abrangendo diversas 
estruturas, sendo a técnica mais freqüentemente emprega-
da na odontologia veterinária (8,22). 
1. Bloqueio do nervo alveolar inferior
O bloqueio do nervo alveolar inferior é comumente 
chamado de bloqueio do nervo mandibular ou pterigo-
mandibular (8). A precisão do local de deposição do fár-
maco (precisamente a 1mm do nervo-alvo) é fundamental 
para o sucesso da anestesia (11).
O bloqueio do nervo alveolar inferior promove a des-
sensibilização ipsilateral do osso mandibular, dentes infe-
riores até a linha média, mucoperiósteo vestibular e tecidos 
moles adjacentes, assoalho da cavidade oral, e os dois ter-
ços anteriores da língua, sendo indicado em procedimentos 
como mandibulectomias e extrações múltiplas (7). 
O forame mandibular pode ser palpado por dentro da 
cavidade oral. No cão, localiza-se na face lingual da mandí-
bula, rostral e ventral ao ponto médio (ou a dois terços da 
distância) de uma linha imaginária traçada entre o processo 
angular e o bordo dorsal da mandíbula, exatamente distal 
ao último dente molar (terceiro molar). No gato, encontra-se 
ventral à média distância de uma linha imaginária traçada 
entre processo angular e bordo dorsal da mandíbula exa-
tamente distal ao dente primeiro molar, na face lingual da 
mandíbula. O processo angular pode ser palpado externa-
mente como a projeção mais ventral e caudal da mandíbula 
(7,14). A agulha é inserida pelo lado medial da mandíbula, 
paralelamente à linha imaginária descrita anteriormente, e 
avançada até o nível do forame (Figura 2) (14).
Nesse bloqueio, não é possível entrar no forame, 
logo, o anestésico é injetado próximo a ele, difundindo-
se pela região. A aplicação mais próxima possível do 
forame minimiza a possibilidade de anestesiar outras 
estruturas, como o nervo glossofaríngeo, responsável 
pela inervação da língua (6).
A proximidade do nervo alveolar inferior com o 
nervo lingual (ambos ramos do nervo mandibular) 
também pode acarretar a dessensibilização desse ner-
vo. Nesses casos, deve-se ter particular atenção com 
possíveis traumatismos da língua no pós-operatório 
pelo próprio paciente, por mordedura (11). As princi-
pais complicações decorrentes do bloqueio do nervo 
Lopes, F.M, 2006.
Figura 2
Técnica anestésica para bloqueio do nervo alveolar 
inferior em cão. Notar a localização do forame e a área 
dessensibilizada pelo bloqueio (região colorida).
Anestesia local aplicada à odontologia veterinária
35Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
alveolar inferior consistem no trismo (dor muscular ou 
movimento limitado da boca, decorrente de injeção in-
tramuscular no músculo pterigóideo medial) e paralisia 
facial transitória (introdução muito profunda da agu-
lha, levando à anestesia do nervo facial) (10).
2. Bloqueio do nervo mentoniano
O bloqueio do nervo mentoniano promove a anes-
tesia da região rostral da mandíbula, sendo uma alter-
nativa ao bloqueio alveolar inferior nos casos em que 
o tratamento limita-se a essa região (11). Esse bloqueio 
promove a dessensibilização ipsilateral dos dentes in-
cisivos, canino, primeiro e segundo pré-molares infe-
riores, tecidos moles adjacentes, lábio inferior e pele do 
mento, sendo indiciado em procedimentos que exijam 
anestesia pulpar dos dentes mencionados e para a rea-
lização de biópsias e suturas de tecidos moles da região 
mentoniana (7,11).
Na região do mento, eventualmente faz-se neces-
sária complementação anestésica através de infiltração 
ou bloqueio do nervo mentoniano contralateral, haja 
vista a existência de sobreposição de fibras nervosas 
tanto da mandíbula esquerda, quanto da direita nessa 
região (8). 
A localização do nervo mentoniano médio (corres-
ponde ao maior dos três nervos mentonianos, sendo, 
assim, a localização preferencial para este bloqueio) va-
ria discretamente dependendo da raça, do porte e da es-
pécie animal (6,7). No cão, o forame mentoniano médio 
localiza-se distal ao frênulo labial, no terço ventral da 
mandíbula, em sua face vestibular, exatamente mesial e 
ventral à raiz mesial do dente segundo pré-molar. Ge-
ralmente, o forame pode serpalpado, porém, quando 
não for possível (por exemplo, em cães de pequeno por-
te e gatos), pode ser localizado com auxílio da radiogra-
fia odontológica (14).
A injeção deve ser aplicada exatamente ventral à 
raiz mesial do dente segundo pré-molar, na submuco-
sa, em direção rostrocaudal, exatamente após o frênulo. 
Avança-se até a abertura do forame, aspira-se o conteú-
do para certificar a localização fora de vaso sanguíneo, 
e injeta-se o agente lentamente, exercendo pressão di-
gital sobre o foco de injeção durante 60 segundos para 
garantir a máxima difusão do anestésico para o canal 
mandibular (Figura 3). Como alternativa, a agulha pode 
ser inserida no terço ventral da mandíbula, na altura do 
diastema entre os dentes primeiro e segundo pré-mola-
res (7). No gato, o forame localiza-se no nível do frênu-
lo labial, e a injeção pode ser efetuada no bordo rostral 
do frênulo, à média distância entre os bordos dorsal e 
ventral da mandíbula (7).
3. Bloqueio do nervo maxilar
O bloqueio do nervo maxilar é um método eficaz para 
produzir anestesia profunda de uma hemimaxila, minimi-
zando o volume total de solução anestésica requerida e o 
número de perfurações necessárias para promover uma 
anestesia bem sucedida em diversos dentes (11).
O bloqueio do nervo maxilar é efetuado na fossa pteri-
gopalatina, dessensibilizando, assim, os ramos desse nervo, 
que incluem: nervo infra-orbitário, nervo alveolar maxilar 
caudal, nervo pterigopalatino e nervo nasal caudal. Con-
seqüentemente, tem-se a anestesia ipsilateral dos dentes 
maxilares, incluindo os dentes molares, periósteo vestibu-
lar e osso maxilar, tecidos moles adjacentes, palatos duro 
e mole, pele da pálpebra inferior, porção lateral da narina, 
bochecha e lábio superior (20).
A injeção deve ser efetuada exatamente distal ao últi-
mo dente molar (segundo molar), ao final do processo alve-
olar do osso maxilar, na junção ventro-rostral do arco zigo-
mático com a maxila. A agulha deve ser inserida adjacente 
ao último dente molar, na face vestibular, perpendicular ao 
palato, e avançar até a fossa pterigopalatina, no nível do 
ápice radicular desse dente (Figura 4) (6,7).
Lopes, F.M, 2006.
Figura 3
Técnica anestésica para bloqueio do nervo mentoniano 
em cão. Notar a localização do forame e a área 
dessensibilizada pelo bloqueio (região colorida).
Anestesia local aplicada à odontologia veterinária
36 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
4. Bloqueio do nervo infra-orbitário
A área afetada pelo bloqueio do nervo infra-orbitá-
rio é dependente da quantidade e do grau de difusão do 
agente anestésico em direção caudal (7). Normalmente, 
promove-se a anestesia dos nervos alveolares superiores 
anterior e médio e do nervo infra-orbitário (palpebral in-
ferior, nasal lateral e labial superior) (11). Logo, obtem-
se a dessensibilização da polpa dos dentes maxilares in-
cisivos, canino, primeiro e segundo pré-molares, osso e 
tecidos moles adjacentes ipsilaterais, pálpebra inferior, 
lábio superior, porção lateral da narina. Uma infiltração 
mais profunda pode chegar a dessensibilizar até o den-
te quarto pré-molar, sendo recomendada a utilização de 
meia dose adicional (7). Vale ressaltar que esse tipo de 
bloqueio não promove analgesia da região palatina, tan-
to da mucosa quanto do osso, sendo necessária comple-
mentação anestésica dessa região através de infiltração 
anestésica ou bloqueio do nervo palatino.
O forame infra-orbitário pode ser facilmente pal-
pado em cães e gatos. No cão, localiza-se dorsal à raiz 
distal do dente terceiro pré-molar superior, pela face 
vestibular. No gato, encontra-se dorsal à região de fur-
ca do mesmo dente. A agulha deve ser inserida na mu-
cosa alveolar próxima a essa região, em direção caudal, 
avançando até a entrada do forame (Figura 5) (7). Para 
uma anestesia mais profunda, a agulha pode ser cui-
dadosamente projetada para dentro do forame, a uma 
distância de cerca de 1cm, porém, nos gatos, não deve 
exceder 3 a 4mm. O canal infra-orbitário nessa espécie 
tem um comprimento de aproximadamente 4mm, e ter-
mina no nível medial da órbita (14).
Complicações
As complicações mais comuns na anestesia local 
odontológica são: hematomas; parestesias, devido a 
traumas em nervos; e injeção intravascular do anestési-
co, causando taqui ou bradicardia, arritmias e fibrilações 
ventriculares. Podem ocorrer traumas teciduais e quebra 
de agulhas quando não são tomados os devidos cuida-
dos durante a aplicação, e auto-traumatismo em lábios 
e língua quando o bloqueio é feito no nervo mandibular 
e inadvertidamente o nervo lingual também é bloque-
ado (14). A injeção anestésica diretamente no músculo 
resulta em necrose focal, que pode ser intensificada se o 
anestésico estivar associado com vasoconstritor (12). 
A magnitude dos efeitos tóxicos dos anestésicos lo-
cais depende do tipo de anestésico envolvido, da dose 
administrada, velocidade e local de administração, bem 
como estado geral do paciente. Se os níveis plasmáticos 
do fármaco aumentarem lentamente, os sintomas neu-
rológicos ocorrem antes dos sinais cardiovasculares, in-
cluindo parestesia, confusão mental, cansaço, perda de 
consciência e convulsão (11,12). 
Conclusão
A anestesia local mostra-se uma ferramenta extre-
mamente útil e acessível na prática odontológica em 
animais. As técnicas anestésicas de bloqueio regional 
normalmente utilizadas são facilmente realizáveis e 
conferem excelentes resultados (6,24). Para que sejam 
efetuadas adequadamente e obtenham sucesso, o co-
nhecimento anatômico da cavidade oral e de estruturas 
Lopes, F.M, 2006.
Figura 4
Técnica anestésica para bloqueio do nervo maxilar 
em cão. Notar a localização do forame e a área 
dessensibilizada pelo bloqueio (região colorida).
Lopes, F.M, 2006.
Figura 5
Técnica anestésica para bloqueio do nervo infra-
orbitário em cão. Notar a localização do forame e a área 
dessensibilizada pelo bloqueio (região colorida).
Anestesia local aplicada à odontologia veterinária
37Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2007;5(14);32-39.
adjacentes, especialmente da inervação, é fundamental 
(7,9,10,17). Isso se reflete não apenas na escolha correta 
do local de aplicação do anestésico, mas também da área 
que é afetada pelo bloqueio que será realizado. 
Basicamente, o principal fator envolvido na escolha 
da técnica anestésica é a região que necessita ser dessen-
sibilizada .(24).,. A escolha do agente anestésico implica 
no conhecimento de suas propriedades, como período de 
latência e período hábil (2,12,16,18,23,25,27). Vale lem-
brar também, que, em bloqueios do nervo alveolar infe-
rior, há chance de dessensibilização conjunta do nervo 
lingual, devido à sua proximidade (6). Em odontologia 
humana, isso é extremamente importante, principalmen-
te em crianças, devido à possibilidade de autotraumatis-
mo em lábio e língua (10,11). Apesar de não haver relatos 
na literatura de casos semelhantes em odontologia vete-
rinária, tal precaução deve ser levada em consideração 
durante a realização deste tipo de bloqueio em qualquer 
paciente animal. 
Abstract
Local anesthesia is widely used in dental procedu-
res in veterinary practice. Local anesthetics techniques 
may be performed at any dental procedure which cause 
painful stimulus. These procedures may include perio-
dontal, endodotic, restorative, surgical or orthodonthic 
treatments. The use of anesthetic techniques associated 
with general anesthesia promotes several benefits to 
both the patient and the veterinarian, during the surgical 
procedure and the postoperative period. Regional nerve 
blocks are the most applicable techniques used in vete-
rinary dentistry, especially infraorbital, maxillary, men-
tumand inferior alveolar nerve blocks.
Keywords: Anesthesia, dental, blocks.
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